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O CONSUMISMO COMO VÁLVULA DE ESCAPE EM WHITE NOISE, DE DON

DELILLO (1985)

Resumo
A partir da década de 60 houve uma série de mudanças no cenário econômico, político e social,
bem como na tecnologia e nas artes, período no qual o movimento literário conhecido como
pós-modernismo se consolidou. A literatura dedicou-se a explorar os desdobramentos do
contexto da época, marado pelo pós-guerra e o crescente uso das tecnologias. Assim, objetivo
desse trabalho é analisar as consequências do consumo exagerado, como uma forma de lidar
com o vazio do homem pós-moderno em Ruído Branco, publicado por Don DeLillo em 1985.
Para tanto, nosso ponto de partida consistiu na construção de um breve panorama histórico
acerca do pós-modernismo, baseado nas teorias do autor Santos (1986), seguindo para análise
proposta para a obra em questão, e por fim tem-se a nossa conclusão. Esperamos que este
trabalho possa contribuir positivamente para aqueles que possuem estudos nessa área, ou que
possibilite um engajamento dos que prendem alavancar novas pesquisas.

Palavras chave: Ruído Branco. Pós-modernismo. Consumismo.

1- INTRODUÇÃO
Há muito tempo a literatura representa um importante papel na vida das pessoas, pois é
por meio desta que o indivíduo pode se expressar, criar e recriar histórias. Ao longo do tempo,
ela vem passando por várias transformações, ao passo que os contextos sociais, políticos e
culturais também. Os movimentos ou escolas literárias representam tais transformações, como
o pós-modernismo, movimento marcado pela ótica do pós-guerra e o crescente avanço da
tecnologia, do consumo, e destacou celebres autores no mundo literário, entres eles o
Americano Don Delillo.
Delillo atentou para a crescente mudança no meio social da época, evolvendo,
sobretudo, as consequências do consumismo. Assim, trouxe para sua obra Ruído Branco uma
narração que aborda temas relacionados aos reflexos da vida moderna da sociedade americana,
atentando para o comportamento das pessoas durante aquele contexto. Publicado em 1985, o
livro reúne personagens marcantes e uma escrita notavelmente bem elaborada, marcando a
carreira do autor.
A obra gira em torno da vida do personagem Jack Gladney, sua esposa e seus filhos, ele
é professor de uma universidade nos Estados Unidos, onde cria uma matéria voltada para
estudos sobre a vida de Hitler. Algumas das principais questões do livro estão relacionadas ao
consumo desenfreado da sociedade daquela época bem como as incertezas sobre a morte,
vivenciadas pelas personagens.
Desse modo, objetiva-se nesse artigo analisar os aspetos sociais marcados pela ótica do
consumismo, dialogando com o movimento literário em que a obra foi concebida- pós-
modernismo. Assim, espera-se que esse trabalho possibilite ao leitor uma visão mais ampla
sobre o contexto literário da época e as principais marcas que nele se inserem. Para tanto, em
se tratando de fundamentação teórica, recorremos ao autor Santos (1986) com sua escrita acerca
do pós-modernismo, destacando o período que alavancou uma série de mudanças, não apenas
no cenário artístico, mas em todo o entorno social.

2- O PÓS-MODERNISO NA LITERATURA

O pós-modernismo, que teve seu início a partir da década de 50, entra em contraposição
ao movimento literário anterior, o modernismo, que foi marcado pela valorização da verdade,
do racional. De acordo com Santos (1986), a questão de algo ser verdade ou não perde sua
relevância, entra em questão os simulacros, responsáveis por reproduzir as coisas a nossa volta
por meio da tecnologia. A reprodução de um produto em uma revista ganha realce em cores,
ângulos e tamanhos, se distanciado do produto concreto, do real, seduzindo ilusoriamente o
interlocutor. Desse modo, tem-se que os simulacros “não nos informam sobre o mundo; eles o
refazem à sua maneira, híper realizam o mundo, transformando-o num espetáculo.” (SANTOS,
1986, p. 13)
O modernismo traz grande destaque para a burguesia, separando a arte popular da
erudita, enquanto que o pós modernismo vem juntar essas vertentes, não havendo mais a
necessidade de se policiar quanto a um modelo a ser seguido, tem–se uma produção pautada na
mistura do real com o imaginário, na liberdade de expressão, na expansão da cultura pop, que,
segundo Santos (2006, p.36),
[...] é lançada nas ruas com outra linguagem, assimilável pelo público: os
signos e os objetos de massa. Dando valor artístico à banalidade cotidiana. [...]
A antiarte pós moderna não quer representar(realismo), nem interpretar
(modernismo), mas apresentar a vida diretamente em seus objetos. Pedaço do
real dentro do real, não um discurso à parte, a antiarte é a desestetização e a
desdefinição da arte.

