Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Arquitetura e Sustentabilidade:
Telhados verdes em habitações de interesse social
Maceió
2019
Noemia Marcela Cordeiro Costa
Arquitetura e Sustentabilidade:
Telhados verdes em habitações de interesse social
Maceió
2019
Folha de Aprovação
______________________________________________________________
Prof.ª Msc.ª Franciany Prudente de Melo França - Orientadora
Banca Examinadora:
______________________________________________________________
Prof.ª Esp. Moana Karla Lopes Bastos – Avaliadora Interna
______________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Juliana Oliveira Batista – Avaliadora Externa
Dedicatória: Pode ser dedicado a alguém, à
instituição, às pessoas da pesquisa, a quem
achar que deve.
Agradecimentos
Agradecer aqui a todo mundo que lhe ajudou na pesquisa, pode citar familiares pelo
apoio, amigos, empresas, orientador, instituição, amigos de trabalho etc. O que você achar
que deve agradecer.
Epígrafe: aqui pode ser adicionado o texto de
algum livro que você goste ou uma
dedicação rápida. Algo que tenha a ver com
o sentido do trabalho ou sobre suas intenções
com o projeto
Resumo
Introdução ..........................................................................................................14
Objetivo Geral ..............................................................................................................17
Objetivos Específicos ...............................................................................................17
Procedimentos Metodológicos .....................................................................................17
1. Referencial Teórico............................................................................................19
1.1 Habitações de Interesse Social: panorama histórico e social .................................19
1.2 Arquitetura e Sustentabilidade .................................................................................2
1.2.1 Habitações de Interesse Social no caminho da sustentabilidade .....................28
1.3 Telhados Verdes: História e Desenvolvimento ......................................................30
1.3.1 Tipologia e Benefícios dos Telhados Verdes ..................................................34
3. Diagnóstico da Área...........................................................................................50
3.1 Localização ............................................................................................................50
3.2 Área de Implantação ..............................................................................................50
3.3 Potencialidades ......................................................................................................50
3.4 Aspectos Naturais ..................................................................................................53
3.5 Uso e Ocupação do Solo ........................................................................................54
3.6 Condicionantes Climáticos ....................................................................................57
3.7 Topografia ..............................................................................................................58
3.8 Aproveitamento da Iluminação Natural .................................................................59
3.9 Aproveitamento da Ventilação Natural..................................................................59
3.10 Plano Diretor ........................................................................................................60
3.11 Código de Edificações .........................................................................................61
3.12 Legislação ............................................................................................................61
4. Proposta de Telhado Verde para Habitação de Interesse Social ...............64
4.1 Programa de Necessidades .....................................................................................64
4.2 Fluxograma ............................................................................................................72
4.3 Conceito .................................................................................................................73
4.4 Partido Arquitetônico .............................................................................................74
4.4.1 Propostas para Telhado Verde ..........................................................................78
4.4.2 Influência dos ventos e da luz natural ..............................................................82
5. Conclusão ..........................................................................................................84
6. Referências ........................................................................................................85
6. Apêndice ............................................................................................................89
15
Introdução
Para que essa relação se consolide segundo a citação acima, existem diversas
possibilidades, como a aplicação de telhados verdes, datados de 600 a.c. pelos
mesopotâmicos, com os conhecidos jardins verticais da Babilônia, em países europeus
frios em meio às inóspitas regiões rurais, dentre outros contextos. Mas, seu apogeu surge
especialmente durante o século XX, através da Revolução Industrial, com o
descobrimento de novos materiais e técnicas, bem como o avanço das pesquisas com
relação ao conforto (CORRENT, 2017).
Na Europa, ganha destaque a Alemanha, onde se percebe o uso desta tecnologia
em edifícios significativos, aliados ao estudo científico e o crescimento de uma indústria
voltados para a aplicação desses telhados. Fora da Europa, mais tardiamente, os Estados
Unidos. O Brasil ainda apresenta um lento processo no entendimento da importância dos
telhados verdes na vida urbana (CORRENT, 2017).
Segundo Savi (2012), os telhados verdes podem proteger os edifícios da radiação
solar através da flora, atuando no reflexo da radiação. Diminui também a possibilidade
de enchentes, ilhas de calor, a emissão de CO2; auxiliam no conforto acústico de
ambientes internos, reforçam o ecossistema de pássaros e outros animais, dentre outros
benefícios. Possui diferentes técnicas, tipologia e possibilidades de uso, materiais,
ampliando os vieses de estudos associados ao tema. Eles estão presentes em residências,
prédios públicos e espaços de convivência, mas as pesquisas em torno de sua evolução e
aplicabilidade no Brasil ainda é lento. Uma dessas aplicações pode ser em conjuntos
habitacionais, particularmente aqueles que envolvem pessoas desfavorecidas social e
economicamente (CORRENT, 2017).
