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A morte de uma igreja

As sete igrejas da Ásia Menor, conhecidas como as igrejas do Apocalipse,


estão mortas. Restam apenas ruínas de um passado glorioso que se foi.
As glórias daquele tempo distante estão cobertas de poeira e sepultadas
debaixo de pesadas pedras. Hoje, nessa mesma região tem menos de 1%
de cristãos. Diante disso, uma pergunta lateja em nossa mente: o que faz
uma igreja morrer? Quais são os sintomas da morte que ameaçam as
igrejas ainda hoje?

1. A morte de uma igreja acontece quando ela se aparta da


verdade. Algumas igrejas da Ásia Menor foram ameaçadas pelos falsos
mestres e suas heresias. Foi o caso da igreja de Pérgamo e Tiatira que
deram guarida à perniciosa doutrina de Balaão e se corromperam tanto na
teologia como na ética. Uma igreja não tem antídoto para resistir a
apostasia e a morte quando a verdade é abandonada. Temos visto esses
sinais de morte em muitas igrejas na Europa, América do Norte e também
no Brasil. Algumas denominações histórias capitularam-se tanto ao
liberalismo como ao misticismo e abandonaram a sã doutrina. O resultado
inevitável foi o esvaziamento dessas igrejas por um lado ou o seu
crescimento numérico por outro, mas um crescimento sem compromisso
com a verdade e com a santidade.

2. A morte de uma igreja acontece quando ela se mistura com o


mundo. A igreja de Pérgamo estava dividida entre sua fidelidade a Cristo
e seu apego ao mundo. A igreja de Tiatira estava tolerando a imoralidade
sexual entre seus membros. Na igreja de Sardes não havia heresia nem
perseguição, mas a maioria dos crentes estava com suas vestiduras
contaminadas pelo pecado. Uma igreja que flerta com o mundo para amá-
lo e conformar-se com ele não permanece. Seu candeeiro é apagado e
removido.

3. A morte de uma igreja acontece quando ela não discerne sua


decadência espiritual. A igreja de Sardes olhava-se no espelho e dava
nota máxima para si mesma, dizendo ser uma igreja viva, enquanto aos
olhos de Cristo já estava morta. A igreja de Laodicéia considerava-se rica
e abastada, quando na verdade era pobre e miserável. O pior doente é
aquele que não tem consciência de sua enfermidade. Uma igreja nunca
está tão à beira da morte como quando se vangloria diante de Deus pelas
suas pretensas virtudes.
4. A morte de uma igreja acontece quando ela não associa a
doutrina com a vida. A igreja de Éfeso foi elogiada por Jesus pelo seu
zelo doutrinário, mas foi repreendida por ter abandonado seu primeiro
amor. Tinha doutrina, mas não vida; ortodoxia, mas não ortopraxia;
teologia boa, mas não vida piedosa. Jesus ordenou a igreja a lembrar-se
de onde tinha caído, a arrepender-se e a voltar à prática das primeiras
obras. Se a doutrina é a base da vida, a vida precisa ser a expressão da
doutrina. As duas coisas não podem viver separadas. Uma igreja viva tem
doutrina e vida, ortodoxia e piedade.

5. A morte de uma igreja acontece quando falta-lhe perseverança


no caminho da santidade. As igrejas de Esmirna e Filadélfia foram
elogiadas pelo Senhor e não receberam nenhuma censura. Mas, num
dado momento, nas dobras do futuro, essas igrejas também se afastaram
da verdade e perderam sua relevância. Não basta começar bem, é preciso
terminar bem. Falhamos, muitas vezes, em passar o bastão da verdade
para a próxima geração. Um recente estudo revela que a terceira geração
de uma igreja já não tem mais o mesmo fervor da primeira geração. É
preciso não apenas começar a carreira, mas terminar a carreira e guardar
a fé! É tempo de pensarmos: como será nossa igreja nas próximas
gerações? Que tipo de igreja deixaremos para nossos filhos e netos? Uma
igreja viva ou igreja morta?

A oração do Deus filho ao Deus pai

Referência: João 17.1-26

Introdução

Esta é a oração mais magnífica feita aqui na terra e registrada em todas


as Escrituras. Que privilégio enorme ouvir Deus, o Filho conversar com
Deus, o Pai. Aqui entramos no santos dos santos. Aqui nos curvamos para
auscultar os mais profundos desejos do Filho de Deus antes de caminhar
para a cruz.

1. A circunstância desta oração

Jesus acabara de pregar um sermão falando do Pai aos discípulos. Agora,


ele fala dos discípulos para o Pai. No ministério de Cristo, pregação e
oração sempre andaram juntos. Aqueles que pregam devem também orar.
Aqueles que falam de Deus para os homens, devem falar dos homens
para Deus. Somente têm poder para falar aos homens aqueles que têm
intimidade com Deus.

Esta oração deixa claro que Jesus foi e é o Vencedor. Ele termina o
capítulo 16 encorajando seus discípulos, dizendo-lhes: “Tende bom ânimo;
eu venci o mundo”.

2. O conteúdo desta oração

Jesus fez três súplicas distintas nesta oração:

a) Ele orou por si mesmo e diz ao Pai que concluiu sua obra aqui na terra
(17.1-5);

b)Ele orou por seus discípulos, pedindo ao Pai que os guarde e santifique
(17.6-19);

c)Ele orou por sua igreja, para que possamos ser unidos nele e para que,
um dia, participemos de sua glória (17.20-26).

3. O contexto imediato desta oração

Jesus estava no prelúdio do seu sofrimento. Ele estava no cenáculo com


seus discípulos. Ele já havia instituído a ceia e partido o pão. Ele já havia
alertado que Judas o trairia e que os demais se dispersariam. Ele já estava
mergulhando nas sombras daquela noite fatídica, onde seria preso e
condenado à morte.

4. A ênfase desta oração

William McDonald, citando Marcus Rainsford fala sobre a ênfase da oração


de Jesus. Jesus não disse nenhuma palavra contra seus discípulos nem fez
qualquer referência à queda ou fracasso deles. Jesus foca sua oração no
eterno propósito do Pai na vida dos seus discípulos e na sua relação com
eles. Todas as petições de Jesus nesta oração são por bênçãos espirituais
e celestiais. O Senhor não pede riquezas e honra, nem mesmo influência
política no mundo para seus discípulos. O pedido de Jesus concentra-se
em pedir ao Pai que os guarde do mal, que os separe do mundo, os
qualifique para a missão e os traga salvos para o céu. A prosperidade da
alma é a melhor prosperidade.

Podemos sintetizar a petição de Jesus em quatro áreas: salvação,


segurança, santidade e unidade.
I. Salvação (17.1-5)

1. O instrumento da salvação: A cruz de Cristo – v. 1

a) A hora tinha chegado – O nascimento, a vida e a morte de Cristo não


foram acidentes, mas uma agenda traçada na eternidade. Muitas vezes
Cristo disse que sua hora não tinha chegado, mas agora, a hora tinha
chegado de Cristo ir para a cruz e ele vai não como um derrotado, mas
como um rei caminha para o trono. É na cruz que ele cumpre o plano da
redenção. É na cruz que ele esmaga a cabeça da serpente. É na cruz que
ele despoja os principados e potestades. É na cruz que ele revela ao
mundo o imenso amor de Deus.

b) A cruz é o instrumento de glória para o Pai – A prioridade de Jesus era a


glória de Deus e sua crucificação trouxe glória ao Pai. Ela glorificou sua
sabedoria, sua fidelidade, santidade e amor. Ela mostrou sua sabedoria
em providenciar um plano onde ele pôde ser justo e o justificador do
pecador. A cruz mostrou sua fidelidade em guardar suas promessas e sua
santidade em requer o cumprimento das demandas da lei. Jesus glorificou
o Pai em seus milagres (Jo 2.11; 11.40), mas o Pai foi ainda mais
glorificado por meio dos sofrimentos e da morte do Filho (Jo 12.23-25;
12.31,32).

c) A cruz é o instrumento de glória para o Filho – A cruz glorificou sua


compaixão, sua paciência e seu poder, em dar sua vida por nós, dispondo-
se a sofrer por nós, a se fazer pecado por nós, a se fazer maldição por nós
para comprar-nos com seu sangue. Cristo não foi para a cruz como uma
vítima arrastada ao altar do holocausto. Ele disse: “Ninguém tira a minha
vida, pelo contrário, eu espontaneamente a dou”. Paulo disse: “Cristo me
amou e a si mesmo se entregou por mim”.

2. A essência da salvação – v. 2,3

a) Jesus recebeu autoridade para dar a vida eterna (v. 2) – A vida eterna é
uma dádiva do Pai oferecida pelo Filho. Todo aquele que nele crê tem a
vida eterna. Quem nele crê não entra em juízo, mas passou da morte para
a vida. Não há vida eterna fora de Jesus Cristo. Só ele pode nos conduzir a
Deus. Só ele é o caminho para Deus. Só ele pode nos reconciliar com
Deus. Só ele é a porta do céu.

b) Conhecer o Pai, o único Deus (v. 3) – A vida eterna é mais do que um


tempo interminável nos recônditos da eternidade. A vida eterna não é
quantidade, mas qualidade. A vida eterna é um relacionamento íntimo e
profundo com Deus, num deleite inefável do seu amor para todo o
sempre. Não é apenas conhecimento teórico, mas relacionamento íntimo.
A vida eterna é experimentar o esplendor, o gozo, a paz, e a santidade
que caracteriza a vida de Deus.

c) Conhecer a Jesus, o enviado de Deus (v. 3) – A vida eterna é conhecer a


Deus por meio de Jesus. Ele é o mediador que veio nos reconciliar com o
Pai. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18). A
vida eterna não é um prêmio das obras, mas uma comunhão profunda
com Jesus por toda a eternidade.

3. A consumação da salvação – v. 4

a) A salvação é uma obra consumada – A salvação não é um caminho que


abrimos da terra para o céu. A salvação foi uma obra que o Pai confiou ao
Filho e ele veio e a terminou. Temos a salvação pela completa obediência
de Jesus e pelo seu sacrifício vicário. Na cruz ele bradou: “Está
consumado”. Não resta mais nada a fazer. Ele já fez tudo. Esta expressão
significa três coisas: 1) Quando um pai dava uma missão ao filho e este a
cumpria, dizia para o pai: “Tetélestai”; 2) Quando se pagava uma nota
promissória: batia-se o carimbo: “Tetélestai”; 3) Quando se recebia a
escritura de um terreno, escrevia-se na escritura: “Tetélestai”.

4. A recompensa da salvação – v. 5

a) Jesus pede para reassumir a mesma glória que tinha antes da


encarnação – Cristo veio do céu, onde desfrutou de glória inefável com o
Pai desde toda a eternidade. Abriu mão de sua majestade e se esvaziou e
se humilhou a ponto de ser chamado apenas do Filho do carpinteiro. Mas,
agora, volta para o céu e retoma seu posto de glória, de honra e de
majestade.

b) Jesus pede para que sua igreja veja a mesma glória que ele terá no céu
– v. 24 – Vamos compartilhar da glória de Cristo. Estaremos com ele,
reinaremos com ele e o veremos face a face (1Jo 3.2). Não apenas
estaremos no céu, mas estaremos em tronos. Reinaremos com ele por
toda a eternidade.

II. Segurança (17.6-14)

1. A nossa segurança está fundamentada na eleição do Pai – v.


2,6,8,9,11,12,24
Sete vezes Jesus afirmou que os discípulos lhe foram dados pelo Pai. Não
apenas Jesus é o presente de Deus para a igreja; a igreja é o presente do
Pai para Jesus. Não fomos nós que encontramos a Deus, foi ele quem nos
encontrou. Não fomos nós que o amamos a Deus, foi ele quem nos amou
primeiro. Não fomos nós que escolhemos a Deus, foi ele quem nos
escolheu. Nós fomos nós que viemos a Cristo, foi o Pai que nos trouxe a
ele.

A segurança da nossa salvação não está fundamentada no nosso caráter,


mas no caráter de Deus e na obra perfeita de Cristo. É ele quem nos
guarda. É ele quem nos livra. É ele quem nos salva, nos conduz e nos leva
para o céu.

João 6.37-40 nos fala que aqueles que o Pai dá a Jesus, esses vêm a Jesus
e os que vêm a ele, de maneira ele os lançará fora.

2. A nossa segurança está baseada no cuidado de Cristo – v. 12

Jesus é o bom pastor que deu sua vida pelas ovelhas. Ele cuida da suas
ovelhas e as conduz ao céu. Jesus guardou e protegeu seus discípulos e
nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição. Por que Jesus não
guardou a Judas? Pelo simples motivo de que Judas nunca pertenceu a
Cristo. Jesus guardou fielmente todos os que o Pai lhe deu, mas Judas
nunca lhe foi dado pelo Pai. Judas não cria em Jesus Cristo (Jo 6.64-71);
não havia sido purificado (Jo 13.11); não estava entre os escolhidos (Jo
13.18); não havia sido entregue a Cristo (Jo 18.8,9). Judas não é, de
maneira alguma, um exemplo de cristão que “perdeu a salvação”. Antes,
exemplifica um incrédulo que fingiu ser salvo e que, no final, foi
desmascarado.

