Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
MÓDULO 01 – Aspectos gerais sobre políticas públicas
Conversa Inicial
Este primeiro módulo é voltado para o estudo dos aspectos gerais sobre políticas
públicas. Nosso objetivo é situá-lo sobre as questões gerais que envolvem o tema
relacionado com políticas públicas. Nossa jornada terá início com a conceituação,
especificação dos objetivos, análise da aplicabilidade prática das políticas públicas e, por
fim, identificar as espécies de políticas públicas que o sistema social brasileiro dispõe.
Diante do proposto, dediquemo-nos com entusiasmo aos estudos!
Sucesso!
1 INTRODUÇÃO
A discussão acerca das políticas públicas tomou nas últimas décadas uma
dimensão muito ampla, haja vista o avanço das condições democráticas em todos os
recantos do mundo e a gama de arranjos institucionais de governos, que se tornou
necessário para se fazer a governabilidade. Entende-se por governabilidade as condições
adequadas para que os governos se mantenham estáveis. São essas condições
adequadas, enquanto atitudes de governos (sejam eles de âmbito nacional,
regional/estadual ou municipal), que caracterizam as políticas públicas (OLIVEIRA 2010).
As políticas públicas são ações e programas desenvolvidos pelo Estado com o
objeto de garantir o desenvolvimento da população e, portanto, consolidar os elementos
normativos previstos na Constituição Federal.
A análise das políticas públicas tem como objeto de estudo as decisões políticas e
os programas de ação dos governos, interrogando-se sobre a génese dos problemas que
tais decisões procuram resolver, sobre as soluções formuladas e as condições da sua
implementação (ARAÚJO et al 2018).
Nesse estudo será possível analisar o conceito de políticas públicas e ainda,
identificar as espécies e a função social das políticas públicas bem como o funcionamento,
no sentido de compreender a validade das políticas públicas e ainda, as consequências
para o Estado democrático de direito e toda a sua população.
Para que seja possível entender o funcionamento das políticas públicas, se torna de
substancial importância compreender a função social do Estado, no sentido de observar o
Estado como instrumento essencial para a concretização de novos direitos.
Nesse sentido, o que pode ser observado, portanto, é tão-somente a possibilidade
de reconhecer que o Estado democrático de direito deve desenvolver atividades essenciais
que estabeleçam regras fundamentais para o bem estar da população, ou seja, o estado
de bem estar social, que pode ser observado não apenas na Constituição Federal, mas
também em normas de caráter internacional, como é o caso da declaração de direito ao
desenvolvimento.
Por isso, o Estado deve suprir as necessidades da sua população, não podendo,
portanto, se omitir em políticas que motivem o desenvolvimento em suas variadas
vertentes e, portanto, pode se utilizar de mecanismos que são essenciais para atingir o
objeto do welfare state, tanto no nível nacional como no internacional.
Sendo assim, observa-se que o verdadeiro desenvolvimento consiste em um
processo econômico, social, cultural e político abrangente, que visa o constante
incremento do bem-estar de toda a população e de todos os indivíduos, com base em sua
participação ativa, livre e significativa no desenvolvimento e na distribuição justa dos
benefícios daí resultantes (MELO 2016).
Dessa maneira, torna-se compreensível aceitar, a partir da perspectiva de Amartya
Sen, que os indivíduos devem ser considerados para além de beneficiários do bem estar
social, nomeadamente, agentes desse processo de desenvolvimento, visto que o
desenvolvimento centrado na liberdade é, em grande medida, um processo orientado para
os agentes ativos e não mais para os agentes passivos de tal processo (LEAL 2014).
Portanto, deve ser considerado que o desenvolvimento de um país está
essencialmente ligado às oportunidades que ele oferece à população de fazer escolhas e
de exercer a cidadania (MELO 2016).
No entanto, para evitar uma sobrecarga do sistema político de cada país, é de
extrema importância evidenciar que o governo de cada Estado soberano não pode arcar
sozinho com a responsabilidade do desenvolvimento socioeconômico, por isso depende
também da participação de seus nacionais (MELO 2016).
Sendo assim, Amartya Sem (2009) observa que as capacidades públicas e as
pessoais são essenciais para a efetivação do desenvolvimento, pois a direção das políticas
públicas seria influenciada pelo uso efetivo das capacidades participativas do povo.
Por isso, atribuir os trabalhos essencialmente ao corpo político do país seria
realmente aceitar uma população inerte, situação que, de fato, não é interessante, pois
população inerte, que apenas espera ações políticas assistencialistas do governo, pode
incorrer numa dificuldade de interação com o sistema estatal e, consequentemente, irá
prejudicar o funcionamento do estado social de Direito. Situação que impedirá, inclusive no
estabelecimento de relações políticas, jurídicas e econômicas, no âmbito internacional
(MELO 2016).