As habitações de interesse social têm em sua história o contributo na evolução da
construção dos edifícios em grandes centros urbanos, bem como no aumento da dimensão
populacional e atualmente vem ganhando espaço nos estudos acadêmicos, não somente
por seus fatores sociais, mas também econômicos, culturais e também sustentáveis, visto
seu impacto ambiental por ser um produto da construção civil (BRITO, 2017).
Seus fatores sustentáveis ainda são voltados aos sistemas construtivos da estrutura
de edifícios, separação e tratamento de resíduos, dentre outras abordagens que não deixam
de ser de grande importância, mas apresentam indiretamente uma lacuna para outros
estudos sustentáveis nesses espaços, visto sua capacidade de resultados em massa e suas
potencialidades com relação à cidade e o meio ambiente como um todo (BRITO, 2017).
17
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Procedimentos Metodológicos
falta de moradia” (BRITO, 2017, pg. 03). A ideia de moradia comunitária teve grande
influência e força no pensamento modernista, especialmente nos conceitos de Le
Corbusier, a partir das novas formas de morar, o que promulgou nos primeiros conjuntos
habitacionais na Europa (figura 1).
do novo regime político estivesse em grande parte voltado aos interesses das massas
populares urbanas.
Com esse interesse voltado à ideia de populismo, foram nos governos Vargas
(1930-1945) e Dutra (1946-1951) que surgiram os primeiros órgãos públicos federais
para atuar na produção de conjuntos habitacionais, tais como o Instituto de
Aposentadorias e Pensões (IAPs) e a Fundação Casa Popular (BRITO, 2017). Com
relação à Casa Popular:
(...) no entanto, sua fragilidade, carência de recursos, desarticulação
com os outros órgãos que, de alguma maneira, tratavam da questão e,
principalmente, a ausência de ação coordenada para enfrentar de modo
global o problema habitacional mostram que a intervenção dos
governos do período foi pulverizada e atomizada, longe, portanto, de
constituir efetivamente uma política (BONDUKI, 1994, pg. 718).
Desta forma, embora existissem instituições federais responsáveis por esse tipo
de moradia, ainda sim faltava uma efetiva ação política, que agisse através de políticas
públicas, incentivando a criação e discutindo a importância desses conjuntos
habitacionais. Mesmo assim não se pode obscurecer a importância desses órgãos,
especialmente porque eles representam uma ação concreta e original sobre a ideia de
habitação social no Brasil e qual o papel do Estado nesse processo (BONDUKI, 1994).
Alguns anos se passaram até que esse conceito evoluísse, tendo ganhado mais
força somente após o golpe militar de 1964, quando surgiu o Banco Nacional de
Habitação - BNH, sendo este um grande impulsionador da garantia da moradia e no
desenvolvimento industrial da construção civil nesse processo, mas que tem suas boas
intenções desconfiguradas por meio de uma série de erros nas soluções projetuais
adotadas e com relação às questões ambientais.
Foi em 1986 que se deu início a fase conhecida como “pós-BNH”, com um longo
hiato até a criação do Ministério das Cidades em 2003, onde a questão da habitação
ganhou força após a criação do Plano de Aceleração do Crescimento - PAC de 2007, o
Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS e o Programa Minha Casa
Minha Vida – PMCMV de 2009. Mas entre este hiato, é importante citar a criação durante
a década de 1990 de alguns programas habitacionais logo extintos no país, tais como o
Programa Pró-Moradia e o Programa de Arrendamento Residencial – PAR (BRITO,
2017; CUNHA, 2017).
Este capítulo não visa esgotar a bibliografia que trata da desenvoltura desses
programas no Brasil, mas apresenta um panorama geral da história deles. Para isto,
23
destaca-se a pesquisa de Santana (2006) onde ela cita a política habitacional em Maceió
no período de atuação do BNH (1964-1986), que se davam com a atuação da Companhia
de Habitação Popular de Alagoas – COHAB/AL (implementada em 26 de maio de 1966),
dentre outras companhias do município e do estado, como o Instituto de Previdência e
Assistência dos Servidores do Estado de Alagoas – IPASEAL. Este último financiou
muitos conjuntos habitacionais em Maceió, como os apresentados na tabela 1.
segundo a literatura existente, esses conjuntos ficaram restritos à periferia, distantes dos
grandes centros, formados por moradores com recursos econômicos inferiores aos do
centro e região litorânea, segregando-os social e culturalmente.
