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MAUD MANNONI

Biografia e contextualização do início da pratica.

Maud Mannoni nasceu no dia 22 de outubro de 1993 em Kortrijk na Bélgica,


passou a primeira infância no Colombo, em Ceilão e em seguida foi morar com a família
nos Países Baixos. Segundo Roudinesco (1998) Maud se inscreveu na Universidade Livre
de Bruxelas e se formou em criminologia, e foi nessa época com enfoque no seu contato
com adolescentes psicóticos que Maud mudou o rumo de sua vida.

Foi com Maurice Dugautiez, fundador da Associação de Psicanalistas da


Bélgica (futura Sociedade Belga de Psicanalistas, SBP), que ela fez sua análise
didática. Ela se tornou membro da SBP em 1948, um ano antes de esta filiar-
se à International Psychoanalitical Association (IPA). (Roudinesco, 1998)

Maud trabalhou com Françoise Dolto em um hospital de Trosseau. A influência


de Dolto foi de extrema importância para a carreira e vida pessoal de Manonni. Eles
tiveram uma ligação estreita, sendo ele o protagonista principal do encontro de Maud e
Octave Mannoni, com quem se casaria posteriormente (Escudeiro; Fontenele 2015). O
casamento com Octave Mannoni ocorreu em 23 de dezembro de 1948 e foi ao lado dele
que frequentou a equipe de “Temps Modernes” e se integrou como membro da Sociedade
Francesa de Psicanalise (SFP), fazendo sua análise de controle com Jacques Lacan. Mais
ou menos em 1960, “ela habituou-se a viagens periódicas a Londres, para aí ser formada
pelo grande D. Winnicott, cujo renome era imenso. ” (Roudinesco, 1998)

Roudinesco (1998) também afirma que Winnicott

lhe transmitiu toda a complexidade de sua experiência da cura fundada numa


concepção fenomenológica do ego (o "self"), enquanto ela procurava iniciá-lo
nos conceitos lacanianos. Ele a fez entender como analisar as dificuldades do
analista na contratransferência, como progredir rumo à cura e à busca da
verdade por meio da dúvida, do erro. Em suma, lhe ele ensinou uma outra
escuta clínica, diversa daquela praticada na França dessa época. Uma escuta
em que a exploração das relações de objetos e de projeções fantasmáticas
haviam adquirido um espaço considerável na compreensão do imaginário do
paciente. (Roudinesco, 1998)

Foi a partir de Winnicott que teve acesso a Ronald Laing da British


Psychoanalitical Society e visitou-o no Hospital Kinsley Hall, onde se encontravam os
esquizofrênicos e os nomeados “loucos”. Maud reconheceu de uma maneira muito
humana, a forma da loucura como “uma passagem, uma viagem, e não uma doença
mental” (Roudinesco, 1998), e que o tipo de aborgem deveria ser diferente do tipo ali
presente. Como muito ligada a Freudianismo e a Lacan, não era contra as teses da
psiquiatria, mas acreditava que o manejo e o olhar para com essas pessoas poderia e
deveria ser modificado, com um espaço de escuta e ressocialização, sonhando com um
tipo de instituição “difusa”.

Foi expressiva a participação de Maud Mannoni na luta antimanicomial de seu


tempo. Seus escritos são incisivos na denúncia do caráter nefasto de hospitais,
manicômios, hospícios, como “instituições totais” do isolamento a que eram
reduzidos os loucos. (Escudeiro; Fortenelo, 2015, p. 110)

Segundo Roudinesco (1998), em 1964 contribuiu na fundação da Escola


Freudiana de Paris (EFP), junto com Jacques Lacan. Em 1965 publicou “A criança
atrasada e sua mãe” onde cita sua especialidade, a clínica psicanalítica inglesa com um
novo olhar e um novo estilo de intervenções Freudianas, causando muita repercussão na
época. Em 1967, organizou um simpósio sobre psicose em Paris, que reuniu muitos
nomes importantes ligados a história do freudismo lacaniano. E, dois anos mais tarde, em
1969 criou a escola experimental Bounneuil-sur-Marne, onde servia de refúgio para
crianças e adolescentes em depressão. Maud era reconhecida como uma lacaniana de
feições humanas e uma certa pluralidade teórica.

Roudinesco (1998) pontua que após a morte de Lacan, Maud junto com seu
marido Octave e Patrick Guyomard criou o Centro de Formação e de Pesquisas
Psicanalíticas (CFRP) que, em 1994 acabou se dividindo em dois grupos por conta de
conflitos internos, um conhecido como espaço analítico e o outro como Sociedade
Psicanalista Freudiana.

