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LETRAS

SEMÂNTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA

Profa. Dra. Raynice Silva

Prof. Dr. Sanderson Oliveira

CENTRO DE MÍDIAS
TEMA
AULA 5.1 Abordagens semânticas.

OBJETIVO
Tratar os mecanismos semânticos
de sentido e referência, bem como a
abordagem da Semântica Lexical e seus
mecanismos de análise.
AULA DL

Abordagens teóricas nos estudos semânticos


• Semântica formal;
• Semântica lexical;
• Semântica cognitiva;
• Semântica da enunciação.

Sempre tendo em mente que


não há uma semântica e sim
várias semânticas.
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AULA DL

Semântica formal
Tratamos anteriormente
• ACARRETAMENTO E
PRESSUPOSIÇÃO
• DÊIXIS E ANÁFORA
• AMBIGUIDADE E POLISSEMIA

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AULA DL

As relações semânticas entre palavras expressões e


sentenças estão presentes quando falamos em processos de
significação nas línguas.

Expressões e sentenças são compostas de palavras e


permitem o compartilhamento de certas propriedades
e relações de contexto e de discurso que constroem as
significações.

5
AULA DL

Chierchia (2003, p. 45, apud CANÇADO 2008 p. 75) explica


que teorias referenciais baseiam-se na seguinte ideia do que
seja se comunicar:
[…] uma língua é constituída por um conjunto de palavras e
de regras para combiná-las. As palavras são associadas por
convenção a objetos (isto é, os denotam). Em virtude dessa
associação podemos empregar sequências de elementos
lexicais para codificar as situações em que os objetos se
encontram.
(CHIERCHIA, 2003, p. 45, apud CANÇADO 2008 p. 75)
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AULA DL

Temos assim, que a linguagem


que usamos para comunicação
fala sobre pessoas, estados,
propriedades e eventos que nem
sempre dizem respeito à estrutura
gramatical de uma língua e sim a
elementos externos a ela.

Cabe à noção de referência dar


sentido ao que dizemos.
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AULA DL

Referência é a relação estabelecida entre uma expressão


linguística e um objeto (ou um evento, ou uma propriedade,
ou um estado) a que ela se refere.

Como processo de significação depende do enunciado e


assim mantem relação entre expressões e sentenças com
aquilo que elas representam.

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AULA DL

Estruturalmente as expressões referenciais podem ser


sintagmas nominais, sintagmas verbais ou sentenças
completas que emitem um valor de verdade. Por exemplo:

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AULA DL

(39) As coordenadoras do Letras Mediado são as professoras


Silvana e Elaine.
(40) As professoras que coordenam o Letras Mediado são as
professoras nomeadas pela expressão Silvana e Elaine.

Silvana Elaine
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AULA DL

Nos exemplos em (39) e (40) a referência pode ser


estabelecida porque as professoras Silvana e Elaine são as
coordenadoras do Letras Mediado.

Assim a sentença assume um valor de verdade, pois a


referencia no mundo.

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AULA DL

Essa relação de referência estabelecida pelos sintagmas


nominais Silvana e Elaine, busca um objeto no mundo que
possa estar incluído nessa categoria.

Da mesma forma, o sintagma verbal ser coordenadora


buscará sua referência para ter significação na língua.

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AULA DL

Cançado (2008, p. 76) baseia-se em Lyons (1977) para


elencar os tipos de referências existentes para os sintagmas
nominais, são eles:
a) Referência singular definida: quando podemos identificar
um referente tanto nominalmente quanto através de
descrição detalhada que permita sua localização no
enunciado/discurso.

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AULA DL

(41) Aquele moço alto, de camisa vermelha do lado da moto.

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AULA DL

b) Nomes próprios: nossas denominações são consideradas


referenciais por excelência. Em geral procuramos uma
referência única para os nomes, mesmo sabendo que
existem pessoas que possuem o mesmo nome.
(42) Sanderson e Raynice serão os professores em
Semântica da Língua Portuguesa.

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AULA DL

c) Pronome pessoal: como já vimos anteriormente, os


pronomes pessoais funcionam como dêiticos que apontam
um referente.
(43) Os alunos do Mediado estão participando do seminário.
Eles estão aprendendo muito com a experiência.

