Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
ças e iniqüidade. Nunca o alcoolismo prevaleceu tanto na vida inglesa como naquele
período.
Além disso, a Grã-Bretanha estava às vésperas da revolução industrial que a trans
formaria, no último terço do século dezoito, de país agrícola em industrial. James
Watt (1736-1819) patenteou o primeiro motor a vapor eficiente em 1769. James
Hargreaves (?-1778) patenteou a máquina de fiar em 1770. RichardArbvright (1732-
1792) inventou o fuso mecânico em 1768. Edmund Cartwright ( 1743-1823) inven
tou o tear mecânico em 1784. Josiah Wedgwood (1730-1795) tornou as olarias
Staffordshire operacionais a partir de 1762. As mudanças industriais e sociais e os
problemas delas decorrentes foram da maior importância e implicaram em reajustes
de imensas conseqüências práticas para a religião.
No início do século dezoito não faltavam homens e movimentos ansiosos por
melhorar as coisas. William Law não foi apenas um vigoroso oponente do deísmo.
Seu livro intitulado Sério Apelo à Vida Devota e Santa (1728) influenciou profun
damente John Wesley, e permanece um dos monumentos da literatura exortativa
inglesa. O congregacional Isaac Watts (1674-1748), há muito esquecido como teó
logo, com justiça tem sido chamado o fundador da moderna hinologia inglesa. Seus
Hinos (1707) e Os Salmos de Davi Imitados na Linguagem do Novo Testamento
(1719) puseram abaixo os preconceitos então existentes, em ambos os lados do Atlân
tico, nos círculos de língua inglesa não clericais, contra o uso de tudo quanto não
fosse passagens rimadas da Escritura. Tais hinos expressam piedade profunda e vital.
Foram feitos alguns esforços combinados significativos em favor de uma vida
religiosa mais fervorosa. Dentre eles se contam as "sociedades religiosas", sendo a
mais antiga delas aquela formada em Londres por um grupo de jovens, por volta de
1678, para oração, leitura das Escrituras, cultivo de uma vida religiosa, comunhão
freqüente, auxílio aos pobres e aos soldados, marinheiros e encarcerados, e
encorajamento da pregação. Elas se propagaram rapidamente. Por volta de 1700, só
em Londres havia cerca de uma centena, e também podiam ser encontradas em muitas
partes da Inglaterra e até na Irlanda. Em 1702 uma delas foi organizada em Epworth
pelo pai de John Wesley, Samuel Wesley. Em vários sentidos elas se pareciam aos
collegia pietatis de Spener (ver VlI:7) mas não havia um Spener para impulsioná-las.
Eram compostas quase exclusivamente por membros comungantes da igreja
estabelecida. Muitos do clero consideraram esse movimento como "entusiasta", ou,
PERÍODO VII O CRISTIANISMO MODERNO 701
igreja campesina de Epworth. Homem de zelosa disposição religiosa mas pouco pd
tico, escrevera a V ida de Cristo em Verso e um comentário do livro de Jó. A mãe,
Susanna (Anneslcy), era mulher de nodvel fortaleza de caráter, sendo, como seu
marido, anglicana devota. Os filhos tiaham muito dos pais, talvez mais da força
materna. Num lar de dezenove filhos, dos quais oito morreram na infância, forçosa
mente a regra era trabalho duro e estrita economia. John era o décimo quinto e
Charles o décimo oitavo dessa grande ninhada.
John Wesley nasceu em 17 de junho de 1703 e Charles em 18 de dezembro de
1707. Ambos foram salvos com dificuldade de um incêndio na casa paroquial, em
1709. Tal fato deixou impressão indelével na mente de John, que desde então se
considerou literalmente "um tição arrancado do fogo". Em 1714 John ingressou na
Chartcrhousc School, cm Londres e, dois anos após, Charles ingressou na Westminster
School. Os dois meninos se distinguiram como estudantes. Em 1720 John ingressou
no Christ Church College, Oxford, para onde Charles foi seis anos depois. O pro
gresso intelectual de John foi tamanho que, em 1726, foi nomeado membro do
Lincoln College. Para ser candidato a tal honraria John teria que estar nas ordens
sacras e, então, em 25 de setembro de 1725 foi ordenado diácono. Com sua ordena
ção começaram as lutas espirituais que só terminariam com sua conversão, em 1738
e, quiçá, em certo sentido, se prolongariam além dessa data.
