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Um reconhecimento aos ilustres

Mestres da Educação Física


A Educação Física brasileira poded ser conta- sileira, que passaria a contar com amplas infor-
da pelo trabalho de muitos ilustres mestres, mações nos campos da prática e da teoria, com
alguns dos quais já nos deixaram e são até hoje novos métodos de treinamento e educação.
reverenciados, estudados, admirados. Entre Deu liberdade de cátedra aos professores do
tantos, prestamos homenagem nesta edição a ensino secundário, anos antes da LDB, popula-
quatro destes grandes profissionais: Inezil rizou a atividade física montando verdadeiras
Penna Marinho, Alfredo Colombo, Oswaldo academias em plena rua do Rio de Janeiro.
Diniz Magalhães e Jacintho Targa, de cuja luta
e conhecimento a Educação Física é herdeira. Oswaldo Diniz foi autor de uma proeza: mante-
Diversos Conselhos Regionais do Sistema ve por 51 anos e 3 meses no ar o programa Hora
CONFEF/CREFs têm prestado devidas home- da Ginástica. Sérgio Carvalho, autor de um
nagens aos verdadeiros pilares da profissão, livro sobre Diniz, tenta atualmente incluir tal
muitos com forte influência na educação bra- feito no Guiness, o livro dos recordes. Seu pro-
sileira. Futuramente, outros tantos, tão valoro- grama começou em 1932 e conquistou o país.
sos quanto os agora homenageados, estarão Diniz acordava os alunos às 6h, com a mesma
nas páginas da Revista E.F., fazendo o que foi saudação: "Bom dia, Rádio-Ginastas", levan-
a razão de suas existência: ensinar. do a prática a residências de diversos Estados
brasileiros. A Hora da Ginástica era retransmi-
Inezil Penna Marinho, cuja produção intelec- tida para grupos de rádio-ginastas, por exem-
tual sem igual fez com que fosse considerado o plo na Praia de Copacabana. “Não há na histó-
“Mestre de nossos Mestres”, tinha como preo- ria do rádio brasileiro nenhum programa que
cupação fundamental ampliar os limites e a se lhe aproxime em idade e utilidade”, disse
compreensão da Educação Física para além da certa vez Cândido Fontoura, o fundador dos
prática em si. Contar a história de Inezil Penna Laboratórios Fontoura.
Marinho é contar em dobro a história da
Educação Física brasileira, não fosse ele um Jacintho Francisco Targa foi Diretor da
de seus maiores historiadores e teóricos. Foi Escola Superior de Educação Física da
ele quem resgatou a história da capoeira e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul
dimensionou como ginástica brasileira por por duas vezes, e Vice-Presidente da FIEP,
excelência. Foi ainda, em outro campo de atua- tendo publicado seu Código de Ética
4 ção, um dos iniciadores do movimento associ- Profissional nas edições francesa, inglesa e
ativista profissional além de primeiro presi- espanhola dos Boletins FIEP Nº 4/75, depois
dente da APEF-RJ, publicou diversos traba- também traduzido para o árabe, alemão e italia-
lhos que serviram de base à regulamentação no. Esta comunicação, intitulada Ética
da profissão. Profissional na Educação Física-Desportiva,
E.F. – Dezembro 2003

atingiu todo o país e o mundo, vindo a nortear, a


Alfredo Colombo não só foi aluno de Inezil inspirar futuros códigos de ética profissional da
como destacou-se ao assumir a direção da Educação Física de diversos países. Targa foi
Divisão de Educação Física do Ministério da ainda vice-presidente para aAmérica da FIEP.
Educação e Saúde, em 1954, cargo que Inezil
também ocupara. O Prof. Colombo daria iní- Vamos, então, conhecer um pouco mais sobre a
cio a uma nova era para a Educação Física bra- vida e o trabalho desses grandes personagens.
Inezil Penna Marinho (ENEFD), da Universidade do Brasil, são os testemu-
nhos de sua obra pela Educação Física brasileira”. A
O Prof. Inezil Penna Marinho é considerado uma das DEF, além de pioneira, foi um dos mais importantes
mais destacadas, influentes e produtivas personali- órgãos federais ligados à Educação Física. Lá, Inezil
dades da Educação Física brasileira, sendo lembrado passaria a assistente de ensino em 1940; em 1941, já
em diversos trabalhos e eventos que buscam resgatar era técnico de educação, o primeiro do Brasil ligado à
a memória da Educação Física. Entre esses estudio- Educação Física, e chefe da Seção Pedagógica da
sos figura o Prof. Mário Ribeiro Cantarino Filho, DEF, onde fez carreira antes mesmo de se formar na
para o qual “Inezil Penna Marinho bem merece um ENEFD, em 1943.
biógrafo”. Ele acrescenta: “Sua obra em prol da
Educação Física é extensa”, (Inezil) “teve uma pro- Não foram poucas as vezes que ganhou concursos de
dução intelectual sem igual”, sendo “nosso Mestre trabalhos, sentenças ou cartazes para o desenvolvi-
bem como o mestre de nossos mestres, como dirão os mento da Educação Física. Em 1958, já tinha mais de
mais jovens”. O Prof. Cantarino participou de uma 100 monografias e dezenas de livros publicados, mui-
homenagem ao mestre Marinho, por ocasião da reali- tos dos quais em outras áreas de conhecimento. Já
zação do VI Congresso Brasileiro de Ciências do publicara mais de 1.000 artigos em revistas como:
Esporte, em Brasília, em setembro de 1989, quando Revista Brasileira de Educação Física, Educação
foi realizado um seminário sobre a vida e a obra do Physica, Revista de Educação Física, Cultura
Prof. Inezil. O seminário foi apresentado justamente Política, Boletim da DEF, Arquivos da ENEFD, entre
por Cantarino, que na ocasião fez uma palestra que outras. A preocupação com a “Metodologia do
nos traz muita informação sobre Marinho. Treinamento Desportivo”, assunto hoje tratado aca-
demicamente nas Escolas de Educação Física, foi
“Inicialmente a Educação Física e, depois, o motivo de uma monografia especial elaborada em
Direito, foram as áreas do conhecimento humano 1944 por Inezil Penna Marinho; logo em seguida esta
onde Inezil Penna Marinho registrou a sua presença, preocupação foi estendida ao Futebol, à Capoeira e à
como professor e advogado”, registra Cantarino. Esgrima. Seus escritos sobre aquele tema atestam
“Sua passagem pela antiga Divisão de Educação uma visão, avançada, sobre a necessidade de serem sis-
Física (DEF), do Ministério da Educação e Saúde, tematizados os princípios que regem o Treinamento
nos anos 1940, e sua atividade fértil nos anos 1950, Desportivo.
na Escola Nacional de Educação Física e Desportos

