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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS (IFCS)

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Disciplina: História Brasil II

AVALIAÇÃO: ARTIGO

O MOVIMENTO PUNK E A CRÍTICA AO AUTORITARISMO

NA OBRA DA BANDA “RATOS DE PORÃO”

Professor: Marcos Bretas

Aluno: Daniel Bonatto Seco – DRE: 115177473

Rio de Janeiro

Julho/18
Introdução

Já há quase 40 anos na cena brasileira, e após sofrer diversas formas de


repressão, estigmatização e preconceito, o punk rock toma importante papel no
movimento de resistência cultural e denúncia contra diversas formas de injustiça social.
Com características fortes e capazes de provocar um choque cultural e ideológico
considerável em uma hegemonia cultural mesmo sendo um movimento social
estatisticamente pequeno, o punk está longe de morrer e ainda encontra pontos de
resistência, principalmente nos subúrbios. Dentro desta cena, a banda Ratos de Porão,
nascida em 1981, utiliza suas letras para contestar e denunciar, dentre outros temas, os
reflexos provenientes da ditadura militar instaurada em 1964 e que, até os dias atuais,
reflete seus efeitos na sociedade civil. O presente trabalho tem como objetivo
demonstrar como este trabalho é realizado e, sob a luz de Schwartzman, definir os
princípios do autoritarismo e como este influencia e é contestado pelo movimento punk.
Identidade individual, coletividade e contracultura

“Os homens são desiguais segundo sua origem natural, sua diferente
organização e seu destino na história. Sua igualdade é apenas uma igualdade de direitos,
isto é, uma igualdade de objetivo humano...” (Arendt, p. 209). Assumindo essa pré-
condição descrita por Hanna Arendt, no contexto da modernidade, os membros de um
determinado espaço unem-se em sociedade, compartilham e diferem-se naturalmente de
outras sociedades e de outros indivíduos dentro de sua própria por aspectos culturais, de
crença, ideologia, costumes etc.

“(...) O termo “individuo”, como eu disse, já não parece aceitável.


Pelo menos, não em seu sentido estrito. Talvez conviesse falar, no que
tange à pós-modernidade, numa pessoa (“persona”) que desempenha
diversos papéis no seio das tribos a que adere. A identidade se
fragiliza. As identificações múltiplas, ao contrário, multiplicam-se.
(...)” (Maffesoli p.26).

Porém, de acordo com Gramsci, é natural que ocorra dentro de uma sociedade
um processo de hegemonia cultural, onde determinada conjuntura social, política,
econômica e cultural prevaleça sobre as demais e de certa forma influencie os membros
da sociedade oriundas desta hegemonia a reproduzi-la e perpetuá-la, alimentando um
status-quo que, muitas vezes, prejudica a própria classe social ao qual estão inseridos.

Dentro destas culturas hegemônicas, é comum encontrarmos grupos menores


que, descontentes com os reflexos de injustiça destes modelos, unem-se em prol de uma
ideologia contrária, adepta de outros valores e de outra estrutura hierárquica,
defendendo-a abertamente e denunciando os males causados pelo modelo predominante.
Este fenômeno, denominado contracultura, difere-se das subculturas também existentes,
uma vez que essa última coexiste pacificamente com o modelo predominante, embora
preserve sua identidade e costumes. Uma vez indo na contramão da cultura hegemônica
e frequentemente em confronto com a mesma, estes grupos passam a tornar-se
“estranhos” dentro da sociedade, definidos por Zigmun Bauman como pessoas ou
grupos que “[...] não se encaixam no mapa cognitivo, moral ou estético do mundo”
(BAUMAN, 1998, p.27), e, portanto, são estigmatizados e frequentemente vistos com
desconfiança e preconceito.
A ideologia punk

O movimento punk, ainda em ascensão na década de 70 e com grandes


dificuldades de se espalhar em função dos escassos meios de comunicação e da
repressão sofrida, inicialmente caracterizado apenas pela música e pelas características
visual, passa a ser substituída por uma concepção abrangente e pouco definida da
atitude individual e fundamentalmente cultural pelo conceito de movimento social
propriamente dito: a aceitação pelo indivíduo de uma ideologia, comportamento e
postura supostos comum a todos membros do movimento punk ou da
ramificação/submovimento que ele pertence.