Entre 1726 e 1729 John Wesley foi a maior parte do tempo assistente de seu pai.
Em 22 de setembro de 1728 foi ordenado sacerdote. Durante sua ausência de Oxford,
na primavera de 1729, Charles Wesley e dois colegas estudantes, Robert Kirkham e
William Morgan, organizaram um pequeno clube, principalmente para levarem avante
seus estudos, mas que logo mostrou-se ideal para a leitura de bons livros e para a
comunhão freqüente. Quando de seu retorno a Oxford, em novembro de 1729,
John Wesley se tornou o líder do grupo que de imediato atraiu outros estudantes.
Sob sua direção, o grupo procurava realizar os ideais de William Law de uma vida
consagrada. Em agosto de 1730, pela influência de Morgan, começaram a visitar os
encarcerados na prisão de Oxford. Os membros do grupo jejuavam. Seus ideais eram
altamente igrejeiros. Os universitários zombavam deles. Chamavam o grupo de "Clube
Santo" e, por fim, algum estudante encontrou um apelido que pegou, os "metodistas"
(nome que já fora usado no século anterior). Estavam, porém, ainda muito longe do
que seria o metodismo. Ainda formavam um grupo que lutava penosamente pela
salvação de suas próprias almas. Como eram então, mais se assemelhavam ao movi-
PlKIUDO VII u 1,n1a 1111.1ui>mu muucn11u
que, viajando para a Geórgia, ficara cm Londres até maio. Ensinava Bohler a te de
completa auto-entrega, a conversáo instantânea e a alegria na fé. Antes de partir,
Bohler organizara uma "sociedade", depois conhecida como "Sociedade Fetter-Lane"
e da qual John Wesley frii um dos membros fundadores. Porém, nenhum dos dois
irmãos ainda encontrara a paz. O que Charles \v'esley denominou sua "conversão"
ocorreu-lhe em 21 de maio de 1738, quando ele estava acometido de grave enfermi
dade. No dia 25, a experiência trnnsformadora ocorreu a John. Conforme ele relata,
naquela noite ele fora de má vomadc à reunião de uma "sociedade" anglicana na rua
Aldersgate, em Londres, -: ouviu a leitura do prefacio de Lutero ao Comentário a
Romanos. "Cerca de quinze para as nove, enquanto ele [Lutero] descrevia a transfor
mação que Deus opera no coração por meio da fé em Cristo, senti meu coração
estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo, em Cristo apenas, para a
salvação; e me foi dada a certeza de que Ele tirara meus pecados, os meus mesmos, e
me salvara da lei do pecado e da morte." Não pode haver dúvida quanto à alta
significação desta experiência. Ela determinou daí em diante a crença de Wesley
quanto ao caminho normal para a entrada na vida cristã. Foi a luz de toda sua visão
teológica. Entretanto, foi de certa forma gradualmente, mesmo depois desta experi
ência, e por meio da pregação e observação duma obra semelhante nos outros e pela
comunhão com Deus, que ele alcançou plena liberdade do temor e alegria completa
na fé.
John Wesley resolveu conhecer mais os morávios, que o tinham ajudado até ali.
Menos de três semanas após sua conversão viajou para a Alemanha. Lá encontrou-se
com Zinzendorf, em Marienborn, ficou duas semanas em Herrnhut e em setembro
de 1738 estava de volta em Londres. Foi uma grande visita para Wesley. Viu muito o
que admirar, mas nem tudo lhe agradou. Percebeu que Zinzendorf era tratado com
excessiva deferência e que a piedade morávia não escapava às limitações subjetivas.
Ainda que devesse muito aos morávios, Wesley era por demais ativo em sua atitude
religiosa, muito pouco místico, deveras interessado nas grandes necessidades do pró
ximo para ser cabalmente morávío.
John e Charles então passaram a pregar nas oportunidades que lhes apareciam.
