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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E


ENGENHARIA DE MATERIAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

FELIPE FERNANDES CAVALCANTE

COMPORTAMENTO MECÂNICO E TENACIDADE À FRATURA DE LIGAS DE


ALUMÍNIO 2024 E 7075 SUBMETIDAS A DIFERENTES TEMPOS DE
ENVELHECIMENTO

Orientador: Prof. Dr. Wanderson Santana da Silva

Dissertação Nº / PPGCEM

NATAL – RN
2016
Felipe Fernandes Cavalcante

Comportamento Mecânico e Tenacidade à Fratura de


Ligas de Alumínio 2024 e 7075 Submetidas a Diferentes
Tempos de Envelhecimento

Defesa de mestrado apresentada ao Pro-


grama de Pós-graduação em Ciência e Enge-
nharia de Materiais da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como parte dos re-
quisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Ciência e Engenharia de Materi-
ais.

Orientador: Prof. Dr. Wanderson Santana da Silva

Brasil
2016
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial
Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.

Cavalcante, Felipe Fernandes.


Comportamento mecânico e tenacidade à fratura de ligas de alumínio 2024 e 7075
submetidas a diferentes tempos de envelhecimento / Felipe Fernandes Cavalcante. -
Natal, 2016.
137 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Wanderson Santana da Silva.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro


de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia
de Materiais.

1. Ligas de alumínio – Dissertação. 2. Tratamentos de envelhecimento –


Dissertação. 3. Precipitação dinâmica – Dissertação. 4. Comportamento mecânico –
Dissertação. 5. Tenacidade à fratura - – Dissertação. I. Silva, Wanderson Santana da.
II. Título.

RN/UF/BSE-CCET CDU: 624.014.7


Agradecimentos

À todas as pessoas que contribuíram de forma direta e indireta para a conclusão


deste trabalho, em especial:
Ao professor Dr. Wanderson Santana da Silva, por sua orientação, sério compro-
metimento com a pesquisa, discussões teóricas e práticas em seu mais elevado grau sejam
elas de Ciências, Engenharia e Humanidades.
À Ramiro Gomes, Jonnas Lopes e Lindolpho Lima do LABMEM-DEMat-CT/UFRN,
que contribuíram de forma significativa para a realização das atividades experimentais
deste trabalho como a metalografia, medições de dureza, realização dos ensaios de tração
e outras medições dimensionais dos corpos de prova fraturados.
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
campus Santa Cruz (IFRN/SC), pela concessão do afastamento para finalização deste
trabalho.
Aos professores Raphael Fontes e Luiz Ricardo Araújo e ao técnico de laboratório
Sandro Pereira do IFRN campus Parnamirim, que se solidarizaram significativamente na
concepção, planejamento e usinagem dos corpos de prova utilizados neste trabalho.
Aos técnicos da Oficina Mecânica do NTI-CT/UFRN, João Maria Frazão e Elmar
Damasceno, por sua ajuda na confecção de corpos de prova e grandes ensinamentos em
usinagem.
Ao Eng. Eugênio Teixeira, pela ajuda e disponibilidade nas análises das amostras
por FRX.
Aos técnicos Carla e Igor, do laboratório de caracterização física dos materiais do
DEMat-Ct/UFRN, pela ajuda e disponibilidade no manuseio do MEV, para que todas as
micrografias deste trabalho fossem realizadas.
Ao Flávio Souza, que nos ajudou na confecção das garras do ensaio chevron.
Aos professores Dr. Carlos Alberto Paskocimas e Dr. Augusto José de Almeida
Buschinelli, pela ajuda na aquisição das ligas de alumínio.
Ao programa PPGCEM/UFRN e à CAPES pela bolsa oferecida nos cinco primei-
ros meses do mestrado.
Posso ainda não ter conseguido tudo que queria,
mas sei que a cada dia estou mais perto.
(Autor desconhecido)
Resumo
As ligas de alumínio tratáveis termicamente sofrem variações significativas em suas propri-
edades mecânicas dependendo do tratamento de envelhecimento realizado, porém, poucos
trabalhos discutem as características dessas ligas quando subenvelhecidas e superenve-
lhecidas, principalmente em relação à tenacidade à fratura. Estudos recentes apontam
que algumas ligas de alumínio subenvelhecidas podem experimentar o fenômeno do au-
torreparo (self healing), ou seja, quando solicitados mecanicamente, podem apresentar o
fechamento ou a redução na velocidade de crescimento de trincas devido introdução de
tensões compressivas locais associadas à precipitação dinâmica de fases intermetálicas.
Neste trabalho é avaliada a relação entre a tenacidade à fratura e a resistência mecânica e
as condições de tratamentos térmicos de duas ligas de alumínio (2024-T351 e 7075-T651),
quanto submetidas a tratamentos térmicos de solubilização (a 480 ∘ C por 2,5 h) e enve-
lhecimento artificial (145 ∘ C por 8h, 10h, 12h, 16h e 24h para a 7075 e 2024 na Série 1;
e 190 ∘ C por 1h, 3h, 5h, 8h e 12h para a 2024 na Série 2), portanto, em condições de
subenvelhecimento, envelhecimento e superenvelhecimento. Esses materiais foram carac-
terizados mecanicamente em relação a tenacidade à fratura, utilizando a metodologia de
entalhe Chevron, K𝐼𝐶𝑉 (ASTM E1304); tração uniaxial (ASTM E8/E8M) e dureza Vic-
kers (ASTM E 92); do ponto de vista estrutural, através das microscopias óptica (MO),
eletrônica de varredura (MEV) e microanálise por espectroscopia de energia dispersiva
(EDS). Os micromecanismos de fratura são avaliados por MEV. Os resultados de dureza
e de tração indicam que a máxima resistência mecânica foi obtida para os tratamentos
de envelhecimento entre 3h e 5h (2024 Série 2) e entre 10h e 12 h (7075). No caso da
liga 2024 verificou-se a ocorrência de envelhecimento dinâmico nas amostras no estado de
entrega, subenvelhecidas e no pico de máxima dureza associado a pequenos serrilhados
nas curvas tensão x deformação. Para a liga 2024 tanto na Série 1 quanto na Série 2,
nenhum resultado de tenacidade à fratura pode ser validado, uma vez que, além de se
observar mudança no modo de fratura (modo I + modo II), a espessura não foi suficiente
para atender a ASTM E 1304. A liga 7075 apresentou uma certa independência dos valo-
res de tenacidade com a dureza, especialmente para as condições superenvelhecidas, que
apresentaram elevados valores de tenacidade à fratura, mesmo para os elevados valores
de dureza obtidos. Além disso, os resultados dos valores de K𝐼𝐶𝑉 para a liga 7075 (to-
dos foram validados) sofreram pouca influência dos tempos de envelhecimento, apesar de
aumentarem em relação ao estado de entrega. Em relação aos micromecanismos de fra-
tura presentes, em todas as condições, verifica-se a ocorrência clássica das microcavidades
(dimples), associados à ocorrência de clivagem dos precipitados mais grosseiros.

Palavras-chaves: ligas de alumínio. tratamentos de envelhecimento. precipitação dinâ-


mica. comportamento mecânico. tenacidade à fratura.
Abstract
Heat treatable aluminum alloys may experience significant changes in mechanical proper-
ties depending on heat treatment developed. Futhermore, a few works discuss about this
properties in underaged and overaged conditions, mainly about fracture toughness. Re-
cently, some researches showed that some aluminum alloys in underaged conditions may
indicate the self healing phenomenon, in other words, when streched mechanically, the
material could present a closure, or a reduction in crack growth ratio due local compres-
sive stress associated to dynamic precipitation. In this context, its valued the relationship
between fracture toughness, mechanical properties and heat treatment in two aluminum
alloys (2024-T351 e 7075-T651) when submitted to solubilization (480 ∘ C for 2,5h) and
artificial aging (145 ∘ C for 8h, 10h, 12h, 16h and 24h for 2024-S1 named first set and 7075;
and 190 ∘ C for 1h, 3h, 5h, 8h and 12h for 2024-S2, second set), obtaining underaged, peak
hardness and overaged conditions. The samples were featured using fracture toughness
tests with a chevron notch, K𝐼𝐶𝑉 (ASTM E1304); tensile tests (ASTM E8/E8M) and Vick-
ers hardness (ASTM E 384). In structural aspects, this alloys were featured using optical
microscopy and scanning electron microscopy (SEM), in microstructural aspects, using
energy-dispersive X-ray spectroscopy (EDS). The micromechanisms of fracture surface on
chevron samples are showed using SEM. After results, hardness and ultimate tensile stress
showed maximum values between 3h and 5h (2024-S2) and approximately 10h and 12h
(7075). About 2024-S2 alloy, it is showed the phenomenon of dynamic precipitation in
delivery state, underaged and peak aged samples, due little peaks on stress-strain curves.
However, in 2024 first and second sets, all results cannot be valid because the samples
showed a significant change in fracture mode presenting a mix of mode I + mode II,
futhermore, thickness B is not sufficient for attend ASTM E 1304. The 7075 aluminum
alloy presented a distinguished behavior, showing independence in properties like frac-
ture toughness and hadness mainly in overaged conditions, because as the hardness value
increase in this condition, fracture toughness increased also. Besides that, K𝐼𝐶𝑉 values
showed no much variation besides the different times of aging, despite this values are
much high than delivery state condition. About micromechanisms of fracture, all condi-
tions presented dimples, and cleavage fracture associated to coarse precipitates.

Key-words: aluminum alloys. aging treatments. dynamic precipitation. mechanical be-


havior. fracture toughness.
Lista de ilustrações

Figura 1 – Curvas de Whöller para ligas de Alumínio baseada no sistema Al-Cu-


Mg em diferentes condições de envelhecimento (T6 – curva verde escuro;
subenvelhecido, UA, curva verde claro). . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 2 – Figura esquemática que mostra os principais elementos de liga, classi-
ficação e operações para aumentar resistência e dureza dessas ligas. . . 29
Figura 3 – Representação esquemática que mostra operações para aumentar re-
sistência e dureza dessas ligas de alumínio (a) e em (b), variação da
microestrutura com o resfriamento a partir do campo monofásico 𝛼
para uma liga binária Al-Cu . Em “1”, o material é aquecido até a
região 𝛼, de “1” para “2” sofre um resfriamento brusco, mantendo a
estrutura 𝛼 à temperatura ambiente em “2”, na forma de uma solu-
ção sólida supersaturada. De “2” para “3” o material sofre aumento de
temperatura, formando precipitados 𝜃 na matriz em “3”, que causam
o aumento da resistência mecânica no material. . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 4 – Efeito da temperatura na curva de envelhecimento da liga 2024-T3
(LIN et al., 2013). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 5 – Dureza versus tempo de envelhecimento para a liga 7075 na tempera-
tura 145 ∘ C (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015, adaptado). . . . . . . . . . 33
Figura 6 – Variação da tenacidade à fratura em relação à área de fração dos pre-
cipitados nos contornos de grão (UNWIN; SMITH, 1969, adaptado). . 37
Figura 7 – Relação entre tenacidade e limite de escoamento para as ligas 2XXX
e 7XXX. Ocorre uma menor variação de tenacidade na sequência su-
benvelhecida -> pico de dureza -> superenvelhecimento (TOTTEN;
MACKENZIE, 2003, adaptado). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 8 – Relação entre a tensão de cisalhamento crítica e diâmetro da partícula
que promove a mudança de interação discordância-partícula de cisalha-
mento para somente desvio (TOTTEN; MACKENZIE, 2003, adaptado). 43
Figura 9 – Curvas de deformação para a condição de máxima resistência (T6)
e a condição subenvelhecida obtidas durante o ensaio de fluência (a)
e resultados da resistência à fadiga para as ligas nas condições T6 e
subenvelhecida para a liga Al-Cu-Mg-Ag (b) (LUMLEY; POLMEAR,
2007, adaptado). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 10 – Micrografia mostrando uma trinca com precipitação heterogênea na sua
ponta em uma liga Al-Zn-Mg-Cu. O precipitado MgZn2 está represen-
tado como a fase branca na microestrutura (LUMLEY, 2007, adaptado). 45
Figura 11 – Crescimento de trinca da condição subenvelhecida, máximo de resis-
tência e subvenvelhecida para a liga Al-Cu. A figura (a) mostra as
configurações do tratamento de solubilização e envelhecimento; em (b)
é apresentado as taxas de crescimento de trinca para as diferentes con-
figurações de tratamento (GARRETT; KNOTT, 1975, adaptado). . . . 46
Figura 12 – Superfície mostrando as bandas de deslocamento após ensaio de fadiga
da condição 4U-2. Sem ataque. (GARRETT; KNOTT, 1975). . . . . . 47
Figura 13 – Figura esquemática que mostra a solução sólida super saturada (a),
precipitados coerentes (b), precipitados semi-coerentes (c) e incoerentes
(d). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 14 – Representação do mecanismo de endurecimento por partículas coeren-
tes (HUMMEL, 2013). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 15 – Representação esquemática do endurecimento por partículas incoeren-
tes pelo mecanismo de Orowan (HUMMEL, 2013). . . . . . . . . . . . 50
Figura 16 – Microestrutura típica da liga 2024-T3. Regiões mais claras representam
os precipitados insolúveis e grosseiros resultados do processo de fundi-
ção (indicados na figura) distribuídos ao longo da matriz de alumínio
(região acinzentada) (LIN et al., 2013, adaptado). . . . . . . . . . . . . 52
Figura 17 – Microestrutura da liga 7075-T6. Regiões mais escuras representam os
precipitados insolúveis na matriz de alumínio (região mais clara). Au-
mento 300x (VOORT, 1984, adaptado). . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Figura 18 – Curva tensão x deformação de engenharia para um material metálico
dúctil (CALLISTER; RETHWISCH, 2007). . . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 19 – Curvas tensão deformação de engenharia e real (HOSFORD, 2010). . . 58
Figura 20 – Esquema representativo do indentador e da impressão produzina pelo
ensaio de dureza Vickers. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 21 – Estado de tensões atuando à frente de uma trinca. O eixo z é perpen-
dicular à página (ANDERSON, 2005). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 22 – Representação esquemática que mostra a relação da espessura no nível
de estado de tensões (SILVA, 2001, adaptado). . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 23 – Representação esquemática que mostra a relação da espessura no nível
de estado de tensões (ANDERSON, 2005, adaptado). . . . . . . . . . . 66
Figura 24 – Relação entre G e R em um processo controlado por deformação (AN-
DERSON, 2005, adaptado). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 25 – Representação esquemática que mostra a relação da espessura no nível
de estado de tensões (ASTM, 2014, adaptado). . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 26 – Curvas R em (a) para materiais idealmente frágeis e (b) para materiais
de engenharia (ANDERSON, 2005, adaptado). . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 27 – Comportamento dos ciclos de carregamento e descarregamento num
ensaio chevron. (a) Material idealmente frágil; (b) material que apre-
senta plastificação elevada na ponta da trinca (adaptada de Barker
(BARKER, 1979)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 28 – Ciclos de carregamento/descarregamento durante um ensaio com enta-
lhe chevron. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 29 – Curvas típicas obtidas pelo ensaio chevron (ANDERSON, 2005). . . . . 76
Figura 30 – Aspecto da planicidade da superfície da trinca e sua limitação. . . . . . 76
Figura 31 – Fluxograma dos procedimentos experimentais. . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 32 – Esquema representativo da retirada dos corpos de prova chevron e de
tração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 33 – Esquema representativo da produção do entalhe. A imagem da esquerda
mostra a usinagem da primeira metade do entalhe e a imagem da direita
a finalização do corte com a produção do entalhe com ângulo de 55∘ e
definição também do tamanho de trinca 𝑎0 . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 34 – Configuração da geometria do entalhe em (a) pela norma ASTM E1304
e em (b) produzida por este trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Figura 35 – Corpo de prova de tração com diâmetro de 6 mm e comprimento de 60
mm para acomodação do extensômetro. . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Figura 36 – Dimensões do corpo de prova chevron para B = 15 mm (à esquerda) e
B = 25 mm (à direita). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Figura 37 – Curva obtida durante o ensaio chevron do estado de entrega da liga
7075. Os limites de dados válidos são obtidos para as inclinação dentro
do intervalo 1,2 𝑟𝑐 e 0,8 𝑟𝑐 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Figura 38 – Direções L, T e S referente as micrografias da estrutura 3D da placa
2024. Amplificação 50x. Ataque Keller. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Figura 39 – Direções L, T e S referente as micrografias da estrutura 3D da placa
7075. Amplificação 50x. Ataque Keller. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Figura 40 – Comparação das micrografias da liga 2024 obtidas por MEV do estado
de entrega (a), solubilizada por 1h (b), solubilizada por 8h (c), suben-
velhecida (1h) (d), máxima dureza (3h) (e) e superenvelhecida (12h)
(f). Elétrons retroespalhados e ataque Poulton modificado. . . . . . . . 95
Figura 41 – Precipitados mais perceptíveis encontrados na liga 2024. Elétrons re-
troespalhados e ataque Poulton modificado. . . . . . . . . . . . . . . . 97
Figura 42 – Comparação das micrografias da liga 7075 obtidas por MEV do estado
de entrega (a), solubilizada por 1h (b), solubilizada por 8h (c), suben-
velhecida (8h) (d), máxima dureza (12h) (e) e superenvelhecida (24h)
(f). Elétrons retroespalhados e ataque Poulton modificado. . . . . . . . 99
Figura 43 – Microestruturas da condição do estado de entrega (T651) (a) e condi-
ção T6. Aumento de 2000x, elétrons retroespalhados e ataque Poulton
modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Figura 44 – Precipitados mais perceptíveis encontrados na liga 7075. Elétrons re-
troespalhados e ataque Poulton modificado. . . . . . . . . . . . . . . . 101
Figura 45 – Curvas características obtidas nos ensaios de tração para a liga 2024-S2
em diferentes condições de tratamentos térmicos. . . . . . . . . . . . . 102
Figura 46 – Relação entre limite de resistência à tração, redução de área e tempo
de envelhecimento da liga 2024-S2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Figura 47 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de escoamento e
deformação longitudinal da liga 2024-S2. . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Figura 48 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de ruptura, tensão
de escoamento, módulo de elasticidade e tempo de envelhecimento da
liga 2024-S2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Figura 49 – Relação entre tenacidade, deformação longitudinal e tempo de envelhe-
cimento da liga 2024-S2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Figura 50 – Curvas características obtidas nos ensaios de tração para a liga 7075
em diferentes condições de tratamentos térmicos. . . . . . . . . . . . . 107
Figura 51 – Relação entre limite de resistência à tração, dureza e tempo de enve-
lhecimento para a liga 7075. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Figura 52 – Relação entre limite de resistência à tração, porcentagem de redução
de área e tempo de envelhecimento para a liga 7075. . . . . . . . . . . 108
Figura 53 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de escoamento e
deformação longitudinal da liga 7075. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Figura 54 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de ruptura, tensão
de escoamento e módulo de elasticidade da liga 7075. . . . . . . . . . . 110
Figura 55 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de ruptura, tensão
de escoamento e módulo de elasticidade da liga 7075. . . . . . . . . . . 110
Figura 56 – Relação entre tenacidade à fratura e espessura para a liga 2024 com
valores de K𝐼𝐶 e espessura B estabelecidos pela ASTM E1304. . . . . . 112
Figura 57 – Relação entre tenacidade à fratura e espessura para a liga 7075 com
valores de K𝐼𝐶 e espessura B estabelecidos pela ASTM E1304. . . . . . 113
Figura 58 – Curvas obtidas pelo ensaio chevron força versus tempo para os diferen-
tes tempos de envelhecimento da liga 2024-S1 (a), (b) plano da trinca
com desvio fora dos limites que a ASTM E1304 especifica, curvas obti-
das pelo ensaio chevron força versus tempo para os diferentes tempos
de envelhecimento da liga 2024-S2 (c) e (d) plano de trinca dentro dos
limites que a ASTM E1304 especifica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Figura 59 – Relação entre as durezas para as ligas 2024-S1 e 2024-S2. . . . . . . . . 115
Figura 60 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento
a 190 ∘ C para a liga 2024-S2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
Figura 61 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento
a 190 ∘ C para a liga 2024-S2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Figura 62 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento
a 190 ∘ C para a liga 2024-S2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Figura 63 – Curvas obtidas pelo ensaio chevron força versus tempo para os diferen-
tes tempos de envelhecimento da liga 7075. . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Figura 64 – Micrografias obtidas por microscopia óptica da superfície de laminação
das placas da liga 2024 (a) e 7075 (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Figura 65 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza HV e tempo de envelheci-
mento da liga 7075. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Figura 66 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento
a 190 ∘ C para a liga 7075. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
Figura 67 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento
a 190 ∘ C para a liga 2024-S2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Figura 68 – Comparação das superfícies de fratura da liga 2024-S1 obtidas por MEV
do estado de entrega (a), envelhecida 8h (b) e envelhecida 24h (c). . . . 123
Figura 69 – Comparação das superfícies de fratura da liga 2024-S2 obtidas por MEV
do estado de entrega (a), subenvelhecida (1h) (b), máximo de dureza
(3h) (c) e superenvelhecida (12h) (d). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Figura 70 – Comparação das superfícies de fratura da liga 7075 obtidas por MEV
do estado de entrega (a), subenvelhecida (8h) (b), máximo de dureza
(12h) (c) e superenvelhecida (24h) (d). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Lista de tabelas

Tabela 1 – Valores de 𝑌𝐶* para corpos chevron curtos (NEWMAN, 1984). . . . . . 75


Tabela 2 – Quantitativo de corpos de prova e ensaios mecânicos. . . . . . . . . . . 80
Tabela 3 – Composição química das ligas após análise por FRX. . . . . . . . . . . 94
Tabela 4 – Tamanho médio e fração em área dos precipitados da liga 2024. . . . . 96
Tabela 5 – Tamanho médio e fração em área dos precipitados da liga 7075. . . . . 100
Tabela 6 – Propriedades obtidas no ensaio de tração da liga 2024-S2 . . . . . . . . 103
Tabela 7 – Propriedades obtidas no ensaio de tração da liga 7075 . . . . . . . . . . 107
Tabela 8 – Tabela de validação do ensaio chevron para a liga 2024-S2 . . . . . . . 111
Tabela 9 – Tabela de validação do ensaio chevron para a liga 7075 . . . . . . . . . 113
Lista de símbolos

𝑎 Tamanho de trinca presente em um corpo.

𝑎𝑐 Tamanho de trinca crítico ao qual a trinca pode crescer instavelmente.

𝑎0 Distância da ponta do entalhe chevron à linha de carregamento em um


corpo de prova com entalhe chevron.

𝐵 Espessura de um corpo de prova de tenacidade à fratura.

𝐵𝑚𝑖𝑛 Espessura mínima de um corpo de prova de tenacidade à fratura para


que a condição de deformação plana seja predominante.

𝐸 Módulo de elasticidade (módulo de Young).

𝐸𝐸 Estado de entrega da liga.

𝑓 (𝑎/𝑤) Função adimensional dependente da configuração do ensaio, expressa


por polinômios estabelecidos a partir da flexibilidade.

𝐹 Trabalho realizado por forças externas aplicado a um corpo mecânico.

𝐺 Taxa de liberação de energia ou força de extensão de trinca.

𝐺𝐼𝐶 Taxa crítica de liberação de energia associada ao crescimento de uma


trinca.

𝐺𝑃 Zona de Guinier-Preston.

𝐻𝑉15 Dureza em escala Vickers com carga de 15 kgf.

𝐾 Fator de intensidade de tensões.

𝐾𝐼 Fator de intensificação de tensões associado a um defeito em dado


corpo.

𝐾𝐼𝐶 Tenacidade à fratura no estado plano de deformação.

𝐾𝑄 Tenacidade à fratura condicional.

𝑀 𝐸𝑉 Microscópio eletrônico de varredura.

𝑛 Coeficiente de encruamento.

𝑃𝑚𝑎𝑥 Carga máxima obtida no ensaio de tração ou tenacidade à fratura.


𝑃𝐹𝑍 Zona livre de precipitado, ou do inglês, precipitated free zone.

𝑟 Distância entre a ponta da trinca e o elemento infinitesimal em questão.

𝑟𝑐 Inclinação crítica obtida na curva do ensaio chevron quando o fator


geométrico Y é mínimo.

𝑟𝑦 Raio da zona plástica à frente de uma trinca.

𝑟𝑝𝑚 rotações por minuto.

𝑅 Força de resistência ao crescimento de trinca.

𝑅𝑅𝐴 Tratamento de retrogressão e re-envelhecimento, do inglês, retrogression


and re-aging.

𝑆𝑒𝑠𝑐 Limite de escoamento de engenharia.

𝑆𝑆𝑆𝑆 Material em estado de solução sólida supersaturada.

𝑆 ′′ e 𝑆 ′ Precipitados metaestáveis formados quando a relação Cu/Mg está entre


4 e 1,5 (liga 2024).

𝑆(𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔) Precipitado de equilíbrio termodinâmico (𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔) quando a rela-


ção Cu/Mg está entre 4 e 1,5 (liga 2024).

𝑆𝐶𝐶 Corrosão sob tensão, ou do inglês, stress crack corrosion.

𝑡 Tempo.

𝑇 Temperatura.

𝜎𝑌 𝑆 Limite de escoamento.

𝜎𝑐 Tensão crítica a partir da qual a trinca passa a crescer instavelmente.

𝑊 Comprimento de um corpo de prova de tenacidade à fratura.

𝑊𝑠 Trabalho requerido para criação de novas superfícies.

𝜈 Coeficiente de Poisson.

𝑈 Energia elástica contida num corpo carregado mecanicamente.

𝑌𝑐* Fator de intensificação de tensões geométrico crítico (mínimo) para o


qual a carga máxima do ensaio corresponde ao ponto a partir do qual
a trinca cresce instavelmente.
𝑌 Fator de intensificação de tensões geométrico que depende da geometria
do sistema mecânico utilizado no cálculo do fator de intensificação de
tensão.

𝜃′ e 𝜃′′ Precipitados metaestáveis formados quando a relação Cu/Mg está entre


8 e 4 (liga 2024).

𝜃(𝐴𝑙2 𝐶𝑢) Precipitado de equilíbrio termodinâmico (𝐴𝑙2 𝐶𝑢) quando a relação


Cu/Mg está entre 8 e 4 (liga 2024).

𝜂 Precipitado metaestável da liga 7075.

𝜂′ Precipitado de equilíbrio termodinâmico da liga 7075 (𝑀 𝑔𝑍𝑛2 ).

