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Rio de Janeiro
Março de 2018
ALVENARIA ESTRUTURAL EM BLOCOS DE
CONCRETO: ASPECTOS CONSTRUTIVOS E PRÉ-
DIMENSIONAMENTO
Rio de Janeiro
Março de 2018
ii
ALVENARIA ESTRUTURAL EM BLOCOS DE CONCRETO: ASPECTOS
CONSTRUTIVOS E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
Examinado por:
_________________________________
Engº. Márcio Santos Faria
Orientador
_________________________________
Prof. Luis Otavio Cocito de Araujo, D.Sc.
Co-orientador
_________________________________
Prof. Leandro Torres di Gregorio, D.Sc.
iii
Pinheiro, Gabriel Stelling
Alvenaria estrutural em blocos de concreto: aspectos construtivos
e pré-dimensionamento / Gabriel Stelling Pinheiro. – Rio de Janeiro:
UFRJ/Escola Politécnica, 2018.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que fizeram parte dessa jornada e a fizeram se tornar especial
em minha vida.
Aos meus amigos que levo junto comigo desde a infância, que sempre estiveram do meu
Aos amigos que fiz na UFRJ, obrigado pelas noites viradas, pelos ensinamentos e pela
v
Resumo de Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Março/2018
A busca cada vez maior por novos sistemas construtivos no Brasil trouxe a alvenaria estrutural
como uma alternativa aos métodos convencionais. Devido à sua facilidade construtiva,
flexibilidade, rapidez, qualidade e principalmente economia que pode chegar até 30% do custo
total da obra, esse sistema vem se firmando como um dos principais no país, quando
consideradas tipologias de projeto que se enquadrem nas premissas de aplicação desse sistema
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI / UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
March/2018
The increasing search for new constructive systems in Brazil has brought structural masonry as
an alternative to conventional methods. Due to its constructive ease, flexibility, speed, quality
and mainly economy that can reach up to 30% of the total cost of the construction, this system
has been established as one of the main in the country, when considering project typologies that
fit the premisses of the application of this constructive system. The presente project intends to
present the main concepts on structural masonry through bibliographical research and the
definitions, executive errors, useful information about the execution of structural masonry and
vii
Sumário
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
2.3.1 Blocos........................................................................................................ 14
4 PROJETO ............................................................................................................... 45
5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 71
x
LISTA DE TABELAS
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 13 - Diferença do tamanho dos furos dos blocos cerâmico e de concreto .................... 20
xiii
1 INTRODUÇÃO
A crise econômica instaurada no Brasil somada aos escândalos da operação Lava Jato,
segundo trimestre de 2013 até o segundo semestre do ano de 2017 o PIB do setor somava uma
queda de 14,3% enquanto o PIB total do país diminuiu 5,5% no mesmo período.
Frente a uma forte crise enfrentada pelos brasileiros, sempre se buscam alternativas para
que essas dificuldades sejam superadas por parte das construtoras. Com uma disputa por
sistema estrutural bastante interessante e econômico, com agilidade em sua execução e sem
necessidade de mão de obra especializada. Isso não significa que esse sistema construtivo só
seja interessante em momentos de crise, muito pelo contrário, é uma alternativa excelente e tem
um enorme potencial para determinadas tipologias de edificações, como por exemplo edifícios
de moradia popular, que possuem vãos com pequenas dimensões, e também até determinadas
A utilização deste sistema em larga escala no Brasil tem sido possibilitada pelos avanços
tecnológicos e pelo seu custo competitivo, tornando o país uma referência mundial no assunto.
Isso projeta um excelente futuro para o país em questões de qualidade da alvenaria estrutural
como sistema construtivo, tornando-se um diferencial para os engenheiros que tem profundo
1
Além disso, tocante ao contexto acadêmico, a disseminação do conhecimento sobre o
assunto nas faculdades de Engenharia Civil pelo país fica facilitado ao passo que mais pessoas
conhecem e se interessam pelo assunto. O foco desse trabalho, além de aprofundar a ciência do
autor, é que mais alunos possam tratar de questões mais específicas como o dimensionamento
Federal do Rio de Janeiro, que tem o privilégio de poder cursar a cadeira de Alvenaria
1.2 Objetivo
O objetivo desta monografia consiste em fornecer noções básicas para que o estudante
1.3 Metodologia
2
O pré-dimensionamento estrutural de alvenaria modulada desenvolvida neste trabalho é
baseado em um trabalho de aula proposto pelo professor Márcio Faria aos seus alunos da
no período letivo de 2017.2. O desenvolvimento do trabalho em sala de aula se deu até o peso
total da laje, ficando a cargo do autor deste trabalho uma revisão do que havia sido feito e o
pré-dimensionamento à compressão.
sistema.
O terceiro capítulo aborda questões relativas à projeto. O valor que tem um projeto na
construção civil, a compatibilização entre os diversos projetos que existem em uma obra, a
3
No quarto capítulo inicia-se o pré-dimensionamento da estrutura. São apresentados os
justificados e ao final do capítulo temos uma pequena introdução à tecnologia BIM, levantando
4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O uso da alvenaria estrutural data de milhares de anos atrás, remontando à época dos
egípcios, gregos e romanos. A sua execução à essa época era sem nenhuma base teórica e
que se obtivera e da própria intuição, o que levava a um pequeno progresso após as tentativas
e erros e todo o conhecimento era passado de geração em geração. Eram montadas pedras sobre
pedras alcançando um resultado parecido com uma parede de grande espessura. Esse paredão
Devido ao seu método construtivo, a alvenaria estrutural na época só admitia vãos que
fossem executados com peças auxiliares (vigas de madeira por exemplo). Por isso, era
necessário que as suas dimensões fossem relativamente pequenas, além de que esses materiais
utilizados tinham uma vida útil menor do que a alvenaria propriamente dita, causando um
problema de durabilidade.
Ao passar dos tempos, uma alternativa para a execução dos vãos foi desenvolvida: os
arcos. Essa forma era permitida através do arranjo das unidades, possibilitando assim a
construção de vãos maiores, além de se obter uma maior qualidade à alvenaria estrutural.
