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A nova tecnologia que prevê deslizamentos em aterros sanitários


Adrienne Bernhard
BBC Capital

15 julho 2019

GETTY IMAGES

Aproximadamente 15 milhões de pessoas vivem e trabalham em vastos aterros


sanitários municipais ao redor do mundo, revirando o lixo diariamente em busca de
sucata que podem vender.

Essas verdadeiras "cidades de lixo" são formadas por barracos feitos de madeira, chapas
metálicas e plástico. As famílias vivem entre pilhas de lixo hospitalar e eletrônico, resíduos
domésticos e vidro quebrado, até mesmo produtos tóxicos.

Essas pilhas de lixo são naturalmente mais propensas a deslizamentos - uma vez que essas
montanhas instáveis de resíduos podem desmoronar de repente sem aviso prévio.

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O lixão de Payatas, na periferia de Manila, uma das maiores "cidades de lixo" das Filipinas e
lar de quase 10 mil pessoas, desabou em 2000, provocando um deslizamento de terra de 30
metros de altura e 100 metros de largura que deixou mais de 200 mortos.

Em 2015, um desmoronamento de terra varreu um enorme depósito de lixo nos arredores de


Adis Abeba, capital da Etiópia, matando mais de 100 pessoas e destruindo casas
improvisadas.

E no Brasil, o caso mais famoso foi o deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói, em 2010,
causado por um temporal, e que destruiu uma favela erguida sobre um antigo lixão, deixando
pelo menos 48 mortos e centenas de desabrigados.

A taxa de sobrevivência das vítimas deste tipo de desastre é baixa, dada a natureza do
material e o potencial de o gás metano se acumular dentro de bolsões de ar - envenenando
quem estiver preso dentro deles.

E o futuro nos reserva muito mais lixo: de acordo com o relatório "What a Waste" do Banco
Mundial, a população global deve gerar 3,4 bilhões de toneladas de lixo anualmente até 2050
- um aumento significativo em relação aos 2,01 bilhões de toneladas atuais.

Um grupo de pesquisadores australianos desenvolveu recentemente um software capaz de


detectar deslizamentos com duas semanas de antecedência, dando aos moradores tempo
de deixar os aterros sanitários e aos engenheiros a oportunidade de reforçar o terreno.

O sistema de inteligência artificial usa matemática aplicada para ajudar a identificar sinais de
um desabamento iminente - como rachaduras minúsculas e movimentos sutis que

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prenunciam um desmoronamento violento.

A expectativa é que sistemas de inteligência artificial como este possam um dia ajudar a
monitorar as encostas destas "cidades de lixo" e evitar que desastres se repitam.

"Temos analisado dados sobre movimentos em materiais granulares para entender seu 'ritmo
de colapso'", explica Antoinette Tordesillas, professora da faculdade de ciências da
Universidade de Melbourne, na Austrália, e uma das principais autoras do estudo.

Os experimentos que ela realizou em laboratório envolveram vários tipos de material granular
(como areia, concreto, cerâmica, pedras) que foram amontoados até ruir - isto é, até a
solidez se desintegrar em pedaços e colapsar.

"O que descobrimos é um ritmo distinto nas etapas anteriores ao colapso", diz Tordesillas.

Sua tecnologia utiliza as leis da física para "orientar a inteligência artificial a identificar o
padrão correto de maneira eficiente". Ou seja, os algoritmos levam em consideração o
movimento do solo, a dinâmica do colapso e os desencadeadores conhecidos de
deslizamentos de terra, como a chuva (que enfraquece a aderência dos resíduos) para
produzir dados confiáveis.

Por fim, esses dados poderão ser usados para prever de forma antecipada e em tempo real
deslizamentos em locais como aterros sanitários, minas subterrâneas e encostas íngremes
de montanhas.

Um declive natural é composto de partículas de terra, como rochas ou argila, que foram
unidas ao longo de milhares de anos.