𝛾 Energia de superfície.
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1 Objetivo principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Objetivos secundários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

I REVISÃO DA LITERATURA 27

3 LIGAS DE ALUMÍNIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.1 Considerações gerais sobre ligas de alumínio . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Tratamentos térmicos em ligas de alumínio . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.1 Tratamento térmico de solubilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2.2 Tratamento térmico de precipitação ou endurecimento por envelhecimento . 31
3.2.3 Sensibilidade à têmpera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2.4 Tratamentos alternativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2.5 Tenacidade à fratura em ligas de alumínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3 Mecanismos de endurecimento das ligas de alumínio . . . . . . . . . 39
3.3.1 Mecanismo de endurecimento por precipitação . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.1.1 Precipitação homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.1.2 Precipitação heterogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3.1.3 Precipitação dinâmica e autorreparo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.3.2 Mecanismo de endurecimento por zonas de GP . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.3.3 Mecanismo de endurecimento por precipitados coerentes . . . . . . . . . . 48
3.3.4 Mecanismo de endurecimento por precipitados incoerentes . . . . . . . . . 49
3.4 Liga 2024 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.5 Liga 7075 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.6 Ensaio de tração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.7 Ensaio de dureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.8 Mecânica da fratura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.8.1 Considerações gerais sobre a mecânica da fratura . . . . . . . . . . . . . . 62
3.8.2 Mecânica da fratura linear elástica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.8.2.1 Limitações da Mecânica da fratura linear elástica . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.8.3 Tenacidade à fratura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.8.4 Metodologias utilizadas na determinação da tenacidade à fratura . . . . . 69
3.8.4.1 Metodologia Chevron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
II MATERIAIS, METODOLOGIA E EQUIPAMENTOS 77

4 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.1 Materiais utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.2 Divisão e quantitativo de corpos de prova . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.3 Caracterização da microestrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
4.3.1 Caracterização do estado de entrega das ligas . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.3.2 Caracterização das ligas envelhecidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.4 Esquema de retirada dos corpos de prova das placas para os ensaios
mecânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.4.1 Retirada dos corpos de prova chevron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.4.1.1 Entalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.4.2 Retirada dos corpos de prova para o ensaio de tração . . . . . . . . . . . . 84
4.5 Tratamentos térmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.5.1 Solubilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.5.2 Envelhecimento artificial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.6 Ensaios mecânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.6.1 Ensaio de tração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.6.2 Ensaio de dureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.6.3 Ensaio chevron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.6.3.1 Caracterização das superfícies de fratura do ensaio chevron . . . . . . . . . . . 89
4.6.3.2 Critérios para validação do ensaio chevron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

III RESULTADOS E DISCUSSÃO 91

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
5.1 Caracterização do estado de entrega das ligas . . . . . . . . . . . . . 92
5.2 Caracterização das ligas envelhecidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.2.1 Caracterização das ligas envelhecidas - 2024 . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.2.2 Caracterização das ligas envelhecidas - 7075 . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.3 Ensaios mecânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
5.3.1 Ensaio de tração da liga 2024 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
5.3.2 Ensaio de tração da liga 7075 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
5.3.3 Critérios de validação do ensaio chevron para as ligas 2024-S1 e 2024-S2 . 111
5.3.4 Critérios de validação do ensaio chevron para a liga 7075 . . . . . . . . . . 112
5.3.5 Ensaio chevron da liga 2024 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
5.3.6 Ensaio chevron da liga 7075 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
5.3.7 Caracterização das superfícies de fratura - 2024 . . . . . . . . . . . . . . . 122
5.3.8 Caracterização das superfícies de fratura - 7075 . . . . . . . . . . . . . . . 124
Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

Sugestões para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
21

1 Introdução

As ligas de alumínio se constituem no segundo material mais utilizado na indústria


de metais, perdendo somente para os aços. Desde sua primeira utilização, o alumínio tem
competido, e de fato substituído, muitos materiais devido as suas propriedades que aten-
dem uma gama muito alta de aplicações. Sua densidade é aproximadamente um terço do
aço, além de ser um material muito resistente a corrosão na maioria dos ambientes, devido
a um filme óxido de alumínio muito tenaz que cobre o metal. Pode ser facilmente fabri-
cado em uma ampla gama de produtos de consumo, como embalagens e filmes finos, ou
até produtos de engenharia de alta resistência para a indústria automotiva e aeroespacial
(LUMLEY; MORTON; POLMEAR, 2002; HU et al., 2008).
O avanço no desenvolvimento das ligas de alumínio para aplicações aeronáuticas
requer altos valores de tenacidade à fratura, alta performance em fadiga, grande conforma-
bilidade, aliados ao baixo peso estrutural, grande tolerância ao dano e à alta durabilidade
(NAKAI; ETO, 2000). A tecnologia mundial desenvolveu até hoje quase um milhar de
ligas de alumínio (SANTOS, 2011), muitas das quais permanecem em uso por causa das
suas características excepcionais. Outras, com pequenas alterações na composição ou pela
adição de novos elementos crescem de importância, enquanto muitas se tornaram obsoletas
ante às modernas ligas desenvolvidas pela indústria aeronáutica, como as ligas quaterná-
rias Al-Zn-Mg-Cu da série 7XXX, que foram desenvolvidas em grande escala para o uso
em aplicações industriais (CARVALHO, 1999; WARNER, 2006).
Após Alfred Wilm, em 1906, ter descoberto o endurecimento por precipitação em
uma liga de alumínio Al-Cu-Mg-Mn, foi marcado o início significativo do desenvolvimento
de ligas de alumínio aeronáuticas (LIU; KULAK, 2000). Atualmente, vários processos
termo-mecânicos diferentes associados ao endurecimento por envelhecimento são bastante
difundidos para os mais variados tipos de ligas de alumínio, abrindo um leque de opções
para os novos projetos de engenharia. Uma possibilidade de emprego avançado das ligas de
alumínio está relacionada ao uso do fenômeno do autorreparo (do inglês "self healing"),
a partir do qual pode ser possível ıfecharȷ ou reduzir a velocidade de crescimento de
trincas, em ligas de alumínio endurecíveis por precipitação, mesmo quando estão em
serviço, conforme excelentes resultados apresentados por Lumley et al., Lumley e Polmear,
Riemelmoser e Pippan e van der Zwaag (LUMLEY et al., 2005; LUMLEY; POLMEAR,
2007; RIEMELMOSER; PIPPAN, 1998; ZWAAG, 2008).
O fenômeno do autorreparo é característica essencial de biomateriais, exemplos
típicos e próximos sendo a recuperação de fraturas ósseas ou ferimentos da pele humana.
O autorreparo em materiais metálicos, devido a natureza das ligações atômicas, é intrin-
Capítulo 1. Introdução 22

secamente mais difícil do que em outras classes de materiais (poliméricos e cerâmicos),


entretanto, alguns exemplos, vistos como um autorreparo, podem ser dados: i) danos à
película passiva de óxidos superficiais em metais como as ligas de alumínio ou aço ino-
xidável podem ser reparados pela reoxidação ao ar; ii) camadas superficiais desgastadas
por erosão-cavitação em revestimento de turbinas hidráulicas a base de aços inoxidáveis
austeníticos, podem ser reparadas pela reação martensítica induzida por deformação. A
proposta do autorreparo conforme descrito nas citações anteriores insere-se no paradigma
de projeto de materiais autorregeneráveis, que consiste em permitir que esses sofram trans-
formações microestruturais controladas em resposta às condições de serviço, num processo
autônomo e intrínseco, que pode estar presente em ligas de alumínio de uso aeronáutico
e aeroespacial. O processo é autônomo, pois não exige gatilho externo, e a energia as-
sociada ao processo que leva ao próprio dano estimula a ação de regeneração, como no
caso da fadiga, no qual o encruamento decorrente da zona de deformação plástica à frente
da ponta da trinca induz à precipitação de intermetálicos. Além disso, é intrínseco por
não requerer agente externo de cura, uma vez que a supersaturação de soluto em liga su-
benvelhecidas possibilitaria a elevada precipitação dinâmica de intermetálicos associada
à elevada densidade de discordâncias presentes em bandas de deslizamento presentes na
zona de processo de crescimento da trinca de fadiga.
Lumley et.al. (LUMLEY et al., 2005), reportam que ligas de Al-Cu-Mg subenve-
lhecidas mostraram superior resistência a fadiga que no estado envelhecido (T6), apesar
de sua menor resistência à tração a temperatura ambiente. A liga subenvelhecida, em
contraposição ao material envelhecido no estado T6, apresenta precipitação dinâmica e
secundária da fase 𝜃’. Esse fenômeno da precipitação heterogênea da fase 𝜃’ em discordân-
cias de bandas de deslizamento, associadas à ponta da trinca e sua zona plástica, seria
responsável pela redução da velocidade de propagação da falha por fadiga, uma vez que
a precipitação geraria tensões de compressão, contrárias à abertura da trinca. Assim a
microestrutura da liga responderia favoravelmente às condições de serviço, ou seja, a sua
vida útil tem o potencial de ser aumentada, pois o dano por fadiga teria sua velocidade
de crescimento diminuída. A Figura 1, mostra o deslocamento das curvas do de Whöller
(S x Nf) para ligas baseadas no sistema Al-Cu-Mg submetidas a tratamentos de envelhe-
cimento e subenvelhecimento. Fica evidenciado o aumento da resistência à fadiga da liga
na condição subenvelhecidas.
Ainda neste mesmo trabalho, Lumley (LUMLEY et al., 2005) reporta a possibi-
lidade da ocorrência do fenômeno do self healing em ligas de alumínio em situações de
fluência e em situações de crescimento de trinca pré-existente, isto é, no caso de ensaios
de taxa de crescimento de trincas (curvas de Paris-Erdogan), nos quais se verifica tam-
bém uma acentuada redução nestas taxas quando se avalia amostras sob condições de
subenvelhecimento, em que pese suas menores durezas e resistências à tração.
Capítulo 1. Introdução 23

Figura 1 – Curvas de Whöller para ligas de Alumínio baseada no sistema Al-Cu-Mg em


diferentes condições de envelhecimento (T6 – curva verde escuro; subenvelhe-
cido, UA, curva verde claro).

Por outro lado, Wanhill (WANHILL, 2007), num relato para o NLR, na Holanda,
a partir de uma revisão da literatura, especificamente para as chamadas trincas curtas
em ligas Al-Cu-Mg-Ag, tratadas tanto nas condições de pico de dureza, subenvelhecidas
e superenvelhecidas, apresenta em suas discussões ponderações que contestam o proposto
por Lumley (LUMLEY et al., 2005). Indica ainda que se o fenômeno do autorreparo pode
atuar, este parece pouco aplicável na prática da indústria aeronáutica, uma vez que seria
pouco ativo para o caso de fadiga de alto ciclo. Uma observação interessante acerca desta
controvérsia, é que em anos recentes não se encontrou outras publicações sobre o tema
daqueles autores que iniciaram esta discussão. Por outro lado, a NASA propõe o uso do
conceito do autorreparo em estruturas aeroespaciais com trincas de fadiga, constituídas
por ligas de Al, baseado em fase líquida e ligas de efeito memória de forma em compósitos
metal-metal (MMC), denominado de SMASH. Neste caso, materiais aeroespaciais sujeitos
a carregamento cíclico são susceptíveis a falha por fadiga, por vezes catastróficas, sob
cargas bem abaixo do limite de escoamento (WRIGHT; MANUEL; WALLACE, 2013;
MANUEL, 2009).
Conforme discutido acima, e de forma resumida, o processo de autorreparo nas
ligas de alumínio, está associado à precipitação dinâmica de fases intermetálicas, que
ocorre quando a liga, em condições subenvelhecidas, tende, sob a ação de carregamentos
mecânicos a reparar um defeito (LUMLEY; MORTON; POLMEAR, 2002). A necessidade
de condições subenvelhecidas cria uma outra questão importante a ser correlacionada: a
resistência à corrosão sob tensão. De acordo com Koch e Kolijn (KOCH; KOLIJN, 1979)
estabelecer um ciclo térmico ótimo para as ligas de alumínio deve se levar em considera-
ção a possibilidade de obtenção de uma ótima combinação de propriedades de resistência,
Capítulo 1. Introdução 24

como o limite de escoamento e o limite de resistência à tração, e de propriedades associ-


adas à tolerância de trincas, como a tenacidade à fratura e a resistência à corrosão sob
tensão. Neste trabalho, há indicação de algumas considerações importantes sobre os tra-
tamentos de envelhecimento de ligas de alumínio 7075: i) a aplicação de tratamentos que
promovam precipitações em frações de volume aquém (subenvelhecimento) e além (su-
perenvelhecimento) daquelas previstas para as condições de máxima dureza, promovem
significativas mudanças na resistência mecânica e na tenacidade à fratura; ii) amostras
sub e superenvelhecidas apresentam tenacidades à fratura maiores que aquelas típicas
do ponto de máxima dureza; iii) a aplicação de tratamentos que promovam um leve su-
perenvelhecimento resultam num incremento da resistência à corrosão sob tensão, sem
perda significativa da resistência mecânica; iv) por outro lado, a aplicação de subenve-
lhecimentos comprometem significativamente a resistência a corrosão sob tensão, além de
representarem perdas significativas na resistência mecânica do material.
Contraditoriamente, na revisão proposta por Wanhill (WANHILL, 2007), mostra
claramente uma redução da resistência à fadiga em diferentes ligas de Al superenvelheci-
das. De outro lado, apesar de discordar em parte de Lumley, indicam a possibilidade de
ganhos de resistência à fadiga de ligas subenvelhecidas.
Logo, dois dos requisitos mais importantes para o emprego de ligas de alumínio na
indústria aeroespacial, se mostram contraditórios, quando correlacionados com as possi-
bilidades de envelhecimento, exigindo o avanço em pesquisas sobre tratamentos térmicos
ótimos para as ligas de alumínio para o referido emprego. Neste contexto, a ideia origi-
nal deste trabalho surgiu das discussões entre professores do DEMat-CT/UFRN que têm
tido trabalhos junto à indústria aeronáutica relacionados a compósitos, que indicaram
esta demanda para o estudo de eventuais aprimoramento no comportamento mecânico de
ligas de alumínio para aplicações aeronáuticas (resistência à tração, tenacidade à fratura
e resistência à fadiga). Daí surgiu o interesse pelo estudo do fenômeno do self healing, que
pode ter grande apelo para a indústria aeronáutica uma vez que esta demanda componen-
tes de aeronaves para os quais a confiabilidade, mesmo em condições de sobrecargas, tem
importância crucial; superfícies nas quais danos não são admitidos, como em revestimen-
tos anticorrosivos, pinturas decorativas e revestimentos de barreira térmica; componentes
inacessíveis ou de difícil acesso para inspeções e reparos e componentes que demandam
vida útil longa.
25

2 Objetivos

2.1 Objetivo principal


Este trabalho tem como objetivo principal avaliar a relação entre o comportamento
mecânico (resistência à tração, dureza e tenacidade à fratura) das ligas 2024 e 7075 sub-
metidas a diferentes condições de tratamentos de envelhecimento, para proporcionar a
condição de máxima dureza (envelhecidas) e para proporcionar a condições de dureza
abaixo (subenvelhecidas) e acima da máxima dureza (superenvelhecidas), e, com enfoque
para as condições de subenvelhecimento, apresentar alguma indicação do fenômeno de
autorreparo (self healing).

2.2 Objetivos secundários


Neste contexto, este trabalho apresenta os seguintes objetivos secundários:
1) Caracterizar microestruturalmente, utilizando as técnicas de microscopia ótica
(MO), de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e de microanálise química por es-
pectroscopia por energia dispersiva (EDS), as ligas de alumínio 2024 e 7075 submetidas
a diferentes tratamentos térmicos, a saber: i) para ambas as ligas um mesmo tratamento
de solubilização realizado a 480 ∘ C por 2,5 h; ii) seguido de diferentes tratamentos de
envelhecimento artificial, para a liga 7075 e 2024-Série 1, a 145 ∘ C por 8h, 10h, 12h, 16h
e 24h, para a Liga 2024-Série 2, a 190 ∘ C por 1h, 3h, 5h, 8h e 12hh; iii) no estado de
entrega (2024-T351 e 7075-T651).
2) Estabelecer a relação entre a dureza Vickers das ligas 2024 e 7075 e as diferentes
condições de tratamentos de envelhecimento, as quais foram submetidas, e no estado de
entrega, de forma a determinar as condições de máxima dureza (envelhecimento), de
subenvelhecimento e superenvelhecimento.
3) Estabelecer as diferentes propriedades mecânicas obtidas no ensaio de tração
das ligas 2024 e 7075 submetidas a diferentes condições de envelhecimento e no estado de
entrega, a saber: módulo de elasticidade (𝐸); tensão limite de escoamento (𝑆𝑒); tensão
limite de resistência à tração (𝑆𝑀 ); tensão limite de ruptura (𝑆𝑅 ); tenacidade (𝑈𝑇 ); ducti-
lidade (deformação na ruptura, 𝜖𝑓 , e redução de área, %RA); coeficiente de encruamento
(𝑛) e módulo de resistência à deformação plástica de Hollomon (𝐻).
4) Estabelecer a relação entre a tenacidade à fratura, obtida pela metodologia
chevron (ASTM E1304), e as diferentes condições de tratamentos das ligas 2024 e 7075
submetidas a diferentes condições de envelhecimento e no estado de entrega.
Capítulo 2. Objetivos 26

5) Avaliar a ocorrência de eventos de precipitação dinâmicos durante a execução


dos ensaios mecânicos de tração e de tenacidade à fratura de amostras das ligas 2024
e 7075 submetidas a diferentes condições de envelhecimento e no estado de entrega e
possível relação com o autorreparo.
6) Estabelecer os micromecanismos de fratura presentes nas amostras das ligas
2024 e 7075 submetidas a diferentes condições de envelhecimento e no estado de entrega
e submetidas aos ensaios de tenacidade à fratura.
Parte I

Revisão da Literatura
28

3 Ligas de alumínio

3.1 Considerações gerais sobre ligas de alumínio


Sabe-se que o alumínio na sua forma pura não possui boas propriedades mecânicas,
sendo utilizado na forma de ligas quando essas propriedades são requisitos essenciais,
tal como em aplicações estruturais. Seu limite de resistência a tração na forma pura
é de aproximadamente 90 MPa enquanto na forma de liga, com tratamentos térmicos
adequados, pode atingir valores em torno de 700 MPa (TOTTEN; MACKENZIE, 2003).
As ligas de alumínio de alta resistência são, contudo, excelentes materiais para absorção
de energia (WESTERMANN et al., 2009).
Além do endurecimento por solução sólida, Alfred Wilm, próximo do ano de 1901,
sabia que os aços poderiam ser endurecidos dependendo da taxa de resfriamento aplicada
à esses materiais. Com isso, ele utilizou um grande número de ligas de alumínio e as
submeteu a diferentes tratamentos térmicos. Para sua frustração, muitas ligas ficavam
cada vez mais moles a medida que a taxa de resfriamento aumentava, ao contrário dos aços.
O seu espanto/descobrimento acidental se deu após dois dias do tratamento realizado,
em que medições de dureza das ligas de alumínio com cobre adicionado (Al-Cu) foram
aumentadas consideravelmente, mesmo a temperatura ambiente, o que foi visto também
como as propriedades de ensaio de tração (HORNBOGEN, 2001).
Como visto por Wilm, as ligas de alumínio que respondem a tratamentos térmi-
cos e elevam suas propriedades estão na categoria de ligas endurecidas por precipitação
ou ligas envelhecíveis. Esses tratamentos incluem resfriamento rápido, precipitação e en-
velhecimento (natural ou artificial). Por outro lado, as ligas que não respondem a esses
tratamentos e são endurecíveis por trabalho a frio, são chamadas de ligas endurecíveis por
encruamento.
Além da divisão supracitada, outra divisão das ligas de alumínio é feita em relação
ao elemento químico principal de liga, sendo divididas em séries: 1XXX, 2XXX, 3XXX,
4XXX, 5XXX, 6XXX e 7XXX (HANDBOOK, 1979).
Ligas da série 1XXX possuem cerca de 99% de alumínio (“liga” pura); 2XXX
possuem o cobre como principal elemento de liga, embora outros elementos possam ser
especificado; Nas ligas 3XXX, o manganês é o principal elemento de liga; na 4XXX, o
silício; na 5XXX, o magnésio; na 6XXX o magnésio juntamente com o silício são os prin-
cipais elementos de liga; na 7XXX, o zinco é o principal elemento de liga, embora outros
elementos tais como cobre, magnésio, cromo e zircônio podem ser especificados; 8XXX
ligas incluindo estanho e lítio caracterizando composições variadas; 9XXX reservadas para
Capítulo 3. Ligas de alumínio 29

o futuro (BRANDES; BROOK, 1992).


Além desses elementos de liga, quantidades significativas de impurezas como o
ferro e o silício são frequentemente encontrados nas ligas de alumínio comerciais. Esses
elementos ficam em solução quando a liga se encontra no estado líquido, combinando
com outros elementos durante a solidificação, formando partículas grandes insolúveis,
com tamanho médio entre 0,5 e 50 mícrons (BROEK, 1982). Esses elementos diminuem
significativamente valores de tenacidade nas ligas de alumínio.

3.2 Tratamentos térmicos em ligas de alumínio


As ligas endurecíveis por precipitação podem ser trabalhadas a frio e, posteri-
ormente, sofrer tratamento térmico para o aumento da resistência mecânica. As ligas
não-tratáveis termicamente podem ser submetidas a outros tratamentos como o de esta-
bilização e recozimentos plenos ou parciais.
É importante destacar que termo “tratamento térmico” é, no seu sentido mais
amplo, qualquer operação de aquecimento ou resfriamento realizada para modificar as
propriedades mecânicas, estrutura metalúrgica ou estado de tensões internas de um pro-
duto metálico. Nas ligas de alumínio, o tratamento térmico é restrito a operações específi-
cas utilizadas para aumentar a resistência e dureza de ligas endurecíveis por precipitação
(conformadas ou fundidas). A Figura 2 resumo e ao mesmo tempo mostra os principais
elementos das ligas de alumínio e sua classificação quanto a possibilidade de tratamento
térmico.

Figura 2 – Figura esquemática que mostra os principais elementos de liga, classificação e


operações para aumentar resistência e dureza dessas ligas.

Duas características obrigatórias devem ser exibidas pelos diagramas de fases dos
sistemas das ligas para haver endurecimento por precipitação: i) deve haver uma solubili-
Capítulo 3. Ligas de alumínio 30

dade máxima apreciável de um componente do outro, na ordem de vários pontos percentu-


ais; ii) deve haver um limite de solubilidade que diminua rapidamente com a concentração
do componente principal com uma redução na temperatura (MUKHOPADHYAY, 2009).
Em relação às ligas da série 7XXX, as propriedades mecânicas são fortemente
dependentes de processos termo-mecânicos, sendo importante entender a relação entre
a evolução da microestrutura durante o processo e as propriedades mecânicas da liga
(TEMMAR; HADJI; SAHRAOUI, 2011).
A liga 2024 e a liga 7075 são endurecíveis pelo processo de endurecimento por
precipitação. Esse processo envolve o aumento de temperatura da liga dentro de uma
região monofásica onde seus precipitados mais finos são dissolvidos. Depois, a liga é res-
friada rapidamente para formar uma solução supersaturada (DEMIR; GÜNDÜZ, 2009).
O envelhecimento artificial leva a uma melhoria nas propriedades mecânicas. O grau de
envelhecimento é função da temperatura e do tempo (RADUTOIU et al., 2012).
Ligas da série 7XXX foram comumente escolhidas por causa da sua alta resistên-
cia, devido ao endurecimento por precipitação. O efeito de endurecimento é inicialmente
dependente da fração de volume e tamanho do precipitado 𝜂 (𝑀 𝑔𝑍𝑛2 ) (EMBURY; NI-
CHOLSON, 1965; LORIMER; NICHOLSON, 1966; SHA; CEREZO, 2004). Já para as
ligas 2024, há controvérsias na literatura a respeito de qual precipitado contribui para o
segundo estágio de endurecimento dessas ligas, porém, segundo Wang e colaboradores,
(WANG; STARINK; GAO, 2006), a fase S (𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔) é o principal precipitado respon-
sável por promover o máximo de resistência nessas ligas.
A resistência a corrosão das ligas da série 7XXX podem ser modificadas por tra-
tamentos térmicos. É conhecido que, embora essas ligas com tratamento na condição
T6 possuam a maior resistência mecânica, sua resistência a corrosão localizada é muito
baixa (LI et al., 2008). Outras propriedades mecânicas podem ser seriamente afetadas
por tratamentos térmicos. De particular importância, a tenacidade à fratura que tem
ganhado muito interesse desde o desenvolvimento dos conceitos de projeto com falhas
seguras (KOCH; KOLIJN, 1979).
Segundo Koch e Kolijn (KOCH; KOLIJN, 1979), as características mais significan-
tes do processo dos tratamentos térmicos dessas ligas são: a temperatura do tratamento
de solubilização, a taxa de resfriamento e o tempo de envelhecimento e temperatura.
Ainda, de acordo com Kaçar e Güleryüz (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015), o tempo, tempe-
ratura, taxa de resfriamento e pré-deformação, são parâmetros essenciais para o processo
de endurecimento por precipitação da liga 7075.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 31

3.2.1 Tratamento térmico de solubilização


A solubilização das ligas de alumínio visa dissolver totalmente as fases micros-
cópicas simples ou intermediárias presentes na matriz de uma liga pelo aquecimento ao
campo monofásico inerente. Logo após, pelo esfriamento mais ou menos rápido, mantém-
se o estado monofásico a temperatura ambiente, tornando a liga, as vezes, mais mole e
mais deformável. A solubilização é uma etapa preparatória para o futuro tratamento de
endurecimento por precipitação submicroscópica. De maneira geral, todas as ligas cujos
sistemas apresentam soluções sólidas terminais com razoável diferença nos limites de solu-
bilidade (segundo linha solvus) entre a temperatura ambiente e o máximo de solubilidade
nas isotermas, quer sejam eutéticas, peritéticas, monotéticas ou mesmo eutetóides, podem
sofrer esse tratamento (COUTINHO, 1980).
As temperaturas do tratamento de solubilização são definidas próximas da tempe-
ratura do eutético (aproximadamente 5 ∘ C abaixo) ou da linha sólidos, dependem do tipo
de liga e da composição química. Devem ser evitadas temperaturas mais altas que possam
promover a fusão de algumas fases eutéticas de baixo ponto de fusão ou um possível cres-
cimento de grão, o que compromete as propriedades mecânicas da liga (ZANGRANDI,
2008). Temperaturas muito baixas também influenciam significativamente as propriedades
finais (TOTTEN; MACKENZIE, 2003).

3.2.2 Tratamento térmico de precipitação ou endurecimento por envelheci-


mento
O tratamento térmico de precipitação ou envelhecimento tem por objetivo produzir
uma fina dispersão de precipitados endurecedores submicroscópicos na matriz a partir da
solução sólida supersaturada, por mecanismos de difusão auxiliados pela alta concentração
de lacunas resultantes do tratamento de solubilização. Tal tratamento pode ser natural
ou artificial (HUNSICKER et al., 1984; FRANSSON, 2009)
As ligas de alumínio que podem ser envelhecidas são aquelas onde a solubilidade de
um ou mais elementos de liga diminui com a queda da temperatura. Essas ligas pertencem
às séries 2XXX, 6XXX e 7XXX, sendo algumas ligas da série 8XXX capazes de envelhecer
também (ZANGRANDI, 2008).
O tratamento térmico de precipitação ou endurecimento por envelhecimento é pro-
duzido por transformações de fases produzindo uma dispersão uniforme de precipitados
que podem ser cisalhados pelas discordâncias. Se essa dispersão de fases é não-deformável,
o mecanismo de endurecimento é chamado de endurecimento por dispersão. O envelheci-
mento na temperatura de 100 ∘ C a 260 ∘ C é chamado de envelhecimento artificial porque
a liga é tratada para produzir a precipitação. O envelhecimento natural, ocorre quando
uma liga envelhece a temperatura ambiente, onde a taxa de endurecimento varia de uma
Capítulo 3. Ligas de alumínio 32

liga para outra. As propriedades das ligas são intrinsecamente dependentes da tempera-
tura e tempo de envelhecimento. Usando temperaturas de envelhecimento mais baixas, há
promoção de propriedades mais uniformes nos materiais tratados (FRANSSON, 2009).
Esse processo envolve várias etapas, que são: i) solubilização, ii) resfriamento rápido
e iii) o envelhecimento natural ou artificial, como mostrado na Figura 3.

(a) (b)

Figura 3 – Representação esquemática que mostra operações para aumentar resistência


e dureza dessas ligas de alumínio (a) e em (b), variação da microestrutura
com o resfriamento a partir do campo monofásico 𝛼 para uma liga binária
Al-Cu . Em “1”, o material é aquecido até a região 𝛼, de “1” para “2” sofre
um resfriamento brusco, mantendo a estrutura 𝛼 à temperatura ambiente em
“2”, na forma de uma solução sólida supersaturada. De “2” para “3” o material
sofre aumento de temperatura, formando precipitados 𝜃 na matriz em “3”, que
causam o aumento da resistência mecânica no material.

Inicialmente a dureza e resistência aumenta com o tempo e tamanho das partículas


precipitadas até se atingir um máximo. Depois desse ponto, o envelhecimento promoverá
um decréscimo de resistência e dureza, que é chamado de superenvelhecimento (FRANS-
SON, 2009). Kirman (KIRMAN, 1971) mostrou que o tamanho médio das partículas
precipitadas é função do tempo de envelhecimento e temperatura. Para uma liga de alu-
mínio 7075 em um tratamento de envelhecimento a uma temperatura de 177 ∘ C durante
10h, o tamanho médio de partículas era próximo de 800 angstrons; já para a mesma liga
tratada em uma temperatura de 120 ∘ C durante o mesmo tempo, o tamanho médio era
de 200 angstrons.
A velocidade de precipitação das ligas de alumínio depende da composição e da
temperatura de envelhecimento utilizada. Temperaturas mais altas promovem uma rápida
precipitação, consequentemente um alcance mais rápido no ponto de máxima resistência.
Isso foi mostrado por Lin et.al., (LIN et al., 2013) em que o ponto máximo de dureza com
temperatura de envelhecimento de 200 ∘ C, para a liga 2024, é atingido próximo de 3h;
para um envelhecimento a 175 ∘ C, o valor de dureza chegou próximo do valor de máxima
Capítulo 3. Ligas de alumínio 33

dureza de 200 ∘ C em 24h; já utilizando uma temperatura de 150 ∘ C, não houve mudança
significativa na dureza em tempos de até 25h (Figura 4).

Figura 4 – Efeito da temperatura na curva de envelhecimento da liga 2024-T3 (LIN et


al., 2013).

Kaçar e Güleryüz (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015) mostraram que a dureza versus


tempo de envelhecimento para uma liga 7075 com temperatura de 145 ∘ C, o ponto de
máxima dureza se deu próximo de 12h (Figura 5).

Figura 5 – Dureza versus tempo de envelhecimento para a liga 7075 na temperatura 145

C (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015, adaptado).

O envelhecimento natural não é um tratamento comum que se utiliza como pro-


cesso industrial. Isso porque as ligas que passam por esse processo não atingem uma
condição completa de estabilidade, além de exigirem longos tempos de tratamento. Por
exemplo, a liga 2024 pode ser estabilizada após quatro dias de envelhecimento natural,
mas a liga 7075 e outras da série 7XXX continuam envelhecendo indefinidamente na
Capítulo 3. Ligas de alumínio 34

temperatura ambiente, dessa forma não são usadas nessa condição, já que acarreta mu-
danças de propriedades com o tempo, que podem fugir dos valores estipulados no projeto
mecânico (ZANGRANDI, 2008).
Para as ligas da série 7XXX, o intervalo de tempo de permanência na temperatura
ambiente, antes do início do tratamento de precipitação, é um outro parâmetro impor-
tante, que varia de acordo com a composição da liga e, deve ser considerado, pois esses
períodos específicos de atraso se não forem observados, refletem numa redução brusca da
tensão de escoamento e da resistência à tração da liga, após o tratamento de precipitação
artificial (HUNSICKER et al., 1984).
Assim, por exemplo, o tempo de permanência na temperatura ambiente para uma
liga 7075 solubilizada, não poderá ultrapassar quatro horas, enquanto que para outras
ligas, esse tempo deverá ser reduzido ao mínimo possível. As razões desse fenômeno não
foram perfeitamente esclarecidas, mas há evidências de que está relacionado com o grau
de supersaturação obtido pela solubilização e a subsequente reversão das zonas de GP
durante o envelhecimento artificial. Segundo Hunsicker (HUNSICKER et al., 1984), esse
fenômeno pode ser eliminado utilizando-se tratamentos de precipitação em dois estágios.
O primeiro estágio do envelhecimento desenvolve uma melhor distribuição das zonas de
GP, que se mantém estável durante o segundo estágio do envelhecimento.
Geralmente, verifica-se um maior aumento nas propriedades de resistência à tra-
ção e tensão de escoamento e menor ductilidade no envelhecimento artificial, quando
comparadas com aquelas obtidas pelo envelhecimento natural. Assim, por exemplo, uma
liga envelhecida na condição T6 apresenta maior resistência mecânica (resistência à tra-
ção e tensão de escoamento) e menor ductilidade do que na condição T4 (solubilizada)
(ZANGRANDI, 2008).
O tempo e o precipitado adequado para que o material atinja o seu maior nível
de dureza é dependente da composição química da liga. Um maior aumento no tempo
de envelhecimento da liga 7075, diminui a resistência a tração, tensão de escoamento e
dureza. A fase estável 𝜂 (𝑀 𝑔𝑍𝑛2 ) pode ser responsável pelo decaimento de dureza em
uma amostra superenvelhecida (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015). Em contrapartida, o supe-
renvelhecimento pode ser benéfico pois ele aumenta a resistência à corrosão de algumas
ligas (LIU; KLOBES; MAIER, 2011; HAN et al., 2011).
Estudos realizados por Koch e Kolijn (KOCH; KOLIJN, 1979) mostraram uma
tendência geral que o ganho em resistência está associado a perda em tenacidade, e
que, segundo observações realizadas por vanLeeuwen e colaboradores (VANLEEUWEN;
SCHRA; VANDERVET, 1972), os tratamentos térmicos que beneficiam propriedades de
resistência como limite de escoamento e limite de resistência a tração, entram em conflito
com a propagação de trincas por fadiga e tenacidade à fratura.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 35

3.2.3 Sensibilidade à têmpera


A têmpera1 é o passo crítico durante o tratamento de solubilização e precipita-
ção (RADUTOIU et al., 2012; CAVALLI; LUOMA, 2005). Ela deve ser entendida como
sendo a fixação do estado em alta temperatura da liga a baixas temperaturas (TOTTEN;
MACKENZIE, 2003) resultado de um resfriamento rápido.
Todas as ligas de alumínio de alta resistência tratáveis termicamente perdem pro-
gressivamente suas habilidades de desenvolver máxima resistência e tenacidade com tra-
tamentos de envelhecimento, a medida que as taxas de resfriamento na solubilização de-
crescem. Isso ocorre devido à perda de soluto pela precipitação durante a têmpera e
partículas que foram nucleadas de forma heterogênea no equilíbrio de fases (TOTTEN;
MACKENZIE, 2003). O efeito do tipo de dispersóide na resistência e sensibilidade à têm-
pera em ligas 7XXX, é atribuído a sua capacidade de nuclear a fase 𝜂 em temperaturas
elevadas. Nas ligas 2X24, o dispersóide 𝐴𝑙20 𝐶𝑢3 𝑀 𝑛2 nucleia discordâncias na interface
precipitado-matriz durante a têmpera.
De acordo com Kirman (KIRMAN, 1971), para uma liga de alumínio 7075, o efeito
das condições do material temperado é significativo. Corpos de prova temperados a 0 ∘ C
e envelhecidos por 24 horas a 120 ∘ C tiveram resistências parecidas com aqueles envelhe-
cidos durante 4 horas + 1 hora a 177 ∘ C (o último, chamado de “two-step treatment”,
promove uma melhoria nas propriedades de muitas ligas de alumínio quando há divisão
do envelhecimento; tópico subsequente). Quando esses mesmos tratamentos são repetidos
com corpos de prova temperados a 120 ∘ C ao invés de 0 ∘ C, há perda na resistência. A
microestrutura temperada a 120 ∘ C difere da microestrutura temperada a 0∘ C, em que
no primeiro, há uma zona livre de precipitados maior, além de partículas no contorno de
grão mais grosseiras.
Nem envelhecendo a baixas temperaturas nem precedendo um tratamento a alta
temperatura depois por um de baixa temperatura, tem algum efeito tão significante na
resistência quanto tão rápido for a taxa de resfriamento da liga (TOTTEN; MACKENZIE,
2003; KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015).

