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APROXIMAÇÕES ATUAIS SOBRE A COMPREENSÃO DE TEOLOGIA PÚBLICA


Tiago de Freitas Lopes1

Resumo:
O objetivo deste artigo é apresentar algumas compreensões sobre a concepção e desenvolvimentos
da teologia pública. Para tanto, é considerado o ambiente Europeu com sua teologia política na
década de 60; o nascimento do termo teologia pública (Public Theology) na década de 70 nos
Estados Unidos; os reflexos da teologia pública na África do Sul e na América Latina e a discussão
sobre o assunto no Brasil. Nessa pesquisa, através do método bibliográfico, há contribuições de
teólogos do porte de David Tracy, Jürgen Moltmann, J.B. Metz, Rudolf von Sinner, Rosino Gibellini,
Edmund Arens. A conclusão apresenta alguns desafios para o âmbito teológico em fazer com que o
discurso teológico seja público, alcançando a esfera civil e não apenas o âmbito eclesial.

Palavras-chave:
Teologia pública, David Tracy, Rudolf von Sinner.

Abstract:
The purpose of this article is to present some insights into the design and development of Public
Theology. Therefore, it is considered the European environment with its political Theology in the 60s,
the birth of the term Public Theology (Teologia Pública) in the United States in the seventies, the
reflections of Public Theology in South Africa and in Latin America and the discussion on the subject
in Brazil. In this research, through the bibliographic method, there are contributions from theologians
of the stature of David Tracy, Jürgen Moltmann, JB Metz, Rudolf von Sinner, Rosino Gibellini, Edmund
Arens. The conclusion presents some challenges for theological framework in making theological
discourse been public, reaching the civil sphere and not just the ecclesial context.

Keywords:
Public Theology, David Tracy, Rudolf von Sinner.

1. INTRODUÇÃO
A teologia pública tem ganhado reconhecimento na teologia cristã nos últimos
anos. O conceito foi formulado na década de 70 nos Estados Unidos, entretanto,
ecos dessa forma de teologia têm alcançado outros países, entre eles, Portugal,
África do Sul e Brasil.
Como todo tema novo, a teologia pública ainda é um desafio. Um dos
principais autores da atualidade sobre o assunto é o teólogo norte-americano David
Tracy2, especialmente em uma publicação da década de 80, The Analogical
Imagination. Christian Theology and the culture of pluralismo (traduzido para o
português em 2006 pela editora Unisinos como A imaginação analógica: a teologia

1
Mestre em Teologia Sistemática pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Belo Horizonte, Especialista
em Teologia Sistemática pela Faculdade Evangélica de Teologia de Belo Horizonte, e Graduado em Teologia
pela Faculdade Batista de Minas Gerais. Membro do grupo de pesquisa "As interfaces da Antropologia na
teologia contemporânea" e professor de Teologia Sistemática e Hermenêutica na Faculdade Batista de Minas
Gerais. Lattes: <http://lattes.cnpq.br/6648524500409607>. E-mail: <tiagodefreitasl@gmail.com>. Telefone: (31)
8423-4689.
2
David Tracy nasceu em 6 de janeiro de 1939, em Yorkers, New York. Recebeu sua licenciatura (1964) e
doutorado em teologia (1969) pela Universidade Gregoriana em Roma. Foi um dos fundadores editores do
Religious Studies Review e trabalhou como co-editor do The Jornal of Religion e Concilium.
2

cristã e a cultura do pluralismo), e de um artigo publicado exclusivamente na revista


Perspectiva Teológica no Brasil, Belo Horizonte em 2012, A Teologia na esfera
pública: três tipos de discurso público. Para Tracy, toda teologia é discurso público
(public discourse, o que ele também chama de publicness3) e é dever do teólogo
levá-la não apenas ao âmbito eclesial mas também à universidade e ao âmbito
social em geral. A abordagem atual de Tracy, em relação à teologia pública, propõe
“reabrir a participação da religião na esfera pública”4.
No Brasil, temos a teologia pública em locus diferentes: há no Rio Grande do
Sul, através das publicações de Rudolf von Sinner5; em Vitória, no Espírito Santo,
com as publicações de Júlio Zabatieiro6, e em algumas dissertações e teses
produzidas na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Há
também uma reflexão a este respeito na Universidade Jesuíta Unisinos, também no
Rio Grande do Sul.
O objetivo deste artigo é apresentar algumas compreensões sobre a teologia
pública. Não se tem o interesse de esgotar o assunto, nem de dar uma definição
estática sobre o sentido de uma teologia pública. Nosso objetivo é apontar caminhos
para se pensar e ampliar essa forma de teologia.
Para tanto, após essa introdução, serão apresentadas algumas
compreensões de teologia pública, a começar pela leitura Europeia da teologia
política na década de 60 e nos dias atuais, depois, a compreensão e surgimento da
expressão “teologia pública” nos Estados Unidos, na década de 70. A seguir, serão
apresentadas as perspectivas sul-africana e latino-americana desta teologia, e por
fim, como acontece a teologia pública no Brasil.
Na conclusão são apresentados alguns desafios que a teologia pública deixa
para aqueles que se ocupam em fazer teologia.

3
A tradução do termo publicness para o português no sentido utilizado por Tracy é impreciso e difícil. Poderia ser
traduzido por “publicidade” no sentido de “característica do que é público” (cf. HOUAISS, Dicionário, p. 2.330).
No entanto, a expressão original publicness, utilizada por Tracy em Analogical imagination, pode ser melhor
compreendida se mantida originalmente, significando “razão, índole, transparência, caráter, discurso público” de
acordo com a tradução feita pela revista Perspectiva Teológica em um artigo de Tracy, em 2012. Cf. TRACY, A
teologia na esfera pública. p. 30, nota 1.
4
TRACY, A teologia na esfera pública, p. 30.
5
O teólogo Rudolf von Sinner, de origem suíça, é pró-reitor de pós-graduação e Pesquisa e professor de
Teologia Sistemática, Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso nas Faculdades EST em São Leopoldo, bem como
pastor da IECLB.
6
Júlio Zabatieiro é professor da Escola Superior de Teologia em São Leopoldo-RS e coordenador de Pós-
Graduação e Pesquisa da Faculdade Unida de Vitória. Entre suas contribuições para a teologia pública, está o
livro Para uma teologia pública.
3

