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ANTONIO SEABRA PANTOJA JUNIOR - 2015830011

LEANDRO SILVA DA COSTA – 2015830007


RENAN JOSÉ FLORENTINO PINA - 2015830025
SUELEM CRISTINA DE SOUZA SOARES - 2015830039
THYAGO SERRÃO ALMEIDA– 2013830036

TECNOLOGIA EDUCACIONAL HQ GEOGRAFIA DOS


ORIXÁS

BELÉM– PA
2017
ANTONIO SEABRA PANTOJA JUNIOR - 2015830011
LEANDRO SILVA DA COSTA – 2015830007
RENAN JOSÉ FLORENTINO PINA - 2015830025
SUELEM CRISTINA DE SOUZA SOARES - 2015830039
THYAGO SERRÃO ALMEIDA– 2013830036

TECNOLOGIA EDUCACIONAL HQ GEOGRAFIA DOS


ORIXÁS

Manual da Tecnologia Educacional “HQ


Geografia dos Orixás” apresentado como
de avaliação da Disciplina Educação para
Relações Etnicorraciais, orientado pela
Professora Helena Rocha, ao Curso de
Geografia - Licenciatura, do Instituto
Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Pará.

BELÉM– PA
2017
ANTONIO SEABRA PANTOJA JUNIOR - 2015830011
LEANDRO SILVA DA COSTA - 2015830007
RENAN JOSÉ FLORENTINO PINA - 2015830025
THYAGO SERRÃO ALMEIDA– 2013830036

TECNOLOGIA EDUCACIONAL HQ GEOGRAFIA DOS


ORIXÁS

Avaliados por:

_______________________________
Helena Rocha

Data: ____/____/ 2017

BELÉM– PA
2017
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. REFERENCIAL TEORICO

1.1. Correntes historiográficas acerca da África...........................................................2


1.2. Problemáticas para implementação da lei 10.639/2003........................................5
1.3. Bases legais de ERER...........................................................................................8
1.4. Tecnologia Educacional.......................................................................................12
1.5. Contribuição do povo africano no Brasil..............................................................14

2. METODOLOGIA

2.1. Contextualização do Sujeito................................................................................15


2.2. Fluxograma da Tecnologia..................................................................................16
2.3. Os materiais........................................................................................................16
2.4. A Tecnologia Geografia dos Orixás.....................................................................17
2.5. Regras.................................................................................................................23
2.6. Os pré-testes.......................................................................................................23
2.7. O Teste................................................................................................................25

3. CONSIDERAÇÕES/PROPOSIÇÕES..................................................................27

4. BIBLIOGRAFIA...................................................................................................29

APÊNDICES
ANEXOS
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: FLUXOGRAMA DA CONTEXTUALIZAÇÃO DO SUJEITO....................15


FIGURA 2: FLUXOGRAMA DA TECNOLOGIA.........................................................16
FIGURA 3: ESTÓRIA HERANÇA CULTURAL AFRICANA.......................................18
FIGURA 4: ESTÓRIA HIDROGRAFIA DE IEMANJÁ................................................19
FIGURA 5: ESTÓRIA UM APRENDIZADO E UM LIÇÃO.........................................20
FIGURA 6: PASSATEMPOS DA HQ.........................................................................21
FIGURA 7: CAPA PROVISÓRIA DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL......................24
FIGURA 8: DIÁLOGOS DO HQ.................................................................................25
FIGURA 9: TESTE DE LEITURA...............................................................................26
FIGURA 10: TESTE DE LAYOUT..............................................................................26
FIGURA 11: TESTE DE CONTEÚDO.......................................................................27
FIGURA 12: TESTE DE INTERATIVIDADE..............................................................27
INTRODUÇÃO

O processo de ensino e aprendizagem requer tempo, recursos e


metodologia para dar vida aos conteúdos e efetivar a aprendizagem tornando-a
significativa, contribuindo para a formação cidadã. Essa formação e a significância
disso toma corpo quando políticas públicas adentram nesse processo, propondo a
modificação de realidades sociais e de injustiças históricas. Destarte, a proposição
do ensino com metodologias inovadoras é uma das disposições que norteiam o
ensino superior em Licenciatura e que contribuem para a formação do profissional
em Educação a fim mediar o ensino e aprendizagem de forma assertiva e
significativa. Logo, é de grande valia na graduação a aprendizagem dos métodos e
técnicas para a execução desses projetos.

Diante disso, ao nomear a Tecnologia de HQ Geografia dos Orixás visou-se


a interação de interdisciplinaridade, transversalidade, contextualização juntamente
com a simetria invertida e transposição didática a fim propiciar a aprendizagem
significativa. Assim, a forma de HQ é um instrumento interativo e instigante devido
ao formato e ao público alvo a que se dedica – Alunos do ensino fundamental II, 7º
série. Diante disso, o HQ conta com 3 (três) estórias dispostas e interligadas de
modo a relacionar a categoria geográfica lugar com a transversalidade em ERER e
por fim conta com passatempos contento caça palavras; jogo de sete erros, ligue
artefato aos meios de uso e por fim as respostas desses.

Assim, o desenvolvimento do uso da Tecnologia Educacional evidência a


sua praticidade uma vez que ao dispor dos HQ’s o professor poderá distribui-las em
sala a fim de que seus educandos leiam-nos, interajam nos passatempos e
observem nas estórias as relações entre a Categoria Geográfica Lugar, a
Transversalidade em ERER, a interdisciplinaridade com língua Portuguesa proposto
pelo editor na transposição didática e fazendo a simetria invertida. Feito isso, ao ler
os HQ’s o aluno se apropria da linguagem observando as variabilidades linguísticas
e o que isso identifica como marca cultural e indenitária.

Desse modo, a inovação decorre de utilizar-se de instrumentos como HQ’s


entre outros que viabilizem a Educação através da evolução de processos tanto na
aprendizagem quanto na formatação desta aprendizagem. O processo de ensino
aprendizagem se torna menos monótono e apreende-se que ao folhear um HQ o
educando estabeleça uma relação de identidade visto que pode estar inserido nesse
mundo dos quadrinhos como forma de primeira leitura.