3.2.4 Tratamentos alternativos


A influência de tratamentos térmicos alternativos tem possibilitado as mais varia-
das mudanças nas propriedades das ligas de alumínio, sejam elas promovendo resistência
a corrosão, resistência mecânica e tenacidade.
Kang et. al. (KANG et al., 2003), e Huang et. al. (HUANG et al., 2005) estudaram
1
Este trabalho utilizará o termo têmpera conforme sugere a NBR 6835, que trata da Classificação das
Têmperas do Alumínio e a própria Associação Brasileira do Alumínio (ABAL). Aqui, o termo têmpera
não deve ser relacionado com a têmpera nos aços.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 36

um tratamento de envelhecimento chamado de pré-precipitação a alta temperatura, do


inglês “high temperature pre-precipitation (HTPP) aging treatment". Foi verificado que
esse tratamento não somente mantinha a alta resistência de uma liga 7A52 e 7055, como
também aumentava sua resistência a corrosão intergranular, corrosão por exfoliação e
trincamento por corrosão sob tensão, contrabalanceando o conceito de que quando se tem
máxima resistência, a liga não possui boa resistência a corrosão.
Outro tratamento é o envelhecimento secundário, que envolve a interrupção do en-
velhecimento a 130 ∘ C por 80 minutos, por um período (240h) em que a liga é mantida por
uma temperatura mais baixa (65 ∘ C), depois mais 130 ∘ C por 18 horas. Foi descoberto que
esse tratamento, chamado de T6I6, geralmente promove melhorias na resistência, dureza
e tenacidade a fratura de muitas ligas de alumínio (LUMLEY; POLMEAR; MORTON,
2003).
Li et. al. (LI et al., 2008) mostrou que, comparado com o tratamento T6, os
tratamentos T6I6 e RRA, do inglês “retrogression and re-aging” (este último consistindo
em um tratamento de solubilização a 470 ∘ C por 1h + envelhecimento a 120 ∘ C por 24h
+ retrogressão a 203 ∘ C por 10 minutos + 120 ∘ C a 24h) não somente mantêm a alta
resistência mecânica da liga 7075, como também aumentam a sua resistência a corrosão
intergranular.
Esses tratamentos interrompidos tem sido amplamente utilizados em ligas de alu-
mínio. Seu efeito benéfico consiste no consumo de grande porção dos átomos de soluto
presentes em processos de nucleação e crescimento de partículas metaestáveis por toda
a extensão do componente. Os resultados são inúmeras pequenas partículas precipitadas
distribuídas homogeneamente, e devido a isso, apresentam resultados promissores, como
por exemplo, no aumento da tenacidade. Uma das suas desvantagens é que a duração des-
ses tratamentos pode superar algumas semanas (BERG et al., 2001; BUHA; LUMLEY;
CROSKY, 2008; MUKHOPADHYAY; PRASAD, 2011).
Em relação à tenacidade à fratura, ela só é usada como um parâmetro de projeto
para as ligas séries 2XXX e 7XXX, que são ligas usadas na indústria aeronáutica. Nas ligas
das séries 1XXX, 3XXX, 4XXX, 5XXX e 6XXX a tenacidade é raramente um parâmetro
de projeto, porque essas ligas apresentam altos níveis de tenacidade (HANDBOOK, 1979).
No geral, a tenacidade é frequentemente melhorada devido à redução nas quanti-
dades de ferro e silício em ligas de alumínio de alta resistência. Outras ligas da série 7XXX
exibem o mesmo comportamento com o aumento da quantidade de cromo. Melhoria na
resistência ao escoamento, é o principal objetivo dos precipitados que endurecem uma liga
em relação à tenacidade à fratura. Mesmo assim, aumento na composição, especialmente
para as quantidade de magnésio, podem promover um grande impacto na tenacidade das
ligas de alumínio da série 7XXX (FRANSSON, 2009; POLMEAR, 1989).
Capítulo 3. Ligas de alumínio 37

A tenacidade à fratura é fortemente afetada pela extensão da precipitação nos


contornos de grão (TOTTEN; MACKENZIE, 2003), seu efeito pode ser visto na Figura
6 para duas ligas de alumínio (UNWIN; SMITH, 1969).

Figura 6 – Variação da tenacidade à fratura em relação à área de fração dos precipitados


nos contornos de grão (UNWIN; SMITH, 1969, adaptado).

Embora a redução do tamanho de grão possa aumentar a resistência mecânica em


alguns casos, tamanhos de grãos extremamente finos são indesejáveis tanto para os pro-
cessos de conformação, quanto para a tenacidade à fratura. Segundo Hornbogen e Starke
(HORNBOGEN; STARKE, 1993), durante a fratura, um tamanho de grão extremamente
fino reduz a tenacidade à fratura devido a diminuição da tortuosidade da trinca.
Quando a fratura é transgranular, o tipo de precipitado tem pouco efeito na com-
binação resistência e tenacidade que é desenvolvida. Tratamentos de envelhecimento que
aumentam a quantidade de fratura intergranular, diminuem a tenacidade sem nenhum
efeito na ductilidade e na resistência (STALEY, 1978).
Aumentar o grau de envelhecimento da condição subenvelhecida para a de máxima
dureza, sempre leva a uma condição em que há um decaimento na tenacidade à fratura
(NOCK; HUNSICKER, 1963). Em condições de superenvelhecimento, há possibilidade de
uma recuperação, pequena recuperação, nenhuma recuperação ou até mesmo um decai-
mento da tenacidade. Em materiais que a microestrutura da matriz domina o processo de
fratura, ocorre a recuperação da tenacidade; já a pouca ou nenhuma recuperação, ocorre
em materiais onde o contorno de grão domina o processo de fratura.
Ligas de alumínio da série 2XXX e 7XXX fraturam pelo mecanismo alveolar (do
inglês "dimples"). Esse mecanismo consiste na nucleação em partículas de segunda fase que
promovem o crescimento de micro vazios. Esses micro vazios são unidos por coalescência,
fraturando os ligamentos entre eles. Vale salientar que o micromecanismo alveolar é, geral-
Capítulo 3. Ligas de alumínio 38

mente, altamente dúctil em microescala, devido ao crescimento dos vazios ser controlado
por deformação (LIU, 2005).
No geral, as ligas de alumínio das séries 2XXX e 7XXX, tendem a apresentar
comportamento como mostrado na Figura 7 (TOTTEN; MACKENZIE, 2003).

Figura 7 – Relação entre tenacidade e limite de escoamento para as ligas 2XXX e 7XXX.
Ocorre uma menor variação de tenacidade na sequência subenvelhecida ->
pico de dureza -> superenvelhecimento (TOTTEN; MACKENZIE, 2003, adap-
tado).

3.2.5 Tenacidade à fratura em ligas de alumínio


Estudos realizados por Kirman (KIRMAN, 1971), mostraram que para a liga 7075,
a tenacidade diminui com o aumento do limite de escoamento e que, para um mesmo limite
de escoamento, a tenacidade na condição subenvelhecida é maior do que na condição su-
perenvelhecida. Isso é explicado porque com o tempo de envelhecimento há uma mudança
de fratura predominantemente transgranular para predominantemente intergranular, am-
bos acontecendo pelo micromecanismo alveolar. Os alvéolos transgranulares são nucleados
na interface das partículas dispersóides ricas em cromo, já os intergranulares na interface
das partículas 𝑀 𝑔𝑍𝑛2 nos contornos de grão. Além disso, a transição do modo de fratura
da condição subenvelhecida para superenvelhecida pode estar correlacionado ao decrés-
cimo na tensão de fratura intergranular devido ao engrossamento dos precipitados nos
contornos de grãos.
Ligas da série 2XXX endurecidas por 𝜃’, S’ ou T1 (produto resfriado a partir da
temperatura de conformação a quente e envelhecido naturalmente) alcançam uma alta
resistência porque as discordâncias servem para nuclear esses precipitados metaestáveis e
promover o desenvolvimento de partículas finas e pouco espaçadas, cuja combinação se
Capítulo 3. Ligas de alumínio 39

obtém alta resistência mecânica. Por causa desse efeito, por exemplo, a liga 2024 geral-
mente é tratada com têmpera T3 (solubilizada e envelhecida naturalmente) (TOTTEN;
MACKENZIE, 2003).
Quando uma liga de alumínio possui alto teor de soluto, contorno de grão de alto
ângulo, baixa taxa de resfriamento do tratamento de solubilização, ou até mesmo envelhe-
cimento em altas temperaturas sem ser precedido envelhecimento a baixas temperaturas,
há favorecimento de precipitação nos contorno de grão e produção de zonas livres de preci-
pitados largas, que facilitam a fratura intergranular e diminuem a tenacidade (VARLEY;
DAY; SENDOREK, 1958; STALEY, 1978).
Já Ryum (RYUM, 1968) sugere que as zonas livres de precipitados possuem uma
tensão de escoamento mais baixa do que a matriz, o que reduz a concentração de tensão
nos contornos de grão, melhorando a tenacidade, enquanto que Unwin e Smith (UNWIN;
SMITH, 1969) mostraram que a largura da zona livre de precipitado tem pouco efeito
na tenacidade a fratura em condições de deformação plana (𝐾𝐼𝐶 ), sendo esta fortemente
dependente do modo de fratura. A tenacidade devido a fratura intergranular é considera-
velmente menor do que aquela observada pela fratura transgranular.

3.3 Mecanismos de endurecimento das ligas de alumínio


As ligas de alumínio podem ser endurecidas por vários métodos diferentes. Um
deles é o endurecimento por solução sólida, que consiste na adição de elementos de liga
que promovem uma distorção na rede cristalina, agindo como barreiras ao movimento
das discordâncias. Em ligas de alumínio, geralmente se encontram três tipos de partí-
culas: grandes, formadas devido a presença de impurezas (ferro e silício); intermediárias
ou dispersóides, devido a presença de elementos adicionados para controle da recristali-
zação e tamanho de grão; e as finas, responsáveis pelo endurecimento por precipitação
(ROSENFIELD, 1968; BROEK, 1982).
Sabe-se que, de maneira geral, quanto menor o tamanho de grão for, maior a
resistência à deformação plástica do material. Porém, particularmente para as ligas de
alumínio, o valor de k (constante que caracteriza a dificuldade de se transmitir o escorre-
gamento através dos contornos de grão para uma determinada liga) é aproximadamente
cinco vezes menor do que o k das ligas de ferro, tornando o efeito do tamanho de grão não
tão significativo para as ligas de alumínio (VASUDEVAN; DOHERTY; SURESH, 1989).
Outro mecanismo de endurecimento bastante importante é o encruamento. Ele é
responsável pelo aumento de resistência a tração e tensão de escoamento, e pela perda na
ductilidade. As ligas não tratáveis termicamente são comumente endurecidas pelo trabalho
a frio.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 40

O último, e não menos importante, é o endurecimento por precipitação, ou endu-


recimento por envelhecimento, que, por ser um tema mais específico deste trabalho, será
cautelosamente discutido nos tópicos subsequentes.

3.3.1 Mecanismo de endurecimento por precipitação


Os precipitados podem se formar durante qualquer operação térmica abaixo da
linha solvus. Precipitados grosseiros não contribuem para o endurecimento por precipita-
ção, além de serem ótimos redutores de ductilidade e tenacidade a fratura das ligas de
alumínio (TOTTEN; MACKENZIE, 2003).
A deformação plástica nas ligas de alumínio endurecíveis conduz ao movimento
das discordâncias ao longo da matriz, contendo uma grande densidade de precipitados.
Esses movimentos devem, invariavelmente, levar a formação de defeitos seja na interface
do precipitado e matriz ou nas redes de deslocamento. Em um alto nível de deformação,
os defeitos se unem e formam trincas, que resultarão na falha do material. Dependendo
do tamanho, espaçamento e grau de coerência, as partículas de precipitado podem ser
cisalhadas, entrelaçadas ou desviadas das discordâncias durante a deformação plástica
(HAUTAKANGAS et al., 2008).
A grande barreira para impedir o movimento das discordâncias e consequente-
mente o grande potencial de endurecimento, ocorre quando a liga contém precipitados
que são grandes o suficiente para resistir ao cisalhamento e que estão a curtas distâncias
um dos outros para serem desviados (POLMEAR, 1992). Isso é difícil de ser alcançado
na prática. A máxima resposta para o endurecimento é comumente observada quando
a microestrutura contém uma combinação de precipitados grandes, cautelosamente es-
paçados, zonas GP cisalháveis e precipitados intermediários mais largamente espaçados
(TOTTEN; MACKENZIE, 2003)

3.3.1.1 Precipitação homogênea

De acordo com Hunsicker et. al. (HUNSICKER et al., 1984), durante o estágio
inicial da precipitação homogênea ocorre uma redistribuição de átomos de soluto por
difusão na solução sólida supersaturada, segregação desses átomos em várias pontos da
matriz, formação de pequenos aglomerados (clusters), cuja concentração é maior do que
a concentração média da solução sólida e o crescimento dos aglomerados dando origem às
zonas de Guinier-Preston.
As zonas de Guinier-Preston (zonas GP) formam interfaces coerentes, aumentando
a deformação da estrutura cristalina da matriz numa vizinhança que se estende por várias
distâncias interatômicas a sua redondeza. A presença das zonas de GP interfere e difi-
culta o movimento das discordâncias, produzindo o endurecimento nessa fase do processo
Capítulo 3. Ligas de alumínio 41

(HAHN; ROSENFIELD, 1975).


Conforme o processo de envelhecimento isotérmico vai evoluindo com o tempo
(envelhecimento artificial), as zonas de Guinier-Preston vão sofrendo um rearranjo atômico
até que se transformam numa nova fase metaestável de transição e semicoerente com a
matriz, cuja estrutura cristalina, em geral, difere da estrutura da solução sólida e da fase
final de equilíbrio (KELLY; NICHOLSON, 1963).
Com o crescimento das partículas de transição, as deformações na matriz aumen-
tam até que a resistência das ligações interfaciais entre partículas e matriz seja excedida,
quando então, ocorre a ruptura destas ligações, resultando na perda total da coerência
entre precipitado e matriz (HUNSICKER et al., 1984).
Para as ligas Al-Zn-Mg envelhecidas na temperatura ambiente ou ligeiramente
maiores (envelhecimento natural), o processo de precipitação é caracterizado pela forma-
ção de zonas de GP com a forma aproximadamente esférica, que crescem com o tempo,
aumentando a resistência da liga. De acordo com Hunsicker et. al. (HUNSICKER et al.,
1984), uma liga 7075-W (solubilizada) com tensão de escoamento de 150 MPa, após 25
anos de envelhecimento na temperatura ambiente, apresentou zonas de GP com diâme-
tro médio de 1,2 nm e densidade média de 4.108 𝑧𝑜𝑛𝑎𝑠/𝑐𝑚3 , que elevou a tensão de
escoamento para 465 MPa.

3.3.1.2 Precipitação heterogênea

A presença de contornos de grão, contornos de subgrão e discordâncias contribuem


para a ocorrência de significativa quantidade de nucleação heterogênea, durante o resfri-
amento na solubilização ou durante o envelhecimento, para temperaturas acima de um
certo valor, conhecida como temperatura solvus da zona de GP.
Contornos de grãos são regiões preferenciais de átomos de soluto, o que há promo-
ção de uma concentração maior de precipitados ao redor dessas regiões. Isso ocasiona a
chamada zona livre de precipitados (ou, do inglês, precipitated free zone ou PFZ ), que é
resultado dessa falta de átomos de soluto que migraram para as vizinhanças dos contornos
de grãos. Isso é prejudicial ao material, uma vez que há uma redução do endurecimento
por precipitação nessas regiões (LIN et al., 2013).
Acima da temperatura solvus, precipitados de transição semicoerentes nucleiam
e crescem diretamente nos contornos de subgrão e discordâncias, enquanto precipitados
de equilíbrio incoerentes nucleiam e crescem diretamente nos contornos de grãos. Não
há contribuição para o aumento da resistência mecânica da liga quando a precipitação
heterogênea está presente, reduzindo ainda o valor da resistência máxima atingível, em re-
sultado da menor quantidade de soluto livre disponível na solução sólida para a nucleação
homogênea (ZANGRANDI, 2008).
Capítulo 3. Ligas de alumínio 42

De acordo com Sanders (SANDERS, 1979), uma forma de minimizar estes efeitos é
aumentar a taxa de resfriamento na solubilização, e com isso aumentar a concentração de
lacunas, favorecendo a predominância da nucleação homogênea durante o envelhecimento.
Para os casos em que a taxa de resfriamento na solubilização for lenta, deve-se
realizar do envelhecimento em baixas temperaturas, o que também minimiza a nucleação
heterogênea (HUNSICKER et al., 1984).
A terceira alternativa, que tem sido um solução usualmente adotada, é realizar
o envelhecimento em dois estágios. O primeiro estágio realizado a uma temperatura de
envelhecimento mais baixa, maximiza a nucleação homogênea das zonas de GP. O se-
gundo estágio realizado a uma temperatura mais alta, permite que uma certa quantidade
das zonas de GP nucleadas homogeneamente cresçam, atingindo um tamanho suficiente,
para se transformarem nos precipitados de transição. As zonas de GP que não atingem
esse tamanho crítico, não se transformam em precipitados de transição e se dissolvem
novamente (HUNSICKER et al., 1984).
Pequenas partículas que são coerentes ou parcialmente coerentes com a matriz
de alumínio são cisalhadas pelo movimento das discordâncias. Com isso, o mecanismo
de endurecimento associado com a presença dessas partículas é reduzido porque há um
decrescimento local de resistência a medida que aumenta o movimento das discordâncias.
Conforme as partículas crescem, as deformações se acumulam e são desprendidas quando
as partículas se tornam incoerentes, por exemplo, quando há transformação de fase de
transição para fase de equilíbrio. Nesse estágio, discordâncias são criadas na interface entre
o precipitado e a matriz como resultado de defeitos nessas regiões. A perda de coerência
é acompanhada com uma mudança na interação partícula-discordância, fazendo com que
a discordância contorne a partícula ou desvie, promovendo um aumento significativo de
resistência, chamado de mecanismo de Orowan (TOTTEN; MACKENZIE, 2003).
A Figura 8 mostra o diâmetro crítico em que ocorre a mudança de interação de
cisalhamento da partícula para ocorrência somente do desvio. No diâmetro crítico se obtém
a máxima resistência.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 43

Figura 8 – Relação entre a tensão de cisalhamento crítica e diâmetro da partícula que


promove a mudança de interação discordância-partícula de cisalhamento para
somente desvio (TOTTEN; MACKENZIE, 2003, adaptado).

Quando se elimina o primeiro estágio do envelhecimento, não se tem uma quanti-


dade suficiente de núcleos de precipitação homogênea, para formar uma distribuição fina
de precipitados de equilíbrio, resultando numa liga com menor resistência. A nucleação
heterogênea resulta numa distribuição de precipitados extremamente grosseira, e como
consequência a liga apresenta baixas propriedades mecânicas (HUNSICKER et al., 1984).

3.3.1.3 Precipitação dinâmica e autorreparo

Precipitação dinâmica é uma forma de precipitação que ocorre quando um mate-


rial está submetido a um carregamento devido a geração e movimento de discordâncias
(LUMLEY, 2007).
Kloc et.al. (KLOC et al., 1996) mostrou que, para uma liga de alumínio 2024
solubilizada e subenvelhecida submetida a um ensaio de fluência, seu comportamento
em relação à deformação foi modificado devido a efeitos de precipitação dinâmica. Wang
et.al (WANG; KAZANJIAN; JR, 1996) observou que a precipitação dinâmica também
ocorreu em duas ligas Al-Cu-Mg-Ag durante teste de fluência. Para uma liga, ele observou
que houve precipitação da fase S (𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔) durante o carregamento, e, para a outra
liga, ambas as fases S e 𝜃’ foram precipitadas durante o ensaio. Além disso, a união da
precipitação das fases S e 𝜃’ mostrou uma melhor performance, apesar do fato de que a
liga em temperatura ambiente possuía o mais baixo valor na tensão de escoamento.
Lumley et.al. (LUMLEY; MORTON; POLMEAR, 2002) propôs que o efeito be-
néfico do subenvelhecimento pode aumentar as propriedades de um corpo submetido a
ensaios de fluência, devido a uma quantidade de soluto disponível na matriz em solução
sólida, que pode experimentar mais precipitação, alterando seu comportamento.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 44

Foi mostrado que uma liga de alumínio Al-Cu-Mg-Ag subenvelhecida na condi-


ção de aproximadamente 85% da máxima resistência, supera a liga na condição de má-
xima resistência em testes de fluência. Esse comportamento foi atribuído a uma forma
de autorreparo, em que átomos de soluto retidos sofrem precipitação dinâmica na ma-
triz promovendo um ”freio” para o movimento das discordâncias durante a deformação.
Além dos ensaio de fluência, ensaios de fadiga mostraram que a precipitação dinâmica
novamente ocorreu nas ligas subenvelhecidas, porque as propriedades em relação à fa-
diga foram substancialmente melhoradas quando comparadas com a de máxima dureza
(LUMLEY; POLMEAR, 2007).
A Figura 9 mostra o efeito do subenvelhecimento em relação à máxima resistência
em ensaio de fluência. Claramente pode ser observado o tempo relativamente longo para
a ruptura na condição subenvelhecida quando comparada com a condição T6.

(a) (b)

Figura 9 – Curvas de deformação para a condição de máxima resistência (T6) e a con-


dição subenvelhecida obtidas durante o ensaio de fluência (a) e resultados da
resistência à fadiga para as ligas nas condições T6 e subenvelhecida para a liga
Al-Cu-Mg-Ag (b) (LUMLEY; POLMEAR, 2007, adaptado).

Sabendo que a ponta da trinca tem alta energia livre e uma grande densidade de
discordâncias próximo a zona plástica, esta região é preferível para a ocorrência de preci-
pitação heterogênea, como discutido no tópico anterior. O movimento de discordâncias e
a formação de bandas de deslizamento elevarão a difusividade e auxiliarão a precipitação
de soluto na ponta da trinca. A Figura 10 mostra esse efeito em uma liga Al-Zn-Mg-Cu.
O mais importante é saber que uma quantidade suficiente de átomos de soluto pode ser
rapidamente entregue nas proximidades da trinca, devido à difusão em tubo (do inglês
”pipe diffusion”) que ocorre ao longo das linhas de discordâncias (LUMLEY, 2007).
Capítulo 3. Ligas de alumínio 45

Figura 10 – Micrografia mostrando uma trinca com precipitação heterogênea na sua ponta
em uma liga Al-Zn-Mg-Cu. O precipitado MgZn2 está representado como a
fase branca na microestrutura (LUMLEY, 2007, adaptado).

Garrett e Knott (GARRETT; KNOTT, 1975) reportaram uma melhora na vida


em fadiga de materiais na condição subenvelhecida quando comparadas para a condição
de máxima resistência, para uma liga binária Al-Cu com 4,5%p e 3%p de Cu. A Figura
11a mostra as condições que as ligas foram tratadas e em b, é mostrado a melhoria na
vida em fadiga dessas ligas em cada condição de tratamento após ensaio. Seu estudo mos-
trou que a propagação de trinca do material subenvelhecido apresentou uma resistência ao
crescimento de trinca, além de uma formação adjacente de bandas de discordâncias acom-
panhadas pela propagação da trinca (Figura 12), não sendo visto na condição de máxima
resistência. Isso sugere que a precipitação heterogênea associada a ponta da trinca e sua
zona plástica, possa retardar o crescimento de trinca através da precipitação dinâmica da
fase 𝜃’.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 46

(a)

(b)

Figura 11 – Crescimento de trinca da condição subenvelhecida, máximo de resistência


e subvenvelhecida para a liga Al-Cu. A figura (a) mostra as configurações
do tratamento de solubilização e envelhecimento; em (b) é apresentado as
taxas de crescimento de trinca para as diferentes configurações de tratamento
(GARRETT; KNOTT, 1975, adaptado).
Capítulo 3. Ligas de alumínio 47

Figura 12 – Superfície mostrando as bandas de deslocamento após ensaio de fadiga da


condição 4U-2. Sem ataque. (GARRETT; KNOTT, 1975).

3.3.2 Mecanismo de endurecimento por zonas de GP


A resistência de uma liga endurecida por envelhecimento depende da habilidade
dos precipitados resistirem ao movimento das discordâncias durante o processo de defor-
mação plástica. Individualmente, as zonas de Guinier-Preston tem somente um leve efeito
nesse mecanismo porque elas são facilmente cisalhadas pelo movimento das discordâncias
(KELLY; FINE, 1957).
Ligas de alumínio que são susceptíveis ao endurecimento por precipitação, endu-
recem após o tratamento de solubilização, em que, a medida que o tempo passa, seja ela
de forma natural ou artificial, há o surgimento das zonas de Guinier-Preston, precipitados
coerentes, semicoerentes e incoerentes.
As zonas GP consistem em aglomerações com alta concentração de soluto, que
mantêm uma coerência com a matriz e constituem-se de obstáculos ao movimento das
discordâncias de forma mais eficaz do que átomos do soluto na sua forma individual em
uma solução sólida dispersa, mesmo quando a energia de interação com discordâncias
associada aos átomos na solução sólida for elevada, como exemplo, em situações onde há
grandes diferenças entre os diâmetros atômicos do soluto e solvente (HIRTH, 1996)
Segundo Hahn e Rosenfield (HAHN; ROSENFIELD, 1975), as interações entre
as discordâncias com as zonas de GP refletem em uma redução da energia armazenada
nessas regiões de grande desorganização estrutural, fazendo com que as discordâncias se
estabilizem e permaneçam ancoradas ou retidas nas zonas de Gunier-Preston. Isso é o
que explica o aumento da resistência da liga nesse estágio do processo de envelhecimento,
devido a estabilidade das discordâncias ancoradas nas zonas de GP.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 48

Para ligas da série 7XXX, as zonas GP (1) são aglomerados de átomos de soluto
de zinco e magnésio posicionados nos planos cristalinos (001)𝐴𝑙 . Estes acúmulos de áto-
mos mantêm características cristalinas da matriz sem formarem compostos secundários.
Determina-se que para estas ligas, as zonas GP (1) são coerentes com a matriz, contendo
entre 2 a 3,5 nm e com forma esférica, formadas em temperaturas a partir da temperatura
ambiente até 140 ∘ C, independentemente do tratamento de solubilização prévio. As zonas
GP (2) são ricas em zinco nos planos (111)𝐴𝑙 , formadas durante o processo de envelhe-
cimento acima da temperatura de 70 ∘ C. Sua forma parece com agulhas, e seu tamanho
depende da temperatura e tempo do tratamento, mas tipicamente são finas e levemente
mais compridas do que as demais partículas precipitadas (BERG et al., 2001).
Uma vez que as zonas GP são cisalhadas, as discordâncias podem continuamente
passar pelas mesmas partículas, com isso, a deformação tende a se tornar localizada
em planos de escorregamento ativos, desenvolvendo bandas de escorregamento. Como
consequência, as discordâncias se acumulam nos contornos de grão, promovendo uma
microestrutura favorável a uma fratura intergranular (TOTTEN; MACKENZIE, 2003).

3.3.3 Mecanismo de endurecimento por precipitados coerentes


Pequenas partículas que são coerentes ou parcialmente coerentes com a matriz são
cisalhadas durante o movimento das discordâncias. Consequentemente, o mecanismo de
endurecimento associado com a presença dessas partículas são reduzidas. Isso provoca
um decréscimo de resistência que gera mais movimento de discordâncias, concentração
de zonas de escorregamento e destruição de qualquer agente endurecedor (TOTTEN;
MACKENZIE, 2003).
As zonas GP vão se transformando em precipitados coerentes a medida que o
processo de precipitação está em um estágio mais avançado. Apesar de existir uma conti-
nuidade entre seus planos atômicos e da matriz, os parâmetros das estruturas cristalinas
são diferentes, o que geram campos de deformações elásticas na matriz ao redor dos pre-
cipitados que interagem com campos de deformações de discordâncias em movimento
(HUMMEL, 2013). Essa situação pode ser melhor entendida observando-se a Figura 13.
Há uma maior efetividade no bloqueio do movimento das discordâncias quando as
partículas são pequenas, coerentes com a matriz e estão homogeneamente distribuídas em
grandes quantidades presentes na matriz.
Se as partículas são coerentes, as discordâncias em movimento podem cortá-las,
aumentando as respectivas áreas nos planos de escorregamento, o que exige maiores ten-
sões para movimentar novas discordâncias nesses planos conforme ilustrado na Figura
14. Esse mecanismo é conhecido como endurecimento por partículas coerentes. Tem sido
mostrado por microscopia eletrônica de transmissão, que o maior endurecimento atingível
Capítulo 3. Ligas de alumínio 49

Figura 13 – Figura esquemática que mostra a solução sólida super saturada (a), precipi-
tados coerentes (b), precipitados semi-coerentes (c) e incoerentes (d).

acontece quando a distância entre as partículas precipitadas são as mesmas do raio limite
da curva das discordâncias. A resistência da liga é variável com a temperatura e será au-
mentada quando alcançado um bom tempo que promova um certo aumento na partícula
(FRANSSON, 2009)

Figura 14 – Representação do mecanismo de endurecimento por partículas coerentes


(HUMMEL, 2013).