2. A TEOLOGIA POLÍTICA NO CONTEXTO EUROPEU E OS


DESENVOLVIMENTOS DA TEOLOGIA PÚBLICA

A teologia política (politische theologie) surge nos anos 60 com as obras de


Johan Baptist Metz, Jürgen Moltmann e Dorothee Sölle. Entretanto, destacaremos o
trabalho de Metz e Moltmann.
Em sua acepção geral, a teologia política propõe iniciativas teológicas, sociais
e eclesiais que formam um material escatológico que abandona as concepções
estáticas e introduz na teologia uma concepção dinâmica da promessa. Possui,
como ponto de partida, um fazer teológico consciente do presente, orientado ao
futuro e à prática.
Seu locus está na ciência, na Igreja e na sociedade, mas a Igreja é
considerada o contexto irrenunciável desta teologia. Por isso, a teologia política
critica qualquer teologia distante da prática, desinteressada e contemplativa; opõe-
se ao nivelamento pluralista proposto pelas ciências da religião e critica a Igreja em
sua “auto exaltação eclesial e auto isolamento fundamentalista” 7.
A tarefa da teologia política é portanto, “comunicar publicamente a todos a
mensagem bíblica do Deus criador, libertador, justo e solidário, [...] com a palavra
consoladora da promessa bíblica”8.
Este capítulo possui duas partes. Na primeira parte, é apresentado o sentido
de teologia política para Metz e Moltmann, a partir dos anos 60. A segunda parte
mostra outras possíveis leituras de teologia política como uma teologia pública no
ambiente Europeu. Para tanto, serão utilizadas compreensões de outros teólogos,
como Rosino Gibellini, E. Arens e Rudolf von Sinner.

2.1. Politische Theologie no contexto Europeu

Segundo Gibellini9, Metz compreendia o programa de uma nova teologia


política em relação à antiga teologia política e da teologia política clássica do
cristianismo, em que teologias que estavam “a serviço do poder estatal e
funcionavam como ideologia do estado, como sua legitimação religiosa”. Essa nova
teologia política carregava consigo conteúdos críticos e libertadores, refutando,
7
ARENS, Novos desenvolvimentos da teologia política, p. 67-83.
8
ARENS, Novos desenvolvimentos da teologia política, p. 83
9
GIBELLINI, Perspectivas teológicas para o século XXI, p. 308-311.
4

assim, a abordagem de Carl Schmit em seu ensaio: Teologia política: quatro


capítulos sobre a doutrina da soberania.
A teologia política em Metz “quer que a palavra cristã se torne uma palavra
socialmente eficaz. Ela procura categorias que não sirvam apenas para iluminar as
consciências, mas também para transformá-las”10. Dessa maneira, para Metz, a
dimensão política da fé
[...] é uma práxis na história e na sociedade, que compreende a si mesma como
uma esperança solidária no Deus de Jesus como o Deus dos vivos e dos mortos,
que chama a todos (os seres humanos) a serem sujeitos em sua presença” 11.

Em Metz, a própria ideia de Deus é política em si mesma, uma vez que todos
os seres humanos tornam-se sujeitos diante Dele. É nesse sentido que a teologia
deve opor-se a qualquer tipo de opressão12.
Segundo Arens13, Moltmann propõe nos anos 80 uma teologia política que
compreende teologia, política e ética. Sua concepção de teologia política propõe: a)
uma crítica teológica da religião política que tem por foco legitimar o estado a partir
de uma “roupagem totalitária” (C. Schmitt), ou em uma “versão liberal e religioso
civil” (R. Bellah e H. Lübbe); b) a articulação de uma hermenêutica política do
evangelho; c) uma teologia política com uma ética que inspire a justiça econômica e
comprometa-se contra a opressão política, promovendo solidariedade e
reconhecimento; e d) trabalhar em uma solidariedade crítica “e em proximidade
autocrítica com outras colocações de uma teologia libertadora”, entre elas, a teologia
latino-americana da libertação, a teologia negra dos U.S.A, a teologia coreana e a
teologia feminista.
Moltmann14 reafirma o programa de uma “nova teologia política”. Para ele, o
conceito não era novo e possuía antecedentes desagradáveis, especialmente sob a
ótica de C. Schmitt (1922 a 1934), que “havia transformado a expressão no
emblema de sua preferência anti-revolucionária, antiliberal e antidemocrática por
ditaduras políticas.

10
METZ apud GIBELLINI, Perspectivas teológicas para o século XX, p. 303.
11
METZ, apud YACSIC, Política y religión , p.38) “[...] es una práxis en la historia y la sociedade que se
compreende a sí misma como una esperanza solidaria en el Dios de Jesús como el Dios de los vivos y muertos,
que llama a todos (los seres humanos) a ser sujetos en su presencia”. (Tradução nossa).
12
YAKSIC, Política y religión. p. 38.
13
ARENS, Novos desenvolvimentos da teologia política, p. 74.
14
MOLTMANN, Experiências de reflexão teológica, p. 104.
5

Para Moltmann, a teologia cristã tem seu lugar vivencial na “vida de uma
pessoa, na vida da Igreja, na vida da sociedade, em todo o globo terrestre” 15. Em
relação ao caráter público da teologia, Moltmann acrescenta que se a teologia for
compreendida apenas como ciência eclesiástica, ela deveria abandonar as
universidades e limitar-se às escolas eclesiásticas. Porém, agindo assim, ela
perderá sua relevância para a cultura política e social, pois, na Igreja, está em jogo o
Reino de Deus e sua justiça.

2.2. Teologia pública no contexto Europeu

Houve outras tentativas para a formulação de uma teologia pública no âmbito


europeu. Ainda em 1969, segundo Sinner16 o cientista político Hans Maier
recomendou “a teologia pública como alternativa à teologia política”. O teólogo
alemão Huber publicou também uma tese de pós-doutorado com o título: Igreja e
esfera pública, mas preferiu o conceito de teologia política ao de teologia pública.
Vinte anos mais tarde, Huber, juntamente com o teólogo sul-africano J. Gruchy, criou
uma coleção intitulada “teologia pública”. Huber, nesse novo momento, propõe uma
ressignificação da função da teologia pública. Para ele,
[...] numa época em que a consciência da pluralidade social está
aumentando, é preciso colocar novamente a pergunta a respeito do que a
teologia, como explicação cientificamente refletida da fé cristã pode
contribuir em termos de orientação nas grandes questões públicas do
presente [...]. A formação da esfera pública na acepção moderna do termo
reforça a percepção de que a pregação da Igreja tem o caráter de
comunicação pública [...]17.