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AULA DL

d) Referência geral distributiva e coletiva: acontecem


quando o sintagma nominal estiver se referindo aos objetos
do mundo de maneira distributiva.
(45) A promoção dizia que aqueles livros custariam cinco
reais cada.

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AULA DL

e) Referência indefinida específica e não específica: ocorre


quando o sintagma nominal se refere a um indivíduo, embora
não propriamente identificado. Nos exemplos abaixo o SN
é indefinido, embora possa se referir a um indivíduo não
especificado.
(46) Todos os dias vem uma pessoa para limpar as salas.

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AULA DL

f) Referência genérica: ocorre quando fazemos referência


a uma classe ou conjunto de elementos sem especificar
qualquer um deles. No exemplo, percebemos que não há
referência a uma fruta específica e sim a um conjunto de
frutas que podem ser a cara de Manaus. Segundo Cançado
(op. cit.) as proposições genéricas não têm marcação
temporal.
(47) Vote no site para escolher a fruta que é a cara de
Manaus!

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AULA DL

Segundo Müller e Viotti (2014, p. 143): “[…] o problema está


em descrever o significado de uma expressão linguística
levando em conta apenas sua referência, isto é, o objeto para
o qual ela aponta”.

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AULA DL

Sobre essa colocação Frege (1892) já argumentava que há


dois modos/qualidades de significado que são Sinn (sentido)
e Bedeutung (referente).

Para o filósofo alemão, o estudo do


significado só seria possível a partir
desses dois elementos.

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AULA DL

Vamos então estudar o que é o sentido nos estudos


semânticos.

22
AULA DL

O conceito de sentido dado por Cançado (2008, p. 81)


seria:“[…] o modo no qual a referência é apresentada, ou
seja, o modo como uma expressão linguística nos apresenta
a entidade que ela nomeia”.

23
AULA DL

Assim, a percepção do significado possui tanto um sentido,


quanto uma referência. Vamos aos exemplos extraídos de
Müler e Viotti (2014, p. 144):
(48)
(a) Electra ama seu irmão.
(b) Orestes é o irmão de Electra.
(c) Electra ama Orestes.

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AULA DL

(d) Electra não sabe que o homem na frente dela é seu irmão.
(e) Electra sabe que Orestes é seu irmão.
(f) Electra sabe e não sabe que o homem na frente dela é
Orestes.

25
AULA DL

Na análise das autoras em (48) (a), (b) e (c) temos um


raciocínio lógico.
A substituição de seu irmão por Orestes pode ser feita
porque os dois SN têm a mesma referência.
Esse tipo de contextualização as autoras chamam de
contextos referenciais ou extensionais.

26
AULA DL

Em (d) e (e), apesar de sabermos que Orestes é a mesma


pessoa que o homem na frente de Electra, a substituição
não pode ser legitimada já que Electra sabe apenas que
seu irmão se chama Orestes (ela pode não o conhecer
pessoalmente).

Por isso a conclusão em (f) torna-se paradoxal.

27
AULA DL

Os autores de modo geral colocam que o sentido estabelece


relações semânticas dentro do sistema da língua, ou seja,
são as relações linguísticas que um item lexical contrai com
outros itens lexicais que definem o sentido das expressões
linguísticas.

28
AULA DL

Cançado (2008) assinala que a definição de sentido é uma


tarefa extremamente abstrata, mas observa que a abstração
faz parte da cognição do falante.

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TEMA
AULA 5.2 Abordagens semânticas – Semântica
Lexical.

OBJETIVO
Estudar os pressupostos teóricos da
Semântica Lexical, bem como seus
princípios de análise.
AULA DL

A Semântica Lexical
Uma das mais importantes contribuições
do movimento estruturalista em
linguística está na visão de Saussure
sobre a língua e a sua sistemática de
funcionamento.
Dentre as dicotomias saussurianas está a
diferença entre significante e significado e
suas implicações.

32
AULA DL

Saussure já apontava que havia dois planos da linguagem,


o plano da expressão (significantes) e do plano do conteúdo
(significados).

