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Projeto CANDELA

Consorcio para Análise da Diversidade e Evolução na América Latina

Resumo em português com os principais resultados do artigo de Chacón-Duque et al.


(2018):

As expedições de exploradores espanhóis e portugueses que começaram no continente


americano por volta do ano de 1492 desencadearam uma série de eventos que duraram séculos,
incluindo o êxodo de milhões de europeus, o colapso demográfico das populações indígenas e a
migração forçada de escravos africanos. Estes eventos transformaram drasticamente a história e as
populações que habitavam a região. Os novos resultados de um estudo liderado por pesquisadores
da University College London e Universidade Fudan na China, com participação de pesquisadores
brasileiros da USP e UFRGS revelam através de dados genéticos, pela primeira vez como outros
imigrantes inesperados podem ter viajado clandestinamente desde as explorações iniciais, deixando
em seu rastro um legado genético que ainda persiste em muitos latino-americanos.

No mesmo ano em que Cristóvão Colombo e sua tripulação empreenderam sua jornada, os
reis católicos da Espanha (Isabella I de Castela e Fernando II de Aragão) deram efeito ao Decreto
da Alhambra, no qual anunciaram a expulsão de judeus do território espanhol, depois da
reconquista católica do então emirado de Granada (mais tarde editais semelhantes a cidadãos
muçulmanos). Os judeus que se converteram à fé católica, comumente chamados de convertidos,
podiam evitar o exílio, mas eram proibidos de emigrar para as colônias americanas. Mesmo assim,
alguns registros históricos documentam como alguns convertidos embarcaram nessas viagens,
possivelmente em uma tentativa de evitar a perseguição a que estavam sujeitos em seu país.Por
outro lado, a emigração dos sefaraditas para o Brasil a partir de Portugal, tem uma história
diferente.
Mais de 60 mil judeus espanhóis refugiam-se em Portugal após o Decreto de Alhambra,
onde a conversão forçada com o aparecimento dos chamados “cristãos-novos” ocorre apenas em
1497. Muitos destes cristãos-novos emigraram ao Brasil especialmente para a região Nordeste.
Diversos historiadores concordam que em torno de 30% dos imigrantes portugueses para o Brasil
entre os séculos XVI e XVII eram cristãos-novos.

Por meio de análises genéticas sofisticadas, este estudo está ajudando a superar algumas das
limitações impostas pelos registros históricos e, consequentemente, a entender melhor o impacto
dessas migrações. "Até muito recentemente, os métodos estatísticos e informações genéticas
disponíveis não nos permitiam estudar os processos de mistura genética na América Latina além
das contribuições gerais de populações com diferentes origens continentais", diz Andrés Ruiz-
Linares, líder do Consórcio CANDELA e um dos responsáveis desta investigação. "Muitos estudos
descreveram amplamente a mistura de europeus, africanos subsaarianos e nativos americanos que
caracteriza a região, mas as origens específicas e a possível contribuição de outras populações estão
apenas começando a ser compreendidas.

"Embora o número de convertidos que conseguiram embarcar em direção às colônias seja


desconhecido, os resultados deste estudo sugerem que o número é muito maior do que se pensava
anteriormente."Comparamos padrões no DNA de mais de 6.500 latino-americanos com mais de
2.300 pessoas que foram caracterizadas geneticamente em todo o mundo ", explica o principal
autor do estudo, Juan Camilo Chacón-Duque." Ficamos muito surpresos ao descobrir que uma
fração bastante considerável da ancestralidade dos latino-americanos está altamente relacionada aos
perfis genéticos das populações de judeus sefarditas da Turquia, que são descendentes das
comunidades judaicas ibéricas exiladas "
Além disso, a pesquisa mostrou que a aparência física dos latino-americanos é muito influenciada
pela herança genética de populações européias e indígenas específicas. "Descobrimos que a
porcentagem de ascendência ibérica em contraste com a do norte da Europa afeta os níveis de
pigmentação da pele, e também que o grau de ancestralidade dos nativos americanos em áreas de
alta montanha nos Andes, em contraste com os nativos das terras baixas, afeta a forma do nariz ",
diz Kaustubh Adhikari, que esteve envolvido nas análises. "Também encontramos evidências de
que a forma do nariz poderia ter sido modificada para permitir a adaptação de seres humanos a
diferentes condições ambientais, neste caso o clima de alta montanha, o que é muito interessante de
continuar investigando."

"As populações atuais que mais se parecem com os ancestrais de muitos latino-americanos estão
assentadas no sul da Espanha, provavelmente perto dos portos de onde os navios partiram", diz
Garrett Hellenthal, o outro responsável por este estudo. "Também encontramos grandes
quantidades de ancestrais alemães e italianos no sul do Brasil, bem como DNA do leste da Ásia em
diferentes partes do continente, mostrando uma consistência clara com registros históricos."
A Profa. Lavínia Schüler-Faccini (que coordena junto com a Profa. Maria Cátira Bortolini
da UFRGS o CANDELA-Brasil) comenta: “A história da colonização do Brasil inclui uma forte
influência portuguesa. Nossos dados estão em sincronia ao mostrar que o Tratado de Tordesilhas,
assinado em 1494, na verdade nunca foi respeitado pelos lusitanos e brasileiros, que expandiram sua
área progressivamente para o interior do continente. As incursões dos bandeirantes, desbravando o
interior do Brasil, criavam povoamentos, muito além do Tratado de Tordesilhas. Isto levou à
assinatura do Tratado de Madrid em 1750, com o objetivo de resolver o litígio entre Espanha e
Portugal com relação aos limites de suas colônias na América do Sul. Muito mais tarde, imigrantes
de outras partes da Europa se estabeleceram no Brasil, com um predomínio de alemães e italianos
na Região Sul, durante o período imperial no século XIX. Esta contribuição genética também
aparece no estudo.”

Da mesma forma, a ancestralidade da África subsaariana se assemelha às populações atuais


da África Ocidental. Surpreendentemente, o DNA nativo americano preservado pelos latino-
americanos é muito semelhante aos grupos nativos que ainda vivem perto de seus locais de origem,
demonstrando como os imigrantes se misturam com as populações locais. "O que mais me
entusiasma é que o DNA pode revelar novas informações sobre eventos importantes, como a
migração dos judeus convertidos, que de outra forma poderiam ter ficado escondidos para sempre",
diz Javier Mendoza Revilla, que também esteve envolvido no estudo. "Enquanto registros escritos
podem ser destruídos ou alterados, o mesmo não pode ser feito com DNA!"

Esta pesquisa foi possível graças à participação de voluntários e pesquisadores latino-


americanos do Brasil, Chile, Colombia, México y Perú, como parte do consorcio internacional
CANDELA. Foi financiada por Leverhulme Trust (Reino Unido), BBSRC (Reino Unido), Royal
Society (Reino Unido), Wellcome Trust (Reino Unido) y COLCIENCIAS (Colombia), CNPq
(Brasil – INCT – Genética Médica Populacional – INAGEMP)

As principais instituições envolvidas no Consórcio CANDELA são: University College London


- UCL (Reino Unido), Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (Brasil), Universidad de
Tarapaca - UT (Chile), Universidad de Antioquia - UdeA (Colombia), Escuela Nacional de Antropologia e
Historia – ENAH (Mexico), Instituto Nacional de Medicina Genomica - INMEGEN (Mexico),
Universidad Nacional Autônoma de Mexico - UNAM (Mexico), Universidad Peruana Cayetano Heredia
(Peru), Centro Nacional Patagonico – CONICET (Argentina), Aix-Marseille Universite (France) y
Universidad de Fudan (China).

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