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NOTA TÉCNICA N.

º 6

TEMA:

Informação e formação na agricultura, pecuária e floresta

INTRODUÇÃO:

Os resultados dos censos 2009 e do inquérito à estrutura das explorações agrícolas


realizado em 2013 permitem concluir que os produtores e os trabalhadores agrícolas e
florestais, possuem um baixo nível de instrução, têm idade avançada, reduzida informação
sobre os riscos profissionais e formação agrícola ou florestal exclusivamente pratica que,
conjuntamente com outros fatores de risco, poderão potenciar acidentes de trabalho nos
setores de atividade da agricultura, pecuária e floresta.

No que diz respeito à segurança e saúde no trabalho, a legislação nacional atribui aos
empregadores o dever de fornecer ao trabalhador informação e formação adequadas à
prevenção de riscos de acidente ou doença profissional e de adotar as medidas de
prevenção e de proteção adequadas aos riscos a que os trabalhadores estão expostos,
sejam decorrentes da lei ou de instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho. Ao
dever dos empregadores corresponde o dever dos trabalhadores participarem de forma
diligente nas ações de informação e de formação proporcionadas pelo empregador, de
cumprirem as ordens e instruções respeitantes à execução ou disciplina de trabalho bem
como à segurança e saúde, desde que não contrariem os seus direitos ou garantias,
assegurando as prescrições mínimas de segurança e saúde, de modo a contribuir para a
melhoria das condições de trabalho.1

ANÁLISE / DESENVOLVIMENTO:

1. Informação

Independentemente da modalidade de organização dos serviços de SST e sem prejuízo da


formação adequada, as entidades empregadoras devem informar os seus trabalhadores,

1
Código do Trabalho, Seção VII – Direitos, deveres e garantias das partes (art.º 126.º a 129.º).

1
bem como os seus representantes para a SST na empresa, sobre os riscos profissionais
para a segurança e saúde, bem como as medidas de prevenção e de proteção e a forma
como são aplicadas quer em relação às diferentes atividades desenvolvidas, quer em
relação à empresa, estabelecimento ou serviço, sobre as instruções a adotar em caso de
perigo grave e eminente e as medidas de emergência e de primeiros socorros, de
evacuação de trabalhadores e de combate a incêndios. A informação deve ser ministrada
sempre que seja admitido trabalhador na empresa, que exista mudança de posto de
trabalho, que sejam introduzidos novos equipamentos de trabalho ou alterados os
existentes, que sejam adotadas novas tecnologias e, ainda, nas atividades que envolvam
trabalhadores de diversas empresas. A informação a transmitir aos trabalhadores e seus
representantes, seja a prevista no regime geral seja nos regimes específicos2, é
fundamental para que os trabalhadores cumpram com a sua obrigação de comunicar ao
superior hierárquico e, caso exista, ao representante dos trabalhadores para a SST ou
trabalhador designado com funções específicas no domínio da SST, todas as avarias ou
deficiências detetadas nos sistemas de proteção que se lhe afigurem suscetíveis de originar
perigo grave eminente e, consequentemente, acidentes de trabalho e doenças
profissionais.

Nos setores de atividade económica da agricultura, pecuária e floresta a mecanização


agrária envolve a utilização massiva de tratores agrícolas, florestais e respetivas máquinas
e equipamentos. Para a realização de trabalho em condições seguras é fundamental que os
operadores das máquinas e equipamentos sejam detentores da informação3,
nomeadamente a contida no manual do operador/utilizador4, em especial a que permita

2
Informação prevista no Art.º 19.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da
segurança e saúde no trabalho, com a redação dada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro. Da informação prevista nos
diferentes regimes específicos destaca-se, pela importância da habilitação para operação segura com equipamentos de
trabalho, a respeitante ao art.º 8.º do Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de fevereiro, relativo às prescrições mínimas de
segurança e saúde para a utilização de equipamentos de trabalho. Ao atribuir à violação do dever de informação uma
contraordenação muito grave, o legislador reconheceu a importância fulcral da mesma para evitar a ocorrência de acidentes
de trabalho e de doenças profissionais.

3
Art.º 17.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no
trabalho, com a redação dada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro.

4
A obrigatoriedade de fornecer as informações necessárias e o manual de instruções em português é da responsabilidade do
fabricante ou do seu mandatário para as máquinas agrícolas e florestais desde 1 de janeiro de 1995, para as estruturas de
proteção desde 1 de janeiro de 1996 e para os tratores agrícolas e florestais (riscos não cobertos pela Diretiva n.º

2
cumprir com os procedimentos de trabalho, a manutenção, as verificações, as situações
anormais previsíveis, às regras de operação nas explorações e de condução em estrada
seguras e, não menos importante, a informação extraída da aprendizagem organizacional
associada à análise e investigação de acidentes de trabalho. Os trabalhadores devem
receber ainda formação adequada à prestação do trabalho de forma digna e segura que
permita, nomeadamente evitar os acidentes de trabalho e as doenças profissionais.