Com o passar dos anos conjuntos habitacionais ainda são criados e financiados
por órgãos públicos na cidade de Maceió, seja com recurso municipal, estadual ou federal,
se destacando aqueles que envolvem o financiamento através do programa Minha Casa
Minha Vida, já citado.
O programa atualmente leva em consideração a proporcionalidade de renda para
dispor o subsídio, onde segundo CUNHA (2017), podem ser observados três grupos cujas
rendas variam de 0 a 3 salários mínimos, tendo o subsídio integral; os de 3 a 6 salários
mínimos e os de 6 a 10 salários mínimos, com subsídios parciais.
Para o primeiro grupo é utilizado o Fundo de Arrendamento Residencial, sendo
feita uma doação dessas residências à uma lista de pessoas - elaborada pela prefeitura de
cada cidade -dentro dessa faixa salarial.
Alguns dos conjuntos dessa categoria na cidade de Maceió são: Conjunto
Residencial Morada do Planalto, Conjunto Cely Loureiro II, Residencial Parque dos
Caetês, Conjunto José Aprígio Vilela, Residencial José Quintela, no bairro do Benedito
Bentes; Residencial Maceió I, Residencial Jardim Tropical, Conjunto Santa Helena e
Conjunto Geraldo Sampaio no bairro Cidade Universitária; Residencial Rio Novo, no
bairro Rio Novo; Residencial Parque Petrópolis, no bairro Jardim Petrópolis; Residencial
Ouro Preto, no bairro Ouro Preto; Residencial Vila dos Pescadores no bairro Trapiche da
Barra (Mapa 1).
Este último se caracterizou especialmente pela remoção da comunidade para um
local diferenciado, mudando todo sistema cultural e social, fazendo com que se
adaptassem a um sistema de moradia contrastante aos que viviam.
Todo este panorama de fatos sobre os residenciais se mostra como uma maneira
de discutir o problema do trabalho que está ligado aos conceitos sustentáveis. Desta
forma, fica aberta a ligação da criação e configuração desses conjuntos habitacionais e os
seus aspectos sustentáveis, seja na questão de planejamento projetual ou na apresentação
de propostas para os já construídos.
Desta forma, pode-se enfatizar o interesse da autora em abordar no processo
projetual, o tipo de conjunto habitacional formados por pessoas que recebem de 0 a 3
salários mínimos, desafiando-se a configurar um projeto sustentável para esses conjuntos,
a partir de uma proposta projetual. Outro fator impulsionador é a capacidade de
25
Sabe-se que o homem depende dos recursos naturais e por utilizá-los de forma
indevida e exacerbada, as alterações na biosfera aparecem como fenômeno sucessor,
associando a elas as mudanças climáticas, decorrente do aumento da concentração de
gases na atmosfera, aumento também da temperatura da Terra, resultando no conhecido
Efeito Estufa. Seu principal causador é o dióxido de carbono (CO2) e são os edifícios
uma de suas principais fontes. Por conta desses e outros eventos do uso exagerado dos
recursos naturais, as várias áreas da construção civil - tais como a arquitetura - voltam
seus estudos para os modos de fazer e viver sustentáveis, com cada vez mais frequência.
O conceito sustentável se amplia não somente para as formas de construir, mas de ser
enquanto sociedade. (CAVALCANTI, 2016). Desta forma,
equidade social, mas também os aspectos culturais. É através destes que se pode sanar a
necessidade de evitar conflitos culturais e isso pode vir através da especificidade de
soluções para cada cultura e local, levando em conta sua particularidade.
Desta forma, segundo Villela (2007), o arquiteto e urbanista não está somente
como agente social, mas cultural e pode intervir e contribuir, de forma mais prática, com
suas várias atuações projetuais. Diante deste conceito que leva em consideração a
sustentabilidade como um estilo de vida, na arquitetura, o ideal seria com que esse
pensamento estivesse de forma intrínseca e inconsciente, sem necessariamente se
transformarem em termos e estudos específicos.
