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Resumo
A utilização do planejamento econômico pode ser considerada como uma forma racional de
administração pública que se tornou popular a partir da década de 30. No Brasil, o
planejamento começou a ser utilizado a partir de 1939, no governo de Getúlio Vargas, nessa
época, o país passava por um momento de mudança de seu eixo econômico e objetivava
consolidar uma base industrial. Assim, este artigo tem como objetivo descrever o início do
processo de planejamento econômico no Brasil no período de 1930 a 1964. Nesse sentido,
observa-se que as duas primeiras tentativas de planejamento tiveram pouco impacto na
economia, devido às várias falhas técnicas na elaboração do plano. O planejamento
econômico somente apresentou resultados positivos e mudanças relevantes a partir de 1956,
com a implementação do Plano de Metas. Portanto, o período analisado teve grande
importância para a introdução do planejamento econômico no país, além disso, aponta-se que
a experiência adquirida nesses planos, serviu de base para os próximos.
1 Introdução
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por 80% das exportações brasileiras, assim, a demanda do produto oscilava conforme a
situação econômica mundial. Por outro lado, o país dependia da importação de produtos
manufaturados para suprir a demanda interna destes produtos (LAFER, 1987).
Desta forma, em 1929, com a crise mundial, o modelo agroexportador entrou em
colapso devido à baixa na demanda mundial pelo café. Contudo, com a Revolução de 1930,
que depôs o presidente Washington Luís (1926-1930), o país teve a oportunidade de deslocar
seu eixo econômico com a alteração e diversificação de sua produção. Segundo Lafer (1987),
o fim do Estado Oligárquico e início do Estado Burguês, possibilitou o desenvolvimento
industrial do país.
Souza (2008) afirma que, com a vitória de Getúlio Vargas nas eleições de 1930,
iniciou-se uma reformulação econômica e social no país com o objetivo de substituir o
modelo atual agroexportador para um modelo industrial. A substituição do modelo era
baseada em um sistema nacionalista e intervencionista que objetivava as substituições das
importações por meio do incentivo a produção interna dos produtos do qual o país importava.
Com essa mudança, Getúlio Vargas acreditava que o país poderia crescer independente da
dinâmica do qual estava à economia mundial. Além disso, Getúlio garantiu os direitos
trabalhistas básicos com a criação do Ministério do Trabalho em 1930.
Entre o período de 1930-1936, o país iniciou a criação de uma indústria de base e a
fortificação do mercado interno. Porém, em 1937, Getúlio Vargas institui um estado
autoritário em que chamou de “Estado Novo” do qual manteria a sua visão nacionalista e
argumentava que a intervenção do estado seria mais intensa, independente do setor
econômico. No mesmo ano, ocorreu a criação do Conselho da Economia Nacional com o
objetivo da coleta de dados, avaliação e a criação de sugestões para as diretrizes econômicas
futuras do país. Neste período, Vargas começa a dar importância à programação da economia
no médio/longo prazo (LAFER, 1987).
Desta maneira, em 1939 Vargas institui o Plano Especial de Obras Públicas e
Aparelhamento da Defesa Nacional que tinha como principais objetivos a realização de obras
públicas com o intuito de criar indústrias de base e da melhoria da defesa nacional. Assim, o
plano tinha como objetivo organizar o governo do Brasil “para as necessidades decorrentes da
Guerra de 39-45 e deve ser considerado mais como um mecanismo político-administrativo de
defesa do que de desenvolvimento econômico-social” (MELO E SOUZA, 2012, p.1677). O
plano teve duração curta, tendo seu fim no ano de 1943 tendo pouco impacto na economia do
país visto sua delimitação a área governamental (MELO E SOUZA, 2012).
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No ano seguinte, em 1944, a mesma equipe técnica do plano de 1939 elabora o Plano
de Obras e Equipamentos, encarregando o Ministério da Viação e Obras Públicas a executar
as obras públicas de infraestrutura. O plano era similar ao de 1939 e continha praticamente os
mesmos objetivos. Assim, apesar de o plano demonstrar um avanço técnico na elaboração
planejamento econômico pelos dirigentes brasileiros, não ficou claro a origem dos recursos
financeiros a serem utilizados e devido à falta de projetos de estudos de viabilidade
econômica adequados, colaborando para que o plano fosse extinto em 1946 (MELO E
SOUZA, 2012). Ademais, mesmo que estas duas primeiras tentativas de planejamento
econômico careciam de capacidade técnica e não obtiveram resultas consideráveis, cabe
destacar a experiência adquirida pelo governo para a elaboração dos planos posteriores
(ROSSETTI, 1987).