Quando há transformação dos precipitados coerentes nos precipitados de transição


semicoerentes (Figura 13c), ocorre, nesta fase do processo, uma perda parcial da coerência
entre precipitados e matriz, entretanto, um conjunto de direções e planos cristalográficos
são mantidos coincidentes. Discordâncias necessárias acomodam e ajustam esses planos
incoerentes precipitados-matriz (STRUDEL, 1996).

3.3.4 Mecanismo de endurecimento por precipitados incoerentes


No processo final de precipitação, os precipitados semicoerentes se transformam
em precipitados de equilíbrio e estes, são incoerentes com a matriz, como mostra a Figura
13c e Figura 13d, respectivamente.
O mecanismo de endurecimento por partículas incoerentes está ilustrado na Figura
15. As discordâncias em movimento são ancoradas nos precipitados incoerentes (Figura
15a). Com o aumento da tensão de cisalhamento, essas discordâncias são forçadas a passar
entre os precipitados e vão se curvando (Figura 15b), chegando até a contornar os pre-
cipitados (Figura 15c). Durante esse tempo, as curvaturas das linhas de discordâncias se
Capítulo 3. Ligas de alumínio 50

aproximam e como seus segmentos tem sinais contrários, eles são atraídos e se anulam mu-
tuamente, deixando anéis de discordâncias ao redor dos precipitados (Figura 15d). Com
isso, as discordâncias passam até encontrarem novos obstáculos e, novas discordâncias ao
passarem por este mesmo processo, adicionam novos anéis aos precipitados (HUMMEL,
2013; POLMEAR; JOHN, 2005).

Figura 15 – Representação esquemática do endurecimento por partículas incoerentes pelo


mecanismo de Orowan (HUMMEL, 2013).

Os anéis de discordâncias, criados em torno dos precipitados, aumentam seus diâ-


metros ao mesmo tempo em que diminuem a distância entre eles. Nestas condições, para
as próximas discordâncias repetirem esse trajeto serão necessárias tensões de cisalhamento
maiores, aumentando a resistência da liga, o chamado mecanismo de endurecimento de
Orowan (ZANGRANDI, 2008; TOTTEN; MACKENZIE, 2003) .
A fase estável 𝜂 (𝑀 𝑔𝑍𝑛2 ), para sua própria estrutura do cristal, relacionada ao
tempo de envelhecimento, perde a coerência entre os precipitados e a matriz. Como re-
sultado, as distorções na estrutura do cristal da liga de alumínio ficam menores, assim, o
movimento das discordâncias ocorrem facilmente, diminuindo a resistência à tração das
amostras supervenvelhecidas (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015).
Sha e Cerezo (SHA; CEREZO, 2004) relataram que a fase metaestável 𝜂’, que
possui morfologia lamelar, é responsável pelos efeitos de endurecimento da liga 7075. O
efeito de aumento de resistência também pode ser explicado como resultado das interfe-
rências no movimento das discordâncias devido a presença de partículas de outras fases
𝜂’ metaestável ou 𝜂 estável (𝑀 𝑔𝑍𝑛2 ) (FRANSSON, 2009).
Capítulo 3. Ligas de alumínio 51

3.4 Liga 2024


Estruturas de aviões, especialmente a asa e a fuselagem, utilizam a liga 2024 como
material base devido a sua alta resistência mecânica, boa resistência à corrosão e alta
capacidade de suportar danos (LIN et al., 2013; ALEXOPOULOS et al., 2016).
O principal motivo de se adicionar cobre a uma liga de alumínio é aumentar sua
resistência. A medida que se aumenta o teor de cobre, ocorre um aumento contínuo na
dureza, mas resistência e especialmente ductilidade, há dependência de como este elemento
está distribuído (TOTTEN; MACKENZIE, 2003).
A liga 2024 se enquadra nas ligas Al-Cu-Mg, em que o conteúdo de magnésio
chega a superar 1% em peso. A adição de magnésio aumenta tanto a magnitude quanto
a taxa de envelhecimento natural, além de que há um significativo aumento da dureza
quando se aumenta o teor de magnésio e a relação Cu/Mg (TOTTEN; MACKENZIE,
2003). A vantagem de se utilizar essas ligas, é que, após tratamento térmico de envelheci-
mento, consegue-se uma elevada resistência mecânica. Apesar dessa vantagem, essa liga,
quando comparadas com outras, apresenta resistência à corrosão relativamente baixa e
conformabilidade limitada.
Ligas 2024 envelhecidas naturalmente apresentam um considerável endurecimento
quando mantidas por tempos relativamente longos à temperatura ambiente. Esse efeito
ocorre devido a formação das zonas Guinier-Preston (zonas GP), em formato de discos,
que são responsáveis por um ganho razoável na dureza.
O pré-precipitado (zonas GP) também se forma no envelhecimento artificial, sendo
considerado precursor dos precipitados intermediários metaestáveis 𝜃” e 𝜃’ ou S’ e S, de-
pendendo da composição da liga. O precipitado 𝜃”, que se forma entre três a quatro
horas a 190 ∘ C quando as zonas GP desaparecem, é coerente com a matriz, possuindo
forma de plaqueta, assim como o precipitado 𝜃’, que se forma algum tempo depois, mas
coexiste com o precipitado 𝜃”, correspondendo ao máximo de dureza obtido para as li-
gas Al-Cu-Mg. A continuação do tratamento térmico leva a formação do precipitado de
equilíbrio termodinâmico 𝜃, possuindo composição química 𝐴𝑙2 𝐶𝑢, em que, mesmo que o
tratamento continue, não há mudança nas suas características, com exceção ao tamanho,
que tende a crescer, diminuindo a dureza (superenvelhecimento) quando comparado com
o intervalo de coexistência das fases 𝜃” e 𝜃’. O equilíbrio e o equilíbrio metaestável dessa
liga a partir da condição de solução sólida supersaturada (SSSS), é dado por (TOTTEN;
MACKENZIE, 2003):
SSSS -> estado de pré-precipitação -> 𝜃” + 𝜃’ -> 𝜃 (𝐴𝑙2 𝐶𝑢)
Lin e pesquisadores (LIN et al., 2012) mostraram que quando a razão Cu/Mg
está entre 8 e 4, os precipitados principais são 𝜃 (𝐴𝑙2 𝐶𝑢) e S (𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔). Quando esta
relação está entre 4 e 1,5, o principal precipitado é a fase S (𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔), promovendo
Capítulo 3. Ligas de alumínio 52

outra sequência de precipitação:


SSSS -> GPB -> S” + S’ -> S (𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔)
Zonas GPB (Guinier-Preston-Bagaryatsky) são consideradas pequenas ordenações
de átomos de soluto de cobre e magnésio. Ringer et. al. (RINGER et al., 1996) confir-
mou que as zonas GPB e outras estruturas antecessoras da fase S são as responsáveis
pelo endurecimento por envelhecimento, enquanto que a fase S aparece na condição de
superenvelhecimento. A formação da fase S (𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔) nas ligas de Al-Cu-Mg durante o
tratamento de envelhecimento é mais útil no aumento de dureza e resistência do que os
precipitados 𝜃 (𝐴𝑙2 𝐶𝑢) (WANG; STARINK, 2005).
Precipitados com tamanhos acima de 1 𝜇m geralmente aparecem durante os pro-
cessos de fusão ou solidificação dessas ligas. Esse tipo de precipitado é frágil e fácil de
ser quebrado, o que prejudica a tenacidade à fratura dessas ligas. Assim, há necessidade
de um cuidado para controlar o tamanho e o número desses precipitados insolúveis. Os
precipitados endurecedores possuem tamanho abaixo de 0,05 𝜇m e são eles que podem
aumentar a resistência dessas ligas, sendo seu efeito produzido pelo tamanho, distribuição
e energia superficial (LIN et al., 2013).
A microestrutura típica de uma liga 2024-T3 é apresentada na Figura 16. Percebe-
se que há uma quantidade significativa de partículas insolúveis (regiões mais claras) na
matriz de alumínio (região mais acinzentada).

Figura 16 – Microestrutura típica da liga 2024-T3. Regiões mais claras representam os


precipitados insolúveis e grosseiros resultados do processo de fundição (indi-
cados na figura) distribuídos ao longo da matriz de alumínio (região acinzen-
tada) (LIN et al., 2013, adaptado).

As partículas semicoerentes desempenham maior habilidade no endurecimento


quando comparados às partículas coerentes. Isso ocorre porque outros mecanismos de
Capítulo 3. Ligas de alumínio 53

endurecimento acontecem simultaneamente. Com isso, ligas Al-Cu geralmente são enve-
lhecidas até o estágio 𝜃’, pois seu efeito é maior do que aqueles promovidos por partículas
coerentes, com distribuição umas próximas das outras e alta densidade de precipitação.
Nas ligas Al-Cu-Mg, a presença do magnésio eficientemente refina as partículas 𝜃’ e au-
mentam sua densidade de precipitação, com isso melhorando o endurecimento. Partículas
incoerentes da fase 𝐴𝑙2 𝐶𝑢 não tem virtualmente nenhum efeito na resistência por causa
do seu tamanho, baixa densidade de precipitação e falta de campos de tensão ao seu redor
(TOTTEN; MACKENZIE, 2003).

3.5 Liga 7075


Ligas de alumínio da série 7XXX tem sido amplamente utilizadas na indústria aero-
náutica como materiais estruturais devido as suas propriedades, tal como: baixa densidade,
alta resistência mecânica, ductilidade, tenacidade e resistência à fadiga (RENDIGS, 1997;
HEINZ et al., 2000; WILLIAMS; STARKE, 2003). A liga 7075-T6 tem resistência muito
elevada, mas tem problemas de corrosão sob tensão (do inglês stress corrosion cracking -
SCC ). Apareceram então, ligas como a 7475-T74 para melhorar o compromisso da resis-
tência mecância e SCC (FERNANDEZ, 2016). Seu principal elemento de liga é o zinco,
com composição que varia de 5,1% a 6,1% de peso (HANDBOOK, 1979), que permite
que as ligas sejam tratadas termicamente por solubilização e envelhecimento (WANHILL;
SCHRA et al., 1979).
O sistema Al-Zn-Mg oferece o maior potencial de endurecimento por envelheci-
mento dentre todas as ligas de alumínio. Pequenas adições de magnésio faz com que as
ligas aumentem de um nível moderado, para um nível de alta resistência quando são
tratadas. Frequentemente adicionam-se pequenas porções de cromo, manganês e zircônio
cuja tarefa é o controle da estrutura durante a fabricação e o controle dos tratamentos
térmicos. A adição de ferro causam uma diminuição na tenacidade à fratura dessas ligas.
Adições de zircônio melhoram a soldabilidade dessas ligas (FRANSSON, 2009).
Não somente na indústria aeronáutica, como também na automobilística, o uso
do alumínio nos motores dos veículos, está sendo o caminho mais importante para a
redução de peso estrutural, o que pode diminuir o consumo de combustível (MILLER et
al., 2000). A combinação do baixo peso específico das ligas de alumínio aliado à melhoria
da resistência e flexibilidade, é essencial para se alcançar estruturas de transporte com
baixo peso (DURSUN; SOUTIS, 2014).
Como ponto negativo, a alta resistência juntamente com a resistência a corrosão
dessas ligas é difícil de ser alcançado, pois elas são sensíveis à corrosões locais, incluindo a
corrosão intergranular, exfoliação e corrosão sor tensão (LIN et al., 2014; LI et al., 2014).
A Figura 17 apresenta uma microestrutura típica da liga 7076-T6.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 54

Figura 17 – Microestrutura da liga 7075-T6. Regiões mais escuras representam os preci-


pitados insolúveis na matriz de alumínio (região mais clara). Aumento 300x
(VOORT, 1984, adaptado).

Segundo Li et. al., (LI et al., 2008) a suscetibilidade à corrosão intergranular da


liga 7075 é fortemente dependente do tratamento térmico efetuado. Estudos realizados por
Yang (YANG et al., 2015) utilizando amostras solubilizadas (470∘ C por 1h) de liga Al-Zn-
Mg-Cu em condições T6 (120∘ C por 6h), T74 (120∘ C por 6h + 160∘ C por 16h), RRA40
(120∘ C por 24h + 180∘ C por 40 min + 120∘ C por 24h) e RRA60 (120∘ C por 24h + 180∘ C
por 60 min + 120∘ C por 24h), mostraram que o tratamento T6 (geralmente utilizado
para obtenção de altas resistências mecânicas) apresentou maior profundidade de corrosão
intergranular, enquanto que a liga superenvelhecida (T74) apresentou a menor. Isso é
explicado por que os precipitados estáveis estão distribuídos continuamente nos contornos
de grãos. Portanto, existe um caminho ativo de corrosão resultante de reação galvânica
entre os precipitados anódicos (𝜂) no contorno e a base da liga, o que leva a grande
suscetibilidade à corrosão intergranular. Como já abordado, o contrário, por exemplo,
acontece na condução superenvelhecida, onde os precipitados estão distribuídos de forma
descontinua no contorno, não havendo caminho livre para a corrosão, consequentemente,
diminuindo sua suscetibilidade à corrosão intergranular (LI et al., 2008). A sequência de
precipitação das ligas Al-Zn-Mg-Cu (7075) é resumida por:
SSSS -> GP -> 𝜂’ -> 𝜂 (𝑀 𝑔𝑍𝑛2 )
As zonas de Guinier-Preston, que são coerentes com a matriz, são frequentemente
formadas durante os estágios iniciais da precipitação. Pequenas zonas GP servem como
núcleo para a precipitação heterogênea da fase metaestável 𝜂’, que é semicoerente. A
fase 𝜂 é incoerente com a matriz. Tanto as zonas GP quanto a fase 𝜂’ são responsáveis
pelo endurecimento das ligas Al-Zn-Mg-Cu (LIU; KLOBES; MAIER, 2011; HAN et al.,
2011; SAWTELL; STALEY, 1983; STALEY, 1976). A fase 𝜂’ pode nuclear e crescer
Capítulo 3. Ligas de alumínio 55

diretamente nas discordâncias e contornos de subgrãos, enquanto que a fase 𝜂 pode nuclear
e crescer diretamente nos contornos de grãos e outros contornos incoerentes (TOTTEN;
MACKENZIE, 2003).
Zonas GP esféricas são formadas se a diferença no tamanho entre o alumínio e
o átomo de soluto é pequena (ligas Al-Zn). Tanto as zonas GP quanto o precipitado 𝜂’,
são cisalhados pelas discordâncias e a energia para cisalhar a fase 𝜂’ é quase duas vezes a
requerida para cisalhar as zonas GP (TOTTEN; MACKENZIE, 2003).
Por causa da grande importância do tamanho e distribuição dos precipitados, a
máxima resistência é atingível em ligas comerciais quando aplica-se a condição T6 (pro-
dutos solubilizados e envelhecidos artificialmente, que não sofreram deformação plástica
pós tratamento de solubilização) e T7 (produtos solubilizados e sobreenvelhecidos, que
sofreram estabilização depois do tratamento de solubilização).

3.6 Ensaio de tração


O ensaio de tração é um método de ensaio mecânico destrutivo significativamente
difundido na comunidade acadêmica mundial, sendo um teste de extrema importância
para a ciência e engenharia, principalmente nas áreas voltadas ao estudo do comporta-
mento mecânico dos materiais.
Relatos apontam que Leonardo da Vinci estudou um ensaio de tração em um fio de
aço, após, ser encontrado em um de seus cadernos, esquemas e anotações importantes do
método realizado e intitulado ”Teste de resistência de fios de aço de vários comprimentos”.
Seu experimento se baseava num fio, de um dado diâmetro e comprimento, que suspendia
uma cesta que lentamente era preenchida, através de outra cesta com areia. Após um
certo tempo o fio era rompido, e o peso da cesta responsável pelo carregamento de tração
era cuidadosamente medido, estabelecendo a resistência à tração do fio (LUND; BYRNE,
2001).
Hoje em dia, o método é padronizado pela ASTM E8/E8M (ASTM, 2015), se ba-
seando na utilização de corpos de provas pré-estabelecidos para as mais diferentes classes
de materiais, sejam elas metais, polímeros, cerâmicas ou compósitos, em que é aplicado
uma tensão de tração controlada até a fratura do corpo ensaiado.
Os resultados apresentados após os ensaios servirão para o controle de qualidade
desses materiais, além da predição de como o material irá se comportar quando sub-
metidos à diferentes carregamentos em sua vida em serviço, servindo diretamente, como
critério de seleção de materiais. Além disso, oferecem parâmetros muito importantes para
a indústria de fabricação de componentes, tendo em vista que muitos processos de con-
formação mecânica avaliam essas propriedades para definir um projeto de uma peça ou
Capítulo 3. Ligas de alumínio 56

de um equipamento.
Propriedades como módulo de elasticidade, tensão limite de escoamento de enge-
nharia e real, limite de resistência à tração de engenharia e real, tensão limite de ruptura
de engenharia, tensão máxima real, resiliência, módulo de resistência à deformação plás-
tica uniforme, coeficiente de encruamento, ductilidade (redução de área e alongamento),
fragilidade, tenacidade, entre outros, podem ser avaliados após o ensaio, fornecendo uma
gama de propriedades largamente utilizadas em projetos mecânicos sejam eles estruturais,
de componentes e de segurança (CZICHOS; SAITO; SMITH, 2007).
Segundo (LOVEDAY; GRAY; AEGERTER, 2004), a resistência de um material
submetido a um ensaio de tração há muito tempo sido considerada como uma das mais
importantes características requeridas para efeitos de projeto mecânico, controle de qua-
lidade na produção e previsão de vida útil de equipamentos e componentes em plantas
industriais.
O ensaio de tração é de suma importância para a avaliação do comportamento
mecânico dos materiais. A descrição de sua execução, bem como as propriedades nele ob-
tidas, estão largamente disponíveis nas literaturas especializadas da área de Ciência e En-
genharia de Materiais (CALLISTER; RETHWISCH, 2007; HOSFORD, 2010; MEYERS;
CHAWLA, 2009). A Figura 18 abaixo mostra a resposta da um material metálico a um
carregamento de tração, levando-se em consideração o conceito de curva de engenharia.
Nesta figura ficam evidentes os valores do limite de resistência ao escoamento, obtido a
partir da deformação de 0,2% (S0,2 ) da ordem de 250 MPa; e do limite de resistência à
tração (S𝑀 ) da ordem de 450 MPa, o módulo de elasticidade de 80 GPa (CALLISTER;
RETHWISCH, 2007); a deformação na ruptura é da ordem de 37,5 % (0,375); o coefici-
ente de encruamento da ordem de 0,24, feitas as devidas conversões para a curva real (ver
discussão abaixo).
Existem dois conceitos importantes utilizados para descrever os resultados de tra-
ção: curvas tensão x deformação de engenharia ou convencional e curvas tensão x defor-
mação real. No primeiro caso tem-se uma simplificação bastante grosseira, que trata o
processo de deformação sob tração como sendo independente das variações da área da
seção transversal das variações do comprimento inicial dos corpos de prova. Desta forma,
a tensão (Si) e a deformação (e𝑖 ) de engenharia, ambas num instante qualquer durante o
ensaio, são assim definidas:
𝐹𝑖
𝑆𝑖 = (3.1)
𝐴0

Δ𝐿𝑖
𝑒𝑖 = (3.2)
𝐿0
Onde ΔL𝑖 é o alongamento, isto é, a diferença entre o um comprimento no instante
i (L𝑖 ) e no instante inicial do ensaio (L0 ); F𝑖 é a força atuante no instante i; A0 é a área
Capítulo 3. Ligas de alumínio 57

Figura 18 – Curva tensão x deformação de engenharia para um material metálico dúctil


(CALLISTER; RETHWISCH, 2007).

da seção transversal no instante inicial do ensaio.


Por outro lado na curva real, o processo de tração leva em consideração as reduções
da área da seção transversal a cada instante de análise, bem como trata o processo de
deformação como incremental. Desta forma, a tensão (𝜎𝑖 ) e a deformação (𝜖𝑖 ) reais, ambas
num instante qualquer durante o ensaio, são assim definidas:
𝐹𝑖
𝜎𝑖 = (3.3)
𝐴𝑖

𝐿𝑖
(︂ )︂
𝜖𝑖 = 𝑙𝑛 (3.4)
𝐿0
A Figura 19 mostra a diferença entre estas duas curvas. Fica evidente que as
tensões na curva real são maiores que as tensões na curva de engenharia e que esta
primeira apresenta tensões sempre crescentes. Estas diferenças decorrem do fato de que
na curva real trata-se o fenômeno como ele de fato ocorre, isto é, para cada incremento de
alongamento tem-se uma redução correspondente da área da seção transversal da amostra.
No regime elástico linear, tem-se uma equação de estado que estabelece o compor-
tamento do material, definida pela lei de Hooke, cuja constante de proporcionalidade é o
módulo de elasticidade (E):
𝑆𝑖 = 𝐸.𝑒𝑖 (3.5)

No regime plástico uniforme, descrito numa curva tensão x deformação real, tem-se
uma equação de estado que estabelece o comportamento do material, definida pela lei de
Capítulo 3. Ligas de alumínio 58

Figura 19 – Curvas tensão deformação de engenharia e real (HOSFORD, 2010).

Hollomon:
𝜎𝑖 = 𝐻.𝜖𝑛 (3.6)

O coeficiente de encruamento (n) é um importante parâmetro intrínseco do com-


portamento do material que depende do histórico termomecânico do mesmo, da energia de
defeito de empilhamento, da composição química, da temperatura e da velocidade de en-
saio. Ele estabelece a capacidade do material em distribuir uniformemente as deformações.
Matematicamente pode-se mostrar que o valor de n se aproxima do valor experimental
da deformação característica da força máxima (𝜖𝐹 𝑀 𝐴𝑋 ), isto é, do valor da deformação
associada ao início da estricção. Portanto, sendo n = 𝜖𝐹 𝑀 𝐴𝑋 , maiores os valores do coefi-
ciente de encruamento, maiores serão as deformações uniformes que suportará o material.
Em outras palavras um material com alto valor de n apresentará, de maneira geral, maio-
res ductilidades e tenacidades, sofrendo, portanto o colapso plástico apenas após grandes
montantes de deformação.
A tenacidade por sua vez é um importante parâmetro que estabelece a capacidade
do material em absorver energia entre o início do carregamento e o instante da fratura.
Desta forma, ao avaliarmos a tenacidade de um material, estamos avaliando a ocorrência
de todos os eventos associados à falha de um material: acúmulo de danos (no caso de
materiais dúcteis, multiplicação de discordâncias, formação de pile ups de discordâncias
em interfaces, entre outros); nucleação de trincas (formação de decoesões de partículas de
segundas fases e matriz); crescimento de trincas (coalescimento de cavidades adjacentes);
fratura ou colapso plástico. Matematicamente, este conceito de tenacidade está associado
ao trabalho exercido sobre o material por uma força externa (que proporciona o surgimento
de uma tensão S) que causa deformação no mesmo:

∫︁ 𝑒𝑓
𝑈𝑇 = 𝑆.𝑑𝑒 (3.7)
0

Em recente artigo de revisão, Gupta et.al. (GUPTA; MATHEW; RAMKUMAR,


Capítulo 3. Ligas de alumínio 59

2015) mostrou que existe uma relação direta entre a tenacidade à fratura e a capacidade de
absorver energia de deformação plástica à frente da trinca. Esta capacidade está associada
ao raio da zona plástica que será tanto maior quanto mais deformável for o material, ou
maior for a capacidade deste em distribuir deformação plástica uniformemente, ou seja,
quanto maior for o coeficiente de encruamento. Em outras palavras, a tenacidade à fratura
do material crescerá com o aumento do coeficiente de encruamento deste material. Hahn
e Rosenfield (HAHN; ROSENFIELD, 1975), mostram que a tenacidade à fratura sofre
diretamente as influências de diferentes parâmetros obtidos num ensaio de tração:
√︁
𝐾𝐼𝐶 = 𝑛. 𝑐.𝑆𝑒 .𝐸.𝑒𝑓 (3.8)

c é uma constante que depende do estado de tensões.


Se tratando de alumínio, especialmente para a liga 2024, valores de tensão de esco-
amento (0,2%) e limite de resistência à tração são aumentados conforme a liga envelhece
a partir da condição subenvelhecida, com simultâneo decrescimento na deformação na
ruptura (aproximadamente 18 % para a condição subenvelhecida e 8 % para a condição
de máxima resistência) e redução de área. Na condição envelhecida, as propriedades de
resistência alcançam um patamar máximo (entre 460 - 490 MPa para a resistência à tração
e entre 360 - 380 MPa para o escoamento), enquanto que a ductilidade apresenta valores
mínimos, como deformação na ruptura próximo de 8 %. Finalmente, para o superenvelhe-
cimento, propriedades de resistência caem conforme o tempo de envelhecimento continua,
enquanto que uma pequena restauração na ductilidade é notada (ALEXOPOULOS et al.,
2016).
Para a liga 7075, o envelhecimento a temperatura de 145 ∘ C, após solubilização à
480 ∘ C por 2h e uma pré deformação de 8% na tensão, promove o máximo de resistência em
12h e se mantém quase invariante até aproximadamente 48h, produzindo valores entre 575
e 600 MPa. Em relação ao escoamento nestas condições, o máximo também é alcançado
em 12h (400 MPa), porém, a medida que o tempo passa, o valor pode chegar próximo de
325 MPa em condições superenvelhecidas próximas de 48h. Na condição subenvelhecida
entre 30 minutos e 6h, valores de resistência podem variam bastante (450 a 520 MPa),
com valores variando entre 325 e 375 MPa. A deformação de ruptura pouco variou, tendo
em vista que os valores se mantiveram próximos de 20 % (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015).

3.7 Ensaio de dureza


O ensaio de dureza consiste na aplicação de uma carga conhecida na superfície de
um corpo de prova através de um penetrador padronizado, fornecendo valores quantita-
tivos a respeito da resistência à deformação superficial. O ensaio é bastante atraente no
sentido de estimar outras propriedades mecânicas especificamente nos metais (CAHOON;
Capítulo 3. Ligas de alumínio 60

BROUGHTON; KUTZAK, 1971). Sua execução é bastante simples e rápida, sendo apli-
cada a uma gama elevada de materiais.
A dureza pode ser conceituada como sendo a capacidade que um material tem de
resistir à penetração ou pequenas deformações superficiais. Essa propriedade é de grande
importância tecnológica, tendo em vista que ela serve para controle de qualidade de rotina
em peça e produtos semiacabados. Um exemplo, é a realização do ensaio em engrenagens
cementadas e nitretadas, em que se deseja verificar o quanto esses processos irão influenciar
a mudança das propriedades mecânicas como resistência ao desgaste nessas regiões mais
superficiais da peça. Outro exemplo bastante prático, é a utilização do ensaio de peças que
sofreram tratamentos térmicos, cujo objetivo é o acompanhamento da influência desses
tratamentos nas propriedades finais dos produtos semiacabados.
Ao contrário de valores de propriedades relativos a tensão obtidos pelo ensaio de
tração, a dureza não é um parâmetro característico do material, pois é dependente da
carga aplicada, tipo de penetrador, entre outros. Pode ser considerado um ensaio não
destrutivo, pois, dependendo da aplicação do produto e o tamanho da indentação, a
deformação produzida por esta pode não influenciar o comportamento/funcionamento do
material ensaiado. Em contrapartida, o ensaio é considerado destrutivo quando o tamanho
da indentação for relativamente grande, tornando o corpo ensaiado não mas capaz de
exercer suas funções pós ensaio.
Existem varias metodologias diferentes para a aplicação do ensaio de dureza, sejam
elas: dureza Brinell, dureza Vickers, dureza Rockwell, dureza Knoop, entre outras. Cada
uma possui sua particularidade, tendo em vista a mudança do indentador, cargas de
aplicação e maneiras de medições dos valores de dureza.
A dureza Vickers possui um indentador padronizado, de forma de uma pirâmide
de diamante de base quadrada com ângulo de 136∘ entre as faces opostas (Figura 20).
Capítulo 3. Ligas de alumínio 61

Figura 20 – Esquema representativo do indentador e da impressão produzina pelo ensaio


de dureza Vickers.

O valor de dureza Vickers é representado pelo valor de dureza, seguido pelo símbolo
HV e de um número que indica o valor da carga aplicada. Por exemplo, 500 𝐻𝑉15 significa
que a carga de 15 kgf for aplicada para obtenção dos valores de dureza. O cálculo de dureza
nada mais é do que a relação entre força (kgf) e área da indentação (mm2 ), de forma que:

𝐹
𝐻𝑉 = (3.9)
𝐴
sabendo que:
2
𝑑
𝐴= (︁
136
)︁ (3.10)
2.𝑠𝑒𝑛 2

sendo d o valor de média das diagonais:


𝑑1 + 𝑑2
𝑑= (3.11)
2
com isso:
𝐹
𝐻𝑉 = 𝑑2
(3.12)
2.𝑠𝑒𝑛(68)

𝐹.2.𝑠𝑒𝑛(68)
𝐻𝑉 = (3.13)
𝑑2
chegando-se a fórmula resumida:

1, 8544.𝐹
𝐻𝑉 = (3.14)
𝑑2
A vantagem do ensaio Vickers é que ele fornece uma escala contínua de dureza,
medindo todas as gamas de valores de dureza numa única escala, além de que as impressões
Capítulo 3. Ligas de alumínio 62

são extremamente pequenas e, na maioria dos casos, não inutilizam as peças, mesmo as
acabadas. Seu penetrador, por ser de diamante, é praticamente indeformável, gerando
resultados mais precisos.
Uma de suas desvantagens é que em alguns casos, a preparação do corpo de prova
para microdureza deve ser feita, obrigatoriamente, por metalografia, utilizando-se, de
preferência, o polimento eletrolítico, para evitar o encruamento superficial. Outro aspecto
importante é que, quando são utilizadas cargas menores do que 300 gf (microdureza Vic-
kers), pode haver recuperação elástica, dificultando as medidas das diagonais. A máquina
de dureza Vickers requer aferição constante, pois qualquer erro na velocidade de aplicação
da carga traz grandes diferenças nos valores de dureza.