Caracteriza-se por uma série de aspectos, como a ideologia “do it yourself”


(DIY - faça você mesmo, em tradução livre) que incentiva a manufatura contra a cultura
do consumismo e do capitalismo, uma identidade visual própria com o uso de cabelo
moicano (surgido com os mohawks, povo indígena da América do Norte que tinha por
padrão o corte de cabelo raspado nas laterais com uma faixa de cabelo ao centro, que
era erguido e espetado quando em confronto, modelo este que foi ressignificado para o
modelo de combate punk ao sistema), roupas rasgadas e personalizadas com patches
(pequenos recortes de tecido costurados à roupa com símbolos de bandas ou ideologias),
bottons, spikes, correntes e outros adereços e uso do coturno (em um pretexto de
desmilitarização do item).

A música que - em resposta ao rock progressivo e ao hard rock em ascensão na


época, com acordes e riffs de difícil execução além da necessidade de um grande
aparato instrumental, que acabavam por “elitizar” o estilo – tinha a proposta de ser o
mais simples possível, com poucos acordes, repetição e som pesado e agressivo, e letras
que disseminavam suas ideologias, a fim de poder ser ouvido e reproduzido pela parcela
suburbana e pobre que era grande parte de seu público e formação. Além da música, a
cultura e a informação marginal também se disseminavam através dos “zines”
(pequenos informativos, feitos geralmente à mão, e distribuídos em eventos de mão em
mão, divulgando ideologias, informações, eventos e shows), fóruns e revistas.

O movimento punk, porém, sofre uma série de rupturas ao longo do tempo no


que diz respeito à ideologia política, social e cultural. Em geral, sustenta valores como
anti-machismo, anti-homofobia, antifascismo, anti-nacionalismo, anti-xenofobia, amor
livre, antilideranças (aproximando-se muito do anarquismo), liberdade individual,
autodidatismo, iconoclastia, e cosmopolitismo, porém como será analisado no próximo
capítulo, veremos que alguns grupos, oriundos dos primeiros grupos punks na história,
destoam completamente destes preceitos e unem-se em gangues, que neste ensaio
definiremos como as diferentes “tribos urbanas” oriundas deste movimento.

Contexto histórico

O movimento punk iniciou-se nos anos 70, na Inglaterra, com bandas como
Sex Pistols e Ramones tomando notoriedade na cena local, com influências do glam
metal e com o surgimento dos primeiros integrantes do street punk, movimento que
pretendia unir, segundo Garry Bushell, cantor da banda Oi! The Gonads, "punks, skins e
toda a juventude sem futuro". Entre os anos 70 e 80, o estilo adotou um formato mais
comercial, metamorfoseando-se no new wave, assumindo um visual mais colorido e
referências à cultura pop, o que foi recusado imediatamente por uma grande parcela
ativista do movimento que se recusava a entregá-lo aos interesses do capitalismo e da
burguesia. Esta parcela espalhou-se e radicalizou-se, com a incorporação de um estilo
mais extremo no visual, onde o street punk se transforma no movimento Oi!, com
influências do hooliganismo e que passam a ostentar no visual o “orgulho proletário”,
utilizando-se de roupas rasgadas e que demonstrassem virilidade e masculinidade. Este
movimento acaba por absorver parte dos skinheads, tribo caracterizada pela cabeça
raspada e, em grande parte, por promoverem ideologias racistas, xenófobas e sexistas.
De outro lado, surge o anarcopunk, movimento ligado a ideais anarquistas que
buscavam valores como a igualdade racial, feminismo, direitos dos animais, movimento
pacifista, ação direta etc.

No Brasil, o movimento punk inicia-se em 1978, com as primeiras informações


do punk rock inglês chegando até os subúrbios de São Paulo e de Brasília nas rádios e
através da divulgação do material estrangeiro por alguns produtores brasileiros. Nos
anos 80, surgem as primeiras bandas, como DZK e Restos de Nada, sem musicalidade e
com letras de denúncia e contestação, influenciadas por autores existencialistas como
Nietzsche, Heidegger e Sartre e com muito pouco recurso (utilizando-se da ideologia
DIY onde as bandas se ajudavam com instrumentos e recursos para a produção de
material). Em pleno regime militar, com característica repressão sob o comando de
Geisel, surge o primeiro disco de punk brasileiro, intitulado Grito Suburbano, com a
união das bandas Cólera, Olho Seco e Inocentes.