Se Jesus pôde guardar e proteger seus discípulos em seu corpo de


humilhação, quando mais em seu corpo de glória. Se ele pôde guardar
seus discípulos enquanto viveu na terra, quanto mais ele pode nos
guardar entronizado à destra do Pai em seu trono de glória!

3. A nossa segurança está baseada na intercessão de Cristo – v.


9,11,15,20

Cristo orou pelos seus discípulos. Nas suas diversas dificuldades, Jesus
intercedeu por eles. Ele orou por quando estavam passando por
tempestades (Mt 14.22-33). Ele orou por Pedro quando este estava sendo
peneirado pelo diabo. Agora ele ora por eles antes de ir para o Getsêmani.
Jesus fez dois pedidos fundamentais em relação aos discípulos:

1) Que eles fossem guardados do mundo (v. 14) – O mundo é um sistema


que se opõe a Deus. O mundo odeia os discípulos. Eles precisam ser
guardados de serem tragados pelo mundo. Demas tendo amado o mundo
abandonou a fé.

2) Que eles fossem guardados do maligno (v. 15) – O mal aqui seria
melhor traduzido por “maligno” como na oração do Senhor. O maligno é
um inimigo real. Ele entrou em Judas e o levou pelo caminho da morte.
Paulo diz que ele cega o entendimento dos incrédulos. Paulo diz que
devemos ficar firmes contra as ciladas do diabo (Ef 6.11). E Pedro diz que
o diabo anda ao nosso redor buscando a quem possa devorar (1Pe 5.8).
Paulo diz que nós não lhe ignoramos os desígnios (2Co 2.11).

A Bíblia diz que Jesus está à destra de Deus e intercede por nós (Rm
8.34). E que podemos ter segurança de salvação, porque ele vive para
interceder por nós no céu (Hb 7.25).

III. Santidade (17.15-20)

A nossa entrada no céu será inteiramente pela graça e não pelas obras;
mas o céu em si mesmo não seria céu para nós sem um caráter sem
santidade. Nossos corações devem estar sintonizados no céu antes de nos
deleitarmos nele. Somente o sangue de Cristo pode nos capacitar a entrar
no céu, mas somente a santidade pode nos capacitar a regozijarmo-nos
nele.

1. Somos santificados pela Palavra – v. 8,14,17

Cristo nos transmitiu a Palavra (v. 8) e nos deu a Palavra (v. 14). A Palavra
de Deus é a dádiva de Deus para nós. A Palavra é de origem divina, é uma
dádiva preciosa do céu. Agora, somos santificados pela Palavra (v. 17). A
Palavra é a verdade e não apenas contém a Palavra (v. 17). A Palavra é o
instrumento da nossa santificação (v. 17). Sem o conhecimento da Palavra
não há crescimento espiritual. Dwight Moody escreveu na capa de sua
Bíblia: “Este livro afastará você do pecado ou o pecado afastará você
deste livro”. Jesus disse: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho
falado” (Jo 15.3).

A Palavra é a arma da vitória. Ela é a espada do Espírito. De que maneira


a Palavra de Deus nos permite vencer o mundo?

Em primeiro lugar, ela nos dá alegria (17.13). A alegria do Senhor é a


nossa força (Ne 8.10).

Em segundo lugar, ela nos dá a certeza do amor de Deus (17.14). O


mundo nos odeia, mas o Pai nos ama. O mundo deseja tomar o lugar do
amor do Pai em nossa vida (1Jo 2.15-17).

Em terceiro lugar, ela nos transmite o poder de Deus para vivermos em


santidade (17.15-17).

Em quarto lugar, ela é o instrumento pelo qual Deus chama as pessoas


à salvação (17.20). A igreja não cria a mensagem, ela a anuncia. Deus
salva por meio da Palavra. Não é o conhecimento da igreja, não é a
eloquência do pregador nem os métodos que usamos, mas o poder da
Palavra de Deus que leva o homem a Cristo.

Hoje somos chamados a geração coca-cola, a geração Internet, a geração


shopping center e também a geração analfabeta da Bíblia. Quero desafiar
esta igreja a ser estudiosa das Escrituras. Quero desafiar os jovens a
serem estudiosos das Escrituras.

2. Somos santificados pelo correto relacionamento com o mundo

a) Não somos do mundo (v. 14,16) – Não somos do mundo. Nascemos de


cima, do alto, do Espírito. Nossa origem é do alto. Devemos buscar as
coisas lá do alto. Jesus disse: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro
do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo
amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário,
dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15.18,19).

b) Somos odiados pelo mundo (v. 14) – O mundo nos odeia porque
pertencemos a Cristo. A Bíblia diz que quem se faz amigo do mundo,
constitui-se em inimigo de Deus (Tg 4.4). Diz ainda que quem ama o
mundo, o amor do Pai não está nele (1Jo 2.14-16). O apóstolo Paulo diz
que não podemos nos conformar com este mundo (Rm 12.2).
c) Somos chamados do mundo (v. 19) – Jesus se separou para salvar os
discípulos e agora devemos nos santificar para ele. A palavra santificar é
separar. Essa separação não é geográfica, mas moral e espiritual.

d) Estamos no mundo, mas somos guardados do mundo (v. 11, 15) – A


santidade não é isolamento. A santidade não tem a ver com a geografia e
o espaço. Não é santificar-se entre quatro paredes. Não perder o contato
com as pessoas. Precisamos estar presentes no mundo como sal e luz.
Precisamos influenciar, pois o somos o perfume de Cristo. Precisamos
estar presentes, pois, somos a carta de Cristo lida por todos os homens.
Porém, estamos no mundo como luzeiros. Estamos no mundo para
apontar o rumo para Deus. O objetivo do cristianismo jamais foi de
apartar o homem da vida, mas equipá-lo para enfrentá-la vitoriosamente.
O cristianismo não nos oferece escapes, mas poder para o enfrentamento.
Oferece não uma paz fácil, mas uma luta triunfante.

e) Somos enviados de volta ao mundo (v. 18) – Jesus nos deu uma missão
e uma estratégia. Devemos ir ao mundo como Cristo veio ao mundo. Ele
se tabernaculou. Ele se fez carne. Ele foi amigo dos pecadores. Ele
recebeu os escorraçados. Ele abraçou os inabraçáveis. Ele tocou os
leprosos. Ele se hospedou com publicanos. Sua santidade não o isolou,
mas atraiu os pecadores para serem salvos.

IV. Unidade (17.21-26)

Quão doloroso tem sido o fato de que divisões, contendas e desavenças


na igreja têm provocado escândalos diante do mundo e enfraquecido a
igreja de Cristo. Não raro, muitos cristãos têm empregado suas energias
contendendo uns contra os outros, em vez de lutar contra o pecado e o
diabo.

A unidade de que Jesus está falando não é externa. Não é unidade de


organização nem unidade denominacional. Também Jesus não está
falando de ecumenismo. A idéia de unir todas as religiões, afirmando que
doutrina divide, mas o amor une é uma falácia. Não há unidade fora da
verdade (Ef 4.1-6).

A unidade da igreja é: sobrenatural, tangível e evangelizadora.

Os discípulos mostraram um espírito de egoísmo, competitividade e


desunião. Thomas Brooks, escreveu: “A discórdia e a divisão não condizem
com cristão algum. Não causa espanto os lobos importunarem as ovelhas,
mas uma ovelha afligir outra é contrário à natureza e abominável”.

Quais são as razões para a igreja buscar a unidade?

1. Porque Jesus pediu isso ao Pai – v. 11,20,21,22

Jesus só tem uma igreja, um rebanho, uma noiva. A unidade da igreja é o


desejo expresso de Jesus, o alvo da sua oração, a expressa vontade do
Pai.

2. Por causa da nossa origem espiritual – v. 21

Se nós somos filhos de Deus e membros da sua família não podemos viver
em desunião. Não há desarmonia entre o Pai e o Filho. Nunca houve
tensão nem conflito entre a vontade do Pai e do Filho. Se nós nascemos de
Deus, se nós nascemos do Espírito, se nós somos co-participantes da
natureza divina. Se Jesus é o nosso Senhor, então, não podemos viver
brigando uns com os outros. Não estamos disputando uns com os outros.
Somos irmãos, filhos do mesmo Pai. Nossa origem espiritual nos compele
imperativamente a buscar a unidade e não a desunião (Fp 2.1,2).

3. Por causa da nossa missão no mundo – v. 21,23

O mundo perdido não é capaz de ver Deus, mas pode ver os cristãos. Se
enxergar amor e harmonia, crerá que Deus é amor. Se enxergar ódio e
divisão, rejeitará a mensagem do evangelho. As igrejas que competem
entre si não podem evangelizar o mundo. A unidade da igreja é a
apologética final segundo Francis Schaeffer. O maior testemunho da igreja
é a comunhão entre seus irmãos, é o amor que com se amam. Jesus disse
que a prova definitiva do discipulado é o amor (Jo 13.34,3).

Não há evangelização eficaz sem a unidade da igreja. Não temos


autoridade para pregar ao mundo para se arrepender ser estamos
travando batalhas internas dentro da igreja. Alguns cristãos em lugar de
serem testemunhas fiéis são advogados de acusação e juízes e, com isso,
afastam os pecadores do Salvador.

Jesus falou sobre três níveis do amor: o amor ao próximo, o amor


sacrificial e o amor da trindade. É esse amor trinitariano que ele pede que
haja entre os crentes. Ilustração: o purê de batatas.
4. Por causa do nosso destino eterno – v. 24-26

Jesus pede ao Pai para que seus discípulos vejam sua glória e estejam no
céu com ele. Se vamos estar no céu, se vamos morar juntos por toda a
eternidade, como podemos afirmar que não podemos conviver uns com os
outros aqui? Precisamos aprender a viver como família de Deus desde já,
pois vamos passar juntos toda a eternidade.

Esta parte da oração é cheia de doçura e conforto indizível. Nós não


vemos a Cristo agora. Nós lemos sobre ele, ouvimos dele, cremos nele, e
descansamos nossa alma em sua obra consumada. Mas, aqui ainda
andamos por fé e não por vista. Porém, em breve, estaremos no céu com
Jesus, e então, essa situação vai mudar. Então, veremos a Cristo face a
face. Então, vê-lo-emos como ele é. Então conheceremos como também
somos conhecidos. Se já temos gozo indizível andando pela fé, quanto
mais quando estivermos na glória com ele, num corpo glorificado, junto
àquela gloriosa assembleia de santos. Paulo diz, “e assim estaremos para
sempre com o Senhor”. E recomenda: “Consolai-vos uns aos outros com
essas palavras”.

Nós em Jesus = justificação; Jesus em nós = santificação

Essa afirmação de grande peso teológico é de Martinho Lutero. A


justificação é um ato; a santificação é um processo.

A justificação não tem graus. Todos os salvos estão justificados da mesma


forma; a santificação tem graus. Há crentes mais adiantados que outros
na escalada da santificação.

A justificação é feita fora de nós, no tribunal de Deus; a santificação é


feita em nós, em nosso coração.

A justificação acontece quando cremos em Cristo; a santificação começa


na conversão e termina na glorificação.

A justificação acontece quando somos enxertados em Cristo; a


santificação acontece quando Cristo vive em nós.

Hernandes Dias Lopes

Santificação

A igreja de Deus é composta de todos aqueles que, em todos os tempos,


em todos os lugares e de todas as etnias foram chamados por Deus para
crerem no seu Filho, pela ação do Espírito Santo, para herdarem a vida
eterna. Essa igreja não se restringe a nenhuma denominação religiosa.
Suas fronteiras transcendem os limites geográficos. Todos aqueles que
creem em Cristo Jesus são batizados pelo Espírito, no corpo de Cristo, e
passam a fazer parte da família de Deus. Há uma só igreja, um só
rebanho, um só povo. Essa igreja formada de judeus e gentios é a noiva
do Cordeiro, a vinha de Deus, o rebanho de Cristo, o edifício feito não por
mãos, o santuário do Espírito, onde ele habita. Essa igreja é sal da terra e
luz do mundo. Seu chamado é para andar com Deus e glorificá-lo através
de uma vida de obediência e fidelidade. Ela é coluna e baluarte da
verdade num mundo de cegueira espiritual. É embaixadora da
reconciliação num mundo marcado de segregação e ódio. Sua mensagem
é de arrependimento num mundo mergulhado no caudal do pecado. Sua
voz brada com senso de urgência num mundo que dorme o sono da
morte. Para cumprir o seu papel na história a igreja precisa ser fiel.