Outra contribuição sobre a teologia pública, desenvolvida recentemente em


Portugal, é exposta pelo teólogo Ângelo Cardita18, em um artigo apresentado e
publicado em 2011 no encontro internacional da SOTER. É uma reflexão que discute
as noções de teologia pública, além dos contextos de Moltmann e Metz, dialogando
com as perspectivas de David Tracy no contexto norte-americano e no contexto de
teologia pública, desenvolvido no sul do Brasil através do trabalho de Sinner e da
Escola Superior de Teologia (EST).
Cardita descreve a experiência da teologia em Portugal na situação de
“retirada do espaço público”, privando os universitários de “ascender a um
15
MOLTMANN, A paixão de Cristo: por uma sociedade sem vítimas, p. 80.
16
SINNER, Teologia pública: novas abordagens, p. 335.
17
HUBER, apud SINNER, Teologia pública: novas abordagens, p. 334.
18
Cf. CARDITA, Teologia e o bem comum, p. 726-750.
6

patrimônio cultural vastíssimo, levando-os a assumir inconscientemente a ideia da


impossibilidade de relação entre ciência e religião”19.
A ideia central de Cardita é que uma teologia pública ajuda na reconstrução
da cientificidade da teologia20. Sobre a religião no espaço público, o referido autor
assume que a presença de outras religiões no espaço público é inegável, e observa
que, ao mesmo tempo em que aumenta a presença do elemento religioso nas
discussões, as Igrejas e instituições religiosas perdem sua influência, o que para
Cardita obriga a teologia a “pensar de novo as condições em que a religião pode ser
levada em conta no pluralismo da esfera pública” e pergunta: “que função a religião
pode desempenhar num mundo que já não é religiosamente definido?” 21.
Em vez de diferenciar teologia pública e privada, Igreja e Estado, Cardita
propõe que o sentido de “privatizar as religiões” deve ser considerado como “uma
parte do espaço público, de forma a entrarem nos debates públicos sob o mesmo
título que as demais convicções políticas ou morais22, fazendo com que a religião
seja despolitizada e a política dessacralizada”. Para Cardita, a religião é assunto
privado, ao se tratar da reflexão teológico-confessional, e adquire pertinência
pública, quando tomada como objeto de estudo sociológico.
Ressaltando o trabalho de Innerarity, Cardita explica que privatização não
significa irrelevância, nem relegação das crenças, pois as crenças “são elementos
legítimos da sociedade civil e podem intervir na deliberação pública sob o mesmo
título que qualquer outra convicção política e moral [...]23.
A conclusão a que Cardita chega sobre uma noção de teologia pública é que
“a teologia é pública ou não é teologia”, e “para ser pública deve desenvolver-se
como ciência de Deus enquanto ciência das religiões” 24. Para ser pública, a teologia
“deve também constituir uma mediação política enquanto mediação reflexiva sobre o
sentido histórico e as funções das religiões na sociedade, particularmente dos seus
contributos para o bem comum” 25.
Diante das noções de teologias política e públicas europeias apresentadas,
pode-se perceber que o objetivo de uma teologia política não era o de dizer que a

19
CARDITA, Teologia e o bem comum, p. 725. Cardita baseia-se na obra de CURADO, Deus na universidade.
20
CARDITA, Teologia e o bem comum, p. 725.
21
CARDITA, Teologia e o bem comum, p. 731.
22
CARDITA, Teologia e o bem comum, p. 732.
23
Cf. INNERARITY apud CARDITA, Teologia e o bem comum, p. 732.
24
CARDITA, Teologia e o bem comum, p. 750.
25
CARDITA, Teologia e o bem comum, p. 750.
7

esfera religiosa não precisa da esfera política, mas mostrar que a religião é relevante
para a sociedade.

3. COMPREENSÃO DE TEOLOGIA PÚBLICA NO CONTEXTO NORTE-


AMERICANO: O PONTO DE PARTIDA DA TEOLOGIA PÚBLICA

A expressão teologia pública originou-se nos Estados Unidos a partir da


década de 1970. Sinner26 acrescenta que o conceito de teologia pública foi usado
primeiramente em um artigo sobre Reinhold Niebhur, publicado por Martin Marty,
que considerava Reinhold Niebhur “o principal intérprete do século do
comportamento social religioso americano”, juntamente com Jonathan Edwards,
Horace Bushnell e o teólogo batista Walter Rauschnbush, o pai do evangelho social,
como representantes do que poderia ser chamado de teologia pública por parte da
Igreja.
Martin Marty, a partir de suas reflexões sobre o trabalho de Reinhold Niebhur,
desenvolveu a compreensão de uma Igreja pública, que funcionava a partir de uma
simbiose entre o protestantismo tradicional, o envangelicalismo e o catolicismo
romano em um modelo de ecumenicidade27. O projeto de uma Igreja pública para
Martin Marty foi definido por “uma família de Igrejas apostólicas, tendo Jesus Cristo
no centro, Igrejas que são especialmente sensíveis à res pública, a ordem pública
que circunda e inclui pessoas de fé” e como “uma comunidade política e testemunha
especificamente cristã”28.
A partir desse reconhecimento, é feita uma distinção entre a teologia pública e
a teologia política, que pretendia acompanhar as Igrejas e organizações próximas
que atuavam na sociedade assumindo um papel mediador entre o mundo da vida e
o sistema político, superando assim “uma simples contraposição entre o „privado e o
público‟”29.
Para apresentar as concepções de teologia pública nesse contexto, serão
expostas algumas aproximações, articuladas por Eneida Jacobsen, Sinner e Tracy.
Na pesquisa de Eneida Jacobsen, a compreensão de teologia pública nos
U.S.A. é pensada como uma superação da marginalização da teologia. Autores

26
SINNER, Teologia pública: um olhar global, p. 12.
27
SINNER, Teologia pública: um olhar global, p. 14.
28
MARTY, apud SINNER, Teologia pública: um olhar global, p. 15.
29
SINNER, Teologia pública: novas abordagens, p. 337.
8

como David Tracy, Max Stackhouse e Linell Cady são suas principais referências 30.
A partir do trabalho de Tracy em A imaginação analógica, Jacobsen destaca o
desafio de perceber o pluralismo como um enriquecimento da cultura e da condição
humana, e a necessidade de articular a teologia aos públicos do teólogo: a
universidade, a sociedade mais ampla e a Igreja 31.
Jacobsen apresenta outras propostas, como as de Ronell Bezuidenhout e Piet
Naudé, que resumem a perspectiva de teologia pública no contexto norte-americano
como “contrapor-se à marginalização e à privatização da teologia contemporânea” 32.
Outro caminho para a leitura norte-americana é o de Linell Cady, ao perceber que a
marginalização da religião é resultado da herança do iluminismo que releva
[...] julgamentos religiosos para a esfera do subjetivo e do privado: tudo o que não
é científico é simplesmente considerado uma questão de opinião pessoal. Como
consequência, muitos teólogos têm conduzido suas reflexões dentro das fronteiras
confessionais, sem a intenção de convencer as pessoas de fora. “Tendo perdido
seu antigo poder de influenciar o debate público acerca de nossas crenças e
ações, a teologia tem cada vez mais se tornado uma forma privatizada de
reflexão”33.