Apesar disso, obras grandiosas existentes até os dias atuais utilizavam esse sistema
que a alvenaria pode trazer para as construções. MOHAMAD (2015) explica que essas obras
construídas com unidades de blocos cerâmicos ou de pedra intertravados, com ou sem material
5
ligante. Como exemplo dessas construções podemos citar o Coliseu de Roma, localizado em
Roma, na Itália, com início da sua construção datado de 68 d.C. e finalizado em 79 d.C. (Figura
1). Um outro excelente exemplo são as Pirâmides de Gizé, situada nos arredores de Cairo, no
MOHAMAD (2015) afirma ainda que a arquitetura dessas construções fazia com que a
dos ventos eram absorvidos por meio de contrafortes e arcobotantes. Esse esquema estrutural é
mostrado na figura 3.
6
Figura 3 - Esquema estrutural das construções em alvenarias de pedra. Fonte: Gihad
(2015)
Entre 1889 e 1891, foi construído o Edifício Monadnock em Chicago. Ele possuía 16
pavimentos totalizando 65 metros de altura e na época foi considerado uma obra ousada e
marcante. Suas paredes tinham aproximadamente 1,80 metros de espessura, o que tornava a
fazendo com que o sistema se tornasse lento e de custo muito elevado. RAMALHO E CORRÊA
(2003) acreditam que, caso edifício fosse dimensionado nos dias atuais, com os mesmos
materiais utilizados à época, a espessura das suas paredes seria inferior a 30 cm. A figura 4
verdadeiro sistema de engenharia, passando então a criar teorias científicas e sair do campo do
empirismo. Houve aperfeiçoamento e atualização dos centros de pesquisa podendo assim levar
ACCETTI (1998) diz que apenas no início do século que estamos, por volta do ano de
1920, que a alvenaria estrutural passou a ser estudada com base em princípios científicos e
experimentação laboratorial.
Conforme CAMACHO (2006), a primeira norma para cálculo de alvenaria de tijolos foi
publicada em 1948 na Inglaterra. Ele diz também que na década de 50 foram construídos vários
edifícios relativamente altos e que no ano de 1951, na Suíça, o primeiro prédio em alvenaria
não estrutural foi erguido com 13 pavimentos e 41 metros de altura. Esse edifício possuía
1998). Para GIHAD (2015), o projeto dessa construção foi baseado em dados experimentais
coletados por Paul Haller, que deu início à “Moderna Alvenaria Estrutural”, com testes
realizados em mais de 1600 paredes de tijolos. Segundo o autor, esses testes foram realizados
A história continuou sendo feita durante as duas décadas seguintes. CAMACHO (2006)
ainda cita que em 1966 foi editado o primeiro código americano de Alvenaria Estrutural
8
(Recommended Building Code Requirements for Engineered Brick Masonry). Já em 1978, uma
nova normal inglesa (BS-5628) que trabalha com método semiprobabilístico é editada e o
Com o passar dos anos até os dias atuais, o avanço do conhecimento técnico-científico
fazendo surgir unidades que tornam o sistema de alvenaria estrutural eficiente tanto na rapidez
(aquela que leva vergalhões de aço e grauteamento em sua constituição) foi em São Paulo, no
(2015), foram construídos inicialmente prédios com 4 pavimentos com paredes de espessura de
19 cm. Esse edifício é mostrado na figura 5. Mais tarde, em 1972, no mesmo empreendimento,
A partir da década de 90 que sua utilização foi difundida pelo país, num momento em
COSTA (2010) afirma que a consolidação do sistema no Brasil se deu quando as dúvidas
em relação à segurança estrutural dos blocos foram diminuídas de forma drástica, a partir do
blocos vazados na construção de paredes que em sua maioria desempenham função estrutural,
substituindo as funções das vigas e pilares de uma estrutura convencional reticulada, além da
função de vedação.
A estruturas convencionais em concreto armado são compostas por pilares, vigas e lajes
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estrutural é composto por chapas carregadas linearmente e RAMALHO E CORRÊA (2003)
detalhado e compatibilizado com os outros tipos de projeto para que futuramente não existam
2.2.1 Definições
trabalho. Para PARSEKIAN (2013), alvenaria estrutural não armada é o elemento de alvenaria
utilizada em edificações de pequeno porte, tais como edifícios de até oito pavimentos com
tipologia adequada. Nesse caso, o aço tem apenas função construtiva, não sendo considerado
nos cálculos e os esforços de tração gerados na estrutura são resistidos pela alvenaria. O aço se
encontra nas vergas e contravergas de janelas e também reforçando outras aberturas, além de
Projeto), elemento de alvenaria armada são aqueles no qual são usadas armaduras passivas que
são consideradas para resistir aos esforços solicitantes de tração. Os esforços de tração na
estrutura são gerados por cargas horizontais como as resultantes da ação do vento e desaprumo.
Quando esses esforços são superiores aos resistidos pela alvenaria, se faz necessário o uso de
armaduras verticais (geralmente uma barra por furo). A figura 7 traz uma ilustração de alvenaria
armada.
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Figura 7 - Alvenaria armada. Fonte: http://www.tectonica-
online.com/products/1726/block_concrete_brick_hidro/ (Acessado em 02/02/2018)
A mesma norma citada acima define área bruta sendo a área de um componente ou
vazados.
Ainda citando essa norma, ela afirma que área líquida é a área de um componente ou
elemento, com desconto das áreas dos vazados. A figura 8 explica a diferença entre área bruta
e área líquida.
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Fonte: TAUIL E NESE (2010)
Essa norma ainda cita área efetiva sendo a parte líquida de um componente ou elemento,
O prisma é definido como o corpo de prova obtido pela superposição de blocos unidos
por junta de argamassa, grauteados ou não. Esse prisma é destinado ao ensaio de compressão
todas as paredes são necessariamente parte da estrutura. Algumas delas, além da função de
vedação, tem também o papel de parede hidráulica (será exemplificado no projeto), ou seja,
simples, rápida e prática. Num sistema de alvenaria estrutural isso é importante ao passo de
que, caso as instalações fossem embutidas nos furos do bloco estrutural e mais tarde
entidade básica, ou seja, algo que compõe os elementos que, por sua vez, comporão a estrutura”
estrutural são: blocos, argamassa, graute e armadura, sendo estas construtivas ou de cálculo.