Se ela abandonar seu compromisso com Deus, torna-se sal sem sabor. Se
calar sua voz, torna-se uma luz debaixo do alqueire. Se ela fizer amizade
com o mundo, torna-se inimiga de Deus. Se conformar-se com o presente
século, perde seu testemunho e acaba sendo condenada com o mundo. A
igreja precisa ser fiel à palavra de Deus para andar na verdade e pregar a
verdade. Mudar a mensagem para agradar os homens é incorrer em
anátema. Tornar a mensagem mais açucarada para agradar aos ouvidos
incircuncisos é atentar contra o Todo-poderoso. Pregar o que as pessoas
querem ouvir é cair nas malhas de um pragmatismo antropolátrico. Imitar
o mundo para agradar o mundo ou receber dele sua aprovação é assinar
seu próprio atestado de óbito. A igreja precisa ser, também, relevante. Ela
precisa estar no mundo sem ser do mundo.

Precisa pregar aos ouvidos e também aos olhos. Precisa falar e fazer.
Precisa anunciar o amor de Deus a um mundo no estertor da morte e
demonstrá-lo com atos de misericórdia. Precisa demonstrar sua fé através
de suas obras. A igreja precisa ir lá fora onde as pessoas estão em vez de
apenas esperar que elas venham onde nós estamos. A igreja relevante
não é sal no saleiro, mas atua com graça e compaixão fora dos portões,
levando o pão da vida aos famintos, a água da vida aos sedentos, a
esperança da salvação aos perdidos, o braço estendido da misericórdia
aos que jazem prostrados e feridos à beira do caminho.

A igreja fiel é ortodoxa e a igreja relevante é ortoprática. A igreja fiel


levanta a bandeira da doutrina certa e a igreja relevante põe em prática a
doutrina certa. A igreja fiel tem luz na mente e a igreja relevante tem fogo
no coração. A igreja fiel goteja do púlpito a doutrina pura, a igreja
relevante destila de suas mãos os atos de misericórdia. A igreja fiel tem
uma relação vertical correta e a igreja relevante demonstra isso ao mundo
através de uma relação horizontal adequada. Ortodoxia desacompanhada
de ação torna-se academicismo teológico árido; ação de misericórdia sem
ortodoxia torna-se assistencialismo humanista. Não podemos cair num
extremo nem noutro. Precisamos manter juntos o que nunca pode ser
separado: ortodoxia e ortopraxia, teologia e ética, doutrina e vida, credo e
conduta, palavra e ação.

O apóstolo João, em sua primeira epístola, deixa claro que um verdadeiro


cristão é conhecido por três provas: A prova doutrinária, a fé em Jesus
como Filho de Deus; a prova moral, a obediência aos mandamentos de
Jesus; e a prova social, o amor ao próximo como evidência de nosso amor
por Deus. A igreja não é uma torre de marfim, confortavelmente
discutindo seus postulados doutrinários entre quatro paredes, mas uma
agência do reino de Deus, pregando o evangelho e demonstrado o amor
de Cristo, lá fora onde os pecadores estão. Oh, que Deus nos ajude a ser
uma igreja fiel e relevante!

Rev. Hernandes Dias Lopes.

As marcas de uma igreja que impactou o mundo

O evangelho chegou até Antioquia e floresceu de tal maneira que aquela


igreja superou Jerusalém no ardor missionário.

Foi em Antioquia que os discípulos foram chamados pela primeira vez de


cristãos.

“... em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados de


cristãos” (At 11.26).

Três igrejas no livro de Atos exerceram grande influência missionária no


primeiro século: Jerusalém, Antioquia e Éfeso. Aqui, queremos destacar a
igreja de Antioquia, ressaltando três marcas dessa igreja.

Em primeiro lugar, uma igreja cujos membros eram parecidos com Jesus
(At 11.26). Antioquia era a capital da Síria. Naquele tempo era a terceira
maior cidade do mundo. O evangelho chegou até lá e floresceu de tal
maneira que aquela igreja superou Jerusalém no ardor missionário, e
através dela missionários foram enviados a várias partes do mundo, para
plantar igrejas. Os crentes daquela importante igreja eram tão parecidos
com Jesus que, os discípulos ali, pela primeira vez, foram chamados
cristãos. Quando as pessoas olhavam para aqueles crentes, sentiam que
estavam olhando para o próprio Jesus. A vida deles referendava sua
pregação. O testemunho deles era avalista de suas palavras. Se
quisermos ser uma igreja que influencia a cidade e impacta o mundo,
precisaremos, de igual modo, andar com Cristo, vivermos em sua
presença e sermos parecidos com ele. A vida piedosa é a base do
testemunho eficaz. Precisamos pregar aos ouvidos e também aos olhos.
Precisamos falar e fazer. Nosso testemunho vai à frente de nossa
pregação. Por causa do impacto da vida daqueles crentes, uma numerosa
multidão se agregou àquela igreja para receber o ensino da palavra de
Deus.

Em segundo lugar, uma igreja que nasceu debaixo de grande


perseguição (At 11.19-25). A igreja de Jerusalém atendeu à agenda
missionária estabelecida por Jesus (At 1.8) depois do martírio do diácono
Estêvão. Naquele tempo de amarga perseguição, exceto os apóstolos,
todos foram dispersos de Jerusalém (At 8.1). Porém, os que foram
dispersos não saíram lamentando, mas iam por toda a parte pregando a
palavra (At 8.4). Cada crente era um missionário. Esses crentes que foram
dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estêvão, se espalharam
até à Fenícia, Chipre e Antioquia. As boas novas do evangelho chegaram
àquele território gentio por causa do vento da perseguição (At 11.19,20).
Diz a Escritura, entretanto, que a mão do Senhor estava com eles, e
muitos, crendo, se converteram ao Senhor (At 11.21). A graça de Deus em
ação naquela cidade alegrou o coração do missionário Barnabé, enviado
pela igreja de Jerusalém, e ele, sentiu necessidade de buscar Saulo em
Tarso, para ajudá-lo naquele próspero trabalho. Ali, por todo um ano, eles
ensinaram numerosa multidão (At 11.22-26). A perseguição não destrói a
semente do evangelho, apenas a espalha. A igreja perseguida é a mesma
que conta com a mão do Senhor e com a sua graça. Essa igreja, mesmo
no meio da dor, vê multidões chegando para receber a instrução da
palavra de Deus.

Em terceiro lugar, uma igreja que prioriza a obra missionária (At 13.1-3).
A igreja de Antioquia recebe a instrução da palavra, ora e jejua. O Espírito
diz a essa igreja para separar seus dois pastores principais para a obra
missionária. A igreja não questiona nem adia a pronta obediência.
Barnabé e Saulo receberam a imposição de mãos e foram despedidos
para o campo missionário. Muito embora Antioquia fosse uma grande
metrópole, os crentes entenderam, por direção do Espírito Santo, que o
evangelho precisava ir além, atravessando fronteiras, chegando até aos
confins da terra. Oh, como precisamos entender que o propósito de Deus
é o evangelho todo, por toda a igreja, em todo o mundo. Cada igreja deve
ser uma agência missionária e cada crente deve ser uma testemunha.
Antioquia não reteve apenas para si o que recebeu. O evangelho precisa
ser anunciado a tempo e a fora de tempo, aqui, ali e além-fronteiras. Essa
é uma tarefa imperativa, impostergável e intransferível. Precisamos saber
que o campo é o mundo, a igreja é método de Deus e o tempo de Deus é
agora!

Hernandes Dias Lopes

501 Anos da Reforma Protestante

Não foi uma inovação, mas um retorno ao Cristianismo apostólico. Não foi
um desvio, mas uma volta às Escrituras.

A Reforma Protestante completou nesta última quarta-feira, 501 anos. Foi,


certamente, o maior acontecimento na história da igreja cristã, depois do
Pentecostes. Não foi uma inovação, mas um retorno ao Cristianismo
apostólico. Não foi um desvio, mas uma volta às Escrituras. A igreja havia-
se desviado da simplicidade e pureza do evangelho. Doutrinas estranhas à
palavra de Deus estavam sendo pregadas. No dia 31 de outubro de 1517,
o monge agostiniano Martinho Lutero, opondo-se à prática das
indulgências e aos desmandos do papado, fixou nas portas da igreja de
Wittenberg, na Alemanha, noventa e cinco teses contra as indulgências.
Estava deflagrada a Reforma Protestante do século XVI. A Reforma pode
ser resumida em cinco ênfases:

Em primeiro lugar, as Escrituras estão acima das tradições da igreja. A


autoridade suprema sobre a igreja não vem de seus concílios, mas das
Escrituras. A tradição da igreja não está em pé de igualdade com a Bíblia;
ao contrário, a Bíblia é a única autoridade de onde emana toda doutrina e
prática da igreja. A palavra de Deus é inspirada, inerrante, infalível e
suficiente. É nossa única regra de fé e prática. O lema da Reforma é Sola
Scriptura.

Em segundo lugar, a salvação é pela fé e não pelas obras. A igreja


havia-se desviado do ensino apostólico e estava pregando uma salvação
meritória, alcançada pelo esforço do homem. Uma salvação adquirida
pelas obras. A Reforma colocou a igreja de volta nos trilhos da verdade,
ensinando que a salvação é resultado não do que fazemos para Deus,
mas do que Deus fez por nós, em Cristo Jesus. A salvação não é recebida
pelo mérito das obras, mas unicamente pela fé em Cristo. A fé é a causa
instrumental da salvação. O lema da Reforma é Sola Fide.

Em terceiro lugar, a salvação é pela graça e não pelo mérito humano. A


doutrina da salvação estava sendo distorcida. A igreja pregava que a
salvação era alcançada pelo esforço do homem e administrada pela
igreja. A Reforma refutou esse erro e voltou para as Escrituras para
afirmar que a salvação é pela graça de Deus mediante a fé em Cristo. Não
somos salvos pelas obras, mas para as boas obras. As obras não são a
causa de nossa salvação, mas a sua evidência. A graça é o que Deus nos
dá sem qualquer merecimento. Deus nos amou quando éramos fracos,
ímpios, pecadores e inimigos. O amor de Deus por nós é provado, porque
ao nos amar, Deus não escreveu esse amor com letras de fogo sobre as
nuvens, mas esculpiu-o na cruz. Assim diz as Escrituras: “Deus prova o
seu próprio amor para connosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). O lema da Reforma é Sola Gratia.

Em quarto lugar, a salvação foi realizada exclusiva e cabalmente por


Cristo. A igreja estava ensinando que havia uma miríade de intercessores
entre Deus e os homens, mas a Reforma restabeleceu a verdade. Voltou
para as Escrituras e afirmou que Jesus é o único Mediador entre Deus e os
homens (1Tm 2.5). Jesus é o único nome dado entre os homens pelo qual
importa que sejamos salvos (At 4.12). Ele é a porta do céu (Jo 10.9), o
Caminho, e a Verdade, e a Vida e ninguém pode ir ao Pai, exceto por ele
(Jo 14.6). Jesus morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3) e ressuscitou
para a nossa justificação (Rm 4.25). Jesus é o Advogado junto ao Pai (1Jo
2.1). Ele é o dono, o fundamento, o edificador e o protetor da igreja (Mt
16.18). Fora dele não há salvação. O lema da Reforma é Solus Christus.

Em quinto lugar, a glória da salvação só pertence a Deus. Pelo seu


desvio da verdade, a igreja estava recebendo os louvores pela salvação,
como se esta fosse uma obra da igreja. A salvação é obra de Deus de
ponta a ponta. Deus o Pai nos escolheu, Deus o Filho nos redimiu, e Deus
o Espírito Santo nos selou para o dia da redenção. Tudo foi planejado por
ele, executado por ele e será consumado por ele. O apóstolo Paulo é
enfático: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A
ele, pois, glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36). Toda a glória da
salvação deve ser dada a Deus. Resta claro afirmar, portanto, que toda
glória dada ao homem é vanglória, é glória vazia, é idolatria, é
abominação para Deus. Afirmamos, de forma retumbante, portanto, que o
último lema da Reforma é Soli Deo gloria.

Hernandes Dias Lopes

As marcas de um crente maduro

A igreja precisa ser formada de crentes comprometidos com a maturidade


cristã.

“E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que


estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para
vos admoestardes uns aos outros” (Rm 15.14).

