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363,669-+-RESENHA JACOB BURCKHART


O DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUI

O ponto de partida para o desenvolvimento do capítulo de A Cultura do Renascimento na


Itália se dá abordando a mudança de panorama da idade medieval para a idade moderna no que se
refere à individualidade. Segundo Burckhart, não havia indivíduo na idade medieval, o homem
primeiro se reconhecia enquanto raça, povo ou qualquer outra forma de identificar uma
coletividade. Foi na Itália renascentista, portanto, que a subjetividade, ou seja, a individualidade, se
faz presente.
É claro que alguns fatores certamente facilitaram o aparecimento do pensamento individual
na Itália, como a riqueza, a cultura, a liberdade municipal, a existência de uma igreja que não era
igual ao estado, para além da ausência de conflitos partidários. O aspecto político favorecia,
segundo a visão do autor, ainda mais o desenvolvimento de uma particularidade individual tendo
em vista que quanto mais partidos se alternavam no poder mais enfaticamente o indivíduo era
levado a se empenhar no exercício da dominação, pois muitas vezes quando seu partido se via
derrotado, essa pessoa se via numa posição semelhante a daqueles que eram tiranizados e, portanto,
na esperança de recuperar sua liberdade, sua individualidade ganhava maior ímpeto.
Não apenas o aspecto político, mas também o cosmopolitismo também se fazia presente
enquanto grande influenciador pois, assim como Dante, encontram nova pátria e nova língua na
cultura italiana, mas não se restringe a ela pois ‘minha pátria é o mundo todo’, o que significa dizer
que esse ser que agora se reconhece enquanto ser único, não mais se define apenas por sua pátria,
mas sim enquanto indivíduo, que transcende a comunidade.
Unindo todas essas características, vamos ver o nascimento do chamado ‘homem universal’
que existiu apenas na Itália. Esse ‘homem universal’ é aquele versado nos mais diversos
conhecimentos, não se restringindo ao profundo saber de uma única área, como vemos atualmente,
mas no de várias. No caso do humanista, por exemplo, seu saber filológico não deve servir apenas
como conhecimento da antiguidade clássica, mas também como um saber prático, passível de
aplicabilidade no cotidiano.

“Os homens, por si só, tudo podem; basta que queiram”

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A glória moderna é outro aspecto digno de nota, pois mostra também a valorização não
apenas da obra, mas principalmente do indivíduo. A glória do período moderno, e aqui queremos
dizer da Itália renascentista, não está voltada única e exclusivamente para a posteridade, ela se volta
para a vida. Os renomados indivíduos italianos se tornam uma espécie de celebridade em seu
tempo. Tal glória se dá de duas formas, pelo próprio talento do indivíduo, bem como da glória de
outrem, enquanto poetas e historiadores. Nesse sentido, a história e a recém-nascida topografia
passam a se orientar de modo a não permitir que as glórias nativas sejam esquecidas com o tempo,
bem como a biografia surge de modo a eternizar essa glória tanto em vida quanto em morte. No que
diz respeito às glórias militares, Burckhart afirma que elas normalmente morrem com quem as
realizou e que, se permanecem de alguma forma vivas, devem isso aos eruditos que as mantiveram
acesas pelas palavras e representações. Tudo o que foi apresentado nesse parágrafo mostra que os
poetas filólogos reconhecem sua importância na criação da glória, eles podem legar alguém a
eternidade, mas podem também relega-las o esquecimento.
“Angelo Poliziano adverte seriamente (1491) o rei João, de Portugal, com respeito aos
descobrimentos na África, exorta-o a cuidar a tempo de sua glória e imortalidade enviando
para Florença o material ‘a ser estilizado’, do contrário poderia suceder ao rei o mesmo eu
acontece com todos aqueles cujos feitos, carecendo do auxílio dos eruditos, ‘permanecem
ocultos no imenso amontoado da fragilidade humana’. O rei (ou seu chanceler, de ideais
humanistas) deu-lhe ouvidos, ao menos prometendo que os anais já redigidos em português
acerca dos assuntos africanos seriam, após tradução para o italiano, enviados a Florença para
receber novo tratamento em latim; se efetivamente o fez, não se sabe. Ainda que, à primeira
vista, pretensões dessa natureza pareçam totalmente fúteis, elas não o são em absoluto: a forma
pela qual as coisas (mesmo as mais importantes) são apresentadas à contemporaneidade e à
posteridade pode ser tudo, menos indiferente. Os humanistas italianos, com sua maneira de
expô-las e seu latim, dominaram de fato, e por um período de tempo longo o bastante, o
universo leitor ocidental, o mesmo acontecendo com os poetas italianos, cujas obras, até o
século XVIII, passavam por mais mãos do que aquelas provenientes de qualquer outra nação. ”

“Aliás, a sede de glória – ‘lo gran disio dell’eccellenza’ – é já alvo de censura por não
ser absoluta a glória intelectual, mas dependente do tempo, sendo por isso, de acordo com as
circunstâncias, superada ou obscurecida pela de sucessores de maior estatura”

No entanto, os homens não buscavam apenas se fazer notar apenas por atos louváveis. A
glória moderna, ou seja, a notoriedade conquistada individualmente, era almejada e buscava-se
conquista-la independentemente do quão louvável fosse o ato, podendo até mesmo ser algo
abominável.
“Enganaram-se redondamente, demonstrando pouco saber da ambição dos homens e
da avidez pela perpetuação de um nome. Como tantos, que não lograram distinguir-se por
feitos louváveis, almejam-no pelo ignominioso! Não ponderam aqueles escritores que as ações
que já em si abrigam a grandeza – como se dá com aquelas dos regentes e dos Estados –
parecem sempre acarretar mais glória que censura, sejam de que natureza forem e tragam o
resultado que trouxerem. ”

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