Quando pelo menos dois componentes se unem, chamamos de elementos. Os elementos são
uma parte suficientemente elaborada da estrutura. São eles: paredes, pilares, cintas, vergas, etc.
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Os componentes básicos, que são formados pelos principais componentes, devem
2.3.1 Blocos
São os componentes mais importantes da alvenaria estrutural, já que “os blocos, como
componentes básicos da alvenaria estrutural, são os principais responsáveis pela definição das
Segundo a norma brasileira NBR 6136 – 2016 “Blocos Vazados de Concreto Simples
interagem modularmente entre si e com outros elementos construtivos. Os blocos que compõe
a família, segundo suas dimensões, são designados como bloco inteiro (bloco predominante),
14
Figura 9 - Família de blocos 14x39
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2.3.1.1 Blocos de Concreto
Ainda segundo a norma brasileira NBR 6136 – 2016, bloco vazado de concreto simples
é o componente para execução de alvenaria, com ou sem função estrutural, vazado nas faces
superior e inferior, cuja área líquida (área média da seção perpendicular aos eixos dos furos,
descontadas as áreas médias dos vazios) é igual ou inferior a 75% da área bruta (área da seção
perpendicular aos eixos dos furos, sem desconto das áreas dos vazios). São em concreto
simples, confeccionados com cimento Portland, água e agregados minerais, com ou sem
Essa norma estabelece uma classificação dos blocos de concreto quanto ao seu uso. São
elas:
solo;
edificações maiores);
A tabela 1 mostra as dimensões reais dos blocos vazados de concreto, modulares e sub-
modulares.
Nessa norma prevê-se que as tolerâncias permitidas nas dimensões dos blocos indicados
Podemos citar ainda que a norma NBR 6136 – 2016 define os limites de resistência
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Tabela 2 – Requisitos para resistência característica à compressão
possui furos prismáticos perpendiculares às faces que os contém. Esses blocos cerâmicos se
Uma grande vantagem de se adotar blocos cerâmicos é que seu peso é quase 40% menor
desgaste da mão de obra, aumentando a produtividade e, portanto, deixando a obra mais barata.
sendo responsável pela monoliticidade da alvenaria, pois transmite esforços entre os blocos.
19
absorver pequenas deformações, evitando pontos de concentração de tensões. Além disso
também tem a função de garantir a vedação das juntas contra a entrada de umidade nas
edificações.
2.3.3 Graute
contravergas e vigas, nas cintas (cuja função é uniformizar o carregamento oriundo das reações
das lajes transmitindo-os para as paredes) e aumentar a resistência a compressão de uma parede.
resistência do graute deve ser no mínimo a mesma do bloco em relação à área líquida.
FARIA (2017) afirma que para blocos de absorção moderada e espaços a serem
absorção e quando a área da seção a ser grauteado é muito pequena, um slump de 25 cm é mais
Figura 13 - Diferença do tamanho dos furos dos blocos cerâmico e de concreto. Fonte:
https://ceramicasantaclara.files.wordpress.com/2014/07/ceramico-e-concreto.jpg (Acessado
em 23/02/2018)
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Fica evidente pela figura que o espaço a ser grauteado do bloco de concreto é maior do
que o do bloco cerâmico. Portanto, é necessário um slump maior do graute que é utilizado em
blocos cerâmicos.
2.3.4 Armadura
por graute, com a função de combater os esforços de tração. Além disso, são também utilizadas
longitudinal.
tradicional de concreto armado no Brasil se dá pelas inúmeras vantagens que esse sistema traz.
MOHAMAD (2015) cita que uma das principais vantagens do uso da alvenaria
estrutural é a economia que ela traz. Esse fato se deu em consequência do aprimoramento das
atividades na obra por meio de técnicas executivas simplificadas e o fácil controle das etapas
de produção. ARAÚJO (1995) afirma que a economia gerada por uma obra executada em
alvenaria estrutural pode chegar até 30% em edifícios sem pilotis. Já os que possuem pilotis,
essa redução é da ordem de 10%, já que existe uma estrutura em concreto armado (pilares e
vigas de transição).
além da quebra de blocos para novas adaptações. Isso, além de abalar a estrutura, trazendo
insegurança para os usuários, também gera uma quantidade grande de entulho, o que vai contra
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os princípios da alvenaria estrutural: uma obra limpa, sem quebras e baixíssima geração de
resíduos.
Nas estruturas de concreto armado existe um alto gasto de madeira para formas e
escoramento das peças estruturais além da grande quantidade de aço utilizada. A escolha da
alvenaria estrutural traz otimização da mão de obra: a redução de formas implica na redução da
mão de obra de profissionais carpinteiros. Além disso, os armadores também não se fazem
necessários considerando que a maioria das barras de aço são retas e colocadas pelo próprio
pedreiro. ROMAN et al. (1999) afirmam que a economia se dá “... também devido à economia
no uso de madeiras para formas, redução no uso de concreto e ferragem, menores espessuras
A competência que a alvenaria tem de suportar cargas e resistir às suas tensões, além de
servir como um divisor de ambientes representa uma vantagem básica dela, segundo RIZZATTI
(2003). Entretanto, para RAMALHO E CORREA (2003), a segurança da edificação deve ser
garantida com o perfeito controle da resistência dos blocos, levando ao uso de materiais mais
caros e uma execução bem-feita, tornando o custo de produção mais alto que da alvenaria de
vedação.
CAMPOS (1993) cita uma lista de vantagens que resultam no encurtamento do prazo
• Ao mesmo tempo que a alvenaria sobe, as instalações vão sendo executadas, ou seja,
e fazendo com que ela assimile a tarefa numa velocidade maior, aumentando a
produtividade.
construtivo.
FRANCO (1992) apud ARAÚJO (1995) diz que “a facilidade com que se implanta a
coordenação modular nos edifícios em alvenaria estrutural é um dos principais motivos que
O que se pode notar ao analisar as vantagens é que seu principal motivo é a racionalidade
Além disso, ARAÚJO (1995) cita como vantagem a organização do canteiro de obra
devido à pouca variedade de materiais e do sistema permitir que se trabalhe num ambiente de
trabalho limpo. O próprio autor destaca também que melhores condições de treinamento e
acompanhamento dos serviços são possibilitados pela pouca diversidade da mão de obra.