2. Formação

 Formação contínua

No âmbito do Código do Trabalho5 o empregador deve assegurar a cada trabalhador o


direito individual à formação através de um número mínimo de horas de formação,
mediante ações desenvolvidas na empresa ou a concessão de tempo para frequência de
formação por iniciativa do trabalhador tendo por objetivo promover o desenvolvimento e a
adequação da qualificação do trabalhador, tendo em vista melhorar a sua empregabilidade
e aumentar a produtividade e a competitividade da empresa. O trabalhador tem direito a
formação contínua no mínimo de 35 horas/ano em caso de contrato sem termo, e
proporcional à duração do contrato, em caso de contrato a termo ≥ a 3 meses, e o
empregador tem o dever de assegurar formação contínua a pelo menos 10% dos
trabalhadores em cada ano. Esta formação pode ser desenvolvida pelo empregador,
entidade formadora certificada para o efeito ou por estabelecimento de ensino reconhecido
pelo ministério competente. As alterações introduzidas ao Código do Trabalho em 2009
retiraram a menção expressa à necessidade da formação profissional contínua ser
certificada (podendo ser ou não, dependendo do tipo de entidade que a desenvolve) e
consagraram a possibilidade de, para além das entidades formadoras certificadas ou
estabelecimentos de ensino reconhecidos, ser a formação contínua desenvolvida pelo
empregador. Caso a formação contínua seja desenvolvida pelo empregador, este não tem
de ser uma entidade certificada (ou recorrer a uma) para a poder ministrar bastando
apenas ter conhecimentos profissionais para o feito, sendo apenas obrigatória a

2003/37/CE, de 23 de maio) desde 29 de dezembro de 2009), conforme previsto no art.º 5.º, do Decreto-lei n.º 103/2008,
de 24 de junho.

5
Código do Trabalho, Seção VII – Direitos, deveres e garantias das partes (art.º 130.º a 134.º).

3
certificação no caso de acesso a financiamento público da formação profissional ministrada.
Assim, a formação profissional contínua pode ser ministrada pelo empregador, por um
trabalhador da empresa ou por um formador externo, desde que os conteúdos da formação
coincidam ou sejam afins com a atividade prestada pelo trabalhador, deve dar direito a
emissão de documento comprovativo, sendo facultativo o registo na Caderneta Individual
de Competências, salvo nas situações em que a lei o determine.

Para além da formação profissional contínua os trabalhadores têm direito a receber


formação em segurança e saúde no trabalho prevista no regime jurídico para a segurança
e saúde no trabalho6 e nas demais legislações especiais e, ainda, a formação habilitante
específica para a utilização das máquinas e equipamentos de trabalho, em particular para
as que apresentem riscos específicos para a segurança e saúde dos trabalhadores,
designadamente para os equipamentos que transportem trabalhadores e que tenham risco
de capotamento, como é o caso dos tratores agrícolas e florestais7.

 Formação em SST

O regime jurídico para a segurança e saúde no trabalho prevê que todos os trabalhadores
devem receber formação no domínio da SST adequada ao posto de trabalho onde exerce
as suas tarefas, em especial às atividades de risco elevado, podendo, de acordo com a
dimensão da empresa e os riscos, os trabalhadores responsáveis pela aplicação das
medidas de primeiro socorros, de combate a incêndios e de evacuação de trabalhadores
receber formação específica. Caso as empresas optem por assumir as atividades de SST
através de trabalhador designado, deve o empregador assegurar a este trabalhador
formação permanente para o exercício dessas funções. A formação de SST, à semelhança
da formação profissional prevista no Código do Trabalho, pode ser também desenvolvida
pelo empregador, por entidade formadora certificada para o efeito ou por estabelecimento
de ensino reconhecido pelo ministério competente. Enquadra-se nesta tipologia a formação

6
Art.º 20.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no
trabalho, com a redação dada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de junho.

7
Art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de fevereiro, relativo às prescrições mínimas de segurança e saúde para a
utilização de equipamentos de trabalho.

