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EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À VISITAÇÃO DO MORRO

DA BOA ESPERANÇA (SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA – AM)

Vania Neves Bentes 1


Susy Rodrigues Simonetti 2

RESUMO

Este artigo tem por objetivo conhecer o comportamento dos visitantes do Morro da Boa
Esperança (São Gabriel da Cachoeira, Amazonas), em relação ao meio ambiente, bem como
discutir o uso do local para as atividades turísticas. O estudo baseou-se em pesquisa de campo
realizada com moradores e turistas, objetivando, principalmente, pesquisar formas de encontrar
a harmonia entre os benefícios econômicos proporcionados pelo turismo, aos interesses da
comunidade local e a preservação do meio ambiente por meio da educação ambiental. A
cultura também merece destaque, é preciso preservar os locais espalhados pela cidade, onde
há uma mitologia oriunda dos antepassados indígenas.

Palavras-chave: Turismo, Educação Ambiental, Morro da Boa Esperança.

ABSTRACT

This article aims to know the behavior of visitors to Hill of good hope (São Gabriel da Cachoeira,
Amazonas) in relation to the environment, as well as to discuss the use of the place for tourist
activities. The study was based on field research carried out with residents and tourists, aiming,
mainly, to find ways to find the harmony between the economic benefits provided by tourism, the
interests of the local community and the preservation of the environment through environmental
education. The culture is also worth mentioning, it is necessary to preserve the places scattered
around the city, where there is a mythology originating from the indigenous ancestors.

Key-words: Tourism, Environmental Education, Hill of good hope.

INTRODUÇÃO
1
Discente do Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo, Turma 2014.
2
Professora doutora em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia; professora e orientadora
do Curso de Tecnologia em Gestão de Turismo.
São Gabriel da Cachoeira é um lugar que se destaca por suas
paisagens com características singulares que se diferem das paisagens
encontradas em outras localidades do Estado do Amazonas. Nesse município
encontram-se morros, montanhas e cachoeiras formando uma paisagem ímpar
nesta região. Sua cultura também merece destaque, pois 95% da população é
composta por povos indígenas. São 23 etnias que tornam São Gabriel da
Cachoeira o município com maior percentual de povos indígenas do Brasil.
Dentre os vários atrativos naturais do município, o Morro da Boa
Esperança é um patrimônio cultural, natural e religioso reconhecido como
atrativo turístico. Pode-se afirmar que ele é um atrativo, pois recebe visitação
de diversos públicos e é um lugar de grande importância para a comunidade
católica local, pois todos os anos são realizados as celebrações da Semana
Santa e/ou Via Sacra, estando localizado na região central da cidade.
A referida pesquisa, cujo locus é o Morro da Boa Esperança, visou
contribuir para a implantação de politicas públicas e para a sensibilização dos
atores envolvidos com o turismo local, principalmente a Secretaria de Meio
Ambiente e Turismo, de modo que se torne um atrativo com uso adequado e,
respeitando o meio ambiente, fazendo parte dos produtos turísticos do
município de São Gabriel da Cachoeira.
Nesse sentido, este estudo revestiu-se de fundamental importância
para a região, uma vez que há poucos trabalhos produzidos sobre esse tema.
Sob outro ponto de vista, a pesquisa sobre o Morro, por representar a cultura
local, é uma forma de apresentar a região e suas peculiaridades tanto para os
acadêmicos que não conhecem essa realidade, quanto produzir material para
os visitantes.
Este estudo surgiu da necessidade de conhecer as ferramentas e os
princípios da educação ambiental e, assim, a partir da investigação feita no
referido Morro, aprimorar os conhecimentos e dessa forma contribuir com
informações voltadas para o planejamento turístico no município.
Tal necessidade em realizar um estudo dessa natureza junta-se às
motivações acadêmicas como aluna do Curso Superior de Tecnologia em
Gestão de Turismo, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e, assim,
realizou-se a presente pesquisa.
Neste artigo, portanto, discutiu-se como a educação ambiental pode
contribuir para uma visitação mais consciente no Morro da Boa Esperança,
além de caracterizar os atrativos do Morro da Boa Esperança do município;
contribuir para a elaboração de políticas públicas voltadas para a educação
ambiental em São Gabriel da Cachoeira; identificar ferramentas e práticas da
educação ambiental que visem sensibilizar visitantes de áreas naturais, e,
assim, propor melhorias para o atrativo a partir dos problemas identificados.
O estudo não pretendeu esgotar o assunto ou encerrar as discussões
sobre o tema, mas de ser mais uma possiblidade de apresentar, à luz das
teorias sobre educação ambiental, um novo olhar sobre esse patrimônio
cultural e natural da cidade.