3.8 Mecânica da fratura


3.8.1 Considerações gerais sobre a mecânica da fratura
Estruturas e equipamentos do nosso dia-a-dia convivem, em maior ou menor grau,
com a presença de descontinuidades. Estas podem estar presentes na forma de defeitos
básicos nos materiais constituintes, podem ser introduzidas durante o processo de fabri-
cação ou, ainda, surgir em função da própria utilização da estrutura ou do equipamento.
Estruturas de grande responsabilidade, tais como vasos de pressão utilizados em usinas
nucleares, cascos de navios e aeronaves, podem sofrer falhas severas em função da propa-
gação de trincas, se não forem adequadamente projetadas. Os fenômenos de fragilização
dos materiais pela ação da radiação levam fatalmente à formação de trincas nos materiais
(SOARES, 1997).
O desenvolvimento dos estudos a respeito da Mecânica da Fratura iniciou quando
os processos usuais de cálculo estrutural se tornaram insuficientes para explicar falhas
de estruturas solicitadas por níveis de tensões bastante abaixo dos admissíveis (ROSA,
1997).
Nos últimos cem anos ocorreram inúmeros casos de fraturas de estruturas metá-
licas, principalmente em estruturas de aço soldadas, como pontes, reservatórios de óleo,
navios, caldeiras entre outros, com consequências muitas vezes catastróficas. Como exem-
plo, pode-se citar os desastres com os navios Liberty em 1940, com os navios Merchant
entre 1942 e 1946, com as aeronaves DeHavilland entre 1953 e 1954 e com um reservatório
de estocagem de óleo cru no Canadá entre 1980 (FERREIRA, 1987).
A fratura, de um modo geral, podemos dizer que consiste na separação ou frag-
mentação de um corpo sólido em duas ou mais partes, pela ação de tensões. Sem dúvida, o
assunto de fratura é bem vasto e envolve áreas tão diversas como a física do estado sólido,
a ciência dos materiais e a mecânica do contínuo, ou seja, a fratura deve ser tratada no
Capítulo 3. Ligas de alumínio 63

todo como um fenômeno envolvendo as mais diferentes áreas do conhecimento humano.


A fratura pela propagação de trincas pode ser induzida de várias maneiras, como pela
aplicação de cargas lentas, de impacto, por fadiga, devido a gradientes de temperatura ou
ainda por deformações dependentes do tempo (ROSA, 1997).
Sabe-se que o projeto convencional na engenharia baseia-se em evitar falhas por
colapso plástico. A propriedade normalmente especificada em códigos de engenharia é a
tensão de escoamento convencional ou, em componentes mecânicos, a faixa de dureza.
Desta forma, a tensão de projeto será a tensão que levaria o componente ao colapso plás-
tico dividido por um fator de segurança. Conforme este procedimento, o fator de segurança
não considera a possibilidade de fratura por um modo alternativo como a fratura frágil.
Geralmente é aceito que o fator de segurança evita a ocorrência de fraturas frágeis. Entre-
tanto, na prática, tem-se verificado que isto nem sempre é verdadeiro. Existem situações
em que falha de componentes ocorrem a partir de trincas com tensões aplicadas abaixo
da tensão de projeto (STROHAECKER, 2006).
A Mecânica da Fratura é uma ferramenta utilizada para analisar materiais ou
estruturas contendo trincas e fornecer respostas quantitativas para efeito de projeto. As
trincas são defeitos que apresentam singularidades, do ponto de vista de cálculo de tensões
na sua ponta. Para contornar este problema, nos desenvolvimentos iniciais da Mecânica
da Fratura, foi proposta a utilização do fator de intensidade de tensões K, o qual leva em
conta o esforço aplicado sobre a estrutura e a dimensão da trinca presente na estrutura.
Com base neste fator, pode-se tomar decisões quanto à segurança da estrutura contendo
trincas, comparando-se o valor de K com o valor da tenacidade à fratura 𝐾𝐼𝐶 do material.
Para materiais com baixa tenacidade, o mecanismo que governa a falha da estrutura é a
fratura frágil. Neste caso, a tensão crítica de falha varia de forma linear com a tenacidade.
Este problema é tratado na Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE) (SOARES,
1997).
O objetivo da Mecânica da Fratura é determinar se um defeito tipo trinca irá ou
não levar o componente a fratura catastrófica para tensões normais de serviço permitindo,
ainda, determinar o grau de segurança efetivo de um componente trincado. O grande
mérito da mecânica da fratura é a de possibilitar ao projetista valores quantitativos de
tenacidade do material permitindo projetos que além segurança e viabilidade econômica
(STROHAECKER, 2006).

3.8.2 Mecânica da fratura linear elástica


A mecânica da fratura fornece os conceitos e equações utilizadas para determinar
como as trincas crescem e quanto podem afetar a resistência de estruturas. Uma forma
de prevenir a fratura é fazer com que a resistência não caia abaixo de determinado limite.
Isto significa que deve ser evitado que as trincas atinjam tamanhos críticos, assim sendo
Capítulo 3. Ligas de alumínio 64

apresentados dois problemas a serem resolvidos: calcular o tamanho de defeitos admissíveis


(determinar como o tamanho da trinca afeta a resistência global) e calcular o tempo
de operação em segurança (tempo necessário para uma determinada trinca alcançar o
tamanho crítico) (STROHAECKER, 2006).
Um material que apresenta baixa capacidade de deformar-se plasticamente não
é capaz de aliviar tensões que foram concentradas próximos aos defeitos nele contidos.
Assim, a presença de uma trinca em sua estrutura se propagará de forma repentina, rápida
e instável, acompanhada de deformação plástica localizada ao redor de sua ponta muito
pequena, resultando em uma fratura frágil (MEYERS; CHAWLA, 2009).
Segundo Silva (SILVA, 2001) este segmento de ciência dos materiais se baseia
em duas hipóteses. A primeira é que um dado corpo sempre contém defeitos estruturais
internos ou superficiais; e apresenta comportamento linear elástico isotrópico. Em relação
ao comportamento linear elástico, ele pode ser obtido de três formas diferentes: aumento
da taxa de deformação; diminuição da temperatura durante o carregamento (solicitação); e
estado plano de deformações (estado triaxial de tensões). Ou seja, em condições ambientais
e do estado de tensões e carregamento onde a deformação plástica localizada à frente da
trica seja restringida, tanto pela redução da mobilidade de discordâncias, quanto pela
redução da tensão de cisalhamento máxima.
Matematicamente, a mecânica da fratura linear elástica define relações entre o
carregamento ao qual o material está submetido e as dimensões das imperfeições (defeitos)
que este corpo contém, com isso, determinando o campo de tensões nas proximidades
desses defeitos (ANDERSON, 2005). O campo de tensões no plano à frente da ponta de
uma trinca (Figura 21) em um material linear elástico isotrópico, submetido ao modo I
de carregamento, pode assim ser definido:
𝐾𝐼
𝜎𝑖𝑗 = √ .𝑓𝑖𝑗 (𝜃) (3.15)
2.𝜋.𝑟

onde 𝜎𝑖𝑗 é o tensor tensão definido nas coordenadas i e j; 𝑓𝑖𝑗 (𝜃) é uma função do ângulo 𝜃;
𝐾𝐼 é o fator de concentração de tensões na ponta da trinca, a partir do qual pode se definir
componentes de tensão, deformação e abertura da trinca como função de coordenadas r
e 𝜃.
Uma vez que esteja governado por um componente um estado de deformação
plana a MFLE pode ser aplicada com uma notável precisão. É possível estabelecer uma
relação entre a tensão aplicada e o fator de intensificação de tensão considerando uma
placa infinita. Se todos os componentes de tensão locais forem proporcionais à tensão,
K também será proporcional a 𝜎, e, através de considerações oriundas das teorias da
elasticidade, pode-se estabelecer uma relação que também envolva o tamanho de trinca,
na condição mais comum em que o esforço externo seja perpendicular ao plano desta
Capítulo 3. Ligas de alumínio 65

Figura 21 – Estado de tensões atuando à frente de uma trinca. O eixo z é perpendicular


à página (ANDERSON, 2005).

trinca (modo I) (ANDERSON, 2005):



𝐾𝐼𝐶 = 𝜎. 𝜋.𝑎.𝑌 (3.16)

Onde 𝐾𝐼𝐶 representa o valor de tenacidade à fratura crítica do material em con-


dições de modo I de carregamento, a o tamanho de trinca e o fator de forma 𝑌 , é encon-
trado na literatura para um grande número de combinações de configuração do compo-
nente/geometria de trinca e modos de carregamento (STROHAECKER, 2006).

3.8.2.1 Limitações da Mecânica da fratura linear elástica

Quando o valor do raio na ponta da trinca tende a zero, na ponta da trinca,


as tensões tendem ao infinito. Porém, como os materiais usuais possuem resistência ao
escoamento finita, isto faz com que ocorra uma deformação plástica localizada (Figura
22). Esta deformação localizada caracteriza a zona plástica. As dimensões dessa zona
dependem basicamente das tensões na ponta da trinca e do comportamento do material,
sendo que a aplicabilidade da mecânica da fratura linearmente elástica está intimamente
ligada as dimensões dessa zona, ou seja, a MFLE se aplica a situações onde a zona plástica
é pequena quando comparada com o comprimento da trinca e a menor dimensão da
espécime. Isso só é possível quando a espessura do corpo é relativamente grande de modo
a criar um certo nível de triaxialidade de tensões decorrente da restrição à deformação na
direção z, como mostra a Figura 23 (FERREIRA, 1987).
A zona plástica para condição de deformação plana (MFEL) pode ser relacionada
Capítulo 3. Ligas de alumínio 66

Figura 22 – Representação esquemática que mostra a relação da espessura no nível de


estado de tensões (SILVA, 2001, adaptado).

por
)︂2
1 𝐾𝐼𝐶
(︂
𝑟𝑦 = (3.17)
6𝜋 𝜎𝑌 𝑆
onde 𝐾𝐼𝐶 é a tenacidade à fratura do material no estado plano de deformação; e 𝜎𝑌 𝑆 é o
limite de escoamento do material e representada na Figura 22.

Figura 23 – Representação esquemática que mostra a relação da espessura no nível de


estado de tensões (ANDERSON, 2005, adaptado).

De acordo com Broek (BROEK, 1982), a mecânica da fratura linear elástica terá
validade enquanto esta zona plástica for pequena quando comparada ao tamanho da trinca
que a origina. Este é o caso em materiais onde a fratura ocorre em tensões apreciavelmente
abaixo do limite de escoamento e sob condições de deformação plana. Estas considerações
teóricas acrescidas de observações experimentais dos resultados a tenacidade a fratura de
diversos materiais estabelecem que 𝐾𝐼 pode ser tomado como 𝐾𝐼𝐶 desde que o tamanho
Capítulo 3. Ligas de alumínio 67

de trinca e as dimensões do elemento analisado atendam a relação (ANDERSON, 2005):


)︂2
𝐾𝐼𝐶
(︂
𝐵 ≥ (𝑊 − 𝑎) ≥ 2, 5 (3.18)
𝜎𝑌 𝑆

onde W é a largura do corpo de prova e (W-a) é o ligamento remanescente. Isso se dá


quando a espessura da espécime é relativamente grande ao ponto de criar um certo nível de
triaxilidade de tensões no interior dessa espécime, sendo que esta triaxilidade decorre da
restrição a deformação na direção do eixo da ponta da trinca (BROEK, 1982; FERREIRA,
1987).
Uma vez atendidas as condições preconizadas, tem-se um valor crítico para o fator
de intensidade de tensões (𝐾𝐼𝐶 ) que é uma constante, uma propriedade intrínseca do
material da peça trincada, para uma dada situação de temperatura, taxa de carregamento
e condição microestrutural. Por ser uma propriedade intrínseca do material, o valor de 𝐾𝐼𝐶
pode ser utilizado na análise de qualquer geometria possibilitando o cálculo do tamanho
crítico de trincas no projeto de estruturas.

3.8.3 Tenacidade à fratura


Tenacidade à fratura é simplesmente a habilidade do material em absorver energia
e quando está na presença de trincas, a tenacidade é a propriedade de maior interesse
(FRANSSON, 2009).
Segundo Ferreira (FERREIRA, 1987), um material é dito tenaz quando ele absorve
uma quantidade apreciável de energia durante a fratura. Em um ensaio de tração isso
significa que existe uma área relativamente grande abaixo da curva tensão-deformação.
Em um ensaio de mecânica da fratura, a tenacidade corresponde à dissipação de uma
quantidade significativa de energia no processo plástico e fratura, que ocorre na ponta de
uma trinca durante a sua propagação, e que determina a resistência do material à fratura.
Inglis foi o primeiro a mostrar uma evidência quantitativa do efeito de concentração
de tensão (provocada por trincas) na falha dos materiais. Após fazer uma análise em uma
placa de grandes dimensões que apresentava uma trinca elíptica, ele mostrou que a medida
que o raio da ponta da trinca tendia a zero, as tensões tendiam ao infinito, ou seja, o
material seria capaz de suportar tensões infinitas, causando preocupação a primeira vez
que foi descoberto.
A partir desse paradoxo, Griffith tentou desenvolver a teoria da fratura baseada
em termos de um balanço de energia, ao invés de utilizar tensões locais. Em um primeiro
momento, ele afirmou que uma trinca pode se formar (ou crescer) se houver um processo
que cause um decaimento na energia total ou se esta permanecer constante, ou seja, o
sistema passa de uma situação de não-equilíbrio, para uma condição de equilíbrio. Uma
trinca cresce quando energia potencial está disponível na placa para superar a energia
Capítulo 3. Ligas de alumínio 68

de superfície do material, chegando-se a uma equação que relaciona a tensão de fratura,


módulo de elasticidade (𝐸), tamanho de trinca (𝑎) e a energia de superfície (𝛾𝑠 ):
)︂1/2
2.𝐸.𝛾𝑠
(︂
𝜎𝑓 = (3.19)
𝜋.𝑎
Apesar dessa equação proposta por Griffith fornecer bons resultados para materiais
frágeis como o vidro, ela subestima os valores de tenacidade à fratura para materiais
metálicos.
Já em 1956, Irwin propôs uma abordagem energética parecida com o modelo pro-
posto por Griffith, através de “G” que é a taxa de liberação de energia (também conhecido
como força de extensão da trinca), que corresponde a energia disponível para um incre-
mento de crescimento de trinca.
𝑑(𝐹 − 𝑈 )
𝐺= (3.20)
𝑑𝑎
onde G é a força de extensão de trinca, F é o trabalho devido a forças externas, U é a
energia de deformação armazenada no corpo e a é o tamanho de trinca. Quando uma
trinca aumenta de tamanho, significa dizer que G alcançou um valor crítico, ou seja,
𝑑(𝐹 − 𝑈 ) 𝑑𝑊𝑠
𝐺𝑐 = = (3.21)
𝑑𝑎 𝑑𝑎
onde 𝐺𝑐 torna-se a medida da tenacidade a fratura do material (𝐾𝐼𝐶 ) e 𝑊𝑠 é o trabalho
requerido para a criação de novas superfícies.
Uma forma conveniente de se expressar graficamente a relação de comportamento
estável ou não de uma trinca é através da curva de resistência ou curva R, onde R =
dW/da, como mostra a Figura 24. Sabe-se que a trinca aumenta de tamanho quando a
taxa de liberação de energia (dG/da) se iguala a energia necessária para se criar novas
superfícies (dW/da). Dependendo como G e W variam com o tamanho de trinca, consegue-
se prever o crescimento estável ou instável dessa trinca.
A Figura 24 apresenta uma curva R que cresce conforme o tamanho de trinca (caso
para materiais metálicos). Quando a tensão é 𝜎2 , a trinca cresce um pouco de tamanho
e de forma estável, mas só continua crescendo se o nível de tensão for aumentado, por
exemplo para 𝜎3 . Na situação em que a tensão atinge o valor de 𝜎4 , a trinca pode crescer
de forma instável, já que a taxa de liberação de energia disponível para crescimento de
trinca (dG/da) é maior do que a força de resistência para formação de novas superfícies
(dW/da). A curva R representa a energia requerida para o crescimento de trinca. Em
um material dúctil, ela representa o trabalho para a formação de uma nova zona plástica
na ponta da trinca que está avançando mais o trabalho para a nucleação, crescimento e
coalescência de microvazios (BROEK, 1982).
A determinação experimental do valor crítico do fator de intensidade de tensão,
𝐾𝐼𝐶 , que leva à condição de instabilidade da trinca, deve ser feita pelo ensaio de um
Capítulo 3. Ligas de alumínio 69

Figura 24 – Relação entre G e R em um processo controlado por deformação (ANDER-


SON, 2005, adaptado).

corpo de prova no qual exista uma trinca. No entanto, a determinação experimental desse
valor não é algo imediato, havendo uma série de requisitos e condições para realizar um
ensaio válido. De forma resumida, o ensaio consiste na aplicação de uma carga, com baixa
velocidade de carregamento, registrando-se ao mesmo tempo a intensidade da carga e
a abertura da trinca junto à superfície do corpo de prova. Esta carga é aplicada até a
ruptura do material ou instabilidade da trinca. O corpo de prova, anteriormente ao ensaio,
deve ter sofrido uma solicitação de fadiga para provocar uma trinca aguda no fundo do
entalhe usinado (ROSA, 1997).
Na análise dos efeitos da curva R em corpos de prova chevron, Baker sugeriu que
este tipo de corpo de prova é intrinsecamente independente da porção crescente da curva
R. A curva R crescente tem seu efeito visto como um aumento na tensão, resultado do
desenvolvimento de uma zona plástica na frente da trinca. Um valor de tenacidade válido
é medido somente após uma quantidade considerável de extensão de trinca e completo
desenvolvimento de plasticidade na frente de trinca acima do patamar da curva R. A
tenacidade pode, entretanto, ser menor do que aquela medida pelo corpo de prova chevron.
Esse efeito seria mais pronunciado em ligas de alta resistência como a liga 2024, onde
os efeitos associados a plasticidade são mais importantes (MORRISON; KARISALLEN,
1992).

3.8.4 Metodologias utilizadas na determinação da tenacidade à fratura


Existem várias configurações de ensaio utilizados na avaliação da tenacidade à
fratura, sob condições de deformação plana. Se tratando de metais, existem basicamente
duas metodologias. A primeira é mais largamente difundida, cujos critérios estão descritos
na norma ASTM E399 e uma outra que utiliza corpos de prova com entalhe chevron,
Capítulo 3. Ligas de alumínio 70

detalhado pela norma ASTM E1304, que é o ensaio utilizado neste trabalho.
A metodologia convencional utiliza uma pré-trinca de fadiga com tamanho conhe-
cido, como uma forma de preparar o corpo de prova para o ensaio de tenacidade à fratura.
Isso é um problema quando se tem materiais frágeis devido à dificuldade de controlar o
crescimento da trinca (MUNZ, 1981). Em experiências realizadas no IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas), não foi possível controlar o crescimento de trincas de fadiga utili-
zando amostras extraídas de cilindros laminadores, pois o material se comportou de forma
extremamente frágil, fraturando catastroficamente durante o método do pré-trincamento
(SILVA; MENDANHA; GOLDENSTEIN, 2005).

3.8.4.1 Metodologia Chevron

O uso da metodologia chevron para a avaliação da tenacidade à fratura de ma-


teriais metálicos foi introduzido no Brasil pelo grupo de pesquisa liderado pelo Prof.
Hélio Goldenstein, na EPUSP, no final dos anos de 1990. Neste contexto, diversos tra-
balhos relacionados à compreensão da relação entre o comportamento mecânico, com
enfoque na tenacidade à fratura, e a microestrutura de aços ferramenta diversos, como
aços rápidos VM2 e Sinter 23 (SILVA, 2001; SILVA; MENDANHA; GOLDENSTEIN,
2005), M3/2 sinterizado (SILVA et al., 2014), aço para trabalho a frio AISI D2 (SILVA;
MENDANHA; GOLDENSTEIN, 2005); aço para rolamento AISI 52100 (CUMINO, 2005;
RAMOS, 2010), superligas à base de Ni (SILVA, 2006; SILVA et al., 2011).
Mais recentemente, esta metodologia foi introduzida na UFRN através do estudo
da tenacidade à fratura de concretos avançados para emprego em pavimentos rodoviários
(SILVA, 2016).
Outro aspecto relevante em relação à metodologia chevron, é que o desenvolvi-
mento da mesma passou pela indústria aeronáutica. Importantes artigos publicados no
SPT/ASTM de 1980 (BARKER; BARATTA, 1980) abordam a aplicação da metodologia
em ligas de alumínio, especialmente a 2024 e a 7075. Este material foi um dos pilares
do que posteriormente se tornou a norma ASTM e 1304, que disciplina a execução da
metodologia para materiais metálicos.
De acordo com Morrison e Gough (MORRISON; GOUGH, 1986), essa metodologia
é bastante empregada e de técnica simples para se conseguir valores de tenacidade a
fratura. O entalhe chevron promove a medida da energia requerida por unidade de área
em um avanço quase estático de trinca em condições de deformação plana, correspondendo
a propriedade medida pela metodologia convencional proposta pela ASTM E399. Ensaios
comparativos foram feitos em laboratórios diferentes com diversos materiais com diferentes
configurações de corpos de prova, apresentaram uma boa correlação entre o 𝐾𝐼𝐶𝑉 e o 𝐾𝐼𝐶
(NEWMAN, 1984).
Capítulo 3. Ligas de alumínio 71

Nesses corpos de prova uma trinca aguda é produzida durante o carregamento e a


tenacidade à fratura é calculada do carregamento máximo e um fator de geometria, que
é dependente do corpo de prova e da geometria do entalhe. Nenhuma trinca de fadiga é
necessária para esse tipo de corpo de prova (BARKER; BARATTA, 1980).
Outras vantagens da metodologia chevron em relação a metodologia convencional,
é a facilidade da determinação da tenacidade a fratura, uma vez que, dependendo da
curva força versus deslocamento, necessita somente da carga máxima do ensaio (Anexo I
da ASTM E1304); corpos de prova menores (cerca de 40% da espessura e 2% do peso),
diminuindo os custos da confecção dos espécimes (BARKER; BARATTA, 1980; MUNZ,
1981); e menores tempo de ensaio (5 a 20 minutos) se comparados com o tempo gasto no
pré-trincamento.
Esse método usa tanto corpos de prova cilíndricos como corpos de prova retangu-
lares, como mostra a Figura 25.
A tenacidade à fratura por esse método é feito por um crescimento de trinca
estável iniciado por um entalhe chevron. O corpo de prova pode ser retangular ou circular
e deve-se ter três ensaios válidos, sendo o valor de tenacidade obtido pela média destes
três valores (ASTM, 2014).

Figura 25 – Representação esquemática que mostra a relação da espessura no nível de


estado de tensões (ASTM, 2014, adaptado).

A nucleação da trinca se dá na ponta do entalhe chevron mesmo que o carregamento


seja baixo, pois existe uma grande concentração de tensão. Como o entalhe tem formato
em “V”, ou seja, apresenta largura crescente, a trinca cresce estavelmente com o aumento
de carregamento, não havendo necessidade de um pré-trincamento. Isso é possível, pois a
medida que o carregamento progride, o fator de intensificação de tensão vai aumentando,
pois, a medida que a trinca avança, há necessidade de maiores valores de tensão para que
as ligações à frente da trinca (cada vez maiores) sejam rompidas, chegando-se a um ponto
crítico onde se obtém a máxima carga do ensaio. Isso é verdadeiro para materiais que
apresentam uma curva de resistência a propagação da trinca em função do comprimento
da trinca (curva R) plana (constante) ou quase plana, como mostra a Figura 26.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 72

Figura 26 – Curvas R em (a) para materiais idealmente frágeis e (b) para materiais de
engenharia (ANDERSON, 2005, adaptado).

Segundo Barker e Baratta (BARKER; BARATTA, 1980), quando a curva R é


plana, basta medir a carga máxima para calcular a tenacidade. Entretanto, para a grande
quantidade de materiais de engenharia, especialmente para os metais, a curva de resistên-
cia a propagação da trinca cresce com o aumento do comprimento da mesma. Com isso,
para o entalhe do tipo chevron, a carga correspondente ao tamanho de trinca máximo,
não corresponde à carga máxima durante o ensaio (Figura 26b).
Desenvolvendo-se o trabalho irreversível (ΔW) e sua relação com a energia liberada
(𝐺𝐼𝐶 ) durante o crescimento de trinca (Δa), pode-se determinar a tenacidade à fratura a
partir do ensaio com corpos de prova chevron, tal que:

Δ𝑊 = 𝐺𝐼𝐶 .𝑏.Δ𝑎 (3.22)

onde b é a largura da frente de trinca num dado instante do ensaio.


Se tratando de materiais idealmente frágeis como mostra a Figura 26a, o trabalho
irreversível (Δ W) realizado para crescimento estável de uma dada trinca, num corpo com
entalhe chevron é:

Δ𝑊 = 1/2.𝑃.Δ𝑣 (3.23)

onde Δ𝑣 é o deslocamento da chamada linha de carga P, onde se tem a aplicação do


esforço externo sobre o corpo de prova.
A variação da flexibilidade (ΔC) entre A e B (Figura 27) é:

Δ𝐶 = Δ𝑣/𝑃 (3.24)

Relacionando a equação 3.24 com a equação 3.23 tem-se que:


Capítulo 3. Ligas de alumínio 73

Δ𝑊 = 1/2.𝑃 2 .Δ𝐶 (3.25)

Ainda, relacionando a equação 3.25 com a equação 3.22, vem que a relação entre
a taxa de liberação de energia (𝐺) e a variação da flexibilidade (𝑑𝐶) com o aumento do
tamanho de trinca (𝑑𝑎) é:

𝑑𝐶
𝐺 = (𝑃 2 /2.𝐵) (3.26)
𝑑𝑎
e como

𝐾𝐼2
𝐺𝐼 = (3.27)
𝐸
e tomando ΔC → 0 e Δa → 0 temos que:

𝑃𝑚á𝑥
𝐾𝐼𝐶𝑉 = √ .𝑌𝑚 (3.28)
𝐵 𝑤

onde 𝐾𝐼𝐶𝑉 é a tenacidade a fratura, 𝑃𝑚á𝑥 é a carga máxima obtida durante o ensaio, W e
B são as dimensões do corpo de prova e 𝑌𝑚 é o fator de intensidade de tensão geométrico
mínimo, definido pela geometria do corpo de prova e independente do material ensaiado.

Figura 27 – Comportamento dos ciclos de carregamento e descarregamento num ensaio


chevron. (a) Material idealmente frágil; (b) material que apresenta plastifica-
ção elevada na ponta da trinca (adaptada de Barker (BARKER, 1979)).

Como os materiais usuais de engenharia apresentam atividades inelásticas durante


o crescimento de trinca (Figura 27b), Barker (BARKER, 1979) propôs uma correção
através do grau de plasticidade (p), de forma que:
Capítulo 3. Ligas de alumínio 74

(︃ )︃
(1 + 𝑝) 𝑑𝐶
𝐺= (𝑃 2 /2.𝐵) (3.29)
(1 − 𝑝) 𝑑𝑎

logo:

(︃ )︃1/2
𝑃𝑚á𝑥 1+𝑝
𝐾𝐼𝐶𝑉 = √ 𝑌𝑐* (3.30)
𝐵 𝑤 1−𝑝

A norma ASTM 1304 (ASTM, 2014) sugere que se faça pelo menos dois ciclos
de carregamento e descarregamento da carga durante o ensaio, antes e depois de chegar
na carga máxima, para assim definir o grau de plasticidade (p) do corpo de prova. Ele é
definido pela relação entre distância entre as tangentes médias de dois ciclos adjacentes
de descarregamento e carregamento tomada na abscissa, ou seja, com carga nula (Δ𝑥0 ) e
a tomada no ponto médio das cargas máximas de cada um dos ciclos de carregamento e
descarregamento (Δ𝑥), como mostra a Figura 28.Com isso, p = Δ𝑥0 /Δ𝑥.

Figura 28 – Ciclos de carregamento/descarregamento durante um ensaio com entalhe


chevron.

O fator 𝑌𝑐* pode ser definido pelo método da “compliance” (SAKAI; BRADT,
1993) e através de métodos numéricos (NEWMAN, 1984). Além do método experimen-
tal da flexibilidade (“compliance”) proposto por Barker, Munz propôs um tratamento
diferente, em que tomou como similares a flexibilidade do corpo de prova chevron e a fle-
xibilidade do corpo de prova com entalhe reto. Este modelo é conhecido como o STCA (do
inglês, Straight Through Crack Assumption. Os resultados experimentais apresentados na
literatura confirmam esta possibilidade, uma vez que o erro inerente a esta aproximação
foi da ordem de 1,0 %. Neste caso, o tratamento analítico da variação da flexibilidade do
sistema com o tamanho da trinca, a partir dos conceitos de taxa de liberação de energia
Capítulo 3. Ligas de alumínio 75

durante o crescimento de uma trinca (𝐺) proposta por Irwin apenas acrescenta à formu-
lação para o corpo de prova com entalhe reto (equação 3.31) as correções geométricas
próprias do entalhe chevron.

{︃ }︃1/2
1 𝑑𝐶𝑠 (𝛼)
𝑌𝐶 = (3.31)
2 𝑑𝛼 𝛼=𝛼𝑐

onde 𝛼 representa a relação adimensional entre o tamanho da trinca e o comprimento do


corpo de prova e 𝐶𝑠 (𝛼) é a flexibilidade (“compliance”) do corpo de prova chevron.
Para o caso do entalhe chevron, basta uma correção para o formato do entalhe
para se obter o fator Y e é possível mostrar que (WHITHEY; BOWEN, 1990):

{︃ }︃1/2
1 𝑑𝐶𝑠 (𝛼) 𝛼1 − 𝛼0
𝑌𝐶* (𝛼0 , 𝛼1 , 𝛼𝐶 ) = (3.32)
2 𝑑𝛼 𝛼 − 𝛼0 𝛼=𝛼𝑐

onde 𝛼0 = 𝑎0 /𝑊 ; 𝛼 = 𝑎1 /𝑊 ; 𝛼 = 𝑎/𝑊 representam relações adimensionais determinadas


pela geometria do corpo-de-prova chevron e 𝐶𝑉 (𝛼) é a flexibilidade do corpo de prova
chevron.
A Tabela 1 apresenta resultados experimentais e numéricos determinados por di-
versos trabalhos durante os anos 70 e início dos 80 (NEWMAN, 1984).

Tabela 1 – Valores de 𝑌𝐶* para corpos chevron curtos (NEWMAN, 1984).

Configuração do Corpo de Prova W/B 𝑎0 /𝑤 𝑎1 /𝑤 𝑌𝐶*


Retangular 1,45 0,332 1 27,8 ± 0,3
Retangular 1,45 0,332 1 24,8 ± 0,3
Circular 2 0,2 1 29,8 ± 0,3
Circular 1,45 0,332 1 28,9 ± 0,3
Circular 2 0,2 1 36,2 ± 0,4

Segundo Sakai e Bradt (SAKAI; BRADT, 1993), se a carga para a nucleação da


trinca for maior for maior que a carga máxima correspondente ao ponto de trinca crítica,
significa dizer que ocorreram dificuldades para a nucleação da trinca na ponta do entalhe,
devendo, esta carga, ser desconsiderado para que os valores de tenacidade a fratura sejam
superavaliados (Figura 29 (a)). Essa dificuldade de nucleação se deve a tensões residuais
devido a confecção dos corpos de prova, tratamentos térmicos e tipo do entalhe (WU,
1984); ou, segundo a ASTM E 1304 (ASTM, 2014), tratamentos térmicos e usinagem.
A curva (c) da Figura 29, apresentaria uma condição “ideal” para o ensaio com entalhe
chevron.
Capítulo 3. Ligas de alumínio 76

Figura 29 – Curvas típicas obtidas pelo ensaio chevron (ANDERSON, 2005).

