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SISTEMA ARTICULAR

Ezequiel Rubinstein

Márcio A. Cardoso

Articulação ou juntura é a conexão entre duas ou mais peças esqueléticas (ossos ou


cartilagens). Essas uniões não só colocam as peças do esqueleto em contato, como
também permitem que o crescimento ósseo ocorra e que certas partes do esqueleto
mudem de forma durante o parto. Além disto, capacitam que partes do corpo se
movimentem em resposta a contração muscular.

Embora apresentem consideráveis variações entre elas, as articulações possuem certos


aspectos estruturais e funcionais em comum que permitem classificá-las em três grandes
grupos: fibrosas, cartilaginosas e sinoviais. O critério para esta divisão é o da natureza
do elemento que se interpõe às peças que se articulam.

Articulações fibrosas

As articulações nas quais o elemento que se interpõe às peças que se articulam é o


tecido conjuntivo fibroso são ditas fibrosas (ou sinartroses). O grau de mobilidade delas,
sempre pequeno, depende do comprimento das fibras interpostas. Existem três tipos de
articulações fibrosas: sutura, sindesmose e gonfose.

As suturas, que são encontradas somente entre os ossos do crânio, são formadas por
várias camadas fibrosas, sendo a união suficientemente íntima de modo a limitar
intensamente os movimentos, embora confiram uma certa elasticidade ao crânio. A
maneira pela qual as bordas dos ossos articulados entram em contato é variável,
reconhecendo-se suturas planas (união linear retilínea ou aproximadamente retilínea),
suturas escamosas (união em bisel) e suturas serreadas (união em linha “denteada”). No
crânio, a articulação entre os ossos nasais é uma sutura plana; entre os parietais, sutura
denteada; entre o parietal e o temporal, escamosa.

No crânio do feto e recém-nascido, onde a ossificação ainda é incompleta, a quantidade


de tecido conjuntivo fibroso interposto é muito maior, explicando a grande separação
entre os ossos e uma maior mobilidade. Estas áreas fibrosas são denominadas fontículos

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(ou fontanelas). São elas que permitem, no momento do parto, uma redução bastante
apreciável do volume da cabeça fetal pela sobreposição dos ossos do crânio. Esta
redução de volume facilita a expulsão do feto para o meio exterior.

Na idade avançada pode ocorrer ossificação do tecido interposto (sinostose), fazendo


com que as suturas, pouco a pouco, desapareçam e, com elas, a elasticidade do crânio.

Nas sindesmoses os ossos estão unidos por uma faixa de tecido fibroso, relativamente
longa, formando ou um ligamento interósseo ou uma membrana interóssea, nos casos,
respectivamente de menor ou maior comprimento das fibras, o que condiciona um
menor ou maior grau de movimentação. Exemplos típicos são a sindesmose tíbio-fibular
e a membrana interóssea radio-ulnar.

Gonfose é a articulação específica entre os dentes e seus receptáculos, os alvéolos


dentários. O tecido fibroso do ligamento periodontal segura firmemente o dente no seu
alvéolo. A presença de movimentos nesta articulação significa uma condição patológica.

Articulações cartilaginosas

Nas articulações cartilaginosas o tecido que se interpõe é a cartilagem. Quando se trata


de cartilagem hialina, temos as sincondroses; nas sínfises a cartilagem é fibrosa. Em
ambas a mobilidade é reduzida. As sincondroses são raras e o exemplo mais típico é a
sincondrose esfeno-occipital que pode ser visualizada na base do crânio. Exemplo de
sínfise é a união, no plano mediano, entre as porções púbicas dos ossos do quadril,
constituindo a sínfise púbica. Também as articulações que se fazem entre os corpos das
vértebras podem ser consideradas como sínfise, uma vez que se interpõe entre eles um
disco de fibrocartilagem - o disco intervertebral.

Articulações sinoviais

A mobilidade exige livre deslizamento de uma superfície óssea contra outra e isto é
impossível quando entre elas interpõe-se um meio de ligação, seja fibroso ou
cartilagíneo. Para que haja o grau desejável de movimento, em muitas articulações, o
elemento que se interpõe às peças que se articulam é um líquido denominado sinóvia,
ou líquido sinovial.

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Além da presença deste líquido, as articulações sinoviais possuem três outras
características básicas: cartilagem articular, cápsula articular e cavidade articular.