1 REVISÃO DA LITERATURA
A atividade turística surge para esta região como oportunidade
econômica e de divulgação da cultura local. Contudo é preciso uma série de
cuidados para que esses valores não se percam e o meio ambiente seja
conservado. Para Santana (2009, p.145), “o desenvolvimento de qualquer
forma de turismo em determinada área inevitavelmente afeta a vida das
populações residentes, além de alterar claramente o ambiente físico”. A
atividade turística utiliza o meio ambiente como atrativo principal. A apropriação
do meio ambiente pelo turismo traz a degradação e é nesta perspectiva de
conflito entre turismo e conservação do meio ambiente que surge o conceito de
desenvolvimento sustentável.
Para Neiman e Rabinovici (2010 p. 40) a “busca pela sustentabilidade é
tarefa que deve ser assumida por todos os envolvidos na atividade, sejam eles
do seguimento ecoturístico ou de outros, cada qual com suas
responsabilidades”. Promover o desenvolvimento econômico atentando para a
preservação da cultura local e a preservação do meio ambiente deve ser a
principal bandeira dos atores envolvidos nesta atividade, para que as gerações
futuras possam também usufruir dos recursos naturais que dispomos hoje.
O tema meio ambiente é apresentado como um estudo articulado e
transversal às diversas áreas de conhecimento, impregnado à prática educativa
e permitindo que se crie uma visão global e abrangente da questão ambiental a
partir de projetos pedagógicos definidos.
No decorrer da história, diversas são as situações de degradação
ambiental, no entanto o aparecimento de práticas de intervenção
sobre esta problemática é bastante recente, coisa de umas quatro
décadas atrás, devido a não se ter uma preocupação mais
contundente a respeito dessa temática (FARIAS et al 2009).

Trazendo essa reflexão para o contexto do município de São Gabriel da


Cachoeira, pode-se alcançar esse objetivo de preservação da cultura e do meio
ambiente, bem como a reparação de áreas naturais degradadas, não só no
Morro da Boa Esperança, mas em todo o município, a educação ambiental
deve ser a principal ferramenta para sensibilizar a comunidade local, as
autoridades e os visitantes sobre a importância da preservação do meio
ambiente no local.
Segundo Geerdink e Neiman (2010 p.63), “a educação ambiental
sofreu diversas transformações ao longo de sua história, acompanhando as
mudanças ocorridas no mundo e uma melhor compreensão da relação entre
sociedade e ambiente”. A questão ambiental vem sendo considerada cada vez
mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade
depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos
recursos naturais disponíveis.
Ainda segundo os autores, a expressão educação ambiental, surgiu na
1ª Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano e Desenvolvimento
(1972) em Estocolmo, na Suécia. O que incorporou temas de questões
ambientais, como o desenvolvimento econômico e degradação ambiental.

A primeira vez em que se adotou o termo educação ambiental foi em


um evento de educação, promovido pela Universidade de Keele, no
Reino Unido, no ano de 1965. Tornou-se um objeto educativo
específico, no ano de 1975, com a realização do I Seminário
Internacional de Educação Ambiental em Belgrado, que se constituiu
em um dos desdobramentos das discussões, ocorridas na
Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente Humano em 1972,
na qual foi acordada, pela Recomendação 96 e do Princípio 19, a
necessidade de se inserir a discussão acerca do ambiente na
educação. (UNESCO, 1976).