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Em um de seus trabalhos mais


significativos o Professor Inezil
define a Capoeira como a
Ginástica Brasileira.
À direita: Professor Inezil,
no Rio de Janeiro, em 1955
(foto do arquivo da família)
É de Inezil Penna Marinho o livro Subsídio para ção resumida em 1980, tal a carência de novos
o Estudo da Metodologia do Treinamento da estudos sobre o assunto. Até hoje muitos estu-
Capoeiragem, um dos primeiros estudos (1945) dos se valem da obra do Prof. Inezil como fonte.
sobre a utilização da Capoeira como método de
defesa pessoal e ginástica, sistematizando-o
também seu reaproveitamento como desporto.
A pesquisa levou o Prof. Inezil a definir a
Capoeira como a Ginástica Brasileira. Não há
registro da existência da capoeira ou qualquer
outra forma similar à capoeira no continente afri-
cano. Em 1966, Inezil pôde confirmar esta con-
vicção quando esteve em Angola, a fim de pes-
quisar uma possível origem da capoeira. Ele che-
gou à conclusão de que ela era inteiramente des-
conhecida por lá, quer entre os eruditos, quer
entre os nativos, a cujas festas religiosas e dan-
ças guerreiras ele assistiu.

A importância do livro reveste-se de vários sig-


nificados. Todo relato anterior sobre a Capoeira
foi queimado por ordem de Rui Barbosa. O
livro, portanto, participa de um duplo resgate Acima: O Prof. Inezil, na
desta arte: enquanto atividade física e enquanto Praia da Urca, Rio de
história do Brasil. Curioso é que, no Brasil Janeiro, em 1948, na
Império, em 1851, a Lei de n.º 630 já incluía a clássica posição do
discóbolo, ,símbolo da
ginástica nos currículos escolares. Embora Rui Educação Física;
Barbosa não quisesse que o povo soubesse da Ao lado: em palestras
história dos negros, preconizava a obrigatorie- que ministrava pelo
dade da prática da Educação Física nas escolas país, já na qualidade
de advogado, em 1982
primárias e secundárias.
(fotos do arquivo da família)

Em Sistemas e Métodos de Educação Física,


editado em 1953 e com diversas edições suces- Os Clássicos e a Educação Física é outra obra
sivas, Inezil analisa, com profundidade de mes- de grande valor, onde os pensamentos de Platão,
tre, os mais diversos sistemas ginásticos e de ati- Aristóteles, Thomas Morus, Rousseau e outros,
vidade física então existentes. A Ginástica são analisados nos aspectos relacionados à
Sueca, a Calistenia, a Ginástica Dinamarquesa, Educação Física. Prof. Cantarino resume: “As
e outros sistemas, são avaliados quanto aos obras de Inezil Penna Marinho, publicadas em
aspectos técnicos e em sua evolução histórica. forma de livros e folhetos, referentes à
6 Em 1943, Marinho publica um de seus mais Educação Física e aos Desportos, são inúme-
importantes estudos. Contribuições para a his- ras; seus temas versam sobre Administração,
tória da Educação Física no Brasil foi o primei- Legislação, Filosofia, História, Metodologia,
ro a abordar o assunto com a profundidade que Pedagogia, Didática, Psicologia e Sociologia.
merecia em suas mais de 600 páginas. Os periódicos especializados guardam, em seu
Anteriormente, sobre o assunto somente se bojo, dezenas ou até mesmo centenas de seus
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encontravam breves, fragmentadas e superfici- trabalhos. O número pouco importa, mas o con-
ais citações ou pequenos capítulos em livros. teúdo de seus trabalhos é incalculável. Foram
Tal estudo é republicado, com algumas modifi- quase cinco décadas produzindo intelectual-
cações, em 1952/1953, dividido em quatro volu- mente pela Educação Física e os Desportos no
mes, tornando-se essa versão mais conhecida Brasil”.
do que a anterior. Houve inclusive uma publica-
Filho do Cônsul Ildefonso Ayres Marinho e de Ignez (...) o conteúdo de seus trabalhos
Penna Marinho, o ex-aluno do Colégio Pedro II, Inezil
Penna Marinho desde a juventude se destacava pelo é incalculável. Foram quase cinco
gosto pela prática de esportes e pelo interesse pela filo- décadas produzindo intelectualmente
sofia, história e poesia. Como esportista chegou a ser
campeão de pólo aquático pelo clube Boqueirão do pela Educação Física e os
Passeio e de luta livre pelo Flamengo, entre outros
esportes dos quais tomava parte. Quando aluno da Desportos no Brasil (...)
Escola Nacional de Educação Física e Desportos “Sua preocupação fundamental era ampliar os limi-
(ENEFD), entre 1941 e 1943, foi campeão universitá- tes e a compreensão da Educação Física para além da
rio de pólo aquático e vice de voleibol, chegando prática em si – narra Andrade de Melo. “Seu desejo
mesmo a ser recordista universitário de atletismo nos era encará-la como uma importante dimensão da cul-
800m, 1500m, 3000m e 4 x 400m. No território da tura, cujas origens remontavam ao passado. Enfim,
Poesia Lírica, escreveu Castália, Amor & Lembrança mais do que um estudioso que percebeu a importância
e Oh, Grécia. Como poeta, Inezil ganhou alguns con- da História para a Educação Física, o Prof. Inezil foi
cursos. Entre eles, por exemplo, o prêmio de literatura fundamentalmente um estudioso que percebeu a
da Academia de Ciências e Letras de 1933, com o Educação Física a partir de uma ótica diferenciada, a
poema Tetrálogo dos Cavaleiros do Apocalipse. partir das fortes referências humanistas que possuía.
Na verdade, Marinho parece não compreender o
O Prof. VictorAndrade de Melo, do Programa de Dou- desenvolvimento de uma Educação Física que não
torado em Educação Física da Universidade Gama fosse fundada em uma matriz filosófica clara. Para
Filho e estudioso da obra do Prof. Inezil, destaca estu- ele, mesmo as questões ligadas a didática/pedagogia
dos menos conhecidos, como o inovador Que meios tinham uma denotada raiz filosófica”.
utilizavam os nossos índios para sua educação física,
publicado em 1942, além de artigos publicados nos A atenção de Inezil para as questões ligadas à
Arquivos da ENEFD, onde, afirma, “é possível identi- Recreação e aos jogos estava diretamente ligada ao
ficar uma grande disposição para reorientar o estudo seu conceito de Educação Física, que influenciou alu-
da História da Educação Física, tornando-o de natu- nos como Alfredo Colombo. Desde a década de 1940,
reza interpretativa, valorizando outras fontes e estan- vinha criticando a adoção do Método Francês e suge-
do ligado a uma necessidade de compreensão da soci- rindo a necessidade de elaborar um Método Brasileiro
edade e da constituição do campo da Educação Física a partir de um conceito de Educação Física ampliado.
e do papel social dessa”. Segundo Inezil, dever-se-ia substituir o conceito aná-
tomo-fisiológico de Educação Física por um conceito
Em 1949, Inezil foi aprovado em concurso público bio-psico-sócio-filosófico, onde o prazer, o desenvol-
para professor da ENEFD, primeiro para livre- vimento integral e o aspecto educacional ficassem
docente, depois para catedrático. Curiosamente sua sempre ressaltados.
aprovação fora para a cadeira de Metodologia da
Educação Física e não para a cadeira de História e Neste rumo, Inezil foi precursor da discussão sobre a
Organização da Educação Física e dos Desportos. É ação de médicos como normatizadores das atividades
somente em 1956, com a morte do Prof. catedrático físicas e até mesmo sua influência no interior das 7
Aloísio Aciolly (com quem Inezil chegou a escrever o Escolas de Educação Física da época, cujo aspecto
livro História e Organização da Educação Física e positivo é a atual conformação das grades curricula-
dos Desportos), que sua passagem para a cadeira de res. Contudo, a "maior fundamentação científica" dos
História se torna possível. Como já era catedrático, médicos gozava de notabilidade e dificilmente era
bastava-lhe pedir a transferência. Contudo, por julgar questionada pelos Professores de Educação Física.
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mais justo, preferiu realizar o concurso. Ao ser apro- Ao historiar a participação de Penna Marinho na ques-
vado e posteriormente assumir a cátedra de História, tão, Andrade de Mello relata sua polêmica com João
abriu mão da cátedra de Metodologia, atitude rara por Peregrino Júnior. Em resumo, o grande debate se deu
se tratar de cargo vitalício. Enquanto permaneceu na por ocasião das discussões acerca dos “grupamentos
ENEFD, somente dividiu suas aulas de História com homogêneos” nas aulas de Educação Física.
as funções de técnico de educação da DEF. Peregrino Júnior, um dos mais conceituados professo-
res da ENEFD, acreditava que a classificação das contribuições para o treinamento desportivo. Após
turmas deveria ser de natureza morfofisiológica, 1958, se mudou para Brasília e se dedicou mais à
enquanto Inezil acreditava que deveria ter um cará- Advocacia, atividade que o absorveu nos últimos
ter pedagógico, de natureza bio-sócio-filosófica. 29 anos de vida. Em reconhecimento ao seu traba-
“Penso que Peregrino Júnior não esperava uma lho e à sua obra feita pela cidade, o Governo do
reação tão categórica como a de Inezil, que fez uso Distrito Federal outorgou-lhe, em 21 de abril de
de toda sua erudição para argumentar que a pro- 1987, um mês após o seu falecimento, a “Medalha
posta do médico era ultrapassada e somente apli- do MéritoAlvorada”.
cável em laboratórios”, comentaAndrade.
A maior dedicação de Marinho à advocacia, não o
Como diretor-geral da Revista Brasileira de afastou das questões essenciais da Educação Física.
Educação Física e Desportos (RBEF), passou a Foi fundador e primeiro Presidente da APEF-RJ, na
abrir espaços cada vez maiores para artigos de pro- década de 1940, e um dos iniciadores do movimen-
fessores de outros países da América Latina. A to associativista profissional. Foi ele a principal
RBEF passava por dificuldades e, antes que fechas- liderança no processo histórico do movimento pela
se, Inezil resolveu sustentá-la. De início usou todas regulamentação da profissão, que teve um Projeto
as suas economias, e paulatinamente foi aumentan- de Lei nesse sentido aprovado pelo Congresso
do o número de assinantes. Inezil assumiu a revista Nacional, mas vetado pelo Presidente da
com 146 assinantes e logo esta tinha mais de 1.000, República, em 1985. Trabalhos publicados por
sendo 300 no exterior. Inezil sustentavam uma condição diferenciada para
a Educação Física brasileira, para além da própria
A contribuição de Inezil Penna Marinho inclui, ain- Licenciatura, estabelecendo as bases da profissão.
da, reflexões quanto a crianças portadoras de defi- Estas contribuições estão, sem dúvida, estreita-
ciências, participação em congressos no exterior, mente ligadas ao movimento que se seguiu e que,
atuação como Presidente da Confederação Brasi- em 1998, numa segunda fase, culminou com a vitó-
leira de Desportos Universitários, participação na ria da regulamentação profissional e com a própria
Associação de Professores de Educação Física e criação do CONFEF.

Alfredo Colombo de Basquetebol na década de 1950. Depois de


viajar aos Estados Unidos e Escandinávia, vol-
O Prof. Alfredo Colombo assumiu a direção da tou muito entusiasmado concebendo idéias
Divisão de Educação Física do Ministério da renovadoras de modificações na estrutura da
Educação e Saúde em 1956, no governo de Educação Física brasileira”, nos conta o Prof.
Juscelino Kubitschek. A partir daí, começava Darcymires.
uma nova era para a Educação Física brasileira,
que passaria a contar com amplas informações Colombo foi professor de Ginástica Geral na
nos campos da prática e da teoria, com novos ENEFD. Primeiro ocupou a cátedra, tornando-
métodos de treinamento e educação. Para o se Professor Titular quando a Lei de Diretrizes e
8 Prof. Darcymires do Rêgo Barros, aluno de Bases (LDB) extinguiu as cátedras. Uma das
Colombo na ENEFD – Escola Nacional de grandes mudanças executadas por ele foi dar
Educação Física da Universidade do Brasil – e liberdade de cátedra para os Professores do ensi-
seu posterior colaborador, deve-se ao Prof. no secundário (elementar e médio), cinco anos
Colombo, em especial, o grande impulso na antes de a LDB estendê-la a todas as áreas da
Educação Física brasileira, sobretudo na educação brasileira. O chamado Método
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Educação Física Escolar e na Recreação Francês, que pretendia o desenvolvimento aná-


Comunitária. “A Educação Física no Brasil tomo-fisiológico do ser humano, era o sistema
tem dois períodos: antes de Colombo e depois didático-pedagógico obrigatório. Ele acredita-
de Colombo. Ele sempre foi revolucionário, va que este método já estava ultrapassado e
com idéias avançadas e um sentido muito gran- extinguiu a obrigatoriedade da prática nas esco-
de de organização. Organizou, por exemplo, a las secundárias, dando aos Professores de
Superintendência da Confederação Brasileira Educação Física liberdade de cátedra a partir de
1956, desde que utilizassem métodos objetivos com a A Ginástica Rítmica foi um dos sonhos do Professor
juventude estudantil. “Em 1961, a Lei de Diretrizes e Colombo, que não teve dúvida em convidar ao Brasil
Bases da Educação Nacional foi aprovada pelo Margareth Froelich e Ilona Peuker. Esta, húngara de
Congresso Nacional, introduzindo a psicologia na nascimento, naturalizada austríaca, vivia no Rio de
educação e proporcionando liberdade de cátedra ao Janeiro desde 1953, quando havia sido campeã do
ensino brasileiro, liberdade que a Educação Física Torneio Internacional de Ginástica Moderna, na Áus-
tinha desde 1956 graças ao Prof. Colombo”, ressalta tria. Colombo auxiliou a organização dos primeiros
o Prof. Darcymires. treinamentos de ginástica rítmica no Brasil, além de
obter verba para Ilona Peuker levar sua equipe na
Isso possibilitou aos professores de Educação Física, Gymnaestrada de Zagreb. “O contato com os profes-
inicialmente, a orientação de uma forma de trabalho sores estrangeiros por meio dos encontros denomina-
físico intitulada de Ginástica Metodizada, já conheci- dos Estágios Internacionais foi muito profícuo, dando
da pelos alunos de Colombo na ENEFD nos anos de início à construção da Educação Física Escolar bra-
1949-50, um misto da Ginástica Calistênica em subs- sileira. ”.
tituição às duas primeiras partes do Método Francês,
seguido a aplicação das famílias daquele método: Os Cursos de atualização organizados por Colombo
andar, trepar, saltar, levantar e transportar, correr, ata- atraíam, a cada ano, cerca de 600 professores. Vários
car e defender, finalizando com a volta à calma. Para voltavam a seus Estados como repassadores de novos
Darcymires, a Ginástica Metodizada foi uma transi- métodos. Foram criados, também, os Cursos de
ção, já que imediatamente trouxe ao Brasil uma miría- Suficiência em Educação Física para os professores
de de professores de mais alto nível no cenário inter- “leigos” que atuavam no interior do Brasil e em algu-
nacional. mas capitais, onde não havia professor de Educação
Física diplomado. Durante 45 dias, estudavam disci-
Muitos professores, por demais acostumados ao plinas como anatomia, fisiologia, psicologia, ginásti-
Método Francês, tinham alguma dificuldade em ca e organização desportiva. Ao final, se aprovado,o
desenvolver outras metodologias naquele momento. aluno recebia uma autorização para continuar minis-
Precavendo-se para esta possibilidade, Colombo con- trando Educação Física nas escolas. Caso contrário,
vidou figuras de ponta da Educação Física mundial recebia uma autorização provisória por seis meses a
para ministrar cursos de atualização no Brasil, que um ano para lecionar em sua escola e em sua cidade, a
denominou de Estágios. Aceitaram o convite alguns fim de tentar nova aprovação. Estes cursos perdura-
professores famosos, como Auguste Listello, da ram até 1962, quando foram substituídos por cursos
França; o Prof. Karl Koch, da Áustria, enviou seu de atualização.
jovem assistente Gerard Schmidt, que apresentou con-
cepções avançadas da Ginástica Natural Austríaca no Segundo o Prof. Darcymires, uma das coisas mais
campo da Educação Física Escolar; Ivan Vargas, da espetaculares feitas por Colombo foi a criação das
Iugoslávia, com a Ginástica Natural; Piero Manarino, Ruas de Recreio no então Distrito Federal, em 1957.
da Itália; Milton Confré, do Chile; Nelly Gomes, tam- “A primeira dessas ruas foi instalada na Avenida
bém do Chile; além de Margareth Froelich, da Suécia. Engenheiro Richard, no Grajaú” – recorda o Prof.

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Da direita para a esquerda: Prof. Colombo,


Prof. Waldedmar Aveno (Diretor da ENEFD),
Prof. Waldyr Calmon, Monsenhor Dom Helder
Câmara (Arcebispo do Rio de Janeiro) e Coronel
Lyra (Diretor da Escola de Educação Física
do Exército) – 1959.
Darcymires. “A rua era fechada por alguns dias e os Jogos Escolares com regras e patrocínio. Os regula-
levava-se para o local, redes de vôlei, plintos, col- mentos básicos sobre os Jogos Escolares Nacionais e
chões, mesas de xadrez e damas, cordas para que se Regionais, além dos Jogos das Escolas Católicas e a
pudesse subir em árvore e jogar cabo-de-guerra”. criação de Clubes Escolares foram elaborados por
Colombo e sua equipe na DEF, composta dos profes-
Inspetores de Educação Física do MEC levaram a sores Sebastião Cruz, Romeu de Castro Jobim e Yésis
idéia a outros Estados, e as Ruas de Recreio logo se tor- Amoedo y Passarinho. A partir daí os Inspetores de
naram populares. No verão seguinte, na praia carioca outros Estados da Federação adaptaram esses regula-
do Leblon, foi criada a Praia de Recreio: dois profes- mentos e criaram também seus Jogos, cuja organiza-
sores orientavam práticas de atividades físicas das 7h ção em nível nacional viria a acontecer em 1971 com
às 10h30, por faixas etárias. os Jogos Escolares Brasileiros, efetivados pelo Prof.
Félix d’Ávila, atual Presidente do CREF9/PR.
Foi iniciativa de Colombo organizar competitivamen-
te o desporto escolar no Rio de Janeiro. Alguns jogos “O Prof. Alfredo Colombo foi, é e será sempre o para-
aconteciam isoladamente, e Colombo, a partir da reu- digma da Educação Física brasileira”, finaliza o
nião com os Inspetores de Educação Física, organizou Prof. Darcymires.

Oswaldo Diniz Magalhães pas realizadas nos durante 51 anos e 3 meses


com entusiasmo pela tenacidade, convicção e
Falar do Prof. Oswaldo Diniz Magalhães é falar esperança pelo bem de nossa gente”, disse
de seu programa Hora da Ginástica; e falar do Diniz em 1994, quando o livro foi lançado.
Hora da Ginástica é falar da história da ginásti- Atualmente, Carvalho tenta incluir o programa
ca pelo rádio no Brasil - e da própria história do de Oswaldo Diniz no Guiness Book of Records
rádio no país: afinal, quantos programas radio- como o programa de maior duração do rádio bra-
fônicos ficaram 51 anos e 3 meses no ar? O pró- sileiro no gênero.
prio mestre, no depoimento que originou o livro
Hora da Ginástica: Resgate da Obra do Célia Magalhães Balthazar, falando “como filha
Professor Oswaldo Diniz Magalhães, de Sérgio e secretária”, na Apresentação do livro, dizia,
Carvalho, dava a dimensão da importância do em 1994, que “o trabalho realizado pelo rádio,
programa em sua vida. Na crônica Oswaldo por de 1932 a 1983, transmitindo ininterruptamente
ele mesmo, que abre o livro, o Prof. Diniz é enfá- o programa Hora da Ginástica que divulgava
tico: “Prefiro falar sobre a Hora da Ginástica, ensinamentos de saúde, moral e civismo, ideali-
razão de igual forma importante de minha exis- zado e realizado pelo Prof. Oswaldo Diniz
tência”. Todo o livro foi feito com a participa- Magalhães, despertou em Sérgio Carvalho um
ção direta de Diniz. grande interesse, principalmente, quando este
percebeu a necessidade de consolidar, em um
Durante 40 anos, Diniz irradiou o programa ao livro, a memória daquele programa. (...) Hoje
vivo, diariamente. Cansado de seguidas amea- com 89 anos, Oswaldo Diniz Magalhães vê com
10 ças de corte de verba e fim do programa, despe- grande alegria a concretização do projeto do
diu-se da Rádio Ministério da Educação e Prof. Sérgio Carvalho, considerando-o como o
Cultura, em 16 de maio de 1972, causando um coroamento de sua obra”. Carvalho é Titular de
grande impacto entre a enorme legião de rádio- Educação Física na Universidade Federal de
ginastas, que organizaram movimentos, publi- Santa Maria, além de radialista e Doutor em
caram manifestos. De 17 de maio de 1972 até o Ciências da Comunicação.
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ano de 1983, o programa foi transmitido pela


Rádio Rio de Janeiro, porém sem a presença do Ninguém melhor que o próprio Prof. Oswaldo
professor – tratavam-se de gravações. “Com o Diniz para relembrar como foi se interessar pela
preparo deste livro, pude reviver as diversas eta- Educação Física. Destacamos alguns trechos da
À esquerda: O Prof. Diniz em ação, no programa
Hora da Ginástica. Acima: Estátua em homenagem
ao Pioneiro da Ginástica pelo Rádio.

crônica mencionada: “Nasci no dia 15 de outubro de Instituto Técnico das Associações Cristãs de Moços
1904. Meus pais, Adolpho Magalhães e Francisca Sul-Americanos. O curso de Educação Física do
Diniz Magalhães, junto à minha avó materna, Emília, Instituto Técnico, de nível universitário, era de quatro
moravam em casa espaçosa na rua Lins de anos, sendo os dois primeiros realizadas no Rio e os
Vasconcelos 361, no Méier. (...) Em 1917, aproxima- terceiro e quarto anos em Montevidéu.
damente, moramos na rua Cam-pos Sales, em frente
ao America Futebol Clube. Influenciado pela intensa “Iniciei o curso no Rio em 1924 e terminei o quarto
atividade esportiva que presenciava no clube, pedi a ano no Uruguai em dezembro de 1927”, relata o Prof.
papai para fazer parte do Departamento Infantil e Diniz. “Meu diploma, por ser estrangeiro, foi oficial-
poder, assim, aprender a jogar futebol e também fre- mente reconhecido pela Escola de Educação Física
quentar outros programas do clube. do Exército após estágio em 1933.”

(...) Naquele tempo, a Educação Física ainda não Segundo Diniz, sua escola radiofônica começou a
tinha a eficiência técnica desejada. Eram poucos os virar idéia antes de suas provas finais, no último tri-
professores preparados, e as atividades físicas não mestre de 1927, em Montevidéu. Segundo ele, dias
tinham o controle necessário. Com o passar dos anos, antes, examinando dados estatísticos e culturais do
a Educação Física no Brasil alcançou nível técnico e Brasil, observou “três melancólicas revelações”: o bai-
pedagógico, assegurando ao nosso povo todos os mei- xo nível de saúde da população, a pouca aplicação das
os de melhorar a saúde e aumentar a sua capacidade atividades físicas e os precários recursos técnico-
de trabalho. pedagógicos da difusão educativa em todo território
nacional. Diante disso, esclarece em entrevista ao
Em 1921, pretendia ingressar na Escola Militar, na Prof. Sérgio Carvalho publicada em seu livro, esco- 11
época, situado em Realengo. Pouco tempo depois, lheu um meio de comunicação, o mais poderoso da
porém, numa viagem de bonde, vi um cartaz colorido época, o rádio, “pelo seu poder de ubiqüidade, estar
da Associação Cristã de Moços anunciando as ativi- em toda parte ao mesmo tempo, vencendo imensas dis-
dades do seu Departamento de Educação Física: tâncias”. Seu objetivo estava traçado: fazer de cada
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aulas de ginástica, de aparelhos, voleibol, basquete e lar um ginásio e de cada família uma turma de rádio-
outras práticas. (...) No dia seguinte, fui conhecer a ginastas, beneficiando milhares de alunos diariamen-
sede da Associação e gostei de tudo que vi.” te, em suas próprias residências. “Escolhemos a
ginástica, base fundamental da Educação Física, que
Diniz veio a trabalhar na própria Associação, como seria facilmente praticada pelo rádio, diante de
monitor. Em pouco tempo mudava os planos de carre- mapas de exercícios selecionados, essenciais".
ira militar pela forte determinação de ingressar no
O próprio Diniz admite: ninguém acreditava na idéia. Baseado em sistema americano, Diniz criou o Código
Além de existirem poucas emissoras na época, a do Bom Cidadão, que incluía diversas “leis”: a lei do
receptividade da Educação Física não era das melho- domínio de si mesmo, a lei da boa saúde, da bondade,
res. “Custou-me muitas desilusões e amarguras. Não da camaradagem, da confiança em si mesmo, do
desanimei, mas tive muita vontade. Após várias tenta- dever, da confiança, da verdade, do trabalho bem fei-
tivas junto ao diretor da Rádio Educadora Paulista, to, da cooperação e a lei da lealdade. “A ginástica
Dr. Edmundo de Carvalho, voltou a procurá-lo lem- beneficia a grande massa humana. É a ‘base’que tor-
brando que ele, como médico, deveria apoiar seu obje- na possível o ponto mais alto o onde se unem a saúde
tivo, e conseguiu finalmente um teste. No terceiro exer- física e moral”, definia.
cício o diretor, que acompanhava a aula da sala ao
lado, entrou sorridente dizendo: ‘Ótimo! Gostei! Hora da Ginástica era retransmitido por muitas emis-
Prepare-se para começar seu programa na próxima soras – 10 das quais apenas no Rio de Janeiro e em São
segunda-feira’.” Isso foi em São Paulo em 16/5/32. Paulo. O programa de Oswaldo Diniz atingiu tamanha
Assim começou a ginástica pelo rádio no Brasil. popularidade que seus entusiastas decidiram criar a
Associação dos Rádio-Ginastas (ARG), que tinha
Para nortear a sua escola, o Professor Diniz começou a entre seus objetivos congraçar todos aqueles que, sen-
criar uma base programática para seus ensinamentos tindo-se beneficiados com a prática dos exercícios da
de ginástica através do rádio. Além das aulas baseadas Hora da Ginástica do Professor Oswaldo Diniz
em 4 mapas com diferentes tipos de exercícios, o pro- Magalhães, desejassem cooperar para sua expansão
grama Hora da Ginástica desenvolvia campanhas de levando outras pessoas a praticá-los e fruir também
saúde, registrava diariamente o recebimento de rela- idênticos benefícios. Os membros faziam reuniões
tórios e cartas dos alunos, promovia dissertações periódicas, estudando e executando as diversas ma-
sobre os objetivos da Educação Física, divulgava nor- neiras de alcançar essa finalidade, desde a propaganda
mas de higiene, moral e civismo; procurava diversas direta à difusão pelo rádio, imprensa e outros meios de
possibilidades de cooperação, por exemplo com pais e divulgação. Entre outras diversas atividades, a ARG
professores na formação de turmas e orientação das desenvolvia atividades filantrópicas, promovia
crianças. Suas aulas tinham acompanhamento ao pia- excursões e passeios para maior contato com a nature-
no, um locutor para propaganda. Foi criado um uni- za e confraternizações.
forme da Hora da Ginástica, emblema, o Hino da
Ginástica pelo Rádio, com letra e música do próprio
Diniz.

O desenvolvimento de hábitos sadios como não


fumar, não beber etc. sempre foi uma constante dentro
da escola, junto às campanhas por exames periódicos
de saúde: foi criada inclusive uma ficha médica para
controle e acompanhamento da saúde dos rádio-
ginastas. A avaliação médica retornava ao Professor
Oswaldo para complementação dos seus estudos
12 antropológicos e etnológicos dos brasileiros. Entre
suas preleções estavam a obesidade, a mastigação, a
vacinação. Também pesquisava a combinação de die-
tas e exercícios. A parte de ginástica de cada programa
radiofônico costumava ter calistenia, marcha, exercí-
cios livres e com bastão, corrida, marcha final, além
E.F. – Dezembro 2003

do suplemento de caráter informativo. O vigor empre-


gado nas aulas obedecia a uma linha ascendente e gra-
dativa de energia em três lances até alcançar um deter-
minado grau de esforço.
Oswaldo Diniz tem muitos mos a falta do bastão. Foi um cor- presa: mandou colocar uma pla-
casos pitorescos entre as lem- re-corre! Todos os presentes pro- queta de ouro, no meio do bas-
branças de seus anos como radi- curavam resolver o problema tão, com os dizeres:
alista-professor. Eis um deles: que, afinal, no último momento,
um empregado da Rádio entrou ‘Ao prof. O. D. Magalhães, lem-
“Numa das idas a São Paulo para com uma vassoura e rapidinho, brança da memorável aula de
uma irradiação festiva do pro- tirando a escova, fez aparecer o 13/12/48, em São Paulo.
grama pela Rádio Cultura (da bendito bastão. Ao terminar a O.F.L.D.Fernandes’
Rede de Saúde) coincidiu que a aula, sem eu perceber, um aluno
semana era de exercícios com do Rio pediu autorização para Este bastão até hoje é usado por
bastão. Já no estúdio, pouco ficar com o cabo. Trouxe-o para minha filha em seus exercícios
antes de começar a aula, nota- o Rio e preparou uma bela sur- diários.”

Um dos feitos da ARG é relatado por Sérgio Carvalho Brasil é bem desfavorável. Infelizmente ainda não
da seguinte forma: “Na manhã ensolarada de 16 de temos um desenvolvimento que possa merecer o nome
maio de 1957, na Praça Saenz Peña (Rio de Janeiro), de Educação Physica Nacional. (...) Há várias outras
foi inaugurado o monumento planejado e construído modalidades da Educação Physica muito mais
pelos a rádio ginastas dos estados do Rio de Janeiro, importantes e que constituem 80% da Educação
São Paulo e Minas Gerais para a comemoração do Physica Nacional. Por exemplo, a educação physica
Jubileu de Prata da Escola Radiofônica. Durante a escolar. Que temos disso? Nada. O que existe não é
inauguração, todos cantaram o Hino da Escola, educação physica escolar, é um pouco de ‘movimen-
acompanhados pela Banda do Corpo de Bombeiros tos desordenados’. No mesmo artigo, Diniz propõe o
do Rio de Janeiro”. desenvolvimento de programas voltados às classes
operárias, a escolas públicas e clubes, além da irra-
Todo ano, a Festa da Alvorada comemorava o aniver- diação de aulas de ginástica. E finaliza: A melhor for-
sário do programa, até 1972, quando ainda era apre- ma de se estabelecer a educação physica é tornal-a
sentado ao vivo. De acordo com Sérgio Carvalho, são uma força indispensável na vida humana; é incluil-a
inúmeras e quase impossíveis de relatar as homena- desde cedo, na vida das crianças de modo que elas se
gens, títulos e honrarias prestados por “entidades, desenvolvam a sintam sempre a necessidade de prati-
organizações, órgãos governamentais e grupos que cal-a” (texto original).
cidadãos (que) exprimiram sua admiração e carinho
pelo Professor Oswaldo Diniz Magalhães e sua obra Diniz faleceu em 26 de janeiro de 1998, aos 93 anos,
de educador”. Diniz escreveu diversos trabalhos, de pneumonia. Homenageado constantemente como
publicados em vários jornais, como o Diário de São pioneiro no ensino de exercícios através do rádio, sua
Paulo e o Diário de Notícias. Também foi redator de vida e sua obra já deram vida a livros, a trabalhos aca-
rádio e de revistas, utilizando o pseudônimo Dom. dêmicos, como teses de doutorado. “Não há na histó-
13
ria do rádio brasileiro nenhum programa que se lhe
Por seus escritos vê-se o quanto a Educação Física aproxime em idade e utilidade”, disse certa vez o fun-
avançou desde aquele tempo, em grande parte graças dador dos Laboratórios Fontoura, Cândido Fontoura,
ao trabalho do próprio Diniz. Em 1929, publicou no criador do Biotônico, sobre a Hora da Ginástica. Um
E.F. – Dezembro 2003

Diário de São Paulo um texto intitulado Como é possí- trabalho sem igual, que mantém viva a voz com a
vel fazer progredir a educação physica entre nós, um qual, durante os 51 anos em que esteve no ar, Diniz
dos textos de Diniz reproduzido por Carvalho. Neste acordava os alunos às 6h, com a mesma saudação:
texto, traça o seguinte quadro da época: “A situação "Bom dia, Rádio-Ginastas".
em que se encontra a Educação Physica em todo o
Jacintho Targa Dirigiu a ESEF em duas ocasiões, de 27/9/1945
a 9/10/1953, e de 3/11/1964 a 19/10/1965, desta
Uma das mais notáveis contribuições do vez dividindo a direção com Arno Tschiedel e
Professor Jacintho Francisco Targa à Educação Nei Serres Rodríguez.
Física Mundial foi o Código de Ética escrito por
ele quando ocupava a vice-presidência da FIEP Targa teve participação ativa no grande movi-
para a América. O texto, divulgado a partir da mento pela federalização da ESEF e sua integra-
Associação de Professores de Educação Física ção à Universidade Federal do Rio Grande do
do Rio Grande do Sul, foi publicado primeira- Sul, que arregimentou e empolgou a direção, pro-
mente em português, francês e espanhol, em fessores e alunos. Já em 1949 o Deputado
1975, sendo posteriormente traduzido para o ára- Federal Antero Leivas apresentava um projeto a
be, alemão e italiano. Este Código influenciou Câmara Federal e em 1950 (1° de Fevereiro) o
todos os códigos nacionais de ética profissional Professor Jacintho Targa, por delegação de
que lhe seguiram. Antes disso, no Brasil, a todos os seus colegas, viajava para o Rio afim de
Educação Física dispunha apenas dos primeiros exercer uma ação mais direta sobre os órgãos
códigos surgidos nos tempos fascistas do Estado governamentais. Mas os esforços esbarraram na
Novo, com a denominação de códigos discipli- firme decisão presidencial e não assumir novos
nares. encargos para o orçamento de 1950. A luta pros-
seguiu sem esmorecimento e a federalização
O chamado Código de Ética Profissional da vem a surgir pelo Decreto n° 997, de 21 de outu-
Educação Física, Desportiva e Recreativa, de bro de 1969. Sua produção acadêmica teve des-
Targa, procura estabelecer critérios para o com- taques como o livro Teoria da educação físico-
promisso e cumprimento de ações dos desportiva-recreativa, de 1973. Trabalhos do
Profissionais de Educação Física sob preceitos Prof. Targa são de larga utilidade, como os seus
éticos, sustentados em valores como tolerância, estudos acerca da ginástica laboral corretiva, des-
cooperação, respeito, responsabilidade e hones- tinada a restabelecer o antagonismo muscular de
tidade, entre outros, destinados a promover um forma a tratar ou prevenir vícios posturais das ati-
impacto significativo no desenvolvimento inte- vidades diárias.
gral dos alunos ruma a uma vocação de justiça,
paz e solidariedade. O professor Targa foi um Profissional reconhecido no Brasil e no exterior,
dos fundadores da Escola de Educação Física da teve atuação destacada em seu Estado, que o
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. homenageou batizando uma rua com seu nome.

LEI Nº 8397 Educação Física e Militar.

Denomina Rua Professor Jacintho Targa um logra- Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
douro público localizado no Bairro Restinga. ção.

14 O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTOALEGRE. PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE,


29 de novembro de 1999.
Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu san-
ciono a seguinte Lei: Raul Pont, Prefeito.

Art. 1º - Fica denominado Rua Professor Jacintho Newton Burmeister, Secretário do Planejamento
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Targa o logradouro público localizado no Bairro Municipal.


Restinga, atualmente conhecido como Rua B - Estrada
Barro Vermelho. Registre-se e publique-se.

Parágrafo único - As placas denominativas conterão, José Fortunati, Secretário do Governo Municipal.
abaixo do nome, os seguintes dizeres: Professor de
A FIEP, O CONFEF
e a Ética
A Fédération Internationale d'Education Neste momento sublime de celebração, não
Physique – FIEP , organismo mundial de é demais lembrar que a FIEP estabeleceu no
Educação Física mais antigo do Planeta (fun- seu Manifesto Mundial 2000 de Educação
dado em 1923) e que edita a primeira revista Física as mudanças necessárias na interpre-
internacional desta área (desde 1931), ao tação conceitual da Educação Física, e que o
completar seus 80 anos, tendo pela primeira CONFEF, neste seu curto período de exis-
vez um latino-americano na sua presidên- tência, acompanhou os nortes deste docu-
cia, não pode deixar de se manifestar quan- mento, atualizando o Brasil com o debate do
do o Conselho Federal de Educação Física resto do mundo, sem perder de vista os seus
CONFEF , do Brasil, se consolida como pro- aspectos e conjunturas de identidade cultu-
tagonista principal do rompimento do status ral. A Carta Brasileira de Educação Física é
quo anterior e da própria evolução da uma evidência desta afirmação.
Educação Física brasileira.
Por justiça, é imprescindível sempre resga-
Atualmente, a Educação Física brasileira, tar que esta caminhada vitoriosa do
marcada por influências européias e até nor- CONFEF, que já antecede os primeiros cem
te-americanas, graças ao CONFEF conse- mil profissionais registrados, teve no Prof.
gue explicitar na vitrine internacional os Jorge Steinhilber o grande condutor e que,
caminhos que encontrou para o revigora- por isto mesmo, merece o reconhecimento
mento dos seus Profissionais e para a cons- ao ser chamado de “o Dom Quixote” da
trução de um modelo nacional pertinente Educação Física brasileira.
com a interatuação da chamada pós-
modernidade com a nossa sociedade nacio- Finalmente, concluo afirmando: nos últi-
nal. mos tempos, nada foi mais importante para
a Educação Física brasileira do que a regula-
No momento em que todas as áreas do mentação do seu profissional.
conhecimento e atuação humana passam 15
invariavelmente pela discussão da questão
maior da Ética, e em que todas as sociedades
buscam referências e sentidos de protago-
nismo, o Brasil, de forma única e inequívo-
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ca, mostra às nações mais desenvolvidas a


sua solução para enfrentar as dificuldades
culturais, sociais, educacionais e políticas
no campo da Educação Física, criando pon-
tes para a transposição da passagem do car- Prof. MANOEL TUBINO
Presidente da FIEP
tesianismo para a complexidade.

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