De acordo com a norma ASTM E 1304 (ASTM, 2014), deve-se examinar a su-
perfície de fratura não somente para determinar qualquer imperfeição no crescimento de
trinca, como também o quão bem o plano da trinca esteve inserido dentro da espessura do
entalhe. Se a superfície real da trinca desviou por mais de 0,04B dos limites estabelecidos
pela espessura do entalhe quando a largura da frente da trinca é um terço da espessura
B, o teste é considerado inválido. A Figura 30 mostra a representação esquemática dessa
limitação. Em um ensaio considerado ideal, a trinca cresceria até a fratura do corpo de
prova em 90∘ com relação à direção de carregamento. Seria considerado ótimo, o ensaio
que o crescimento de trinca se desse nos limites estabelecidos pela espessura do entalhe.

Figura 30 – Aspecto da planicidade da superfície da trinca e sua limitação.

Apresentada a revisão da literatura, os capítulos subsequentes demonstrarão a


parte experimental e resultados deste trabalho.
Parte II

Materiais, Metodologia e Equipamentos


78

4 Materiais e Métodos

Para verificar a influência do subenvelhecimento, ponto de máxima dureza e supe-


renvelhecimento nas propriedades mecânicas das ligas 2024 e 7075, adquiridas em forma
de placa, este trabalho iniciou com uma caracterização do estado de entrega (EE), sendo
feitas análises via fluorescências de raios X e microscopia óptica. Foram feitos corpos de
prova de entalhe chevron (ASTM E1304) do tipo retangular para amostras da liga 2024
que foram divididos em duas séries. Na primeira Série (chamada de 2024-S1), foi reali-
zado uma solubilização com temperatura de 480 ∘ C durante 2,5h e envelhecimento com
temperatura de 145 ∘ C e tempo variando de 8h, 10h, 12h, 16h e 24h. A liga na condição
de entrega também foi ensaiada. Para a segunda série (chamada de 2024-S2), também
foi realizada uma solubilização com temperatura de 480 ∘ C durante 2,5h, envelhecimento
com temperatura de 190 ∘ C e tempos de envelhecimento de 1h, 3h, 5h, 8h e 12h. Também
sendo realizado o ensaio no estado de entrega. O ensaio chevron realizado na liga 7075,
possui configuração idêntica à liga 2024-S1 (solubilização de 480 ∘ C + envelhecimento com
tempos de 8h, 10h, 12h, 24h, inclusive estado de entrega). Tanto a liga 2024-S1, 2024-S2 e
7075 possuem seis condições diferentes, sendo cinco tempos de envelhecimento diferentes,
mais estado de entrega.
Ensaios de tração (ASTM E8/E8M) foram realizados nas ligas 2024 somente na
condição 2024-S2 (solubilização de 480 ∘ C + envelhecimento com tempos de 1h, 3h, 5h,
8h e 12h, inclusive estado de entrega) e 7075 na configuração idêntica à do ensaio chevron
(solubilização de 480 ∘ C + envelhecimento com tempos de 8h, 10h, 12h, 24h e estado de
entrega).
Os ensaios de dureza Vickers (ASTM E92) foram realizados nas laterais de todos
os corpos de prova chevron produzidos.
Análise de superfície de fratura utilizando um MEV também foi realizada em todos
os corpos de prova chevron produzidos.
O fluxograma da Figura 31 mostra o procedimento experimental adotado neste
trabalho.

4.1 Materiais utilizados


A liga 2024 foi entregue com o tratamento de solubilização, trabalho a frio e
envelhecimento natural (2024-T351), possuindo dimensões 500 mm x 500 mm x 38 mm,
em forma de placa. Já a liga 7075 foi entregue com tratamento T651, que é definido por
solubilização, alívio de tensões por tração e envelhecimento artificial, possuindo dimensões
Capítulo 4. Materiais e Métodos 79

Figura 31 – Fluxograma dos procedimentos experimentais.

de 600 mm x 500 mm x 26 mm, também em forma de placa.

4.2 Divisão e quantitativo de corpos de prova


Foram reproduzidos três corpos de prova para cada uma das seis condições de
tempos diferentes para cada liga, totalizando cinquenta e quatro corpos de prova chevron
(dezoito da liga 2024-S1, dezoito da 2024-S2 e dezoito da 7075). Tanto a liga 2024-S1
quanto a 7075, possuem espessura B = 15 mm, enquanto que a liga 2024-S2 possui espes-
sura B = 25 mm.
Em relação ao ensaio de tração, foram confeccionados dois corpos de prova para
as ligas 2024-S2 e 7075, para cada condição, totalizando vinte e quatro amostras para as
duas ligas.
A Tabela 2 resume o quantitativo de corpos de prova que foram confeccionados
para a realização dos ensaios. O primeiro número indica qual liga está sendo referenciada;
e os dois números subsequentes o tempo (em horas) de envelhecimento. Especialmente
para a liga 2024, S1 ou S2 indica qual série está sendo referenciada.
Capítulo 4. Materiais e Métodos 80

Tabela 2 – Quantitativo de corpos de prova e ensaios mecânicos.

Ensaio de tenacidade
Condição Ensaio de tração
à fratura
Entrega (2EE-S1) / (2EE-S2) / (7EE) 3/3/3 0/2/2
8h (208-S1) / 1h (201-S2) / 8h (708) 3/3/3 0/2/2
10h (210-S1) / 3h (203-S2) / 10h (710) 3/3/3 0/2/2
12h (212-S1) / 5h (205-S2) / 12h (712) 3/3/3 0/2/2
16h (216-S1) / 8h (208-S2) / 16h (716) 3/3/3 0/2/2
24h (224-S1) / 12h (212-S2) / 24h (724) 3/3/3 0/2/2
Liga 2024 = 36 Liga 2024 = 12
Liga 7075 = 18 Liga 7075 = 12
Subtotal = 54 Subtotal = 24
Total = 78 amostras para as duas ligas

4.3 Caracterização da microestrutura


A caracterização microestrutural do estado de entrega passou por uma lixatriz
com lixas d’água de carbeto de silício com 80, 150, 320, 400, 600, 1200 e 2200 meshes.
O polimento se deu com uma politriz, em que, embora as referências recomendem pasta
de diamante para polimento de ligas de alumínio (VOORT, 1984), melhores resultados
foram obtidos utilizando alumina de 6𝜇m, 3𝜇m e 1𝜇m como abrasivo.
Contrariando novamente a literatura (VOORT, 1984), o reagente que melhor re-
velou a estrutura dos grãos para as duas ligas por imersão foi o Keller (100𝑚𝑙𝐻𝑁 𝑂3 +
50𝑚𝑙𝐻𝐶𝑙 + 1, 5𝑚𝑙𝐻𝐹 ), com tempo de imersão de 25 a 30 segundos ao invés do Poulton
modificado (40𝑚𝑙𝐻𝑁 𝑂3 + 30𝑚𝑙𝐻𝐶𝑙 + 2, 5𝑚𝑙𝐻𝐹 + 42, 5𝑚𝑙𝐻2 𝑂), com tempo de imer-
são de 15 a 20 segundos, sendo o último, melhor revelador dos precipitados. Com isso,
utilizou-se Keller para a verificação do estado de entrega (distribuição dos grãos) e Poul-
ton modificado para verificar a distribuição dos precipitados nas ligas pós tratamentos
térmicos.
Foram feitas imagens com um microscópio de luz invertida modelo Olympus GX-51
para o estado de entrega; e microscopia óptica e eletrônica através de um MEV de bancada
marca Hitachi, modelo TM-3000, interação por elétrons retroespalhados e voltagem 15 kV,
para as ligas tratadas termicamente.
Capítulo 4. Materiais e Métodos 81

4.3.1 Caracterização do estado de entrega das ligas


Tanto para a liga 2024 quanto para a liga 7075, foi feito uma análise metalográ-
fica na chapa com o objetivo de se verificar a microestrutura do estado de entrega de
todas as três dimensões do material, cujo objetivo é prever alguma característica que
possa influenciar os resultados, seja ele devido a presença de partículas intermetálicas,
dispersóides, trabalho a frio (direção de laminação), entre outros. Um pequeno volume
de material retirado para as imagens foi cortado utilizando-se uma serra manual, com o
objetivo de prevenir qualquer evento térmico ou de deformação que influencie a análise
de forma significativa.
Foi feito uma análise de FRX na condição de entrega de ambas as ligas, utilizando
um equipamento da marca Shimadzu, modelo XRF-1800 Sequencial, com metodologia de
dispersão por comprimento de onda (WD-XRF), sendo sua faixa de detecção do sódio
(Na - Z = 11) ao urânio (U - Z = 92) e radiação RhK𝛼 (𝜆 = 0,615 Å), no modo semi-
quantitativo.

4.3.2 Caracterização das ligas envelhecidas


A caracterização das ligas envelhecidas não se deu pelo processo de lixamento
como citado acima. Pequenas porções da chapa foram cortadas e tratadas termicamente
de acordo com a Tabela 2. Aproveitou-se a superfície de laminação da chapa, utilizando
somente as lixas 600, 1200 e 2200 como etapa anterior ao polimento, que foi feito da
mesma forma do estado de entrega, e ataque químico por imersão, com tempo de 15 a 20
segundos, utilizando o reagente Poulton modificado para melhor revelação da distribuição
dos precipitados.
Tanto para o estado de entrega quanto para as ligas envelhecidas, foi realizada uma
análise de tamanho e fração volumétrica dos precipitados primários. Para isso, o software
ImageJ tratou as imagens de forma que os precipitados primários das micrografias foram
filtrados em escala de preto e branco e com isso calculando-se o tamanho médio [𝜇𝑚2 ] e
fração de área [%] dos precipitados primários em cada microestrutura. Foram utilizadas
no mínimo quatro micrografias e no mínimo quinze precipitados diferentes em cada mi-
crografia para a aquisição dos dados, sendo cada valor de tamanho e fração volumétrica
obtido pela média.

4.4 Esquema de retirada dos corpos de prova das placas para os


ensaios mecânicos
Para a retirada dos tarugos que vão dar origem aos corpos de prova, foi utilizada
uma serra circular elétrica manual, potência de 1600 W e rotação de 5000 rpm, com um
Capítulo 4. Materiais e Métodos 82

disco dentado específico para corte em materiais metálicos. Podemos considerar que este é
um método inovador e de baixo custo, visto que para grandes chapas, geralmente o corte
é feito a laser (o que afeta termicamente a liga), ou utilizando uma serra fita vertical
(custo elevado e de difícil disponibilidade), além de que o disco é utilizado somente para
cortes em chapas de pequeno comprimento. O disco é específico para corte à seco e sem
grande aumento de temperatura, o que é desejoso para o trabalho de forma a não promover
nenhum evento térmico no material que possa comprometer alguma propriedade antes dos
ensaios. Foi verificado (manualmente) que não houve nenhum aumento de temperatura
significativo nas chapas e nos tarugos após o corte.

4.4.1 Retirada dos corpos de prova chevron


Tanto para a liga 2024 quanto para a liga 7075, os corpos de prova chevron foram
retirados na direção L-T das placas (Figura 32). Essa direção foi escolhida porque ela
promove a maior tenacidade à fratura, visto que o plano da trinca é perpendicular à
orientação preferencial ou textura da chapa conformada. A direção S-T promove o menor
valor de tenacidade (HERTZBERG, 1989).
Os corpos de prova chevron de seção retangular foram produzidos utilizando um
torno universal, sempre mantendo a mesma rotação (620 rpm) para ambas as ligas, com
acabamento final de 0,10 mm de profundidade e reduzindo o avanço. Durante a confecção,
foi retirado o mínimo de material da superfície longitudinal da chapa escolhida como
referência e todas as outras superfícies de todos os corpos de prova foram feitas em função
dela, objetivando assim, manter maior homogeneidade de todas as amostras em relação
a aspectos metalúrgicos como o grau de deformação, distribuição de precipitados, entre
outras heterogeneidades do material. Eschweiler (ESCHWEILER; MARCI; MUNZ, 1984)
mostrou que, em ligas de alumínio tratáveis termicamente produzidas em forma de placa,
dependendo de onde o corpo de prova é retirado ao longo da espessura, ocorrem variações
nas propriedades mecânicas dos corpos de prova ensaiados.

4.4.1.1 Entalhamento

Para a produção do entalhe em todos os corpos de prova chevron, foi utilizado uma
fresadora horizontal, em que a ferramenta de corte foi uma serra circular de aço rápido
com 63 mm de diâmetro e espessura 0,4 mm. Para produzir metade do entalhe, o corpo
de prova foi preso pela morsa formando um ângulo de aproximadamente 27,5∘ em relação
à horizontal, onde a serra circular foi retirando material com movimentos horizontais e
profundidade de 0,8 mm. Isso foi feito também para a outra metade, produzindo um
entalhe com ângulo de aproximadamente 55∘ C (Figura 33). Em todo o corte, foi utilizado
querosene para um melhor acabamento superficial e óleo para diminuir o atrito.
Capítulo 4. Materiais e Métodos 83

Figura 32 – Esquema representativo da retirada dos corpos de prova chevron e de tração.

Figura 33 – Esquema representativo da produção do entalhe. A imagem da esquerda mos-


tra a usinagem da primeira metade do entalhe e a imagem da direita a fina-
lização do corte com a produção do entalhe com ângulo de 55∘ e definição
também do tamanho de trinca 𝑎0 .

O último passe foi dado promovendo uma profundidade de 0,10 mm, com mo-
vimento discordante, cujo objetivo é promover um melhor acabamento superficial (MA-
CHADO et al., 2009) nas faces do entalhe. Foi utilizado uma maior quantidade de quero-
sene nesta operação e não foi utilizado óleo.
Apesar da norma ASTM E1304 especificar uma geometria de corte do entalhe
como mostra a Figura 34a, o entalhe produzido, devido a dificuldade de aquisição de
ferramenta corte com essa geometria, apresenta geometria como mostrada na Figura 34b.
Capítulo 4. Materiais e Métodos 84

(a) (b)

Figura 34 – Configuração da geometria do entalhe em (a) pela norma ASTM E1304 e em


(b) produzida por este trabalho.

4.4.2 Retirada dos corpos de prova para o ensaio de tração


Foi retirado um tarugo de seção retangular com dimensões 16 x 16 x 120 mm da
chapa utilizando a mesma serra circular, para posteriormente usinar os corpos de prova de
tração circulares na configuração de padrão proporcional de corpos de prova de pequeno
tamanho, seguindo a ASTM E8M, com 6 mm de diâmetro.
Em um torno universal, foi usinado um tarugo circular de diâmetro 12,3 mm a
partir do tarugo retangular. Esse diâmetro de 12,3 mm já é a seção que as garras do ensaio
de tração fixará o corpo de prova. Para produzir a seção menor, foi utilizado um torno de
comando numérico computadorizado (CNC) Diplomat LOGIC 195 VS, com profundidade
de 0,5 mm no diâmetro, avanço de 0,5 mm/min, rotação de 2500 rpm e acabamento com
profundidade de 0,25 mm no diâmetro, avanço de 0,25 mm/min e mesma rotação.
A orientação escolhida de retirada dos corpos de prova, foi a direção em que a
deformação principal seja perpendicular à direção de laminação da chapa (Figura 32), ou
seja, o crescimento de trinca do ensaio chevron possui mesma direção da superfície de
fratura dos corpos de prova de tração.

4.5 Tratamentos térmicos


4.5.1 Solubilização
O tratamento térmico de solubilização foi feito no forno tipo mufla, sem atmosfera
protetora, com temperatura de 480 ∘ C (±5∘ C) durante 2h30min.
Para promover uma maior homogeneidade nos tratamentos térmicos, no ensaio
chevron, três amostras foram colocadas por vez, enquanto que para o ensaio de tração,
quatro. Essa configuração permite que não se tenha uma grande dispersão no tratamento
devido a condições tanto dimensionais, quanto devido ao gradiente de temperatura que
Capítulo 4. Materiais e Métodos 85

existe mesmo depois que se atinge o regime permanente dependendo da posição da amostra
dentro do forno.
Foi utilizado um indicador de temperatura ICEL TD-880, com resolução de dé-
cimo de grau e termopar tipo K, colocado o mais próximo possível das amostras, com o
objetivo de monitorar a temperatura em torno de 480 ∘ C. Para garantir a temperatura
de tratamento, o termopar e o indicador de temperatura foram calibrados no laboratório
de Metrologia da UFRN (LABMETROL/UFRN), em que, pós calibração, a variação de
temperatura medida no termopar utilizado está dentro de um erro considerado admissível.
Esse procedimento é essencial para que o tratamento seja o mais homogêneo pos-
sível, sendo este medido em todas as ligas que sofreram tratamento térmico.
Após o tempo de tratamento, as amostras eram temperadas em água a temperatura
ambiente, utilizando um recipiente relativamente grande quando comparado ao tamanho
das amostras, cujo objetivo de se realizar a maior taxa de resfriamento possível, já que,
dependendo da forma que ocorre o resfriamento rápido ou não nas ligas de alumínio,
ocorrem variações importantes nas propriedades mecânicas finais (KAÇAR; GÜLERYÜZ,
2015).

4.5.2 Envelhecimento artificial


Após a solubilização e têmpera, todas as amostras eram imediatamente coloca-
das em outro forno mufla com a temperatura de envelhecimento de 145 ∘ C para a liga
2024-S1 (Série 1) e 7075, e 190 ∘ C para a liga 2024-S2 (Série 2), prevenindo qualquer
envelhecimento natural que possa ocorrer.
Para as ligas 2024-S1 e 7075, o tempo de envelhecimento variou de 8h, 10h, 12h,
16h e 24h, enquanto que para a liga 2024-S2 (Série 2), o tempo de envelhecimento va-
riou de 1h, 3h, 5h, 8h e 12h. Foram colocadas três amostras por vez para cada tempo
de envelhecimento para o ensaio chevron e quatro para o ensaio de tração, sendo algu-
mas amostras retiradas em tempos mais curtos que outras (dependendo do tempo de
envelhecimento). Novamente foi utilizado um termopar no local onde as amostras foram
posicionadas, com o mesmo objetivo de se garantir a homogeneidade no tratamento de
todos os corpos de prova, como feito na solubilização, além de se obter uma maior confi-
abilidade na temperatura ao qual os corpos de prova possuíam.
O tempo era contado somente após a estabilização da temperatura observada no
termopar. Após o tempo de tratamento, todas as amostras foram temperadas em água a
temperatura ambiente da mesma forma da solubilização, utilizando o mesmo recipiente.
Capítulo 4. Materiais e Métodos 86

4.6 Ensaios mecânicos


As amostras prontamente confeccionadas e tratadas termicamente foram ensaiadas
em no máximo uma semana. O objetivo é manter o mesmo tempo de ensaio após o tra-
tamentos térmicos para que nenhum efeito de precipitação pós tratamento possa ocorrer,
já que foi comprovado por Lumley e pesquisadores (LUMLEY; MORTON; POLMEAR,
2002) que o atraso entre o tratamento e o ensaio pode mudar significativamente o efeito
e as propriedades das condições subenvelhecidas das ligas de alumínio.

4.6.1 Ensaio de tração


O ensaio de tração também se deu utilizando a máquina de ensaios universal
Shimadzu, com célula de carga 300 kN e velocidade 2 mm/min.
Dois corpos de prova foram utilizados e ”descartados” para que as garras e todo
o mecanismo que será responsável pelo carregamento de tração seja bem assentado, além
disso, ”esquentar” a máquina, conforme recomenda a própria ASTM E8/E8M (ASTM,
2015). Em todas as amostras, a pré-carga devido ao aperto do corpo de prova nas garras
não excedeu 10% do limite de escoamento do material (ASTM, 2015). Um extensômetro
Shimadzu tipo SG 50-50 foi utilizado, este sendo acoplado ao corpo de prova para obtenção
dos valores de deformação até 1 % de deformação para se colher valores de módulo de
elasticidade e limite de escoamento mais exatos. Esse valor de deformação foi estabelecido
após ensaio dos corpos de prova ”descartados”, cujo objetivo é retirar o extensômetro
antes que o corpo de prova venha a falhar, o que comprometeria o funcionamento do
mesmo. Os gráficos relacionados ao ensaio de tração são resultado de um tratamento de
dados representado pela ”união” entre valores de zero até 1 % de deformação medido pelo
extensômetro + valores obtidos pela máquina que subsequentemente foram corrigidos. O
valor do comprimento útil do corpo de prova é de 50 mm, que é o comprimento dos apoios
do extensômetro.

Figura 35 – Corpo de prova de tração com diâmetro de 6 mm e comprimento de 60 mm


para acomodação do extensômetro.

Após os ensaios, foram realizadas medidas de diâmetro de ruptura, encaixando-se


as partes fraturadas com cuidado, para se obter valores de redução de área.
Capítulo 4. Materiais e Métodos 87

4.6.2 Ensaio de dureza


O ensaio de dureza se deu na superfície dos corpos de prova chevron que coincidia
com a superfície longitudinal das chapas, utilizando um durômetro do Laboratório de
metais e ensaios mecânicos do NTI/UFRN, com escala Vickers com carga 10 kgf para a
liga 2024-S1 e 7075, e carga de 15 kgf para a liga 2024-S2. O tempo de indentação em carga
máxima foi de 12 segundos. Foi utilizado um retalho que seria descartado da liga 7075 para
fazer três primeiras indentações antes da aquisição dos valores realmente ensaiados, cujo
objetivo é assentar tanto o indentador quanto a base do durômetro, conforme recomenda
a ASTM E92 (ASTM, 2016). Seis medições foram feitas em cada condição, de forma que
cada valor é representado como sendo a média dos valores obtidos.

4.6.3 Ensaio chevron


As dimensões dos corpos de prova da liga 2024-S1 e 7075 possuem espessura B =
15 mm, já a liga 2024-S2 possui espessura B = 25 mm, sendo todas as outras medidas
reproduzidas através dela, com configuração de barra curta (do inglês "short-bar"), como
mostra a Figura 36. Esses valores de espessura são estimados pela ASTM E1304 pela
seguinte relação:
𝐾𝐼𝐶 2
(︂ )︂
𝐵 ≥ 1, 25 (4.1)
𝜎𝑌 𝑆
Os valores de tenacidade à fratura e limite de escoamento para a determinação
da espessura mínima, foram colhidos nas mais variadas referências e nas condições mais
extremas para aquisição do maior valor de espessura.

Figura 36 – Dimensões do corpo de prova chevron para B = 15 mm (à esquerda) e B =


25 mm (à direita).

Para o ensaio chevron, foi utilizado uma máquina de ensaios universal Shimadzu
com célula de carga de 300 kN. Garras especiais com dureza superior a 45 HRC foram
utilizadas para os ensaios das duas ligas com espessuras diferentes, sendo fabricadas de
Capítulo 4. Materiais e Métodos 88

acordo com as recomendações da norma ASTM E1304 (ASTM, 2014). Um extensômetro


Shimadzu tipo SG 50-50 foi acoplado às garras para obtenção dos valores de deslocamento.
A velocidade de ensaio se deu em 0,2 mm/min, onde foi registrado força [N] versus des-
locamento do extensômetro [mm] a cada 0,05 segundo.
Para a liga 2024-S1 e 2024-S2, a forma da curva é equivalente àquela mostrada na
Figura 29c, sendo o valor de tenacidade facilmente determinada pela carga máxima do
ensaio através da relação:

𝑃𝑚á𝑥
𝐾𝐼𝐶𝑉 = √ .𝑌𝑚 (4.2)
𝐵 𝑤

Não foi feito nenhum ciclo de carregamento e descarregamento conforme reco-


menda a ASTM E1304, além disso, ocorreu que em alguns corpos de prova, o plano da
trinca se desviou bastante, de forma que alguns ensaios não foram validados, gerando o
que chamamos de tenacidade à fratura condicional, ou 𝐾𝑄 , sendo melhor especificado e
discutido nos Resultados.
Já para a liga 7075 foi feito um tratamento nos dados obtidos do ensaio chevron. A
forma da curva obtida para a liga 7075 é equivalente a curva mostrada na Figura 29b, com
isso, foi calculado os valores das inclinações provocadas por cada salto de trinca (do inglês
"crack jump") a partir da inclinação inicial e dentro do limite de 1,2 𝑟𝑐 e 0,8 𝑟𝑐 , onde 𝑟𝑐 é
a inclinação crítica (𝑟𝑐 = 0, 52) obtida quando o fator geométrico (Y) é mínimo, definido
pela ASTM E1304 através da configuração de corpo de prova utilizado (retangular com
W/B = 1,45). Não foi considerado o decaimento de 5% de força para cada pulo conforme
a norma ASTM E1304, resultando em uma quantidade de dados maior e mais refinado.
Com isso, obteve-se valores tanto de Y quanto de força para cada salto de trinca, e,
consequentemente, valores de tenacidade à fratura diferentes para cada condição. Por
fim, o valor de tenacidade à fratura é resultado da média dos valores de tenacidade obtido
dentro do intervalo supracitado. Essa análise é feita porque a carga máxima do ensaio
para esse tipo de curva é a carga da nucleação da trinca, não correspondendo a carga
de tamanho de trinca crítico, consequentemente superestimando os valores de tenacidade
(SAKAI; BRADT, 1993).
O gráfico mostrado na Figura 37, apresenta uma curva característica obtida no
ensaio chevron da liga 7075. A partir dos dados de força e deslocamento obtidos pela
máquina de ensaios a cada 0,05 segundos, o gráfico foi plotado no software ORIGIN○
R
9
○R
e copiado para o AutoCAD Mechanical 2016 para obtenção das inclinações e posteri-
ormente obtenção dos valores de tenacidade à fratura.
Em ambas as ligas, o valor de tenacidade final é obtido através da média de três
corpos de prova ensaiados.
Capítulo 4. Materiais e Métodos 89

Figura 37 – Curva obtida durante o ensaio chevron do estado de entrega da liga 7075. Os
limites de dados válidos são obtidos para as inclinação dentro do intervalo 1,2
𝑟𝑐 e 0,8 𝑟𝑐 .

4.6.3.1 Caracterização das superfícies de fratura do ensaio chevron

Após o ensaio chevron, as todas as amostras foram guardadas em um recipiente


hermeticamente fechado, com o objetivo de proteção da superfície de fratura que poste-
riormente, foi analisada pelo mesmo MEV utilizado na caracterização das ligas tratadas
termicamente.
Imagens foram colhidas nas superfícies de fratura da condição do estado de entrega,
liga subenvelhecida, máximo de dureza e superenvelhecida em posições até valores de
frente de trinca igual a um terço da espessura.

4.6.3.2 Critérios para validação do ensaio chevron

Alguns critérios foram utilizados para validação dos valores finais de tenacidade à
fratura. Um deles é a verificação da curva força x deslocamento obtida do ensaio chevron,
com o objetivo de verificar qualquer irregularidade que venha comprometer os resultados,
comparando os gráficos apresentados na literatura (ESCHWEILER; MARCI; MUNZ,
1984).
A superfície de fratura foi examinada não somente para enxergar qualquer im-
perfeição no crescimento de trinca, como também o quão bem o plano da trinca esteve
inserido dentro da espessura do entalhe, cujo desvio não deve ultrapassar mais do que
0,04B a superfície prevista pela espessura do entalhe quando a largura da frente da trinca
Capítulo 4. Materiais e Métodos 90

é 1/3 de B (ASTM, 2014).


Além disso, após os resultados de tenacidade à fratura condicional obtidos K𝐼𝑄
(ainda em processo de validação para se tornar K𝐼𝐶𝑉 ), foi feita uma análise para saber se
a espessura utilizada neste trabalho atende o limite estabelecido pela equação:

)︂2
𝐾𝐼𝐶
(︂
𝐵 ≥ 1, 25 (4.3)
𝜎𝑌 𝑆
Para isso, essa relação foi verificada através dos valores de tensão de escoamento
médio obtidos pelo ensaio de tração (seção subsequente) para cada corpo de prova chevron
ensaiado. Se o valor de espessura B ensaiado por este trabalho for maior do que este critério
utilizado, K𝐼𝑄 pode se tornar K𝐼𝐶𝑉 juntamente com os critérios de validação estabelecidos
anteriormente.
Parte III

Resultados e Discussão
92

5 Resultados e discussão

5.1 Caracterização do estado de entrega das ligas


A microestrutura obtida no estado de entrega para a liga 2024 (Figura 38) e para a
liga 7075 (Figura 39) revela uma certa direcionalidade de deformação na superfície superior
da placa (direção L), uma maior deformação na superfície T e uma menor deformação na
superfície S (característica da laminação).
Outra consideração a ser feita, é que há uma distribuição em cadeia dos precipita-
dos na matriz de alumínio ao longo da direção de laminação. Segundo Lin e colaboradores
(LIN et al., 2013), muitos precipitados grosseiros distribuídos na matriz de alumínio,
fragilizarão o material o que resultará em uma baixa resistência.
Isso se deve ao fato de que as partículas insolúveis possuem grandes dimensões,
baixa plasticidade e grande não-coerência com a matriz de alumínio. Quando a liga é
sujeita a grandes deformações, as partículas maiores são mais sensíveis às deformações
ou tensões, possuindo uma menor deformabilidade, ocorrendo decoesão na interface par-
tícula/matriz. Além disso, esses precipitados grosseiros causam uma concentração de ten-
sões, e que, quando carregados, as partículas vão ser fraturadas ou vão se separar da
matriz, produzindo os primeiros vazios ou dimples.

Figura 38 – Direções L, T e S referente as micrografias da estrutura 3D da placa 2024.


Amplificação 50x. Ataque Keller.
Capítulo 5. Resultados e discussão 93

Figura 39 – Direções L, T e S referente as micrografias da estrutura 3D da placa 7075.


Amplificação 50x. Ataque Keller.