Observando isso e que a Tecnologia Educacional é partícipe de processo de


ensino e aprendizagem de alunos de graduação e faz parte da avaliação da
disciplina Educação para as Relações Étnico Raciais na perspectiva de possibilitar
ao graduando a experienciação de construção do conhecimento e de recursos
didáticos para a aplicação no ensino básico permeadas pelas categorias usais ao
saber docente

Uma dessas categorias, Interdisciplinaridade constitui um esforço de


apreensão de que as ciências não são fatos isolados da realidade, mas interligações
constitutivas de um todo tangível e que necessita ser constituído de esforços de
interpretação da realidade pela apropriação do conhecimento conjunto que efetive a
multiplicidade das visões de uma problemática. Assim, a interdisciplinaridade na
Tecnologia Educacional HQ Geografia dos Orixás evidencia-se quando a marcas
linguísticas são pontuadas e os regionalismos são expostos e materializam a
contribuição da Cultura Afro-Brasileira e Africana.

Diante disso, os processos de construção da Tecnologia Educacional


perpassam pela interação da Tecnologia com a Educação para as Relações Étnico
Raciais. Isso transversaliza a proposição da Lei 10.639/03 que dispões sobre a
obrigatoriedade de Ensino de História e Cultura Afro brasileira e Africana. Sendo
assim, a transversalização ocorre quanto a História e a Cultura Afro-brasileira e
Africana são permeados nas disciplinas mediadas pelas categorias de cada ciência
e se configuram como possibilidade de ensino e aprendizagem.

A partir disso, a contextualização se faz com a interação entre a Tecnologia


e a usual utilização de termos e expressões de origem africana que permeiam o
dialeto da Língua Portuguesa falada no Brasil e o uso corriqueiro dos alunos nas
suas relações.

Assim, conformar a formação inicial de professores para que essa contemple


habilidades como transpor o conhecimento científico e que essa seja vislumbrada na
formação inicial com a adequação nos modos do fazer docente fazendo um diálogo
entre a prática e a teoria favorecendo outros processos e fomentado uma melhora
na formação e efetivando sobremaneira o ensino e aprendizagem.

Desse modo, o manual compõe-se de 3 (três) partes e suas subdivisões. A


priori, é apresentado a metodologia que se compõem da discussão conceitual
acerca da problemática das Relações Étnicos Raciais e o ensino de Geografia. A
posteriori, discorre sobre a metodologia, as considerações finais e os apêndices e
anexos. Nesses tópicos discorre-se sobre a utilização da Tecnologia Educacional em
sala de aula, a indicação de série/turma e como isso fomentará aprendizagem e o
ensino a fim de efetivar a desmistificação de preconceitos e construção de cidadania
para a vivência da diversidade.
1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1. Correntes Historiográficas acerca da África

A história da África, negada e invisibilizada secularmente, tem em sua


contemporaneidade um entendimento lógico e didático e que é fundamental para
que possamos compreender a sua historicidade, e esta compreensão está na
concepção da ideia da existência de três correntes historiográficas, cujos os
contextos, contribuirão significativamente para os processos produtivos em cada
uma delas. A seguir discorreremos uma breve apresentação sobre cada uma destas
correntes.

A Corrente da Inferioridade Africana

Também conhecida como a invenção da África, esta parte do pressupostos


das construções conceituais feitas para o continente africano a partir da ótica e do
olhar eurocêntrico do colonizador, que respaldado pela validação científica, teceu
todas as suas construções, tendo como base o discurso da justificativa da
dominação territorial, e para isso, se fez valer até de conceitos evolutivos biológicos
com o intuito de inferiorizar toda e qualquer visão do continente para o mundo dito
“civilizado”, e a proposta da “modernidade”, possível apenas pelo impositivos do
imperialismo.

As produções sobre a África neste contexto, final do século XIX e início do


XX, foram recheadas de pré-conceituações pejorativas, o que acarretou um prejuízo
secular, cujo qual, reverbera até os dias de hoje, estas iam das manifestações
culturais, sociais e passavam pelo estereótipo físico e comportamental, fruto de uma
falta de conhecimento sobre estes povos e até mesmo de um interesse sobre.
Dentre as várias concepções científicas utilizadas para conceituar o povo africano
estava a de Racialismo, onde os povos podiam ser classificados através de
características hereditárias, e estas iam de elementos físicos a comportamentais
como, a ética e a moralidade, como nos afirma Malavota: "Esta perspectiva racialista
e racista, segundo o filósofo africano KwameAppiah, atribuía as características
biológicas, aptidões intelectuais e atribuições morais, legitimando a classificação e a
hierarquia entre as raças". (MALAVOTA, 2011, p.4)

2
A partir daí fica claro compreender que a historiografia africana dentro desta
corrente tem fortes características de inferiorização, pois os autores que a teceram
tiveram como elemento principal o modelo civilizatório hegemônico europeu com a
clara finalidade de transformá-los em selvagens indomáveis, sem história e
humanidade justificando sua comercialização.

A Corrente da Superioridade Africana

A partir da segunda metade do século XX as construções historiográficas


dentro desta corrente, tinham como ponto de partida o olhar a África pelos
pressupostos africanos, onde a prioridade era produzir e contar a história do
continente sob as óticas de autores africanos e africanistas não eurocêntricos e
revelar a verdadeira contribuição deste, segundo os autores, para a humanidade.
Esta concepção produtiva encontrou terreno fértil no pós-guerra, neste contexto, o
afrouxar dos julgos coloniais propiciaram que os africanos assumissem maciçamente
o papel de protagonistas na História e Ciência contemporânea, o que lhes deu
condições de questionar a visão exótica da ciência entorno dos estudos africanos o
que propiciou um olhar crítico sobre as produções anteriores que descreviam
deturpadamente a realidade africana como segue abaixo:

A partir das experiências e desilusões que seguem à independência gradual


ou violenta dos povos africanos, na década de 60, e com a caracterização
de relações neocoloniais entre os países avançados da Europa, América e
Ásia e as ex-colônias da África, os Estudos Africanos passam a ser
permeados de enfoques funcionalistas ou marxistas, com destaque para a
disciplinas Antropologia, Sociologia e Ciência Política, mas já se referem a
uma área de conhecimento mais ampla de orientação interdisciplinar que
envolve também a Arte e a Arqueologia, a Economia, a História, a
Geografia, a Linguagem e a Literatura, a Lingüística Comparada, a Música,
a Política, a Religião, a Filosofia e os Estudos das Ideologias. Além disso,
mas não menos importante, as lutas por libertação da África do jugo
colonial, as denúncias da existência do racismo e da exclusão das
populações de origem africana na diáspora e a própria historiografia vão
estar pautada nas ideias pan-africanistas e de negritude. (MALAVOTA,
2011, p. 07)

A busca pela valorização do legado africano e negro visou durante o


processo, firmar os aspectos culturais, exaltando seus elementos positivos e fazer o
sentimento de pertencimento aflorar em todos os africanos, o marco deste
3
movimento foi a publicação pela UNESCO da coleção História Geral da África como
nos mostra Malavota.