Segundo o Guia Sustentabilidade Na Arquitetura (2012, pg. 13) “Projetar é buscar
soluções coerentes com as condições de exposição do empreendimento e com as
demandas de seus clientes, usuários e sociedade”. E esses projetos baseados em conceitos
de sustentabilidade podem ganhar nomenclaturas diferenciadas e despertar várias
perspectivas diante do ambiente construído, algumas por sua vez, até ilusórias.
consideração na fase de planejamento. Com relação aos recursos naturais ele indica que
sejam analisados a insolação, clima, água, qualidade do ar, solo, bem como a fauna e a
flora. Com relação à infraestrutura urbana: o sistema viário, transporte coletivo, rede de
distribuição de água, rede de coleta de esgoto, sistema de drenagem de águas pluviais,
rede de distribuição de energia e gás, sistemas de comunicação e sistema de coleta de
resíduos sólidos urbanos.
esposa que estava doente, assim ela poderia lembrar sua viagem à Pérsia (CORRENT,
2017).
Ainda, segundo Savi (2012), sua utilização também remota à sua aplicação em
países de temperaturas baixas, tais como a Islândia (figura 3) e Escandinávia, assim como
em países quentes, tendo exemplo a Tanzânia. Em países frios garantia o isolamento
térmico, evitando o uso da calefação. Seus usos e técnicas foram se aperfeiçoando e
disseminando.
Figura 2 – Simulação eletrônica dos Jardins Suspensos da Babilônia
Ainda, segundo o autor, na Alemanha este tipo de tecnologia se deu para atenuar
a perda dos espaços, habitat e paisagens, por conta da grande urbanização, além da falta
de recursos. Nos Estados Unidos as coberturas têm ganhado cada vez mais força, sendo
um dos principais países a desenvolver esta tecnologia de forma industrial, levando em
consideração as razões econômicas, como a melhor utilização de recursos, baixando os
34
custos das edificações. Já na Noruega, os telhados são vistos como parte do patrimônio
nacional e estão ligados a conceitos folclóricos ligados à natureza. Isso quer dizer que em
cada país ou região, sua adoção e contextualização estão relacionadas à política,
geografia, clima, cultura e estrutura econômica, bem como o desenvolvimento industrial
e social.
No Brasil, é o modernismo que traz o pensamento norteador para a evolução dos
telhados verdes, contanto com os projetos de Burle Marx, tendo como obra o teto-jardim
do Ministério da Saúde e Educação do Rio de Janeiro dos arquitetos Afonso Reidy, Carlos
Leão, Ernani de Vasconcelos, Jorge Moreira, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer (figura 04).
Na contemporaneidade, algumas empresas vêm se destacando na aplicação dessas
tecnologias no Brasil, mas ainda assim caminha a passos lentos, tendo o seu
desenvolvimento impulsionado pelas certificações ambientais. Uma delas é a Aqua da
Fundação Vanzolini, que objetiva averiguar a Alta Qualidade Ambiental do
Empreendimento, assim como a LEED – Leadership in Energy and Environmental U.S.
Green Building Council, salientando indiretamente os telhados verdes como pontos
importantes para a certificação (SAVI, 2012). Segundo Corrent (2017):
Embora ainda não haja leis específicas quanto a isenção fiscal para o
uso do telhado verde em algumas cidades brasileiras, há programas de
incentivo do governo para o uso de técnicas de sustentabilidade, que
incluem o uso de materiais ecológicos e que adotam ações como a
separação de lixo doméstico, utilização de energias renováveis, entre
outros, inclusive o telhado verde (CORRENT, 2017, pg 11).
Requisitos Características
menor do que 15cm -, ela possui uma influência de peso muito menor, podendo se
assemelhar à telhados e lajes convencionais. A decomposição biológica e a compactação
nesta camada devem ser mínimas, podendo conter componentes orgânicos, mas ainda sim
inorgânicos em sua maioria.
A sua camada filtrante deve situar acima da drenante, impedindo a passagem de
partículas finas do substrato. A camada drenante deve se situar sobre a camada de
impermeabilização para proteção mecânica e meio de drenagem, resultando em um
telhado forte sobre a ação de chuva. Também precisam de uma resistência à perfuração
de raízes e microrganismos. (MARTINS 2010; CORRENT, 2017). Savi (2012) também
apresenta uma figura que ilustra uma proposta de configuração deste tipo de telhado
(figura 6).
verde (MARTINS, 2010; CORRENT, 2017). Savi (2012) apresenta também um exemplo
deste tipo de cobertura verde (figura 7).