Mannoni em sua visão e seu manejo adota várias teorias e valida muitas coisas
trazidas por autores como Lacan, Freud, Winnicott, Dolto, Klein, seu esposo, Octaveo
Mannoni, entre outros. Levando em consideração esses e outros autores, traça seu manejo
e seu olhar clinico.

Pressupostos básicos e manejo clinico

A ênfase nos livros e contribuições de Maud para a psicanalise, girava em torno


dos nomeados “loucos” e da clínica infantil. Seu primeiro contato com esquizofrênicos
em manicômios e centros psiquiátricos despertou em Mannoni uma certa rejeição as
ideias e ao manejo imposto dentro desses lugares e para com esses sujeitos.

Dona de um olhar sensível e manejo diferenciado, Mannoni vem com uma


percepção totalmente diferente, onde dava lugar a esses sujeitos. Em seu livro “O
psiquiatra, seu “louco” e a psicanalise” ela aborda a antipsiquiatria como um projeto que
“visa justamente a desmistificação do papel que a sociedade obriga a psiquiatria a
desempenhar” (Mannoni, 1981, p. 179). Afirma que

a antipsiquiatria fez a escolha de defender o louco contra a sociedade. A


antipsiquiatria procura criar os locais de acolhida para a loucura, locais
concebidos, a um só tempo, como refúgio contra uma sociedade opressiva e
como um desafio em relação a estruturas médico-administrativas que
desconhecem a verdade e o poder de contestação que se desprendem do
discurso da loucura. Uma verdade alienada espaça ao psiquiatra, desde que
tenha por única perspectiva a cura da loucura. A antipsiquiatria se convida a
uma contestação radical de todas as instituições psiquiátricas, pretende-se,
antes de mais nada e primacialmente, apresentar como o lugar onde a doença
mental poderá ser interrogada, segundo critérios diferentes dos que se tomam
de empréstimo a uma ideologia ou a concepções cientificistas. (Mannoni,
1981, p. 180)

Mannoni, em um trecho escreve que “se na neurose o indivíduo escotomiza uma


parte de sua realidade psíquica, na psicose é com a realidade exterior que o indivíduo
introduz uma ruptura; do vazio no qual é ele engolido apela para o fantástico, a fim de
que venha tapar essa abertura” (Mannoni, 1981, p. 72), e sobre a linguagem do psicótico,
pontua que é invalidada e recusada por nós (assim como recusamos seu mundo e suas
verdades), pois o que traz no seu linguajar é uma “verdade que nos perturba” (Mannoni,
1981, p. 74) e é essa invalidez e essa recusa que o coloca em um mundo privado e
separado do nosso, e, sendo tratado assim, não a outra opção a ele a não ser se encaixar
na loucura.

Porém, recusa

a ideia de fazer do mal-estar social a causa única da “doença mental” – mas


não podemos desconhecer a maneira por que atua esse mal-estar como
elemento super determinante tanto no processo que leva o homem ao asilo
quanto no que, à saída do asilo o mantém no estado de “desfavorecido” ou de
“invalidado”(Mannoni, 1981, p. 74)
Segundo Manonni (1981), a crise da loucura (a luta interior) tem semelhança com
a nossa própria luta, e é necessário que a consideremos como valida também no exterior
de nossa pessoa, nos interrogando “não sobre as medidas que devemos tomar a toda pressa
para nosso equilíbrio mental (e o da sociedade a que está ele ligado) ” (Mannoni, 1981,
p. 38) mas, buscar medidas a serem tomadas afim de que essa crise possa de alguma
maneira, ganhar essa batalha.

Percebe-se que Maud tem como enfoque do seu manejo a validação do sujeito e
de sua linguagem, afirmando que é impossível isolar o fenômeno da loucura do problema
da linguagem (linguagem essa atravessada pelos efeitos da verdade). O que o psicótico
diz, remete a ele, mesmo que o mesmo não reconheça (podendo até recusar uma fala dele
como lhe pertencendo).

“As vozes que o perseguem, os gestos que o ameaçam, o sentimento de irrealidade


que o invadem” (Mannoni, 1981, p. 32) talvez tenha o propósito de atingir o seu próprio
ser. Acabamos colocando esse sujeito como um objeto tabu, negando nosso lado “louco”
e recusando a invocação desse outro em nós mesmos.