Como mesmo afirma Ki-Zerbo, no texto introdutório do primeiro volume da


coleção, a história da África, “como a de toda humanidade, é a história de
uma tomada de consciência”. E, portanto, deve ser reescrita porque até o
presente momento foi camuflada, mascarada, desfigurada, mutilada pela
força das circunstâncias, ou seja, pelo interesse. (KI-ZERBO, 1982, p. 21,
apud, MALAVOTA, 2011, p 08).

Assim sendo, a proposta da superioridade africana não pode ser entendida


como uma proposta de substituição do eurocentrismo por um afrocentrismo, mas
como o desenvolvimento e a produção intelectual que nos subsidie nos
posicionamentos históricos e que venha humanizar o pensamento para que esse se
manifeste para além da raça.

A Nova Escolas de Estudos Africanos

Essa nova corrente historiográfica leva em consideração as contribuições


tanto internas quanto as externas, as diversidades culturais contextuais em cada
período específico sempre partindo da perspectiva africana, tornando conhecida sua
historicidade e fazendo uso de técnicas investigativas específicas para cada método
de pesquisa, como nos fala o texto a seguir.

O estado atual dos Estudos Africanos é caracterizado, principalmente, por


uma vasta revisão bibliográfica produzida tanto por intelectuais africanos
como outros de diferentes nacionalidades que rompem com a historiografia
colonialista tornando possível a interação global de perspectivas que se
relacionam e desconstroem a visão de produções eurocêntricas e
colonialistas. A premissa essencial destes novos estudos é a
descolonialidade do olhar e, portanto, da abordagem, como propõe Mignolo.
(MALAVOTA, 2011, p. 10)

A descolonização da mente dos povos africanos e, ousamos aqui dizer, a


desmetropolização do posicionamento que muitas vezes assumimos, ou
consumimos, é o que esta nova escola vem nos propor como ação afirmativa e

4
intelectualizada para reverter os estigmas, até então. perpetuados na cultural
ocidental sobre o continente africano e seus povos.

A partir dos pressupostos aqui apresentados, nos debruçaremos sobre a


Nova Escola de Estudos Africanos com o intuito de produzirmos uma Tecnologia
Educacional - TE, que venha a provocar um contato com a ciência Geográfica e
elementos da cultura africana, proporcionando uma percepção de o quanto esta
bagagem também nos pertence e desmistificando os estigmas negativos que
secularmente a estas foram impressos.

Nossa proposta é, desenvolver uma HQ - estória em Quadrinho, que em seu


enredo expresse a atuação de um professor de Geografia afro-religioso, que
transversalizar o conteúdo geográfico de sua disciplina, com a mitologia religiosa
africana, promovendo uma discussão em sala, que a herança cultural destes povos
foi tão importante quanto a dos povos europeus em nossa formação enquanto
nação, e por isso deve ser valorizada tal qual, nossa ideia inicial é que façamos isso
em três volumes de HQ.

Para justificarmos a validade de nossa proposta, apresentamos a seguir as


problemáticas que exigem produções de Tecnologias Educacionais, com a finalidade
de atuarem como ações afirmativas.

1.2. Problemáticas para implementação da Lei 10.639/2003

Para Wedderburn (ANO) existem três problemáticas que dificultam a


divulgação e o ensino sobre a história e cultura da África, tais questões se fazem
presentes na aplicação e implementação da Lei 10.639/2003; as problemáticas são
as seguintes: a problemática, epistemológica, metodológica e a didática.

A problemática epistemológica trata do modo como o conhecimento sobre o


continente africano foi repassado e influenciado ao longo dos séculos, Wedderburn
retrata que muitos pensadores atribuíram uma visão racista ao continente não
retratando de forma adequada as suas singularidades:

No contexto da história geral da humanidade, a África apresenta um número


impressionante de singularidades, em planos diversos, que remetem a
interpretações conflituosas e, muitas vezes, contraditórias. É provável que
nenhuma das regiões habitadas do planeta apresente uma problemática de

5
abordagem histórica tão complexa quanto a África, e isto se deve a muitos
fatores.(WEDDERBURN, 2005, p. 5).

Dentre tais singularidades destaca-se o fato de o continente Africano ser o


berço da humanidade, quanto a isso o autor expressa:

A mais marcante das singularidades africanas é o fato de seus povos


autóctones terem sido os progenitores de todas as populações humanas do
planeta, [...] Os dados científicos que corroboram tanto as análises do DNA
mitocondrial quanto os achados paleoantropológicos, não cessam de
apontar nesse sentido. [...] A humanidade, antiga e moderna, desenvolveu-
se primeiro na África e logo, progressivamente e por levas sucessivas, foi
povoando o planeta inteiro, portanto, as atuais diferenças morfo-fenotípicas
entre populações humanas – as chamadas “raças” – são um fenômeno
recente na história da humanidade [...]. (WEDDERBURN, 2005, p. 6).

E devido a essa visão distorcida proposta por muitos autores renomados


como Hegel, Marx, Montesquieu, e tantos outros citados por Wedderburn, a África
sofre uma segregação referente à cultura, música, dança e traços fenotípicos, pois a
realidade passada é apresentada sobre uma perspectiva do ponto de vista
colonialista, e consequentemente não destacando as características ímpares, como
as grandes civilizações, que habitaram o continente na antiguidade.

A próxima problemática apresentada por Wedderburn, é a metodológica, que


irá discorrer no modo como a metodologia sobre o ensino da África é aplicada em
sala de aula, essa análise apresenta dois enfoques pois irá analisar o continente de
dentro para fora; e também de fora para dentro:

A África deve ser estudada a partir de suas próprias estruturas, analisando-


as em função das inter-relações dentro do continente, mas também em
relação ao mundo extra-africano. Somente assim se poderão descobrir as
múltiplas maneiras pelas quais a evolução dos povos africanos interferiram
e/ou influenciaram eventos nas diversas sociedades do mundo e não
somente o inverso, como se dá o caso até agora. Um enfoque diacrônico
que privilegie tanto as relações intra-africanas como a interação do
continente com o mundo exterior permitirá dar conta de fenômenos e de
períodos que ainda se mantém na escuridão e são lacunas do
conhecimento mundial. (WEDDERBURN, 2005, p. 13).