Assim, para que o Estado funcione de maneira adequada, deve haver a interação
entre os atores, nomeadamente, população e governo, pois não há população que
sobreviva caso não existam políticas de amparo e motivação à população e, ainda, não há
governo que resista uma população que não contribua intelectualmente ou
operacionalmente para o funcionamento do sistema.
Por isso, o desenvolvimento de um país está essencialmente ligado às
oportunidades que ele oferece à população de fazer escolhas e de exercer a cidadania
(LEAL 2014). Essas questões, ora mencionadas, são, na verdade, políticas públicas que
decorrem de estudos e projetos governamentais no sentido de atingir o estado de bem
estar social (MELO 2016).
A discussão acerca das políticas públicas tomou nas últimas décadas uma
dimensão muito ampla, haja vista o avanço das condições democráticas em todos os
recantos do mundo e a gama de arranjos institucionais de governos, que se tornou
necessário para se fazer a governabilidade. Entende-se por governabilidade as condições
adequadas para que os governos se mantenham estáveis. São essas condições
adequadas, enquanto atitudes de governos (sejam eles de âmbito nacional,
regional/estadual ou municipal), que caracterizam as políticas públicas (OLIVEIRA 2010).
Nesse sentido, o conceito de políticas públicas pode ser compreendido, de acordo
com Souza (2003) como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar
o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário,
propor mudanças no rumo ou curso dessas ações e ou entender por que o como as ações
tomaram certo rumo em lugar de outro (variável dependente). Em outras palavras, o
processo de formulação de política pública é aquele através do qual os governos traduzem
seus propósitos em programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças
desejadas no mundo real.
E ainda, no que tange ao conceito de políticas públicas, torna-se oportuno observar
o seguinte pensamento de Oliveira (2010):
Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas
pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou
privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou
para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas
públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se
afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes
públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens
materiais ou imateriais (OLIVEIRA 2010 PG. 94).
A análise das políticas públicas tem como objeto de estudo as decisões políticas e
os programas de ação dos governos, interrogando-se sobre a génese dos problemas que
tais decisões procuram resolver, sobre as soluções formuladas e as condições da sua
implementação (ARAÚJO et al 2018).
As políticas públicas, enquanto objeto de estudo, configuram, em primeiro lugar,
processos complexos e multidimensionais que se desenvolvem em múltiplos níveis de
ação e de decisão — local, regional, nacional e transnacional. Em segundo lugar,
envolvem diferentes atores — governantes, legisladores, eleitores, administração pública,
grupos de interesse, públicos-a+lvo e organismos transnacionais —, que agem em quadros
institucionais e em contextos geográficos e políticos específicos, visando a resolução de
problemas públicos, mas também a distribuição de poder e de recursos (ARAÚJO et al
2018).
Dessa maneira, observa-se, portanto, que a estruturação de um sistema de políticas
públicas decorre de estudos essenciais que possuem contornos multidisciplinar, ou seja,
para além de questões sociais, devem ser analisados os elementos econômicos,
históricos, psicológicos e ainda, os costumeiros e legais.
Nesse sentido, Araújo e Rodrigues (2017 p.11) observa que a estruturação das
políticas públicas define um campo de estudos específico pluridisciplinar e abre espaço ao
desenvolvimento de teorias de médio alcance, modelos, mapas, metáforas e conceitos
próprios, que permitem explicar e pensar as políticas públicas, permitem compreender os
modos e as regras gerais de funcionamento da ação pública e analisar as suas
continuidades e rupturas, bem como os processos e as determinantes do seu
desenvolvimento, e identificar a multiplicidade de fatores e forças que formam os
processos reais das políticas públicas.
O seu objetivo não é explicar o funcionamento do sistema político, mas a lógica da
ação pública, as continuidades e rupturas nas políticas públicas, as regras do seu
funcionamento, a afetação de recursos e o papel e os modos de interação de atores e
instituições nos processos políticos de etapas pelas quais uma política pública passa até
que seja colocada em prática é chamado de ciclo de políticas públicas (Araújo et al 2017).
Dessa maneira, para que uma política pública seja devidamente estruturada, faz-se
necessário observar algumas etapas e, caso haja o esquecimento técnico de algumas das
fases, a probabilidade de que a estruturação da política pública seja infrutífera é bastante
acentuada, a saber:
1. Fato social: seria apenas a identificação do problema no que tange a execução dos
elementos essenciais para consecução do direito ao desenvolvimento objeto
essencial do estado democrático de direito. O fato social remete a uma conjuntura
real dos elementos deficitários presente no funcionamento do Estado e, por isso,
torna capaz de gerar inadequações no sistema social que podem vir a suprir as
necessidades básicas da sociedade, tais como, acesso à saúde, educação,
segurança, lazer, meio ambiente economicamente equilibrado, acesso à justiça,
igualdade, ou seja, elementos que baseiam os direitos fundamentais da pessoa
humana.
