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INTEGRAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA E PLASTICIDADE SINÁPTICA NO

CÓRTEX CEREBELAR

Marlo Cunha (CRP 05/26335/RJ)


Setor de Neuroimagem Funcional, Instituto de Psiquiatria (IPUB) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
R. Antonio Carlos 97 – Porto Velho – SG – RJ
Marlo.marques@bol.com.br
Victor Hugo Bastos (CREFITO 2-26538/RJ)
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco/RJ
victorhvbastos@bol.com.br
Avenilda Silva (CRFa 3844-RJ)
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco/RJ
cacalegarape@ig.com.br
Vernon Furtado, Ph.D. (CREF 0054745-G/RJ)
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco/RJ
fabianaalmeida@uol.com.br
Heloisa Veiga (CRP 05/28346/RJ)
Setor de Neuroimagem Funcional, Instituto de Psiquiatria (IPUB) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
heloisaveiga@hotmail.com
Roberto Piedade (CRM 12.623-6/RJ)
Setor de Neuroimagem Funcional, Instituto de Psiquiatria (IPUB) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
rpiedade@ig.com.br
Pedro Ribeiro, Ph.D (CREF 6600-6/RJ)
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco/RJ
Departamento de Biociências – Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Setor de Neuroimagem Funcional, Instituto de Psiquiatria (IPUB) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
ribeirops@uol.com.br

RESUMO
O presente artigo revisa o fenômeno de plasticidade sináptica no cerebelo
estimulada pelo processo de aprendizagem de habilidades motoras complexas (acrobáticas).
Inicia com uma descrição anatômica e fisiológica do cerebelo que inclui, sua divisão em
lobos, relação com outras áreas do sistema nervoso central e uma análise mais refinada dos
seus circuitos internos. A seguir é feita uma abordagem sobre diferentes modelos que
tentam explicar como o cerebelo atua ao incorporar novos padrões motores ao sistema. Por
último são reunidos os resultados de diferentes estudos experimentais que investigaram a
remodelagem sináptica cerebelar em ratos treinados com atividades acrobáticas exigindo
elevado grau de coordenação e balanço. Eles foram então comparados com outros grupos
submetidos a exercícios de natureza simples e a um grupo inativo, que igualmente aos
primeiros, foram sacrificados e estudados ao microscópio eletrônico.
Palavras-chave: Cerebelo - Integração Sensório-Motora - Aprendizagem Motora -
Plasticidade Sináptica

SENSORY-MOTOR INTEGRATION AND SYNAPTIC PLASTICITY IN THE


CEREBELAR CORTEX

ABSTRACT
The present study aims to investigate the synaptic plasticity in the cerebellum as a
result of the learning process of complex (acrobatic) motor skills. It begins with an
anatomical and physiological description of the cerebellum, which includes its division into
lobes, the relationship with other areas of the Central Nervous System, and a detailed
analysis of its internal circuits. Next, an approach regarding disitnct models which attempt
to explain how the cerebellum functions as it incorporates new motor patterns to the system
is made. Finally, results of different experimental studies which investigated the cerebellar
synaptic remodelling in acrobatic trained rats are assembled. The acrobatic training
consisted of activities demanding a high level of coordination and balance. The trainned
rats were compared to others submitted to simple exercises and to inactive groups. The
three groups of rats were sacrificed and studied with an electronic microscope.