· a cartilagem articular é a cartilagem do tipo hialino que reveste as superfícies em


contato numa determinada articulação (superfícies articulares), ou seja, a cartilagem
articular é a porção do osso que não foi invadida pela ossificação. Em virtude deste
revestimento as superfícies articulares se apresentam lisas, polidas e de cor
esbranquiçada. A cartilagem articular é avascular e não possui também inervação. Sua
nutrição, portanto, principalmente nas áreas mais centrais, é precária, o que torna a
regeneração, em caso de lesões, mais difícil e lenta.

· a cápsula articular é uma membrana conjuntiva que envolve a articulação sinovial


como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a
membrana sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar reforçada, em
alguns pontos, por ligamentos , destinados a aumentar sua resistência. Em muitas
articulações sinoviais, todavia, existem ligamentos independentes da cápsula articular e
em algumas, como na do joelho, aparecem também ligamentos intra-articulares.

· cavidade articular é o espaço existente entre as superfícies articulares, estando


preenchido pelo líquido sinovial

Ligamentos e cápsula articular têm por finalidade manter a união entre os ossos, mas
além disto, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos
movimentos considerados normais.

A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular. É


abundantemente vascularizada e inervada, sendo encarregada da produção da sinóvia
(líquido sinovial), o qual tem consistência similar a clara do ovo e tem por funções
lubrificar e nutrir as cartilagens articulares. O volume de líquido sinovial presente em
uma articulação é mínimo, somente o suficiente para revestir delgadamente as
superfícies articulares e localiza-se na cavidade articular.

Além destas características, que são comuns a todas articulações sinoviais, em várias
delas encontram-se formações fibrocartilagíneas, interpostas às superfícies articulares,
os discos e meniscos, de função discutida: serviriam à melhor adaptação das superfícies
que se articulam (tornando-as congruentes) ou seriam estruturas destinadas a receber
violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica forma

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de meia lua, são encontrados na articulação do joelho. Discos são encontrados nas
articulações esternoclavicular e temporomandibular.

movimentos das articulações sinoviais

As articulações fibrosas e cartilagíneas tem um mínimo grau de mobilidade. Assim, a


verdadeira mobilidade articular é dada pelas articulações sinoviais. Estes movimentos
ocorrem, obrigatoriamente, em torno de um eixo, denominado eixo de movimento. A
direção destes eixos é ântero-posterior, látero-lateral e longitudinal. Na análise do
movimento realizado, a determinação do eixo de movimento é feita obedecendo a regra,
segundo a qual, a direção do eixo de movimento é sempre perpendicular ao plano no
qual se realiza o movimento em questão. Assim, todo movimento é realizado em um
plano determinado e o seu eixo de movimento é perpendicular àquele plano. Os
movimentos executados pelos segmentos do corpo recebem nomes específicos e aqui
serão definidos, a seguir, apenas os mais comuns:

· flexão e extensão são movimentos angulares, ou seja, neles ocorre uma


diminuição ou um aumento do ângulo existente entre o segmento que se desloca e
aquele que permanece fixo. Quando ocorre a diminuição do ângulo diz-se que há flexão;
quando ocorre o aumento, realizou-se a extensão, exceto para o pé. Neste caso, não se
usa a expressão extensão do pé: os movimentos são definidos como flexão dorsal e
flexão plantar do pé. Os movimentos angulares de flexão e extensão ocorrem em plano
sagital e, seguindo a regra, o eixo desses movimentos é látero-lateral.

· adução e abdução que são movimentos nos quais o segmento é deslocado,


respectivamente, em direção ao plano mediano ou em direção oposta, isto é, afastando-
se dele. Para os dedos prevalece o plano mediano do membro. Os movimentos da
adução e abdução desenvolvem-se em plano frontal e seu eixo de movimento é ântero-
posterior.

· rotação que é o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo


longitudinal (vertical). Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação medial,
quando a face anterior do membro gira em direção ao plano mediano do corpo, e uma
rotação lateral, no movimento oposto. A rotação é feita em plano horizontal e o eixo de
movimento, perpendicular a este plano é vertical.

· circundução, é o resultado do movimento combinatório que inclui a adução,


extensão, abdução, flexão e rotação. Neste tipo de movimento, a extremidade distal do

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segmento descreve um círculo e o corpo do segmento, um cone, cujo vértice é
representado pela articulação que se movimenta.