O apóstolo Paulo estava a caminho de Jerusalém quando escreveu sua


carta aos Romanos. Nessa carta, o veterano apóstolo expõe a doutrina da
salvação (1-11) e faz a correspondente aplicação da doutrina (12-16). No
texto em tela, fala sobre três marcas de um crente maduro. Vejamos:

Em primeiro lugar, um crente maduro está possuído de bondade. A


bondade é um atributo de Deus que ele compartilha com seu povo. Só
Deus é essencialmente bom. Mas, aqueles que conhecem a Deus e são
cheios do Espírito de Deus, são possuídos de bondade. Barnabé, o homem
chamado de bom no Novo Testamento (At 11.24) fez de sua vida um
investimento na vida de outras pessoas. Demostrou amor aos
necessitados, vendendo uma propriedade para socorrê-los (At 4.36,37).
Quando Saulo de Tarso foi rejeitado na igreja de Jerusalém, foi Barnabé
quem o acolheu e o apresentou aos apóstolos (At 9.26,27). Quando Saulo
ficou mais de dez anos, no anonimato em Tarso, foi Barnabé quem foi
atrás dele, investindo nele, levando-o consigo a Antioquia (At 11.25,16).
Mais tarde, quando Paulo não quis a presença do jovem João Marcos na
caravana da segunda viagem missionária, foi Barnabé quem investiu na
vida desse jovem, que veio a ser o escritor do Evangelho de Marcos (At
15.36-41). Uma pessoa cheia de bondade investe na vida de outras
pessoas, até mesmo daquelas pessoas que são consideradas desprezadas
pelos demais.

Em segundo lugar, um crente maduro está cheio de todo conhecimento.


O exercício da bondade é fruto do conhecimento. É o conhecimento de
Deus e de sua palavra que nos leva a ação da bondade. Um crente
maduro é alguém aplicado ao conhecimento da palavra de Deus. Sua
mente está cheia da verdade e seu coração está cheio de amor. Suas
obras são regidas pelo seu conhecimento. Suas mãos são operantes
porque sua mente está governada pelo pleno conhecimento do
evangelho. Paulo elogia os crentes de Roma, dizendo que eles estavam
cheios de todo o conhecimento. Eram crentes aplicados no exame das
Escrituras. Estavam comprometidos com a sã doutrina. O conhecimento
deles desembocava na prática da bondade. Os crentes de Roma não eram
apenas teóricos, mas transformavam o seu saber numa prática
abençoadora para toda a comunidade.

Em terceiro lugar, um crente maduro é conhecido por estar apto para o


mútuo aconselhamento. A admoestação ocorre quando confrontamos,
confortamos e encorajamos as pessoas com palavras cheias de
conhecimento e bondade. Não há admoestação sábia sem conhecimento;
não há admoestação eficaz sem bondade. Não há aconselhamento mútuo
na igreja sem o conhecimento da verdade e sem a prática da bondade.
Precisamos transformar o conhecimento que temos em atos de bondade.
Precisamos admoestar uns aos outros, firmados no conhecimento das
Escrituras e também regidos por uma atitude de bondade. Sem o
conhecimento da palavra tornar-nos-emos humanistas em nossas
exortações. Sem o exercício da bondade, nossas admoestações podem
esmagar a cana quebrada e apagar a torcida que fumega. Adicionar a
bondade ao conhecimento é o que nos torna aptos para admoestarmos
uns aos outros com eficácia. Que nossa igreja seja uma comunidade de
terapeutas da alma. Que nossos relacionamentos reflitam o cuidado de
uns para com os outros, abençoando uns aos outros e cuidando uns dos
outros. Que nossa igreja seja formada de crentes comprometidos com a
maturidade cristã!

Texto originalmente publicado em hernandesdiaslopes.com.br

Por Hernandes Dias Lopes

O CRESCIMENTO EXPONENCIAL DA IGREJA

O livro de Atos registra o crescimento da igreja primitiva. Não apenas fala


dos números robustos, mas, também, das estratégias de crescimento.
Oração e pregação foram os dois vetores do crescimento da igreja. Uma
igreja que ora e prega no poder do Espírito Santo cresce. Destaco aqui,
dois pontos vitais:

Em primeiro lugar, o expressivo crescimento numérico da igreja. O livro


de Atos começa falando dos cento e vinte discípulos reunidos no cenáculo,
perseverando unânimes em oração, aguardando a promessa do
revestimento de poder (Lc 24.49; At 1.8; 1.14,15). Depois do
derramamento do Espírito, o apóstolo Pedro pregou uma mensagem
Cristocêntrica e a igreja recebeu cerca de três mil novos convertidos (At
2.41). Vieram as perseguições, mas estas não calaram a voz dos
apóstolos. A igreja deu mais um salto de crescimento, subindo o número
de homens, além de mulheres e crianças a quase cinco mil (At 4.4). O
historiador Lucas deixa de falar de números específicos, para dizer que
crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres,
agregados ao Senhor (At 5.14). Lucas registra, ainda, a multiplicação do
número dos discípulos (At 6.1). O crescimento exponencial da igreja foi
resultado do crescimento da palavra de Deus, e, em Jerusalém, se
multiplicava o número dos discípulos (At 6.7). Os convertidos não estavam
apenas entre o povo, mas também, muitíssimos sacerdotes obedeciam a
fé (At 6.7b). A igreja de Jerusalém, viu tanto o martírio de Estêvão como a
conversão de seu carrasco, Saulo de Tarso. Mesmo passando por lutas, a
igreja tinha paz, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no
conforto do Espírito Santo. A igreja crescia em números (At 9.31). Mesmo
fora de Jerusalém, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia,
aumentavam em número (At 16.5). A igreja que começara com cento e
vinte membros em Jerusalém, espalha-se para Samaria, Damasco e
Cesareia. Chega às cidades das províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e
Ásia Menor. Em menos de cinquenta anos, o evangelho chegou até Roma,
a capital do império, num colossal e vertiginoso crescimento.

Em segundo lugar, os instrumentos para o crescimento saudável da


igreja. Hoje a igreja oscila entre a numerolatria e a numerofobia. Há
igrejas que buscam o crescimento a qualquer custo e comprometem a
integridade da pregação. Há outras que se conformam com a ausência de
crescimento e comprometem a urgência da pregação. A igreja primitiva
cresceu como resultado da oração, pregação e revestimento do poder do
Espírito Santo. A igreja primitiva cresceu porque em vez de criar conflitos
raciais ou culturais, pavimentou o caminho da comunhão do evangelho.
Os odiados samaritanos foram evangelizados. Os rejeitados gentios foram
aceitos na igreja como irmãos. A igreja tinha doutrina e vida, ortodoxia e
piedade, credo e conduta. Os crentes não negociavam a verdade nem
abriam mão da comunhão (At 2.42). A igreja era fiel à doutrina, mas
também perseverava nas orações (At 2.42b). Todos os que creram
estavam juntos e tinham tudo em comum (At 2.43). Havia um profundo
senso da presença de Deus entre eles, a ponto de em cada alma haver
temor. Naquela igreja o poder de Deus não era apenas um artigo de fé,
mas uma experiência diária (At 2.43b). Estar na casa de Deus não era um
peso. Unanimemente os crentes estavam na casa Deus e, isso,
diariamente (At 2.46). O louvor da igreja agradava a Deus e a vida dos
crentes impactava os que estavam fora da igreja (At 2.47). O resultado
desse estilo de vida foi o crescimento diário da igreja. O próprio Deus,
acrescentava-lhes, dia a dia, os que iam sendo salvos (At 2.47b).

Se o nosso alvo é o crescimento saudável da igreja, não devemos ir atrás


das técnicas modernas engendradas pelos homens. Devemos, sim,
voltarmo-nos para o livro de Atos dos apóstolos. Ali está a receita para o
verdadeiro crescimento da igreja.

Rev. Hernandes Dias Lopes

PARECEU BEM AO ESPÍRITO SANTO E A NÓS

“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…” (At 15.28).

A Igreja Primitiva caminhava em obediência à orientação do Espírito


Santo. As decisões eram tomadas em submissão à sua soberana vontade.
Líderes eram escolhidos conforme seu querer. A direção missionária da
igreja era dada pelo Espírito Santo. As decisões doutrinárias da igreja, de
igual forma, eram feitas sob a égide do Espírito Santo. Esse modelo não se
caducou. Não pode ser alterado. O Espírito Santo nos foi dado para guiar-
nos à toda a verdade. Sua direção é dentro da Palavra de Deus e não fora
dela. Seu propósito é sempre exaltar a Cristo. Sua vontade está sempre
afinada com o supremo propósito do Pai. Portanto, a igreja precisa,
constantemente, curvar-se à direção do Espírito Santo, para que marche
firme e resoluta rumo à obediência e à santidade.

Hoje, a igreja reúne-se para escolher seus líderes: presbíteros e diáconos.


Depois de orar e buscar a vontade de Deus, chegou a hora de escolher
aqueles que, devem ocupar um posto de serviço e não de prestígio. Essa
escolha não pode ser feita de acordo com o padrão do mundo. No mundo
quanto maior é o homem mais servos ele tem a seu serviço; no reino de
Deus, quanto maior um homem é, mais pessoas ele serve. O padrão do
mundo destaca o homem pelos seus predicados intelectuais e financeiros;
mas no reino de Deus, o homem é reconhecido pela sua humildade e
piedade. No reino de Deus a pirâmide está invertida. O maior é o menor e
o menor é o maior.

Devemos rogar a Deus, com temor e tremor, a fim de que sua vontade
seja feita e que homens fiéis e cheios do Espírito Santo sejam eleitos para
governarem e para servirem à igreja com o mesmo sentimento que houve
também em Cristo Jesus. Precisamos de pastores servos e de servos
pastores. Precisamos de homens firmes na Palavra e amáveis no trato.
Homens que tenham conhecimento e sabedoria. Homens que amem a
Cristo e apascentem suas ovelhas. Homens que sejam doutos na Palavra e
dedicados ao ensino. Homens que sejam intolerantes com o pecado e
compassivos com os pecadores. Homens que celebram com o rebanho e
também chorem suas dores. Homens que inspirem mais pelo exemplo do
que pelo discurso. Homens que vivam o que ensinam e preguem como se
jamais tivessem oportunidade de pregar novamente. Homens que
conheçam o estado de suas ovelhas e desçam aos lugares mais perigosos
para resgatar aquela que caiu. Homens que cuidem das ovelhas que estão
seguras no aprisco e saiam em busca da que se desviou.

Precisamos de homens que cuidem dos enfermos e supram as


necessidades dos aflitos. Homens que se afadigam na Palavra e oram sem
esmorecer. Homens que sejam exemplos de piedade no lar e padrão dos
fiéis no seu trabalho. Homens que sejam respeitados dentro do lar e
tenham bom testemunho dos de fora. Homens que não gastem seu tempo
com conversas frívolas nem sejam amigos de contendas. Homens cujo
temperamento seja controlado pelo Espírito e transmitam graça no abrir
de sua boca. Homens de verdade e homens de honra. Homens cheios do
Espírito Santo, cheios de fé e cheios de sabedoria. Homens cheios de
graça e cheios de poder. Homens cuja vida seja avalista de suas palavras.
Homens fervorosos de espírito e não religiosos carregados de tradições.
Homens que tenham luz na mente e fogo no coração. Homens que
tenham zelo por Deus e profunda compaixão pelos perdidos. Oh, que
Deus nos oriente para que nessa assembleia, possamos agir de tal forma
na escolha de nossos líderes, que ao final possamos dizer: “Pois pareceu
bem ao Espírito Santo e a nós”.
Rev. Hernandes Dias Lopes

EMBRIAGUEZ OU ENCHIMENTO DO ESPÍRITO?

Paulo, o grande bandeirante do Cristianismo, inspirado pelo Espírito de


Deus, escreveu sua carta aos efésios e, com autoridade apostólica,
ensinou: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas
enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Há aqui uma semelhança superficial e
um contraste profundo. A semelhança superficial é que tanto uma pessoa
embriagada como uma pessoa cheia do Espírito estão dominadas por
uma influência que não vem delas mesmas. O bêbado, sob os eflúvios do
álcool, perde a inibição, revela coragem e torna-se um falastrão. O crente
cheio do Espírito transborda de alegria, desfruta gloriosa paz e
testemunha de Cristo com entusiasmo.

Mas as semelhanças ficam por aqui. Começa, então, um contraste


profundo. O álcool, farmacologicamente falando não é um estimulante,
mas um depressivo. O álcool é um ladrão de cérebros. Onde o álcool
domina, o indivíduo perde o domínio próprio. Onde o álcool prevalece, a
vida torna-se dissoluta. Um homem alcoolizado é um tragédia. Torna-se
inconsequente em seus atos e insensato em suas palavras. Por isso, o
alcoolismo está por trás de mais de cinquenta por cento dos assassinatos
e acidentes de trânsito. Uma pessoa alcoolizada perde o bom senso, o
pudor e a responsabilidade. A embriaguez desemboca em dissolução,
vergonha e opróbrio.

O álcool é um feitor de escravos. Há muitas pessoas que vivem na


masmorra do vício. Tornam-se prisioneiras. São dependentes e adictas
desse vício maldito que tem destruído vidas, casamentos e famílias. No
começo, é apenas um gole. Depois, é uma garrafa. Mais tarde, um barril.
O ébrio não tem limites. Não tem controle. Foi vencido. Tornou-se escravo.
Perdeu a sobriedade. Os hospitais estão cheios das vítimas do álcool. As
cadeias estão lotadas dos usuários do álcool. Os cemitérios estão
semeados por aqueles que foram vencidos pelo álcool ou por aqueles que
foram ceifados pelos atos perversos dos alcoolizados.