Analisando o foco teológico de Cady, Jacobsen entende que há aproximações


da teologia pública com a teologia política, porém, a teologia pública deve ter por
meta não apenas as questões sócio-políticas, mas apropriar-se de formas de
argumentação genuinamente públicas34.
Jacobsen apresenta também a perspectiva de Max Stackhouse. Para ele, é
tarefa da teologia pública “oferecer contribuições que levem em consideração a
globalidade da existência humana”. O cristianismo é visto como uma possibilidade
de resposta para a vida pública em nível global, “especialmente no que diz respeito
a sua compreensão de direitos humanos, baseada na concepção teológica de um
Deus gracioso que cria a humanidade à sua imagem” 35.
Quanto às percepções de Tracy, Cady e Stackhouse, Jacobsen conclui que
“Tracy acentua o atual pluralismo religioso e a marginalização da religião; Cady, a

30
Max Stackhouse é professor emérito de teologia reformada e vida pública no Princeton Theological Seminary.
Cf. <http://en.wikipedia.org/wiki/Max_Lynn_Stackhouse> Acesso em março de 2013. Linell Cady é professora
de estudos religiosos na Arizona State University e diretora do Center for the Study of Religion and Conflict. Cf. <
http://csrcprojects.asu.edu/p_cady.php> Acesso em março de 2013.
31
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 28-29. Cf. TRACY, A imaginação analógica, p. 11, 19,
23-66.
32
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 28-29.
33
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 29.
34
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 30.
35
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 30.
9

paroquialização da teologia, assim como a marginalização da religião e Stackhouse,


a emergência de uma sociedade globalizada36.
Conforme a pesquisa de Sinner, a teologia pública, em sua concepção geral,
não parte de uma religião de identidade nacional, mas de uma teologia, nesse
contexto, cristã e mundial, católica, na acepção original do termo, e ecumênica, que,
por essa razão, rejeita uma “autodeterminação da nação”37. Para Sinner, E. H.
Breitenberg analisa que a teologia pública, em termos da tradição cristã,
[...] pretende oferecer interpretações teologicamente moldadas de indivíduos,
comunidades de fé e orientação para eles, e das instituições e interações para a
sociedade civil, de forma que sejam compreensíveis, acessíveis e possivelmente
38
conviventes para as pessoas dentro da Igreja e também para as de fora .

Deve ser considerado no contexto norte-americano o paradoxo entre a


secularidade jurídica, presente no Estado, a presença pública da religião39. Há a
presença de um conceito de religião civil, desenvolvido por R. Bellah, a partir de sua
análise do discurso inaugural do presidente Kennedy em que repercutem a religião
civil de Rousseau e a teoria da sociedade de Durkheim. A religião civil trata,
segundo Sinner, de “uma religião que fornece coesão social à nação pelo uso de
referências religiosas, cujas instituições portadoras não são comunidades religiosas,
mas a própria política e sociedade”. Um exemplo disso, segundo Sinner, é o
“confiamos em Deus” (In God we Trust) que consta na moeda estadunidense40.
Sinner observa ainda que para Martin Marty o termo “religião pública” se
ajustava melhor ao modelo pluralista americano do que à expressão “religião civil”,
de Rousseau. Segundo Sinner, Mark G. Toulouse distingue de quatro maneiras
diferentes a forma de o cristianismo estadunidense relacionar-se com a vida pública:
por um lado, a “fé cultural icônica (semelhante à religião civil) e a fé sacerdotal (que
confunde a nação com a Igreja)”. Nesses casos, a “vida pública prevalece sobre a
fé”. Por outro lado, há o “cristão público”, em que a Igreja serve para a salvação,
sendo diferenciada da nação (mas os cristãos são incentivados a engajar-se na vida
pública) e a Igreja pública (a Igreja ergue uma voz profética para outros, não só para
si mesma, e respeita o pluralismo religioso. Aqui “a fé prevalece sobre a vida
pública”41.

36
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 31.
37
SINNER, Teologia pública: novas abordagens, p. 337.
38
BREITENBERG, apud SINNER Teologia pública: novas abordagens, p. 338.
39
SINNER, Teologia pública no Brasil, p. 260.
40
Cf. SINNER, Teologia pública no Brasil, p. 266.
41
Cf. SINNER, Teologia pública: um olhar global, p. 14.
10

Sinner percebe ainda que, no contexto norte-americano, “a nuance parece ser


que a religião pública e a teologia pública são mais específicas (não separadas das
religiões reais) e pluralistas (não unificadas) do que a religião civil”. No entanto,
afirma Sinner42, a teologia pública no âmbito norte-americano é bem distinta da
religião civil e da política com suas raízes a partir de Aristóteles, mas possui como
sua referência principal a nova teologia política de Metz e Moltmann.
Tracy, em desacordo com a análise de Sinner, percebe que o contexto norte-
americano possui um olhar teológico “nativo”, que se distancia das teologias
europeias (e latino-americanas), além de explicitar que figuras como as de Abraham
Lincoln e Martin L. King, diante da práxis política e pública da teologia, apontam para
uma teologia feita de forma norte-americana43, sem ter que, necessariamente,
depender dos desenvolvimentos da nova teologia política de Metz e Moltmann.
Em relação à religião na esfera pública, Tracy percebe que “qualquer tradição
religiosa principal revela em seus símbolos e em suas reflexões sobre esses
símbolos (em suas teologias) alguma visão fundamental do sentido da existência
individual e comunal, provendo a sociedade como um todo com possibilidades
reveladoras e transformadoras. Tanto o ethos como a cosmovisão são revelados em
qualquer religião”44. Assim, “onde a arte é marginalizada, a religião é privatizada”.
Tracy mostra que os recursos simbólicos religiosos funcionam como fatores
importantes para a sociedade norte-americana, a exemplo de Martin Luther King45.
Tracy não defende uma definição de teologia pública, mas propõe que
teologia pública não é um sistema ou uma nova disciplina, mas o jeito de ser da
teologia. A partir desse raciocínio, o locus social do teólogo e da teologia são
irrenunciáveis.
A compreensão de teologia pública no âmbito norte-americano, na análise de
Tracy, especialmente em A imaginação analógica e atualizada pelo artigo Teologia
na esfera pública, considera a religião como parte da esfera pública46 e, dessa
forma, a religião é desafiada a dialogar com a tecnociência, com a política e com a
sociedade. Ainda para Tracy, “todo silenciamento secular de afirmações religiosas
no discurso público é uma posição claramente irracional” e isso acontece quando “os

42
SINNER, Teologia pública: um olhar global, p. 15,17.
43
Cf. TRACY, A imaginação analógica, p. 114 / nota 82.
44
TRACY, A imaginação analógica, p. 39.
45
TRACY, A imaginação analógica, p. 39-40.
46
TRACY, Teologia na esfera pública, p. 33
11

temas religiosos são silenciados e tratados de modo não adequados à esfera


pública”47.
Uma tentativa de Tracy em aproximar a esfera pública da religião, é perceber
que por mais que um teólogo seja marcado por sua tradição particular e voltado para
a interpretação da Igreja e de sua tradição, a reflexão teológica perpassa pelos
públicos sociedade, universidade e Igreja48, pela situação do teólogo e pela
reinterpretação do clássico cristão religioso.
Em relação à concepção norte-americana de teologia pública, não temos
definições claras, mas alguns caminhos, entre eles, o reconhecimento de que a
teologia não pode ser privatizada pela religião, mas deve estar presente na esfera
pública. A seguir, verificar-se-á a compreensão de teologia pública na África do Sul,
que é marcada pela teologia desenvolvida no contexto norte-americano e latino-
americano.