4
na utilização de tratores e máquinas agrícolas e florestais que empresas formativas,
certificadas ou não pela DGERT, oferecem às empresas agrícolas, pecuárias e florestais. A
formação em SST pode ser integrada no direito individual do trabalhador à formação
contínua, devendo ter correspondência com a atividade prestada pelo trabalhador,
nomeadamente se associada à utilização de máquinas e equipamentos de trabalho,
podendo ser registada no SIGO, com lugar a emissão de certificado e registo na Caderneta
Individual de Competências, nos termos do regime jurídico do Sistema Nacional de
Qualificações.

 Formação habilitante

Por envolverem riscos específicos para os trabalhadores, em especial o risco de


esmagamento devido ao capotamento da máquina ou do equipamento de trabalho agrícola
ou florestal8, a condução e operação deste tipo de máquina e equipamento deve ser
efetuada por trabalhador devidamente habilitado/formado para esse efeito.

Para a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) a habilitação legal para a


condução de tratores e máquinas agrícolas pode assumir duas formas: Carta de Condução
ou Licença de Condução, variável com o tipo de trator e de máquina agrícola ou florestal. 9
A Autoridade para as Condições do Trabalho exige que a operação de máquinas e
equipamentos de trabalho, com riscos específicos para a segurança e saúde dos
trabalhadores, seja efetuada somente por operador especificamente habilitado para o
efeito.10 Nesse sentido, a ACT para além da habilitação legal exigida pelo Código da Estrada
exige que os operadores de tratores e máquinas agrícolas ou florestais sejam detentores
de formação habilitante, que deverá ser atendida em operações com máquinas e
equipamentos, no interior das explorações, nomeadamente porque uma parte significativa

8
A título exemplificativo apresentam-se as principais máquinas e equipamentos de trabalho: tratores agrícolas e florestais e
respetivas máquinas, conjunto retroescavadora carregador frontal, ceifeira-debulhadora, colhedora de tomate, colhedora de
batata, colhedor de milho para ensilagem, máquinas de vindimar, motocultivador, motoenxada e motogadanheira.
9
Ver art.º 123.º e 124.º do Código da Estrada, com as alterações introduzidas pelos seguintes diplomas: Decreto-Lei n.º
113/2008, de 01 de julho; Decreto-Lei n.º 113/2009, de 18 de maio; Lei n.º 78/2009, de 13 de agosto; Lei n.º 46/2010, de
07 de setembro; e Decreto-Lei n.º 138/2012, de 05 de julho.

10
Art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de fevereiro – Equipamentos de trabalho.

5
destes operadores não sabe ler nem escrever ou, quando o sabe, apresenta níveis
elevados de iliteracia ou desconhece os riscos da máquina e equipamento.

Assim, a formação habilitante pode assumir a forma de Licença de Condução (Categoria I e


Categoria II ou III, em função da tipologia de máquina) ou Carta de Condução,
complementada com a formação adequada para a operação com tratores e máquinas
agrícolas ou florestais.

Neste sentido, deve complementar a habilitação para a condução de que é detentor (carta
de condução ou licença de condução) com o curso “Conduzir e operar com o trator em
segurança” (35 horas) ou o equivalente curso realizado através da Unidade de Formação
de Curta Duração (UFCD) 9596, do Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ), ambos
homologados pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural (MAFDR).

Estes cursos, terão que ser promovidos por entidades formadoras certificadas
sectorialmente pelo MAFDR, nos termos determinados na regulamentação a aplicar para a
área da “mecanização agrícola e condução de veículos agrícolas”, disponível nos sítios da
DRAP’s, e no seguinte endereço do sítio da DGADR:

http://www.dgadr.pt/formacao/formacao-especifica-setorial/formacao-especifica-setorial-
paraagricultores-e-operadores#mecanizacao

São dispensados de realizar este(s) curso(s), os titulares de Licença de Condução obtida


pela frequência com aproveitamento de ações de formação realizadas sob a tutela do
MAFDR, e obtida nos Centros de Formação Profissional e Escolas Profissionais que realizem
ações em termos equivalentes às do MAFDR.

CONCLUSÃO:

O facto dos tratores e máquinas agrícolas e florestais serem operados por pessoas que
detêm como habilitação cartas de condução de veículos ligeiros e pesados de mercadorias
e de passageiros, sem qualquer outra formação especializada, que lhes atribua
competências para os perigos e os riscos a que ficam expostos, constitui um importante
fator de risco de acidente de trabalho. Na realidade os condutores que não possuem a
adequada formação específica habilitante podem, ao colocar-se em situação perigosa por

6
desconhecimento dos perigos e riscos associados ao trabalho, sofrer acidentes trabalho e
doenças profissionais.

DATA:

22 de dezembro de 2016 [atualizada em 29 de junho de 2017]

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