É triste constatar como tantos crentes estão mais cheios de vinho do que
do Espírito Santo. É vergonhoso constatar que alguns crentes estão
vivendo dissolutamente, porque em nome do uso moderado do vinho,
chegam a excessos. É assaz preocupante notar que as festas dos crentes
são regadas a álcool como se dependêssemos desses artifícios para
celebrarmos com alegria. É humilhante ver nossas festas se
transformando em redutos de bebedeira e ver até mesmo pais crentes
introduzindo seus filhos nessa prática perigosa.

A ordem divina é sermos cheios do Espírito e não cheios de álcool. Não


precisamos de recursos artificiais para desfrutarmos de alegria. Nossa
alegria vem de Deus e não do álcool. Nosso prazer está no Senhor e não
nos banquetes regados a vinho. Sobretudo, numa cultura onde o consumo
de bebida alcoólica, mormente em lugares públicos, é um escândalo,
deveríamos atentar para a orientação das Escrituras, de não sermos
pedra de tropeço e nem provocarmos escândalos (1Co 8.8-13; 10.31-33).
O apóstolo Paulo é peremptório: “É bom não comer carne, nem beber
vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a
tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer]” (Rm 14.21). Nossa liberdade
é regida não tanto pelos nossos direitos, mas pelo amor ao próximo. Se o
que fazemos constitui tropeço para os fracos devemos nos abster por
amor aos fracos.

Conclamo você, portanto, a ser um crente cheio do Espírito Santo. Essa é


uma ordem divina. É para todos. É contínua. A plenitude de ontem não
serve mais para hoje. Todo dia é dia de ser cheio do Espírito Santo. Aquilo
que os homens procuram no álcool e não encontram, nós temos na
habitação plena do Espírito Santo. O fruto do Espírito é: amor, alegria,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio.

Rev. Hernandes Dias Lopes

UMA ORAÇÃO FERVOROSA PELA RESTAURAÇÃO DA IGREJA

O profeta Isaías, de forma eloquente, registra sua oração pela restauração


de Jerusalém: “Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o
dia e toda a noite jamais se calarão; vós, os que fareis lembrado o Senhor,
não descanseis, nem deis a ele descanso até que restabeleça Jerusalém e
a ponha por objeto de louvor na terra” (Is 62.6,7). Essa é, também, uma
oração pela restauração da igreja. Vejamos:

Em primeiro lugar, é uma oração vigilante (Is 62.6). Aqueles que


oram são como guardas sobre os muros, de olhos atentos aos perigos que
ameaçam a igreja e prontos a conclamar o povo de Deus à batalha. Orar é
entrar numa renhida peleja. Lutamos pela igreja. Nessa luta não podemos
dormir nem ficar desatentos. Precisamos de permanente vigilância. A vida
cristã não é uma ilha paradisíaca, mas um campo de guerra.

Em segundo lugar, é uma oração perseverante (Is 62.6). Somos


como os guardas que todo o dia e toda a noite jamais se calam. Não
podemos esmorecer. Não podemos desanimar. Os intercessores devem
fazer soar sua voz perseverantemente. Só aqueles que perseveram na
oração veem os grandes livramentos de Deus. Só aqueles que mantêm a
chama acesa da intercessão, contemplam a plena restauração da igreja.

Em terceiro lugar, é uma oração fundamentada nas promessas de


Deus (Is 62.6). O intercessor é alguém que lembra a Deus o que ele
prometeu. Não oramos buscando a satisfação de nossos caprichos, nem
mesmo a consecução de nossa vontade. Oramos estribados nas
promessas de Deus. Ele vela pela sua palavra em a cumprir. Nenhuma de
suas promessas cai por terra. Devemos orar a palavra e nos agarrar nas
promessas. Orar as promessas de Deus é ter a convicção de que nossa
oração está alinhada com a vontade de Deus.

Em quarto lugar, é uma oração infatigável (Is 62.6). Aqueles que


oram pela restauração da igreja não podem se render ao cansaço. Oração
é guerra. É batalha. Produz fadiga e esgotamento. Mas aqueles que
anseiam ver a restauração da igreja não podem afrouxar as mãos, não
podem descansar nem ensarilhar as armas. É preciso vigor para
prosseguir. É preciso tenacidade para não retroceder. É preciso disposição
para não se acomodar.

Em quinto lugar, é uma oração importuna (Is 62.7). Os intercessores


não podem dar a Deus descanso. Precisam pedir, buscar e bater
constantemente à porta da graça. Nossa oração precisa ter esse senso de
urgência. Precisa ser importuna. Precisa insistir com Deus e continuar
insistindo. Muito embora a mão de Deus não esteja encolhida nem seus
ouvidos fechados ao nosso clamor, nós precisamos lembrar a Deus suas
promessas e não dar descanso a Deus com nossos rogos. Essa é a oração
que agrada a Deus e abençoa a igreja.

Em sexto lugar, é uma oração objetiva (Is 62.7). Esta oração tem um
propósito definido e não cessa até que a resposta chegue. A expressão
“até que…” deve nos ensinar a não desistir da oração porque a resposta
ainda não chegou. Se Deus parece demorar não é porque ele desistiu de
nós, mas é porque ele age no seu tempo, para o louvor de sua glória, para
nos dar coisas maiores do que planejamos. Seus caminhos são mais altos
do que os nossos e seus pensamentos mais elevados do que os nossos.

Em sétimo lugar, é uma oração por restauração (Is 62.7). A oração


erguida aos céus não é por coisas materiais, mas por restauração
espiritual. É um pedido para que Deus restabeleça Jerusalém e a coloque
por objeto de louvor na terra. Precisamos, de igual forma, orar pela
restauração da igreja. Não raro ela tem perdido o vigor do seu
testemunho e sido motivo de zombaria no mundo. Nosso clamor deve ser
pela restauração da igreja, a fim de que ela seja um luzeiro a brilhar e um
instrumento poderoso nas mãos do Senhor para trazer glória para o nome
de Deus no céu, salvação para os pecadores na terra.

Rev. Hernandes Dias Lopes

UMA IGREJA FIEL E RELEVANTE

A igreja de Deus é composta de todos aqueles que, em todos os tempos,


em todos os lugares e de todas as etnias foram chamados por Deus, para
crerem no seu Filho, pela ação do Espírito Santo, para herdarem a vida
eterna. Essa igreja não se restringe a nenhuma denominação religiosa.
Suas fronteiras transcendem os limites geográficos. Todos aqueles que
creem em Cristo Jesus, são batizados pelo Espírito, no corpo de Cristo, e
passam a fazer parte da família de Deus. Há uma só igreja, um só
rebanho, um só povo.
Essa igreja formada de judeus e gentios é a noiva do Cordeiro, a vinha de
Deus, o rebanho de Cristo, o edifício feito não por mãos, o santuário do
Espírito, onde ele habita. Essa igreja é sal da terra e luz do mundo. Seu
chamado é para andar com Deus e glorificá-lo através de uma vida de
obediência e fidelidade. Ela é coluna e baluarte da verdade num mundo
de cegueira espiritual. É embaixadora da reconciliação num mundo
marcado de segregação e ódio. Sua mensagem é de arrependimento num
mundo mergulhado no caudal do pecado. Sua voz brada com senso de
urgência num mundo que dorme o sono da morte.

Para cumprir o seu papel na história a igreja precisa ser fiel. Se ela
abandonar seu compromisso com Deus, torna-se sal sem sabor. Se calar
sua voz, torna-se uma luz debaixo do alqueire. Se ela fizer amizade com o
mundo, torna-se inimiga de Deus. Se conformar-se com o presente século,
perde seu testemunho e acaba sendo condenada com o mundo. A igreja
precisa ser fiel à palavra de Deus para andar na verdade e pregar a
verdade. Mudar a mensagem para agradar os homens é incorrer em
anátema. Tornar a mensagem mais açucarada para agradar aos ouvidos
incircuncisos é atentar contra o Todo-poderoso. Pregar o que as pessoas
querem ouvir é cair nas malhas de um pragmatismo antropolátrico. Imitar
o mundo para agradar o mundo ou receber dele sua aprovação é assinar
seu próprio atestado de óbito.

A igreja precisa ser, também, relevante. Ela precisa estar no mundo sem
ser do mundo. Precisa pregar aos ouvidos e também aos olhos. Precisa
falar e fazer. Precisa anunciar o amor de Deus a um mundo no estertor da
morte e demonstrá-lo com atos de misericórdia. Precisa demonstrar sua fé
através de suas obras. A igreja precisa ir lá fora onde as pessoas estão em
vez de apenas esperar que elas venham onde nós estamos. A igreja
relevante não é sal no saleiro, mas atua com graça e compaixão fora dos
portões, levando o pão da vida aos famintos, a água da vida aos sedentos,
a esperança da salvação aos perdidos, o braço estendido da misericórdia
aos que jazem prostrados e feridos à beira do caminho.

A igreja fiel é ortodoxa e a igreja relevante é ortoprática. A igreja fiel


levanta a bandeira da doutrina certa e a igreja relevante põe em prática a
doutrina cerca. A igreja fiel tem luz na mente e a igreja relevante tem fogo
no coração. A igreja fiel goteja do púlpito a doutrina pura, a igreja
relevante destila de suas mãos os atos de misericórdia. A igreja fiel tem
uma relação vertical correta e a igreja relevante demonstra isso ao mundo
através de uma relação horizontal adequada. Ortodoxia desacompanhada
de ação torna-se academicismo teológico árido; ação de misericórdia sem
ortodoxia torna-se assistencialismo humanista. Não podemos cair num
extremo nem noutro. Precisamos manter juntos o que nunca pode ser
separado: ortodoxia e ortopraxia, teologia e ética, doutrina e vida, credo e
conduta, palavra e ação. O apóstolo João, em sua primeira epístola, deixa
claro que um verdadeiro cristão é conhecido por três provas: A prova
doutrinária, a fé em Jesus como Filho de Deus; a prova moral, a
obediência aos mandamentos de Jesus; e a prova social, o amor ao
próximo como evidência de nosso amor por Deus. A igreja não é uma
torre de marfim, confortavelmente discutindo seus postulados
doutrinários entre quatro paredes, mas uma agência do reino de Deus,
pregando o evangelho e demonstrado o amor de Cristo, lá fora onde os
pecadores estão. Oh, que Deus nos ajude a ser uma igreja fiel e relevante!

Rev. Hernandes Dias Lopes

O PODER ATRAVÉS DA ORAÇÃO

Deus é soberano e faz todas as coisas conforme o conselho da sua


vontade, mas sendo ele soberano, escolheu agir em resposta às orações
do seu povo. Orar é conectar o altar com o trono, a fraqueza humana à
onipotência divina. Orar é falar com aquele que está entronizado acima
dos querubins e governa o universo. Não há nenhuma força mais
poderosa na terra do que a oração, pois a palavra de Deus diz que muito
pode, por sua eficácia, a súplica do justo.

Pela oração situações humanamente irremediáveis acontecem. Ana orou


ao Senhor e tornou-se alegre mãe de filhos, inobstante ser estéril. Deus
derrotou o poderoso exército da Assíria em resposta às orações do rei
Ezequias. Esse mesmo rei foi curado de uma enfermidade mortal, em
resposta ao seu clamor e às suas lágrimas. A oração aciona o braço do
Onipotente!

Pela oração, as mui ricas e preciosas promessas de Deus são apropriadas.


Tiago escreveu: “Nada tendes, porque nada pedis”. Jesus ensinou: “Pedi e
dar-se-vos-á, porque todo o que pede recebe”. Bênçãos são retidas
quando as orações não sobem ao trono da graça. Mas, promessas são
cumpridas quando o povo de Deus ergue sua voz aos céus. Pela oração
apropriamo-nos das promessas divinas.

Pela oração, enfermos são curados. Portanto, devemos orar pelos


enfermos. Deus cura com os meios, sem os meios e apesar dos meios. Ele
cura segundo o seu propósito e sua soberana vontade. Quando ele deixa
de curar é, de igual modo, para mostrar como o seu poder se aperfeiçoa
na fraqueza. Porém, jamais devemos calar a nossa voz diante do
sofrimento, seja nosso ou dos nossos irmãos. Deus é poderoso para
reverter a situação mais adversa. Ele pode transformar choro em alegria,
desespero em esperança, o cheio da morte em aroma de vida.

Pela oração, a igreja é fortalecida com poder para testemunhar. A igreja


avança mais rápido e com mais vigor quando caminha de joelhos. É
quando nos prostramos diante de Deus que podemos nos levantar diante
dos homens. É quando nos curvamos diante de Deus em oração que
podemos nos levantar para pregar com eficácia. Não há pregação
poderosa sem que primeiro os joelhos se dobrem. Precisamos falar com
Deus antes de falar aos homens. Precisamos conhecer o poder de Deus
através da oração antes de sermos usados por Deus na pregação.