6
Assim Carlos Wedderburn alerta para a importância de não isolar a história
africana do resto do mundo, todavia compreender a história africana nos ajudará a
ser mais tolerantes e a compreender a nossa própria história como os grandes
processos migratórios desde o surgimento dos primeiros hominídeos.

A terceira problemática aborda a didática de ensino, e se preocupa em como


os conhecimentos sobre a África serão repassados, o autor cita alguns autores
renomados como Ki Zerbo, Anta Diop, ElikiaM’Bokolo, Boubakar Barry, J. F. A. Ajayi,
entre outros para se estudar a história e cultura africana, e tais autores criam uma
estrutura de análise obtendo como referência o enfoque histórico-temporal de longa
duração; a diacronicidade continental; a preeminência histórica absoluta e exclusiva
do continente africano na emergência da humanidade, na sua configuração tanto
antiga como moderna e no povoamento do planeta; a anterioridade histórica da
civilização egípcio-núbio-meroítica; a evolução multilinear das sociedades africanas
a partir de matrizes político-econômicas, filosófico-morais e linguístico-culturais
comuns; entre tantos outros componentes que são agregados na formação da
sociedade africana ao longo da história. (WEDDERBURN, 2005, p. 16).

Dentre estas três problemáticas apresentadas apenas uma será escolhida


para dar maior enfoque de acordo com a proposta da Tecnologia Educacional
Geografia dos Orixás, pois a ideia central da tecnologia será representada por meio
de uma revista em histórias em quadrinho, abordando a história e cultura da África e
atrelando ao caráter religioso, com histórias que incluem o culto e o contexto ligado
aos orixás, interligando tais contos com a problemática epistemológica e a corrente
da Nova Escola de Estudos Africanos, que em linhas gerais abarca os estudos sobre
a África com uma visão a traçar a historiografia continental com base em processos
endógenos e exógenos ao continente africano, englobando suas diversidades
culturais. (M´BOKOLO, 2008 apud MALAVOTA, ANO, p.9).

A Lei 10.639 que torna o ensino da história e cultura africana e afro-


brasileira, como obrigatórios na educação básica; tendo como principal objetivo
reduzir a visão preconceituosa existente no país, além de promover a igualdade e o
respeito, visa também mostrar as contribuições africanas para a formação deste
país; e é nesse contexto que a Tecnologia Educacional está inserida, atuando no
estabelecimento da igualdade mútua entre raças, e no respeito, abordando algumas
7
das várias contribuições principalmente no âmbito cultural, que foram incorporadas
na sociedade brasileira.

A TED (Tecnologia Educacional) vem agregar valores culturais das raízes


africanas inerentes ao processo de construção do meio de vida brasileiro, dentre
estes serão abordados traços religiosos como o culto aos orixás, questões
referentes ao vocabulário, música, dança, alimentação e diversos outros traços que
influenciam a cultura brasileira nos dias atuais; além de serem traçadas as
perspectivas da Geografia Cultural e da Geografia Física, que irá fazer uma ligação
direta com os elementos da natureza representados por cada orixá citado.

O próximo tópico irá discorrer sobre as bases legais da Lei 10.639 de 2003
referente ao Estudo das Relações Étnico Raciais, analisando a aplicação e os
pontos mais relevantes apresentados na legislação específica.

1.3. Bases Legais de ERER

Referente a base legal do Ensino das Relações Étnico Raciais (ERER), criou
- se, uma lei que que garantiria a obrigatoriedade do ensino da temática História e
Cultura Afro - Brasileira, que é a Lei N° 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Que diz em
um dos seus artigos:

Art. 26-A. “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e Médio, oficiais e


particulares, torna - se obrigatório o ensino sobre a história e cultura Afro-
brasileira” (BRASIL, 2003)

A obrigatoriedade da temática, está relacionado com a luta do movimento


negro por ensino, mais justo com a contribuição da cultura africana para formação
da sociedade brasileira e a valorização do papel do afro-brasileiro na história e
cultura do Brasil. Também pela preocupação do currículo escolar, em ter esse
conteúdo no PPP das escolas e como o professor lida com as diversidades dentro
das suas aulas. Essa lei veio para quebrar paradigmas, estereótipos e o racismo
institucionalizado nas escolas pelo modelo de educação exportado da Europa, que
reproduzia a imagem do negro de forma inferiorizada.

8
Aplicação da lei está obrigatoriamente em três disciplinas fundamentais, que
no Art. 26-A, diz:

§ 2° Os conteúdos referentes à História e cultura Afro-Brasileira serão


ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
educação Artística e de literatura e História Brasileira. (BRASIL, 2003)

Porém apesar da importância expressa pela Lei 10.639 de 2003, a mesma


esbarra em algumas dificuldades como a burocracia brasileira, inerente à
comunicação e o distanciamento entre municípios, estados, União e Distrito Federal,
a lei em análise tem como objetivo principal o combate ao racismo e ao preconceito,
todavia a mesma encontra se em um lento processo de adaptação, processo esse
que resulta tal lei ser muito pouco conhecida por uma parcela significativa da atual
sociedade brasileira.

Referente a aplicação da lei há uma preocupação especial voltada para as


instituições de ensino superior e para a formação de professores, inerente a isso
temos a alínea “c” do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História
e Cultura Afro-Brasileira e Africana; tal alínea visa dedicar especial atenção aos
cursos de licenciatura e formação de professores, garantindo formação adequada
aos profissionais da educação atribuindo aos mesmos conhecimentos atrelados ao
ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana; e também interligados as leis
10.639/03 e 11.645/08. (BRASIL, 2013, p. 40). Essa preocupação é atendida através
da disciplina Educação Para as Relações Étnico-Raciais (ERER), presente como
disciplina obrigatória na grade curricular dos cursos de licenciatura das Instituições
de Ensino Superior (IES).

A alínea “d” do mesmo documento diz o seguinte:

Desenvolver nos estudantes de seus cursos de licenciatura e formação de


professores(as) habilidades e atitudes que permitam contribuir para a
Educação das Relações Étnico-Raciais, destacando a capacitação dos
mesmos na produção e análise crítica do livro, materiais didáticos,
paradidáticos e literários, que estejam em consonância com as Diretrizes
Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e com a temática das Leis n°
10.639/03 e n° 11.645/08. (BRASIL, 2013, p. 40).

9
Esta alínea incentiva os graduandos a buscarem uma visão crítica sobre o
que é exposto no livro didático, para que os mesmos possam obter uma opinião
própria sobre o modo de como tal conteúdo referente a História e Cultura da África é
abordado e repassado por alguns autores dos livros didáticos e paradidáticos,
traçando dessa maneira a melhor escolha do material a ser utilizado futuramente em
sala de aula e analisar se o mesmo está em conformidade com a lei.