No campo lexical é possível perceber que no plano do


conteúdo, itens lexicais possuem relações e/ou semelhanças
podendo permanecer no mesmo campo semântico.

33
AULA DL

Signo linguístico
• Significante ou plano de expressão – parte perceptível do
signo (concreta – o som ou as letras).
• Significado ou plano de conteúdo – parte inteligível. O
conceito (abstrata – a ideia).

34
AULA DL

Um modelo de análise muito utilizado é o modelo


componencial ou sêmico (tendo em vista que a unidade de
análise é chamada de semas).
Nesse tipo de análise itens que pertencem ao mesmo campo
lexical possuem semelhanças semânticas.

35
AULA DL

Sapato Sapato Sapato


feminino masculino infantil

Sapateado SAPATO Sapateiro

Sapato Sapato
Sapato preto
branco marrom
36
AULA DL

Outro exemplo serve ainda para ilustrar


alguns conceitos vinculados a este modelo
de análise.
O conceito de semema como um conjunto
de semas pode ser mais bem visualizado
se tomarmos o lexema (unidade de entrada
dos dicionários) ‘vaca’ como exemplo.
Na acepção dos autores ‘vaca’ é um
semema que comporta os lexemas:
boi+fêmea+adulto.
37
AULA DL

Podemos visualizar também os sememas ‘poltrona’ e


‘cadeira’ e alguns possíveis semas.
Note-se que o traço distintivo está na distinção que podemos
dizer binária para ‘braços’. Ainda segundo o quadro, poltrona
é (+)braços e cadeira (–)braços.
semema poltrona cadeira
semas para sentar para sentar
1 pessoa 1 pessoa
pés pés
braços sem braços
38
AULA DL

Para os semanticistas as palavras mantêm relações dentro


do sistema linguístico.

Essas relações são de diversos tipos e produzem efeitos de


sentidos diversificados.

39
AULA DL

As relações são referenciais o que significa que: “[…] nos


valemos de noções como referência de mundo e valor de
verdade das sentenças de alguns fenômenos do significado”.
(CANÇADO, 2008).

40
AULA DL

A sinonímia e a paráfrase

41
AULA DL

Sinonímia lexical ocorre quando há relação entre pares


de palavras e expressões: “[…] dois termos são chamados
sinônimos, quando apresentam a possibilidade de se
substituir um pelo outro em um determinado contexto”
(PIETROFORTE; LOPES, 2014, p. 126).

42
AULA DL

Essa definição não é tão simples quanto parece.

Nas línguas do mundo o processo de sinonímia não ocorre


perfeitamente e a identidade de significados pode ocorrer de
maneira bem mais ampla.

As palavras ‘novo’ e ‘jovem’ são sinônimos em alguns


contextos, mas não dá para substituir esses termos em
contextos como sapato novo e mulher jovem.
43
AULA DL

(49) Os alunos de Letras do Mediado.


(50) Os alunos mais legais do Mediado.
Apesar de termos o mesmo referente ‘os alunos do mediado’
não é possível dizer que as sentenças são sinônimas, tendo
em vista que não possuem o mesmo sentido.
Isso significa dizer que o referente é sim importante, mas não
a única para determinar sinonímia.

44
AULA DL

Por outro lado, mesmo quando o contexto é o mesmo, os


sinônimos podem não ser perfeitos porque há que se levar
em conta o emprego discursivo e as diferenças presente nas
línguas.
- Diferenças regionais (macaxeira/mandioca);
- Diferenças intencionais (adorar/amar);
- Diferenças de grupos de usos da língua
(escabiose/sarna, para os médicos e curuba,
para os demais).
45
AULA DL

Há, ainda, a possibilidade discursiva de se construir (ou de


ser desconstruir) sinônimos considerados muitas vezes
como perfeitos, como ocorre na poesia com a licença poética
dos autores.

As palavras belo, bonito e lindo assumem sentidos e


referentes diversos, não apenas, a partir de um conceito
estético.

46
AULA DL

(51) Lindo pra tua cara!!!

(52) Tá uma lindeza essa tua travanca!!!


Nesses casos as palavras são usadas no discurso, o que
significa dizer que o discurso também é fator determinante
para os usos da significação.