Pela oração, a igreja transforma as ameaças do mundo em ousadia para


testemunhar com intrepidez. A perseguição jamais enfraqueceu a igreja.
Ao contrário, leva-a ainda mais longe em sua ousadia, para clamar aos
céus, rogando intrepidez e poder para testemunhar. Foi assim com os
apóstolos diante da perseguição do sinédrio judaico. Foi assim com os
crentes primitivos diante da amarga e truculenta perseguição dos
imperadores romanos. Foi assim ao longo da história da igreja. O
sofrimento põe a igreja de joelhos e quando a igreja se ajoelha ela é mais
forte do que um poderoso exército. A igreja transforma as ameaças do
mundo em oportunidades para buscar a face do Onipotente e sair desse
campo das lágrimas revestida com o poder do Espírito Santo.

Pela oração, a igreja se deleita em Deus mais do que nas obras de Deus.
O maior privilégio da oração é ter intimidade com Deus e deleitar-se nele.
Quanto mais nos regozijamos em Deus, mas ele se deleita em nós.
Quanto mais nos apegamos ao Altíssimo, mais temos gozo nele e motivos
para andarmos com ele. Nosso maior problema não é a presença do
adversário, mas a ausência de Deus. Nossa maior riqueza não são as
bênçãos de Deus, mas o Deus das bênçãos. Deus é melhor do que suas
bênçãos. Ele é mais excelente do que suas mais excelentes dádivas. Oh,
que a igreja redescubra as bênçãos da oração! Oh, que a igreja deixe de
fazer a obra na força do braço humano, para recorrer aos insondáveis
recursos divinos. Oh, que a igreja se prostre diante de Deus em oração,
para levantar-se diante dos homens em testemunho!

Rev. Hernandes Dias Lopes

DISCUSSÃO SEM PODER

Jesus subira com Pedro, Tiago e João para um alto monte, a fim de orar. Lá
ele foi transfigurado na presença deles. Mesmo vendo milagres no topo
dessa montanha, os discípulos não oraram. Por isso, estavam desprovidos
de entendimento. Não compreenderam a centralidade da pessoa nem da
missão de Jesus. Em vez de se deleitarem em Deus, passaram a ter medo
dele. Os discípulos que ficaram no sopé do monte também não oraram.
Em vez de fazerem a obra, discutiram com os escribas, os maiores
opositores de Jesus. A apologética é necessária quando se trata da defesa
da fé, mas apenas discutir a obra em vez de fazer a obra é uma perda de
foco e um perigo ameaçador para a igreja.

No vale, enquanto os discípulos discutem com os escribas, um pai aflito


busca ajuda para seu filho endemoninhado. Esse homem recorre aos
discípulos, mas eles não puderam libertar o seu filho. Em vez de orar e
libertar os cativos, eles estavam gastando toda a sua energia numa
discussão infrutífera. Em vez de socorrer os aflitos e fazer a obra, estavam
discutindo a obra com os inimigos da obra.

Enquanto a igreja se distrai, discutindo a obra ano após ano, no conforto


do templo, o diabo age destruindo famílias. Aquele jovem endemoninhado
era jogado na água, no fogo e na terra por uma casta de demônios e isso
desde sua infância. Havia um grande sofrimento naquela família. A
esperança de encontrar nos discípulos de Jesus uma saída para esse
drama fracassou. Eles estavam sem poder. Tinham perdido o foco.
Estavam gastando todo o tempo discutindo a obra em vez de fazer a obra.
Enquanto os discípulos discutem, as multidões perecem, os cativos não
são libertos e os demônios não são confrontados. Oh, como esse fato
deveria nos despertar! Gastamos muito tempo discutindo nossas
doutrinas, defendendo nossos posicionamentos, combatendo nossos
opositores, mas investimos muito pouco tempo fazendo a obra de Deus.
Por isso, o crescimento da igreja é tão inexpressivo. Não adianta apenas
dizer que temos uma boa doutrina. Que a palavra de Deus é poderosa!
Que a semente tem vida em si mesma! Que ela é irresistível! Essa
semente só vai frutificar se nós a semearmos. Não basta apenas defender
o evangelho. Importa também pregá-lo no poder do Espírito Santo. A fé
vem pelo ouvir e ouvir a palavra de Deus. Há igrejas que estão ficando
desidratadas de tanto de discutir. Sempre teremos mais um assunto novo
para discutir ou se nos falta um novo assunto, repisamos os antigos. Essa
agenda nunca se esgotará. Enquanto ficarmos agarrados com essas
discussões inócuas, a igreja não terá resposta para o mundo aflito e
atormentado pelas hordas demoníacas.

Quando aquele pai aflito buscou a Jesus e o informou que seus discípulos
não puderam libertar seu filho, Jesus soltou uma exclamação de dor: “Oh,
geração incrédula e perversa, até quando vos suportarei?”. A falta de
poder na igreja causa dor no coração do nosso Salvador. Jesus, então,
libertou o menino e o devolveu a seu pai. O mal foi vencido. As trevas
foram derrotadas. O evangelho prevaleceu. A falta de poder na igreja
impede os cativos de serem libertos. A falta de poder na igreja é um
entrave para o seu crescimento. É tempo de avaliarmos nosso coração,
nossa vida, nossa agenda, nossa igreja. É tempo de sairmos da arena da
discussão, para o campo da ação. É tempo de fazermos a obra em vez de
apenas discutir sobre a obra. É tempo de orar e jejuar. É tempo de
buscarmos o poder do Espírito Santo. É tempo de sermos uma igreja viva
e operosa, que leva a esperança da salvação para fora de seus portões!

Rev. Hernandes Dias Lopes

A IGREJA FORA DOS PORTÕES

Os profetas, Jesus e os apóstolos pregaram nas ruas, nas praças, fora dos
portões. Eles percorriam as cidades, as vilas, os campos. Estavam onde o
povo estava. A missão deles era principalmente centrífuga, para fora dos
portões. Hoje, concentramos nossas atividades no templo. Invertemos a
ordem. Em vez de irmos lá fora, onde as pessoas estão, queremos que
elas venham a nós, onde nós estamos. Nosso testemunho tornou-se
intramuros. Nossa missão tornou-se centrípeta, para dentro.

Em vez de irmos ao fundo para lançarmos as redes para pescar, estamos


pescando no raso. Fazemos uma pesca de aquário. Multiplicamos nossos
esforços para fazermos demorados treinamentos, mas não colocamos em
prática o que aprendemos. Fazemos congressos e conferências para
aumentarmos nosso cabedal teológico, mas esse conhecimento não se
traduz em ação missionária. Cruzamos mares e atravessamos fronteiras
para adquirirmos o melhor conhecimento, mas guardamos isso para nós
mesmos, para o nosso próprio deleite intelectual. Estamos esticando o
nosso cérebro, mas atrofiando os nossos músculos. Conhecemos muito e
exercitamos pouco. Sabemos muito e realizamos pouco. Reunimo-nos
muito para edificarmos a nós mesmos e saímos pouco para repartirmos o
que recebemos. Discutimos muito as doutrinas da graça e anunciamos
pouco as boas novas do evangelho.

A discussão é oportuna na defesa do evangelho, mas para alcançarmos os


pecadores, precisamos ir além e pregarmos a eles o evangelho. A fé vem
pelo ouvir e ouvir o evangelho. O evangelho é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê. Muito embora, nossas atividades no
templo sejam ricas oportunidades para trazermos pessoas para ouvirem o
evangelho, nossa agenda não pode ser limitada apenas à essas
atividades. O projeto de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, em
todo o mundo. Cada crente deve ser um missionário em sua escola, em
seu trabalho, em sua parentela, entre seus amigos. Cada igreja local
precisa alcançar com o evangelho o seu bairro, a sua cidade, a sua nação
e até mesmo ir além fronteiras. Nossas ações precisam ser
deliberadamente focadas na proclamação do evangelho fora dos portões
e no discipulado das pessoas alcançadas.

Se não investirmos nosso tempo na obra, vamos nos distrair com outras
coisas periféricas. Se não gastarmos nossa energia no trabalho, vamos
gastá-la em embates acirrados, discutindo opiniões e preferências. Crente
que não trabalha, dá trabalho. Igreja que não evangeliza, precisa ser
evangelizada. A igreja é uma agência missionária ou um campo
missionário. Muitas igrejas hoje capitularam-se ao comodismo. Fazem um
trabalho apenas de manutenção. Estão estagnadas. Não crescem nem
têm propósito de crescer. Preferem criar desculpas teológicas para
justificar sua covarde omissão. Há denominações históricas na Europa e
na América que estão perdendo cerca de dez por cento de sua membresia
a cada ano. Há igrejas que já abandonaram o genuíno evangelho e
perderam a mensagem. Há igrejas que já perderam o fervor e não
proclamam mais, no poder do Espírito, a mensagem da graça. Há igrejas
que, embora tenham uma sólida firmeza doutrinária, possuem um pífio
desempenho missionário. Oh, que Deus desperte nessa geração uma
igreja fiel e relevante, uma igreja que ora com fervor e evangeliza com
entusiasmo, uma igreja que edifica os salvos e busca os perdidos. Oh, que
Deus derrame sobre nós o poder do seu Espírito! Oh, que Deus revista sua
igreja de poder para viver e para pregar! Oh, que Deus traga sobre nós
paixão pelas almas e nos tire do comodismo das quatro paredes e nos
leve para fora dos portões!

Rev. Hernandes Dias Lopes

Os perigos que ameaçam a unidade da igreja

Ao escrever sua epístola aos Filipenses, Paulo mencionou o exemplo


negativo de alguns crentes de Roma que estavam trabalhando com a
motivação errada (Fp 1.15,17). Isso, certamente, enfraquecia a unidade
da igreja. Agora, Paulo fala sobre dois perigos que conspiram contra a
unidade da igreja. Que perigos são esses?

Em primeiro lugar, o partidarismo (Fp 2.3). A igreja de Filipos tinha


muitas virtudes, a ponto de Paulo considerá-la sua alegria e coroa (Fp
4.1). Mas esta igreja estava ameaçada por alguns sérios perigos na área
da unidade. Havia tensões dentro da igreja. A comunhão estava sendo
atacada. A palavra grega eritheia traduzida por “partidarismo” é resultado
de egoísmo. Depois de Paulo mencionar a atitude mesquinha de alguns
crentes de Roma que, movidos por inveja pregavam a Cristo para
despertar ciúmes nele, pensando que o seu trabalho apostólico era uma
espécie de campeonato em busca de prestígio, volta, agora, suas baterias
para apontar os perigos que estavam afetando, também, a unidade na
igreja de Filipos. Que perigos?
O perigo de trabalhar sem unidade (Fp 1.27). Nada debilita mais a
unidade da igreja do que os crentes estarem engajados no serviço de
Deus sem unidade. A obra de Deus não pode avançar quando cada um
puxa para um lado, quando cada um busca mais seus interesses do que a
glória de Cristo. Na igreja de Filipos havia ações desordenadas. Eles
estavam todos lutando pelo Evangelho, mas não juntos.

O perigo de líderes buscarem seus próprios interesses (Fp 2.21). Paulo ao


enviar Timóteo à igreja de Filipos e dar bom testemunho acerca dele,
denuncia, ao mesmo tempo, alguns líderes que buscavam seus próprios
interesses. Esses líderes eram amantes dos holofotes; não buscavam a
glória de Deus nem a edificação da igreja, mas a construção de
monumentos aos seus próprios nomes.

O perigo do mundanismo na igreja (Fp 3.17-19). A unidade da igreja de


Filipos estava sendo ameaçada por homens mundanos, libertinos e
imorais. Essas pessoas fizeram Paulo sofrer de tal modo, que o levaram às
lágrimas (Fp 3.18). Paulo os chama de inimigos da cruz de Cristo (Fp
3.18). Essas pessoas eram mundanas, pois só se preocupavam com as
coisas terrenas (Fp 3.19). Eram comilões, beberrões e imorais, com uma
visão muito liberal da fé cristã, do tipo que está sempre dizendo: “isso não
é pecado, não tem problema”. Em vez de a igreja seguir a vida
escandalosa desses libertinos, deveria imitar o seu exemplo (Fp 2.17).

O perigo dos crentes viverem em conflito dentro da igreja (Fp 4.2). Aqui o
apóstolo está trabalhando com a questão do conflito entre lideranças da
igreja local, pessoas que disputam entre si a atenção e os espaços de
atuação na igreja. Quando o trabalho era dirigido pela família de Evódia,
possivelmente o pessoal de Síntique não participava, e quando era
promovido por Síntique quem não participava era o pessoal de Evódia.