Em conformidade ao papel das IES há também a importância imposta aos


Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) que corroboram com pesquisas e
materiais didáticos que irão auxiliar as IES, quanto a atuação dos NEAB’s destaca-
se a línea “b” do item 6.1 do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana que prega exatamente isso a
confecção de materiais didáticos nas Instituições de Ensino Superior, no IFPA essa
prática é visível na divulgação, distribuição, formatação e aprimoramento de
materiais didáticos e paradidáticos.

No que se refere a disponibilização de material para consulta de pesquisas e


publicações, tudo está nos conformes, onde temos acesso a uma vasta gama de
materiais produzidos por alunos das licenciaturas e além de total colaboração do
NEAB em auxiliar sobre esse tema em produções científicas. E ter um curso de
especialização em ERER, todas essas produções têm visibilidade dentro da
instituição de ensino graças ao empenho de divulgação dos trabalhos e eventos,
tudo isso, conforme está no Plano Nacional de ERER (Brasil, 2013, p. 44): d)
“Divulgar e disponibilizar estudos, pesquisas, materiais didáticos e atividades de
formação continuada aos órgãos de comunicação dos sistemas de educação”. Então
se vê a grande importância de produzir um trabalho e divulgar, para que outras
instituições tenham acesso essas informações que possam ajudar trabalhos futuros.

Como nossa tecnologia está sendo desenvolvida para ser uma HQ, é
importante frisar que como consta nos altos da lei no Plano nacional de
implementação de ERER (BRASIL, 2013, p. 52): e) “Prover as bibliotecas e as salas
de leitura de materiais didáticos e paradidáticos sobre a temática étnico-racial
adequados à faixa etária e à região geográfica do jovem”. Nesse ponto os materiais
didáticos têm sua importância para promover uma a proximidade do hábito de leitura
10
e além de trabalhar a questão da problemática que está proposta na tecnologia
educacional. Assim como a disponibilidade desse material para os alunos utilizarem
nas bibliotecas em atividades em sala de aula.

Promover total acesso ao material teórico de pesquisa e disponibilizá-lo


para todos os cursos de licenciatura é uma prática que ocorre dentro do NEAB-IFPA,
muito do nosso referencial está conforme o PPC do curso de geografia e material de
auxílio de todas publicações que acontecem em eventos, no que são produzidos
juntos ao curso de especialização, artigos e livros, tudo conforme Plano nacional de
implementação de ERER( BRASIL, 2013,p. 53): e) “Construir, identificar, publicar e
distribuir material didático e bibliográfico sobre as questões relativas à Educação das
Relações Étnico-Raciais para todos os cursos de graduação”. Esse tipo de aparato
teórico ajuda na produção de outros trabalhos acadêmicos, além promover uma
aproximação ao NEAB os cursos de licenciatura e possivelmente desperte o
interesse para assuntos relacionados à questão racial.

Na formação de professores, existe um trabalho voltado que contemplam


várias modalidades da educação, dentre elas, a modalidade Educação de Jovens e
Adultos- EJA, no que diz respeito à disponibilização de material que trabalhe
educação étnico racial para comunidade junto ao NEAB que contemple essa
modalidade (BRASIL, 2013, p. 56). Em virtude de outras disciplinas de como
vivência IV que trabalha com essa proposta.

Por meio de educação tecnológica, promove-se eventos de trabalhos


acadêmicos no Instituto Federal do Pará, junto a Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica - SETEC, mostrando as pesquisas que se desenvolveram
em colaboração com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão - SECADI. Para uma melhor contribuição para o público
acadêmico.

Com todas essas referências legais e mais a realidade do IFPA, podemos


concluir que a construção da tecnologia educacional, nos possibilita uma melhor
experiência tanto acadêmica de produção quanto de divulgação de nossos trabalhos
podemos verificar nos próximos tópicos como é feita a parte de contextualização e
confecção da tecnologia educacional.

11
1.4. Tecnologia Educacional

Compreender como o processo de educar pode ser mediado pela tecnologia


perpassa por entender que o aprendizado é mediado por sujeitos e meios os quais
este dispõe para efetivar o ensino e a aprendizagem. Um livro, um vídeo ou uma
simples observação da natureza que contenha algo que medeie a aprendizagem e o
ensino constituem recursos valioso para o ensino e aprendizagem. Dessa forma, a
Tecnologia Educacional constitui instrumentos de mediação semiótica que possibilita
a interação entre o sujeito e o objeto de estudo de forma singular e interativa. Assim,
segundo Rocha (2014) a Tecnologia Educacional pode ser compreendida como
objeto natural ou não que pode ser definida como facilitador da aprendizagem.

Para viabilizar os objetivos didáticos e mediar o ensino e a aprendizagem os


professores perpassa pela identificação da cultura erudita e científica transformando
- a através de processos de desconstrução didática e laborativa de conceitos. Esse
processo não é uma mera simplificação, mas uma reorganização conceitual e
objetiva do saber que viabiliza a aprendizagem de conceitos complexos e
pertinentes ao educando conforme aponta Rocha:

Antes de chegar ao receptor do conhecimento - o aluno -, o conhecimento


científico sofre um processo de transformação, reelaboração e organização
para fins de aplicabilidade didática. O conhecimento científico é, dessa
forma, travestido, transposto em conhecimento escolar que por sua vez,
encontra-se organizado na forma de conteúdos escolares nos ementários
das disciplinas constantes do desenho curricular. (2014, p13)

Esse conhecimento científico transposto é a adequação do saber sábio para


o saber escolar. É isso que viabiliza a aprendizagem uma vez que ao transpor o
conhecimento científico o professor utilizando-se de recursos didáticos elabora
conceitos pertinentes a aprendizagem e constrói conjuntamente com o educando o
cabedal conceitual desse de forma a fazê-lo compreender processos e lógicas
inerentes a sua própria existência. A transposição didática é um instrumento de
reorganização do saber para mediado por instrumentos para efetivar a
aprendizagem de modo que o cientificismo e academicismo não impeçam a
aprendizagem e o ensino.

12
Conforme Rocha (2014) esse processo caminha do saber mediado pela
investigação e construção de teorias e teses pelos cientistas e pesquisadores
perpassando pela validação da comunidade científica e a partir disso pela
construção por parte dos elaboradores de conteúdos para o ensino - autores e
editoras, passando pelo filtro didático elaborado pelos professores e sua prerrogativa
de autonomia e finalmente pelo que os educandos adquirem desse processo todo.