Assim, na literatura os escritores rompem com a valorização da originalidade, não há


necessidade de se deter em estruturas previamente definidas, o que abre espaço para o caos
dentro de uma obra, já que, de acordo com Santos (1986, p.38) “seja qual for o estilo, a antiarte
pós-moderna se apoia nos objetos (não no homem), na matéria (não no espírito), no momento
(não no eterno), no riso (não no sério)”. Dessa maneira, a arte continua sendo arte, porém, segue
uma nova linha de representação.
Um outro ponto interessante é a imagem do sujeito, que passa a se tornar alheio as coisas
a sua volta, não há mais a euforia presente no período que foi marcado pela industrialização,
agora, no pós industrial, tem-se o neo-individualismo pós moderno, no qual, como argumenta
Santos (1986, p.30) “o sujeito vive sem projetos, sem ideias, a não ser cultuar sua autoimagem
e buscar a satisfação aqui e agora. Narcisista e vazio, desenvolto e apático, ele está no centro
da crise de valores pós-moderna.”
Observamos também no pós-modernismo uma mescla de estilos literários, no que diz
respeito à escrita, um resgate da cultura de massa, tida como inferior no modernismo,
combinada ao erudito, tornando o pós-modernismo uma mistura de diferentes movimentos e
forma de se conceber a arte em geral. É nesse contexto pós-moderno de mescla de valores,
negação de verdades absolutas, tais quais a religião e a ciência, que se instaura a obra do escritor
norte-americano Don DeLillo – White Noise

3- O CONSUMISMO SEM PRECEDENTES EM WHITE NOISE

Em White Noise de Don Delilo, deparamo-nos com uma crítica a sociedade americana
frente ao contexto no qual situa a obra, que, contudo, não deixa de ser atual. O aspecto que
optamos por analisar na obra, trata-se da ambientação do consumismo na vida das personagens
do livro, que podemos entender como uma tentativa de preencher o vazio constituinte de todo
ser vivo, como uma falsa impressão de controle e poder sobre situações vivenciadas no dia-a-
dia:
[…] Eu comprava coisas com uma volúpia cega. Comprava coisas para uso
imediato e para contingências longínquas. Comprava por comprar, olhando e
pagando, examinando mercadorias que não tinha intenção de comprar, e
depois comprando-as. [...] Comecei a ganhar estatura, amor-próprio. Inflei-
me, descobri novos aspectos de mim mesmo, localizei uma pessoa que eu
esquecera que existia. Formou-se uma luminosidade ao meu redor. [...] Eu
trocava dinheiro por produtos. Quanto mais dinheiro eu gastava, menos
importância ele tinha. Eu valia mais do que essas quantias. (DELIILO, 1985,
p. 85)

Esse consumo sem precedentes, acaba por gerar uma falsa impressão de liberdade de
escolha, pois proporciona um poder ilusório, vazio e sem função, é o abastecimento da alma
pela utilização do dinheiro. DeLillo faz uma referência aos que vivem sem dar um sentindo ao
que estão vivendo, o comprar, por vezes mencionado no texto, é utilizado para dar ênfase a uma
sociedade que busca compensar suas desilusões e insatisfações por meio do consumo
exagerado, como uma espécie de válvula de escape. Porém, isso ocorre como uma tentativa
falha, no trecho abaixo deparamo-nos com uma exemplificação desse poder ilusório:

Babette e as crianças entraram comigo [...] nas lojas de departamentos,


intrigadas, porém excitadas, pela minha vontade de comprar. Quando eu não
conseguia optar por uma de duas camisas, elas me diziam para comprar as
duas. Quando eu dizia que estava com fome, elas me davam pretzels, cerveja,
souvlaki.52. (DELILO, 1985, p.85).