23
Foi visto que a alvenaria pode trazer diversos benefícios para o projeto e ser um fator
decisivo de viabilidade do empreendimento. Mas deve-se ter em mente também que ela tem
original devido ao fato de que as paredes fazem parte da estrutura, e caso retiradas,
tornando o negócio inviável. ROMAN et al.(199) dizem que uma alternativa à dificuldade de
remoção das paredes seria já no projeto estrutural definir algumas paredes que no futuro
poderiam ser removidas. Eles afirmam também que projetos mais arrojados, com muitos
detalhes e grandes vãos acabam encarecendo a obra, não tornando a obra viável.
O projeto, se pouco ou mal detalhado, gerará problemas futuros na obra, pois decisões terão
ARAÚJO (1995) apresenta outras desvantagens desse sistema estrutural, como por exemplo
o número de pavimentos a serem alcançados, sendo o seu limite máximo bem menor do que
pilotis.
a arquitetura para um novo uso já que ao longo da vida útil dos edifícios, há uma tendência da
arquitetura mudar para atender às novas necessidades dos usuários. Mas devido à
impossibilidade da retirada das paredes, essas adaptações também não podem ocorrer.
24
3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DA ALVENARIA
ESTRUTURAL
fato de que os projetos são temporários e exclusivos, enquanto as operações são contínuas e
repetitivas.”
e enquadradas legal e tecnicamente por uma equipe de profissionais, por uma equipe
alvenaria estrutural.
que cada empreendimento é único e ímpar, apesar de muitas similaridades existentes entre eles.
negócio, inicia-se a fase de projetos. Essa etapa é essencial para que o empreendimento tenha
qualidade, trabalhando com rapidez e economia, podendo prever a maioria dos imprevistos que
Embora a sua importância seja unanimidade entre os que fazem parte do meio da
construção civil, na maioria das vezes a qualidade dos projetos é uma grande barreira para o
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sucesso do empreendimento no Brasil pois essa etapa é bastante depreciada. Obras se iniciam
sem todos os projetos concluídos ou sem que todos eles tenham sido compatibilizados, ficando
evidente sua importância quando imprevistos que poderiam ser antevistos começam a surgir na
projeto.
Pode-se verificar no Brasil que os projetos são, em grande, confeccionados apenas por
exigências legais para que a obra possa ser iniciada e sem que os detalhes construtivos sejam
realmente discutidos.
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GREGÓRIO (2010) afirma então que a qualidade do produto final fica comprometida
já que muitas das decisões são tomadas num momento em que a obra já foi iniciada. O que era
para ser, portanto, uma das fases mais longas e mais importantes do processo, acaba sendo algo
necessita atender todas as normas de segurança ao usuário e precisa também que seja
compatível com a arquitetura em questão. Além disso, os estados limites de utilização devem
estar de acordo com as normas para que o usuário não tenha nenhum tipo de desconforto com
a utilização da estrutura.
projetos complementares, que podem ser divididos em dois grupos principais: instalação predial
Para KALIL E LEGGERINI (s.d.) um dos fatores mais importantes que afetam
então um estudo para que um não interfira na existência do outro, e sim que coexistam
harmonicamente na edificação e para que essas interferências não sejam detectadas na fase de
27
construção, o que geraria uma série de improvisos, soluções não muito boas e gastos ainda
maiores.
retrabalho ou até mesmo um projeto que não funcionará no futuro. Uma condição necessária
para que haja melhoria do desempenho dos projetos é uma maior integração entre membros que
participam desses projetos. Para FRANCO E AGOPYAN (1993), não se consegue garantir a
qualidade do projeto como um todo quando os projetos, apesar de um alto nível, são tomados
isoladamente.
MELO (2006) acredita que aliando a atuação em conjunto dos responsáveis pelo
processo projetual com a execução concomitante das diversas etapas de um projeto, por meio
minimizados.
sua dupla função (vedação e estrutura). Como não são admitidos rasgos na parede (ou são
subsistemas de uma edificação devem estar totalmente integrados para que não haja nenhuma
segurança.
De acordo com a NBR 5706 (ABNT, 1977), “coordenação modular é a técnica que
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referência” e que o conceito de módulo é “a distância entre dois planos consecutivos do sistema
A princípio pode parecer que a ideia de utilizar esse reticulado pode tornar o projeto
bem inflexível. Mas TAUIL E NESSE (2010) afirmam que, muito pelo contrário disso, projetar
dessa maneira permite que haja uma perfeita organização e compatibilização dos elementos
dimensões das unidades de alvenaria, ou seja, as famílias de blocos são utilizadas para
(2005) explica que a coordenação dimensional pode ser entendida como “o emprego de padrões
de dimensão com o objetivo de criar boas relações de escala e proporção entre partes da
edificação”. ROMAN et al. (1999) afirmam então que a coordenação modular só pode ser
alcançada se as unidades de alvenaria forem padronizadas. Além disso, para este mesmo autor,
o trabalho do arquiteto desde o início deve ser pautado sobre uma malha modular.
29
A racionalidade é inversamente proporcional à qualidade da modulação da alvenaria, ou
seja, quanto melhor esse trabalho for feito, menor vai ser o desperdício e menor o custo da obra
projeto serão determinantes para acertar as extensões em planta e assim chegar a uma
modulação para um arranjo arquitetônico, de maneira a não precisar realizar cortes ou quebras
GREGÓRIO (2010) confirma a ideia acima exposta dizendo que a diminuição das
disponíveis de blocos.
em que a alvenaria realiza a função tanto de vedação quanto de estrutura. No sistema estrutural
convencional, estrutura e vedação andam separados, o que torna a alvenaria estrutural bem
30
A racionalidade da mão de obra é um fator importante nesse sistema estrutural, já que
os profissionais de armação podem ser muito reduzidos, a partir do momento que o próprio
pedreiro que assenta os blocos coloca a ferragem dos blocos. No caso, a mão de obra dos
armadores seria para as lajes e peças estruturais como caixa d’água e cisterna, por exemplo.
limpa e mais segura para os usuários. Nesse sentido também se aplica a racionalização, pois
quanto menos desperdício e entulho na obra, menos gasto com a sua retirada, e maior eficiência
da estrutura.