47
AULA DL

PARÁFRASE é a relação de sinonímia entre sentenças, ou


seja, quando duas sentenças são sinônimas.

Numa relação de sentenças sinônimas, temos que se uma é


verdade a outra também será necessariamente verdadeira.

48
AULA DL

(53) (a) Davi chutou a bola para fora do campo.


(b) A bola foi chutada por Davi para fora do campo.
(54) (a) A Luiza é tão inteligente quanto a Elane.
(b) A Elane é tão inteligente quanto a Luiza.
(55) (a) Erivelton tem o livro de Rodolfo Ilari.
(b) O livro de Rodolfo Ilari é de Erivelton.

49
AULA DL

Segundo Pietroforte e Lopes (2014) a escolha entre duas


sentenças nunca é totalmente inocente.

No primeiro a escolha entre uma forma ativa e passiva, altera


não só a ordem dos constituintes sentenciais, mas também a
organização informacional da sentença.

Temos que o que é tema (informação velha) passa a rema


(informação nova).
50
AULA DL

Da mesma forma ocorre com a comparação na segunda e


na inversão da terceira. Podemos perceber que o conteúdo
explícito e o significado informacional dessas sentenças é o
que vai nos interessar.

51
AULA DL

Fatores como a intencionalidade (ou atitudes com relação


à informação) está diretamente ligada à informação em si e
como queremos transmiti-la.

Essas diferenças são tradicionalmente conhecidas como


conotação.

52
AULA DL

(56) (a) Aquelas mulheres do canto estão chamando.


(b) Aquelas senhoras do canto estão chamando.
(c) Aquelas damas do canto estão chamando.

Nos exemplos a escolha de uma ou outra sentença para


se referir às ‘mulheres da mesa do canto’ tem uma carga
conotativa diferente e vão depender do contexto.

53
AULA DL

Outro exemplo é:
(57)
(a) Todo mundo nesta sala fala duas línguas.
(b) Duas línguas são faladas por todo mundo nesta sala.

As sentenças mudam quanto à agentividade, mas significam


o mesmo, ou seja, são sinônimas.

54
AULA DL

A primeira é considerada uma construção ativa e a segunda


uma construção passiva.

Contudo, precisamos considerar o que cada uma acarreta.

55
AULA DL

Na primeira sentença ‘todo mundo nesta sala fala duas


línguas’ pode ter duas interpretações que são:
1) Existem duas línguas e todos falam essas duas línguas.
2) Cada um fala duas línguas diferentes.
A princípio considera-se que a primeira tenha maior
acarretamento (existem duas línguas, tal que todos falam
essas duas).

56
AULA DL

‘Aparentemente’ as duas sentenças são sinônimas, mas não


são.
Para Cançado (2008) para que haja sinonímia é preciso
acarretamento mútuo, o que não acontece nos exemplos.

57
AULA DL

Os autores de modo geral consideram que sentenças


que são perfeitamente sinônimas não existem, muitas
construções aparentemente sinônimas possuem estruturas
sintáticas, aspectos entonacionais e estruturais que podem
acarretar sentidos diversos, daí a importância da noção de
acarretamento que tratamos anteriormente.

58
AULA DL

Por outro lado, é necessário observar que há sempre algum


tipo de equivalência de sentido entre palavras e sentenças,
principalmente quando precisamos traduzir e/ou contar (e
recontar) uma história.
De outra forma, não seríamos capazes fazer relações de
sentido nos processos de significação entre as línguas.

59
AULA DL

Antonímia e contradição

60
AULA DL

Antonímia ocorre quando há oposição de sentidos entre as


palavras. Da mesma forma que acontece com a sinonímia,
não há processos de significados contrários que aconteçam
perfeitamente.
Em geral, podemos opor um termo a outro sem muitos
problemas.
Podemos opor os pares comprar/vender, velho/novo, sujo/
limpo entre outros termos lexicais mais facilmente, ou seja,
há antônimos que expressam polares.
61
AULA DL

Outros podem definir oposições


limitando contínuos que possam
permitir gradações do tipo: bonito/
feio, que em geral usamos é maios ou
menos bonito, mais ou menos feio e
assim por diante (há ainda o ‘bonitinho’,
quando não é nem feio e nem bonito... é
bonitinho!