Como na Inglaterra, o movimento punk começa a confundir-se e associar-se


com gangues anarquistas e skinheads (alguns destes últimos declaradamente racistas e
xenófobos, como os Carecas do Subúrbio e os Carecas do ABC). O movimento punk,
até então, era identificado mais como um estilo puramente musical e visual e não tão
ligado a ideologia e política, mesmo pelos próprios integrantes das bandas, porém com a
crescente tribalização dos grupos punks emergentes das mais diversas ideologias e os
consequentes conflitos entre eles, a violência passa a fazer parte da rotina e gera um
estigma da sociedade por parte do movimento, o que acabou por enfraquecer a cena em
ascensão. No ABC, região da grande São Paulo caracterizada por seu polo industrial,
algumas tribos punks diferenciam-se por defender a causa operária, ligados ao novo
sindicalismo em ascensão no Brasil com o surgimento das centrais sindicais e
coincidindo com a greve operária de 80/81, e confrontam-se frequentemente com punks
do restante de SP por conta desta vertente. Apesar de muitas ideologias em comum,
como o antipatriotismo, a união de classes, a luta contra a burguesia e o antimilitarismo,
o movimento punk ainda é essencialmente composto por jovens, sem muito acesso à
informação e com diferentes visões, o que acaba por gerar constantes conflitos entre as
gangues e mesmo entre membros de uma mesma gangue. Também ganham forças
grupos de skinheads

A partir disso, já mais próximo da década de 90, o movimento se reinventa com


a ascensão do post punk, com a ramificação do punk em diversos estilos como o
hardcore, o crossover, o streetpunk/Oi!, o anarcopunk, o ska, o new wave, o nazi punk,
etc.

Simon Schwartzman e as bases do autoritarismo brasileiro

Schwartzman, sociólogo brasileiro, aborda em sua obra as razões da


incapacidade brasileira em formar um sistema político capaz de se contrapor ao peso do
poder central, além das bases pelas quais o autoritarismo encontra bases de sustentação
e manutenção.
Refletindo o equilíbrio político a partir da República Velha através de reflexos
do liberalismo novecentista e do patrimonialismo burocrático ineficiente e autoritário, o
autor analisa a origem das tensões sociais e o choque entre as diversas ideologias
conflitantes, que abrem espaço para a instauração de um modelo autoritário militar
através do esvaziamento do discurso, modelo este de bases altamente repressivas no
âmbito dos direitos e da participação política, além da reivindicação organizada de
interesses, em defesa do interesse de grupos específicos, cuja legitimidade era
constantemente questionada, uma vez que, segundo o autor, “obter legitimidade política
e ideológica em um contexto de repressão e desmobilização é quase uma contradição
em termos, que não pode ser superada pela simples manipulação de símbolos nacionais
ou pelo uso mais ou menos competente dos meios de comunicação de massas.”
(SCHWARTZMAN, p. 21).

Quanto aos movimentos de oposição ao modelo autoritário presentes nos


diversos movimentos sociais emergentes da época, Schwartzman analisa a confusão
entre, de um lado, “um contraste entre o Estado patrimonial, irracional, centralizador e
autoritário, e os setores da sociedade que se pretendem autônomos, descentralizadores e
representantes do racionalismo privado dos grupos sociais mais organizados”
(SCHWARTZMAN, p. 36), e, de outro, “o contraste entre as ideologias liberais de não
intervencionismo, privatismo, laissez-faire, e as necessidades iniludíveis de
planejamento governamental e intervenção do Estado na vida econômica e, social do
país” (ibidem).

Em relação a este trabalho, a obra de Schwartzman ajuda a elucidar as redes de


sustentação que permitiram que os militares pudessem instaurar e perpetuar seu poder
sobre a nação por tão prolongado prazo, e quais as influências dos movimentos de
oposição (dentre elas, declaradamente, o movimento punk e muitas de suas vertentes)
neste modelo de dominação pessoal.

