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Belo Horizonte
2019
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO
O trabalho Docente nas Classes Hospitalares
1. INTRODUÇÃO
Belo Horizonte
2019
No que se diz respeito acerca do atendimento e escolarização no ambiente
hospitalar, é fundamental frisar que humanização é o conceito fundamental no
processo de ensino nessas situações, pois pode-se analisar que o professor em quem
tem capacidade e autonomia para definir o percurso e metodologia do aluno.
Dessa forma, se faz de suma importância que o professor que atua nessa
situação tenha uma visão para além da condição médica do aluno, pois, envolve
também, questões de condições mentais do paciente e um olhar atento a todos os
contextos que esse momento de sua vida vem a lhe acarretar. Para isso, é essencial
saber ouvir e ser ouvido, uma vez que escutar também é muito importante, para poder
assim, ter a melhor conduta com o aluno
Tendo por conhecimento as legislações vigentes, que atuam no intuito de
amparar e legitimar o direito ao acesso à educação, sabe-se que os hospitais precisam
manter ás crianças e adolescentes em tratamento neste equipamento um atendimento
educacional de qualidade e igualdade de condições de desenvolvimento intelectual e
pedagógico dos mesmos.
Nos dias atuais, se tornou fundamental o papel do profissional da educação,
pois ela tornou-se necessária em outros espaços além da escola, e, por isso, já não é
mais novidade encontrarmos um profissional da educação em um hospital, visto que,
as classes hospitalares foram implantadas no Brasil a partir do século XX.
De fato, o profissional que atua na área educacional hospitalar é de suma
importância, pois em situações desse tipo o processo de ensino-aprendizagem se dá
em um espaço totalmente diferente do habitual, que é o da escola. Mas, ainda assim,
é necessário que as práticas docentes estejam alinhadas e de acordo com o que preza
atuação do professor: a contribuição na formação de cidadãos/sujeitos autônomos,
éticos, críticos, participativos e atuantes socialmente.
No período em que esteja em estado de internação, é muito importante que,
haja para a criança a inserção do ambiente escolar, sendo também analisada como
aliada fundamental para a recuperação da saúde da mesma, uma vez que até mesmo
estudos e constatações indicam que tal prática tende a reduzir a ansiedade e o medo
advindos do processo da doença e da situação em que aquele estudante se encontra.
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2. DESENVOLVIMENTO
Em se tratando de escolarização no ambiente hospitalar, no Brasil, a toma-se
por base o que estabelece o texto do estatuto da Criança e do Adolescente
Hospitalizado, onde na Resolução nº. 41 de outubro e 1995, no item 9, ela nos fala do
“Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a
saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”.
A escolarização no ambiente hospitalar vem se expandindo no atendimento à
criança hospitalizada, e em muitos hospitais do Brasil tem se enfatizado a visão
humanística.
Dessa forma, o trabalho dos profissionais docentes nessas atuações se faz
essencial onde os olhos possam estar voltados para o ser global, e não somente para
o intelectual do paciente, e sim para o corpo e as necessidades físicas, emocionais,
afetivas, e sociais do indivíduo.
Nesse âmbito, em 2002 o Ministério da Educação elaborou um documento
norteador de estratégias e orientações essenciais para o atendimento nas classes
hospitalares, como forma de assegurar assim o acesso à educação básica. Em alguns
estados, foram elaboradas portarias e/ou decretos que visaram dispor sobre a
implantação de atendimento educacional na Classe Hospitalar para crianças e
adolescentes matriculados na Pré-Escola e no Ensino Fundamental, internados em
hospitais”, como no caso de Santa Catarina (Portaria nº. 30, SER, de 05/ 03/2001).
Mesmo diante de respaldo legal e normativo, a premissa de que que as
crianças tenham acompanhamento pedagógico quando em processo de internação
por tratamento de saúde, enfatizando a atuação dos professores nestes locais, ainda
é possível perceber que os hospitais, mesmo públicos ou privados, mostram-se ainda
pouco efetivos e dispostos a possibilitarem à criança hospitalizada ter amplo acesso
aos seus estudos; salvo raras exceções que têm se preocupado em atender as
necessidades biopsicossociais de seus pacientes.