4. COMPREENSÃO DE TEOLOGIA PÚBLICA NA ÁFRICA DO SUL

O discurso da teologia pública em virtude de seus desenvolvimentos anglo-


saxões, estabeleceu-se também na África do Sul. O tema será apresentado a partir
das contribuições da pesquisa de Sinner, Clint Le Bruyns e Eneida Jacobsen
teólogos e teóloga que estudam atualmente a perspectiva teológica sul-africana.
Segundo Sinner49, em 2001, foi fundado o centro de teologia pública Beyers
Naude, uma das organizações fundadoras da Global Network for public theology,
que é
[...] uma parceria entre instituições de pesquisa acadêmica que promove
contribuições teológicas sobre questões públicas, especialmente as questões que
afetam o pobre, o marginalizado e o meio ambiente no contexto “glocal” (global-
local) [...]50.

A atuação da teologia pública na África do Sul pode ser percebida como uma
ação da teologia na esfera pública. Segundo Sinner, no contexto sul-africano,
imperava desde 1948, o sistema do apartheid, que distinguia a população de acordo
com “a cor da pele, com a fundamentação teológica da Igreja reformada holandesa

47
TRACY, Teologia na esfera pública, p. 32.
48
Cf. TRACY, A imaginação analógica, p. 19-41.
49
Cf. SINNER, Teologia pública: novas abordagens, p. 346.
50
“The Global Network for Public Theology (GNPT) is an academic research partnership that promotes
theological contributions on public issues, especially those issues affecting the poor, the marginalized and the
environment in a glocal context. […]. Cf. < http://www.csu.edu.au/special/accc/about/gnpt>. (Tradução nossa).
12

sul-africana, que ocupava uma posição dominante”. Tal Igreja, em 1857, decidiu
separar as comunidades segundo critérios de raça. Surge então, em 1881, a “Igreja
missionária reformada holandesa para pessoas „de cor‟, mestiças” 51.
Espalhou-se também, entre 1899-1902, a ideia de uma “Igreja do povo”, ou
“Igreja etnocêntrica”, influenciada, segundo Sinner, “por uma consciência de envio
análoga à do povo de Israel em seu êxodo, sua peregrinação pelo deserto e tomada
da terra, estando limitada aos chamados „africâneres’ brancos”, que misturou a
“história sagrada” africâner como “povo eleito” e o “neocalvinismo, com sua
„soberania das esferas‟ [...] forneceu uma poderosa base ideológica para o
nacionalismo africâner e o apartheid”52.
Em 1982, a Aliança reformada mundial, em Ottawa, declarou o apartheid uma
heresia e surgiu a “confissão de Belhar”, inspirada pela Declaração teológica de
Barmen e por percepções acerca da primazia dos pobres na teologia da libertação,
que “rejeitou „qualquer ideologia que legitime formas de injustiça e qualquer doutrina
que não esteja disposta a resistir a tal ideologia em nome do evangelho‟”. Em 1987,
a Igreja Holandesa reconheceu que “não há razões bíblicas ou teológicas que
justifiquem o apartheid”53.
Uma aproximação à prática da teologia pública na África do Sul parte da
relevância da participação da esfera pública na política através de uma
responsabilidade libertadora para a transformação moral, em que é proposto por
Bruyns54, um tipo de “moralidade pública libertadora”, que considera que não há
transformação sem renovação moral; sem movimentos sociais e sem uma
moralidade pública libertadora55. Nesse sentido, como afirma J. Gruch, citado por
Bruyns, “a transformação democrática apenas pode ser alcançada em uma
sociedade comprometida com o desenvolvimento de uma cultura moral, uma
sociedade que se esforça para manter valores morais”56.
Por isso o discurso de transformação na África do Sul tem por foco, como
destacou a autora Mamphela Ramphele, “uma fé pública, uma Igreja pública e uma

51
Cf. SINNER, Teologia pública: novas abordagens, p. 343.
52
Cf. SINNER, Teologia pública: novas abordagens, p. 343-344.
53
Cf. SINNER, Teologia pública: novas abordagens p. 344.
54
BRUYNS, Responsabilidade libertadora para a transformação moral? p. 95. Clint Le Bruyns é professor na
Universidade de Stellenbosch, África do Sul, e pesquisador do Centro de teologia pública Beyers Naudé. Cf.
BRUYNS, p. 95.
55
BRUYNS, Responsabilidade libertadora para a transformação moral? p. 87,89,95.
56
GRUCHY apud BRUYNS, Responsabilidade libertadora para a transformação moral? p. 88.
13

teologia pública que desempenham um benefício da luta de libertação pela


dignidade humana, pela igualdade e pela liberdade”57.
Na avaliação de Bruyns, Nelson Mandela desempenhou um importante papel
na reconstrução de uma África do Sul moral, o que é marcado por um tempo de
reconciliação. Mandela inaugurou, na década de 90, um processo de renovação
moral na nação, lamentando o estado moral em que ele se encontrava como “um
mal estar espiritual de onde surgiram a ganância, o egoísmo, a preguiça e o
fracasso pessoal. A grande questão de Mandela era: “podemos criar um modo para
a liderança de todas as religiões reunirem-se a fim de analisar a causa deste mal-
estar espiritual e encontrar uma maneira de enfrentá-lo? 58”
Para Jacobsen, os teólogos sul-africanos perceberam que o termo “público”
não poderia ser tomado como sinônimo para “universal”, mas como sinônimo de
“comum”, nas dimensões cultural, política e social. Dessa forma, “procurando o bem
comum da sociedade, as teologias públicas na África do Sul empenham-se em
participar da reconstrução do país, na luta contra a herança do apartheid, na busca
por justiça plena, paz e participação democrática”59.
O foco da teologia pública na África do Sul sustenta Jacobsen, “privilegia os
marginalizados da sociedade, como aconteceu na luta contra o apartheid”, e deve
enfrentar os desafios de uma jovem democracia60.
Eneida Jacobsen também informa-nos que os teólogos sul-africanos têm
refletido sobre um caráter mais praxiológico em relação à compreensão de teologia
pública, interligado à vida da Igreja e à reflexão acadêmica. Para ela, “a teologia
pública emerge tanto da reflexão da vida e do culto da Igreja, e tal teologia pode
tanto ser a atividade de membros do Parlamento, dos funcionários de ONG‟s e de
congregações, quanto de acadêmicos” 61.
Algumas aproximações da teologia pública na África do Sul podem ser feitas.
Note-se também a presença da religião na esfera pública através da ética, como
uma resposta ao mal-estar “espiritual e moral” da nação. Há também a presença da
nova teologia política Alemã, especialmente em uma percepção de esperança como
restauração da humanidade e também da leitura da teologia latino-americana da