62
AULA DL

Cançado (2008) propõe a delimitação de alguns tipos de


oposições existentes, explicando três tipos básicos de
antonímia.

A outra a autora chama de antonímia inversa e, por último


considera ainda um tipo gradativo de antônimos.

63
AULA DL

A primeira seria um tipo de antonímia binária ou


complementar: “[…] são pares de palavras que, quando
uma é aplicada, a outra não pode ser também aplicada”
(CANÇADO, 2008, p. 46).
São exemplos:
(58) morto/vivo (Raimundo está morto/Raimundo está vivo)
(59) igual/diferente (Somos todos iguais/Somos todos
diferentes).

64
AULA DL

Podemos ainda combinar expressões antônimas e formar um


antônimo complexo.
Cançado nos fornece o seguinte exemplo:

65
AULA DL

(60)
homem/menino OPOSTO A mulher/menina.

66
AULA DL

mulher/homem OPOSTO A menino/menina.

67
AULA DL

A autora considera esse tipo de oposição complexa porque


são quatro combinações de oposições;

Homem é oposto a menino, mas também é oposto a mulher;

Mulher será oposta à menina e a homem.

68
AULA DL

Há ainda o tipo gradativo de antonímia quando duas palavras


estão nos terminais opostos de uma escala contínua de
valores.
(63) quente/frio.
(a água está quente/ a água está fria).

(64) alto/ baixo.


(André é alto/André é baixo).
69
AULA DL

Veja que a escala de valores tem um contínuo com extremos


terminais quente/frio e alto/baixo.

Mas podemos considerar que nesse contínuo há também


uma gradação a depender do contexto.

Entre quente e frio temos que a água está morna ou, ainda,
que entre alto e baixo André tem estatura mediana (média).

70
AULA DL

O contexto também nos permite verificar se essas palavras


combinam com expressões do tipo meio, um pouco, muito.

71
AULA DL

A antonímia inversa faz oposição entre duas palavras ou


termos que mantêm relação de sentido inversa.
“[…] quando uma palavra descreve a relação entre duas
coisas ou pessoas e uma outra palavra descreve essa
mesma relação, mas em uma ordem inversa, tem-se, então, o
antônimo inverso.”
(CANÇADO, 2008, p. 46)

72
AULA DL

(61) pai/filho.
(se X é pai de Y, temos a mesma relação em ordem inversa).

(62) menor que /maior que.


(se X é menor que Y, então Y é maior que X).

73
AULA DL

Cançado (op. cit.) nos apresenta ainda como uma possível


antonímia a ideia de contradição.

A contradição está intimamente ligada à noção de


acarretamento que vimos anteriormente.

74
AULA DL

Contradição ocorre quando duas sentenças mantêm uma


relação de oposição entre termo opostos. Se, em um
determinado contexto, eu digo que:

(65) (a) Está rua é larga.


(b) Está rua é estreita.

75
AULA DL

Como definição: as sentenças (a) e (b) são contraditórias


quando (a) e (b) não puderem ser verdadeiras ao mesmo
tempo; se (a) for verdade (b) é falsa; e quando (b) for verdade,
(a) é falsa. Em outros termos, a situação descrita em (a) não
poderá ser a mesma descrita em (b).

76
AULA DL

A contradição também ocorre de várias maneiras, em geral


palavras antônimas presente nas sentenças desencadeiam
ideias contraditórias.
Em alguns casos a contradição acontece mesmo quando não
se usa palavras antônimas:
(66) Viajamos de barco, mas não de barco.
Observamos aqui que o que gera oposição de sentido é a
afirmação ‘viajamos de barco’ e a negação ‘não de barco’.

77
AULA DL

Da mesma forma, podemos expressar uma contradição


negando uma propriedade semântica contida num item
lexical:
(67) Eu já viajei de avião, mas nunca andei de avião.
Aqui observamos que quem já ‘viajou’ de algum meio
de transporte, já ‘andou’ desse meio de transporte. Se
negarmos essa propriedade entraremos em contradição.