Percebe-se, portanto, que esse conceito é imprescindível para que a alvenaria estrutural
se torne uma alternativa viável. Caso não haja uma etapa de projeto bem planejada, com o
tempo realmente necessário para que se pense em todos os problemas futuros, gastos surgirão
assegurar que esses itens sejam realmente colocados em prática, vários cuidados devem ser
tomados na obra.
elaboração do projeto.
31
Apesar de todos os cuidados tomados, um número considerável de falhas pode ser
notado em uma obra de alvenaria estrutural, colocando em risco toda a qualidade do processo,
A seguir serão expostas algumas das principais falhas encontradas nas obras.
3.5.1 Desaprumo
Parede desaprumada é aquela que cresce com um pequeno ângulo de desvio em relação
à vertical. Para evitar esse problema, o pedreiro deve estar munido de ferramentas básicas e
Conforme a norma NBR 15812-2 (2010), o desaprumo das paredes no pavimento, além
situação.
32
CAMACHO (2006) afirma que as paredes construídas de maneira errada, desaprumadas
inferiores a 50 cm. Caso esses valores máximos tenham que ser ultrapassados, o procedimento
Para as demais juntas, tanto verticais quanto horizontais, a espessura deve ser de 10 mm,
33
ROMAN et al. (1999) diz que, caso as juntas não sejam completamente preenchidas, a
resistência da alvenaria pode ser reduzida em até 33% e que o não preenchimento das juntas
verticais, apesar de causar pouco efeito na resistência à compressão, afeta a resistência à flexão
e ao cisalhamento da parede.
Como dito anteriormente, o grauteamento de certos furos dos blocos tem a finalidade
de aumentar a resistência da parede naquele ponto. Esses pontos são definidos em projeto e sua
execução deve ser fiscalizada para que não comprometa a segurança estrutural da edificação.
referente à posição que receberá o graute, que funcionará como uma janela de inspeção. Os
profissionais devem lavar e limpar o furo para posteriormente fazer o seu preenchimento com
o graute. Um outro procedimento (que nesse caso seria extra) é um profissional fazer furos com
Fonte: http://construcaomercado17.pini.com.br/negocios-incorporacao-
construcao/158/execucao-de-alvenaria-estrutural-blocos-devem-chegar-paletizados-e-326581-
1.aspx. Autor: Daniel Beneventi. (Acessado em 25/02/2018)
34
O grauteamento incorreto ou a sua ausência causará, portanto, uma deficiência na
estrutura, pois aquele ponto, considerado com resistência reforçada em projeto, encontra-se
com resistência normal, podendo a alvenaria trincar e em casos mais extremos a probabilidade
é de colapso dessa parede. Cabe ao projetista estrutural decidir quais medidas devem ser
A resistência de uma alvenaria depende de uma série de fatores, já que sua composição
argamassa, pela espessura da argamassa e qualidade da mão de obra. FARIA (2017) afirma que
O ideal seria ensaiar uma parede em escala real, porém não é um procedimento de fácil
realização e tem um custo elevado. O ensaio de prisma é, então, o melhor custo benefício para
resultados dos ensaios mostram que a resistência à compressão dos prismas é menor do que a
argamassa. O ensaio de prismas é regulamentado pela norma NBR 8215 – “Prismas de blocos
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FARIA (2017) assegura também que a resistência à compressão do componente
entre esses dois componentes são sempre contrárias (ação e reação). As restrições aos
argamassa fica submetida, sob ações normais e tangenciais, geram no componente bloco
tensões de tração nessas mesmas direções. KALIL E LEGGERINI (s.d.) explicam essas reações
devido ao fato de que a argamassa é mais deformável que o elemento bloco, portanto a tendência
é que ela se deforme transversalmente mais que a unidade de alvenaria e já que esses elementos
estão unidos solidariamente, são forçados a se deformarem juntos e igualmente nas interfaces,
causando esforços de compressão transversal na base e no topo das juntas e esforços de tração
unidade de bloco. Além disso, concluem também que a resistência da alvenaria aumenta de
acordo com o aumento da altura da unidade de bloco pois quanto maior a altura da unidade,
interface unidade/argamassa e também pelo fato de que a seção transversal resistente ao esforço
FARIA (2017) limita a resistência à compressão da argamassa a uma faixa entre 0,7 da
resistência característica à compressão do bloco referido a área bruta. A NBR 15961-1 (2011)
preconiza que o valor máximo da resistência à compressão deve ser limitada a 0,7 da resistência
especifique uma argamassa com resistência à compressão muito alta em relação à do bloco, se
obterá uma alvenaria com baixa capacidade de acomodar deformações e tensões, e com
qualitativos dos usuários em critérios objetivos e elas não substituem as normas prescritivas,
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que são aquelas que fixam tipo e qualidade de materiais, espessuras mínimas, etc., mas sim são
complementares a elas.
Essa norma é dividida em 6 partes, sendo elas: requisitos gerais, sistemas estruturais,
proporcionam estanqueidade, isolamento térmico entre outros. Além disso, no caso de alvenaria
Na parte 1 da NBR 15575, são apresentadas as exigências que necessitam ser atendidas
perca estabilidade, além de fornecer segurança aos usuários em momentos que a estrutura esteja
38
Como as paredes são elementos da estrutura e previamente planejadas e calculadas, os
requisitos estruturais, tensões e deformações e uma vida útil mínima de 50 anos são garantidos
dificultar que o fogo se alastre, além de não gerar fumaça em excesso, garantindo que as pessoas
Como as alvenarias com blocos de concreto (revestidas com gesso ou argamassa à base
preservar a estabilidade estrutural da edificação”, devem ser seguidas as normas NBR 5628 –
Rio Grande do Sul (UFRGS) realizou ensaios baseados nas normas citadas acima em segmentos
de paredes de blocos de concreto com dimensões de 800x800x190 mm), compostos por blocos
39
horizontal quanto na vertical, sem revestimento, 28 dias após o assentamento. Os blocos
resistência de 4 MPa; 140x190x390 mm, com resistência de 4 MPa; 140x190x390 mm, com
resistência de 9 MPa. Todos eles foram expostos a 900ºC durante um período de 4 horas. A
conclusão dos ensaios foi que o tempo de resistência do bloco, nas condições de ensaio
adotadas, era superior a 4 horas e que a sua estanqueidade a gases quentes foi satisfatória, pois
Como já sabido, a alvenaria estrutural traz consigo uma grande desvantagem que é a
layout por parte dos usuários devem ser previstas. Dentre essas alterações podemos destacar
mudanças nas instalações, cargas suspensas nas alvenarias e outras mudanças que possam
Essas informações pertinentes à segurança da alvenaria são passadas nos termos de recebimento
da edificação.
mal uso.