Esses três tipos de telhados são os mais discutidos na literatura científica e estão
envoltos de particularidades e até diferentes formas de aplicações para diferentes
situações, sejam ligadas ao local e o clima, seja às particularidades da edificação. De
qualquer forma, os telhados verdes resultam em benefícios que devem ser discutidos e
estruturados, com base nos projetos já efetuados, que se configuram na própria edificação
ou ainda contribuindo com a sociedade em geral.
Savi (2012) em seu estudo relata que nas grandes cidades 1/3 de sua constituição
se refere à edifícios, outros 1/3 à ruas e praças, sobrando apenas 1/3 da vegetação natural,
sendo possível dobrar a quantidade de folhas nas cidades se a cada 5, 1 casa tiver coberta
verde, resultando em diversos benefícios que ela mesma relata. Alguns deles foram
dispostos na tabela 3 – para melhor sistematização.
Matins (2012) ainda comenta alguns outros benefícios mais específicos, além dos
já exemplificados, como a de que o aumento da quantidade de biomassa em área urbana
sobre as coberturas, contribui na redução dos níveis de dióxido de carbono emitidos por
veículos, indústrias, dentre outros, resultando numa melhor qualidade do ar e
contribuindo na redução de problemas respiratórios.
Podem também diminuir a dilatação, fissuras e envelhecimento da edificação,
aumentando sua vida longa e consequentemente valorizando economicamente o imóvel.
Pode contribuir na segurança, uma vez que está menos propício a vandalismos e assaltos.
41
Este projeto é ideia dos arquitetos Andres Echeverría, Pablo La Roche e Marina
Gonzalez de Kauffman, encontrado nas pesquisas de Roaf (2014). Localiza-se na cidade
de Maracaibo, Venezuela, a 40m acima do nível do mar, com área de 90 a 140 m². O
clima do local é quente e úmido. Tem como principais características sustentáveis o baixo
custo e a adaptabilidade ao clima, casas expansíveis, ventilação natural, sombreamento e
coberturas verdes.
Trata-se de um conjunto habitacional de baixo custo contendo 900 casas,
desenvolvido a partir de um assentamento irregular desde 1994. O Governo do Estado –
Zulia – negociou a retirada da população com a promessa de desenvolver um conjunto de
moradias de forma legal para essas pessoas. Foi construído o bairro entre 1994 e 1996. A
proposta seria fazer com que o conjunto fosse habitado de tal forma que minimizasse os
custos do Governo e dos usuários.
Para a proposta urbana foram utilizados os seguintes princípios de
sustentabilidade: racionalização da ocupação assim como da utilização do espaço, afim
de otimizar a infraestrutura, reduzindo os custos da urbanização; minimizando áreas
públicas difíceis de controlar, para o aumento de áreas privadas, fazendo com que os
moradores se sintam responsáveis e cuidem de seus espaços; maior controle de espaços
coletivos, com divisas adequadas nos terrenos; reforço do pensamento comunitário diante
do bairro, através de uma organização social e espacial, influenciando nos usuários a
intenção de melhoria (figura 8).
43
Com relação ao clima quente e úmido, foram geradas alternativas para o conforto
térmico como ventilação natural cruzada e o sombreamento, resultando em pátios internos
e espaços abertos sombreados. Um problema que tem acontecido é que os moradores têm
coberto seus pátios internos para a criação de novos ambientes de suas casas, bloqueando
a circulação de vento nos ambientes. Desta forma é estimulado o uso de condicionadores
44
de ar, sem uma análise prévia do uso de energia, que aumentou com o tempo, assim como
as temperaturas nos ambientes, por conta do resfriamento mecânico: “alguns limites
deveriam ter sido estabelecidos para os casos em que as alterações refletissem
negativamente no desempenho das casas” (ROAF, 2014, pg. 401).
Por conta do aumento das temperaturas dentro das casas, foram desenvolvidas
algumas propostas de intervenção para amenizar esses problemas, dispostas na figura 9.
São elas: a redução da temperatura – a qual o aumento é decorrente da radiação solar -
por meio da aplicação de janelas que permitem o sombreamento interno, externos,
podendo ser ainda pérgolas, árvores ou beirais; a redução da temperatura pelos telhados
com a instalação de cobertura vegetal sobre a laje de concreto e a instalação de
isolamentos internos a partir do sistema de forro; aumentar a ventilação cruzada nos
espaços modificados incorretamente, abrindo novas janelas; aumentar a quantidade de
vegetação nas áreas externas, reduzindo as superfícies de pavimentação, influenciando no
aumento de água drenada pelo solo.