57
BRUYNS, Responsabilidade libertadora para a transformação moral? p. 89.
58
MANDELA apud BRUYNS, Responsabilidade libertadora para a transformação moral? p. 95.
59
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 33.
60
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 33.
61
JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 35.
14

libertação, que põe nas vítimas, pobres e marginalizados, seu foco epistemológico e
sua leitura profética.
Segue-se uma breve indicação da compreensão de teologia pública em
relação à teologia desenvolvida no contexto latino-americano.

5. INTERFACES DA COMPREENSÃO DE TEOLOGIA PÚBLICA EM RELAÇÃO


À TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO LATINO-AMERICANA

Na apreciação de Sinner, a espinha dorsal da teologia da libertação latino-


americana é representada pela “opção preferencial pelos pobres”; opção adotada
oficialmente pelas II e III assembleias continentais do Conselho Episcopal Latino-
Americano (CELAN), em Medellín e Puebla (1979). Sinner também mostra que, para
Gutierrez, a opção preferencial pelos pobres é preferencial por causa da
universalidade do amor de Deus que não exclui ninguém. Assim, os pobres são o
foco e, ao mesmo tempo, o sujeito, tornando-se também o eixo epistemológico da
teologia da libertação latino-americana62.
Em relação à noção de “libertação”, foi decisivamente estabelecida pela
teologia da libertação latino-americana, “subscrita com sangue de mártires”, a
exemplo do arcebispo Oscar Romero de São Salvador, assassinado junto ao altar
em 1980. Dessa forma, a libertação tornou-se a categoria hermenêutica central e
muitas releituras dos conceitos tradicionais de fé foram feitos a partir da ótica desta
“libertação”63.
Sinner e Eneida Jacobsen tecem uma crítica à teologia da libertação,
apontando a dificuldade de encontrar, nessa forma de teologia, uma aproximação à
teologia pública em sua acepção geral.
Na avaliação de Sinner, a teologia da libertação dialoga e influencia, mas não
está no campo epistemológico da teologia pública. Para Sinner, a noção de teologia
pública “permite uma maior abrangência e inclusão de aportes do que o rótulo da
teologia da libertação”, sem ter que abandonar sua contribuição em relação à opção
preferencial pelos pobres, pois “consegue abarcar abordagens pentecostais
exatamente daquelas Igrejas para onde foram e estão indo os mais pobres”. Sinner

62
Cf. SINNER, Confiança e convivência, p. 45.
63
SINNER, Confiança e convivência, p. 45.
15

reconhece, porém, que as relações entre teologia pública e teologia da libertação


são estreitas e precisam ser melhor analisadas 64.
Outro motivo de divergência que Sinner aponta entre a noção de teologia
pública e teologia da libertação, é que esta última propõe uma modalidade de
resistência diante da esfera pública, que não é mais adequada, pois, insiste Sinner,“
a esfera pública mudou”, e essa mudança inclui a participação real na configuração
do estado e da sociedade por grupos até agora excluídos e a consciência de uma
pluralidade religiosa65.
A proposta de Sinner, para contextualizar a teologia da libertação no Brasil, é
buscar uma teologia da cidadania. É nesse sentido que ele compreende o
deslocamento “da teologia da libertação para uma teologia da cidadania como
teologia pública”66. Em sua teologia da cidadania, Sinner mostra que a força da
teologia pública, em diálogo com o direito, faz com que as pessoas incluam-se em
uma participação cidadã na vida social e política de seu país67.
Eneida Jacobsen também critica a teologia da libertação, afirmando que “não
são públicas em seu método”, e cita Linnel Cady: “[...] seus métodos de
argumentação, na maior parte não são públicos. Elas geralmente permanecem
teologias confessionais, apelando para autoridades teológicas para defender suas
posições”68.
A discordância entre a compreensão de Tracy sobre teologia pública na
américa latina em relação ao trabalho de Sinner e Jacobsen, mostra-se na
reavaliação da situação da teologia contemporânea, que deixou de ser eurocêntrica
para tornar-se policêntrica69, tanto no sentido teológico como no sentido pastoral-
eclesial e também denominacional (no caso do protestantismo), de maneira que,
nesse contexto, outros teólogos devem ouvir as vozes das vítimas latino-americanas
emudecidas por seus colonizadores.
Um exemplo disso é o envolvimento da teologia política de Moltmann (que é
teólogo protestante), da teologia negra de James Cone e da teologia desenvolvida
na África do Sul, com a teologia da libertação. Pode-se mencionar, também, a
reflexão que obras como Jesus Cristo libertador, de Leonardo Boff, Da Esperança,
64
Cf. SINNER, Teologia pública no Brasil, p. 20.
65
Cf. SINNER, Teologia pública: Novas abordagens, p. 347.
66
Cf. SINNER, Confiança e convivência, p. 43-68, e em < http://www.wftl.org/pdf/018.pdf>. Acesso em Agosto de
2012.
67
SINNER, Confiança e convivência, p. 53.
68
CADY, apud JACOBSEN, A teologia ancorada no mundo da vida, p. 29.
69
Cf. TRACY, Igreja mundial e catecismo mundial: o problema do eurocentrismo.
16

de Ruben Alves e Liberación de la teologia de J.L. Segundo tiveram no contexto


teológico mundial.
Poucos teólogos do “primeiro mundo”, como Moltmann, compreendem o
método da teologia da libertação a partir da situação latino-americana e conseguem
dialogar com ele. Entre esses, pode-se acrescentar a análise de Tracy. Para ele, os
desenvolvimentos da teologia da libertação não devem ser rotulados de nenhum tipo
de moda ou mania teológica, mas esses desenvolvimentos representam uma
“realidade libertadora de um evento clássico, kairótico, que desvenda e transforma
tudo”, expõe as contradições da situação e da tradição e revelam possibilidades
fundadas “nas ações e promessas escatológicas do Deus do Êxodo e de Jesus
Cristo para a libertação comunal, societária e, em última análise, global” 70.
A avaliação que pode ser feita neste tópico, é que a teologia da libertação
latino-americana não deve ser entendida como teologia pública na América Latina,
mas ela contém os princípios da teologia pública: estar presente para situações que
estão além do ambiente eclesial.