78
AULA DL

Uma última questão sobre a antonímia como processo ligado


à semântica lexical diz respeito ao discurso.
Os usos desses antônimos dependem do ponto de vista
colocado no discurso, ou seja, dependem do lugar do
enunciador que os avalia em seu discurso e, assim, os coloca
como objetos de mundo.

79
DINÂMICA
LOCAL
AULA DL

Atividade de aprendizagem
Exercícios 11 da unidade 2 do livro-texto.

81
AULA DL

Hiponímia, hiperonímia e homonímia

Estou pensando
em ir à feira e comprar muitas
frutas, maçã, banana, laranja,
limão e, claro, melancia.

82
AULA DL

A hiperonímia e a hiponímia são fenômenos semânticos que


estabelecem relações entre os significados das palavras.

Cançado (2008 p. 26) tanto a hiponímia, quanto a


hiperonímia são relações estabelecidas entre palavras que
estruturam o léxico das línguas em classes.

83
AULA DL

84
AULA DL

Essas classes funcionam como uma espécie de hierarquia de


classificação para uma determinada palavra.
Vejamos um exemplo fornecido por Pietroforte e Lopes
(2014, p. 128) para a palavra animal:
animal

réptil aves mamíferos

roedor cetáceo felino canídeo marsupial primata


85
AULA DL

“[…] nesse tipo de disposição hierárquica há uma relação


entre os significados englobantes e englobados de acordo
com o domínio semântico de cada termo da classificação.”

86
AULA DL

O item lexical para animal ‘engloba’ os termos para réptil,


aves e mamíferos.

Já o termo mamífero englobará e estabelecerá uma relação


de significados entre os itens lexicais: roedor, cetáceo, felino,
canídeo, marsupial e primata.

87
AULA DL

Dito e entendido essa relação de significados, podemos


então dizer que o termo que engloba os significados é
chamado de hiperônimo e chamamos de hipônimo os termos
que são englobados.
Quando hierarquizamos o sentido das palavras temos então
estabelecida a relação de significados.
Ainda usando o exemplo acima, podemos dizer que a palavra
mamífero é hiperônimo de primata, mas será hipônimo de
animal.
88
AULA DL

Cançado (2008) nos lembra que a relação dentre


hiperonímia e hiponímia é assimétrica, isso significa dizer
que: “[…] o hipônimo engloba seu hiperônimo, mas o
hiperônimo não engloba seu hipônimo”(CANÇADO, 2008, p.
26).

89
AULA DL

Todo mamífero é um animal, mas nem todo animal é um


mamífero.
Segundo Cançado, isso significa que:
(68) cachorro + animal
+ quadrúpede
+ mamífero
Para a palavra cachorro, temos que a
palavra animal está contida no sentido de cachorro.
90
AULA DL

Já a homonímia é um fenômeno semântico que deriva da


ambiguidade entre palavras com significados distintos.
Em língua portuguesa temos palavras homógrafas quando a
grafia é a mesma, mas com diferentes significados, como em
(69) (a).
E temos também palavras homófonas quando temos
sentidos diferentes para o mesmo som de grafias diferentes,
como em (69) (b). São exemplos:

91
AULA DL

Hierarquia militar
Término, fim
(a) Cabo
Ponta de terra que entra pelo mar
Feixe de fios para a transmissão de energia

(b) Sexta/cesta

92
AULA DL

Os autores apontam que nem todos os falantes têm possuem


o mesmo conhecimento das homonímias.

Assim, a variação de pronúncia presente nos dialetos do


Brasil permite situações de ambiguidade de interpretação
entre os falantes de regiões diferentes.

93
AULA DL

É o que acontece com a pronúncia de palavras como filho e


calma no dialeto caipira, que muito provavelmente seriam
pronunciadas como ‘fio’(fibra têxtil) e ‘carma’ (castigo),
podendo dar a ideia de homonímia em outros dialetos do
português.

94
AULA DL

Orientação para as aulas práticas de pesquisa de campo:

96
AULA DL

Orientações sobre a pesquisa de campo.