Classificação funcional das articulações sinoviais

O movimento nas articulações depende, essencialmente, da forma das superfícies que


entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo. Na dependência destes
fatores as articulações podem realizar movimentos em torno de um, dois ou três eixos.
Este é o critério adotado para classificá-las funcionalmente. Quando uma articulação
realiza movimentos apenas em torno de um eixo, diz-se que é mono-axial ou que possui
um só grau de liberdade; será bi-axial a que os realiza em torno de dois eixos (dois
graus de liberdade); e tri-axial se eles forem realizados em torno de três eixos (três graus
de liberdade). Assim, as articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do
cotovelo, são mono-axiais; aquelas que realizam extensão, flexão, adução e abdução,
como a radio-cárpica (articulação do punho), são bi-axiais; finalmente, as que além de
flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas tri-axiais,
cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril.

Classificação morfológica das articulações sinoviais

O critério de base para a classificação morfológica das articulações sinoviais é a forma


das superfícies articulares. Contudo, às vezes é difícil fazer esta correlação. Além disto,
existem divergências entre anatomistas quanto não só a classificação de determinadas
articulações, mas também quanto à denominação dos tipos. De acordo com a
nomenclatura anatômica, os tipos morfológicos de articulações sinoviais são:

· plana, na qual as superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas,


permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. A
articulação acromioclavicular (entre o acrômio da escápula e a clavícula) é um exemplo.
Deslizamento existe em todas as articulações sinoviais mas nas articulações planas ele é
discreto, fazendo com que a amplitude do movimento seja bastante reduzida. Entretanto,
deve-se ressaltar que pequenos deslizamentos entre vários ossos articulados permitem
apreciável variedade e amplitude de movimento. É isto que ocorre, por exemplo, nas
articulações entre os ossos curtos do carpo, do tarso e entre os corpos das vértebras.

· gínglimo, ou dobradiça, sendo que os nomes referem-se muito mais ao


movimento (flexão e extensão) que elas realizam do que à forma das superfícies
articulares. A articulação do cotovelo é um bom exemplo de gínglimo e a simples

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observação mostra como a superfície articular do úmero, que entra em contato com a
ulna, apresenta-se em forma de carretel. Todavia, as articulações entre as falanges
também são do tipo gínglimo e nelas a forma das superfícies articulares não se
assemelha a um carretel. Este é um caso concreto em que o critério morfológico não foi
rigorosamente obedecido. Realizando apenas flexão e extensão, as articulações sinoviais
do tipo gínglimo são mono-axiais.

· trocóide, na qual, as superfícies articulares são segmentos de cilindro e, por esta


razão, cilindróides talvez fosse um termo mais apropriado para designá-las. Estas
articulações permitem rotação e seu eixo de movimento, único, é vertical: são mono-
axiais. Um exemplo típico é a articulação radio-ulnar proximal (entre o rádio e a ulna)
responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação
ocorre uma rotação medial do rádio e, na supinação, rotação lateral. Na posição de
descrição anatômica o antebraço está em supinação.

· condilar, cujas superfícies articulares são de forma elíptica e elipsóide seria talvez
um termo mais adequado. Estas articulações permitem flexão, extensão, abdução e
adução, mas não a rotação. Possuem dois eixos de movimento, sendo portanto bi-axiais.
A articulação radio-cárpica (ou do punho) é um exemplo. Outros são a articulação
temporomandibular e as articulações metacarpofalângicas.

· selar, na qual a superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela,
apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa numa
segunda peça onde convexidade e concavidade apresentam-se no sentido inverso da
primeira. A articulação carpo-metacárpica do polegar é exemplo típico. É interessante
notar que esta articulação permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação
(conseqüentemente, também circundução) mas é classificada como bi-axial. O fato é
justificado porque a rotação isolada não pode ser realizada ativamente pelo polegar
sendo só possível com a combinação dos outros movimentos.

· esferóide, que apresenta superfícies articulares que são segmentos de esferas e se


encaixam em receptáculos ocos. O suporte de uma caneta de mesa, que pode ser
movimentado em qualquer direção, é um exemplo não anatômico de uma articulação
esferóide. Este tipo de articulação permite movimentos em torno de três eixos, sendo
portanto, tri-axial. Assim, a articulação do ombro (entre o úmero e a escápula) e a do
quadril (entre o osso do quadril e o fêmur) permitem movimentos de flexão, extensão,
adução, abdução, rotação e circundução.