Ratos de Porão e a oposição ao autoritarismo militar brasileiro

Com início no ano de 1981, em pleno final de regime militar, a banda Ratos de
Porão surge juntamente com a ascensão do movimento punk nos subúrbios de SP, com
suas letras carregadas de contestação e em um momento político onde as convulsões
sociais já eram irreversíveis em todos os níveis de organização, do público ao privado e
a repressão seguia sendo o aparato de manutenção do governo. Os governos de Geisel e
de Figueiredo (1974-84) foram marcados pela crise econômica, pela distensão
verdadeiramente lenta e pela demonstração de atividade da linha-dura como organismo
repressivo. Se a tortura não era mais largamente empregada, como no governo Médici
(1969-1974), havia a ocorrência de casos tenebrosos, como a morte do jornalista
Vladimir Herzog dentro da sede do DOICODI, em 1975. Em 1981, um sargento e um
capitão do exército tentaram explodir bombas no centro de convenções do Riocentro,
onde acontecia um festival de música com a presença de milhares de jovens. A linha-
dura continuava dura.

Em 1984, a banda lança seu primeiro LP, “crucificados pelo sistema”. Em sua
primeira faixa “Morrer”, já realiza uma crítica ao modelo violento de governo, baseado
no medo e na repressão, e na falta de esperança que deposita a quem vive este momento.
“O mundo morreu, o ódio venceu / O que é que eu vou fazer? / Doenças fardadas / A
paz mutilada / Eu vim para viver / Tenho medo do presente / Tenho medo do futuro / E
de tudo que nos cerca / Sigo meu caminho / Meu caminho é morrer! / Morrer”. O
governo militar é tratado como uma “doença fardada” que mutila a paz, impregnada
num anterior regime democrático e que representa a saúde do bem-estar social.

Na terceira faixa, “Guerra desumana”, a reiteração ao modelo de guerra


imposto pelo regime e a impossibilidade da sociedade civil possa reagir. “Gritos de
horror rompendo o silêncio da noite / E quando se abre a janela, visões horríveis a gente
tem! / Somos contra / Essa guerra desumana / Essa guerra desumana / Essa guerra
desumana / Todos imploram pela paz / Mas ninguém pode fazer nada / Os guerrilheiros
estão soltos nas ruas prontos para matar / E não há nenhuma trégua / Para que as
pessoas possam pensar / E possam também se envergonhar / Dessa guerra desumana /
Dessa guerra desumana / Dessa guerra desumana”. Neste ponto, a banda já deixa claro
sua posição contrária ao regime militar e suas consequências sociais.

Álbum marcado por riffs intensos e músicas curtas, típicas do estilo punk, a
quinta música “Obrigado a obedecer”, apresenta em uma única estrofe e 1:02 de música
sua mensagem: a oposição ao alisamento militar obrigatório e suas consequências.
“Servir sua pátria te obrigam a obedecer / Te obrigam a matar / Te obrigam a sofrer!!! /
Não! não! não! não!!!!”.
Em um trecho da decima segunda faixa, “sistema de protesto”, a banda
explicita a função do movimento punk neste contexto como forma de denúncia. “nós
estamos criando um novo sistema de protestar / e esse é um sistema para nos calar / não
podemos maracar / nem podemos nos envergonhar / temos que gritar o mais alto
possível para fazê-los escutar / todos somos iguais / todos somos racionais / eles é que
agem como animais irracionais / sistema de protesto / sistema de protesto / eu os detesto
eu os detesto..”.

Já em 1989, um ano após a regulamentação da constituição brasileira vigente e


ainda com alguns reflexos do já extinto governo militar, a banda lança seu álbum
“Brasil”, pela gravadora Eldorado, onde dentre outros temas como nacionalismo,
violência policial, drogas e política internacional, mantém-se um discurso sólido e
contestador sobre o regime militar. Este álbum, mesmo 29 anos depois, segue
majoritariamente contemporâneo, com temáticas que perpassam os problemas atuais nos
âmbitos sociais e políticos.

Na segunda faixa, “Retrocesso”, já é apresentado o medo que seguia pairando


na época do retorno dos militares ao poder, como um “fantasma” que parece ameaçar
voltar a qualquer momento após 21 anos de repressão. “Cuidado com o poder do regime
militar / O tempo vai retroceder / O DOI-CODI vai voltar no / BRASIL, BRASIL,
BRASIL”.