De acordo com Franco (2010 p. 53), “o planejamento ambiental é


firmado com todo esforço da comunidade, na direção da preservação e
conservação dos recursos ambientais de um território visando a sua própria
sobrevivência”. Sem planejamento adequado as consequências serão de
impactos negativos para a comunidade local. Em uma época em que se torna
imprescindível a preocupação com as questões ambientais em qualquer área,
na atividade turística essa preocupação surge por conta dos danos ao meio
ambiente que a atividade possa causar. Para Neiman e Rabinovici
(2010,p.196), “atribuir valor físico ao patrimônio ambiental e cultural é o mesmo
que atribuir valor monetário a vida”.
Sewell (1978 p.181) Loureiro et al (2002), destacam que “as crescentes
objeções ao volume de resíduos sólidos dividem-se em cinco categorias: saúde
pública, custo de recolhimento e processamento, estética, ocupação de espaço
em depósitos de lixo e esgotamento dos recursos naturais”. Os indivíduos de
hoje consomem mais do que necessitam para sua sobrevivência, produzindo,
assim, mais resíduos. Na análise do autor o consumismo é o item mais
expressivo da crítica da sociedade moderna sustentável. O indivíduo pensa em
consumir só porque ele acha que se não comprar vai sair da moda.
Durning (1992 p.183) Loureiro et al (2002), “ressalta que os
eletrodomésticos em 1950 eram muito mais resistentes do que os produzidos
atualmente”. Atualmente os produtos tem pouca durabilidade, o que ocasiona o
descarte precoce, causando poluição do meio ambiente e aquecimento global.

A Educação Ambiental é considerada um processo permanente pelo


qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio
ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as
experiências e a determinação que os tornam aptos a agir individual
ou coletivamente e resolver problemas ambientais presentes e futuros
(DIAS, 2003 p.148).

O autor ainda diz que “a Educação Ambiental deve prover os meios de


percepção e compreensão dos vários fatores que interagem no tempo e no
espaço para modelar o meio ambiente”. A questão ambiental vem sendo
considerada cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o
futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o
uso, pelo homem, dos recursos naturais disponíveis.
Dias afirma que:
Não se pode negar que o impacto do turismo sobre o meio ambiente
é inevitável, então o que se pode fazer é manter a atividade dentro
dos limites aceitáveis, para que não coloque em risco o meio
ambiente, causando danos irreversíveis, assim os visitantes poderão
usufruir melhor do local. (Dias, 2003, p. 94).
Dias (2003, p.105) afirma que “a educação ambiental deve dirigir-se a
pessoas de todas as idades, a todos os níveis, na educação formal e não
formal.” Nesse sentido cabe a sociedade como um todo, manter permanente a
formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual
e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas
ambientais. Ainda segundo o autor “os meios de comunicação social tem a
grande responsabilidade de por seus enormes recursos a serviço dessa missão
educativa”.
Para mantermos a cultura, os valores, e o meio ambiente precisamos
cuidar, pois as gerações futuras precisarão também usufruir dos recursos
naturais existentes. A atividade turística, no seu formato sustentável e
comunitário, surge como uma alternativa às demais formas econômicas de
grande impacto para o ambiente, portanto, podendo uma importante
oportunidade econômica e de divulgação da cultura do Rio Negro.
Trigo (2001, p.36) define turismo como “qualquer deslocamento que
uma pessoa faz fora de sua residência por um prazo superior a vinte quatro
horas, desde que, naturalmente, não seja para trabalho prolongado nem se
trate de emigração”. Atualmente, com o desenvolvimento econômico de alguns
países e com a facilidade de deslocamento as pessoas já estão viajando com
mais frequência.
Dias (2003,p.14), afirma que “o turismo transformou-se numa das mais
importantes faces da globalização, contribuindo para estreitar as distâncias
entre as diversas parte do globo e, ao mesmo tempo, para o aumento de uma
consciência global”. As facilidades promovidas pela globalização proporcionou
maior fluxo de pessoas se deslocando pelo mundo. Segundo a Organização
Mundial do Turismo – OMT (2015), entre janeiro e outubro de 2014, o volume
de turistas estrangeiros pelo mundo (visitantes que pernoitam), atingiu 978
milhões, o que representa 45 milhões a mais que no mesmo período de 2013.
O turismo é uma atividade que vem crescendo nos últimos anos,
tornando-se um dos maiores segmentos em termos econômicos do mundo.
Com tantas pessoas se deslocando o turismo é uma oportunidade de renda
para muitas pessoas. Para Faria e Carneiro (2001, p.70, apud Libano e Pereira
2006) “A relação do turismo com o meio ambiente dá-se, principalmente, por
meio da paisagem, transformada em produto a ser consumido”. O turismo
nesta região ocorre, principalmente, por causa da paisagem atípica para a
região amazônica.
Em São Gabriel da Cachoeira, o Morro da Boa Esperança, situado na
parte central da sede, foi tombado como Patrimônio Histórico, religioso e
paisagístico pela Lei Orgânica municipal de 05 de abril de 1990, art. 070, de 28
de novembro de 1997. Constituem parte integrante do patrimônio, as cavernas,
grutas, córregos e toda diversidade de flora existente no Morro, devendo ser
preservados.
O lugar é muito visitado pelos moradores e também por outras pessoas
que chegam à cidade. O local é de fácil acesso e pode ser avistado de
qualquer parte da cidade, não há nenhuma restrição para as visitas. São
Gabriel da Cachoeira tem uma diversidade cultural diferenciada. A cultura
indígena é milenar e vem sendo passada de geração para geração. A
paisagem natural mostra-se como um cenário propício para o turismo. No
entanto, com o desenvolvimento chegando muito rápido e a falta de
sensibilização dos moradores locais a cidade vem passando por diversos
problemas ambientais, especialmente aqueles ligados aos resíduos sólidos.