Complexidade de organização

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Quando apenas dois ossos entram em contato numa articulação sinovial diz-se que ela é
simples (por exemplo, a articulação do ombro); quando três ou mais ossos participam da
articulação ela é denominada composta (a articulação do cotovelo envolve três ossos:
úmero, ulna e rádio).

Inervação

As articulações sinoviais são muito inervadas. Os nervos são derivados dos que suprem
a pele adjacente ou os músculos que movem as articulações.

As terminações nervosas sensíveis a dor são numerosas na membrana fibrosa da cápsula


e nos ligamentos e são sensíveis ao estiramento e à torção destas estruturas. Contudo, o
principal tipo de sensibilidade é a propriocepção.

Das terminações proprioceptoras da cápsula - fusos neurotendinosos - partem impulsos


que interpretados no sistema nervoso central informam sobre a posição relativa dos
ossos da articulação, do grau e direção de movimento. As vezes, essas informações são
inconscientes, e atuam em nível de medula espinhal para controle dos músculos que
agem sobre a articulação.

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Cartilagem hialina

A cartilagem hialina é a variedade mais encontrada no corpo humano e, portanto, a


mais estudada. É encontrada no disco epifisário, permitindo o crescimento longitudinal
dos ossos. Neste disco, a cartilagem hialina apresenta os condrócitos dispostos em
fileiras ou colunas paralelas, comumente recebendo a designação de cartilagem seriada.

Os principais locais onde a cartilagem hialina é encontrada no adulto são: fêmur,


traquéia e brônquios, extremidade ventral das costelas e recobrindo a superfície dos
ossos longos.

A matriz da cartilagem hialina contém fibrilas de colágeno tipo II imersas em substância


fundamental amorfa. As fibrilas de colágeno não podem ser visualizadas em preparados
comuns, pois , além de possuírem reduzidas dimensões, seu índice de refração é muito
semelhante ao da substância amorfa.

A parte amorfa da matriz é composta por macromoléculas de proteoglicanas. As


proteoglicanas consistem em uma parte central, protéica, de onde se irradiam as
moléculas de glicosaminoglicanas (condroitina 4-sulfato, condroitina 6-sulfato,
queratossulfato). O ácido hialurônico é outra glicosaminoglicana presente na matriz,
porém esta é uma molécula muito grande, que integra várias proteoglicanas.

Em torno dos condrócitos, a matriz torna-se pobre em colágeno. Estas zonas, ricas em
proteoglicanas, são metacromáticas, basófilas e se coram mais intensamente pela técnica
PAS.

De acordo com sua localização no tecido cartilaginoso, os condrócitos apresentam


formas diversas. Assim, na periferia da cartilagem eles possuem forma elíptica, com o
maior eixo paralelo à superfície. Já na parte central da cartilagem, os condrócitos são
arredondados, formando grupos de até oito células originadas de um único condroblasto
por divisão mitótica. Devido a sua origem comum, estes agrupamentos de condrócitos
são chamados de grupos isógenos.

Na lâmina podem-se observar vários grupos isógenos. O processo histológico provoca


retração dos condrócitos e da matriz, permitindo a observação das lacunas em que os
grupos isógenos se encontram. In vivo, estas lacunas não podem ser visualizadas.

Com exceção da cartilagem fibrosa, e da cartilagem articular, que se localiza revestindo


as articulações (cartilagem articular), todas as demais cartilagens possuem um
revestimento de tecido conjuntivo conhecido como pericôndrio (do grego peri, ao redor
de, e chondros, cartilagem), que é essencial para a preservação dos condrócitos, pois é
nesta camada que os condrócitos se originam. O pericôndrio também é responsável pela
nutrição da cartilagem, por sua oxigenação e pela eliminação de refugos metabólicos,
pois nele se encontram os vasos sangüíneos e linfáticos que não estão presentes na
cartilagem.

O pericôndrio possui duas camadas: fibrosa e condrogênica. A camada profunda é


chamada condrogênica e possui células arredondadas que, por mitose, originarão os

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condrócitos. Esta camada é responsável pelo crescimento aposicional da cartilagem. A
camada superficial do pericôndrio é composta por tecido cojuntivo denso regularmente
disposto, fibrócitos, fibroblastos e fibras colágenas

A maior parte do crescimento do tecido cartilaginoso durante a vida pós-natal ocorre


por aposição de novas células a partir da camada mais profunda do pericôndrio (camada
condrogênica). Nas primeiras fases da vida da cartilagem pode ocorrer a divisão de
células que se encontram na parte central da cartilagem. Este tipo de crescimento é
conhecido como crescimento intersticial, e se torna inviável com o passar do tempo
porque a matriz da cartilagem torna-se mais rígida.