Em segundo lugar, a vanglória ou o egoísmo (Fp 2.3). Vanglória é


buscar glória para si mesmo. A palavra grega kenodoxia traduzida por
“vanglória” só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Ela denota uma
inclinação orgulhosa que busca tomar o lugar de Deus, e a estabelecer
como um status auto-assertivo que rapidamente induz ao desprezo do
próximo (Gl 5.26). A vanglória destrói a verdadeira vida comunitária. Paulo
colocou seu “dedo investigativo” bem na ferida dos filipenses. Os
membros da igreja de Filipos estavam causando discórdia por causa de
suas atitudes ou ações. Eles desejavam reconhecimento ou distinção, não
por puros motivos, mas meramente por ambição pessoal. Eles estavam
criando partidos baseados em prestígio pessoal, ao mesmo tempo em que
desprezavam os outros.

Hernandes Dias Lopes

Igreja, uma comunidade de cura e restauração

Na sua epístola aos Gálatas, o apóstolo Paulo diz que a igreja de Cristo
recebeu o Espírito (3.2), nasceu segundo o Espírito (4.29), anda no
Espírito (5.16), é guiada pelo Espírito (5.18), produz o fruto do Espírito
(5.22,23), e vive no Espírito (5.25). Mas, ainda não está no céu. Há ainda a
terrível possibilidade de quedas e fracassos. Estamos sujeitos a fraquezas
e quedas. É nesse contexto que a igreja precisa se firmar como uma
comunidade terapêutica. Paulo escreve: “Irmãos, se alguém for
surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com
espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gl
6.1). À luz deste versículo, destacaremos três pontos importantes:

Em primeiro lugar, o perigo de uma queda repentina (6.1a).


“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta…”. O termo
surpreendido indica que não se trata de um caso de desobediência
deliberada. Não houve um propósito maldoso antes da ação. A palavra
“falta” significa, literalmente, “pisar fora do caminho” ou “dar um passo
em falso”. Por que Paulo levanta esse caso hipotético? Porque nada revela
de maneira mais clara a perversidade do legalismo do que a maneira
como os legalistas tratam aqueles que pecaram. Paulo está alertando,
também, que o pecado é um laço, uma armadilha colocada em nosso
caminho, que pode nos surpreender. A expressão “se alguém” inclui a
todos, sem exceção. Há terrenos escorregadios diante dos nossos pés.
Não podemos andar despercebidamente.

Em segundo lugar, a necessidade de um confronto amoroso


(6.1b). “… vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e
guarda-te para que não sejas também tentado”. Muitos lançam mão dos
erros dos irmãos, usando-os como ocasião para insultá-los e atingi-los
com linguagem rude e censuradora. Paulo diz que os crentes espirituais,
ou seja, aqueles que andam no Espírito e são guiados pelo Espírito é que
devem tomar a iniciativa de cuidar daqueles que são surpreendidos pelo
pecado. Paulo está mais preocupado com aqueles que vão lidar com o
caído do que com a própria pessoa que resvalou os pés. Lidar com
disciplina na igreja sem total dependência do Espírito pode produzir mais
doença do que cura. Os exortadores podem tornar o caso pior do que foi
propriamente a falta. A única maneira de levantar aqueles que caíram em
pecado é a confrontação amorosa. Paulo diz: “… corrigi-o”. O termo grego
katartizo significa “por em ordem” e “restaurar à condição anterior”. No
vocabulário médico esse temo referia-se ao ato de encanar um osso
fraturado ou deslocado. O crente que caiu em pecado é como um osso
fraturado no corpo que precisa ser restaurado. Obviamente, essa palavra
aponta, também, para a motivação daquele que corrige. Seu intento não é
tripudiar sobre o faltoso, mas ajudá-lo a colocar-se de pé. O confronto
precisa ser com “espírito de brandura”. A dureza, a insensibilidade e a
hipocrisia não podem estar presentes no processo da confrontação.
Precisamos ter a ternura de Cristo e a doçura do Espírito de Deus, a fim de
que a pessoa ferida pelo pecado seja curada e restaurada. A igreja não é
uma comunidade geradora de traumas e doenças, mas um lugar de cura
e restauração. Não somos um exército que executa seus soldados feridos,
mas uma clínica que cuida com amor daqueles que foram surpreendidos e
caíram nas malhas insidiosas do pecado.

Em terceiro lugar, um alerta sobre o cuidado preventivo (6.1c). “…


e guarda-te para que não sejas também tentado”. A confrontação precisa
ser feita com cautela e humildade. Não é sem razão que o apóstolo, muda
do plural para o singular. Ele dá vigor à sua exortação, quando se dirige
individualmente a cada crente, instando a que cuide de si mesmo. Quem
corrige não pode jactar-se, julgando-se melhor do que o indivíduo
corrigido. Todos temos a mesma estrutura: somos pó. Se nos apartarmos
um minuto sequer da graça de Deus, poderemos também tropeçar e cair.
Somos todos vulneráveis e dependentes da misericórdia de Deus.
Portanto, precisamos vigiar para não condenarmos nos outros aquilo que
nós mesmos praticamos, ou para não cairmos em práticas semelhantes
àquelas que reprovamos na vida dos nossos irmãos. Por mais perspicazes
que sejamos em detectar os erros alheios, muitas vezes, não conseguimos
ver a mochila pendurada às nossas costas.

Hernandes Dias Lopes


Amor, a verdadeira marca do cristão

O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 13, fala sobre três aspectos do amor, a


verdadeira marca do cristão. Vamos examinar esses três aspectos:

Em primeiro lugar, a superioridade do amor (1Co 13.1-3). Depois de


tratar dos dons espirituais, Paulo aborda um caminho sobremodo
excelente. Em 1 Coríntios 13.1-3, fala da superioridade do amor sobre os
dons espirituais. O que caracteriza a verdadeira espiritualidade é amor e
não os dons. A igreja de Corinto tinha todos os dons, mas era imatura
espiritualmente. Conhecemos um cristão maduro pelo fruto do Espírito e
não pelos dons do Espírito. No texto em apreço, Paulo diz que o amor é
superior ao dom de variedade de línguas (1Co 13.1), ao dom de profecia
(1Co 13.2), ao dom de conhecimento (1Co 13.2), ao dom da fé (1Co 13.2),
ao dom de contribuição (1Co 13.3) e até mesmo ao martírio (1Co 13.3).
Sem amor os dons podem ser um festival de competição em vez de ser
uma plataforma de serviço. Sem amor nossas palavras, por mais
eloquentes, produzem um som confuso e incerto. Sem amor, mesmo que
ostentando os dons mais excelentes como profecia, conhecimento e fé
nada seremos. Sem amor nossas ofertas podem ser egoístas, visando
apenas nosso engrandecimento em vez da glória de Deus e o bem do
próximo. Sem amor nossos gestos mais extremos de abnegação, como o
próprio martírio de nada nos aproveitará. O amor dá sentido à vida e
direção na caminhada. Quem ama vive na luz, conhece a Deus e se torna
conhecido como discípulo de Jesus.

Em segundo lugar, as virtudes do amor (1Co 13.4-8). Como


podemos descrever as virtudes do amor? Nesse mais importante texto
sobre o amor, o apóstolo Paulo nos oferece uma completa definição.
Primeiro, o amor é conhecido por aquilo que ele é: o amor é paciente e
benigno. Segundo, o amor é conhecido por aquilo que ele não faz: o amor
não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz
inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não
se ressente do mal; não se alegra com a injustiça. Terceiro, o amor é
conhecido por aquilo que ele faz: O amor regozija-se com a verdade.
Quarto, o amor, também, é conhecido por aquilo que ele é capaz de
enfrentar na jornada da vida: o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta. Finalmente, o amor é conhecido pela sua indestrutibilidade:
O amor jamais acaba; mas havendo profecias, desaparecerão; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, passará. O amor é a maior das
virtudes, o maior dos mandamentos, o cumprimento da lei de Deus. O
amor é a maior evidência de maturidade espiritual, a mais eloquente
comprovação do discipulado e a garantia mais sólida da genuína
conversão.

Em terceiro lugar, a perenidade do amor (1Co 13.9-13). O amor


jamais vai acabar porque, agora, em parte conhecemos e, em parte,
profetizamos. Porém, quando Jesus voltar em sua majestade e glória,
inaugurando o que é perfeito; então, o que é em parte, será aniquilado.
Agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a
face. Quando Jesus voltar e recebermos um corpo imortal, incorruptível,
glorioso, poderoso, espiritual, celestial, semelhante ao corpo de sua
glória, então, conheceremos como também somos conhecidos. Agora,
permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes
é o amor. No céu não precisaremos mais de fé nem mesmo de esperança,
porém, o amor será o oxigênio do céu, o fundamento de todas as nossas
relações pelo desdobrar da eternidade. Porque Deus é eterno e amor, o
amor dura para sempre. Ainda que o sol pudesse perder sua luz e sua
claridade; ainda que as estrelas deixassem de brilhar no firmamento;
ainda que os mares secassem e os prados verdejantes se tornassem
desertos tórridos, ainda assim, o amor continuaria sobranceiro, vivo e
vitorioso para sempre e sempre. O amor jamais acaba. O amor é a
verdadeira marca do cristão, desde agora e para sempre!

Hernandes Dias Lopes

A RESTAURAÇÃO DO POVO DE DEUS

Referência: Joel 2.12-17


Introdução

Hoje quero falar sobre a necessidade da restauração da igreja. Deus


chamou a igreja do mundo para enviá-la de volta ao mundo como luz. A
igreja é tão diferente do mundo como a luz é diferente das trevas. A igreja
não foi chamada para ser influenciada pelo mundo. Ela não foi chamada
para imitar o mundo. Ela não foi chamada para amar o mundo.

Mas a igreja hoje está exatamente como o povo de Israel, imitando a vida
dos povos ao seu redor. Por isso, a igreja tem perdido o seu poder
espiritual. Martyn Lloyd-Jones diz que só vamos influenciar e ganhar o
mundo quando formos exatamente diferentes do mundo. No Brasil a igreja
evangélica está crescendo mas não influenciando o mundo. A igreja tem
extensão, mas não profundidade. Tem números, mas não santidade. Tem
quantidade, mas não qualidade.

A igreja está se acostumando com o pecado. E o pecado atrai a ira santa


de Deus. O pecado provoca o juízo de Deus. O profeta Joel está tocando a
trombeta do juízo de Deus no capítulo 2. Os gafanhotos, a seca, a fome e
os exércitos invasores estão assolando Israel. Essa trombeta fala do juízo
de Deus.

I. A restauração começa com a consciência da crise que nos cerca


– v. 1-11

O profeta Joel entende que a crise é resultado do pecado do povo e do


juízo de Deus contra o pecado. Como Deus vê a igreja hoje? Tem Deus
prazer na vida do seu povo ao ver a sua infidelidade? Tem Deus prazer na
vida do seu povo ao ver que as coisas do mundo nos atrai mais do que as
coisas do céu. Tem Deus prazer na sua igreja ao ver que os crentes tem
perdido seus absolutos, tem imitado o mundo e vivido apenas um
religiosismo sem vida, sem santidade e sem poder?

Deus não se impressiona com formas, com programas, com ritos, com
cerimônias. Ele busca um povo santo, piedosos, fiel. Há pecados na igreja:
1) Falta de consistência espiritual – piedade na igreja e mundanidade em
casa; 2) Falta de fervor espiritual – cansaço com as coisas de Deus e
entusiasmo com as coisas do mundo. Falta de oração. Analfabetismo
bíblico; 3) Falta de pureza moral – Crentes que abrigam imoralidade no
coração, com pornografia, com namoros impuros, com festas mundanas;
4) Falta de amor nos relacionamentos – Crentes que são insubmissos aos
pais, que são insensíveis com o cônjuge, que são frios no trato uns com os
outros. 5) Falta de fidelidade na mordomia dos bens – Crentes que amam
mais o dinheiro do que a Deus. Crentes que sonegam os dízimos, que
roubam de Deus, que não investem no Reino.

A restauração passa pela consciência da crise. A igreja está como


Ziclague, ferida e saqueada pelo inimigo. A igreja parece com Sansão, um
gigante que ficou sem visão e sem forças. Escândalos vergonhosos têm
acontecido dentro das igrejas. A igreja está em crise na doutrina, na ética
e na evangelização.

O pecado nos torna fracos e afasta de nós a presença poderosa de Deus.


Daí o começo da restauração passar pela consciência da crise.

II. A restauração vem como resultado de uma volta para deus – v.


12-17

Qual é o processo dessa volta para Deus?

1. É uma volta para uma relação pessoal com Deus – v. 12


“Convertei-vos a mim”

O caminho da restauração é aberto quando voltamos as costas para o


pecado e a face para Deus. Não é apenas um retorno à igreja, à doutrina,
a uma vida moral pura, mas uma volta para uma relação pessoal com
Deus. Os fariseus amavam mais a religião do que a Deus. Eles estavam
mais apegados aos costumes religiosos do que a comunhão com Deus.