2 METODOLOGIA

Segundo Fonseca (2008, p.86), a metodologia é a definição dos


procedimentos técnicos, das modalidades de atividade, dos métodos que serão
utilizados na pesquisa. A metodologia depende do tipo de pesquisa e dos
objetos propostos.
A pesquisa desenvolveu-se ao longo de um processo que envolveu
inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória
apresentação dos resultados. Sendo assim, o objetivo deste estudo é conhecer
a relação do visitante com o meio ambiente no Morro da Boa Esperança.
O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa. Para
Goldenberg (2011, p.53), “os dados qualitativos consistem em descrições
detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus
próprios termos”. Baseado neste conceito foram feitas entrevistas com
moradores do entorno, autoridades e com um empresário do ramo turístico
local. As entrevistas foram feitas em diversos locais, tais como: residências, na
Secretaria de Turismo, na Agencia de Turismo Local, Amazon Trails e
principalmente in loco, na entrada da trilha para a subida do morro.
Os relatos demonstram a preocupação de todos no sentido de
preservar o ambiente e melhorar as condições para a visitação, contudo não
houve ainda, por parte dos atores locais, nenhuma ação no sentido de
abrandar os impactos deixados no lugar, principalmente quanto ao despejo de
resíduos no local.
A pesquisa também pode ser classificada como um estudo de caso.
Para Goldenberg (2011 p. 33) “Este método supõe que se pode adquirir
conhecimento do fenômeno estudado a partir da exploração intensa de um
único caso”. Assim, o estudo de caso proporcionou conhecer o comportamento
e as intenções dos usuários em relação ao Morro da Boa esperança.
Para Gil (2010, p. 27), “seu planejamento tende a ser bastante flexível,
pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato ou
fenômeno estudado”. O estudo também se caracteriza por ser de campo, o
objeto é abordado em seu meio ambiente próprio, ou seja, no próprio Morro, no
momento em que os visitantes iniciavam a caminhada na trilha. Para Severino
(2007, p.123), “a coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os
fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados sem intervenções e
manuseio por parte do pesquisador”. De modo geral, pode-se dizer que o
levantamento tem maior alcance e o estudo de campo maior profundidade. Foi
utilizada a pesquisa bibliográfica, pois segundo Gil (2010, p.29), a pesquisa
bibliográfica “é elaborada com base em material já publicado”, assim, foram
utilizados para a elaboração do trabalho artigos científicos, livros, projetos.
Assim, busca-se por meio deste trabalho, conhecer melhor o Morro da
Esperança, seus frequentadores e sua relação com o ambiente natural.
Durante a coleta de dados foi aplicado um formulário com perguntas
semiestruturadas e foi utilizado gravador do celular, para registrar as conversar
com os visitantes do Morro. Foram realizadas oito entrevistas no período de
09/062016 a 18/11/2016 no horário de 16:00 hs às 18:00 hs. As entrevistas
com moradores do entorno foram feitas em suas respectivas residências.
Figura 1 : Imagem de localização do Morro da Boa Esperança.
Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo – SEMATUR.