Foi proposto também um pavimento superior com uma suíte projetada para visitas.
A área que fica sobre a laje foi disposta uma horta que pode ser coberta afim de atender
demandas de ampliações futuras da casa.
Foram utilizados blocos de concreto, sem acabamentos aprimorados, afim de
baratear a construção. A escolha de móveis simples, aproveitando os que já pertenciam à
moradora. Optou-se também por uma instalação elétrica aparente, permitindo qualquer
manutenção de forma facilitada e sem precisar quebrar paredes ou revestimentos.
Figura 11 – A esquerda um jardim vertical no pátio central da casa. A direita uma horta
sobre a laje, no piso superior.
O uso dos recursos naturais de forma inteligente, como o vento, ar, água, os efeitos
físicos e químicos normais da natureza também são ótimas propostas para melhor
adequação e economia diante da obra das edificações, mas também do tempo de vida,
assim como ampliação dessas moradias. A possibilidade de ampliação da edificação é
uma realidade dos projetos, ou seja, entender que eles não finalizam após a concretização
das obras, mas permanece em mudança constante, especialmente pela dinamicidade das
vidas dos moradores.
Percebe-se assim que os telhados verdes apresentam benefícios importantes para
as edificações e o conforto ambiental. Podem ser usados como propostas de novas
edificações, como também em readequação de construções já edificadas, influenciando
especialmente no bem-estar das pessoas nos ambientes habitados.
51
3.1. Localização
Maceió é a capital do estado de Alagoas e se desenvolveu econômica e
socialmente de forma acelerada no decorrer do século XX. Atualmente ocupa uma área
de 509,5 km², possuindo 50 bairros oficiais, sendo o município mais populoso do Estado
com aproximadamente um milhão e doze mil habitantes. É ligada a várias vias federais,
como a BR 101, 104 e 306 e tem o turismo e o comércio alicerces principais da sua
economia (NASCIMENTO, 2016).
É conhecida popularmente por suas regiões baixas que compreendem o litoral e seus
bairros vizinhos – localidades valorizadas economicamente, bem como o centro da cidade, um
dos responsáveis pelo seu desenvolvimento. E a região alta que compreende muitos bairros, sendo
a maioria de classe média. Dentre esses bairros está o Tabuleiro do Martins, um dos mais
conhecidos por conta da sua grande área territorial e densidade populacional, sendo um dos mais
populosos da cidade.
dos bairros mais populosos da capital alagoana, com aproximadamente 64.755 habitantes
(ALENCAR, 2013).
Mapa 2 – Atual demarcação do bairro Tabuleiro do Martins na cidade de Maceió.
3.3. Potencialidades
Um outro fator importante: por se tratar da parte alta da cidade, é uma região que
tem grande influência dos ventos, o que pode ser um motivo considerável para propostas
de ventilação natural – como ventilação cruzada -, bem como outros aspectos naturais
importantes para o resultado.
Jaraguá a partir de 1850 até os anos 1980, sendo esta última década o início de um
desenvolvimento econômico e social da cidade, considerado rápido, levando em conta
também o desenvolvimento das habitações de interesse social – já discutida no capítulo
do referencial teórico deste trabalho (Mapa 5).
A figura supracitada apresenta os mapas desta evolução do eixo viário, partindo
do bairro Jaraguá e Centro, se direcionando para a cidade de Rio Largo, pela parte baixa
a cidade, onde é apresentada uma aglomeração do eixo viário na região sul da cidade,
apenas se espalhando no decorrer do desenvolvimento econômico e social da cidade.
Desta forma, é perceptível na figura a ausência da região “alta” da cidade nesse processo
de crescimento de Maceió entre as décadas de 1850, 1900, até a metade do século XX, na
década de 1960. Começa-se então na década de 1980 uma expansão comercial e
demográfica, expandindo também o eixo viário próximo das regiões mais altas.
Mapa 5 – Desenvolvimento da estruturação Viária de Maceió.
O bairro do Tabuleiro do Martins (Mapa 6) surgiu por meio do sítio do casal João
Martins Oliveira – funcionário da fábrica têxtil de Fernão Velho - e Stella Cavalcante de
Oliveira, que foi se desenvolvendo por meio do aglomerado de pessoas que iam se
apropriando por meio de casebres e uso do solo para subsistência, surgindo ruas e outros
pequenos sítios, se transformando de forma desordenada em um bairro. Era chamado
inicialmente de Taboleiro de Fernão Velho e Tabuleiro do Pinto, derivando para o então
57
A partir dos anos 1960 o bairro começa a ganhar atenção da prefeitura com a
criação da Praça João Martins em homenagem ao benfeitor e fundador e um posto de
saúde, além do Distrito Industrial de Maceió, sediando as concretizações da política de
industrialização do Estado. A partir do distrito, surgem novas indústrias na região junto
com a implementação da Universidade Federal de Alagoas, o mercado da produção, com
58
um anexo para atender as feiras livres da cidade que eram comuns e tradicionais
(TICIANELI, 2017).