2. Identificação das prioridades: sabendo que o Estado democrático de direito tem por
prioridade suprir as necessidades da população (nesse contexto, devemos incluir os
nacionais e estrangeiros alocados em determinado território), deve-se ter por base o
equacionamento das necessidades e prioridades no intuito do observar qual a
dinâmica e estratégia que devem ser utilizadas para que o estado de bem estar
social seja efetivado. Não deve ser colocado em discussão, de forma nenhuma, a
possibilidade de um problema não ser solucionado a partir da identificação do fato
social que surge em razão das deficiências na atuação estatal, mas será priorizado
aqueles atos que exigem necessidade emergencial.
5. Validade: uma política pública não tem tempo estipulado de existência. Dessa
maneira, as políticas públicas podem existir enquanto o problema que deu origem a
criação das políticas público tenha deixado de existir, se, por acaso, as medidas
encontradas para a aplicação das medidas não tiverem sido adequadas e, portanto,
os efeitos sociais não foram os esperados pelo órgão público executor da medida,
mesmo que o fato social que deu origem às medidas não tenham deixado de existir.
As diferenças nas políticas públicas são explicadas pelas diferenças nas instituições
do estado e pelas diferenças do funcionamento do sistema político. O processo político de
tomada de decisão e de iniciativa é entendido, neste quadro, como uma “caixa negra”
(OLIVEIRA 2013).
Desenvolvendo a leitura de Lowi (1966), Azevedo (2003) apontou a existência de
três tipos de políticas públicas: as redistributivas, as distributivas e as regulatórias. As
políticas públicas redistributivas consistem em redistribuição de “renda na forma de
recursos e/ou de financiamento de equipamentos e serviços públicos” (Azevedo, 2003, p.
38)
As políticas públicas no Brasil são divididas em duas linhas, a primeira é aquela que
está prevista em legislação específica e a segunda a que não se encontra em legislação
específica.
Importa ressaltar que existem um número significativo de políticas públicas em pleno
funcionamento no Brasil e, pela impossibilidade de analisar todas será disponibilizada, à
seguir, algumas políticas públicas implementadas no Brasil que se encontram ainda em
vigor, como forma de resolução de problemas sociais identificados a partir de estudos
específicos desenvolvidos com a população.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ALMEIDA, Laryssa Mayara Alves de; SILVA, Luciano do Nascimento. Políticas públicas e o
combate ao tráfico de pessoas para fim de exploração sexual no Brasil. Disponível em:
Acesso em: 03 maio. 2018.
ARAÚJO, Luísa; Maria de Lurdes Rodrigues, « Modelos de análise das políticas
públicas », Sociologia, Problemas e Práticas [Online], 83 | 2017, posto online no dia 06
fevereiro 2017, consultado no dia 03 maio 2018. URL :
http://journals.openedition.org/spp/2662;
BRASIL. Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres. Disponível
em: http://www.spm.gov.br/sobre/publicacoes/publicacoes/2011/politica-nacional. Acesso
em 05 de maio de 2018.
LEAL, R. G.; RIBEIRO, D. M. A titularidade do Direito ao desenvolvimento e sua afirmação
como Direitos Humanos fundamentaisPrisma Jur., São Paulo, v. 13, n. 1, p. 141-166,
jan./jun. 2014. Disponível em: http://www.redalyc.org/pdf/934/93431846006.pdf. Acesso em
14 de julho de 2016.Página 152 e ss.
MELO, Milena Barbosa de. O direito ao desenvolvimento nos países que compõem os
BRICS. 2016. Coimbra. Portugal.
NASCIMENTO, Ana Lorena et al. POLÍTICAS SOCIAIS E ASSISTÊNCIA SOCIAL.
Disponível em: file:///C:/Users/milen/Desktop/FCE/319-2004-1-PB.pdf. Acesso em 05 de
maio de 2018.
OLIVEIRA, Adão Francisco de. POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: conceito e
contextualização numa perspectiva didática. In: “Fronteiras da Educação: desigualdades,
tecnologias e políticas”, organizado por Adão F. de Oliveira, Alex Pizzio e George França,
Editora da PUC Goiás, 2010, páginas 93-99.
SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. .
São Paulo: Cengage Learning, 2013.
SEN, Amartya. O desenvolvimento como liberdade. São Paulo. Companhia das Letras.
2009, Página 33.
SOUZA, Lincoln Moraes de . Comentando a classificação das políticas públicas. Cronos,
Natal-RN, v.11,n.3,161, jul/ago. 2011.
LEITURA COMPLEMENTAR:
1 http://www.scielo.br/pdf/soc/n16/a03n16
2 http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/view/3164
SUGESTÃO DE VÍDEO: