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que pensa tal pessoa, e desta maneira enche-se-lhe o coração de fel que
lhe amarga a vida. Quanta leviandade! Pe. Humberto Gaspardo
Em compensação, para uma pessoa séria, todas essas ocasiões são
mui próprias para assenhorear-se do ânimo da pessoa que ofende.
Em uma destas circunstâncias disse uma esposa a seu marido:
"Não penses que fiquei ofendida pelo que me disseste! Conheço bastan-
te teu bom coração. Sabe, pois, que sou ainda a mesma de antes".
Tal esposo, que já se havia arrependido das palavras pronuncia-
MATERNIDADE CRISTÃ
das, e que temia ter sido causa de aborrecimentos, respondeu comovido:
"E eu te digo que te estimo e te amo ainda mais!"
Ditoso quem sabe a seu tempo e lugar DESCULPAR. Sim, dei-
xem passar certas palavras pouco atenciosas ou mesmo ofensivas, certos INSTRUÇÃO
modos grosseiros, certas desconsiderações involuntárias, etc. Pobres de
nós se tivéssemos que dar uma bofetada em todas as moscas que esvoa- Traduzido do Italiano
çam diante de nós ou um empurrão em quem, passando por nós, talvez
involuntariamente nos pisasse o pé.
Se soubermos fazer bem as contas, veremos facilmente que mes-
mo considerando as coisas humanamente, nos convém ser sempre mui
tolerantes.
Queremos talvez nos mostrar sempre irritadiços, que não são nos-
sas paixões ou o amor próprio, ou o nervosismo que devem regular nos-
sa vida. Ao contrário, devemos refrear estas coisas. É precisamente esse
o nosso dever. Há de ser a razão iluminada pela fé a regra de nossas a-
ções e não o amor próprio e o nervosismo. E justamente por isso, o ho-
mem se diferencia do animal.
O animal segue o instinto, o homem segue a razão. E no cristão
além da razão há ainda a fé, e é a fé que deve sempre triunfar.
Mas é certo que o homem não tem sempre a energia de seguir os
ditames da razão e da fé: nossa fraqueza é grande, isso no-lo prova
suficiente-mente a experiência.
E por isso mesmo é necessário invocar-se o auxílio divino que
jamais falta a quem o pede com sim-plicidade de coração. Disse-o o
Mestre Divino: "Sem Mim nada podereis fazer!" (São João, XV, 5)
E as fontes às quais nos devemos todos dirigir para encontrar a
força a fim de vencermos a nós mesmos, são a Confissão e a Comunhão.
Somente o Redentor que antes de subir aos Céus disse aos seus
Apóstolos: "Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz", (São João, XIV,
27) pode dar e conservar a paz nos indivíduos e nas famílias: aquela
paz, como diz Manzoni, "da qual o mundo zomba, mas que lhe não pode
arrebatar".
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Entre os muitos erros que cometem cabeças levianas está também
este: não saber dar o devido valor às palavras.
Medem esse valor pela ofensa que recebe o seu amor próprio. Em
certos momentos de excitação, de nervosismo, de cólera, sentem-se feri-
das pelo dardo de uma palavra que se lhes crava no meio do coração não
há quem a possa arrancar.
Pobrezinhas! Não pensam que precisamente essas palavras não
devem ser tomadas em consideração. Quem não sabe que semelhantes
circunstâncias, de superexcitação em uma pessoa causam atos de impru-
dência, pois atiram o que lhes vem às mãos, dizem as palavras que lhes
vem à boca, sem contudo, nem sempre descontentes e inflexíveis? Sai-
remos sempre perdendo. Não queremos suportar a um só, e nos coloca-
mos em risco de suportar a mais de dez.
Mas quando a flecha foi atirada por nós mesmos e feriu o nosso
próximo, ou ainda quando a cólera encheu o nosso coração e a ira acen-
deu em nós propósitos de vingança, nesse caso é preciso lembrarmo-nos
da exortação do Apóstolo: SOL NON ÓCCIDAT SUPER IRACÚN-
DIAM VÉSTRAM - O sol não se ponha sobre a vossa ira. (Efes., IV,
26)
Isso não convém a ninguém. Façamos o que fazem as boas crian-
ças. Quando lhes acontece ter desgraçado a mamãe ou ao papai, antes de
se irem para a cama, pedem-lhe perdão e querem receber o beijo da paz.
Lembremos as palavras de Jesus: "Se não vos fizerdes pequenos como
estas crianças não entrareis no reino dos céus". (Mat., XVIII, 3)
Não pensemos que nos humilhamos quando procuramos reparar o
mal feito, antes, é isso sinal de fortaleza de ânimo. Quando por casuali-
dade, nos ferimos, recorremos logo a desinfetantes e antisépticos, para
evitar-se uma infecção. Nada tão infeccioso como a ira, quando se deixa
que penetre no coração. Pode transformar-se facilmente em ódio e o ó-
Nihil Obstat dio não sabemos a que excessos pode levar.
Estas coisas são sem dúvida, boníssimas. Mas, quem é capaz de
P. Antônio Charbel S. D. B. S.
cumpri-las? Seria preciso não ser homens, já que todos temos nosso a-
Paulo, 9 de Outubro de 1951
mor próprio nossas paixões e certamente não é coisa fácil despojarmo-
nos de nós mesmos.