O presente trabalho tem como objetivo principal identificar


usos específicos e significados divergentes que podem ser
observados na Língua Portuguesa. Mais especificamente,
os alunos devem estar focados em encontrar significados,
palavras e expressões que sejam específicas de sua região,
se comparados ao que ocorre em outras regiões do estado
ou do país.
97
AULA DL

Ao final da atividade, espera-se que os alunos consigam


organizar um catálogo de palavras e expressões da sua
região. Este catálogo deverá ser organizado por turma,
portanto, cada turma deverá socializar seus resultados com
as demais ao final da disciplina.

98
AULA DL

Abaixo, apresenta-se orientações específicas que devem


orientar os alunos na construção deste catálogo.

1. Na presente atividade, os alunos deverão montar um


catálogo de expressões a partir da pesquisa com falantes
nativos da Língua Portuguesa da região.
2. Para fins do trabalho, os alunos deverão classificar as
expressões nas seguintes categorias:

99
AULA DL

Termos que são evitados na língua ou que são proibidos em contextos


Palavras e específicos.
expressões tabus Nessa categoria, o aluno deverá listar que termos ou expressões substituem o
termo tabu.
Palavras que são utilizadas com significado específico na região ou município
Palavras em que vocês vivem ou que são específicas desse município ou região, e. g.
“manga” significando trilho do seringal.
Regionais ou
Nessa categoria, os alunos deverão listar apenas palavras (compostas ou
regionalizadas simples) e considerar se estas não são usadas em outras regiões do estado ou
do país.
Frases que, quando usadas como expressão idiomática, têm significado muito
distinto do que se entende a partir dos elementos que a constituem e que a
Expressões subtração de um de seus termos o torna desprovido de significado, e.g. “Chutar
o pau da barraca”.
idiomáticas Nessa categoria, os alunos deverão buscar, principalmente expressões
regionais que são típicas de sua região ou município, mas também estabelecer
qual o significado dado pelos falantes.
100
AULA DL

Orientações para a coleta de dados:


1. Os dados poderão ser coletados em textos (orais ou escritos),
diálogos e elicitações.
2. Os alunos podem considerar como fonte o seu próprio falar,
mas devem discutir os dados com os demais colegas do grupo.
3. Os dados coletados com outras fontes (textos, conversas,
diálogos, elicitações) também devem ser discutidos com
os demais colegas para considerar em qual das categorias
estabelecidas se enquadram.
101
AULA DL

4. Os dados podem ser coletados por meio de anotações


ou de gravações. Esta última, principalmente, em casos de
dados obtidos por meio de “textos orais, diálogos”, etc.
5. Sempre que coletar um dado, tente também extrair o
contexto de uso, no caso de textos escritos, ou entender
em que contexto a palavra ou frase é empregada
adequadamente. Nesse último caso, faça uma breve
descrição desse(s) contexto(s) conforme informação dos
seus colaboradores.

102
AULA DL

6. Entreviste e/ou escute com atenção pessoas da região.


Considere como pessoas da região apenas aquelas nascidas
e criadas na cidade ou região em que você mora ou ainda
pessoas que vivem na região desde sua primeira infância (ou
seja, antes dos 7 anos de idade).
7. Trabalhe apenas com pessoas maiores de 14 anos.
8. Utilize como fontes as mídias impressas locais ou mídias
sociais de pessoas que sabidamente são da região.

103
AULA DL

a) Entrada para termos tabu:

Desgraçado adj. “aquele que está em desgraça,


desventurado, infeliz, pessoa mau caráter (por extensão)”.
Considerada tabu, porque alguns falantes evitam usar
a palavra por sua criação ou por acreditarem que atrai a
desgraça para si ou para outrem”. Substitutos: pilantra,
desinfeliz.

104
AULA DL

Ex: O meu contador é um desgraçado, ele não fez a declaração


corretamente.

Ex: O meu contador é um pilantra, ele não fez a declaração


corretamente.

105
AULA DL

Estrutura da entrada:
Palavra ou expressão tabu Abreviatura da Classe da palavra
(substantivo, verbo, adjetivo, etc.). “Significado”. Contextos em
que não deve ser usado ou justificativa do tabu. Palavras ou
expressões que substituam o termo.
Ex: de uso da palavra em uma frase.

