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º 6
TEMA:
INTRODUÇÃO:
No que diz respeito à segurança e saúde no trabalho, a legislação nacional atribui aos
empregadores o dever de fornecer ao trabalhador informação e formação adequadas à
prevenção de riscos de acidente ou doença profissional e de adotar as medidas de
prevenção e de proteção adequadas aos riscos a que os trabalhadores estão expostos,
sejam decorrentes da lei ou de instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho. Ao
dever dos empregadores corresponde o dever dos trabalhadores participarem de forma
diligente nas ações de informação e de formação proporcionadas pelo empregador, de
cumprirem as ordens e instruções respeitantes à execução ou disciplina de trabalho bem
como à segurança e saúde, desde que não contrariem os seus direitos ou garantias,
assegurando as prescrições mínimas de segurança e saúde, de modo a contribuir para a
melhoria das condições de trabalho.1
ANÁLISE / DESENVOLVIMENTO:
1. Informação
1
Código do Trabalho, Seção VII – Direitos, deveres e garantias das partes (art.º 126.º a 129.º).
1
bem como os seus representantes para a SST na empresa, sobre os riscos profissionais
para a segurança e saúde, bem como as medidas de prevenção e de proteção e a forma
como são aplicadas quer em relação às diferentes atividades desenvolvidas, quer em
relação à empresa, estabelecimento ou serviço, sobre as instruções a adotar em caso de
perigo grave e eminente e as medidas de emergência e de primeiros socorros, de
evacuação de trabalhadores e de combate a incêndios. A informação deve ser ministrada
sempre que seja admitido trabalhador na empresa, que exista mudança de posto de
trabalho, que sejam introduzidos novos equipamentos de trabalho ou alterados os
existentes, que sejam adotadas novas tecnologias e, ainda, nas atividades que envolvam
trabalhadores de diversas empresas. A informação a transmitir aos trabalhadores e seus
representantes, seja a prevista no regime geral seja nos regimes específicos2, é
fundamental para que os trabalhadores cumpram com a sua obrigação de comunicar ao
superior hierárquico e, caso exista, ao representante dos trabalhadores para a SST ou
trabalhador designado com funções específicas no domínio da SST, todas as avarias ou
deficiências detetadas nos sistemas de proteção que se lhe afigurem suscetíveis de originar
perigo grave eminente e, consequentemente, acidentes de trabalho e doenças
profissionais.
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Informação prevista no Art.º 19.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da
segurança e saúde no trabalho, com a redação dada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro. Da informação prevista nos
diferentes regimes específicos destaca-se, pela importância da habilitação para operação segura com equipamentos de
trabalho, a respeitante ao art.º 8.º do Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de fevereiro, relativo às prescrições mínimas de
segurança e saúde para a utilização de equipamentos de trabalho. Ao atribuir à violação do dever de informação uma
contraordenação muito grave, o legislador reconheceu a importância fulcral da mesma para evitar a ocorrência de acidentes
de trabalho e de doenças profissionais.
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Art.º 17.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no
trabalho, com a redação dada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro.
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A obrigatoriedade de fornecer as informações necessárias e o manual de instruções em português é da responsabilidade do
fabricante ou do seu mandatário para as máquinas agrícolas e florestais desde 1 de janeiro de 1995, para as estruturas de
proteção desde 1 de janeiro de 1996 e para os tratores agrícolas e florestais (riscos não cobertos pela Diretiva n.º
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cumprir com os procedimentos de trabalho, a manutenção, as verificações, as situações
anormais previsíveis, às regras de operação nas explorações e de condução em estrada
seguras e, não menos importante, a informação extraída da aprendizagem organizacional
associada à análise e investigação de acidentes de trabalho. Os trabalhadores devem
receber ainda formação adequada à prestação do trabalho de forma digna e segura que
permita, nomeadamente evitar os acidentes de trabalho e as doenças profissionais.
2. Formação
Formação contínua
2003/37/CE, de 23 de maio) desde 29 de dezembro de 2009), conforme previsto no art.º 5.º, do Decreto-lei n.º 103/2008,
de 24 de junho.
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Código do Trabalho, Seção VII – Direitos, deveres e garantias das partes (art.º 130.º a 134.º).
3
certificação no caso de acesso a financiamento público da formação profissional ministrada.
