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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3
PROBLEMA ................................................................................................................................. 5
HIPÓTESE .................................................................................................................................... 6
OBJETIVO .................................................................................................................................... 6
GERAL ..................................................................................................................................... 6
ESPECÍFICOS .......................................................................................................................... 6
JUSTIFICATIVA .......................................................................................................................... 7
REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................... 8
METODOLOGIA ....................................................................................................................... 15
CRONOGRAMA ........................................................................................................................ 16
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 16
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INTRODUÇÃO
empreender uma escrita de si, termo usado pelo filósofo francês Michel Foucault(2004),
sem que seja por meio de uma série de auto ficções o que, no espetáculo, é feito
propositadamente, no espirito broadcast yourself, para gerar o máximo de atenção pelo
maior tempo possível. Queremos explorar essa ideia de show do eu, como colocado pela
antropóloga argentina Paula Sibila (2008) em que adotamos o espetáculo como forma
de vida, visão de mundo e o modo como nos relacionamos. Relações que, mediadas por
imagens, segundo o filósofo e sociólogo polonês Zigmunt Bauman (2003), se
liquefazem e acabam gerando um mundo baseado na aparência e apoiado numa
economia do visível.
Na prática a encenação propõe a apresentação de um experimento cênico-
científico no qual o público atua diretamente no processo de construção do espetáculo e,
por consequência, da própria identidade do sujeito atuante. O experimento é composto
por um total de 12 temáticas relacionadas, de alguma forma, ao ator/performer. Cada
uma compreendendo uma cena já construída. A cada espetáculo, o público decidirá
desse total de 12, um conjunto de 05 temáticas a serem apresentadas e em que ordem
isso se dará, ou seja, a cada apresentação uma nova composição será realizada e uma
nova identidade será construída.
Optamos por uma narrativa fragmentada, composta por uma série de pequenas
histórias que, apesar de se relacionarem, mantém um sentido próprio. Assim, propomos
estabelecer uma maior liberdade de composição, uma vez que a dramaturgia do
espetáculo resulta das escolhas feitas pelo público em relação a que narrativas serão
apresentadas e em que sequência serão dispostas. Dramaturgia, aqui entendida,
enquanto termo expandido que, desde o século XX tem se desvinculado da palavra
escrita e se reposicionado no âmbito do funcionamento e articulação dos diversos
elementos presentes na cena.
Se pensarmos que o conjunto de temáticas apresentadas ao público funciona
como a própria realidade, ao escolher uma, o público destaca um fragmento desse real e
a partir dele, o sujeito/ator começa a traçar, representar sua própria biografia. Contudo,
não podemos dizer que o ator em cena, referência para a biografia que está sendo
retratada, se configura como uma identidade já formada, seja na vida real ou na ficção
do palco, ao menos não no sentido moderno, cuja construção é entendida como uma
tarefa individual resultante da vontade e provida de caráter contínuo e auto idêntico1. Ao
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Refere-se ao sujeito que tem como referência última a si mesmo.
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contrário, ela vai se descortinando perante nós, porque sua constituição acontece
durante a apresentação e depende de que fragmentos são escolhidos pelo público e em
que ordem eles são apresentados.
Fragmentos de um todo que, assim como a identidade do sujeito da cena, se
constitui como um efeito com o qual ele se identifica durante determinado tempo
momento. Identificação que vai sendo construída por um conjunto de referências
materiais (temas) e subjetivas (rastros, outros que habitam o próprio sujeito).
Nesse sentido, as histórias contadas, produtos da memória, são rastros2,
referências que, pela lógica do rastro, não são rememorações de um passado enquanto
referência fechada, mas enquanto criação e, portanto, original em si mesmo (ficção).
Isso acontece porque não representam uma verdade externa ao ato de conta-las. Ao
contrário, se constituem no momento mesmo em que acontecem. E continuarão depois
do momento de seu apagamento porque permanecem em movimento, enquanto um
passado sempre heterogeneizado pelo outro, entendido enquanto alteridade que há no
próprio sujeito, que se remete a outros,
Ao propor esse processo de “escritura do eu”, parafraseando Foucault (2004),
procuramos evidenciar a complexidade que assume a noção de identidade e como
isso se reflete no estar em cena do ator/performer. Como coloca o filósofo francês
Jacques Derrida (1999), somos incapazes de sermos nós mesmos o tempo todo, mas
também não conseguimos ser outro totalmente. Por isso, partimos do pressuposto
que o sujeito, ao se auto ficcionalizar, vai assumindo máscaras, personas, selfs, com
os quais se identifica temporariamente. Processo contínuo e ininterrupto de formação
de um eu habitado pela alteridade que, assim como a palavra, carece de significado
ou é sobreposta por várias outras evidenciando seu caráter citacional.
PROBLEMA
Tendo em vista que o teatro ocidental, desde o século XIX e mais intensamente a
partir da segunda metade do século XX, vem passando por um processo de
transformações relacionadas ao seu conteúdo e forma evidenciando uma série de crises
2
Conceito que substitui o signo por abalar a ideia de um original sobre a cópia. Seria um vestígio, marcas
deixadas por uma ação ou passagem
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HIPÓTESE
Como hipótese, partimos da ideia de que para além das dicotomias ator x
performer, máscara ritual x máscara cotidiana, persona x personagem, real x ficcional,
público x privado, o processo de subjetivação do ator/performer se dá por meio de um
jogo de criação e recriação de identidades que denomino de autoperformação. Esse
procedimento, ao assumir a impossibilidade de manutenção da noção de sentido ou
presença plena, abre mão do caráter de originalidade, do sentido de verdade passível de
verificação ao prescindir de uma referencia estável. Como resultado pode ser
caracterizado como um processo constante de identificações temporárias com uma série
de ficções que o atuante cria para si e que vão se acumulando e sobrepondo por meio de
um jogo contínuo de negociações entre o eu e “os outros” presentes em nós e fora de
nós.
OBJETIVO
GERAL
Problematizar os procedimentos de subjetivação que caracterizam o estar em cena
do ator/performer no contexto da cena contemporânea a partir da análise do processo de
escritura cênica do experimento Me ame menos, mas me ame por mais tempo.
ESPECÍFICOS
Discutir o processo de invenção das estruturas de composição do experimento;
Analisar os procedimentos de realização desse tipo de escritura cênica;
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JUSTIFICATIVA
REFERENCIAL TEÓRICO
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Refere-se ao sujeito que tem como referência última a si mesmo.
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Para Grotowski não se trata de encontrar uma forma para construir uma
personagem, viver o papel ou levar o espectador a refletir o mundo por meio de uma
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Operação própria ao funcionamento do pensamento baseado na lógica da inversão e deslocamento
incessante e inarredável.
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Conceito que substitui o signo por abalar a ideia de um original sobre a cópia. Seria um vestígio, marcas
deixadas por uma ação ou passagem
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Procedimento típico das vanguardas históricas, pode ser entendido como a ação de colocar um objeto ou
ação fora do seu contexto, espaço ou situação ordinária, isto é, onde é geralmente executada ou esperado,
a exemplo dos ready mades do artista francês Marcel Duchamp, como sua famosa obra de 1917, chamada
A Fonte e que consiste em por um mictória (objeto ordinário) assinado pelo artista, dentro do contexto do
museu de arte dando-lhe status de obra artística.
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METODOLOGIA
CRONOGRAMA
2018 2019
ETAPAS DA PESQUISA
DEZ JAN FEV MAR ABR MAI
REFERÊNCIAS