Para ter acesso ao topo do morro foi criada uma trilha de


aproximadamente seiscentos metros. A caminhada até o topo dura cerca de
vinte minutos (Figura 2). Ao longo desta trilha encontram-se quatorze
monumentos em alvenaria que simbolizam as Estações da Via Sacra, usados
pelos religiosos na comemoração da Semana Santa (Figura 3).

Figura 2 :Trilha
usada para acessar o topo do Morro.
Fonte: Bentes, 2016.
Figura 3: Monumento usado nas comemorações da Semana Santa.
Fonte: Bentes, 2016.

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O Morro da Boa Esperança com acesso pela Rua Irmã Inês Penha, no
Bairro Boa Esperança recebeu este nome no momento em que a Igreja
Católica construiu, ao longo da trilha que leva ao topo do morro, os
monumentos que representam as quatorze estações da Via Sacra.
Por ser de fácil acesso, o Morro da Boa Esperança está entre os
atrativos turísticos mais visitados da cidade de São Gabriel da Cachoeira. O
mesmo recebe visitantes durante todo o ano, e o número de visitas de
moradores locais é inferior ao de visitações feitas por turistas.
O período de maior visitação dos moradores é na Semana Santa, data
em que o morro é usado para a caminhada da Via Sacra pela comunidade
católica.
Alves (2007, p.330), afirma que “segundo anotações da Igreja Católica,
a tradição de subir o Morro da Boa Esperança para a Via Sacra começou em
1926 quando o Padre Bálzola abriu uma picada até o cume do Morro em linha
reta e implantou uma cruz na pedra mais alta do local”. Esta tradição mantem-
se até os dias atuais, sendo a maior manifestação religiosa do Município.
Como afirma uma a entrevistada (E.R.S.), “só subo no morro na época
da via sacra, pois desde que me entendi que eu só vou com a minha família na
Semana Santa, pois fomos ensinados pelos nossos pais e vou ensinar meus
filhos também”.
A vista do topo do morro é apontada como o maior atrativo do local,
podendo ser avistadas as corredeiras do Rio Negro, as serras da Bela
Adormecida e do Cabari, e uma parte da cidade. No entanto, os moradores não
se dão conta das riquezas naturais que possuem.
A cultura também merece destaque, é preciso preservar os locais
espalhados pela cidade, onde há uma mitologia oriunda dos antepassados
indígenas. Conforme o morador (E.M.), “nós não valorizamos as nossas
riquezas, quem valoriza são as pessoas de fora. Precisamos cuidar melhor do
nosso patrimônio”.
O local serve para o lazer entre amigos, é o que diz a jovem R.B,
segundo a mesma “vamos mensalmente com alguns amigos para relaxar e
contemplar a natureza e a vista da cidade”. A jovem também relatou alguns
pontos negativos “o risco de acidentes por causa do terreno escorregadio e a
falta de limpeza, pois só acontece no período da Via Sacra”.
Mesmo sendo um importante atrativo turístico e um patrimônio
reconhecido, a falta de cuidados é notada por todos e vem incomodando os
moradores.
Por falta de manutenção, alguns desses monumentos já estão
danificados, tanto pelas intempéries como queda de galhos das árvores, chuva,
sol, quanto pela ação dos que visitam quebrando os azulejos que decoram as
estruturas e a trilha esta sendo tomada pelo mato.

Figura 4: Monumentos com azulejos quebrados Figura 5: Trilha tomado pelo mato.
Fonte: Bentes, 2016. Fonte: Bentes, 2016.