Desta feita, observa-se que o conhecimento advindo do saber sábio orienta


a aprendizagem, mas não a subjuga devido a diversos fatores que inerentes ao
processo de ensino e aprendizagem percorrem todo esse processo de adequação e
reelaboração tendo em vista a efetivação do conhecimento e consecução dos
objetivos didáticos.

Segundo Rocha (2014) os processos são os mais diversos e enseja tão


somente a perspicácia e precisão não tão somente dos elaboradores dos conteúdos
e livros didáticos, mas é fundamentalmente do professor. Nisso, o processo de
ensino e aprendizagem perpassam não somente pelo saber e pela técnica do
professor, mas de todo um corpo de marcos legais e sociais permeados pela cultura
orientados pela interação entre os sujeitos na busca de sua reprodução social e
econômica. Desta feita, a cultura é mais do que uma simples demonstração de
unidades coletivas, entrementes representa a percepção e efetivação de resistências
no conjunto de processos homogeneizadores como a Globalização.

Isso no Brasil, se configura com a negação de direitos e de invisibilização de


culturas - indígena e africana, que se configuram como as marginalizadas dos
processos econômicos e sociais de formação da nação. Diante disso, e observando
a necessidade de viabilizar essa valorização e a transposição didática e observando
que os marcos legais como a lei 10. 639/03 que conformam a obrigatoriedade do
ensino de Cultura e História Afro-brasileira e Africana tem-se que tecnologias
educacionais podem fomentar a aprendizagem de forma inovadora e criativa
melhorando as formas de transpor didaticamente o saber sábio.

13
1.5. Contribuição do Povo Africano no Brasil.

A importância da Geografia em ensinar como o corremos processos, as


relações e os fenômenos no espaço geográfico, está relacionado, com a
compreensão de como o homem transforma a natureza e produz espaço em que
vive. Muitas das vezes percebemos os vários elementos que compõem a paisagem
nos quais diferenciam - se, por ser fruto do processo histórico momentâneo que ali
se fez. As influências dos outros povos marcam a formação uma sociedade repleta
de contribuições culturais e patrimoniais. Nessa perspectiva a geografia tem o dever
enquanto ciência e disciplina escolar de explicar a partir dos processos de como
aconteceu e qual a consequência dessas contribuições. E para isso utilizamos um
chamado de Geografia Cultural.

A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s - do Ensino


fundamental, iremos trabalhar dentro do eixo-temático, um só mundo e muitos
cenários geográficos, no qual o tema é Paisagens e diversidade territorial no Brasil
no item as expressões culturais de origem europeia, africana, indígena, asiática e
outras na paisagem brasileira. Fazendo um recorte sobre a contribuição africana,
pois o tema da tecnologia educacional é África. Iremos contextualizar e trabalhar a
questão da religião.

A ciência geográfica trabalha com suas especificidades, na área do


ensino o professor tem a obrigação de trabalhar os pontos abordados nos PCN’s,
que são importantes para compreender a geografia, mas apesar disso ele também
tem dever trabalhar temas que são importantes os chamados temas transversais,
perspectiva do tema a ser trabalhado iremos usar a Pluralidade cultural, que no
PCN’s, diz:

Ainda com relação às conexões entre Geografia e Pluralidade Cultural,


destaca-se, no campo da educação geográfica brasileira, um trabalho que
busca explicar, entender e conviver com procedimentos, técnicas e
habilidades desenvolvidas no entorno sociocultural próprio de certos grupos
sociais, como as produções das culturas indígena e negra brasileiras.
(BRASIL, 1998 p.44)

14
Nesses pontos abordados no PCN’s, iremos enfatizar a cultura afro-brasileira e
a contribuição africana para formação da nossa sociedade na questão religiosa
através de nossa tecnologia educacional.

2. METODOLOGIA

2.1. Contextualização do indivíduo

Nossa tecnologia abarcará conteúdo geográfico para a série do 7º ano do


fundamental II, com alunos da faixa de idade etária entre 12 e 13 anos, e com
preferência de aplicabilidade nas escolas de ensino da rede pública, por
acreditarmos que estes têm a menor possibilidade de terem contato com esse tipo
tecnologia.

Figura 1: Fluxograma da Contextualização do Sujeito

MEDIAROR
SUJEITO
SEMIÓTICO

CULTURA AFRO
BRASILEIRA E
AFRICANA

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

Desta feita, o ensino e aprendizagem mediado por uma Tecnologia


Educacional perpassa por compreender que o educando é sujeito da aprendizagem
e que está inserido em processos de múltiplas nuances e que a escola é mais um
canal de aprendizagem e que há variadas formas de aprendizagem. Nisso a
aprendizagem pode ser mediada por quaisquer formas desde que o objeto seja
tangível e que se faça as devidas adequações para tal fim como demonstra a Figura
1. Nessa figura, infere-se que o mediador semiótico contribuirá para a apreensão da
cultura afro – brasileira e africana mediante a intensão do sujeito de compreender e
aprender sobre determinado assunto. Diante disso, considera-se que somente será

15
possível apreender algo mediante instrumentos que intermedeiem e a aprendizagem
e para tanto necessitam de um rigor cientifico e didático.

2.2. Fluxograma da Tecnologia

Figura 2: Fluxograma da Tecnologia


CULTURA AFRO BRASILEIRA E AFRICANA

MEDIADOR SEMIÓTICO

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA

TRANSVERDALIDADE

SIMETRIA INVERTIDA

VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFRO BRASILEIRA E AFRICANA

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

Na figura acima, observa-se a dinâmica fluxos de informação e conteúdo da


Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás que permeando a tríade
interdisciplinaridade e transversalidade quando trata da cultura afro – brasileira e
africana mediante o mediador semiótico

2.3. Os materiais

Os materiais utilizados para a composição da Tecnologia Educacional


Geografia dos Orixás são os recursos disponíveis em um site de edição de
quadrinhos cuja a orla (Uniform Resource Locator) é www.pixton.com/br. Nesse site
existem diversos recurso como a edição de ambientes, personagem, cor dos
ambientes e personagem, posicionamento dos personagens em relação a outros e
ao ambiente, feição de personagens, animação dos personagens e diálogos. Diante
desse cabedal utilizou-se os mais adequados para a confecção da Tecnologia
Educacional Geografia dos Orixás. Diante disso, os materiais utilizados para a arte
parcial e final foram: papel A4, tinta preta e colorida, papel revista, e grampos.