Partindo dos princípios constitucionais sobre o direito à educação, a garantia
de atendimento pedagógico a estudante impossibilitado de frequentar a escola passa
a ganhar força com desdobramento em outras instâncias legais Pode-se reafirmar que
a classe hospitalar proporciona a continuidade do processo de desenvolvimento da
aprendizagem dos alunos matriculados em escolas públicas, contribuindo para seu
retorno e reintegração ao convívio escolar (Resolução CNE/CEB Nº 02/2001),
desenvolvendo o currículo flexível para crianças, jovens e adultos matriculados em
unidades escolares no sistema educacional, com o objetivo de assegurar ao aluno
posterior acesso e/ou regresso à escola regular (Resolução CNE/CEB Nº 02/2001 e
Indicação CEE nº 70/2007).
Baseando-nos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que contempla,
em seu art. 53, o direito à educação da criança e do adolescente (BRASIL, 1990), em
1995, a Sociedade Brasileira de Pediatria elabora um documento em defesa dos
direitos da criança e do adolescente, expressa pela Resolução n. 41/1995, do
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), que institui
o direito da criança e do adolescente ao “acompanhamento do curriculum escolar
durante sua permanência hospitalar” (CONANDA, 2004, p. 59)
Dessa forma, em meio a tantas reafirmações de tais direitos e obrigações,
pode-se afirmar que as classes hospitalares são, de fato, inseridas e pensadas
enquanto questão de política educacional, bem como reafirmamento de política
pública, acesso e garantia de direitos, ainda que de forma muito secundária e como
um sub sistema da educação regular.
Na verdade, no contexto dessa questão em nosso país, é muito importante
analisar, repensar e questionar de forma integradora o papel e a necessidade do
Estado em relação às Políticas Públicas para educação no que tange o cuidado
integral com as crianças e adolescentes, considerando ainda que movimentos de
expansão da educação não formal que vem expandido no Brasil, surgem e fortificam-
se devido aos ditos pontos fracos, onde as funções da escola, atrvés do estado e sua
educação formal, deixam de agir de forma eficiente, representando a construção de
um outro viés no sistema escolar.
No caso brasileiro, a proposta de educação como direito social de Todos ainda
é um desafio à construção democrática da sociedade, em que pesem os esforços dos
movimentos sociais para democratizar a educação, desde que, com todos os seus
percalços, este País se tornou uma República.
Ao pensar a educação hospitalar é imprescindível pensar no papel do professor
e como muitos pesquisadores já afirmaram na formação desse professor. Quando a
educação hospitalar iniciou na década de 50, os pedagogos iam para o hospital e
realizavam ali um trabalho quase que intuitivo.
Sabe-se que em algumas instituições de saúde/hospitais o professional
designado para atender as demandas educacionais dos pacientes não são
devidamente preparados para atuar em tal situação, visto que sua atuação não requer
tão somente a formação acadêmica, mas sim, habilidades e competências de um
fazer profissional que permeia diferentes nuances cotidianas da vida do aluno em
situação de internação.
Nesse espaço é muito necessário que o professor tenha sensibilidade para
atuar com crianças, adolescentes e famílias fragilizadas por um processo que pode
adoecer não só o paciente, mas toda a família, emocionalmente. O profissional há de
ter também um conhecimento adequado sobre as patologias com quais vai “conviver”,
requerendo uma atuação multidisciplinar, dentre vários outros aspectos que envolvem
o fazer pedagógico nessas instituições.
Conforme esclareceu Ceccim (1999), a atuação do profissional da educação
em ambientes hospitalares não se limita tão somente a estar com aquela criança por
determinado tempo, mas sim, conviver e interagir para que ela possa expressar os
sentimentos trazidos pela internação. Isso é mais do que abrir espaços lúdicos com
ênfase no lazer pedagógico a fim de que a criança se esqueça por alguns momentos
que se encontra doente em um Hospital.
“O professor deve estar no hospital para operar com os processos
afetivos de construção da aprendizagem cognitiva e permitir aquisições
escolares às crianças. O contato com o professor e com uma “escola
no hospital” funciona, de modo importante, como uma oportunidade de
ligação com os padrões da vida cotidiana comum das crianças, como
ligação com a vida em casa e na escola. A educação no hospital
integraliza o atendimento pediátrico que tornam peculiar o
desenvolvimento da criança.” (CECCIM, 1999, p. 43).