40
3.7.4 Estanqueidade
A estrutura deve ser totalmente estanque, não permitindo, portanto, entrada de água de
chuva e entrada de umidade vinda do solo. O conjunto alvenaria-esquadria deve ser o mais
observado para esse requisito. As melhores técnicas e materiais devem ser utilizados para que
não infiltre água na interseção dos dois e para que não permita a ocorrência de manchas de
umidade nas paredes. Para isso, deve-se cumprir os requisitos da norma NBR 13749 –
(2014) afirma que as alvenarias de bloco de concreto que seguem a norma NBR 6136 tem
potencial para atender esse requisito. Além disso, deve cumprir também os requisitos das
normas citadas acima. As paredes sem revestimento devem ser protegidas através da aplicação
Deve-se atentar também para ambientes de área molháveis. A alvenaria não deve
permitir que a água do chão em contato com ela penetre em níveis estabelecidos por norma.
dimensão dos ambientes, condução de calor pelos materiais e da interação destas variáveis com
atendido dentro dessas zonas, que são relativamente homogêneas quanto aos elementos
climáticos que interferem nas relações entre ambiente construído e conforto humano.
41
Por norma, são utilizados dois métodos para a avaliação do desempenho térmico das
devem ser melhores ou iguais às do ambiente externo, num dia típico de verão e inverno.
térmico Superior.
porém, em edificações de uso específico, tais como salas de aula, auditórios, teatros, cinemas,
acústico entre as áreas comuns do edifício e das unidades privativas. Quanto mais barulhento o
Devem ser feitas avaliações nos dormitórios das unidades habitacionais com portas e
este o ambiente mais rigoroso. Além do dormitório, as alvenarias entre ambientes também
devem ser avaliadas com portas e janelas fechadas, também seguindo desempenho mínimo pela
mesma norma.
42
3.7.7 Durabilidade e Manutenibilidade
durabilidade dos elementos e componentes dos sistemas, ou seja, devem cumprir as funções
que lhes foram atribuídas. O período de tempo entre o sistema começara funcionar e deixar de
A tabela 5 apresenta a vida útil das paredes, o tempo que ela deve manter a capacidade
sempre que necessárias, quando um problema se manifestar a fim de evitar que falhas (mesmo
impactos no ambiente, dado que a construção civil é um dos setores que mais produzem resíduo
Nos projetos, usa-se uma Análise de Ciclo de Vida para mensurar e comparar os
impactos ambientais que os materiais de construção causam no ambiente a longo prazo, o que
de projeto. A modulação faz com que a necessidade de cortes seja reduzida praticamente a zero,
os furos nos blocos permitem passagem de instalação elétrica sem necessidade de rasgos e a
construtora deve ter um plano de gestão de resíduos na obra para facilitar o reuso, a reciclagem
44
4 PROJETO
21.
Fonte: Autor
45
A seguir, nas figuras 22 e 23, são apresentados os cortes longitudinal e transversal da
edificação.
46
Figura 22 - Corte Transversal
• Número de pavimentos: 4;
2,60 metros;
• Vãos: as portas possuem altura de 2,10 metros e largura variando de acordo com
47
serem consideradas no projeto modulado das alvenarias são medidas de bloco a
que serviria para abrigar as instalações do banheiro seria mais oneroso, e como havia outras
alternativas mais racionais foi recomendada a alteração. A alternativa dada, então, foi que a
parede estrutural que divide os dois banheiros virasse uma parede de vedação na qual
poderíamos embutir todas as instalações necessárias. Além disso, a parede que contém as portas
dos dois banheiros e a parede que contém a porta da suíte também foram transformadas em
48
Figura 23 - Eliminação do shaft e definição das paredes estruturais
Todas as outras paredes, com exceção das destacadas acima, serão consideradas como
concreto, a escada que dá acesso aos pavimentos, que será do tipo “escada-jacaré” e as lajes.
49
Serão necessárias 3 escadas por bloco, portanto 36 escadas no total. Para a sua colocação
será necessária a colocação de consoles nas paredes laterais da escada que servirão de apoio
para as peças.
Para o projeto em questão, foi feita a escolha de laje pré-moldada treliçada, maciça de
estrutural.
4.3.1 Carregamentos
As cargas que atuam no edifício e devem ser consideradas para o cálculo são
permanentes, que atuam com valores praticamente constantes (ou com pequena variação)
permanentes, por exemplo) e as cargas verticais variáveis, que como o próprio nome diz, variam
de intensidade durante toda a vida útil e atuam na edificação em função do seu uso (sobrecarga
Para o cálculo das cargas permanentes, se faz necessário o uso dos pesos específicos dos
50
Tabela 6 - Peso específico aparente dos componentes e materiais
Para se chegar ao peso próprio das paredes, considera-se um pé direito de 2,60 metros,
a largura do bloco de 14 centímetros e o peso específico deste de 14 kN/m³. Além disso, deve-
Obtem-se então que o peso próprio da parede é dado por metro. Para saber o peso total
25𝑘𝑁
𝑷𝑷𝒍𝒂𝒋𝒆 = × 0,12𝑚 = 𝟑, 𝟎𝟎 𝒌𝑵/𝒎²
𝑚³
51
4.3.1.1.3 Peso do Revestimento e do Piso
O peso do conjunto revestimento e piso será adotado como igual a 1,0 kN/m².
Elas serão modeladas rotuladas em função das reduzidas dimensões dos vãos. Portanto,
pode-se considerar um ângulo de distribuição de 45º a partir das interseções das paredes para
encontrar a área de influência das lajes para cada parede. Em paredes que contém aberturas,
será traçado uma perpendicular à essa abertura até interceptar a linha mais próxima. No
dimensionamento das lajes, que não será desenvolvido neste trabalho, recomenda-se o emprego
pavimento.