6. COMPREENSÃO DE TEOLOGIA PÚBLICA NO BRASIL

Em um primeiro balanço, Sinner71 indica que a teologia pública no Brasil ainda


é uma discussão emergente. Enquanto disciplina acadêmica começou a ser
discutida através do programa do Instituto Humanitas Unisinos72, universidade
Jesuíta de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Entre as obras de referências para o
programa estão A Imaginação Analógica de David Tracy, e a obra de Moltmann 73,
God for a secular Society, que ainda não está traduzida para o português. Há,
também, na Escola superior de Teologia (EST), de tradição evangélico-luterana, a
partir de 2007, a participação na fundação da Global netwok for public theology, que
veicula sua pesquisa através do periódico International Journal of public theology74.
Sinner expõe alguns reflexos da presença da teologia pública no Brasil, entre eles,
uma conexão acerca da cidadania acadêmica e da epistemologia específica da

70
Cf. TRACY, A imaginação analógica, p. 510-511.
71
Cf. SINNER, Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço, p. 16-17.
72
Cf. o web site disponível em <http://www.ihu.unisinos.br/areas/teologia-publica/58627-programa-teologia-
publica>. Acesso em Setembro de 2012.
73
Cf. MOLTMANN, God for a secular Society: the public relevance of theology.
74
Um número da revista foi dedicado na íntegra à emergente teologia pública no Brasil. Cf. SINNER, Rudolf von;
CAVALCANTE, Paula. Special Issue-Public Theology in Brazil.
17

teologia diante de projetos de lei que pretendem reconhecer a profissão do teólogo,


mas que têm resultado na criação de programas de ciência da religião75.
Há também um interesse protestante para a teologia pública através da
recuperação da tradição liberal e libertadora do cristianismo protestante frente ao
fundamentalismo e ao neo-puritanismo em que se busca uma teologia
academicamente qualificada que desafie a autocrítica76.
Na avaliação de Sinner, a teologia pública no Brasil, apesar de confessional,
tem buscado “construir pontes com outras confissões, religiões e ciências, bem
como a sociedade mais ampla. É precisamente nessa interlocução que uma teologia
pública tem seu lugar, atendendo, de seu modo específico, aos públicos da
academia, Igreja e sociedade”77.
No horizonte atual de Sinner, responder “o que afinal é teologia pública?”
significa um “não sabemos”. Mas ele afirma que esse possível conceito não parte de
um sentido unívoco. Sua proposta é testar a viabilidade da teologia pública no
contexto brasileiro, já que a teologia pública, como conceito, “é cunhado nos U.S.A.
a partir de 1970, e descoberta na África do Sul no pós-apartheid”78.
Dessa forma, Sinner79 vê a viabilidade da teologia pública no contexto
brasileiro, partindo do pressuposto de que a religião cristã é uma religião pública,
seu texto básico é a Bíblia e suas celebrações são públicas. Para ele, o espaço
público brasileiro mudou e permite atualmente uma maior participação, pois “a
teologia pública no Brasil adquiriu maioridade e abriram-se novos espaços para a
teologia entrar em diálogo com a universidade, “formando teólogos e teólogas
críticos e comunicativos sob a supervisão do MEC (Ministério de Educação e
Cultura), e construindo parâmetros curriculares em diálogo com a própria
comunidade teológica cristã e de outras religiões”80.
Fica clara também a influência de Tracy para o entendimento da teologia
pública no Brasil. Em visita ao Brasil, no ano de 2006, por ocasião do simpósio O
lugar da Teologia na Universidade do século XXI, Tracy fez o seguinte comentário:
[...] É muito importante que haja mais solidariedade intelectual e prática dos
teólogos de todos os hemisférios. [...] E creio importante mencionar também
o povo indígena, que tem igualmente uma história terrível. [...] a situação no
75
SINNER, Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço, p. 16-18.
76
Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço, p. 18.
77
SINNER, Teologia pública no Brasil, p. 271.
78
SINNER, Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço, p. 21.
79
SINNER, Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço, p. 25-26.
80
SINNER, Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço, p. 27. Cf. textos sobre a teologia e a aceitação do
MEC (Ministério da Educação e Cultura). Em SOARES;PASSOS, Teologia pública.
18

Brasil, no Peru e no México não é como na Argentina e em outros lugares e


nos Estados Unidos. Temos vários apelos favoráveis à tradição indígena. É
tão importante a inculturação religiosa. Convém pensar também na questão
relacionada aos escravos, que também é uma experiência tão terrível, aqui,
na história do Brasil, nos Estados Unidos e alhures [...]. As pessoas
realmente poderiam aprender umas com as outras [...]81.

Quanto à sua observação sobre o Brasil, Tracy relata:


[...] Eu fui comovido profundamente, às vezes até oprimido pela cultura
brasileira, sua criatividade multicultural combinada com os problemas
(especialmente econômicos) que ainda afligem grandes seguimentos da
sociedade brasileira. Eu viajei muito pelo mundo, mas raramente fiquei tão
impressionado pela cultura brasileira nas suas várias formas82.

Há outros desdobramentos de teologia pública no Brasil, além dos


desenvolvidos por Sinner83.
No Estado do Espírito Santo, deve ser considerado o trabalho de Júlio
Zabatieiro, na Faculdade Unida de Vitória. Ele indica o modo ambíguo em que o
termo é utilizado, destacando: a) uma corrente teológica específica, nascida nos
U.S.A. ligadas a David Tracy, M. Stackhouse; e b) um objeto da teologia que se
ocupa com o caráter público da teologia. Em sua obra, Para uma teologia pública,
Zabatieiro não pretende dar uma definição do sentido de teologia pública, mas
“trilhar alguns caminhos que a teologia, em seu caráter público deveria percorrer” 84.
Outro desdobramento a ser considerado em relação à teologia pública é o
tema da teologia em sua vocação pública na universidade, desenvolvido no sul do
Brasil, especialmente pela Universidade Unisinos, através dos teólogos Inácio
Neutzling e Junges.
No trabalho de Neutzling, para ser pública, a teologia, além do diálogo com as
ciências, deve possuir Deus como seu problema, de maneira que “o teólogo é
teólogo por causa de Deus. „Deus constitui nossa dignidade. Deus é o nosso
sofrimento. Deus é a nossa esperança‟”85.