No entanto tiveram muitos púlpitos fechados ao seu "entusiasmo" e falavam princi
palmente nas "sociedades" em Londres e em seus arredores. No começo de 1739
Wbitefield iniciara seu trabalho em Bristol, e lá, em 17 de fevereiro, começara a
pregar ao ar livre aos mineiros de carváo de Kingswood. Fez amistosas relações com
GREJA r.n1sTÃ
706 HISTÓRIA DA I
Howcl Barris, o qual, desde 1736, trabalhava com grande resultado como pregador
leigo em Gales. W hitefield então convidou John Wesley a ir a Bristol. Hesitava Wesley
em pregar ao ar livre, ni.as a oportunidade de prodamar o Evangelho aos necessita
dos era irresistível, e a 2 de abril ele começou em Bristol o que viria a ser seu costume
por mais de cinqüenta anos, enquanto as forças lhe permitiram. De imediato Charles
seguiu o exemplo do irmão. Ainda que não possuindo o poder dramático de
Wnitefield, John Wesley era um pregador por poucos igualado quanto ao efeito
sobre o povo - sincero, prático, destemido. Atacado, principalmente no início de seu
ministério, e freqüentemente em risco diante da violência popular, não se assustava
com perigo algum, nenhum distúrbio o abatia. Sob sua pregação, como sob a de
Whitefield, eram freqüentes as notáveis manifestações físicas. Homens e mulheres
choravam, desmaiavam, tinham convulsões. Aos dois pregadores isto pareciá obra
do Espírito de Deus ou a resistência visível do diabo. Estas manifestações, e o desa
grado que freqüentemente despertavam, foram responsáveis por grande parte da
oposição que esses pregadores encontravam por parte do clero regular.
Os dons de John Wesley como organizador eram notáveis. Porém, a criação do
metodismo foi gradual - sendo uma adaptação dos meios às circunstâncias. Em 1739,
em Bristol, ele fundou sua primeira "sociedade" realmente metodista e lá também
começou a edificação da primeira capela, a 12 de maio desse ano. No fim desse
mesmo ano adquiriu em Londres uma velha fundição que se tornou a primeira cape
la naquela cidade.
Até então, em Londres, os metodistas se haviam unido à sociedade rnorávia Fetter
Lane, mas os ideais de Wesley, no entanto, o estavam afastando do rnoravianismo.
Esta separação agravou-se quando, em outubro de 1739, Philipp Heinrich Molther
(1714-1780), recém-enviado por Zinzendorf, afirmou em Fetter-Lane que se alguém
tinha dúvidas não possuía verdadeira fé e devia abster-se dos sacramentos e da ora
ção, aguardando em silêncio que Deus renovasse sua esperança religiosa. Tal ensino
encontrou pouca simpatia diante da esforçada atividade de Wesley. A Sociedade Fetter
Lane dividiu-se. Wesley e seus amigos se retiraram, e a 23 de julho de 1740 funda
ram na fundição urna "Sociedade Unida", puramente metodista. Wesley continuou
amigo de alguns rnorávios, mas desde então os dois movimentos ficaram separados
um do outro.
Wesley não tinha desejo nem intenção de romper com a igreja da Inglaterra. Por
isso não fundava igrejas, mas usava o expediente das antigas sociedades religiosas,
PERIODO VII O CRISTIANISMO MODERNO
que agora consistiam apenas de pessoas convertidas. Estas sociedades estavam dividi-
das em "bandas" ou grupos desde o início, para o cultivo mútuo da vida cristã. Este
era um expediente morávio, mas a experiência logo ensinou a Wesley algo mais efici
ente. Pouco após a organização da sociedade de Bristol, Wesley adotou o plano de
conceder "carteiras da sociedade" àqueles que considerava suficientemente capacita
dos a serem membros plenos e a receber outros cm caráter probatório. Tais carteiras
eram renovadas trimestralmente e proporcionavam uma maneira rápida de joeirar a
sociedade. A dívida sobre a capela de Bristol levou a um arranjo ainda mais impor
tamc. Em 15 de fevereiro de 1742 os membros foram divididos em "classes" de cerca
de doze pessoas, cada classe tendo um líder encarregado de coletar semanalmente um
penny de cada membro. Esse sistema foi introduzido em Londres a 25 de março.
Suas vantagens para a supervisão espiritual e mútua vigilância de imediato foram
mais evidentes do que seus méritos financeiros. E pronto se tornou um dos traços
característicos do metodismo, ainda que as antigas "bandas" também continuassem
por bastante tempo.