Para a moradora E.M.L.G. “quando ouvia meus professores do CETAM


contando que haviam visitado o Morro e tinham ficado encantados com a
paisagem vista do alto eu pensava: Não sei o que eles viram, pois para mim o
lugar é abandonado e muito sujo.”
Figura 5: Animais descartados ao longo da trilha.
Fonte: Bentes, 2016.

As famílias de militares das forças armadas que estão morando


temporariamente na cidade, são os maiores frequentadores. Segundo alguns
frequentadores entrevistados o objetivo da visita é “levar lembranças do local
por meio de fotografias”.
A única agência de turismo da cidade quando programa uma excursão
para o Morro instrui o grupo sobre os pontos negativos que serão encontrados
no local. Uma estratégia encontrada foi a de sensibilizar o grupo a contribuir
com a coleta de resíduos levando consigo sacolas de lixo. O proprietário da
agência, Sr. A.W.E., que também foi entrevistado comenta que, “infelizmente
uma das coisas que nós fazemos é levar sacos de lixo, primeiramente para
contribuir com a limpeza e também para mostrar que a cultura local é diferente
do grupo que visita o local”.
Tanto para os moradores quanto para os turistas a falta de investimento
em infraestrutura, tais como: lixeiras, escadaria, iluminação, segurança,
sinalização e educação ambiental são os pontos negativos que dificultam a
visitação.
Segundo o Secretário Municipal de Meio Ambiente e Turismo –
Sematur, S.M.A. “existe um projeto elaborado pela Semantur e aprovado pela
Amazonastur, de Recuperação da Trilha do Morro da Boa Esperança. Este
projeto objetiva a recuperação, tanto do ponto de vista ambiental, quanto de
uso público da trilha do Morro da Boa Esperança. Visa, também, reduzir a
possibilidade de riscos de acidentes com os visitantes, através da melhoria da
trilha com a implantação de calçamento”.
Porém, constata-se que até a presente data não foram executados
nenhum projeto de ação por parte do poder público em relação ao Morro da
Boa Esperança.
Baseado nas informações colhidas nas entrevistas faz-se necessários,
para a preservação do local, investimentos em Educação Ambiental, pois é
uma necessidade urgente, não apenas para o uso imediato do local, mas
também para garantir que as gerações futuras irão usufruir do patrimônio que é
o Morro da Boa esperança.

4 CONCLUSÃO

Este artigo teve como objetivo discutir a contribuição da educação


ambiental direcionada para a visitação do Morro da Boa Esperança. Foi
observado que a interação da natureza com os visitantes tem sido harmoniosa,
pois os entrevistados relataram que o local proporciona uma vista privilegiada
da região onde pode ser contemplada a natureza, apreciar a visão panorâmica
da cidade, ver o rio Negro com suas corredeiras, entre outros e os mesmos
reconhecem a necessidade de preservação do local.
Mas também foram observados pontos negativos. Os resíduos
despejados no local e a falta de manutenção da trilha que leva ao topo do
morro são os principais fatores negativos. Por este motivo, colhemos relatos de
que pessoas não visitam o local por insegurança e porque o mesmo não dispõe
de infraestrutura básica para tornar a caminhada segura.
Para a prática da atividade turística no Morro da Boa Esperança, deve-
se primeiramente, cobrar do poder público a implantação de politicas públicas
para sensibilizar a comunidade local por meio de campanhas nas escolas,
programas de rádio e palestras em centros comunitários, quanto ao despejo de
resíduos sólidos no local, assim como estruturar o acesso ao topo do Morro
com escadaria para prevenir acidentes, além da implantação de lixeiras,
sinalização, entre outros.
A educação ambiental é uma importante ferramenta a ser utilizada por
toda a sociedade local e seus benefícios se refletirão não só na preservação do
Morro, mas também em todas as atividades turísticas no Município. O sucesso
desta ação dependerá da participação da comunidade e da inserção de
profissionais qualificados dentro do trade turístico, atendendo assim a demanda
turística.
O turismo bem planejado pode trazer benefícios para a sociedade local
gerando renda para os atores envolvidos diretamente na atividade e
proporcionando melhorias na infraestrutura da cidade, resultando na melhoria
da qualidade de vida dos munícipes.

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