Segundo Nascimento (2016, pg. 23), a ocupação do solo em Maceió num sentido
geral, cresceu a partir do século XX, estruturando uma cidade mais preenchida com
residências, estabelecimentos comerciais, industriais, dentre outros. Mesmo com o Plano
Diretor e o Código de Urbanismo e Edificações – aqueles que regem a cidade em zonas
de atividades e determina o número máximo de pavimentos, dentre outras especificações
técnicas – ainda sim são desenvolvidos projetos e ocupações de forma errônea,
comprometendo o planejamento urbano como um todo.
Maceió está localizada no litoral oriental do nordeste brasileiro, com margens para
o Oceano Atlântico e com o complexo lagunar Mundaú-Manguaba. Segundo o IBGE, em
1991 a cidade tinha 1.357,64 hab/km² de densidade demográfica. Possui um clima quente
e úmido, apresentando temperaturas constantes, com média anual em torno dos 25ºC. A
pluviosidade média anual é de 1654mm, sendo abril a junho os meses mais chuvosos
(BARBIRATO, 2000).
Segundo a autora supracitada, Maceió possui alguns pontos onde há constância de
ventos por conta da ação do Oceano Atlântico e das Lagoas, bem como regiões de
vegetação, que ajudam no efeito amenizador do calor, além do sombreamento. De forma
geral, a temperatura não varia nos diferentes pontos de localização da cidade, por conta
da influência atenuante da umidade atmosférica.
A cidade apresenta um aumento gradativo de temperatura por volta entre às 9h e
12h e um resfriamento também gradativo até por volta das 18h. A temperatura do ar na
malha urbana se apresenta mais alta do que nas regiões vizinhas, fora das frações urbanas.
Desta forma, se faz necessário um estudo sobre a influência do clima na
edificação, levando em consideração informações importantes quanto às temperaturas
características da cidade, bem como fatores que auxiliam no seu aumento ou resfriamento,
por meio de técnicas construtivas que ajudam a controlar de maneira eficiente o ambiente
térmico das residências.
59
3.7. Topografia
Segundo Melo (2009), Maceió está situada sob uma restinga arenosa,
apresentando uma planície marinho lagunar e o planalto sedimentar dos tabuleiros,
formando três planos topográficos delineados por: a parte baixa a alta e o intrínseco das
encostas.
A região dos tabuleiros está situada a norte e é formada por sedimentos da era
terciária, possuindo uma composição areno-argilosa, com altitude por volta dos 80m,
estando o bairro Tabuleiro do Martins em torno dos 100m.
Segundo a autora, esta região dos tabuleiros possuem uma pequena inclinação no
sentido do oceano, o que apresenta momentos críticos nos períodos chuvosos, o que reduz
a segurança nas áreas aos redores (Figura 17). Com as constantes agressões ao meio
ambiente, a retirada de vegetação acelera infiltrações e erosões, que por meio de
sobrecargas, resulta em instabilidade do solo.
Figura 17 – Diferença de nível entre a planície litorânea e a região dos tabuleiros
Por outro lado, essa declividade facilita a penetração dos ventos nos dois planos
da cidade: planície litorânea e na região dos tabuleiros, o que resulta no favorecimento da
circulação do ar, o que é ótimo para climas quentes e úmidos como o de Maceió. Para
Melo (2009), a região dos tabuleiros tem solo moldável às necessidades humanas para
ocupação do solo, sendo este constituído de argila – sendo assim, argiloso -, o que diminui
a incidência de radiação solar e possui alta umidade.
60
O bairro Tabuleiro do Martins, sendo um dos maiores bairros dessa região dos
tabuleiros, tem grande influência desses ventos e se apresenta como território propício a
ação deles de forma favorável, necessitando que seja estudada uma forma estratégica que
permita o cruzamento do ar, ajudando no resfriamento do ambiente interno do edifício,
considerando o vento leste como fator importante nessa decisão.