Wesley preferia que todos os pregadores fossem ordenados, mas poucos dentre os
clérigos simpatizavam com o movimento. Desde 1738 Joseph Humphreys, um pre
gador leigo, o auxiliava, mas o emprego de leigos não foi grande até 1742, quando
Thomas Maxfield começou regularmente esse trabalho, que logo ocupou muita gen
te. Com o crescer do movimento surgiram outros oficiais leigos: "mordomos" para
cuidar das propriedades, mestres para as escolas, "visitadores de enfermos" para a
visitação de doentes. No princípio Wesley percorria todas as sociedades, localizadas
mormente nas regiões de Londres e Bristol. Entretanto, logo a tarefa se tornou gran
de demais. Em 1744 ele reuniu os pregadores em Londres - o que foi a primeira das
"conferências anuais". Dois anos após o campo foi dividido em "circuitos", com
pregadores itinerantes e dirigentes mais fixos para "ajudarem principalmente num
lugar". Em pouco, um "assistente", depois chamado "superintendente", foi encarre
gado de cada "circuito". Através de apropriadas publicações, Wesley se esforçou por
auxiliar o desenvolvimento intelectual de seus pregadores leigos, procurando que
estudassem na medida do possível. Foi em vão que buscou obter para eles ordenação
episcopal; mas não permitiu que homens não ordenados administrassem os sacra
mentos.
Ainda que teologicamente Wesley permanecesse sobre a base comum da tradicio
nal doutrina evangélica e considerasse suas sociedades como integrantes da igreja da
708 HISTÓRIA DA IGREJA CPISTÃ
Inglaterra, duas questões conduziram a enorme controvérsia. Uma foi sobre a perfei
çáo. Wcsley cria ser possível que um cristáo alcançasse retos motivos governantes - o
amor a Deus e ao próximo - e que tal alcance traria libertação do pecado. Con
forme o cauto e sóbrio critério de Wesley, isso era um alvo antes que um resulta
do obtido com freqüência - diferente do que julgavam alguns de seus seguidores.
Ninguém foi mais positivo do que ele de que a salvaçáo se evidencia em uma
vida de obediência ativa, zelosa, à vontade de Deus.
A segunda disputa referiu--se à predestinação. Wesley, como no geral a igreja
da Inglaterra de seu tempo, era arminiano. Porém, herdara dos pais uma antipa
tia especial em relação ao calvinismo, o qual lhe parecia restrito ao esforço mo
ral. Whitefield era calvinista. De 1740 a 1741 houve uma troca de cartas can
dentes entre os dois evangelistas. Não obstante, as boas relações pessoais entre
ambos não demoraram a ser restabelecidas quase plenamente. Whitefield encon
trou apoio, em 1748, em Selina, Condessa de Huntingdon (1707-1791), viúva
rica, convertida ao metodismo, mas possuidora de forte caráter dominante para
permitir a direção insistente de Wesley. Quis ela ser o seu próprio Wesley e,
como ele, fundou e supervisionou sociedades e capelas - a primeira em Brighton,
em 1761 - iniciando assim a "Conexão de Lady Huntingdon". Ela mesma no
meou Whitefield seu capelão. Sua "Conexão" era calvinista. Em 1769 a contro
vérsia sobre a predestinação renovou-se com intensidade. Na conferência de 1770
Wesley assumiu forte posição arminiana e foi defendido por seu dedicado discí
pulo, o suíço John William Fletcher (1729-1785), que se estabelecera na Ingla
terra e aceitara um cargo na igreja oficial, em Madeley, onde fez obra notável. O
resultado da controvérsia foi confirmar o caráter arminiano do metodismo
wesleyano. No entanto, a "Conexão de Lady Huntingdon de metodistas
calvinistas deve ser considerada como um movimento paralelo, não hostil. Seu
espírito fundamental era essencialmente o mesmo dos irmãos Wesley.
O metodismo wesleyano cresceu consideravelmente. John tinha muitos ami
gos e assistentes, mas poucos íntimos com os quais pudesse compartilhar suas
responsabilidades. Seu irmão Charles o acompanhara por algum tempo em suas
viagens, mas não tinha a constituição de ferro de John. Charles raramente viajou
depois de 1756. Trabalhou em Bristol e de 1771 até sua morte, em 29 de março
de 1788, pregou em Londres. Sempre foi mais conservador e anglicano que John.