Em relação à liga 2024, pode ser observado uma quantidade menor de precipitados
primários em relação à liga 7075, além de que essa última apresenta uma maior direci-
onalidade no sentido de laminação. Isso pôde ser comprovado utilizando o software de
refinamento de imagem ImageJ, obtendo-se tamanho e fração de área dos precipitados
primários em cada microestrutura. Para a liga 2024, sua fração em área média foi 2,667 %
± 0,024, enquanto que para a liga 7075 sua fração de área média corresponde a 4,684 %
± 0,472, mostrando que realmente há uma maior quantidade de precipitados na liga 7075
para os mesmos aumentos quando comparados com a liga 2024. Em relação ao tamanho
médio dos precipitados primários, a liga 2024 apresentou média de 68,992 𝜇𝑚2 ± 43,544,
enquanto que a liga 7075 apresentou 56,611 𝜇𝑚2 ± 4,65.
Outra característica a ser considerada quando se observa a superfície S (de maior
deformação), é que na liga 7075 há um maior estiramento entre as camadas, muito pro-
vavelmente provocado por um nível de deformações maiores. Esta diferença decorre da
diferença das duas ligas terem sido fornecidas em diferentes graus de laminação a quente,
estando a liga 2024 com menor grau de redução (espessura de 38 mm) em comparação
com a liga 7075 (espessura de 26 mm).
Estudando-se o processo de fabricação de ambas as chapas da liga 2024 e 7075,
podemos afirmar que a microestrutura não está recristalizada. Isso se deve ao fato de que,
o processo de fabricação das chapas é caracterizado pela têmpera T351 (liga 2024) e T651
(liga 7075), sendo especificados por norma (NBR 6835) os processos de: i) solubilização,
com temperaturas típicas entre 480 ∘ C e 505 ∘ C (TOTTEN; MACKENZIE, 2003; POL-
MEAR, 1989) (o que recristalizaria ambas as ligas, pois a temperatura de recristalização
Capítulo 5. Resultados e discussão 94

está em torno de 300 ∘ C (KARHAUSEN; KORHONEN, 2003)); e ii) um endireitamento


(laminação a frio) com deformação permanente de 1,5% a 3% (NBR6835, 2000).
Em relação à composição química, a Tabela 3 apresenta o resultado obtido pela
média de três medidas de FRX. Para a liga 2024, os elementos principais (Cu e Mg) estão
presentes em porcentagem próximo do limite superior, que é 4,9 %p e 1,8 %p, respectiva-
mente, como estabelecido pelo Metals Handbook (HANDBOOK, 1979). Como o teor de
cobre e magnésio é alto, ocorre um oferecimento de endurecimento bastante elevado, con-
forme propõe a literatura (SANDERS; BAUMANN; STUMPF, 1986). Para a liga 7075,
o teor de magnésio está além do que propõe a literatura (HANDBOOK, 1979) e o teor
de zinco está no limite superior, também oferecendo um potencial elevado de endureci-
mento dessas ligas. O cromo está bem próximo do limite superior especificado pelo Metals
Handbook que é de 0,28 %p. Ele é responsável pelo maior aumento na sensibilidade da
liga à têmpera (POLMEAR; JOHN, 2005), isso amplia as margens para taxas de resfri-
amento, tendo em vista que nem envelhecendo em baixas temperaturas nem precedendo
um tratamento a altas temperaturas antes de baixas temperaturas (tratamento em dois
estágios), tem efeito tão significativo quanto maior for a taxa de resfriamento realizada
(TOTTEN; MACKENZIE, 2003).

Tabela 3 – Composição química das ligas após análise por FRX.

Composição % peso
Liga Si Fe Cu Mn Mg Cr Zn Ti Al
0,16 0,13 4,83 0,72 1,77 0,03 0,14 0,05
2024 restante
±0,01 ±0,001 ±0,06 ±0,02 ±0,10 ±0,01 ±0,01 ±0,01
0,17 0,30 1,57 0,07 3,34 0,26 6,30 0,03
7075 restante
±0,01 ±0,01 ±0,03 ±0,01 ±0,11 ±0,01 ±0,08 ±0,01

5.2 Caracterização das ligas envelhecidas


5.2.1 Caracterização das ligas envelhecidas - 2024
Em relação à liga 2024 tratada termicamente, ocorre uma mudança significativa
na microestrutura em relação ao estado de entrega. Na Figura 40a, os precipitados são
apresentados de forma mais grosseira, sendo bem definidos regiões de átomos de soluto e
regiões com matriz depleta desses átomos.
Capítulo 5. Resultados e discussão 95

(a) Estado de entrega (b) Solubilizada a 480 ∘ C por 1h

(c) Solubilizada a 480 ∘ C por 8h (d) Solubilizada a 480 ∘ C 2,5h + envelhecimento a


190 ∘ C por 1h (liga subenvelhecida)

(e) Solubilizada a 480 ∘ C 2,5h + envelhecimento a (f) Solubilizada a 480 ∘ C 2,5h + envelhecimento a
190 ∘ C por 3h (máximo de dureza) 190 ∘ C por 12h (liga superenvelhecida)

Figura 40 – Comparação das micrografias da liga 2024 obtidas por MEV do estado de
entrega (a), solubilizada por 1h (b), solubilizada por 8h (c), subenvelhecida
(1h) (d), máxima dureza (3h) (e) e superenvelhecida (12h) (f). Elétrons re-
troespalhados e ataque Poulton modificado.
Capítulo 5. Resultados e discussão 96

Para verificar a influência do tempo de solubilização no crescimento ou não dos


precipitados primários foi realizado uma comparação entre as microestruturas mostradas
na Figura 40b e c, em que as amostras foram solubilizadas 1h e 8h, mostrando que não
houve crescimento significativo dos precipitados mais grosseiros (primários) devido a esse
tempo maior ou menor de tempo de solubilização. Isso pode ser comprovado observando-se
a Tabela 4, mostrando que não há variação significativa não somente na solubilização como
também na solubilização (2,5h) mais o envelhecimento. Caso eles viessem a aumentar de
tamanho, haveria uma maior tendência de fragilização na liga, visto que esses precipitados
são mais duros, fraturando pelo mecanismo de clivagem (como mostrado na superfície de
fratura nos tópicos subsequentes), o que diminuiria a tenacidade à fratura em certas
direções dessa condição.

Tabela 4 – Tamanho médio e fração em área dos precipitados da liga 2024.

Tamanho em
Fração em área
Condição área médio
[%]
[𝜇𝑚2 ]
20,52 0,99
2EE
±17,43 ±0,29
Solubilizada 26,99 1,55
1h ±25,51 ±0,77
Solubilizada 31,04 3,18
8h ±25,21 ±0,98
27,54 2,03
201
±22,45 ±0,14
30,60 3,06
203
±26,80 ±1,78
31,42 3,20
212
±26,83 ±0,76

Adicionalmente, as partículas primárias (grosseiras) apresentam uma distribuição


em cadeia na matriz de alumínio, ao longo da direção de laminação. Embora essas partícu-
las insolúveis sejam duras e frágeis, sua precipitação influencia positivamente a resistência
mecânica da liga quando sua quantidade e distribuição possuírem a uma certa homoge-
neidade. Em contrapartida, muitas partículas insolúveis distribuídas ao longo de direções
mais específicas da matriz, promovem uma fragilização no material, porque essa seria
uma direção preferencial para crescimento catastrófico de trinca, o que resultaria em uma
baixa tenacidade, caso a trinca venha a crescer nesta direção.
A Figura 41 mostra que existem, basicamente, cinco tipos de precipitados que são
relativamente distinguíveis: os precipitados maiores com aparência mais ”rugosa” dando a
impressão de um certo relevo (PONTO 1); precipitados com aparência mais ”lisa” e clara,
que aparentam estar no mesmo plano da matriz de alumínio e de tamanho médio menor
do que os rugosos - acredita-se que esses últimos sejam os precipitados S (𝐴𝑙2 𝐶𝑢𝑀 𝑔),
Capítulo 5. Resultados e discussão 97

visto que esta composição é a que mais se aproxima estequiometricamente desse tipo de
precipitado; o precipitado mais facetado em tom de cinza escuro (PONTO 3); o precipitado
mais escuro envolto de uma região mais clara (PONTO 4); e o precipitados parecidos com
os mostrados no PONTO 2, são mais claros, mas apresentam certas ”manchas” cinza no
plano do precipitado, possuindo (os únicos) pouca quantidade de zinco (PONTO 5).

Figura 41 – Precipitados mais perceptíveis encontrados na liga 2024. Elétrons retroespa-


lhados e ataque Poulton modificado.

5.2.2 Caracterização das ligas envelhecidas - 7075


Observando-se cautelosamente as Figuras 42a, pode ser observado que, mesmo
para aumentos na faixa de 1000x, ocorre a presença de precipitados na forma de ”pontos”
(literalmente) brancos, com uma aparência lisa e clara, sendo melhor observado na Fi-
gura 43a. Comparando essa condição de estado de entrega (T651) da Figura 43a, com as
amostras aqui tratadas também para a condição de máxima resistência (envelhecida por
12h a 145 ∘ C), esses precipitados em forma de ”pontos”, como supracitado, praticamente
desaparecem, conforme mostra a Figura 43b. Acredita-se que eles são gerados pelo trata-
mento T651, que diferente do tratamento aqui realizado, depois da solubilização ocorre
um alívio de tensões por tração antes do envelhecimento, talvez sendo um responsável por
esses precipitados que não são encontrados na condição aqui pelo nosso trabalho. Há um
indicativo que, ligas na condição de entrega, apresentem uma tenacidade menor, tendo em
Capítulo 5. Resultados e discussão 98

vista que esses precipitados apesar de serem pequenos, são responsáveis por uma certa fra-
gilização do material quando comparados com a microestrutura que não apresentam esses
precipitados. Conforme propõe a literatura, tempos maiores de envelhecimento promovem
um engrossamento cada vez maior dos precipitados. Observando-se a Figura 42f, que re-
presenta a condição superenvelhecida por 24h, a técnica de caracterização microestrutural
aqui utilizada, nos limita a comprovar este fato, visto que não há variação significativa do
tamanho dos precipitados mais finos que apontem um engrossamento maior.
Capítulo 5. Resultados e discussão 99

(a) Estado de entrega (b) Solubilizada a 480 ∘ C por 1h

(c) Solubilizada a 480 ∘ C por 8h (d) Solubilizada a 480 ∘ C 2,5h + envelhecimento a


145 ∘ C por 8h (subenvelhecida)

(e) Solubilizada a 480 ∘ C 2,5h + envelhecimento a (f) Solubilizada a 480 ∘ C 2,5h + envelhecimento a
145 ∘ C por 12h (máximo de dureza) 145 ∘ C por 24h (superenvelhecida)

Figura 42 – Comparação das micrografias da liga 7075 obtidas por MEV do estado de
entrega (a), solubilizada por 1h (b), solubilizada por 8h (c), subenvelhecida
(8h) (d), máxima dureza (12h) (e) e superenvelhecida (24h) (f). Elétrons
retroespalhados e ataque Poulton modificado.
Capítulo 5. Resultados e discussão 100

(a) Estado de entrega (condição T651) (b) Condição T6

Figura 43 – Microestruturas da condição do estado de entrega (T651) (a) e condição T6.


Aumento de 2000x, elétrons retroespalhados e ataque Poulton modificado.

Assim como na liga 2024, praticamente não houve crescimento dos precipitados
primários mesmo após solubilização mesmo variando-se o tempo em 1h e 8h, e também
na solubilização (2,5h) mais o envelhecimento das ligas. A Tabela 5 apresenta os valores
de tamanho médio em área e fração volumétrica desses precipitados primários para a liga
7075.
Tabela 5 – Tamanho médio e fração em área dos precipitados da liga 7075.

Tamanho em
Fração em área
Condição área médio
[%]
[𝜇𝑚2 ]
39,33 1,42
7EE
±23,09 ±1,06
Solubilizada 26,67 1,22
1h ±24,01 ±0,12
Solubilizada 30,67 1,40
8h ±27,61 ±0,14
26,72 2,19
708
±25,01 ±1,11
23,26 1,58
712
±18,14 ±1,39
33,86 2,45
724
±28,16 ±0,64

Os precipitados mais distinguíveis, estão apresentados na Figura 44, são eles: pre-
cipitados com aparência um pouco mais clara, apresentando uma certa ”rugosidade”
(PONTO 1); precipitados que apresentam regiões mais claras e lisas (PONTO 2); preci-
pitados em um tom de cinza para preto (PONTO 3); e precipitados facetados em tom
mais cinza, envolto por um tom mais escuro (PONTO 4).
Capítulo 5. Resultados e discussão 101

Figura 44 – Precipitados mais perceptíveis encontrados na liga 7075. Elétrons retroespa-


lhados e ataque Poulton modificado.

5.3 Ensaios mecânicos


5.3.1 Ensaio de tração da liga 2024
Resultados do ensaio de tração foram obtidos para a liga 2024, somente em amos-
tras da Série 2 (solubilização a 480 ∘ C por 2,5h + envelhecimento a 190 ∘ C por 1h, 3h, 5h,
8h e 12h). Curvas de engenharia representativas de cada condição estão apresentadas na
Figura 45. As condições de estado de entrega, subenvelhecida (1h) e aquela tida como a
de máxima dureza (envelhecimento por 3h, como mostrado nas Figuras 59 e 60) apresen-
tam alta ductilidade e resistência mecânica um pouco inferior às ligas superenvelhecidas,
em princípio, contraria o senso comum de que maiores durezas estão associadas a maiores
resistências à tração e a menores ductilidades. As ligas superenvelhecidas apresentam, por
sua vez, elevação na resistência mecânica e redução na ductilidade. Esta mudança pode
estar associada a duas questões: de um lado a maior fração volumétrica de precipitados
nestas ligas reduz a mobilidade de discordâncias, elevando a resistência do material; do
outro, a presença de precipitados em tamanhos maiores facilita a nucleação de microva-
zios e, por consequência, a nucleação de trincas, comprometendo com isso a ductilidade
do material.
Outro aspecto observado é que as ligas subenvelhecidas e a liga no estado de
Capítulo 5. Resultados e discussão 102

entrega apresentaram o fenômeno da precipitação dinâmica, evidenciado pelos serrilhados


nas respectivas curvas de tração. Esta precipitação dinâmica ocorreu exatamente nas ligas
que ainda apresentam grandes quantidades de átomos em solução devido às condições de
tratamento propostas, possuindo um alto potencial para a precipitação, sendo a tensão de
tração aplicada, a força motriz para que essa precipitação venha a ocorrer. Os pequenos
picos dos serrilhados (aumento nos valores de tensão) são consequências dos impedimentos
dos movimentos das discordâncias devido à essa precipitação, consequentemente elevando
os valores de tensão em pontos específicos e bastante perceptíveis.
Este evento se apresenta como bastante interessante para os propósitos da linha de
pesquisa, uma vez que o autorreparo esperado para algumas ligas de alumínio, depende
deste fenômeno de envelhecimento dinâmico, conforme discutido por Lumley e colabora-
dores em diversas publicações (LUMLEY; MORTON; POLMEAR, 2002; LUMLEY, 2007;
LUMLEY; POLMEAR, 2007). A frequência do serrilhado variou para cada uma das con-
dições de tratamento, indicando diferentes graus de saturação em solutos da matriz de
alumínio, portanto diferentes potenciais de precipitação de intermetálicos endurecedores.
O melhor entendimento do fenômeno demandará novas análises, uma vez que a literatura
específica sobre este fenômeno em ligas de alumínio mostrou-se escassa.

Liga 2024-S2
Estado de entrega
500

envelhecido 1h

400

envelhecido 5h
envelhecido 3h

envelhecido 8h
Tensão [MPa]

300
envelhecido 12h

200

100

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

Deformação [mm/mm]

Figura 45 – Curvas características obtidas nos ensaios de tração para a liga 2024-S2 em
diferentes condições de tratamentos térmicos.

A Tabela 6 resume os valores de propriedades obtidas no ensaio de tração para a


liga 2024-S2.
Capítulo 5. Resultados e discussão 103

Tabela 6 – Propriedades obtidas no ensaio de tração da liga 2024-S2

E S𝑒𝑠𝑐 S𝑚𝑎𝑥 S𝑟 RA 𝜖𝑓 U𝑇 H
Liga n
[GPa] [MPa] [MPa] [MPa] % [m/m] [MJ/m3 ] [MPa]
64,64 372,15 467,5 447,17 25,07 0,2130 91,63 702,51 0,1509
2EE-S2
±1,25 ±10,03 ±1,73 ±3,01 ±2,05 ±0,0002 ±0,09 ±8,74 ±0,0033
66,73 251,02 418,9 393,4 34,13 0,2889 108,05 715,25 0,2286
201-S2
±19,54 ±1,18 ±4,41 ±1,19 ±10,45 ±0,0282 ±12,29 ±7,56 ±0,0033
63,93 303,22 431,05 402,38 38,26 0,2238 87,89 697,89 0,1850
203-S2
±6,52 ±2,78 ±3,26 ±1,93 ±0,93 ±0,0025 ±0,6 ±4,46 ±0,0001
62,05 368,67 454,89 412,79 32,02 0,1333 55,95 669,62 0,1259
205-S2
±3,61 ±5,42 ±1,68 ±1,23 ±3,73 ±0,0084 ±3,52 ±0,25 ±0,0029
63,14 373,89 444,54 384,69 36,18 0,0991 40,34 639,74 0,1101
208-S2
±5,57 ±8,68 ±5,32 ±7,40 ±5,31 ±0,0067 ±2,22 ±0,31 ±0,0052
67,93 372,47 445,7 379,3 33,85 0,0991 37,20 662,04 0,1194
212-S2
±0,29 ±5,48 ±1,17 ±0,47 ±0,78 ±0,0026 ±1,59 ±17,86 ±0,0076

Outro fato interessante a ser notado é que, no gráfico mostrado na Figura 46,
que relaciona limite de resistência à tração, porcentagem de redução de área e tempo de
envelhecimento, aponta algo também não comum. Para o tempo de 3h de envelhecimento
(máxima dureza) o material nessa condição apresenta os maiores valores de redução de
área (38,26% ± 0,93%) quando comparadas as outras condições.

Liga 2024-S2

480 60
Limite de resistência à tração
58
Estado de entrega
% Redução de área
56
Limite de resistência à tração [MPa]

460 54
52
50
48
% Redução de área

440
46
44
42
420
40
38
36
400 34
32
30
380 28
Estado de entrega
26
24
360 22
0 2 4 6 8 10 12
Tempo de envelhecimento a 190 °C [h]

Figura 46 – Relação entre limite de resistência à tração, redução de área e tempo de


envelhecimento da liga 2024-S2.

A relação entre tensão máxima, tensão de escoamento e deformação longitudinal


está mostrada na Figura 47. Pelo gráfico, pode ser observado que a tensão de escoamento
Capítulo 5. Resultados e discussão 104

tende a uma certa relação proporcional com o limite de resistência à tração. Porém, como
a liga na condição de envelhecimento por 3h apresenta alto valor de dureza e relativo
alto valor de redução de área, e, observando o comportamento da deformação longitudi-
nal, ocorre relação proporcional com a alta estricção, visto que os valores se apresentam
próximos na condição de mais baixa dureza (1h), confirmando que a liga para o envelhe-
cimento de 3h (máxima dureza), apresenta tanto elevado valor de redução de área, como
de deformação longitudinal.

2024-S2
480 0,30
Limite de resistência à tração

Tensão de escoamento 0,2%


0,28
Deformação longitudinal

Deformação longitudinal [mm/mm]


440
Estado de entrega
0,26

400 0,24

0,22
Tensão [MPa]

360

0,20
Estado de entrega
320
0,18

0,16
280

0,14

240
0,12

0,10
200

0,08

0 2 4 6 8 10 12

Tempo de envelhecimento a 190°C [h]

Figura 47 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de escoamento e deforma-


ção longitudinal da liga 2024-S2.

A Figura 48 apresenta a relação entre limite de resistência à tração, tensão de


ruptura, tensão de escoamento, módulo de elasticidade e tempo de envelhecimento. Como
pode ser observado, os valores relacionados às tensões somente apresentaram uma mu-
dança mais pronunciada no valor da tensão de escoamento para a liga envelhecida por 1h,
que apresentou precipitação dinâmica e que tem o menor valor de dureza, o que comprova
(ainda mais, aliado aos outros resultados) que a liga 2024 em condições subenvelhecida
por 1h a 190 ∘ C é bastante dúctil. Valores de módulo de elasticidade se mantiveram
basicamente constante, variando entre 64 e 68 GPa.
Capítulo 5. Resultados e discussão 105

Liga 2024-S2

500 Limite de resistência à tração 80


480
Tensão de ruptura

Estado de entrega Tensão de escoamento


78
460 Módulo de elasticidade

76

Módulo de elasticidade [GPa]


440
420 74
400
Tensão [MPa]

72
380
360 70
340 Estado de entrega
68
320
300 66
280 64
260
62
240
220 60
0 2 4 6 8 10 12
Tempo de envelhecimento 190 °C [h]

Figura 48 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de ruptura, tensão de


escoamento, módulo de elasticidade e tempo de envelhecimento da liga 2024-
S2.

O gráfico apresentado na Figura 49 mostra a valores de tenacidade obtidos atra-


vés das áreas abaixo das curvas de engenharia, sendo relacionadas com a deformação
longitudinal. Altos valores de tenacidade são obtidos para a condição de estado de en-
trega, subenvelhecimento (1h), inclusive máxima dureza, confirmando ainda mais a alta
plasticidade apresentado por essas condições. Tenacidade e deformação longitudinal apre-
sentaram um comportamento bastante similar para essas ligas.
Capítulo 5. Resultados e discussão 106

Liga 2024-S2
120 0,30
Tenacidade (área abaixo da curva)

Deformação longitudinal

110

Deformação longitudinal [mm/mm]


100
0,25

90
Tenacidade [MJ/m ]
3

80

Estado de entrega 0,20


70

60

0,15
50

40

30 0,10

20

0 2 4 6 8 10 12

Tempo de envelhecimento 190 °C [h]

Figura 49 – Relação entre tenacidade, deformação longitudinal e tempo de envelhecimento


da liga 2024-S2.

5.3.2 Ensaio de tração da liga 7075


Observando a Figura 50, que mostra algumas curvas obtidas pelo ensaio de tração
na liga 7075, não aconteceu nenhuma indicação da ocorrência do fenômeno de precipitação
dinâmica nas mais diversas condições. Os valores de limite de resistência à tração estão
bem próximos dos valores encontrados na literatura (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015), porém
não tão próximos para as ligas subenvelhecidas. Isso também fica evidenciado pela não
distribuição mais comuns dos valores de dureza, que são menores para as condições de
subenvelhecimento, chegando a um máximo e caindo novamente (Figura 51).
Capítulo 5. Resultados e discussão 107

Liga 7075

envelhecido 12h
Estado de entrega

600

envelhecido 10h

envelhecido 16h envelhecido 8h


500

Tensão [MPa] envelhecido 24h

400

300

200

100

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10

Deformação [mm/mm]

Figura 50 – Curvas características obtidas nos ensaios de tração para a liga 7075 em
diferentes condições de tratamentos térmicos.

A Tabela 7 resume os valores de propriedades obtidas no ensaio de tração para a


liga 7075.

Tabela 7 – Propriedades obtidas no ensaio de tração da liga 7075

E S𝑒𝑠𝑐 S𝑚𝑎𝑥 S𝑟 RA 𝜖𝑓 U𝑇 H
Liga n
[GPa] [MPa] [MPa] [MPa] % [m/m] [MJ/m3 ] [MPa]
69,45 528,2 587,74 575,72 17,48 0,0992 54,46 778,85 0,0829
7EE
±0,45 ±2,60 ±4,77 ±3,43 ±2,14 ±0,0025 ±1,32 ±15,92 ±0,0045
68,17 527,6 585,69 565,43 21,77 0,0904 49,17 775,39 0,0813
708
±0,89 ±1,30 ±1,48 ±6,11 ±4,13 ±0,0005 ±0,15 ±0,86 ±0,0002
66,39 535,1 587,57 553,87 19,58 0,0867 47,88 768,91 0,0756
710
±7,38 ±3,90 ±5,40 ±0,76 ±3,14 ±0,0061 ±2,74 ±17,35 ±0,0055
67,67 532,8 587,27 555,99 18,17 0,0822 44,27 785,08 0,0828
712
±11,08 ±26,00 ±19,43 ±16,80 ±1,16 ±0,0078 ±3,07 ±15,72 ±0,0058
65,44 491,3 536,64 509,06 21,52 0,0705 32,86 720,75 0,0818
716
±2,07 ±36,60 ±49,27 ±36,19 ±3,77 ±0,0236 ±15,89 ±64,52 ±0,0039
65,14 497,3 538,51 504,78 23,74 0,0672 33,53 714,73 0,0772
724
±4,14 ±47,40 ±57,57 ±51,93 ±6,91 ±0,0283 ±17,82 ±80,03 ±0,0072

Apesar do limite de resistência à tração apresentar uma certa constância, o grá-


fico apresentado na Figura 52 mostra que a redução de área já sofre variações. Esses
comportamentos nos mostram que, há necessidade maior de técnicas de caracterização
mais aprofundadas para a caracterização da microestruturas em relação aos precipitados,
tendo em vista que algumas propriedades são mais, digamos, lógicas e comumente aceitas,
Capítulo 5. Resultados e discussão 108

Liga 7075
680 Limite de resistência à tração
220
Dureza HV 7075
660 10

Limite de resistência à tração [MPa]


200
640

620 180
600

10
Estado de entrega

Dureza HV
160
580

560
140
540

520 120

500
100
480
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo de envelhecimento a 145 °C

Figura 51 – Relação entre limite de resistência à tração, dureza e tempo de envelhecimento


para a liga 7075.

por outro lado, algumas características apontam certos desvios, levantando uma hipótese
que, essas ligas quando submetidas a um carregamento, há ocorrência de fenômenos que
influenciam essas respostas.

Liga 7075
640
Limite de resistência à tração

50
% Redução de área
620
Limite de resistência à tração [MPa]

600 45
580
% Redução de área

40
560
35
540
Estado de entrega 30
520

500 25

480 20
460
15
440
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo de envelhecimento a 145 °C

Figura 52 – Relação entre limite de resistência à tração, porcentagem de redução de área


e tempo de envelhecimento para a liga 7075.

A Figura 53 apresenta a relação entre limite de resistência à tração, tensão de


escoamento e deformação longitudinal da liga 7075 com os diferentes tratamentos. Assim
Capítulo 5. Resultados e discussão 109

como na liga 2024-S2, ocorre uma relação quase direta entre limite de resistência à tração
e tensão de escoamento. Porém, a deformação longitudinal tendeu a fugir um pouco dos
moldes mais clássicos, pois a medida que estas tensões começaram a diminuir, os valores
de deformações também caíram. Comparando com os valores de dureza obtidos para essa
liga em cada condição, não é possível afirmar que a deformação longitudinal explicite
alguma relação com esta propriedade, já que a relação é mais distinta ainda. Com isso, há
necessidade de implementação de novas técnicas para verificar o porquê dessa propriedade
ser bastante diferente das demais.

Liga 7075
620 Limite de resistência à tração 0,20
Tensão de escoamento 0,2%

Deformação longitudinal
0,19
600
0,18

Deformação longitudinal [mm/mm]


580 0,17

0,16
560
0,15

540
Tensão [MPa]

Estado de entrega 0,14

0,13
520
0,12
500
0,11

480 0,10

0,09
460
0,08

440 0,07

0,06
420
0,05

400 0,04

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Tempo de envelhecimento 145 °C [h]

Figura 53 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de escoamento e deforma-


ção longitudinal da liga 7075.

O gráfico mostrado na Figura 54 apresenta a relação existente entre limite de


resistência à tração, tensão de ruptura, tensão de escoamento, módulo de elasticidade e
tempo de envelhecimento para a liga 7075. Em condições de superenvelhecimento (16h e
24h), ocorre um decréscimo em todas essas propriedades, não sendo tanto pronunciado
em relação ao módulo de elasticidade.
Capítulo 5. Resultados e discussão 110

Liga 7075

660 Limite de resistência à tração 100


640
Tensão de ruptura

Tensão de escoamento

620 Módulo de elasticidade 95

Módulo de elasticidade [GPa]


600
90
580
560 85
Tensão [MPa]

540
520 80
500
480 Estado de entrega
75
460
70
440
420 65
400
380 60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo de envelhecimento 145 °C [h]

Figura 54 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de ruptura, tensão de


escoamento e módulo de elasticidade da liga 7075.

A Figura 55 apresenta a relação entre a tenacidade obtida pela área abaixo da


curva, curva de engenharia e a deformação longitudinal. Assim como apresentado pela
liga 2024-S2, ambas propriedades apresentam semelhança, tendo em vista que suas curvas
apresentadas são bastante equivalentes.

Liga 7075
60 0,14
Tenacidade (área abaixo da curva)

Deformação longitudinal
55 0,13
Deformação longitudinal [mm/mm]

50 0,12

45 0,11
Tenacidade [MJ/m ]
3

40 0,10

35 0,09

Estado de entrega
30 0,08

25 0,07

20 0,06

15 0,05

10 0,04

5 0,03

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Tempo de envelhecimento 145 °C [h]

Figura 55 – Relação entre limite de resistência à tração, tensão de ruptura, tensão de


escoamento e módulo de elasticidade da liga 7075.
Capítulo 5. Resultados e discussão 111

5.3.3 Critérios de validação do ensaio chevron para as ligas 2024-S1 e 2024-


S2
Para a liga 2024-S1 nenhum critério de validação foi atendido, tendo em vista
que a curva força x deslocamento tende a grandes valores de deformação, como mostra
a Figura 58a. Além disso, o todos os corpos de prova do ensaio chevron apresentaram
grande desvio de trinca, mudando o modo de fratura de I para um misto de modo I +
modo II, como mostra a Figura 58b.
A liga 2024-S2 apresentou pouco desvio do plano da trinca em relação à espessura
do entalhe e forma da curva coerente com o esperado, sendo esses dois requisitos con-
siderados válidos, em contrapartida, os valores K𝐼𝑄 obtidos não puderam ser validados
como mostra a Tabela 8 com os valores de B𝑚𝑖𝑛 obtidos através da equação que define a
espessura mínima como critério de validação do ensaio chevron:
)︂2
𝐾𝐼𝐶
(︂
𝐵 ≥ 1, 25 (5.1)
𝜎𝑌 𝑆
Os valores de escoamento apresentado na tabela são obtidos pela média de dois valores
válidos do ensaio de tração para os mesmos tempo de envelhecimento do ensaio chevron.
Como especificado anteriormente para a liga 2024-S2, os corpos de prova chevron apresen-
tam espessura B = 25 mm, porém, pode ser observado que esses valores não estão dentro
do limite mínimo estabelecido pela norma ASTM E1304, concluindo-se que nenhum valor
K𝐼𝑄 pôde se transformar em K𝐼𝐶 , tornando todos os ensaios inválidos, ou seja, mesmo
após aumentar a espessura de B = 15 mm (liga 2024-S1) para B = 25 mm (liga 2024-S2),
a espessura ainda foi insuficiente, necessitando de corpos de prova ainda mais robustos.