“A atitude psicanalista não faz do saber o monopólio do analista. O analista,


ao contrário, mostra-se atento à verdade que se desprende do discurso do
psicótico. A intervenção em nome de um saber instituído, das medidas
intempestivas de “cuidados” não pode senão esmagar aquilo que pede para
falar na própria linguagem da loucura e coagular um delírio, alienando no mais
alto grau o indivíduo” (Mannoni, 1981, p.12)

Escudeiro e Fontenele (2015) afirmam, baseado em Maud Mannoni:

Ela nos ensina que o psicanalista, ao realizar uma prática institucional, deve
estar atento aos perigos de reproduzir essa violência promovida em nome de
uma ordem adaptativa. Esta convocação social, que parte das demandas
institucionais, distancia o analista das dimensões da verdade e o do saber por
que se enlaçam o trabalho do psicanalista, independentemente de onde ele
ocorra. A partir disso, nos caberia a busca pela possibilidade de dialogar com
diferentes contextos e discursos sem perdermos nossas referencias éticas e sem
ceder às exigências reprodutoras de um poder socialmente alienante,
disfarçada de ética dos cuidados. O que também poderia ocorrer no que diz
respeito ao lugar ocupado pelo analista na clínica com crianças.

Em um comentário que Mannoni faz em um de seus livros, a respeito de alguns


aspectos semelhantes entre a criança e o psicótico na clinica, a mesma afirma que a queixa
que o trouxe a clinica é sempre feita pelo outro. Na sua pratica com clinica infantil, a
mesma “não aplicava conceitos preestabelecidos e tratava a criança como pessoa
responsável e autônoma. O que lhe fazia atentar para as diferentes posições da criança
nos momentos em que experimentava uma tensão conflitiva. ” (Escudeiro; Fortenelo,
2015, p. 111)

Mannoni (1980), na clinica infantil da muita ênfase ao ambiente que a criança se


encontra. A criança normalmente é o “bode expiatório” da família e vista como a fonte
de todos os problemas, quando, na maioria das vezes, a demanda e o “problema”
encontra-se nos pais. No livro “A criança, sua “doença” e outros” (1980), afirma que “os
pais estão sempre implicados de certa maneira no sintoma trazido pela criança” (Mannoni,
1980, p.97) e, ao se deparar com o sintoma, esbarramos na resistência dos pais, ou seja,
no desejo inconsciente de que “nada mude”, desejo esse que pode ser identificado e
introjetado pela criança. Mannoni (1980): “referimo-nos igualmente a um discurso
coletivo que aparece na palavra da criança. Torna-nos presente a sombra dos pais, mesmo
se, no real não queremos refletirmos a eles”. (p. 98)

Em relação a transferências com crianças, que era algo discutido dentro da


psicanalise na época afirma que dentro da analise infantil o “analista trabalha com várias
transferências” incluindo a dos pais. (Mannoni, 1980 p. 97) também diz que “a questão
não é saber se a criança a pode ou não transferir para o analista seus sentimentos em
relação aos pais com que vive ainda (é prender a transferência a uma pura experiência
afetiva) – a questão é chegar a sair a criança de certos jogos de equívocos que conduz
com a cumplicidade dos pais. ” (p. 100).

Em seu livro “A criança retardada e a mãe” (1988), Mannoni diz respeito a relação
da criança nomeada como “retardada” e seu meio familiar. Em um tópico “Receber as
mensagens dos pais” (p.63) onde se questiona se o psicanalista deve ou não receber as
mensagens dos pais, ela afirma que “se negligenciamos a demanda dos pais,
especialmente no caso dos débeis e dos psicóticos, comprometemos, no plano técnico, a
verdadeira marcha do tratamento, que ficará sempre a um nível superficial, artificial, diria
eu. ” (p.63). Receber a mensagem dos pais não é o mesmo que fazer a psicoterapia deles
e que em casos graves pode acontecer uma possibilidade de verbalizar a culpabilidade do
pai ou mãe angustiados, diante da criança.
Em seu manejo, o que nos chamou a atenção é a validade e o olhar que Mannoni
dá aos seus pacientes e as pessoas que são tidas como invalidas ou inuteis pela sociedade.
Sem moderar a sensibilidade, conseguiu de forma viável seu lugar na psicanalise e seu
reconhecimento frente a autores renomados.

Casos clínicos

Um dos casos apresentados por Mannoni em seu livro “A criança, sua “doença” e
os outros” (1980), é o de Paulo (p.131 a 136). Nós apresentamos a seguir:

Fruto de uma gravidez não-desejada, Paulo de dois anos e meio é anoréxico,


insone, dominado por seus sintomas adultos em casa. Quando procura-se repreende-lo ele
desmaia, quando é lhe dado um calmante, desenvolve espasmos de soluço e reage com
uma crise alérgica aos esforços de outra pessoa para alimenta-lo. A mãe chega a verbalizar
a Mannoni seu cansaço frente a situação “Este filho me esgotou” (p.131).