Percebemos através desse trecho, que na sociedade moderna não existe mais a
necessidade de escolha, pois tudo está disposto para consumo sem que haja implicações ou
dificuldade na aquisição de qualquer objeto. Ao longo da narrativa, essas situações onde a
família resolve reunir-se e ambientes tais quais lojas e shoppings, são descritos como sendo
momentos em que os familiares passam tempo juntos, com o objetivo de estreitar laços.
Contudo, ao estar em casa, cada um parte para seu determinado quarto, distanciando-se cada
vez mais:
Voltamos para casa em silêncio. Cada um foi para o seu quarto, querendo
ficar sozinho. Pouco depois vi Steffie à frente da televisão. (DELILO, 1985,
p.86).
Percebemos o esmaecimento de afetos que acompanha essa cultura consumista, não se
tema apego a relações sentimentais, e toda motivação esvai-se em detrimento do alívio e
consumo imediatista que a sociedade moderna, e a cultural industrial demanda. Até as formas
de divertimento resumem-se a atividade que envolvem o consumismo. Esse consumismo
exacerbado não se resume somente a bens materiais, mas também à alimentos:
Em tempos difíceis, as pessoas se sentem compelidas a comer demais.
Blacksmith está cheia de crianças e adultos obesos, de calças largas e pernas
curtas, de andar deselegante. Saem com dificuldade dos carros compactos;
vestem joggings e correm em família pelos parques; andam pela rua com
comida na cara; comem nas lojas, nos carros, nos estacionamentos, na fila do
ônibus, na fila do cinema, à sombra das árvores majestosas. (DELILLO, 1985,
p.18)

É perceptível a crítica à sociedade que consume sem perceber que está entregue a hábitos
tão destrutíveis, totalmente inertes e entregues a essa cultura consumista que busca incitar o
consumo sem precedentes em troca de uma satisfação interior que nunca poderá ser alcançado.
Como sugere Santos, tem-se o indivíduo como “o Androide Melancólico – consumidor
programado e sem história, indiferente, átomo estatístico, boneco da tecnociência.” (1986, p.11)

4- CONCLUSÃO
Com esse trabalho pudemos aprofundar um pouco mais os conhecimentos acerca do
pós-modernismo, destacando as principais características assim como sua relação com o meio
social no qual se desenvolve. Vimos em Ruído Branco o desenvolvimento de uma obra pós-
modernista calcada pelo contexto de uma sociedade consumista, trazendo sua personagem
principal como modelo de representação do sujeito que está inserido nessa realidade. A crítica
mostrada no livro permanece ao longo da narrativa, marcada por trechos bem construídos e
representativos.
Com isso, ver-se o quão importante é o contexto social para a construção literária, os
acontecimentos nela presentes fornecem ao artista uma fonte de inspiração para expressarem
sua criatividade, explorando novas técnicas, para dar ao leitor algo para se aprofundar, para se
questionar. A literatura acompanha as transformações ao longo do tempo, os estilos, as técnicas
narrativas se renovam e ao dão ao leitor uma forma de enxergar as coisas através de um novo
olhar. Com isso, espera-se que esse trabalho possa contribuir para outros estudos em literatura,
atuando como um ponto de apoio para aqueles que já estudam e conhecem essa área ou para os
que pretendem iniciar suas próprias pesquisas.

REFERÊNCIAS

DELILLO, D. Ruído Branco.Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras,
1987.

DELILLO, D. White Noise. New York: Penguin, 1985.

JAMESON, F. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. 2 ed. São Paulo: Ática,
2006.

SANTOS, J. F. O que é pós-moderno. São Paulo: Brasiliense, 1986.

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