A décima terceira faixa, “Porcos sanguinários”, remonta os motivos para este


constante medo e sua justificativa, através da descrição do abuso de poder cometido por
oficiais, soldados e policiais sobre a sociedade civil. “Abuso de poder / Falso moralismo
/ Merda na cabeça / Na mão um treisoitão / São uns porcos sanguinários / Sádicos
nojentos / Eles querem te humilhar / São uns porcos sanguinários / Mão na cabeça / É
melhor obedecer. / Medo em cada esquina / Terror no camburão / A sena é sua sina / Se
tiver cheiro na mão / Assinar um flagrante / Levando só porrada / Você pode não ter
culpa / Sua sorte está lançada.”. O final da música aponta para o risco, comum na época,
de mesmo sem flagrante um ou mais indivíduos serem conduzidos como criminosos por
um critério arbitrário da força policial.

Já na décima sexta faixa, “Máquina militar”, a letra aponta para como o Estado,
após usar da força do soldado para seus fins particulares, abandona o mesmo com todas
as sequelas de seu exercício e sem qualquer recompensa, denunciando desta forma o
aparelhamento das forças armadas do Exército não para proteção da nação e de seus
civis, mas sim de interesses privados protegidos pelo Estado. “Olhe soldado / Esqueça
seu passado / Você deixou de existir / Agora você é uma máquina do sistema / Somente
para matar / Somente para destruir. / MÁQUINA MILITAR / MÁQUINA MILITAR /
Escute soldado / Você está mutilado / Você não nos serve mais / Agora você é um
maníaco de guerra / O pesadelo se repete / Todas as horas do seu dia. / Você não nos
serve mais!!!”.

Conclusão

Ao final e após um governo militar, que percorreu 21 longos anos e deixou


manchas presentes até os dias atuais no coletivo e no imaginário nacional, o movimento
punk, e no contexto específico deste trabalho especificamente a banda Ratos de Porão,
foi de fundamental importância como ferramenta de denúncia contra os aspectos
maléficos da ditadura sobre a sociedade civil e os instrumentos de garantia de direitos e
deveres individuais e coletivos. Schwartzman explicita, com o fim do regime militar em
função de conflitos internos e pela manutenção mantida entre o estado e setores da elite
política, a busca por “um novo equilíbrio entre Estado e sociedade, que continuasse a
dar primazia ao Estado, eventualmente modernizado e adaptado aos novos tempos”
(SCHWARTZMAN, p. 22) e que afastasse ao máximo os malefícios trazidos pelo
autoritarismo exacerbado como forma de manutenção institucionalizada de um modelo
coercitivo de governo.

Os álbuns citados durante este trabalho e sua excepcional contemporaneidade,


mesmo após três séculos de história, demonstra o quanto o “fantasma da ditadura”
permanece como algo vivo no imaginário nacional, como uma ameaça constante e sob a
qual a sociedade civil deve lutar e utilizar todas as suas ferramentas, dentre elas a
música, como forma de conscientização e contestação.
ANEXOS

Primeira imagem: Capa do álbum “Crucificados pelo Sistema”, de 1984.

Segunda imagem: Capa do álbum “Brasil”, de 1989.

Fanzine anarcopunk “Grito Punk”, expressando uma ideologia antimilitar.


Bibliografia

ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo, Companhia das


Letras, 2012.

BAUMAN, Zigmun. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Ed.


Jorge Zahar, 1998.

GOFFMAN, Ken. JOY, Dan. Contracultura Através dos Tempos – Do Mito de


Prometeu à Cultura Digital, 2004.

MAFFESOLI, Michel. A Transfiguração do Político. A tribalização do mundo.


Porto Alegre: Sulina, 1997.

MAFFESOLI, Michel. Saturação. São Paulo, Iluminuras, 2010.

ROSSETTO, Rafael. A TRIBALIZAÇÃO DO MUNDO: um estudo


propedêutico sobre o Estado a partir de Michel Maffesoli, 2009.

SCHWARTZMAN, Simon. Bases do Autoritarismo Brasileiro, 4. Ed. – Rio de


Janeiro: Publit Soluções Editoriais, 2007.

Subversão em Movimento - A História do Punk em SP, Documentário, 2016.

Botinada: A Origem do Punk no Brasil, Documentário, ST2, 2006.

POR QUE SOMOS CONTRA A UNIÃO DE PUNKS COM SKINHEADS?,


Zine, 2014.

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