Key Words: Cerebellum – Sensory-Motor Integration - Motor Learning - Sinaptic


Plasticity

INTRODUÇÃO
Estudiosos da área de aprendizagem motora encontram no cerebelo um objeto de
pesquisa de grande relevo. Há relatos de que já no século XIX estudos de lesões
demonstravam que o cerebelo é importante para a coordenação dos movimentos (Houk et
al., 1996). Outro estudo cita que lesões no cerebelo são responsáveis por romper com a
coordenação dos movimentos dos membros e dos olhos, impedimento do balanço e
diminuição do tônus muscular (Kandel et al., 1995). Mais recentemente descobriu-se que o
cerebelo não atuaria somente no controle dos movimentos mas participaria ainda de
funções mentais do indivíduo durante tarefas motoras de natureza superior: linguagem,
aprendizagem de movimentos complexos, execução de movimentos com conteúdo
emocional etc (Lent, 2001). As considerações sobre essa estrutura nervosa não para por aí,
um número de estudos experimentais tem demonstrado uma espécie de plasticidade
sináptica cerebelar induzida por aprendizagem de habilidades motoras complexas entre
modelos animais (Anderson et al., 1996 & Kleim et al., 1998b). Grande atenção tem sido
atribuída aos mecanismos neurofisiológicos que regem a referida capacidade plástica a qual
será incorporada como tema principal do presente trabalho.

REVISÃO DA LITERATURA

Descrição anatômica do cerebelo:


O cerebelo consiste em uma estrutura globosa localizada na fossa craniana
posterior. Ele ocupa cerca de um quarto do volume craniano no homem (Lent, 2001). Essa
estrutura apresenta grande analogia com o cérebro: dividido em dois hemisférios, sua parte
externa é constituída de substância cinza (córtex cerebelar) e a parte interna por substância
branca onde são encontrados núcleos nervosos (os núcleos profundos do cerebelo). A
analogia não pára por aí, o córtex cerebelar também está dividido em lobos. São eles: o
lobo anterior, o lobo posterior e o lobo flóculo-nodular (Kandel et al., 1995). Em cada
hemisfério do cerebelo há quatro núcleos profundos, o núcleo fastigial, os interpostos
(globoso e emboliforme) e o núcleo denteado. Esses núcleos recebem aferências de partes
diferentes do córtex cerebelar e constituem as principais vias eferentes do mesmo (kandel,
1995).
Análises das relações conectivas entre os núcleos profundos e o córtex cerebelar
relatam que o córtex do lobo flóculo-nodular conecta-se com os núcleos vestibulares
localizados no tronco cerebral. Assim, apesar dessa localização, do ponto de vista conectivo
os núcleos vestibulares podem também ser considerados como núcleos profundos do
cerebelo (Lent, 2001). O núcleo fastigial recebe aferência da região mediana do cerebelo
chamada verme (devido ao seu aspecto alongado e segmentado). A região verminal divide
o cerebelo em hemisférios direito e esquerdo e é mais proeminente na superfície inferior do
lobo posterior (Kandel et al., 1995). Os núcleos interpostos recebem aferências da zona
intermediária situada entre o verme e a porção mais lateral dos hemisférios. Em sua vez, o
núcleo denteado recebe suas aferências das regiões mais lateralizadas dos hemisférios
(Lent, 2001). Dessas análises resultou a proposta de um novo zoneamento do cerebelo
dividindo-o em quatro regiões de cada lado: verme, zona intermediária, hemisfério lateral e
o lobo flóculo-nodular (Lent, 2001).

Informações variadas do SNC são reunidas no cerebelo:


O cerebelo apresenta três circuitos distribuídos que promovem seu contato com
todas as partes do sistema nervoso central (córtex cerebral, tronco encefálico e medula
espinhal). O vestíbulo-cerebelo consiste em uma via onde é estabelecida uma conexão
recíproca entre os núcleos vestibulares localizados no tronco encefálico e o lobo flóculo-
nodular (Kandel et al., 1995; Daz & Puelles, 2003). É atribuída a essa via a função de
controlar o movimento dos olhos e a manutenção da postura e do equilíbrio durante a
marcha. O espinocerebelo é outra via, seus principais inputs originam-se da medula
espinhal trazendo informações sensoriais da periferia (Krutki & Mrowczynski, 2002). Tais
informações chegam ao cerebelo nas regiões do verme e zona intermediária sendo
transmitidas aos núcleos fastigial e interpostos. Estes, estendendo-se ao tronco encefálico e
ao mesencéfalo irão inervar respectivamente os núcleos do sistema descendente medial
(núcleos vestibulares, formação reticular e colículo superior) e lateral (núcleo rubro). O
sistema lateral tem a importante função de controlar a execução dos movimentos dos
membros em tempo real (Kandel et al., 1995). Por último há o cérebro-cerebelo que
começa nas áreas frontal, parietal e occipital do córtex cerebral, projetando-se todas para os
núcleos na base da ponte, e desses, para os hemisférios laterais do cerebelo (Serapide et al.,
2001). O núcleo denteado, então, recebe e transmite a informação aos núcleos ventral-
anterior e ventral-lateral do tálamo de onde é repassada às áreas motora e pré-motora do
córtex cerebral (Lent, 2001). Essa via participa do planejamento e coordenação de
movimentos mais complexos, integrando as informações sensoriais com os comandos de
origem mental (cognitiva e emocional).