Nas preparações em HE, a coloração é devida principalmente aos glicosaminoglicanos


sulfatados das proteoglicanas. A zona ao redor das lacunas, como já foi dito, é rica em
proteoglicanas e pobre em colágenos, corando-se mais intensamente pela hematoxilina.
Com o azul-de-toluidina, as glicosaminoglicanas coram-se de vermelho, pois são
metacromáticas. O PAS cora as estruturas glicoprotéicas da matriz.

O TECIDO CARTILAGINOSO

O tecido cartilaginoso é uma forma especializada de tecido conjuntivo de consistência


rígida. Desempenha a função de suporte de tecidos moles, reveste superfícies articulares
onde absorve choques, facilita os deslizamentos e é essencial para a formação e
crescimento dos ossos longos. A cartilagem é um tipo de tecido conjuntivo composto
exclusivamente de células chamadas condrócitos e de uma matriz extracelular altamente
especializada.

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É um tecido avascular, não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido pelos capilares do
conjuntivo envolvente (pericôndrio) ou através do líquido sinovial das cavidades
articulares. Em alguns casos, vasos sanguíneos atravessam as cartilagens, indo nutrir
outros tecidos. O tecido cartilaginoso também é desprovido de vasos linfáticos e de
nervos. Dessa forma, a matriz extracelular serve de trajeto para a difusão de substâncias
entre os vasos sangüíneos do tecido conjuntivo circundante e os condrócitos. As
cavidades da matriz, ocupadas pelos condrócitos, são chamadas lacunas; uma lacuna
pode conter um ou mais condrócitos. A matriz extracelular da cartilagem é sólida e
firme, embora com alguma flexibilidade, sendo responsável pelas suas propriedades
elásticas. As propriedades do tecido cartilaginoso, relacionadas ao seu papel fisiológico,
dependem da estrutura da matriz, que é constituída por colágeno ou colágeno mais
elastina, em associação com macromoléculas de proteoglicanas (proteína +
glicosaminoglicanas). Como o colágeno e a elastina são flexíveis, a consistência firme
das cartilagens se deve às ligações eletrostáticas entre as glicosaminoglicanas das
proteoglicanas e o colágeno, e à grande quantidade de moléculas de água presas a estas
glicosaminoglicanas (água de solvatação) que conferem turgidez à matriz.

As cartilagens (exceto as articulares e as peças de cartilagem fibrosa) são envolvidas por


uma bainha conjuntiva que recebe o nome de pericôndrio, o qual continua
gradualmente com a cartilagem por uma face e com o conjuntivo adjacente pela outra.
As cartilagens basicamente se dividem em três tipos distintos: 1) cartilagem hialina; 2)
fibrocartilagem ou cartilagem fibrosa; 3) cartilagem elástica.

Cartilagem hialina

Distingue-se pela presença de


uma matriz vítrea, homogênea
e amorfa (figura ao lado). Por
toda cartilagem há espaços,
chamados lacunas, no interior
das lacunas encontram-se
condrócitos. Essas lacunas são
circundadas pela matriz, a qual
tem dois componentes: fibrilas
de colágeno e matriz
fundamental

Essa cartilagem forma o esqueleto inicial do feto; é a precursora dos ossos que se
desenvolverão a partir do processo de ossificação endocondral. Durante o
desenvolvimento ósseo endocondral, a cartilagem hialina funciona como placa de
crescimento epifisário e essa placa continua funcional enquanto o osso estiver crescendo
em comprimento. No osso longo do adulto, a cartilagem hialina está presente somente
na superfície articular. No adulto, também está presente como unidade esquelética na
traquéia, nos brônquios, na laringe, no nariz e nas extremidades das costelas (cartilagens
costais).

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Pericôndrio: a cartilagem hialina geralmente é circundada por um tecido conjuntivo
firmemente aderido, chamado pericôndrio. O pericôndrio não está presente nos locais
em que a cartilagem forma uma superfície livre, como nas cavidades articulares e nos
locais em que ela entra em contato direto com o osso. Sua função não é apenas a de ser
uma cápsula de cobertura; tem também a função de nutrição, oxigenação, além de ser
fonte de novas células cartilaginosas. É rico em fibras de colágeno na parte mais
superficial, porém, à medida que se aproxima da cartilagem, é mais rico em células.