16
2.4. A Tecnologia Geografia dos Orixás

A proposta de criar uma Tecnologia Educacional com a temática


religiosidade afro-brasileira e africana, foi pensada para ser uma HQ vai ser uma
história onde o professor vai tentar desmistificar paradigmas e preconceitos sobre a
religião afro-brasileira, associando ao conteúdo de geografia e usando o método de
trabalho de campo, ele vai explicando sobre as figuras religiosas e associando a
geografia. E também determinadas atividades:

1. Caça palavras;
2. Jogo de sete erros;
3. Ligue artefato aos meios de uso;
4. Quizz;

17
Figura 3: Estória da Herança Cultural Africana

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

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Figura 4:Estória Hidrografia de Iemanjá

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

19
Figura 5: Um aprendizado e uma lição

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

20
Figura 6: Passatempos da HQ
A seguir temos algumas palavras de origem africana que foram incorporadas ao
nosso idioma. Ache as no caça palavras

ABADÁ – Túnica folgada e comprida. Atualmente, no Brasil, é o nome dado a uma


camisa ou camiseta usada pelos integrantes de blocos e trios elétricos
carnavalescos.
ACARAJÉ – Bolinho feito de massa de feijão-fradinho frito no azeite de dendê e
servido com camarões secos.
BABÁ – Ama-seca; pessoa que cuida de crianças em geral; pai-de-santo; a origem
é controvertida sendo, para alguns estudiosos originária do quimbundo, e para
outros do idioma iorubá.
CAÇAMBA – Balde para tirar água de um poço; local onde se depositam detritos.
FUBÁ: Farinha de milho.
MOCOTÓ – Pata de bovino utilizada como alimento. Tornozelo.
PATOTA – Turma. Grupo.
QUILOMBO – Lugar onde se abrigavam os escravos fugidos. Acampamento ou
fortaleza. Folguedo popular alagoano em forma de dança dramática.
SARAPATEL – Guisado feito com molho pardo e miúdos de certos animais,
especialmente o porco.
VATAPÁ – Da culinária (comida), iguaria de origem africana, à base de peixe ou
galinha, com camarão seco, amendoim etc., temperada com azeite de dendê e
pimenta.

Brasil e África

D R C O A X O A B F R I J R A
L I L J I T V W A U Ú R A M G
G S X O L R O C B E S C B E E
A J E S U S Ó T Á H T A J T V
A C A R A J É L A X I J B E E
Z B J J H P Z O P P C P H R V
G A É Z B Z B A Y M O K É R P
F Y N P E M D P I Á I T M A T
A I Ó T O C O M D L N S A H E
E W E L U S H A Q I A F R C U
N U I M L C B S C Y B J E Y K
I U U J A A I O Á B U F F E O
Q F O L K N C V B L M I E W H
M H L F U B J G Z E C Z Z N R
Q H X Q I P Z Á P D H R O Q C
21
ABADÁ
ACARAJÉ
BABÁ
CHARRETE
FUBÁ
IEMANJÁ
JESUS
MOCOTÓ
PATOTA
QUILOMBO
RÚSTICO
SIMPLÓRIO
SOPÉ
ZAILA
ZEFERA
ÉTNICO

1-Hoje é uma comida típica mas segundo a lenda era dada aos escravos junto com
as sobras de comida.

2- Farinha utilizada na época do Brasil colônia e substitua a farinha de trigo em


alguns casos.

3-Crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual


depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência.

4- Instrumento musical utilizado na capoeira.

5- É um orixá africano cujo nome deriva do idioma Iourubá.

6- Consiste em um instrumento musical formado pela junção de dois tambores.

22
7- Instrumento musical de origem africana e muito utilizado pelas tribos bantu.

8- Estabelecimento comercial que costuma vender frutas e hortaliças.

9- Dança de origem negra da América Central.

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017


FOTO DA VERSÃO FINAL
2.5. Regras

A aplicação desta dinâmica educacional consiste em o pré-adolescente ter


um primeiro contato com a história em quadrinhos a partir da página inicial, e seguir
a ordem de organização das histórias seguintes, a revista é confeccionada de
maneira simples e didática, favorecendo ao entendimento de quem lê a história em
quadrinhos (HQ), sendo assim cada exemplar é disponibilizado para uma criança ou
jovem, não se fazendo necessário mais de um adolescente por revista. Também não
se faz necessário a escolha de páginas aleatórias pois essa tática irá comprometer o
entendimento da história apresentada na revista.

2.6. Os pré-testes

Os pré-testes foram realizados nas dependências do Núcleo de Estudos


Afrobrasileiros do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará –
IFPA campus Belém no dia 16/10/2017 onde foram elaboradas proposições pela
professora orientadora da disciplina Educação para as Relações Étnico Raciais e
vislumbrou-se questões referente ao conteúdo, metodologia e abordagem. Esses
três eixos nortearam as alterações necessárias a continuidade do projeto. Quanto ao
conteúdo confirmou-se a interdisciplinaridade com Língua Portuguesa devido as
possibilidades de identificação da identidade e do Lugar como categoria de análise,
pois enseja a formação do sujeito enquanto ser social, a expressão do Lugar na
expressão oral, etc. Já quanto a metodologia, observou-se que não haveria
necessidade de ambientar os alunos no mundo da Cultura Afro-brasileira e Africana,
pois quanto a língua a contribuição é de uso corriqueiro, contudo desconhecido
pelos alunos, embora compreendido como parte da cultura inerente a prática
cotidiana. Dessa maneira, a abordagem modificou-se devido a não utilização de

23
mecanismos como aulas sobre a temática ensejando somente a sua utilização como
apoio a atividade docente. Assim, tem-se a um resumo provisório da capa da
Tecnologia Educacional como mostra a Figura 7.

Figura 7: Capa provisória da Tecnologia Educacional

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

Na Figura 7 tem-se a capa da Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás


onde o panteão de Deuses africanos é mostrado demonstrando a diversidade
cultural na apropriação da realidade por meio da religião. Esses Deuses nas suas
demais perspectivas entoam toda uma diversidade que com o ser humano na sua
interpretação do mundo criou para compreender a natureza e se relacionar com
outrem. Assim, pode-se observar nas próximas páginas da HQ os diálogos
discorrendo sobre cultura africana e afro – brasileira como demonstra a Figura 4.

24
Figura 8: Diálogos do HQ

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

Na Figura 8 observa-se os diálogos estabelecidos entre os personagens


sobre cultura afro – brasileira e africana onde esses são discutidas a religião, língua,
gastronomia, etc. Nesses diálogos existem situações onde os personagens
interagem ora exaltando a cultura afro - brasileira e africana e desmistificando os
preconceitos e valorizando a contribuição dessa cultura para a cultura brasileira.