Anatomia refinada e circuitos intrínsecos do cerebelo:


O córtex cerebelar encontra-se organizado em três camadas que partindo da
periferia para o interior são: a camada molecular, a camada de Purkinje e a camada
granular. Em cada uma estão localizados tipos específicos de células neurais cujas
propriedades funcionais foram reveladas a partir de análises microscópicas mais refinadas
(Lent, 2001). São observadas duas vias de entrada para o cerebelo que ocorrem a partir de
fibras conhecidas como musgosas (FM) e trepadeiras (FT), as primeiras se originam em
neurônios no corno medular formando o trato espino-cerebelar e em diversos núcleos do
tronco encefálico. Elas constituem o principal sistema de input do circuito cerebelar em
virtude da grande diversidade de informações que conduzem (Takacs & Metzger, 2002).
Por sua vez, as fibras trepadeiras originam-se no núcleo olivar inferior (Huesa, 2003; Houk
et al.,1996; Lang, 2001). A oliva inferior também emite uma projeção colateral para os
núcleos cerebelares (Ruigrok & Voogd, 2000). FM e FT secretam o neurotransmissor
glutamato exercendo, assim, influência excitatória sobre as áreas de contato imediato no
cerebelo (Garthwaite & Brobelt, 1990). Fibras musgosas e trepadeiras atingem o cerebelo
em locais distintos e percorrem caminhos distintos, uma em relação à outra, o que lhes
confere propriedades funcionais diferenciadas (Thach, 1998).
As fibras musgosas atingem inicialmente a camada granular do córtex cerebelar mas
emitem ramos colaterais para os núcleos profundos (Ito, 2000). Na camada granular elas
contactam-se com células granulares a partir de zonas especializadas chamadas glomérulos,
que propicia alta eficiência de transmissão elétrica. O glomérulo é aqui formado pelo
terminal axonal das fibras musgosas, terminais inibitórios de células de Golgi e dendritos
da célula granular. Tal arranjo apresenta-se circundado por células gliais que promovem o
isolamento do sinal elétrico e, conseqüentemente, uma forte ativação da célula granular.
Essa estenderá seu axônio até a camada molecular (mais externa) onde irá formar um
sistema de fibras paralelas (FP) que tem como destino a árvore dendrídica de outro tipo
celular, a célula de Purkinje cujo corpo está na camada logo abaixo (Ito, 2000). Embora
receba ativação excitatória, a célula de Purkinje exerce atividade de inibição a partir do
neurotransmissor GABA, tendo como alvo os núcleos profundos do cerebelo (Ito, 2000).
Quanto às fibras trepadeiras, elas se dirigem para o córtex cerebelar conectando-se
diretamente com as células de Purkinje (Thach, 1998). Cada célula de Purkinje recebe
apenas uma fibra trepadeira que se enovela no seu corpo e nas porções proximais dos
dendritos estabelecendo várias sinapses excitatórias. Uma fibra trepadeira pode conectar-se
com 1-10 células de Purkinge transmitindo um forte potencial elétrico e essas emitem seus
axônios com atividade inibitória para os núcleos profundos. Há indicação de que
analogamente às fibras musgosas, as fibras trepadeiras emitam colaterais excitatórios
diretamente aos núcleos profundos do cerebelo (Kandel et al., 1995). Segundo relatos, os
inputs das fibras trepadeiras para as células de Purkinje podem exercer modulação sobre o
efeito das fibras musgosas, o que se processa de uma entre duas formas: enfatizando
transcientemente o efeito dos inputs das fibras musgosas para as células de Purkinje (Marr,
1969) ou produzindo uma depressão de longa duração da eficácia de inputs selecionados de
fibras musgosas (Albus, 1971). Esse último aspecto ocorreria por meio de uma ação
heterossináptica, ou seja, uma alteração na atividade de uma via devido à atividade de outra
via (Kandel et al., 1995).