Sua grande obra foi escrever hinos, não apenas para o metodismo mas para toda
PERIBDD VII O CRISTIANISMO MODERNO 709
a cristandade de língua inglesa. Em 1751 John casou-se com a viúva Mary Vazeille
e fez um consórcio infeliz. Então se dedicou de maneira ainda mais irrestrita ao
seu trabalho. E sobre todas as diversas preocupações do metodismo exerceu au
toridade sábia mas absolura. Naturalmente, conforme as sociedades cresciam e
se multiplicavam os pregadmes, aumentava a pressão para a concessão de autori
dade para a administração dos sacramentos. A isto Wesley resistiu por muito
tempo, mas como eram poucos os homens ordenados por via episcopal, a força
dos eventos tornou esta pressão irresisrível, apesar da insistência de Wesley de
que seu movimento estava no interior da igreja oficial.
Wesley granjeou muitos simpatizantes que permaneceram na igreja oficial da
Inglaterra. Tais anglicanos evangélicos concordavam no geral com sua ênfase re
ligiosa - conversão, fé confiante, vida religiosa demonstrada em obras ativas a
favor dos outros. Por outro lado, adotavam pouco dos seus métodos peculiares e,
no geral, se distinguiam teologicamente por um moderado calvinismo mais que
pelo arminianismo. Whitefield era o pai espiritual de muitos deles. Não muito
bem organizados, se desenvolveram no partido evangélico dentro da igreja da
Inglaterra. Pioneiro nesse rumo foi William Grimshaw (1708-1763), vigário de
Haworth, que passou pela experiência da conversão em 1734, a qual o transfor
mou e o levou ao caminho evangélico. Manteve-se em boas relações com Wesley
e W hitefield. Notável entre os evangélicos foi John Newton (1725-1807), ex
comandante de navio negreiro. Convertido, se tornou dos mais prestimosos pre
gadores, primeiro em Olney e depois como pároco de Saint Mary Woolnoth, em
Londres. Seus hinos demonstram sua fé alegre e confiante. Outro evangélico
renomado por seus hinos foi Augustus Toplady (1740-1778), autor de "Rocha
dos Séculos".
Thomas Scott (1747-1821), sucessor de Newton em Olney, ficou mais co
nhecido por sua Bíblia da Família com Anotações, um comentário de imensa
popularidade em ambos os lados do Atlântico. Richard Ceei! (1748-1810), no
fim da vida foi um dos mais influentes pregadores em Londres. Joseph Milner
(1744-1797), fez de Hull um baluarte evangélico e teve muita influência por
meio de sua História da Igreja de Cristo, continuada após sua morte por seu
irmão Isaac. Nesta obra deu ênfase ao desenvolvimento das biografias cristãs
mais que às disputas dentro do cristianismo. Isaac Milner (1750-1820) foi por
muito tempo professor em Cambridge e ajudou a dar o tom grandemente evan-
·· 1
/) HISTÓRIA DA IGREJA CRISlÃ
gélico assumido por essa universidade, trabalho continuado ali por Charles Simeon
(1759-1836).
Não faziam parte das fileiras clericais vJrios que foram instrumentos para a
difusão das idéias evangélicas. Um destes foi William Cowper (]731-1800), o maior
dos poetas ingleses da metade final do século dezoito e amigo íntimo de Newton.
Com Hannah More ( 17 4 5-1833) o evangelismo teve uma defensora pessoalmente
relacionada com os meios lirer;irios, artísticos e tearrais de Londres. Foi escritora de
tratados e estórias de grande popularidade e filantropa generosa e abnegada.
Os anglicanos evangélicos permaneceram dentro da igreja da Inglaterra, mas
as duas correntes metodistas por fim dela se separaram. Em 1779 a Condessa de
Huntingdon e seus companheiros saíram da igreja da Inglaterra; e com o tempo
a conexão se tornou na Igreja Metodista Galesa. Os metodistas wesleyanos sepa
raram-se da igreja oficial aos poucos e, por fim, somente após a morte de John
Wesley (1791), que desejava que seus seguidores evitassem a separação. Porém,
tinham sido dados dois importantes passos em 1784. Em 28 de fevereiro, por
um "Ato de Declaração" Wesley cuidou para que o movimento continuasse após
sua morte, nomeando uma "Conferência" de cem membros para zelar pelas pro
priedades e assumir a direção do movimento. Foi um passo adiante na direção
do autogoverno do metodismo. Em 1° de setembro Wesley juntou-se a outros
presbíteros da igreja da Inglaterra para ordenar presbíteros e um superintenden
te para a América (ver VII: 1 O). Na verdade, isso foi uma ruptura com a igreja da
Inglaterra, ainda que Wesley não tenha considerado dessa forma. A separação
final dos metodistas wesleyanos está, talvez, melhor assinalada pelo "Plano de
Pacificação", de 1795, que estabilizou a então igreja independente.