A mãe traz culpa por engravidar em sua idade, e é a irmã mais velha de Paulo e
alguns estranhos que cuidam do mesmo. Mannoni em um trecho de seu livro pontua que
a criança não planejada é tratada com um excesso de cuidado ou uma falta dele. A mãe
se fixa aos apelos de Paulo, que se torna um objeto de cuidado intensivo e a casa gira em
torno das exigências de suas exigências.

Paulo não tolera a ausência materna, mas, quando a mãe se encontra presente
recusa tudo que vem dela, e o pai evita qualquer intervenção. Quando Paulo tinha 18
meses de idade se dirigiu ao psiquiatra por conta de crises convulsivas e o médico disse
para a mãe que ela seria destruída caso não dominasse Paulo. “A criança reagiu por uma
ereção com masturbação” (Mannoni, 1980, p.132) e o pediatra ao ser consultado, disse a
mãe (com a criança presente) em que consistiam a ereção e sua dor, e o médico verbalizou,
afim de diminuir a angustia da mãe que aquela dor lhe causava medo, e Paulo reteve essa
explicação. O menino acordava todas as noites em ereção e ao verbalizar para a mãe que
estava doente conseguia voltar a dormir. Por três meses Paulo se encontrou em um abrigo
de crianças, onde reencontrou o sono, mas perdeu a palavra. Com dois anos e meio ele
reencontrou a família e voltou a falar, mas não dormia e recusava alimentos. Diante da
angustia da possibilidade de retornar ao abrigo Paulo teve laringite ruidosa e seu estado
piorou bruscamente, o médico verbalizou que era preciso hospitaliza-lo e o pai se opôs,
recorrendo a consulta psicanalítica.
Nas duas primeiras entrevistas apenas a mãe compareceu. E o depoimento da mãe
gira em torno do pai da criança, dizendo que Paulo é ligado ao pai, mas quase não o vê.
A mãe acabava por excluir Paulo de sua vida familiar, cristalizando sua ansiedade em
torno do perigo imaginário de perder sua autoridade. Paulo reage reivindicando algo que
sempre o deixa insatisfeito, exigindo coisas que não pode ser totalmente satisfeita. Paulo
se encontra em uma ausência de intervenção paterna e não-integração ao ritmo de vida da
casa, o que agravam os efeitos de uma situação dual. As regras impostas pela mãe são
recebidas como arbitrárias, sendo travada uma luta entre mãe e filho onde nem um nem
o outro quer ceder. Na medida que a mãe vai tomando consciência da situação em que se
encontra, envolvendo uma desordem, ela percebe que participa não somente da ausência
de situação triangular, mas ainda a importância da parasitagem nos veículos que a
prendem ao filho. “Paulo não pode perder a mãe, porque a mãe (para se defender de um
desejo de abandono) não pode perder Paulo. ” (p.133).

A relação dos dois é simbiótica, não a divisória entre eles, e tudo se passa como
se ainda estivesse em época de amamentação, onde um vive em “sugar” o outro, não
obtendo desejos próprios. Mannoni afirma que sua intervenção “atinge a interdição de
uma “parasitagem”; visa a emergência do tabu antropofágico e introduz ao mesmo tempo
uma referência terceira” (p. 133). Segundo ela, sua forma de intervenção pode ser
discutível, pois acaba assumindo o aspecto de conselho, porém, dentro disso acaba por
retomar as próprias palavras da mãe, e cita dois concelhos:

1.º) Liberdade total para a criança, enquanto essa liberdade não perturba os
outros (direito de não dormir, não comer, não lavar-se sob a condição de que
um ritmo de vida a parte não seja criando em função dos caprichos da criança).
2.º) Se Paulo chama de noite, peço que seja o pai que se levante para dizer-lhe
“Faça o que você quiser mas me deixe dormir em paz com minha mulher,
temos necessidade de dormir. (p.133)