Calcificação: a calcificação consiste na deposição de fosfato de cálcio sob a forma de


cristais de hidroxiapatita, precedida por um aumento de volume e morte das células. A
matriz da cartilagem hialina sofre calcificação regularmente em três situações bem
definidas: 1) a porção da cartilagem articular que está em contato com o osso é
calcificada; 2) a calcificação sempre ocorre nas cartilagens que estão para ser
substituídas por osso durante o período de crescimento do indivíduo; 3) a cartilagem
hialina de todo o corpo se calcifica como parte do processo de envelhecimento.

Regeneração: a cartilagem que sofre lesão regenera-se com dificuldade e,


freqüentemente, de modo incompleto, salvo em crianças de pouca idade. No adulto, a
regeneração se dá pela atividade do pericôndrio. Havendo fratura de uma peça
cartilaginosa, células derivadas do pericôndrio invadem a área da fratura e dão origem a
tecido cartilaginoso que repara a lesão. Quando a área destruída é extensa, ou mesmo,
algumas vezes, em lesões pequenas, o pericôndrio, em vez de formar novo tecido
cartilaginoso, forma uma cicatriz de tecido conjuntivo denso.

Cartilagem elástica

Esta é uma cartilagem na qual a matriz contém fibras


elásticas e lâminas de material elástico, além das fibrilas
de colágeno e da substância fundamental. O material
elástico confere maior elasticidade à cartilagem, como a
que se pode ver no pavilhão da orelha. A presença desse
material elástico (elastina) confere a esse tipo de
cartilagem uma cor amarelada, quando examinado a
fresco. A cartilagem elástica pode estar presente

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isoladamente ou formar uma peça cartilaginosa junto com a cartilagem hialina. Como a
cartilagem hialina, a elástica possui pericôndrio e cresce principalmente por aposição. A
cartilagem elástica é menos sujeita a processos degenerativos do que a hialina. Ela pode
ser encontrada no pavilhão da orelha, nas paredes do canal auditivo externo, na tuba
auditiva e na laringe. Em todos estes locais há pericôndrio circundante. Diferentemente
da cartilagem hialina, a cartilagem elástica não se calcifica.

Fibrocartilagem ou Cartilagem fibrosa

A cartilagem fibrosa ou
fibrocartilagem é um
tecido com características
intermediárias entre o
conjuntivo denso e a
cartilagem hialina. É uma
forma de cartilagem na
qual a matriz contém
feixes evidentes de
espessas fibras colágenas.
Na cartilagem fibrosa, as
numerosas fibras
colágenas constituem
feixes, que seguem uma
orientação aparentemente
irregular entre os
condrócitos ou um arranjo
paralelo ao longo dos condrócitos em fileiras. Essa orientação depende das forças que
atuam sobre a fibrocartilagem. Os feixes colágenos colocam-se paralelamente às trações
exercidas sobre eles. Na fibrocartilagem não existe pericôndrio. A fibrocartilagem está
caracteristicamente presente nos discos intervertebrais, na sínfise púbica, nos discos
articulares das articulações dos joelhos e em certos locais onde os tendões se ligam aos
ossos. Geralmente, a presença de fibrocartilagem indica que naquele local o tecido
precisa resistir à compressão e ao desgaste.

Crescimento

A cartilagem possui dois tipos de crescimento: aposicional e intersticial. Crescimento


aposicional é a formação de cartilagem sobre a superfície de uma cartilagem já
existente. As células empenhadas nesse tipo de crescimento derivam do pericôndrio. O
crescimento intersticial ocorre no interior da massa cartilaginosa. Isso é possível
porque os condrócitos ainda são capazes de se dividir e porque a matriz é distensível.
Embora as células-filhas ocupem temporariamente a mesma lacuna, separam-se quando
secretam nova matriz extracelular. Quando parte desta última matriz é secretada, forma-
se uma divisão entre as células e, neste ponto, cada célula ocupa sua própria lacuna.
Com a continuidade da secreção da matriz, as células ficam ainda mais separadas entre
si.

Na cartilagem do adulto, os condrócitos freqüentemente estão situados em grupos


compactos ou podem estar alinhados em fileiras. Esses grupos de condrócitos são
formados como conseqüência de várias divisões sucessivas durante a última fase de

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desenvolvimento. Há pouca produção de matriz adicional e os condrócitos permanecem
em íntima aposição. Tais grupos são chamados de grupos isógenos.

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