2.7. O teste

Os testes foram realizados no dia 13/11/2017 nas dependências do Instituto


Federal de Educação, Ciência e Tecnologia onde foram checadas as necessárias
adequações quanto ao layout e ao conteúdo da Tecnologia Educacional. Sendo
assim, quanto ao layout observou-se que foram escolhidos adequadamente a
divisão dos quadros, se cada requadro estava adequadamente posicionado, se a
calha estava adequadamente disposta, se os balões de diálogos são adequados, se
os desenhos são adequados ao conteúdo e se a narrativa visual está adequada ao
conteúdo.
25
Nesse sentido, e observando que todos esses mecanismos contêm uma
sinergia e que a escolha da temática foi adequada ao público alvo da Tecnologia
quanto à iniciação aos estudos sobre a África e sua colaboração para a cultura
brasileira; desmistificando os preconceitos e reelaborando visões de mundo sobre o
continente, sobre as contribuições os quais seus povos legaram a humanidade e
para a cultura afro – brasileira e africana demonstram a nas Figuras 9, 10, 11 e 12.

Figuras 9: Teste de leitura

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

Figuras 10: Teste de layout

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

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Figuras 11: Teste de conteúdo

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

Figuras 12: Teste de interatividade

Fonte: Tecnologia Educacional Geografia dos Orixás, novembro, 2017

3. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS / PROPOSIÇÃO

A confecção de uma Tecnologia Educacional requer do idealizador uma


apropriada elaboração de conjugação de elementos pedagógicos e de área para que
a efetividade seja alcançada e o trabalho alcance de fato o público alvo. Para tal, a
um mister de elementos que necessitam ser trabalhados com eficiência e eficácia
para se tornarem efetivos. A interdisciplinaridade, a contextualização e a
transversalidade como ferramentas pedagógicas ocasionando uma transposição
didática adequando e uma simetria invertida salutar mediada pelo conteúdo dos
PCN’S de Geografia discutindo a categoria Lugar na Educação para as Relações
Étnico Raciais. Esse é a tríade da Tecnologia Educacional HQ Geografia dos Orixás.
27
Tudo isso, formatado em um HQ simbolizando a inovação na área educacional.

Essa tríade composta de nuances pedagógicos, geográficos e de efetivação


das políticas públicas de reparação tem diversas subunidades que mescladas
contribuem para o sucesso da Tecnologia Educacional. Interdisciplinaridade,
contextualização e transversalidade são categorias pedagógicas primordiais no
trabalho docente, pois se efetivam na transposição didática mediada pela simetria
invertida. Na Tecnologia isso se faz interagindo a ciência geográfica e a língua
portuguesa tendo como contexto a realidade de desconhecimento tanto da cultura
como da história da contribuição africana para a cultura brasileira. Já a
transversalidade ocorre quando quando essa cultura é resgatada e valorizada num
processo ético de valorização e descontração de preconceitos e subjugação cultural.
Dessa maneira, a simetria invertida e a transposição didática se efetivam alcançado
sobremaneira o educando.

Já em Geografia, a categoria escolhida e os ditames dos PCN’S são


fundamentais para as nuances pedagógicas tomarem corpo e se personificarem em
Tecnologia Educacional. O Lugar como categoria geográfica tem como característica
básica o sentido simbólico e a afetividade como nortes. Isso contribui, sobretudo,
pois ao fazermos interdisciplinaridade com a Língua Portuguesa percebe-se a
construção social a qual o modo de se expressar é único o que contextualiza a
situação é transversaliza a questão na sua dimensão de importância de contribuição
cultural e valorização social disso. Assim, o interesse em constituir uma Tecnologia
Educacional que simbolize a afetividade do identificar- se através da língua
percebendo a como uma variante tanto regional e local, mas compreendendo isso
como processos de subjugação e resistência recai sobre a imposição de uma norma
culta da língua e o processo de exclusão a que milhares estão sujeitos, identificando
aqui também, a diversidade como resistência e o falar como identidade refletindo o
Lugar como lócus do ser enquanto ser social e político dentro de situações de
desvalorização.

Essa questão mesmo que transversal assume importante papel após a


promulgação da lei 10.639 de 2003 até institui a obrigatoriedade do ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira e africana na educação básica do país. Esse Norte,
enseja a desconstrução de violências simbólicas excludentes tanto dos negros
28
quanto de sua cultura e a reinserção disso de forma a valorizar e reeducar o
indivíduo para o respeito à diversidade étnico racial.

Por fim, tem – se que a inserção na Educação de Tecnologias proporciona a


melhora no ensino e aprendizagem e contribuem para a significação do aprendido
junto as aulas proporcionando inovação nas formas de aprender e ensinar. Destarte,
tornando mais interativo o ensino e aprendizagem ambientando o aluno ao mundo
da Língua Portuguesa mediado pela categoria geográfica Lugar interpondo diversas
nuances pedagógicas em formato de HQ. Esse formato, proporciona ao educando
uma melhor maneira de compreender assuntos complexos, entrementes a vivência
dele de forma a contribuir para a formação dele e propagar isso para a família e para
a comunidade.

Diante do exposto a interligação entre Cultura Afro-brasileira e africana


mediada pela categoria geográfica Lugar potencializa a aprendizagem inserindo em
um HQ a linguagem apropriada para educandos na Educação Básica em um
exercício de transposição didática e simetria invertidas de elementos sociais
marcadamente injustos com a contribuição da Cultura Africana e Afro-brasileira para
a Cultura brasileira

4. BIBLIOGRAFIA

BRASIL, Lei. N° 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a lei N°9.394, de 20 de


Dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
"História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Disponível
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm> acesso em: 9 out. 2017

________, Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais:


Fundamental. Brasília: (MEC/SEF). 1998

________, Ministério da Educação. Plano Nacional de Implementação das


Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais.
Brasília:(MEC/SECADI). 2013

MALAVOTA, Claudia. Introdução aos Estudos Africanos e da Diáspora. A


Invenção africana. Santa Catarina: UDESC (NEAB/FAED), 2011

ROCHA, Helena. Tecnologia Educacional: instrumentalização para o trato com


29
a diversidade étnico - racial na educação básica/ Organização Helena do S. C. da
Rocha - Belém: IFPA, 2014 250 p: il.

WEDDERBURN, Carlos, Moore. Novas Bases para o Ensino da História da África


no Brasil. 2005

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