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Exercício resolvido
Redação de uma exposição
Tendo em conta a sua experiência de leitura da poesia de Cesário Verde, apresente
as principais características da poesia deste poeta da cidade de Lisboa, numa exposi-
ção de cento e trinta a cento e setenta palavras, fundamentando as suas afirmações.
Tópicos
• Cesário Verde e a representação da cidade. Introdução
• A deambulação e imaginação.
• O sujeito: a perceção sensorial e a transfiguração poética do real.
• Poemas: “Num Bairro Moderno” e “De Tarde” Desenvolvimento
• O imaginário épico e a subversão da memória épica. • explicação
• Poema: “O Sentimento dum Ocidental” • exemplificação
• Os novos heróis: os tipos sociais.
• Cesário Verde: “um pintor nascido poeta”. Conclusão
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Exposições sobre temas literários
11.º ano
Texto
© AREAL EDITORES
Cesário Verde é o poeta-pintor da Lisboa do século XIX, apesar de o seu Introdução
olhar também se deter no campo.
Efetivamente, o sujeito, centrado em passeios casuais, capta o real
urbano com extraordinária visão pictórica, mas a sua “visão de artista” trans-
figura poeticamente a realidade e, através dos sentidos, suplanta-a. É o caso
do poema “Num Bairro Moderno”, em que o “eu” transforma os vegetais e os
frutos num corpo humano.
Além disso, durante a sua deambulação pela cidade, destaca novos Desenvolvimento
locais de convívio e novas personagens que lhe permitem contrapor o pas- • explicação
sado grandioso ao presente de uma sociedade angustiante. Em “O Senti- • exemplificação
mento dum Ocidental”, apresenta uma visão crítica de uma cidade soturna,
triste, imoral. Os feitos grandiosos são trocados por um quotidiano banal,
sem grandezas nem glória, numa clara subversão da matéria épica. As pes-
soas da cidade não são heróis ilustres, mas novas figuras épicas: calafates,
carpinteiros, varinas – o povo trabalhador.
Concluindo, Cesário “pinta” a natureza humana, tal como os impressionis-
Conclusão
tas, com um olhar seletivo e subjetivo.
(169 palavras)
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Cesário Verde, Cânticos do Realismo
Propostas de resolução
(o mar, a viagem, o herói) por um ângulo de
Cesário Verde é um poeta cuja poesia destaca
deceção, numa clara subversão da matéria
intensamente a realidade como se fosse um
épica.
repórter do quotidiano que recria o que vê.
Na verdade, capta o real que o circunda nas
suas deambulações pela cidade e, com uma
extraordinária visão pictórica, apresenta as
suas impressões de cor, luz, forma e movi-
mento, como acontece, por exemplo, em “O
Sentimento dum Ocidental”.
O poeta, através do seu olhar subjetivo, também
evidencia uma invulgar imaginação transfigura-
dora do real, percetível em poemas como “Cris-
talizações” ou “Num Bairro Moderno”, que não
raras vezes serve para denunciar as condições
de vida difíceis das classes desfavorecidas.
Por último, na sua poesia coexistem registos
de língua diferentes, mas o vocabulário do
quotidiano da cidade mercantil assume-se
também ele como linguagem poética. Os re-
cursos expressivos, como a sinestesia ou o
uso expressivo do adjetivo, contribuem para a
aproximação à pintura impressionista.
Em conclusão, Cesário é um pintor nascido
poeta que, tal como os impressionistas, “pinta” a
natureza humana de forma surpreendente, par-
tindo do real, mas com inesperada recriação.
Exercício 2
O poema “O Sentimento dum Ocidental” contém
marcas que recordam as grandes epopeias.
Em primeiro lugar, a nível formal, é um poema
longo, com forte pendor narrativo, dividido em
quatro partes, em verso alexandrino ou decas-
sílabo.
Em segundo lugar, em termos de estrutura in-
terna, a viagem de um sujeito deambulante
pela Lisboa do século XIX não é a da aventura
dos Descobrimentos e suscita-lhe o desejo de
se evadir de uma urbe decadente e sem brilho.
A dimensão épica surge, portanto, associada a
um passado glorioso cuja memória torna o pre-
sente amargo.
Surge também um novo herói épico, que se
contrapõe aos homens ilustres; é o povo (vari-
nas, calafates, carpinteiros) que trabalha her-
culeamente e sofre, por oposição a uma
população ociosa.
Por útimo, Cesário Verde afasta-se do estilo épico,
elevado e sublime, e emprega o vocabulário do
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