Um depósito de lixo, por outro lado, é composto por partículas de resíduos sólidos - como
plástico, vidro, metais, matéria orgânica, papel -, que mantêm sua forma de maneira frágil até
que algum distúrbio os abale.

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A instabilidade nos lixões pode acontecer por vários motivos: compactação imprópria de
resíduos, fornecimento inadequado de sistemas de drenagem, decomposição de resíduos
orgânicos e de pilhas de lixo com potencial de deslizamento, umidade, explosões de gás
metano e despejo de resíduos além da capacidade prevista.

"Alguns desses fatores tornam a previsão antecipada de desmoronamentos (nos lixões) mais
difícil do que nos desmoronamentos de terra", diz Isaac Akinwumi, professor de engenharia
geotécnica da Universidade Covenant, na Nigéria.

A necessidade de tecnologia preditiva robusta é, portanto, essencial, particularmente no que


diz respeito aos países em desenvolvimento.

As montanhas de lixo lá são muitas vezes mais íngremes do que as regulamentações dos
EUA ou do Reino Unido permitem, o material não é compactado da mesma forma e as
empresas de gerenciamento de resíduos não veem a estabilidade do terreno como uma
prioridade. Tudo isso pode contribuir para a propensão a deslizamentos.

"Se a ferramenta da professora Tordesillas puder fornecer um alerta antecipado antes que
ocorram os deslizamentos de resíduos, será uma ferramenta vital para evitar desastres", diz
Akinwumi.

De fato, essa tecnologia pode ser capaz de transformar dados em informações úteis - como
apresentar as coordenadas de um deslizamento iminente ou referências que ajudem os
funcionários a decidir entre pedir reforço ou evacuar a área.

Para que o sistema de inteligência artificial proposto funcione, no entanto, os pesquisadores


e as organizações de gerenciamento de resíduos, com quem atuam em parceria, vão ter de
superar obstáculos financeiros, políticos e regulatórios.

Por exemplo, especialistas do setor vão precisar de provas de que a tecnologia funciona. Vai
custar dinheiro para avaliar os riscos e instalar a tecnologia - gastos que os operadores
locais podem não estar dispostos a assumir. Além disso, deslocar os moradores durante as
fases de fortalecimento do terreno ou de evacuação seria logisticamente difícil.

Por fim, a tecnologia não vai erradicar os problemas ambientais de longo prazo inerentes ao
próprio aterro sanitário, como as emissões de gases, o surto de doenças e o escoamento de
chorume, que contamina o lençol freático, poluindo córregos e rios.

Os riscos associados aos deslizamentos de lixo são uma das razões pelas quais as
principais organizações de gerenciamento de resíduos estão insistindo agora para que essas
"cidades de lixo" sejam fechadas e substituídas por instalações mais modernas ou aterros
controlados.

"Testar essa tecnologia para ver se ela oferece uma solução para o problema crescente dos
desmoronamentos de lixo certamente vale a pena", diz David Biderman, CEO da Associação
de Resíduos Sólidos da América do Norte (SWANA, na sigla em inglês).

"Na verdade, pode ser um bom reforço provisório no caminho para fechar os lixões."

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Biderman está bem familiarizado com o crescente problema das "cidades de lixo" e tem
trabalhado para tornar a atuação da SWANA mais internacional.

Os resíduos sólidos são um problema cada vez maior que afeta não apenas quem vive
diretamente sob a sombra das montanhas de lixo, mas também quem está a milhares de
quilômetros de distância.

À medida que os países e os municípios se tornam mais populosos e prósperos, oferecem


mais produtos aos cidadãos e participam do comércio internacional, se veem diante de
quantidades correspondentes de resíduos para gerenciar por meio de tratamento e descarte.

Embora não seja uma solução milagrosa e ainda esteja em fase inicial de desenvolvimento,
essa tecnologia tem o potencial de transformar as respostas emergenciais a desastres em
lixões, permitindo a adoção de uma abordagem segmentada geograficamente no que se
refere à previsão de deslizamentos, ajuda humanitária internacional e prevenção.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Capital.

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