Imprimatur Isto é verdade: mas convém fazermos algumas considerações. An-
tes de tudo, é necessário ter-se presente, ter intenção de ferir ou de ofen-
t Paulo, Bispo Auxiliar der? Pronunciará muitas vezes palavras das quais depois há de se arre-
S. Paulo, 21 de Novembro de 1951 pender amargamente apenas tenha passado aquele estado anormal. Mas
uma pessoa leviana, considera tais palavras como se tivessem sido pro-
nunciadas em plena consciência e como se na realidade manifestassem o
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dade, de benevolência de benignidade e largueza de vistas. Se se conhe-
ce uma pessoa dotada desta virtude, é preciso tomá-la como exemplo e ÍNDICE
modelo. Há pessoas, que sendo melancólicas em seu exterior, quando
querem fotografar-se esforçam-se por parecer de temperamento alegre. Necessidade da instrução........................................ 7
Pois bem o que elas pretendem na fotografia, seria preciso fazê-lo, em O direito de ser mãe................................................ 8
Um fato doloroso..................................................... 10
obséquio à paz da família; serão suficientemente louvadas as virtudes da A quem pertencem os filhos ................................... 12
mansidão e da paciência. Os filhos, nascem bons ou maus? .......................... 14
É muito verdade o que dizia S. Francisco de Sales: "Apanham-se Como se há de educar a futura mãe ........................ 17
mais moscas com uma colher de mel do que com um barril de vinagre". Momento crítico...................................................... 21
E este Santo podia muito bem dizê-lo porque ele, de natural colérico, Educação anterior ao nascimento............................ 23
depois de dezoito anos de contínuas lutas contra si mesmo conseguiu Do nascimento aos seis anos................................... 25
Princípio da formação do caráter dos dois aos seis anos...... 29
dominar-se a ponto de ser, chamado - o doce São Francisco de Sales.
A infância................................................................ 32
Conta-se a este respeito que São Vicente de Paulo disse em certa Do sete aos dez anos............................................... 34
ocasião: "Como Deus deve ser bom, pois que tão bom é o Bispo de Ge- Deveres religiosos da criança................................. 35
nebra (São Francis-co de Sales)". A escola................................................................... 37
E a Sagrada Escritura diz: RESPONSlO MOLLlS FRANGlT l- Dos dez aos quatorze anos....................................... 40
RAM. - Uma resposta doce acalma a ira. (Prov., XV, 1) As companhias........................................................ 42
O homem sempre quer ter razão. Não convém contradizê-lo. Mas, A obrigação de comungar pela Páscoa.................... 44
A escolha de um estado........................................... 46
como é inteligente, se na verdade está enganado, deverá reconhecê-lo e A arte de economizar e a bênção de Deus............... 50
acabará por dar razão à mulher. Muitas vezes não querem outra coisa, O período critico..................................................... 53
senão que, não se lhes contradiga. O futuro dos filhos.................................................. 54
Passa o momento de cólera, ele cai em si, lembra-se de que a mu- O futuro das filhas................................................... 56
lher poderia muito bem ter respondido e pensando que ela soube calar, A escolha do estado................................................. 58
ter-lhe-á ainda maior estima. O estado religioso................................................... 61
Certa mulher contou-me que um dia seu marido, sumamente colé- O matrimônio ......................................................... 64
Finalidade do matrimônio....................................... 67
rico e nervoso, ao ver que ela sabia sempre guardar silêncio, corrigiu-se Obrigação do matrimônio....................................... 70
totalmente e um dia não pôde deixar de lhe dizer: “Venceste! Quem sa- Qualidades dos noivos............................................ 73
be o que teria sido de nós se tu não te tivesses portado desse modo?” Em busca da esposa................................................ 76
Mas, venceste para sempre e de modo absoluto. Quem deve escolher a esposa................................. 76
Diz o Apóstolo São Tiago: "O que sabe refrear a língua, é um ho- Em busca do esposo................................................ 79
mem perfeito". (S. Tiago, lU, III, l) Noivado................................................................... 82
Ainda sobre o noivado............................................ 85
Impedimento do matrimônio................................... 88
*** Esponsais e publicações.......................................... 92
No dia do casamento............................................... 95
Dissemos na instrução precedente que para se manter a paz na Depois do casamento............................................... 97
família um meio mui poderoso é saber-se refrear a língua, isto é, falar a Deveres matrimoniais............................................. 101
seu tempo e lu-gar. Os deveres conjugais.............................................. 103
"Ouve, vê e cala o que quer viver em paz". Uma coisa de nunca os esposos devem esquecer... 106
Mas vejamos ainda outros três meios para se conservar esta bendi-
ta paz familiar.
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Outra, rebelde à autoridade de seus pais, considerava o matrimô-
nio como libertação e um estado de descanso. Outra, ainda, que talvez
em casa estava sujeita a trabalhos pesados, pensou que casando-se seria
apenas a SENHORA. Uma quarta, tinha idéias esquisitas, como por e-
xemplo, explorar o marido para fazer figura na sociedade, para satisfa-
zer à gula, os caprichos da moda, e outras paixões. Não faltam exemplos
de matrimônios contraídos com uma diferença exagerada de idade, uni-
dos unicamente pelo interesse ou por qualquer outro motivo menos reto.
Agora se vê claramente que se uma esposa entra em casa do espo-
so com tais propósitos, nunca se encontrará disposta a manter a paz em
sua nova família.
Quais os meios para se conservar a paz?
Primeiro, é a educação da esposa. É necessário, antes de tudo di-
zer que certas famílias não sabem o que significa harmonia. Os pais,
vivendo em constantes rixas entre si, deitam a perder, com seus maus
exemplos, a educação dos filhos. A alteração entre eles vem a ser cona-
tural e até parece que para eles é coisa inevitável.
Dir-se-ia que vivem para se mortificarem reciprocamente. Ai!
Que prejuízos causa uma má educação! Desta má educação muitas ve-
zes origina-se um defeito natural que se pode denominar, má disposição
de ânimo. É uma mania de dizer sempre não!
Há pessoas que parecem possuídas pelo espírito de contradição.
Se alguém lhes diz: BRANCO, elas res-