Análise funcional do córtex cerebelar:


Surge aqui uma questão fundamental: Como o córtex cerebelar organiza suas
computações internas a fim de regular a via pré-motora responsável pelos movimentos
finos dos membros? Para responder tal pergunta alguns autores adotaram a idéia de haver
uma via excitatória circulante entre o córtex motor e os núcleos profundos do cerebelo
(Tsukahara et al., 1968). Postularam então que o córtex motor iniciava os movimentos dos
membros ativando um grande grupo de neurônios corticais que emitiam muito mais
comandos do que os realmente necessários. A permanência desses comandos dependia do
feedback circulante através dos núcleos profundos. Então, quando as células de Purkinge
disparavam, os comandos desnecessários eram eliminados através de uma inibição das
descargas dos núcleos profundos (Blomfield & Mar, 1970).
Visto que os outputs provenientes do córtex cerebelar são exclusivamente
inibitórios, os núcleos profundos (incluíndo o vestibular), os quais são inibidos pelas
células de Purkinje devem ser regulados também por alguma ação desinibidora. Poderia ser
uma ação que compita com a ativação da célula de Purkinje ou uma influência excitatória
provinda de uma outra fonte (Houk et al., 1996). Neste particular parece importante
ressaltar que as células de Purkinje recebem inputs inibitórios a partir de células em cesto e
células estreladas espalhadas pelo cérebro. Além disso, foi relatado que as fibras musgosas
e trepadeiras que levam influência excitatória para as células de Purkinje durante o trajeto
emitem ramos colaterais diretamente para os núcleos profundos do cerebelo (Kandel et al.,
1995). Ambas as propostas necessitam ainda serem analisadas experimentalmente.

A participação do cerebelo no processo de aprendizagem motora:


O cerebelo é visto como uma estrutura do sistema nervoso central, que associado a
outras (oliva inferior, sistema pré-motor, gânglios basais e córtex cerebral), ajuda a criar um
ambiente vantajoso para várias formas de aprendizagem motora (Houk, 1996; Hikosaka et
al.,2002). A experiência dos movimentos é capaz de promover alterações nos circuitos
cerebelares, formando a base do aprendizado (Kandel et al., 1995). Tais alterações
motivaram pesquisadores como Marr (1969) e Albus (1971) a postularem modelos que
definem estratégias de aprendizagem motora. O primeiro autor sugeriu um mecanismo de
potencialização de longa-duração (PLD) que ocorreria quando uma célula de Purkinje
disparasse ao mesmo tempo em que as fibras paralelas fossem ativadas. Isso causaria um
aumento da força sináptica entre fibras paralelas e as respectivas células de Purkinje. A
função atribuída à fibra trepadeira foi de ativar incondicionalmente a célula de Purkinje
favorecendo o processo (Houk et al., 1996).
Albus propôs o oposto, que a força sináptica seria diminuída por meio de um
mecanismo chamado depressão de longa-duração (DLD) que dependeria de três eventos
ocorrendo simultaneamente: um input da fibra trepadeira (sinal de treinamento), disparo da
célula de Purkinje e a atividade sináptica das fibras paralelas. Reforçando tal estratégia
achados adicionais demonstraram que a atividade de fibras trepadeiras é modulada durante
as fases de aprendizagem, e que essa modulação, por meio de inibição hétero-sináptica,
reduz a força dos inputs das fibras musgosas para a célula de Purkinje (Kandel et al., 1995).
A atividade da célula de Purkinje quando reduzida permite uma desinibição dos núcleos
profundos do cerebelo (via de saída do circuito), o que em última instância, influenciará a
execução dos padrões de movimento. Sumarizando essas observações, parece ser mais
provável que a atividade das fibras trepadeiras, quando associada a outros fatores, produza
uma DLD ao invés de PLD (Ito, 1989).
Alguns experimentos têm examinado a função de fibras musgosas e trepadeiras
durante aprendizagem motora. A atividade dessas fibras foi captada em diferentes fases do
treinamento expressando aspectos particulares em cada uma destas (Striedter, 1998; Thach,
1998). Em condição constante e previsível o movimento foi acompanhado por flutuações
estereotipada de picos simples a partir de inputs de fibras musgosas com picos complexos,
a partir das fibras trepadeiras, ocorrendo ocasionalmente e de forma intercalada (Thach,
1998). Quando a condição foi alterada inesperadamente (evocando aprendizagem), a
freqüência dos picos complexos aumentou drasticamente ao mesmo passo em que a de
picos simples diminuiu gradualmente. Após várias tentativas de treino, com os sujeitos
(macacos) se ajustando à nova condição, a freqüência dos picos complexos retornou aos
níveis de controle. Porém, os picos simples permaneceram abaixo da linha de base (Kandel
et al., 1995). Isso sugere que a modulação da atividade das fibras trepadeiras, durante a
aprendizagem, reduz por inibição hetero-sináptica a força dos inputs das fibras musgosas
para as células de Purkinje, ajustando-os à nova condição de movimento (ver: Barmack &
Yakhnitsa, 2002; Ebner, 1998).

O sinal de treinamento das fibras trepadeiras:


Como descrito anteriormente, as FT surgem de núcleos da oliva inferior e chegam
ao córtex cerebelar onde estabelecem contato direto com células de Purkinje (Houk et al.,
1996). Muitas teorias do cerebelo assumem que essas fibras transmitam informações de
treinamento que guiam o processo de aprendizagem motora (Houk et al., 1996; Striedter,
1998). Porém, há divergências entre os modelos teóricos com relação à natureza específica
dessas informações. Marr (1969) assumiu que, através das FT, a oliva inferior transmite
instruções específicas do córtex motor, designando quais os movimentos elementares
necessitam ser executados. Mas tal proposta não esclarece como o córtex motor adquire tal
conhecimento elaborado sobre um vasto conjunto de movimentos requeridos (Houk et al.,
1996). Albus (1971) adotou que a oliva inferior compara feedbacks sensoriais com
trajetórias desejadas de movimento, a fim de sinalizar erros na performance. Ambas as
teorias são questionáveis por não abordar como os padrões internos podem ser adquiridos
(Houk et al., 1996).
Mais adiante, análises eletrofisiológicas a partir de neurônios da oliva inferior ou de
suas FT (axônios) possibilitaram informações úteis sobre o tipo de informação de
treinamento aqui discutida. Nas diferentes regiões da oliva inferior chegam várias
combinações de fibras sensoriais e ramos colaterais de fibras motoras os quais trazem uma
espécie de cópia das informações eferentes que se traduzem em respostas motoras (Bloedel
& Courville, 1981). Tal achado, somado a outros fatores, levou à hipótese de que a oliva
inferior calcula sinais de erro oriundos à cópia da eferência (Oscarsson, 1980). Contudo, tal
modelo apresenta-se limitado quanto as suas possibilidades de demonstração. Outra
hipótese atribui ao córtex motor a função de controle de feedbacks simples, recebendo ele
mesmo os sinais da trajetória objetivada (a partir do córtex de associação) e comparando
com informações da trajetória atual fornecidas por feedback sensorial. A diferença entre
trajetórias permite ao córtex motor gerar uma referência de erro que será propagada através
da oliva inferior, providenciando sinal de treinamento para o cerebelo (Kawato & Gomi,
1992). Este modelo é questionado por desconsiderar a natureza sensorial da oliva inferior
como sugerido pelas análises eletrofisiológicas (Houk et al., 1996).
Em seu modelo gerador de padrões ajustáveis, Houk e Barto (1992) assumiram a
natureza sensorial da oliva inferior sinalizando como uma base para a geração de
informação de treinamento. Consideraram tal sinal de treinamento derivado de
propriedades somatossensoriais simples, o que favorece uma explicação de como os
padrões internos são gerados (Houk et al., 1996). Células táteis respondem ao contato sobre
um campo receptivo na superfície do membro e células proprioceptivas respondem ao
movimento do membro em uma direção particular. Tais respostas são reprimidas durante
certas fases do movimento, e a repressão é atribuída a um mecanismo de refinamento, por
ação inibitória, que é controlado pelo sinal da copia eferente. Respostas táteis são inibidas
justamente após um comando motor cessar, eliminando respostas de contato que, de outra
forma, permaneceriam até o final de um movimento preciso. Assim, as respostas podem ser
inibidas quando o membro colidir indesejavelmente com algum objeto durante o
movimento, constituindo um simples indicador de erro motor (Houk et al., 1996). Quanto
às respostas táteis, estas são inibidas durante o movimento, o que é dito a acontecer
somente em fase primária do movimento, ficando a OI responsável durante os movimentos
corretivos secundários. Como os neurônios proprioceptivos estão voltados para diferentes
direções de movimento, diferentes unidades no sistema detectam diferentes direções de
movimentos corretivos. Isso possibilita uma forma de supervisionar a informação de
treinamento no respectivo modelo (Houk et al., 1996).
Aprendizagem motora induzindo plasticidade cerebelar:
Um considerável número de experimentos tem demonstrado o aspecto de
plasticidade sináptica em populações adultas de ratos submetidos a tarefas motoras
complexas que exigem coordenação e balanço. A aprendizagem de tarefas dessa natureza
(acrobáticas) é tida como capaz de produzir uma profunda remodelagem na rede
interconectiva intrínseca ao córtex cerebelar (Kleim et al., 1998). Tal aspecto foi
investigado em uma área do córtex cerebelar que recebe inputs somatossensorial e
proprioceptivo dos membros anterior e posterior do animal: o lóbulo paramediano
(Anderson et al., 1996; Krutki & Mrowczynski, 2002; Klintsova et al., 2002). Há entre os
experimentos aquele que também investigou se alterações similares ocorreriam em um dos
alvos primários dos outputs dessa área, o núcleo denteado, contudo, não foram encontradas
modificação estruturais no mesmo (Kleim et al., 1998a). Tal resultado sugere, então, que as
alterações sinápticas estruturais relacionadas ao cerebelo são seletivas às regiões corticais e
que a participação do núcleo denteado seria a de retransmitir os comandos resultantes dessa
possível reorganização cortical.

Aplicação das tarefas experimentais:


Nos diversos experimentos os modelos animais são geralmente submetidos a uma
entre quatro condições de treinamento com duração variando entre 15 e 30 dias (Anderson
et al., 1996 & Kleim et al., 1998). Na condição acrobática (CA) as tarefas consistem em
atravessar trilhas de obstáculos que requerem considerável grau de coordenação e balanço
como: pontes planas que progressivamente estreitam-se, cordas na vertical (escadas de
mão), ponte móvel utilizando uma corrente (estendida de uma ponta à outra), caminhos
com barreiras em suspensão etc. Os obstáculos aumentam em número e grau de dificuldade
ao longo do treinamento, de forma que o primeiro dia começa com uma tarefa simples e
progride para um total de aproximadamente sete tarefas complexas até o último dia
(Anderson et al., 1996). A condição de exercício intenso (EI) envolvia uma caminhada
rápida (10m/min) sobre uma esteira rolante motorizada, iniciando com uma duração de
5min. no primeiro dia e aumentando gradualmente para 60min. no decorrer dos dias. Outra
foi a condição de exercício voluntário (EV) com os ratos permanecendo em gaiolas que os
possibilitavam exercitarem-se em rodas de corrida. Eles estiveram livres para correr durante
qualquer momento que quisessem (Anderson et al., 1996). Por fim é empregada uma
condição inativa (CI) em que os ratos não tinham a oportunidade de aprendizagem ou de
outros exercícios além dos possíveis dentro de suas gaiolas.