Para chegar à resistência mínima dos blocos em cada pavimento, deve-se primeiramente
53
4.3.3.1 Carregamento Permanente e Variável da Reação da Laje
Calcula-se o peso próprio da laje (Rglaje) como sendo o seu peso encontrado nos item
3.3.1.1.2 (3,00 kN/m²) acrescidos do peso do revestimento (1,00 kN/m²) multiplicado pela área
Para as cargas variáveis, tem-se as sobrecargas que variam de acordo com a utilização
do ambiente, como citado em 3.3.1.2. Assim como na carga permanente, para chegar à
sobrecarga (Rqlaje), multiplica-se o peso da carga variável pela área de influência da respectiva
laje.
Sobrecarga
Parede L (m) Alaje(m²) hlaje(m) PPlaje(kN/m²) PPrev(kN/m²) Rglaje(kN) Rqlaje(kN)
laje(kN/m²)
54
4.3.3.2 Peso Próprio das Paredes
O peso de cada parede é dado pelo peso próprio dela por unidade linear, encontrado em
55
As parcelas das aberturas para esquadrias foram contabilizadas nas paredes adjacentes,
metade para cada uma delas, já que a linha de influência parte de sua metade. A partir das
dimensões das aberturas (h e L), foram descontados os pesos dos blocos e argamassa ali
existentes.
Px1
Py9 1,21 3,52 1,21 2,13
Py12
Py16 1,01 4,02 0,96 1,93
Px2
Py8 1,82 8,55 1,82 7,78
Px4 1,21 3,52 1,16 2,04
Py15 1,01 4,02 0,96 1,93
Py7 1,22 10,07 1,22 6,14
Px5 1,21 3,52 1,16 2,04
Py19
Py22
Px7
Py6 1,82 8,55 1,82 7,78
Py20
Px9
Py5 2,42 7,03 2,42 8,51
Py11
Py18
Px11
Py17
O peso total permanente em cada laje (RTglaje) é a soma do peso da parede, com o peso
56
Tabela 11 - Peso total na laje
1o Pavimento
Parede
RTglaje(kN) RTqlaje(kN)
que compõe cada grupo são uniformizadas. Isso é necessário pois há uma interação entre as
economia. Com a utilização desse processo de agrupamento, o projeto fica seguro, econômico
Portanto, tem-se 9 grupos de paredes. Estes serão organizados por sua extensão e cargas
𝑁𝑅𝐷 = 𝑓𝑑 × 𝐴 × 𝑅
No qual:
𝜆
𝑅 = [1 − ( ) ³]
40
ℎ𝑒𝑓
𝜆=
𝑡𝑒𝑓
Sendo:
• hef a altura efetiva, que compreende o pé direito e a laje, portanto: 2,6 + 0,12 =
2,72m;
Portanto,
2,72
𝑅 = [1 − ( ) ³] ≃ 0,89
40 × 0,14
59
NRD pode ser escrito como: 𝑁𝑅𝐷 = 𝛾𝑓 × 𝐹𝑘 = 1,4 𝐹𝑘 ;
𝑓𝑘 𝑓𝑘
𝑓𝑑 = = .
𝛾𝑚 2,0
𝑓
1,4 𝐹𝑘 = 2,0𝑘 × (0,14𝑚 × 𝐿) ×0,89
𝐹𝑘
𝑓𝑘 = 1,4 × 2,0 ×
0,14 × 𝐿 × 0,89
Logo,
𝐹𝑘
𝑓𝑘 = 22,6 ×
𝐿
𝑓𝑘 = 0,7𝑓𝑝𝑘
Portanto:
𝐹𝑘
𝑓𝑝𝑘 = 33,3 ×
𝐿
60
Fk será a carga total atuante (permanente + variável), enquanto que L é o comprimento
do grupo de paredes. Lembrando que a carga foi obtida para apenas 1 pavimento. Multiplicando
61
Fk/L
GRUPO DE PAREDES - CARREGAMENTO Gtotal (kN) Qtotal (kN)
L(m) 4º pav 3º pav 2º pav 1º pav
Grupo Paredes por Grupo Tipo G (kN/m) Q (kN/m) G (kN/m) Q (kN/m) G (kN/m) Q (kN/m) G (kN/m) Q (kN/m)
1 PX1, PY9, PY12, PY16 10,24 118,36 17,78 11,6 1,7 23,1 3,5 34,7 5,2 46,2 6,9
2 PX2, PY8 3,267 53,76 9,18 16,5 2,8 32,9 5,6 49,4 8,4 65,8 11,2
3 PX4, PY15 3,6 44,42 6,29 12,3 1,7 24,7 3,5 37,0 5,2 49,4 7,0
4 PY7 1,22 20,77 2,48 17,0 2,0 34,0 4,1 51,1 6,1 68,1 8,1
5 PX5, PY19, PY22 8,59 118,12 30,48 13,8 3,5 27,5 7,1 41,3 10,6 55,0 14,2
6 PX7, PY6 3,09 50,87 8,54 16,5 2,8 32,9 5,5 49,4 8,3 65,9 11,0
7 PY20 1,61 25,99 9,63 16,1 6,0 32,3 12,0 48,4 17,9 64,6 23,9
8 PX9, PY5, PY11, PY18 10,86 198,17 44,33 18,2 4,1 36,5 8,2 54,7 12,2 73,0 16,3
9 PX11, PY17 3,64 41,47 6,57 11,4 1,8 22,8 3,6 34,2 5,4 45,6 7,2
62
Utilizando a fórmula acima que relaciona Fk/L com a resistência do prisma, e dividindo
Resistência do Prisma
GRUPO DE PAREDES - CARREGAMENTO
4º pav 3º pav 2º pav 1º pav
Grupo Paredes por Grupo Fpk (MPa) Fpk (MPa) Fpk (MPa) Fpk (MPa)
1 PX1, PY9, PY12, PY16 0,44 0,89 1,33 1,77
2 PX2, PY8 0,64 1,28 1,92 2,57
3 PX4, PY15 0,47 0,94 1,41 1,88
4 PY7 0,63 1,27 1,90 2,54
5 PX5, PY19, PY22 0,58 1,15 1,73 2,30
6 PX7, PY6 0,64 1,28 1,92 2,56
7 PY20 0,74 1,47 2,21 2,95
8 PX9, PY5, PY11, PY18 0,74 1,49 2,23 2,97
9 PX11, PY17 0,44 0,88 1,32 1,76
Analisando todos os pavimentos, nenhum grupo de paredes exigiu fpk acima de 3,2MPa,
63
4.3.4 Conclusões Sobre o Projeto
resultados obtidos neste trabalho, sem a consideração das ações horizontais, concluiu-se que
para edifícios com a tipologia adotada e baixa altura, o cálculo simplificado elaborado
Como as tensões verticais atuantes são muito reduzidas em relação a resistência mínima
à compressão a ser obedecida para prismas de dois blocos de concreto, fica como sugestão para
e mais elaborado como por associação de pórticos planos e comparando-os com os resultados
Foi utilizado o software de cálculo estrutural TQS para realizar essa comparação, que é
64
TQS
Grupo σvertical(MPa) σverticais+vento(MPa)
1 1,76 2,16
2 1,93 2,04
3 1,6 1,81
4
5 2,1 2,3
6 1,9 2,02
7
8 2,2 2,7
9 1,9 1,9
considera o modelo em pórtico espacial, para os grupos de parede G1 e G8, valores em tf/m2.