Ex: de uso com o eufemismo em uma frase.

106
AULA DL

b) Entrada para palavras ou expressões regionais ou


regionalizadas:
Manga sub. “caminho que desvia da estrada principal do
seringal”. É utilizado com sentido esse sentido específico na
região de Lábrea, apesar de existir com outros significados
no país. Provavelmente, o significado relaciona-se com a
manga de camisa, que forma um desmembramento da parte
principal da camisa.
Ex: Ele andou pela estrada principal até entrar na manga,
quando começou a cortar.
107
AULA DL

Pávulo adj. “diz-se de quem gosta de se exibir, metido,


orgulhoso, jacto, amostrado”. Essa palavra é utilizada apenas
no norte do país, principalmente, no estado do Pará. Não se
sabe a origem etimológica do termo nem sua relação com
outros lexemas da Língua Portuguesa.

Ex: A Maria é muito pávula, adora mostrar sua foto como Cunhã
Poranga.

108
AULA DL

Estrutura da entrada:
Palavra ou expressão Abreviatura da Classe da palavra
(substantivo, verbo, adjetivo, etc.). “Significado”. Explicação da
região de uso da palavra evidenciado se é uma palavra regional
(utilizada apenas em uma região específica) ou regionalizada
(utilizada em outras regiões do país, mas cujo significado
específico só é observado nessa região). Explicação sobre a
origem etimológica ou da possível relação da palavra com
outros lexemas (ou significados) da língua.
Ex: de uso da palavra ou expressão em uma frase.
109
AULA DL

c) Entrada para expressões idiomáticas:

Ficar de bubuia “ficar tranquilo, relaxado”. Literalmente, ficar


de bubuia é navegar a deriva sem motor ou remo, mas, por
extensão significa estar tranquilo, relaxado, como a pessoa
boiando na piscina.

Ex: No feriadão, vou só ficar de bubuia, não vou fazer nada.

110
AULA DL

Capar o gato “ir embora, sair”. Literalmente, significa cortar


os genitais de um gato, mas é utilizado com o sentido de sair
de uma situação ou evento.

Ex: Depois de comer, eu vou capar o gato.

111
AULA DL

Estrutura da entrada:

Expressão “significado”. Explicação sobre o seu significado


literal e seu significado na expressão.
Ex: de uso em uma frase.

112
AULA DL

Algumas definições de interesse:


1. Tabu linguístico:
Segundo Guérios (1956, 11) os tabus linguísticos podem ser
próprios ou impróprios, os primeiros relacionam-se com
questões religiosas, enquanto os últimos relacionam-se com
questões sociais ou pessoais/subjetivas, em suas palavras:

113
AULA DL

Há duas definições de tabu linguístico (10) — própria e


imprópria.
Propriamente, o tabu linguístico é a proibição de dizer
certo nome ou certa palavra, aos quais se atribui poder
sobrenatural, para evitar infelicidade ou desgraça.
Impropriamente, o tabu linguístico é a proibição de dizer
qualquer expressão imoral ou rosseira.
O primeiro é mágico-religioso ou de crença, e o segundo é
moral ou de sentimento.
114
AULA DL

2. Palavras ou expressões regionalizadas e regionais:

Palavras que possuem um significado específico em uma


região podem ser tidas como palavras com significados
regionais e estamos entendendo-as aqui como “palavras
ou expressões regionalizadas”. Reservamos o temo palavra
regional apenas para palavras que não ocorrem em outras
regiões do país e que tanto sua forma quanto seu significado
sejam específicos de uma região.
115
AULA DL

3. Expressões idiomáticas:
Expressões idiomáticas são frases ou mesmo sintagmas (e.g.
até o tucupi) que são utilizados com significado distinto do que
é entendido pelo significado dos seus termos. A expressão
idiomática pode conviver com o seu uso literal, como é o caso
de “X subiu no telhado”, pode expressar, em seu sentido literal
que alguém realmente subiu em um telhado, mas também
pode significar que alguém morreu. Somente neste último
caso é considerada uma expressão idiomática, por ter um
significado distinto do que é depreendido por suas partes.
116

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