Variáveis dependentes comportamentais:


Uma das variáveis aqui analisadas refere-se à quantidade de erros dos animais
durante o processo de aprendizagem das tarefas acrobáticas. Foi constatado um
considerável efeito do dia de treinamento sobre a performance dos ratos (Jones et al., 1999
& Kleim et al., 1998b). Um dos estudos relata uma média de 20 erros/tentativa no primeiro
dia da tarefa e menos que 1 erro/tentativa para os períodos finais do treinamento (Kleim et
al., 1998a). Isso indica uma pronunciada quantidade de aprendizagem durante todo o
período de treinamento. Outra variável a ser discutida é o tempo requerido para completar a
tarefa (latência) que analogamente à primeira, sofre uma redução no decorrer do
treinamento (Kleim et al., 1998a; Kleim et al., 1998b & Jones et al., 1999). Registros do
primeiro dia de treinamento citam uma latência média de 45s para conclusão da tarefa pelo
grupo da CA, diminuindo para menos de 20s ao trigésimo dia (Kleim et al., 1998b). Outro
estudo comparou um grupo de ratos com lesões produzidas em áreas do córtex
sensoriomotor representativas dos membros anteriores, com o respectivo grupo controle. As
reduções em número de erros e latência resultantes do treinamento de habilidades
acrobáticas foram também a partir desse observadas (Jones et al., 1999).

Variáveis dependentes celulares:


Finalizada a fase de treinamento o procedimento subsequente passa a ser a remoção
dos lóbulos paramedianos esquerdo e direito no modelo animal e preparação para análises
ao microscópio eletrônico. Com o auxílio de uma câmera lúcida foi retirada uma faixa de
camada molecular compreendida entre a piamater e a camada de Purkinje a partir da qual
foi feita a coleta de dados (Anderson et al., 1996). Variáveis como: o número total de
sinapses, o número de sinapses de fibras paralelas e o número de sinapses de fibras
trepadeiras, todas estas estando baseadas no volume referente a uma célula de Purkinje,
apresentaram-se como as variáveis mais conclusivas para esta parte do estudo. A
classificação dos diferentes tipos sinápticos do cerebelo tem se realizado por meio das
características morfológicas dos diferentes componentes pré-sinápticos e pós-sinápticos. As
fontes primárias mais utilizadas são: Palay & Chan-Palay (1974), Larramendi & Victor
(1967) e Ecles, Ito & Szengothai (1967).
Relacionando-se à classificação dos componentes pré-sinápticos, surgem os
terminais de fibras paralelas que são identificados por seu citoplasma claro, 2-3
microtúbulos cortados transversalmente e pequenas mitocôndrias. Tais terminais são de
pequenos a médios no tamanho e têm pequenas vesículas redondas (Anderson et al., 1996).
Os terminais de fibras trepadeiras têm grandes vesículas redondas que estão densamente
agrupadas. São terminais que frequentemente contatam várias espinhas em um plano de
secção. Na categoria inibitória há os terminais de células em cesto que são largos e
apresentam muitos neurofilamentos, suas vesículas redondas e elipsoidais estão
frouxamente agregadas e a fenda sináptica tem no máximo o tamanho do espaço
intersticial. Por vez, os terminais de células estreladas possuindo também vesículas
redondas e elipsoidais se diferenciam das últimas com relação ao tamanho das fendas, que
neste caso, são maiores do que os espaços intersticiais usuais. Por último, os terminais das
células de Purkinje contém vesículas achatadas e redondas através de largos terminais
(Anderson et al., 1996).
Quanto à classificação dos componentes pós-sinápicos, esta diz respeito aos
dendritos das células de Purkinje e aos dendritos provenientes de interneurônios inibitórios
(Kleim et al., 1998b). Os primeiros são intensamente circundados por glias formando uma
bainha e apresentam uma cisterna submembrana extensiva. Enquanto isso, os dendritos dos
interneurônios são circundados por uma pequena quantidade de glias e suas sisternas
submembranas são intervaladas (Kleim et al., 1998b). É ainda mencionado que os dendritos
a partir dos interneurônios têm um citoplasma escuro com uma maior densidade de
microtúbulos do que os dendritos das células de Purkinje (Anderson et al., 1996). Os perfis
que não se encaixaram em nenhuma das categorias mencionadas tem como saída serem
classificados como processos pré ou pós-sinápticos desconhecidos.
Remodelagem no córtex cerebelar associada à natureza da tarefa:
Em consenso, estudos evidenciaram um aumento substancial no número de sinapses
de fibras paralelas/células de Purkinje, no grupo da CA em relação aos das condições de EI,
EV e CI (Anderson et al., 1996 & Kleim et al., 1998b). Quanto às sinapses de fibras
trepadeiras/células de Purkinje, os estudos apresentaram resultados diferenciados. Anderson
(1996) observou em seu trabalho um considerável aumento no número dessas sinapses
entre o grupo da CA, comparado aos demais. Por outro lado, Kleim (1998b) relata não ter
observado alterações em outro tipo sináptico sem ser o das fibras paralelas. Uma possível
explicação para tal discrepância é que somente no trabalho da primeira autora a camada
molecular foi observada desde a periferia até suas áreas mais profundas. Por conta disso,
ela pode ter encontrado regiões mais ricas em sinapses de fibras trepadeiras, as quais não
puderam ser observadas através das estratégias do segundo experimento (Kleim et al.,
1998b). O número total de sinapses no volume de tecido referente a uma célula de Purkinje
teve considerável aumento, principalmente por conta das sinapses de fibras paralelas. Elas
representam o tipo mais abundante do córtex cerebelar e sua distribuição original dentro da
referência de volume utilizada representava 78% das sinapses (Anderson et al., 1996).
Sinapses de fibras trepadeiras podem ter contribuído muito modestamente, elas que
representavam, inicialmente, apenas 2% do total. Aumento em outros tipos sinápticos não
foram evidenciados (Kleim et al., 1998b & Anderson et al., 1996).

CONCLUSÃO
De acordo com os achados, o cerebelo consiste em uma estrutura importantemente
relacionada com a aquisição de novos padrões de movimentos. Suas propriedades
integratórias entre os aspectos sensoriais e motores em prol de execuções motoras eficazes
fazem dele uma estrutura essencial às tarefas diárias. Além do mais, suas funções
demonstram ser retroalimentadas pela própria execução de movimentos com natureza
particular. Trabalhos variados apontam a possibilidade através da aprendizagem de
habilidades motoras complexas (acrobáticas exigindo balanço e coordenação), mas não as
simples, de promover adaptações localizadas no córtex cerebelar. Tais adaptações são
responsáveis por aprimorar o ambiente que conduz as coordenadas sobre os padrões
motores a serem executados em resposta à demanda das tarefas aprendidas. Quanto aos
mecanismos neurofisiológicos desse aspecto plástico os resultados experimentais indicam o
aumento do número de contatos sinápticos de fibras paralelas com a célula de Purkinje
como o fator responsável. A confirmação dessa hipótese invalida a idéia da aprendizagem
motora dever-se ao aumento na eficácia de sinapses individuais como proposto por Mar e
Albus. Por fim, o aumento do número de sinapses entre as fibras trepadeiras e as células de
Purkinje observado em um dos experimentos é algo a ser melhor investigado. Se
confirmado, tal aspecto poderia representar um aumento na velocidade com que novos
padrões motores são incorporados pelo sistema.

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