81
Cf. Teologia pública. A imaginação analógica da teologia cristã: p.45.
82
Cf. Teologia pública. Cadernos IHU em formação. n. 8, ano 2006, p. 36. Disponível em <
http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/formacao/008cadernosihuemformacao.pdf>. Acesso em julho
de 2012.
83
Veja-se por exemplo a influência da teologia pública no âmbito protestante-pentecostal: Cf. MAJEWSKI,
Rodrigo Gonçalves. Assembleia de Deus e teologia pública. Há também na Fraternidade teológica latino-
americana, segundo Sinner, um diálogo com autores contemporâneos, a exemplo de Habermas, focando a
presença da religião na esfera pública. Cf. SINNER, Teologia pública no Brasil: um primeiro balanço, p.18. Cf.
também o 1º Congresso internacional das Faculdades EST: Religião e Sociedade: desafios contemporâneos.
Disponível em <http://www.est.edu.br/eventos/i-congresso-internacional/>.
84
Cf. ZABATIEIRO, Para uma teologia pública, p. 7-9. Destaque para o capítulo 7 que trabalha o tema da
religião e o debate público.
85
MOLTMANN apud NEUTZLING, Ciência e teologia na universidade do século XXI, p. 176.
19

Junges verifica a presença da teologia cristã no espaço público da


universidade como “algo novo que necessita de coragem e criatividade, por isso é
mais difícil, mas muito mais interessante”86. Dessa forma, sendo pública, a teologia
deve abranger as esferas política, social, cultural econômica, ecológica da
sociedade, pois “nelas vai acontecendo o reino de Deus”. Baseado em Moltmann,
Junges mostra que o ponto de referência de uma teologia pública deve ser o Reino
de Deus, e não a Igreja87.
Junges ainda ressalta que a teologia pública séria é presença da fé cristã
dentro da universidade, propondo uma teologia que se deixe questionar pelos
desafios da ciência e tenta dialogar com novos desafios, entre eles pela biologia e
pela genética. Destaca também que a teologia pública demarca na universidade
uma presença crítica, deixando-se desafiar pelas ciências atuais e desafiando, por
outro lado, as ciências em seus pressupostos88.
Há também um grupo de pesquisas na Sociedade de teologia e ciências da
religião (SOTER) que tem por tema “teologia no espaço público e no mundo
contemporâneo”. Essa organização, situada em Belo Horizonte, Minas Gerais, tem
promovido congressos anuais e publicações em que o tema da teologia pública é
colocado em discussão89. Apesar de não trabalhar exclusivamente o tema da
teologia pública, a SOTER oportuniza a pesquisadores nacionais e internacionais a
possibilidade de discussão do assunto.
Outro foco de pesquisas sobre a teologia pública são os trabalhos do
programa de pós-graduação da Faculdade Jesuíta de filosofia e teologia (FAJE), em
Belo Horizonte, Minas Gerais. Entre os projetos de pesquisa90, o tema da teologia
pública tem sido desenvolvido na perspectiva ecumênica e intercultural, destacando-
se autores do porte de Tracy e Tillich.
Em relação à compreensão de teologia pública no Brasil, não há consenso
que defina o que é teologia pública. Podem-se aproximar alguns elementos, como a
ação da Igreja na esfera pública e um diálogo da teologia com a universidade,

86
JUNGES, O que a teologia pública traz de novo, p. 6.
87
JUNGES, O que a teologia pública traz de novo, p. 7.
88
JUNGES, O que a teologia pública traz de novo, p. 6.
89
Cf. alguns textos: CARDITA, Teologia como bem comum; LOPES, A sociedade como locus teológico.
90
Cf. alguns trabalhos, entre eles, LOPES, Perspectivas hermenêuticas de uma teologia pública a partir dos
clássicos religiosos cristãos; CUNHA, Carlos A. Motta. Teologia pública: o contributo do método da correlação de
Paul Tillich à epistemologia da teologia pública no Brasil; e RODRIGUES, Luis Augusto Herrera. Interpretar es
conversar: una hermenêutica teológica para el diálogo intercultural y el diálogo interreligioso a partir de David
Tracy. Cf. http://www.faculdadejesuita.edu.br>.
20

resgatando o problema de Deus. Porém, diante dos autores e obras sobre o tema no
Brasil, há algo em comum: o trabalho de Tracy em A imaginação analógica.

7. PROSPECTIVAS

O que podemos pensar acerca de uma teologia pública? Conforme


anunciado, o objetivo deste artigo foi de apontar algumas breves noções sobre o
tema. Agora, podemos oferecer também algumas respostas.
Na Europa, especialmente na década de 60, o objetivo de uma teologia
política era de desprivatizar a religião e oferecer-lhe esperança em perspectiva
escatológica. Em desenvolvimentos atuais, propõe-se um voltar da teologia para a
ciência.
Nos E.U.A., em geral, a compreensão de teologia pública está voltada para o
envolvimento da teologia com a esfera civil, o que também é perceptível na África do
Sul.
A teologia da Libertação latino-americana também pode dialogar muito com a
teologia pública, especialmente a partir de seu olhar metodológico e de seu senso
para a libertação.
No Brasil, há vários desenvolvimentos sobre a teologia pública, mas que
também apontam para uma maior participação da teologia nos debates públicos e
em outros ambientes, como o ambiente acadêmico.
David Tracy, em especial, percebe que toda teologia é um discurso público.
Assim, a teologia pública não é uma disciplina a mais a ser incluída nas grades
curriculares dos cursos de teologia, mas é a vocação da teologia.
Com isso, podemos perceber que o campo da teologia pública é vasto e
necessita ser explorado. No entanto, alguns desafios são colocados para aqueles
que se dispõe a tratar deste tema, entre eles, a interdisciplinaridade da teologia com
outras áreas do saber, entre elas as ciências da religião, as ciências sociais, as
ciências do direito, a psicologia e a filosofia; o desafio da construção de uma teologia
que supere os muros da ecumenicidade e da Inter religiosidade; o respeito por
teologias policêntricas, como as formas de teologia de libertação (incluem-se aqui as
teologias negras, feministas, indígenas, asiáticas); a expectativa da
interculturalidade teológica, uma vez que podemos aprender muita coisa com outras
21

teologias; o diálogo com a esfera civil e por fim, a interpretação da tradição cristã
para o horizonte atual.
Como David Tracy gosta de ressaltar em suas obras, “não se sabe onde
esses diálogos irão chegar”, mas não podemos deixar de conversar com esses
desafios teológicos. Talvez, a conversação seja o nosso maior desafio. Pois,
conversar mais leva ao diálogo, e diálogo, não é algo privado, mas público.
Que a teologia pública, mesmo sem uma definição formal nos ajude a
conversar mais.

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