Segundo Lafer (1987), com fim do governo de Getúlio em 1945, o período de 1930-
1945 foi marcado por uma série de medidas econômicas e inovações institucionais com o
intuito de promover a importância da participação do Estado nas relações econômicas e
políticas do país. Além disso, Vargas promoveu o debate dos problemas econômicos do qual
o país enfrentava e iniciou a elaboração de planos econômicos para a correção dessas falhas.
No ano seguinte, em 1946, o candidato à presidência do qual Getúlio Vargas apoiava,
Eurico Gaspar Dutra, venceu as eleições. Segundo Souza (2008), em seu governo, Dutra
desperdiçou reservas cambiais que foram acumuladas no governo anterior e permitiu as
importações industriais que, anteriormente, era suprimido. Neste período, o país começou a
apresentar problemas relacionados ao desiquilíbrio externo (devido ao aumento das
importações), a desvalorização cambial e a inflação passa a crescer a um ritmo acelerado.
Assim, Dutra avaliou a situação econômica do país e concluiu que as principais
deficiências se localizavam na saúde, alimentação, transporte e energia. Desta maneira, com o
intuito de solucionar estes problemas, Dutra decidiu sistematizar, de forma racional, a
utilização dos recursos do país visando estabelecer um programa global de inversão
planificada. Desta análise, resultou o Plano SALTE (SOUZA, 2008).
No ano de 1948, o Plano passou pela avaliação do Conselho Econômico que, após
uma análise crítica, concluiu que o programa não era exequível em razão de demonstrar
falhas, sendo, a principal, a ausência de um sistema consistente de financiamento para assumir
os gastos com a realização das obras e serviços propostos. Porém, mesmo com este parecer
negativo, o Plano SALTE foi executado em 1949 com previsão de cinco anos (MELLO E
SOUZA, 2012).
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Ademais, previa a maior abertura de capital estrangeiro para empresas estrangerias por meio
de incentivos econômicos, fiscais e políticos (GREMAUD et al., 2002).
Gremaud et al. (2002) afirma que o plano foi elaborado com base nos estudos
desenvolvidos pelo grupo BNDE-Cepal que observou a existência de uma demanda reprimida
no setor de consumo de bens duráveis e que, com a coordenação de investimentos e
incentivos ao setor, poderia alavancar o crescimento deste setor e do setor de bens
intermediários que, por consequência da criação de empregos e renda, acabaria estimulando
outros setores como o de bens intermediários e de bens de consumo leves.
O Plano de Metas teve seu fim em 1961 e, segundo Lafer (1987), pode se considerar
que o cumprimento das metas foi bem satisfatório e que o plano se tornou um exemplo de
elaboração e execução. Gremaund et al. (2002) alega que o país teve grandes transformações
na base produtiva com a baixa da agricultara no período do plano e a consolidação da base
industrial no país por meio do crescimento do setor de consumo de bens duráveis. Ademais,
destaca-se a elevação da taxa de crescimento do país que teve uma média de crescimento de
aproximadamente 8,2% ao ano durante o período do plano.
Com o final do mandato de Juscelino Kubitschek (1956-1961) e o início do mandato
de João Goulart (1961-1964), o país presenciava uma situação econômica fragilizada com
altos níveis de inflação, esgotamento da estratégia de substituição de importações e com a
diminuição da taxa de crescimento do PIB. Por outro lado, a situação política do país estava
conturbada com a renúncia de Jânio Quadros e a tentativa de implementação do
parlamentarismo no Brasil. Contudo, no ano de 1963, Goulart anuncia o Plano Trienal de
Desenvolvimento Econômico e Social (LAFER, 1987).
O Plano Trienal foi elaborado por Celso Furtado, que na época, era Ministro da
Fazenda e objetivava, segundo Lafer (1987), a recuperação da taxa de nível de crescimento do
período de 1957-1961, a redução da taxa de inflação resultante do Plano de Metas para 25%
ao ano, a execução das reformas de base, o aperfeiçoamento dos mecanismos de distribuição
de renda, a contenção do investimento público e do salário real e a renegociação da dívida
externa.
Contudo, o plano não conseguiu contentar nenhum dos dois lados da economia
brasileira. Segundo Souza (2008), para a parte da população que era favorável a abertura da
economia para o capital estrangeiro, as reformas de base impediam o apoio desta classe. Por
outro lado, os nacionalistas repugnavam o plano devido ao fato de que no curto prazo, a
população teria uma péssima condição de vida. Consequentemente, com a inexistência de
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apoio da população e até por parte de membros de partidos que apoiavam o governo, o Plano
Trienal acabou se tornando um “plano de gaveta”.
4 Considerações finais
Referências
KEYNES, J.M. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Editora Nova
Cultural, 1996. 352 p. (Os economistas).
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ROSSETI, J. P. Politica e programação econômicas. 7 ed., São Paulo Atlas, 1987. 386 p.
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