A maior prioridade da nossa vida é Deus. Fomos criados para glorificarmos


a Deus e desfrutarmos da sua intimidade. Hoje buscamos as bênçãos de
Deus e não o Deus das bênçãos. Corremos atrás da bênção e não do
abençoador. O nosso alvo é satisfazer a nós mesmos e não voltarmo-nos
para o Senhor.

Temos muita religiosidade e muito pouca intimidade com Deus.


Conhecemos muito acerca de Deus, e muito pouco a Deus. Estamos
envolvidos com a obra de Deus, mas não temos intimidade com o Deus da
obra. Somos ativistas, mas não nos assentamos aos pés do Senhor. Deus
está mais interessado em nossa relação com ele do que no nosso
trabalho. Exemplo: Quando Jesus foi restaurar Pedro ele lhe deu uma lista
de coisas para fazer, mas lhe perguntou: tu me amas? A volta para Deus é
o primeiro degrau na estrada da restauração.

2. É uma volta com sinceridade para Deus – v. 12 “de todo o


vosso coração”
Há muitos crentes que fazem lindas promessas para Deus depois de um
retiro, depois de um congresso, depois de um culto inspirativo, mas logo
se esquecem dos compromissos assumidos. O amor deles é como o
orvalho, logo se dissipa. Os votos assumidos no altar de Deus, com
lágrimas, já são esquecidos no páteo da igreja.

O nosso cristianismo tem sido muito raso. Cantamos hinos de


consagração, mas não nos consagramos ao Senhor. Cantamos que
queremos ser um vaso de bênção, mas nos omitimos de falar de Jesus.
Pedimos para que Jesus brilhe sua luz em nós, mas apagamos nossa luz
imitando o mundo em nosso comportamento. Cantamos “tudo a ti Jesus
entrego, tudo, tudo entregarei”, mas retemos os dízimos e as ofertas e
fechamos o nosso coração ao necessitado. Honramos a Deus com os
nossos lábios, mas o negamos com as nossas obras.

Há aqueles que só andam com Deus na base do aguilhão. Só se voltam


para Deus no momento em que as coisas apertam. Só se lembram de
Deus na hora das dificuldades. Não se voltam para Deus porque o amam
ou porque estão tristes com os seus pecados, mas porque não querem
sofrer. A motivação da busca não está em Deus, mas neles mesmos. O
centro de tudo não é Deus, mas o eu. Precisamos nos voltar para Deus
para veler. Deus não aceita apenas uma religião formal, uma reforma
exterior, um verniz espiritual.

3. É uma volta com diligência para Deus – v. 12 “e isto com


jejuns”

Qual foi a última vez que você jejuou para buscar a Deus? Jejum não é
greve de fome, não é regime para emagrecer, não é ascetismo nem
meritório. O jejum é instrumento de mudança. Ele muda a nós, não a
Deus.

Devemos jejuar para Deus. Devemos jejuar para nos humilharmos diante
do Senhor. Devemos jejuar para reconhecermos a falência dos nossos
recursos. Devemos jejuar para buscarmos o socorro de Deus. O povo de
Deus sempre jejuou. Quem jejua tem pressa. Quem jejua está ansioso por
ver a intervenção de Deus.

Josafá convocou a nação de Judá para jejuar e Deus libertou o seu povo
das mãos do adversário. Nínive jejuou e Deus lhe concedeu libertação.
Ester jejuou com o seu povo e Deus poupou a nação de um holocausto.

Em 1756 o rei da Inglaterra convocou um dia solene de oração e jejum por


causa de uma ameaça por parte dos franceses. João Wesley comentou as
igrejas ficaram lotadas. A humilhação foi transformada em regozijo
nacional porque a ameaça da invasão foi impedida.

Visitei em 1997 a maior Igreja Metodista do mundo com 87 mil membros.


O pastor fundador da igreja nos disse que os dois momentos mais
significativos da igreja, foi quando ele se dedicou intensamente ao jejum.

Quem jejua tem mais pressa em acertar a sua vida com Deus do que
saciar as necessidades do corpo. Hoje os crentes têm pressa para correr
atrás de seus próprios interesses. Precisamos de restauração.

4. É uma volta com quebrantamento para Deus – v. 12 “com


choro e com lágrimas”

O povo de Deus anda com os olhos enxutos demais. Muitas vezes


desperdiçamos nossas lágrimas, chorando por motivos fúteis demais.
Outras vezes queremos remover o elemento emocional do culto. É por
isso que estamos secos. Não choramos porque estamos endurecidos.

Temos chorado como Jacó no vau de Jaboque buscando uma restauração


em sua vida (Os 12:4)? Temos chorado como Davi chorou ao ver sua
família saqueada pelo inimigo? Temos chorado como Neemias chorou ao
saber da desonra que estava sobre o povo de Deus? Temos chorado como
Jeremias chorou ao ver os jovens da sua nação desolados, vencidos pelo
inimigo, e as crianças jogadas na rua como lixo? (Lm 1:16: 2:11). Temos
chorado como Pedro por causa do nosso próprio pecado de negar o
Senhor? Temos chorado como Jesus ao ver a impenitência da nossa igreja
e da nossa cidade (Lc 19:41)?

Conhecemos o que é chorar numa volta para Deus? Nosso coração tem-se
derretido de saudades do Senhor?

5. É uma volta com sinceridade para Deus – v. 13 “Rasgai o


vosso coração e não as vossas vestes”

Nessa volta para Deus não adianta fingir. O Senhor não aceita encenação.
Ele não se impressiona com os nossos gestos, nossas palavras bonitas,
nossas emoções sem quebrantamento. Diante de Deus as máscaras
caem. Ele vê o coração.

Para Deus não é suficiente apenas estar na igreja, ter um culto animado. É
preciso ter um coração rasgado, quebrado, arrependido e transformado.

Como é triste ver pessoas que passam a vida toda na igreja e nunca
foram quebrantadas. Passam a vida toda representando um papel de
santidade, mas são impuros. Fazem alarde da sinceridade, mas
interiormente são hipócritas. Advogam fidelidade, mas no íntimo são
infiéis.

6. É uma volta urgente para Deus – v. 12 “Ainda assim, agora


mesmo”

A despeito da crise devemos nos voltar para Deus. A crise não deve nos
empurrar para longe de Deus, mas para os seus braços. A frieza da igreja
não deve ser motivo de desalento, mas de forte clamor e profunda
determinação para nos voltarmos para Deus.

Os tempos de restauração vem depois de um tempo de sequidão. O


tempo de nos voltarmos para Deus é agora. A restauração é para hoje. O
tempo de Deus é agora. Não podemos agir insensatamente como Faraó,
pedindo a restauração da sua terra do juízo de Deus para amanhã (Ex 8:8-
10). Muitos crentes estão também adiando a sua volta para Deus. AGORA
é o tempo da graça e o tempo da visitação de Deus. AGORA é o tempo
aceitável.

O acerto de vida com Deus é urgente. O profeta Joel ordena: “Tocai a


trombeta em Sião” (2:15). A trombeta só era tocada em época de
emergência. Mas a trombeta é tocada em Sião e não no mundo. O juízo
começa pela casa de Deus (1 Pe 4:17). Primeiro a igreja precisa voltar-se
para o Senhor, depois o mundo o fará. A restauração começa na igreja e
pela igreja e ela atinge o mundo. Quando a igreja acerta a sua vida com
Deus, do céu brota a cura para a terra (2 Cr 7:14).

III. A restauração vem como resposta da benignidade de deus – v.


13-14

1. A restauração é resposta da misericórdia de Deus – v. 13


“porque ele é misericordioso…”

Podemos esperar um tempo de restauração da parte do Senhor porque


ele é infinitamente misericordioso. Ele tem prazer em perdoar. Ele tem
prazer em restaurar. Na ira ele se lembra da sua misericórdia. Ele volta o
seu rosto para nós.

A esperança da restauração está fundamentada no gracioso caráter de


Deus. Deus é misericordioso. Ele é compassivo. Ele é tardio em irar-se. Ele
é grande em benignidade. Ele se arrepende do mal.
2. A restauração é resposta do pacto de Deus conosco – v. 13
“convertei-vos ao Senhor, vosso Deus”

O povo havia-se desviado de Deus, mas ainda era o povo de Deus. Deus
continua interessado na restauração do seu povo e ainda está
comprometido com o seu imutável amor e propósito. Devemos nos voltar
para Deus como o Deus do pacto. Ele é fiel. Ele jamais cessou de nos
buscar, nos atrair, de nos chamar para ele. Somos o seu povo.

IV. A restauração passa por uma volta do povo tanto coletiva


como individual ao senhor – v. 15-17

Ninguém pode ficar de fora dessa volta para Deus. Todo o povo deve ser
congregado. Toda a congregação deve ser santificada. Todavia o profeta
começa a particularizar os que devem fazer parte dessa volta:

1. Os anciãos devem se voltar para Deus – v. 16 “ajuntai os


anciãos”

A liderança precisa estar na frente, puxando a fila daqueles que têm


pressa de voltarem para Deus. Os líderes são os primeiros a acertarem
suas vidas com Deus. Os anciãos são os primeiros a colocarem o rosto em
terra.

A igreja é um retrato da sua liderança. Ela nunca está à frente dos seus
líderes. Os líderes devem ser os primeiros a se voltarem para Deus com
choro, com jejum, com o coração rasgado.

2. Os jovens devem se voltar para Deus – v. 16 “reuni os


filhinhos”

As pressões sobre os jovens são muito grandes. Faraó tentou reter os


jovens no Egito. Sansão deu uma festa regada a vinho porque era o
costume dos jovens da sua época. Precisamos de jovens como José que
preferem a prisão do que o pecado. Precisamos de jovens como Daniel
que resolvem firmemente não se contaminarem. Precisamos de jovens
como Timóteo que permanece nas Sagradas letras.

O lugar de jovem curtir a vida é no altar de Deus. Só na presença de Deus


há plenitude de alegria. Ilustração: Minha experiência na Igreja de
Uberlândia.
A volta para Deus é mais urgente para os jovens do que o casamento.
“Saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu aposento”.

3. As crianças devem se voltar para Deus – v. 16 “reuni os que


mamam”

Até mesmo as nossas crianças precisam ser desafiadas a se voltarem para


Deus. Precisamos trazer os nossos filhos à Casa de Deus e ensiná-los a
buscarem ao Senhor. Não podemos entregar os nossos filhos à babá
eletrônica. Temos que criá-los aos pés do Senhor e para a glória do
Senhor.

4. Os ministros devem se voltar para Deus – v. 17 “Chorem os


sacerdotes, ministros do Senhor… e orem: Poupa o teu povo,
ó Senhor…”

Nós pastores precisamos aprender a chorar pelo povo. Temos feito a obra
de Deus com os olhos enxutos demais. Não podemos nos conformar com
a crise. Não podemos nos conformar em ver a sequidão espiritual do povo
de Deus. O choro precisa começar com os pastores. Os líderes precisam
chorar e orar.

Quando perguntaram para Moody qual era o maior obstáculo da obra, ele
disse: “O maior obstáculo da obra são os obreiros.” Estamos vivendo uma
crise pastoral no Brasil. Precisamos nos voltar para Deus e precisamos
chorar por nós mesmos e pela vida do povo de Deus.

V. A restauração produz resultados extraordinários na vida do


povo de deus – v. 18-32

1. Quando Deus restaura a igreja, ele muda a sua sorte – v. 18-27

Quando a igreja se volta para Deus e acerta sua vida com ele, ele se
compadece do seu povo: ao invés de fome, há fartura (2:19,24). Ao invés
de opresssão do inimigo, há libertação (2:20). Ao invés de seca, há chuvas
abundantes (2:23). Ao invés de prejuízo, há restituição (2:25). Ao invés de
vergonha, há louvor (2:26). Ao invés de lamentaçãoi e de solidão, há a
plena consciência de que Deue está presente (2:26,27).
3. Quando Deus restaura a igreja, ele derrama sobre ela o Seu
Espírito – v. 28-32

O derramamento do Espírito não vem antes, mas depois que o povo se


volta para Deus. O derramamento é uma bênção abundante, segura e
restauradora que vem sobre trazendo vida, vigor e poder para a igreja.

O Espírito desceu no Pentecoste e a igreja saiu das quatro paredes para


impactar o mundo. Antes os crentes estavam com medo dos judeus.
Agora os judeus é que ficaram com medo dos crentes. Quando nos
voltamos para Deus, ele se volta para nós e restaura a nossa sorte.

"Mas em todas essas coisas somos mais que vencedores, por meio
daquele que nos amou. Pois tenho certeza de que nem morte, nem vida,
nem anjos, nem autoridades celestiais, nem coisas do presente, nem do
futuro, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra
criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor." - Romanos 8.37-39

Hernandes Dias Lopes

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