3.12. Legislação
capítulo tanto trata dos requisitos urbanísticos para loteamento, sendo eles: áreas
destinadas à circulação, instalação de equipamentos urbanos e comunitários, espaços
livres para uso público; ao longo de águas correntes e dormentes e faixas de domínio
público das rodovias e ferrovias, é obrigatória uma faixa não edificável de 15 metros para
cada lado; as vias do loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais.
De acordo com as a quantidade de dados coletados pela autora, com relação a
criação de leis que tratam diretamente dos telhados verdes, o Brasil anda a passo largos,
mas nos últimos anos tem se intensificado a consciência dessa técnica arquitetônica.
Maceió não tem nenhuma legislação que trate do assunto. Mas a cidade de Recife do
estado de Pernambuco possui uma que trata sobre a melhoria das edificações por meio do
telhado verde como obrigatoriedade: Lei Municipal nº 18.112/2015.
Esta legislação obriga as edificações multifamiliares com mais de quatro
pavimentos e não habitacionais com mais de 400m² de área coberta, possuírem um projeto
de telhado verde a ser aprovado de acordo com alguns critérios básicos, como: nas lajes
de pisos de edifícios multifamiliares com 60% de área verde e nas áreas de lazer em
pavimento de coberta 30%; pode ser extensivo ou intensivo e com espécies de flora nativa
para resistir ao clima do município.
65
Logo abaixo estão apresentadas a planta baixa do condomínio (figura 19), bem
como um modelo de casa com os dois pavimentos (superior e inferior), que replicarão de
acordo com o modelo proposto (Figuras 20 a 22) a partir do programa de necessidades.
São apresentadas também as plantas de setorização, tanto do condomínio, quanto das
residências (Figuras 23 e 24).
4.2. Fluxograma
4.3. Conceito
diária do usuário, através da sua própria casa e tudo que a envolve: economia, questões
sociais e culturais. Segundo a autora:
A proposta projetual desse trabalho considera que a maioria das pessoas ainda são
carentes de educação ambiental e as possibilidades e potencialidades que a prática
sustentável pode ter em suas vidas, por isso usa de elementos e técnicas arquitetônicas
para que seus usuários vivenciem e compreendam os aspectos positivos das alternativas
sustentáveis, evitando por exemplo, impactos ambientais negativos.
Para o condomínio foi proposta uma praça central onde seriam cultivadas também
espaços verdes com a vegetação indicada, aos redores de quadras poliesportivas,
parquinho e academia, sendo assim, um espaço de convívio entre os moradores.
77
Foi pensado também para a coleta de lixo a do tipo seletiva. Segundo o Ministério
do Meio Ambiente, os resíduos podem ser divididos em três frações principais (figura
26): os resíduos secos – compostos por metais, papelão, papel, plásticos e vidros -,
orgânicos – restos alimentares e de jardim - e os rejeitos – os lixos não recicláveis,
geralmente de banheiros e produtos de limpeza (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,
2019).
Esta coleta pode ser realizada por instituições de reciclagem como a Cooperativa
dos Recicladores de Alagoas – Cooprel – que atua no Benedito Bentes e que com o apoio
da Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió, faz a coleta no bairro que funciona
e nas regiões adjacentes (PREFEITURA DE MACEIÓ, 2019).
Foi pensada também na possibilidade de expansão das edificações, visto os
desejos e necessidades futuras das famílias de ampliação. Assim, optou-se como
alternativa de projeto, uma área com regiões amplas e livres para cada residência, onde
ficam os jardins, servindo futuramente como sugestão para ampliação. O usuário não
precisará deformar a fachada para ampliar a residência (Figura 29).
Considerações Finais
Referências
CORRENT, Luan; LEHMANN, Priscilla. Telhado Verde: da Babilônia aos dias atuais.
In: Semana Acadêmica - Revista Científica INSS 3236-6717, vol. 01, 2017.
JOHNSTON, J.; NEWTON, J. Building green: a guide to using plants on roofs, walls
and pavements. London: Greater London Authority, 2004.
NASCIMENTO, F.; BRAZ, M.; BARROSO, I.; et al. O processo de ocupação do solo
de Maceió: do porto de Jaraguá ao plano diretor. In: Cadernos de graduação – ciências
exatas e tecnológicas. ISSN 2316-3135, v. 3, p11-28, Maceió, 2016.
SONG, U. & KIM, E. Wetlands are an effective green roof system. School of
Biological Sciences, Seoul National University, Seoul 151-747, 2013.
APÊNDICE I