Segundo Mannoni (1980) tais conselhos agiram como uma interpretação analítica,
que devolveu a mãe defesas ligadas a sua própria culpabilidade edípicas. Mannoni afirma
que as perturbações de Paulo desapareceram dentro de dois dias e sua mãe visitou Maud
em casa. A mãe verbalizou que o menino, ao receber a intercessão do pai, perguntou a ele
“quem é sua mulher¿” e o pai respondeu dizendo que era a sua mãe, então Paulo
respondeu “Esta é a minha mulher”.
Uma nova crive de laringite ruidosa trouxe novamente as perturbações antigas e
Mannoni aceitou ver Paulo. Segundo ela a aparência de Paulo era de uma criança
pequena, magra com grandes olhos negros e afirma que Paulo é muito precoce. E, em
uma linguagem mais elaborada Maud começa a fazer uma espécie de levantamento para
a mãe de perturbações somáticas de Paulo, acentuando a situação entre ele e a mãe.
Segundo Mannoni, a criança deixa os joelhos da mãe e a olha fascinada, começando um
monologo da qual Mannoni diz não compreender.

“ - Eu gostaria muito, digo-lhe, de falar tudo isso com o papai. – Ah, não –
responde a criança, é Paulo o grande chefe. ” (p. 134), Mannoni responde que
papai é o grande chefe e mamãe e Paulo são governados por papai e Paulo diz
que “mamãe gentil, Paulo o chefe da mamãe” (p.134).

Dez dias depois, na sessão seguinte, Paulo leva a Mannoni uma carta do pai. Paulo
foi colocado em uma creche e repete diante da mãe que Paulo é o grande chefe e não
precisa que o pai dirija e Mannoni diz que percebe aquilo como um jogo. A mãe traz um
pouco do abandono de Paulo ao nascer, dizendo que o mesmo ficava com suas filhas e as
empregadas e Paulo acrescenta ““não dormir não é gentil”” (p. 134) e Mannoni o
responde ““não é mau não dormir, não é fácil” (p.134) ””. Mannoni diz que Paulo sustenta
um discurso novamente, animado, e Maud não compreende, mas registra. Entraram em
um acordo em que não é necessário que Maud reveja a família, a menos que o pai não
decida de outro modo.

Mannoni interpreta que a doença foi utilizada por Paulo “como um sinal destinado
a suscitar, para além dos cuidados reais, o desejo materno” (p.134), diz também que Paulo
acabará por exigir da mãe que o satisfaça, mas ao mesmo tempo se sentia despossuído
como indivíduo. Paulo, dentro de sua relação com a mãe era tanto o Paulo chefe quanto
o Paulo doente, e essa relação se estruturou através de sua dor, “de modo narcísico”
(p.134). Paulo, quando ia à noite no quarto de sua mãe com ereção não oferecia a ela o
pênis ereto, mas o que faz mal, pois introjetou o que o médico lhe disse, sobre o “medo”,
valorizando não o pênis, mas o que poderia fazer com ele para chamar a atenção da mãe,
“em resposta ao que, no lugar de sua carência, estava pronto a fazer-lhe eco” (p. 135).
Esse comportamento regressivo era resultado da angustia da castração e Mannoni, ao
incluir o pai em seu discurso ajudou Paulo a superar a possibilidade de edipificação.

Respondeu de início no plano das defesas antigas: “Mamãe é minha mulher.


Paulo chefe da mamãe. ” Quer dizer, eu sou e desejo permanecer Paulo o
tirano, mestre do desejo de minha mãe. Dizendo a criança: “Não dormir nada
tem a ver com não ser gentil, você dorme para você, não para dar prazer a
mamãe”, eu me punha de forma indireta nos lações eróticos mãe-filho. ””
(p.135). Quando foi abordada por seu pai em suas crises noturnas, Paulo se
encontrava em outro circuito que não essa relação dual dele e de sua mãe. “É
partir da intervenção paterna que o acesso à linguagem se tornou possível.
(p.135).

Paulo se encontrava preso numa palavra materna, que não deixava lugar para
terceiros, como o pai. O pai, que não era tido como referência, permanecia na
impossibilidade de se situar frente ao objeto de seu desejo. “O que Paulo reclamava era
outra coisa como tal, quer dizer, o interdito. Não podia ele engajar-se na dialética da
castração, se a mãe não estivesse marcada nisso. ” (p.135). Mannoni também discorre
sobre a fala do médico quando disse que Paulo destruiria a mãe se a mãe não o destruísse
antes, a convidando a “fixar sua relação a criança num plano narcísico. ” (p.135). A
intervenção da palavra de Mannoni, de um pai que possuía e que era chefe da mãe,
permitiu a Paulo o acesso a linguagem através da castração da mãe, e também da criança
“situar-se através da dialética do desejo. ” (p.136).

Depois de seis anos, Manzoni recebeu algumas informações que confirmaram a


evolução da criança, desaparecendo a fragilidade psicossomática.

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