Wesley conservou suas forças e se manteve em contínua atividade quase até o
fim. Faleceu em Londres a 2 de março de 1791, tendo feito uma obra que revo
lucionou profundamente a condição religiosa das classes inferior e média da
Inglaterra e ainda de modo mais amplo afetou a América.
Na Escócia, as separações reais da igreja presbiteriana oficial ocorreram mui
to mais cedo, principalmente em virtude do sistema "patronal" pelo qual o patrono
podia forçar a nomeação de um ministro para uma congregação relutante (ver
VI: 16). Em 1733 Ebenezer Erskine, de Stirling, denunciou tal limitação do po
der de escolha do ministro por parte da congregação. Seu sínodo o disciplinou,
e ele e vários companheiros foram depostos pela Assembléia Geral, em 1740.
PERIDBD VII O CKIS 111\NlllMU MUUtHNU ,li
Capítulo 8
O Grande Despertan1ento
existência permanente. O espírito pietista esteve muito mais em evidência entre al
gumas das organizações alemãs menores.
Das discussões provocadas pelo Grande Despertamento surgiu na Nova Inglater
ra a contribuição mais considerável que a América do século dezoito fez à teologia -
a obra de Jonathan Edwards e sua escola. Nascido cm l 703 no lar de um pastor, em
Connecticut, Edwards se graduou em Yale, em 1720. Após rápido pastorado
presbiteriano em Nova Iorque, tornou-se tutor em Yale. Em 1727 tornou-se pastor
associado em Northampton, depois pastor titular quando morreu seu avô, Solomon
Stoddard ( 1643-1729). Intelectualmente brilhante, Edwards lia amplamente as obras
filosóficas e científicas de sua época, mergulhando nos escritos de Lockc e Newton.
Cedo convencido da clássica ênfase calvinista na soberania de Deus e na predestinação,
Edwards firmou corajosamente sua posição teológica, usando como grãos para o seu
moinho as mais recentes descobertas da Idade da Razão. Líder nos reavivamentos,
ele defendia aquilo que sentia ser o verdadeiro reavivamento, ou seja, uma obra de
Deus, contra aqueles que, de um lado, rejeitavam todo emocionalismo em religião e
os que, de outro, o exploravam. Em 1746 apareceu o Tratado a Respeito das Emoções
Religiosas, uma defesa teológica do que Edwards cria ser genuíno reavivamento. Nes
ta obra ele utilizou noções psicológicas, em parte derivadas de Locke. Pastor e eclesi
ástico, era defensor dos mais altos padrões para os membros da igreja, crendo que
somente os santos - os verdadeiramente eleitos - deveriam ser membros em plena
comunhão. Quando agiu tendo como base esta convicção, não mais permanecendo
na posição mais frouxa, foi demitido de seu púlpito em 1750. Isto a despeito do
cuidadoso tratado sobre o assunto, aparecido no ano anterior, Qualificações Requeridas
para a Plena Comunhão.
Então Edwards se tornou missionário entre os índios, em Stockbridge,
Massachusetts, onde achou tempo para dedicar seus conhecimentos teológicos e fi
losóficos à defesa do calvinismo contra o arminianismo, termo sob o qual caracteri
zava as tendências teológicas liberais do século dezoito. Em seu Tratado Sobre o Arbí
trio (1754) sustentou que conquanto todos os homens tenham capacidade natural
para se voltarem para Deus, falta-lhes capacidade moral - isto é, a inclinação - para
fazê-lo. Esta inclinação determinante é o dom transformador da graça de Deus, em
bora sua falta não seja desculpa para o pecado. Teólogo sistemático, Edwards plane
jou uma obra maciça apresentando por completo sua posição. Na realidade, termi
nou apenas uns poucos fragmentos dela, embora alguns de seus tratados anteriores
PERIDUO VII D CRISTIANISMO MODERNO li?