Tabela 8 – Tabela de validação do ensaio chevron para a liga 2024-S2

K𝐼𝑄
√ S𝑒𝑠𝑐 B𝑚𝑖𝑛
Liga W/B 𝑎0 /W 𝑌𝑚*
[MPa 𝑚] [MPa] [mm]
56,88 372,15
2EE 1,45 0,332 28,22 29,21
±2,56 ±10,03
73,541 251,02
201 1,45 0,332 28,22 107,30
±0,96 ±1,18
58,66 303,22
203 1,45 0,332 28,22 46,78
±2,41 ±2,78
55,54 368,67
205 1,45 0,332 28,22 28,38
±5,33 ±5,42
60,28 373,89
208 1,45 0,332 28,22 32,49
±2,27 ±8,68
62,34 372,47
212 1,45 0,332 28,22 35,02
±3,61 ±5,48
1
Os valores de tenacidade à fratura apresentados por esta condição (201) são tomados na verdade como
K𝑄 , tendo em vista que esses corpos de prova apresentaram desvio significativo do estado plano de
deformações, passando a fratura a se tornar uma mistura de modo I + modo II.
Capítulo 5. Resultados e discussão 112

A Figura 56 apresenta e resume a relação entre tenacidade à fratura e a espessura


para a liga 2024. Os valores de referência de K𝐼𝐶 foram retirados da norma ASTM E1304
para a liga na condição 2024-T351.

Figura 56 – Relação entre tenacidade à fratura e espessura para a liga 2024 com valores
de K𝐼𝐶 e espessura B estabelecidos pela ASTM E1304.

5.3.4 Critérios de validação do ensaio chevron para a liga 7075


Em relação a liga 7075, também foi feito essa análise, sendo os valores de B𝑚𝑖𝑛
apresentados pela Tabela 9. Todos os corpos de prova chevron ensaiados para essa liga
foram validados (𝐾𝐼𝑄 puderam ser transformados em 𝐾𝐼𝐶𝑗 1 ) porque essa liga atendeu a
todos os critérios como estabelecido pela metodologia e pelas referências. Assim como na
liga 2024-S2, os valores de escoamento apresentado na tabela são obtidos pela média de
dois valores válidos do ensaio de tração. A média dos valores de B𝑚𝑖𝑛 estão próximos de 5
mm, mostrando que para a liga 7075, mesmo em condições de subenvelhecimento, máximo
de resistência e superenvelhecimento, os corpos de prova podem ser bem pequenos.
1
O subíndice j junto de 𝐾𝐼𝐶𝑗 , apresenta que estes valores de tenacidade à fratura explicitam uma curva
que apresenta saltos de trinca conforme especifica a ASTM E1304, sendo seus valores obtidos pelo
tratamento de dados como descrito pela metodologia.
Capítulo 5. Resultados e discussão 113

Tabela 9 – Tabela de validação do ensaio chevron para a liga 7075

K𝐼𝑄
√ S𝑒𝑠𝑐 B𝑚𝑖𝑛
Liga W/B 𝑎0 /W 𝑌𝑚*
[MPa 𝑚] [MPa] [mm]
24,99
7EE 1,45 0,332 28,22 528,23 2,80
±2,80
30,59
708 1,45 0,332 28,22 527,61 4,20
±4,20
31,51
710 1,45 0,332 28,22 535,14 4,33
±4,34
30,57
712 1,45 0,332 28,22 532,785 4,11
±4,11
30,68
716 1,45 0,332 28,22 491,26 4,88
±4,88
32,08
724 1,45 0,332 28,22 497,25 5,20
±5,20

A Figura 57 apresenta e resume a relação entre tenacidade à fratura e a espessura


para a liga 7075. Os valores de referência de K𝐼𝐶 foram retirados da norma ASTM E1304
para a liga na condição 7075-T651.

Figura 57 – Relação entre tenacidade à fratura e espessura para a liga 7075 com valores
de K𝐼𝐶 e espessura B estabelecidos pela ASTM E1304.

5.3.5 Ensaio chevron da liga 2024


A Figura 58a apresenta as curvas representativas de alguns corpos de prova en-
saiados da liga 2024-S1. O desvio apresentado nas configurações de tratamento aqui re-
alizados, se deve ao fato de que o corpo não teve espessura suficiente para que o estado
plano de deformação estivesse predominante pós tratamentos, consequentemente, o ma-
terial foi submetido ao estado triaxial de deformação, não estando inserido no campo da
Capítulo 5. Resultados e discussão 114

Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE) e tornando o ensaio inválido. Além disso,
foi visto após os ensaios dos corpos de prova, uma deformação na direção Z (mesma di-
reção da espessura), novamente provando que a espessura B = 15 mm não foi suficiente
para validação do ensaio nessas condições de envelhecimento. Apesar disso, a condição de
entrega (2024-T351) apresentou uma fratura puramente modo I, e seu gráfico apresentou
semelhança com aquele encontrado na Figura 29c.

4000

3000
Força [N]

ga
tre

2000
en

h
h

h
10

24
8h
de

12

16
o

o
o
o

o
cid

cid
cid
d

cid

cid

1000
ta

lhe

lhe
lhe

lhe

lhe
Es

ve

ve
ve

ve

ve
en

en
en

en

en

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

Deslocamento [mm]

(a) (b)

13500

12000

10500

9000
Força [N]

7500
a

6000
eg

h
3h

5h
1h

8h
tr

12
en

4500
do

do
do

do

do
de

ci

ci
ci

ci

ci
e

e
e

3000
e
o

lh

lh
lh

lh

lh
ad

ve
ve

ve

ve

ve
st

en
en

en

en

1500
en
E

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

Deslocamento [mm]

(c) (d)

Figura 58 – Curvas obtidas pelo ensaio chevron força versus tempo para os diferentes
tempos de envelhecimento da liga 2024-S1 (a), (b) plano da trinca com desvio
fora dos limites que a ASTM E1304 especifica, curvas obtidas pelo ensaio
chevron força versus tempo para os diferentes tempos de envelhecimento da
liga 2024-S2 (c) e (d) plano de trinca dentro dos limites que a ASTM E1304
especifica.

Para a liga 2024-S2, que possui espessura B = 25 mm e tratamento a 190 ∘ C com


tempos variando de 1h, 3h, 5h, 8h e 12h, o plano da trinca esteve dentro dos limites es-
Capítulo 5. Resultados e discussão 115

tabelecidos para todas as condições, menos para a condição subenvelhecida. Observando


a Figura 58c, a curva que representa o corpo de prova de envelhecimento de 1h (curva
vermelha), nos fornece uma indicação que esse tempo de envelhecimento para esta tem-
peratura, produziu um grande desvio (devido ao grande valor de deslocamento), o que
de fato ocorreu com todos os três corpos de prova ensaiados nessa condição, que é a con-
dição subenvelhecida da liga 2024-S2. Isso nos comprova que, a liga 2024 em condições
subenvelhecida é bastante tenaz, visto que, para a liga 2024-S1, praticamente todas as
amostras estão em condições subenvelhecidas, comprovado pela sua baixa dureza quando
comparada à liga 2024-S2 (Figura 59) e que todos os corpos de prova sofreram grandes
desvios devido ao elevado grau de plasticidade durante o crescimento de trinca - fato que
ocorreu também na liga 2024-S2 (mesmo aumentando a espessura para B = 25mm) na
condição subenvelhecida de 1h, onde não se conseguiu validar o ensaio dos corpos de prova
nesta condição, resultado do grande desvio de plano de trinca, em consequência de seu
elevado grau de plasticidade.

160
Estado de entrega 2024-S1 (HV )
10

155 2024-S2 (HV )


15

150
145
140
135
Dureza HV

130
125
120
115
110
105
Solubilizada 480°C 2,5h

100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo de envelhecimento [h]

Figura 59 – Relação entre as durezas para as ligas 2024-S1 e 2024-S2.

Isso nos mostra que, o tratamento térmico realizado na liga 2024-S1 com espessura
B = 15 mm, tratamento de solubilização a 480 ∘ C e envelhecimento a 145 ∘ C, mesmo va-
riando o tempo em 8h, 10h, 12h, 16h e 24h, ocorreu uma tenacificação significativa nesta
liga, tornando a espessura B insuficiente para a predominância do estado plano de defor-
mação. Fato que também ocorreu na liga 2024-S2, em que mesmo aumentando a espessura
para B = 25 mm e alterando o tratamento (solubilização a 480 ∘ C e envelhecimento a 190

C por 1h), ambas fugiram dos moldes da mecânica da fratura linear elástica, portanto,
Capítulo 5. Resultados e discussão 116

não sendo válida a condição da relação:


)︂2
𝐾𝐼𝐶
(︂
𝐵 ≥ 1, 25 (5.2)
𝜎𝑌 𝑆

O gráfico mostrado na Figura 60 apresenta a relação tenacidade à fratura con-


dicional (K𝑄 ), dureza e tempo de envelhecimento a 190 ∘ C da liga 2024-S2. Pode ser
observada uma relação quase especular entre essas duas propriedades. Porém, como co-
mentado acima, o valor de tenacidade à fratura da condição subenvelhecida chamamos
de tenacidade à fratura condicional, ou 𝐾𝑄 , visto que o resultado não pode ser validado
devido ao desvio de plano de trinca que esteve fora dos limites estabelecidos pela norma
(ASTM E1304).

2024-S2
76 Estado de entrega 160
Tenacidade à fratura

74 Dureza 2024-S2

72 150
]
1/2

70
Tenacidade à fratura [MPa.(m)

68 140

66

15
130

Dureza HV
64
62
120
60
58 110
56
54 100
Solubilizada

52
Estado de entrega

50 90
0 2 4 6 8 10 12
Tempo de envelhecimento a 190 °C [h]

Figura 60 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento a 190



C para a liga 2024-S2.

A relação entre a tenacidade à fratura condicional (K𝑄 ) e o coeficiente de en-


cruamento da liga 2024-S2 está apresentado na Figura 61. A partir do gráfico pode ser
observado que o coeficiente de encruamento aumenta bastante na liga na condição de su-
benvelhecimento e vai diminuindo até a condição superenvelhecida. A relação entre essas
propriedades está ligada até valores próximos de 5h de envelhecimento, porém, a partir
desse tempo, enquanto a tenacidade à fratura tende a aumentar, esse coeficiente tende a
diminuir.
Capítulo 5. Resultados e discussão 117

Liga 2024-S2

76 0,28
Tenacidade à fratura (K )
Q
74
Coeficiente de encruamento
72 0,26

]
70

1/2
68 0,24

Coeficiente de encruamento
Tenacidade à fratura [MPa.(m)
66

64 0,22

62

60 0,20

58

56 0,18

54

52 0,16

50

48 Estado de entrega 0,14

46

44 0,12

42

40 0,10

38

0 2 4 6 8 10 12

Tempo de envelhecimento a 190 °C [h]

Figura 61 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento a 190



C para a liga 2024-S2.

O gráfico da Figura 62 apresenta algo interessante a ser discutido quando se fala


da relação entre tenacidade a fratura e tenacidade obtida após o ensaio de tração. Pelos
moldes mais clássicos, quando se tem um alto valor de tenacidade, a princípio, a tena-
cidade à fratura também deveria ser mais alta. Isso não é tão verdadeiro para as ligas
de alumínio em condições de superenvelhecimento e materiais que possuem matriz mais
dúctil, pois, nestas condições, os precipitados secundários aumentaram de tamanho de-
vido aos longos tempo de envelhecimento, causando uma diminuição de átomos de soluto
na matriz adjacente, tornando-a mais dúctil. Com isso, apesar do crescimento de trinca
ser facilitado nos precipitados, a matriz mais dúctil promove um ”freio” maior para o
crescimento de trinca, elevando o valor de tenacidade. Isso explica porque a tenacidade
nas condições de superenvelhecimento diminuiu, mas a tenacidade à fratura tendeu a um
crescimento.
Capítulo 5. Resultados e discussão 118

Liga 2024-S2

76
74
Tenacidade à fratura (K
IQ
)
140
72 Tenacidade

130
70

]
1/2
68 120

Tenacidade à fratura [MPa.(m)


66
110

Tenacidade [MJ/m³]
64
62 100
60
58 90
56
54 80
Estado de entrega
52 70
50
48 60
46
50
44
42 40
40
0 2 4 6 8 10 12
Tempo de envelhecimento a 190 °C [h]

Figura 62 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento a 190



C para a liga 2024-S2.

5.3.6 Ensaio chevron da liga 7075


A Figura 63 apresenta curvas representativas, obtidas após o ensaio de tenacidade
à fratura para o estado de entrega e as ligas envelhecidas da liga 7075. Todas as amostras
fraturaram no plano de espessura do entalhe sem qualquer desvio, sendo validados todos
os corpos de prova ensaiados. Pode ser observado que essas curvas são equivalentes àquelas
encontradas na Figura 29b, resultando de uma carga peculiar na forma da curva para o
crescimento de trinca. Essa carga máxima deve ser considerada, visto que ela é resultado
de tensões residuais devido a confecção dos corpos de prova, tratamentos térmicos, tipo
do entalhe e usinagem (WU, 1984; ASTM, 2014), o que promove uma superavaliação dos
valores de tenacidade à fratura (SAKAI; BRADT, 1993). Morrison e Karisallen (MORRI-
SON; KARISALLEN, 1992), obteram resultados bastante parecidos, onde suas amostras
falharam abruptamente na carga máxima com pouco ou até nenhum crescimento estável
de trinca.
Uma hipótese que pode ser levantada a respeito do ”serrilhado” mais significativo
nessas ligas, é que, sabendo que os corpos de prova foram retirados na direção L-T da
chapa (perpendicular à direção de laminação), a trinca ora percorre uma matriz tenaz
(elevando a força) ora encontra uma quantidade com regiões mais largas e mais frágeis
como precipitados maiores. Isso está mostrado na Figura 64b, em que os precipitados
da liga 7075 estão distribuídos de forma que sua ”largura útil” é maior, provocando um
salto de trinca maior, resultando no gráfico da Figura 63. Observando a Figura 64a, esses
precipitados da liga 2024 estão distribuídos de forma mais distante um dos outros em
Capítulo 5. Resultados e discussão 119

3500

3000

2500

2000
Força [N]

a
1500
eg

h
h

h
h

24
8h

10

16
tr

12
en

do
do

do

do
do
1000
de

ci
ci

ci

ci
ci

e
e

e
e
o

lh
lh

lh

lh
lh
ad

ve
ve

ve

ve
ve
500
st

en
en

en

en
en
E

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75

Deslocamento [mm]

Figura 63 – Curvas obtidas pelo ensaio chevron força versus tempo para os diferentes
tempos de envelhecimento da liga 7075.

relação ao crescimento de trinca ao longo da linha esquematicamente representada, o que


gera curvas mais ”suaves”, ou seja, apresentam saltos de trinca menores (Figura 58a).

(a) liga 2024 no estado de entrega (b) liga 7075 no estado de entrega

Figura 64 – Micrografias obtidas por microscopia óptica da superfície de laminação das


placas da liga 2024 (a) e 7075 (b).

O gráfico da Figura 65 mostra a relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo


de envelhecimento para a liga 7075. Apesar dos valores de dureza sofrerem variações
entre os tempos de 8h, 10h 12h, 16h e 24h, não aconteceram mudanças significativas nos
valores de tenacidade à fratura nestas condições, em que os valores variaram entre 31 e
√ √
32 MPa 𝑚 com desvio médio de ±2 MPa 𝑚. Porém, um fato que chama atenção nessa
Capítulo 5. Resultados e discussão 120

gráfico é que, mesmo a dureza variando significativamente entre alguns desses tempos
de envelhecimento, a tenacidade à fratura não experimentou grandes mudanças. Pode-se
concluir que, para essa liga, nesses tempos de tratamento com temperatura de 145∘ C, não
há influencia significativa na tenacidade à fratura.

Liga 7075
36 Tenacidade à fratura 220
Dureza HV 7075
10

34 215
]

210
1/2

32
Tenacidade à fratura [MPa.(m)

205
30
200

10
28

Dureza HV
195

26 190
185
24 Estado de entrega

180
22
175
20 170
18 165
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo de envelhecimento a 145 °C

Figura 65 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza HV e tempo de envelhecimento


da liga 7075.

A relação entre a tenacidade à fratura (K𝐼𝐶𝑉 ) e o coeficiente de encruamento da


liga 7075 está apresentado na Figura 66. A princípio, essas propriedades deveriam estar
relacionadas de forma mais direta, porém pode ser visto que para a condição de 10h (ponto
antes do máximo de resistência) e na condição de superenvelhecimento essa relação não
está diretamente ligada.
Capítulo 5. Resultados e discussão 121

Liga 7075
36
Tenacidade à fratura
0,100
Coeficiente de encruamento

34

]
0,096

1/2
Tenacidade à fratura [MPa.(m)

Coeficiente de encruamento
32
0,092

30
0,088

28
0,084

26
0,080

24
0,076
Estado de entrega

22 0,072

20 0,068

18 0,064

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Tempo de envelhecimento a 145 °C

Figura 66 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento a 190



C para a liga 7075.

Como discutido anteriormente para a liga 2024-S2, que mostra a relação entre
tenacidade à fratura e a tenacidade obtida pelo ensaio de tração, os precipitados secun-
dários aumentaram de tamanho devido aos longos tempos de envelhecimento, causando
uma diminuição de átomos de soluto na matriz adjacente, tornando-a mais dúctil. Com
a matriz mais dúctil ocorre um ”freamento” no crescimento de trinca, elevando o valor
de tenacidade. Aqui este efeito pode ser visualizado de forma mais pronunciada, em que
a razão tenacidade/tenacidade à fratura está, em termos valores numéricos, em torno de
2,6 para 24h, enquanto que para a 2024-S2 está em torno de 1,4 (quase metade) para 12h.
Capítulo 5. Resultados e discussão 122

Liga 7075
36
Tenacidade à fratura

Tenacidade
90
34

]
80

1/2
32

Tenacidade à fratura [MPa.(m)


70

Tenacidade [MJ/m³]
30
60
28
50
26

24 Estado de entrega
40

22 30

20 20

18 10
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Tempo de envelhecimento a 145 °C

Figura 67 – Relação entre tenacidade à fratura, dureza e tempo de envelhecimento a 190



C para a liga 2024-S2.

5.3.7 Caracterização das superfícies de fratura - 2024


A Figura 68 apresenta a comparação das superfícies de fratura da liga 2024-S1 na
condição de estado de entrega (a), envelhecidas por 8h (b) e 24h (c), com temperatura de
envelhecimento de 145 ∘ C. Em todas as superfícies, as amostras apresentaram dimples de
tamanho pequeno a médio, e, em algumas regiões, fratura pelo mecanismo de clivagem
dos precipitados maiores, indicando que a fratura se estende por uma mistura desses dois
micromecanismos. Em relação ao estado de entrega mostrado na Figura 68a, a liga está
mais dura quando comparada aos demais tempos de envelhecimento de 8h, 10h, 12h,
16h e 24h. Com isso, pode ser observado regiões mais planas e menos rugosas quando
comparadas com as Figuras 68b e c, indicando que esses materiais, nessas configurações,
são mais duros e consequentemente menos tenazes para estes tempos e temperaturas
de tratamento. Em relação à microestrutura apresentada na Figura 68b, há formação
de dimples em praticamente em toda a superfície, caracterizando um material que se
deformou bastante, inclusive apresentando micromecanismo de clivagem em uma partícula
mais grosseira (canto esquerdo inferior da imagem). Em relação à micrografia apresentada
na Figura 68c, há ocorrência de pequenas ramificações na direção perpendicular ao plano
de trinca. Acredita-se que esse desvio é resultado de um campo de deformação plástica
a frente da trinca muito elevado, fazendo com que alguma heterogeneidade no material
faça a trinca desviar-se do plano esperado.
A Figura 69 mostra as superfícies de fratura para as condições de estado de en-
trega (a), subenvelhecida (b), máximo de dureza (c) e superenvelhecida (12h). Em todas
Capítulo 5. Resultados e discussão 123

(a) Estado de entrega (b) Envelhecida 8h

(c) Envelhecida 24h

Figura 68 – Comparação das superfícies de fratura da liga 2024-S1 obtidas por MEV do
estado de entrega (a), envelhecida 8h (b) e envelhecida 24h (c).

as superfícies, pode ser visto uma mistura de fratura por dimples e algumas fraturas por
clivagem dos precipitados maiores, sejam estes com o aspecto mais rugoso ou mais liso.
As superfícies mostradas nas Figuras 69a e c, apresentam algumas similaridades, visto
que ambas possuem algumas regiões mais planas e menos rugosas quando comparadas
com as Figuras 69b e d, indicando que esses materiais, nessas configurações, são mais
duros e consequentemente menos tenazes. Isso pode ser comprovado pelo gráfico da Fi-
gura 60, em que pode ser encontrado valores de tenacidade e dureza bastante próximos.
Para as condições subenvelhecida (b) e superenvelhecida (d), estas apresentaram regiões
com grande quantidade de dimples, tornando a superfície com um aspecto mais rugoso,
indicando uma característica de material dúctil.
Capítulo 5. Resultados e discussão 124

(a) Estado de entrega (b) Subenvelhecida (1h)

(c) Máximo de dureza (3h) (d) Superenvelhecida (12h)

Figura 69 – Comparação das superfícies de fratura da liga 2024-S2 obtidas por MEV do
estado de entrega (a), subenvelhecida (1h) (b), máximo de dureza (3h) (c) e
superenvelhecida (12h) (d).

5.3.8 Caracterização das superfícies de fratura - 7075


Como pode ser visto na Figura 70, no geral, as amostras apresentam pequenos
dimples, e, em algumas regiões, fratura pelo mecanismo de clivagem dos precipitados
mais facetados, indicando que a fratura se estende por uma mistura desses dois micro-
mecanismos. Partículas maiores que não são clivadas apresentam um campo de deforma-
ção plástica bastante significativo ao redor dessas partículas. Em menor escala, pequenos
dimples são formados, mas ao contrário da liga 2024, estes não se estendem tão significati-
vamente quanto observado pela liga 2024-S1 (Figura 68) e 2024-S2 (Figura 69), indicando
um comportamento mais frágil dessas ligas. Isso pode ser comprovado pelo fato de que,
o valor de tenacidade à fratura e dureza dessa liga, é menor e maior, respectivamente,
quando comparado com a liga 2024.
Capítulo 5. Resultados e discussão 125

Kaçar e Güleryüz (KAÇAR; GÜLERYÜZ, 2015), obtiveram resultados parecidos


em relação a mistura de fratura apresentando dimples e clivagem de partículas maiores
a partir da superfície de fratura de corpos de prova solubilizados a 480∘ C e envelhecidos
a 145 ∘ C por 10h e 12h ensaiados por tração. Um resultado interessante apresentados
pelo trabalho supracitado, é que só se pôde distinguir uma fratura mais rugosa, típica de
materiais mais dúcteis, com dimples mais distribuídos na superfície, quando as amostras
foram envelhecidas na mesma temperatura, porém com um tempo de envelhecimento de
96h.

(a) Estado de entrega (b) Subenvelhecida (8h)

(c) Máximo de dureza (12h) (d) Superenvelhecida (12h)

Figura 70 – Comparação das superfícies de fratura da liga 7075 obtidas por MEV do
estado de entrega (a), subenvelhecida (8h) (b), máximo de dureza (12h) (c)
e superenvelhecida (24h) (d).

Diante dos resultados, o próximo capítulo apresenta as Conclusões do trabalho.


126

Conclusões

Diante dos resultados obtidos neste trabalho as seguintes conclusões podem ser
apresentadas:
1) Em relação à caracterização microestrutural das ligas estudas pode-se concluir que:
Tanto para a liga 2024 quanto para a liga 7075, as técnicas de caracterização micro-
estrutural utilizadas neste trabalho não permitiram estabelecer com mais profundidade
características microestruturais mais peculiares e presentes nas diferentes condições de
tratamentos térmicos, especialmente no caso das precipitações secundárias.
Qualitativamente pode se afirmar que a liga 2024 apresenta uma estrutura carac-
terizada por menor fração volumétrica de intermetálicos primários insolúveis e um ban-
deamento mais grosseiro que a liga 7075. Esta diferença obviamente decorre da diferença
químicas entre os respectivos sistemas e do fato de as duas ligas terem sido fornecidas em
diferentes graus de laminação a quente, estando a liga 2024 com menor grau de redução
(espessura de 38 mm) em comparação com a liga 7075 (espessura de 26 mm).
2) Em relação aos ensaios de tenacidade à fratura, pode se concluir que:
2.1) Liga 2024
No caso da liga 2024, tanto para a Série 1 quanto para a Série 2, os resultados
de tenacidade à fratura não atendem aos requisitos da norma ASTM E 1304 e nem aos
fundamentos da Mecânica da Fratura Elástico-Linear em condições de deformação plana,
uma vez que os critérios de validação dos ensaios relativos ao modo de carregamento e
valor da espessura crítica (B𝑚𝑖𝑛 ) não foram atendidos.
Tanto na Série 1 quanto na Série 2 verifica-se a ocorrência de modo de carrega-
mento misto I + II, com elevado desvio da planicidade da superfície de fratura, mesmo
aumentando-se o valor de espessura de B = 15 mm para B = 25 mm. No caso específico
da Série 2, verificou-se ainda que as dimensões dos corpos de prova utilizados estão aquém
do valor mínimo de B𝑚𝑖𝑛 , estando portanto as amostras ensaiadas em condições de estado
plano de tensões e não, como esperado em condições de estado plano de deformações. Os
desvios da linearidade elástica foram tanto mais elevados para as amostras nas condições
de subenvelhecimento, o que indica eleva tenacidade do material nestas condições.
Os valores mais baixos de tenacidade à fratura se deram no estado de entrega
(2024-T351) e em 5h de envelhecimento por 190 ∘ C, apesar da liga envelhecida não apre-
sentar máxima dureza neste tempo e sim em 3h. O maior valor de tenacidade à fratura

(condicional) encontrado foi de 73,5 MPa 𝑚, para a condição subenvelhecida (1h) com
a ressalva de que o ensaio não foi válido devido ao grande desvio de trinca fugindo dos
Capítulo 5. Resultados e discussão 127

limites da MFLE.
2.2) Liga 7075
Em relação à liga 7075, a tenacidade à fratura do material não apresentou signi-
ficativa variação com o tempo de envelhecimento variando entre 8h, 10h, 12h, 16h e 24h
para a temperatura de 145 ∘ C mesmo tendo a dureza sofrido algumas variações significa-
tivas. Adicionalmente, esses valores apesar de pouco variantes, são bem maiores quando
comparados com o estado de entrega dessa liga (7075-T651).
3) Em relação aos micromecanismos de fratura pode-se concluir que:
De maneira geral, as superfícies de fraturas obtidas nos ensaios de tenacidade à
fratura das amostras tanto das ligas 2024 e 7075, nas diferentes condições de tratamentos
térmicos, apresentaram a presença dos dimples clássicos, em muitos casos associados à
clivagem dos precipitados mais grosseiros. Qualitativamente, o tamanho médio e a dis-
tribuição dos dimples variaram de acordo com o grau de envelhecimento: no caso das
amostras subenvelhecidas, mais tenazes, estes dimples se mostraram mais refinados e em
maiores quantidades, enquanto no caso das amostras superenvelhecidas, dimples maiores,
associados a partículas maiores inerentes ao tratamento.
No caso da liga 2024 os dimples se mostraram mais uniformemente distribuídos e
mais arredondados. No caso da liga 7075, os dimples se mostraram mais heterogêneos e se
verifica ainda a presenta de pequenos lábios de cisalhamento, aparentemente orientados
em relação à direção de laminação.
4) Em relação aos ensaios de tração:
4.1) Liga 2024
A liga 2024 apresentou um comportamento sob tração bastante dependente das
condições de envelhecimento. As amostras subenvelhecidas apresentaram indícios do fenô-
meno da precipitação dinâmica e maior tenacidade, ductilidade (maior redução de área e
maior deformação no instante da fratura) e coeficiente de encruamento. A identificação da
ocorrência da precipitação dinâmica nessas ligas abre boa perspectiva para a investigação
do fenômeno do autorreparo nas condições de subenvelhecimento.
No caso das ligas superenvelhecidas, verifica-se uma redução na ductilidade, na
tenacidade e no coeficiente de encruamento, em que pese os valores mais baixos de dureza.
Este fenômeno pode estar associado ao engrossamento dos precipitados com o tempo de
envelhecimento, o que facilita a nucleação de dimples e, por consequência a nucleação de
trincas, reduzindo a capacidade do material em absorver energia de deformação.
Os resultados de tração para a liga 2024 estão, de maneira geral coerentes com
os resultados de tenacidade à fratura, uma vez que as ligas na condição subenvelhecida
apresentaram-se mais tenazes tanto sob tração quanto na presença de trincas.
Capítulo 5. Resultados e discussão 128

4.2) Liga 7075


Diferentemente da liga 2024, os ensaios de tração na liga 7075, nas diferentes
condições de tratamentos térmicos, não apresentaram indícios de precipitação dinâmica.
Além disso, verifica-se que ocorreu pouca variação no comportamento mecânico
no limite de resistência à tração, na tenacidade, no coeficiente de encruamento e na duc-
tilidade das amostras nos tempos de envelhecimento 8h, 10h (subenvelhecimento), 12h,
16h e 24h (superenvelhecimento).
Desta forma, a liga 7075 apresentou um comportamento sob tração que não apre-
senta uma boa correlação com aquele verificado nos ensaios de tenacidade à fratura.
129

Sugestões para trabalhos futuros

Em função dos resultados obtidos neste trabalho bem como das dificuldades enfren-
tadas no mesmo, sugere-se como investigações em trabalhos futuros os seguintes temas:
1) Caracterização, através de técnicas analíticas com maior poder de resolução,
dos aspectos microestruturais das fases intermetálicas presentes nas ligas 2024 e 7075,
submetidas aos ciclos térmicos propostos neste trabalho, como o tamanho, a distribuição,
morfologia e composição química.
2) Caracterizar a tenacidade à fratura da liga 2024 utilizando corpos de prova
chevron de maiores dimensões e/ou utilizando as técnicas da mecânica da fratura elasto-
plástica (integral J e/ou CTOD).
3) Caracterização das propriedades mecânicas em outras orientações em relação à
direção de laminação, de forma a estabelecer a influência da anisotropia sob a resposta
à tração, à fratura e em relação a eventual precipitação dinâmica, de amostras ensaiadas
nas condições executadas no trabalho que ora se encerra e em outros ciclos térmicos
alternativos.
4) Avaliar a resposta em fadiga, seja através de curvas S-N, seja através de curvas
de Paris (da/dN), de amostras ensaiadas nas condições executadas no trabalho que ora
se encerra e em outros ciclos térmicos alternativos, de forma a avaliar a efetividade da
ocorrência do proposto fenômeno do autorreparo (self healing).
5) Avaliar a resposta em condições de corrosão sob tensão de amostras ensaiadas
nas condições executadas no trabalho que ora se encerra e em outros ciclos térmicos
alternativos, de forma a contribuir para controvérsia em torno da dualidade tenacificação
x perda de resistência à CST em ligas de alumínio.
130

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