65
4.4 A Tecnologia BIM
projeto que utiliza como o elemento central de trabalho o modelo tridimensional virtual do
objeto projetado”. Para esse mesmo autor, a metodologia está presente na totalidade dos
tecnologia), no qual a família dos blocos utilizados foi modelada no próprio software (figura
29) e os blocos foram utilizados para o desenho da primeira e segunda fiadas, mostrados na
figura 30.
da argamassa. Nos encontros de paredes foram respeitadas as amarrações em “T”, com o bloco
Nem sempre foi possível respeitar à risca as medidas estipuladas pelo projeto
que em algumas vezes ultrapassou a distância de 1cm. Quando não se pôde preencher as paredes
com blocos inteiros de 39cm, foram colocados os blocos compensadores de 4cm ou 9cm para
completar a locação da parede. Esta compensação foi feita por vezes no meio da parede, para
que os cantos ficassem com os blocos “L” ou “T”, como indicado pela Norma.
Como as portas tem altura livre de 2,10m, na 11ª fiada será empregada uma verga pré-
moldada de concreto.
Sendo assim, foram definidas as 1ª e 2ª fiadas. Estas estão nas plantas baixas em anexo.
4.4.1 Quantitativo
Para quantificar os blocos necessários, faz-se a elevação das paredes, excluindo os vãos
das janelas conforme a figura abaixo.
68
Figura 27 – Elevação do pavimento tipo. Fonte: AUTOR (2018)
empreendimento.
69
Figura 28 - Torre completa
Uma sugestão para futuros trabalhos é que seja realizado um orçamento utilizando o
software Revit, chegando a um valor final de estrutura, que pode ser dividido entre alvenaria e
laje. Além disso, com esse software é possível que se faça um orçamento detalhado das mais
diversas etapas da obra, ficando a cargo do autor o que será inserido nesse orçamento.
70
5 CONCLUSÕES
O presente trabalho mostra que com um simples cálculo feito à mão, e utilizando
estrutura em alvenaria estrutural, podendo assim ter noção de resistência básica dos blocos que
serão utilizados na obra, além da quantidade total dos blocos. Com um conhecimento específico
vantagem para o engenheiro que detém esses conhecimentos. Para aproveitar todos os
benefícios a vantagens que o sistema oferece, é necessário além de tudo que os projetistas
Esse trabalho expõe também premissas básicas do sistema e erros construtivos que
devem ser detectados no decorrer da obra para que esses erros não se propaguem para o resto
de estruturas tanto para o engenheiro de obra, pois forneceu informações importantes acerca do
Além disso, após diversas exposições, concluímos também que a alvenaria estrutural se
apresenta como uma maneira rápida, econômica e eficaz de construção, o que, na situação
econômica atual do país, torna-se um diferencial enorme frente aos outros sistemas. Para
definidos antes que a obra comece, com todos os ajustes e compatibilização feitos. Além disso,
71
fundamental que se garanta que essa etapa seja colocada em prática seguindo todos os
Seu sistema altamente racionalizado e com alto nível de industrialização permite que
haja pouca perda de materiais e mão de obra, e consequentemente menor custo. Na busca pela
racionalização, a alvenaria estrutural se mostra como uma das melhores opções do mercado.
Tudo isso, claro, se houver uma boa concepção, compatibilização e execução de projeto, além
Deve-se ter em mente das limitações do sistema. Quando discutido a sua vantagem em
relação a outros sistemas, toda uma análise deve ser feita para comprovar essa vantagem,
as condições em que se insere o sistema, para comprovar que atende aos requisitos necessários
a estrutura deve ser executada com qualidade, já que um só produto exerce várias funções:
vedação, estrutura, proteção térmica e acústica, etc., e a qualidade só vem com a capacitação de
Enfim, é necessário que se projete com racionalidade e de forma consciente, com soluções
eficientes e objetivo num produto final de alta qualidade e menor custo, e foi mostrado aqui que
a alvenaria estrutural pode ser um perfeito aliado para todas essas finalidades.
72
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Carlos.
_______. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro,
1980.
_______. NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.
_______. NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos. Rio
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73
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FARIA, M. S., Trabalho (Aula 6). Notas de Aula. Departamento de Construção Civil, Escola
FARIA, M. S., Projetos (Aula 7). Notas de Aula. Departamento de Construção Civil, Escola
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Notas de aula. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, sem
data.
MENEGOTTO, J. L., BIM – Modelo Digital da Edificação. Uma introdução. Notas de aula.
PARSEKIAN, Guilherme A.; HAMID, Ahmad A.; DRYSDALE, Robert G., Comportamento
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Project Management Institute. A guide to the project management body ofknowledge, Third
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TAUIL, C.A., NESE, F.J.M., 2010, Alvenaria Estrutural. 1 ed. São Paulo, SP, PINI.
76