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Resenha por:
Riciery Simões Faria Rossi1
Publicado no ano de 2012 por José Augusto Medeiros Silva e Wellington Lima
Amorim na Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, o estudo de caso “O pensamento
sociológico de Max Weber e a Educação” faz remissões ao pensamento do sociólogo alemão
e impacto da sua visão de mundo na elaboração de um método educacional racionalista.
Em sentido amplo, pode-se dizer que o estudo divide-se em duas frentes: a) uma
explicação geral da obra sociológica de Weber; b) a correção entre a Sociologia do autor e a
Educação em sentido formal; em outros termos, como método formador de pessoas aptas para
contribuir socialmente para edificação de uma sociedade racionalizada (WEBER, 2002).
Neste sentido, importante situar Weber como herdeiro de uma tradição racionalista
que, senão inaugurada por Immanuel Kant (1724-1804), nele encontrou sedimentos para o
florescimento de uma concepção ordenada de sociedade, a qual encontrou verbo em Augusto
Comte e sua Filosofia Positiva (FROMM, 1968).
Se Comte pretendia solidificar as conquistas da Revolução Francesa dando a estas uma
espiritualidade outrora perdida, Weber rejeita tal reaproximação com a religião, relegando a
espiritualidade a um segundo plano no espectro social. Esta rejeição, destaque, não se aplica
unicamente ao mote religioso, se estende a todas as relações interpessoais, as quais advêm de
uma espécie de tensão, onde o indivíduo acaba aderindo ou repelindo os valores vigentes na
sociedade conforme sua compreensão dos movimentos que a constituem (ela sociedade).
1
Graduado em Direito (Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal/SP - UNIPINHAL)
Graduando-se em Licenciatura em História (IF Sul de Minas-Inconfidentes/MG).
O clímax desta interação indivíduo/sociedade se dá por meio da ação social,
subdividida em quatro vértices: ação afetiva; ação racional; ação de valores; ação tradicional.
A síntese deste pensamento encontraria então um “tipo ideal”, puro, uma construção mental
inatingível, mas que deveria orientar as ações do indivíduo em prol da sociedade.
Uma ciência isenta de valores significava para Weber a exploração das causas e
efeitos, a construção de tipos ideias que permitissem distinguir as regularidades das
instituições, assim como seus desvios, e, sobretudo, a construção de relações causais
típicas. (VOEGELIN, 1982, p. 24).
Claro que Weber não poderia imaginar que sua ideia de racionalização daria respaldo
aos regimes totalitários que eclodiram no século XX. Porém, vale ressaltar que a tradição
cristã, muito conhecida por Weber, sempre fez ressalva ao domínio do homem sob o processo
histórico: “Insensato é o homem que coloca sua confiança nos homens e nas coisas criadas
por eles”. (KEMPIS, 2015, p. 30).
A terrestrialização do pensamento, o pragmatismo, o mecanicismo social, aliás, foram
superados até mesmo pelo Movimento Revolucionário no século XXI, haja vista que o teórico
russo Aleksandr Dugin, conselheiro pessoal do presidente da Federação Russa, Vladimir
Putin, revisando o discurso liberal, socialista e fascista, aponta como a debacle4 do Ocidente
moderno o abandono das tradições espirituais (DUGIN, 2012).
Portanto, o pensamento racionalista de Weber se exauri no momento em que a
sociedade humana ultrapassa o nível de desenvolvimento presenciado pelo autor. Um mundo
completamente pensado, racionalizado, proposto ou imposto por meio de um processo
humano sempre tendeu e sempre tenderá ao fracasso.
A individualidade é bem por muito precioso. Em que pese a necessária adequação do
homem ao meio e sua contribuição para a vida em sociedade de forma harmônica, doutrinas,
sejam elas políticas, filosóficas e mesmo educacionais acabam inevitavelmente concentrando
o poder nas mãos de uma casta que domina o processo de transformação social, relegando a
um segundo plano as massas e os verdadeiros anseios da maior parte da população.
Assim, sempre que possível, fuja de um mundo melhor!
2
Do inglês, padrão, ideia de padronização da sociedade.
3
Processo de se estabelecer um sistema de uniformização, a fim de instaurar, com sucesso, o controle
totalitário sobre todos os aspectos da sociedade, desde a economia e as associações comerciais até mídia, a
cultura e a educação.
4
Do francês, queda, fracasso.
Bibliografia
DUGIN, Aleksandr. A Quarta Teoria Política. Edição Portuguesa, 2ª Ed. Lisboa/PT: Editora
Austral, 2012.
FROMM, Erich. O Mêdo à Liberdade. 6ª Ed. Rio de Janeiro/RJ: Zahar Editores, 1968.
KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. 1ª Ed. São Paulo/SP: Martin Claret, 2015.
MANNHEIM, Karl. Diagnóstico de Nosso Tempo. 2ª Ed. Rio de Janeiro/RJ: Zahar Editores,
1967.
WEBER, Max. Ciência e Política, duas vocações. 1ª Ed. São Paulo/SP: Cultrix, 2002.