Assim, a formação profissional contínua pode ser ministrada pelo empregador, por um
trabalhador da empresa ou por um formador externo, desde que os conteúdos da formação
coincidam ou sejam afins com a atividade prestada pelo trabalhador, deve dar direito a
emissão de documento comprovativo, sendo facultativo o registo na Caderneta Individual
de Competências, salvo nas situações em que a lei o determine.
Formação em SST
O regime jurídico para a segurança e saúde no trabalho prevê que todos os trabalhadores
devem receber formação no domínio da SST adequada ao posto de trabalho onde exerce
as suas tarefas, em especial às atividades de risco elevado, podendo, de acordo com a
dimensão da empresa e os riscos, os trabalhadores responsáveis pela aplicação das
medidas de primeiro socorros, de combate a incêndios e de evacuação de trabalhadores
receber formação específica. Caso as empresas optem por assumir as atividades de SST
através de trabalhador designado, deve o empregador assegurar a este trabalhador
formação permanente para o exercício dessas funções. A formação de SST, à semelhança
da formação profissional prevista no Código do Trabalho, pode ser também desenvolvida
pelo empregador, por entidade formadora certificada para o efeito ou por estabelecimento
de ensino reconhecido pelo ministério competente. Enquadra-se nesta tipologia a formação
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Art.º 20.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no
trabalho, com a redação dada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de junho.
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Art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de fevereiro, relativo às prescrições mínimas de segurança e saúde para a
utilização de equipamentos de trabalho.
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na utilização de tratores e máquinas agrícolas e florestais que empresas formativas,
certificadas ou não pela DGERT, oferecem às empresas agrícolas, pecuárias e florestais. A
formação em SST pode ser integrada no direito individual do trabalhador à formação
contínua, devendo ter correspondência com a atividade prestada pelo trabalhador,
nomeadamente se associada à utilização de máquinas e equipamentos de trabalho,
podendo ser registada no SIGO, com lugar a emissão de certificado e registo na Caderneta
Individual de Competências, nos termos do regime jurídico do Sistema Nacional de
Qualificações.
Formação habilitante
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A título exemplificativo apresentam-se as principais máquinas e equipamentos de trabalho: tratores agrícolas e florestais e
respetivas máquinas, conjunto retroescavadora carregador frontal, ceifeira-debulhadora, colhedora de tomate, colhedora de
batata, colhedor de milho para ensilagem, máquinas de vindimar, motocultivador, motoenxada e motogadanheira.
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Ver art.º 123.º e 124.º do Código da Estrada, com as alterações introduzidas pelos seguintes diplomas: Decreto-Lei n.º
113/2008, de 01 de julho; Decreto-Lei n.º 113/2009, de 18 de maio; Lei n.º 78/2009, de 13 de agosto; Lei n.º 46/2010, de
07 de setembro; e Decreto-Lei n.º 138/2012, de 05 de julho.
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Art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de fevereiro – Equipamentos de trabalho.
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destes operadores não sabe ler nem escrever ou, quando o sabe, apresenta níveis
elevados de iliteracia ou desconhece os riscos da máquina e equipamento.
Neste sentido, deve complementar a habilitação para a condução de que é detentor (carta
de condução ou licença de condução) com o curso “Conduzir e operar com o trator em
segurança” (35 horas) ou o equivalente curso realizado através da Unidade de Formação
de Curta Duração (UFCD) 9596, do Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ), ambos
homologados pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural (MAFDR).
Estes cursos, terão que ser promovidos por entidades formadoras certificadas
sectorialmente pelo MAFDR, nos termos determinados na regulamentação a aplicar para a
área da “mecanização agrícola e condução de veículos agrícolas”, disponível nos sítios da
DRAP’s, e no seguinte endereço do sítio da DGADR:
http://www.dgadr.pt/formacao/formacao-especifica-setorial/formacao-especifica-setorial-
paraagricultores-e-operadores#mecanizacao
CONCLUSÃO:
O facto dos tratores e máquinas agrícolas e florestais serem operados por pessoas que
detêm como habilitação cartas de condução de veículos ligeiros e pesados de mercadorias
e de passageiros, sem qualquer outra formação especializada, que lhes atribua
competências para os perigos e os riscos a que ficam expostos, constitui um importante
fator de risco de acidente de trabalho. Na realidade os condutores que não possuem a
adequada formação específica habilitante podem, ao colocar-se em situação perigosa por
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desconhecimento dos perigos e riscos associados ao trabalho, sofrer acidentes trabalho e
doenças profissionais.
DATA: