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EEL022 - ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS –UNIFEI-CAMPUS ITABIRA

APOSTILA DE ANÁLISE DE SISTEMAS


ELÉTRICOS

PROF. FREDERICO OLIVEIRA PASSOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ – CAMPUS ITABIRA


Resumo

O curso de Análise de Sistemas Elétricos (EEL022) é ministrado em 64horas-aulas.

São 16 semanas de 4horas compostas de 2horas na segunda-feira as 16:40h e 2 horas na

quarta-feira 10:10h.

Ementa:

Introdução. A representação PU: cargas, trafos de tapes variáveis, choques de

bases e circuito pi equivalente. O método dos componentes simétricos: potência e

componentes seqüenciais para sistemas de impedâncias desequilibrados, circuitos seqüenciais

e análise de desequilíbrios. Capacidade de curto circuito. Impedâncias seqüenciais de

equipamentos e máquinas. Análise de sistemas desequilibrados. Faltas métricas e

assimétricas "shunt", série e simultâneas. Aterramento de neutro. A matriz de impedância

nodal.

Bibliografia:

HERMETO, ANTONIO, E. – Apostila de Análise de Sistemas Elétricos, UNIFEI,


2008.
ANDERSON, PAUL, M. – Analysis of Faulted Power Systems, Iowa State
University Press,1973
GRAINGER, JOHN,J., WILLIAM D. STEVENSON- Power System Analysis,
McGraw-Hill,1994
ELGERD, O.I – Introdução a Teoria de Sistemas de Energia Elétrica- McGraw-Hill
do Brasil,1977.
BARTHOLD, L. O., REPPEN,N.D. e HEDMAN, D. E. - Análise de Circuitos de
Sistemas de Potência Série PTI – Santa Maria, RS, 1978.
THE ELECTRICITY COUNCIL – Power System Protection – Vol. 1- Peter
Peregrinus Ltd, Stevenage, U.K., 1981.
OLIVEIRA, C.C. B., SCHIMIDT,H.P., KAGAN,N. E ROBBA, E. J. – Introdução a
Sistemas Elétricos de Potência, Edgard Blucher Ltda, 1996.
BLACKBURN, J.L. – Symetrical Components for Power System Engineering –
Marcel Dekker Inc,. N.Y., 1993.
THE ELECTRICITY COUNCIL – Power Protection – Vol. 1 Peter Peregrinus Ltd.,
Stevenage, U.K.,1981.
ELECTRICAL TRANSMISSION AND DISTRIBUTION REFERENCE BOOK –
Westinghouse Electric Corporation.
Conteúdo Programático:

Aula 1: Introdução de Análise; Introdução PU; Representação de Impedâncias D e Y( PU)


Aula 2: Mudanças de Base; Representação de Transformadores Trifásicos
Aula 3: Representação de Banco de Transformadores
Aula 4: Representação de Cargas
Aula 5: Choque de Bases; Transformador com tapes
Aula 6: Pi equivalente ao Transformador com tapes
Aula 7: Método das Componentes Simétricas
Aula 8: Potência em Componentes Simétricas
Aula 9: Componentes seqüenciais de uma rede desequilibrada
Aula10: Componentes seqüenciais de uma rede desequilibrada
Aula11:Redes equilibradas providas de cargas desequilibradas; Análise Geral de
Desequilíbrio Shunt
Aula12: Desequilíbrios Shunt
Aula13: Desequilíbrios Shunt;Diagrama de Quatro Braços
Aula14: Diagrama de Quatro Braços
Aula 15:Análise Geral do desequilíbrio Série
Aula 16:Defasagem angular de Transformadores
Aula17: Prova I
Aula18:Introdução de Impedâncias Sequenciais de elementos do Sistema; Impedâncias
seqüenciais de Banco de transformadores de 3 enrolamentos
Aula19:Auto-Transformadores
Aula20:Banco de Auto-transformadores;Impedância de seq.zero de trafos com núcleo 3ϕ
Aula21:Linhas de Transmissão; Classificação de LT
Aula22:Circuito Equivalente de LT; Impedância e Admitância seqüenciais
Aula23:Máquinas Sincronas; O curto-circuito trifásico simétrico
Aula24:Impedâncias de seq zero e negativa de máquinas síncronas
Aula25:Motor de Indução Trifásico; Impedância de Seq. Zero e Negativa do MIT
Aula26:Contribuição do MIT para faltas
Aula27:Capacidade de Curto-Circuito
Aula28:Aterramento de Neutro
Aula29:Transformador de aterramento
Aula30:O equivalente de um sistema visto de duas barras
Aula31: O equivalente de um sistema visto de duas barras
Aula32: Prova II
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 1

AULA 1 – Introdução de Análise de Sistemas Elétricos, PU e Representação de Cargas


Trifásicas em PU

Introdução de Análise de Sistemas Elétricos

Na engenharia elétrica, sempre se busca a forma mais adequada para representar,


estudar e resolver alguma questão ou problema relacionado a um determinado sistema
elétrico. Dada a complexidade e tamanho que, em geral, os sistemas elétricos reais têm,
utilizam-se diversas ferramentas e métodos para facilitar a compreensão e solução dos
problemas de engenharia.
Para que um sistema elétrico possa entrar em operação, funcionar continuamente com o
mínimo de interrupções e se expandir para atender o aumento da demanda, um conjunto de
estudos devem ser realizados para que a tão necessária energia elétrica dos dias atuais esteja
disponível para as diversas aplicações no âmbito industrial, comercial e residencial. Estudos
complexos de fluxo de potência, análise de curto-circuito e estudos de estabilidade, entre
outros, são fundamentais para que a energia elétrica saia dos pontos de geração e chegue até
os diversos tipos de consumidores finais. Com objetivo de garantir uma energia elétrica de
qualidade (níveis de tensão e freqüência adequados), com um fornecimento de qualidade
(serviço de fornecimento adequado e sem interrupções) e com a maior eficiência e segurança
viavelmente possíveis (minimizar os custos e impactos ambientais e garantir a segurança
operacional do sistema e das pessoas diretamente envolvidas).
Ao longo do curso, tais ferramentas e métodos serão apresentados para o graduando em
engenharia elétrica. Assim, para que o mesmo comece essa jornada é fundamental o
conhecimento de alguns conceitos básicos.
A matéria de Análise de Sistemas Elétricos consiste em apresentar os conceitos de:
valores PU de grandezas elétricas, componentes simétricos e suas transformações,
representação de elementos e máquinas elétricas em componentes simétricos, análise de
circuitos equilibrados com cargas desequilibradas, circuitos desequilibrados, capacidade de
curto-circuito de uma determinada barra do sistema e aterramento de neutro.

Representação por Unidade – PU

Sabendo que ao longo de todo um sistema elétrico existem diversos níveis de tensão
e, consequentemente, diversos níveis de corrente, a interpretação dos valores das grandezas
elétricas para diversos pontos diferentes do sistema fica muito difícil. Tais diferenças nos
valores podem chegar à ordem de mil vezes. Ou seja, se alguém for informado que ocorreu
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 2

uma variação de tensão de 10% do valor nominal, qualquer um conseguiria interpretar essa
informação, entretanto, se fosse informado que a tensão variou 100V, aparece a dúvida, pois
se ocorreu na parte do sistema onde a tensão é 220V nominais é uma grande variação, caso
ocorresse no sistema onde a tensão nominal é de 13800V, a variação é irrisória.
Para que tais grandezas elétricas possam ser interpretadas em qualquer ponto do
sistema, utiliza-se uma comparação da grandeza elétrica com um valor referência
estabelecido para a mesma grandeza para aquele determinado ponto do sistema, chamado
base do sistema.
Sabe-se que conhecidas duas grandezas elétricas de um elemento, todas as outras
grandezas podem ser obtidas. O mesmo conceito vale para as bases do sistema, pois ao
definir valores base de duas grandezas para um determinado ponto do sistema, as bases das
outras grandezas podem ser obtidas facilmente. Em sistemas de potência, as grandezas
usualmente utilizadas como base são a potência aparente e a tensão.
Sendo as bases valores referência, qualquer valor em módulo pode ser adotado, entre
tanto é comum a utilização dos valores nominais de tensão e potencia aparente como base do
sistema. É importante ressaltar que o valor base de potência será o mesmo para qualquer
ponto do sistema e os valores base de tensão, corrente e impedância poderão mudar ao longo
do sistema devido às relações de transformação dos transformadores existentes no sistema
elétrico.
Para qualquer grandeza, tem-se:
Valor _ da _ Gradeza
Valor _ pu 
Valor _ Base _ da _ Gradeza
*obs: os valores PU são adimensionais!

Exemplo – Adotando as seguintes bases do sistema: VB  100kV e S B  100 MVA ,

obter as bases de corrente e impedância e calcular os valores PU das grandezas medidas


abaixo: Va  80kV ; I a  600 A ; Z a  200 ; S a  100 MVA .

VB VB 2 100 2.(103 ) 2 1002.106 100 2


ZB       100
I B SB 100.106 100.106 100

VB S B 100.106 106
IB      1000 A
Z B VB 100.103 103
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 3

Va 80.103 I a 600
VaU    0,8 pu I aU    0,6 pu
VB 100.103 I B 1000

Z 200 S a 100.106
Z aU  a   2 pu S aU    1 pu
Z B 100 S B 100.106

Representação de Impedâncias em PU

Dada uma carga trifásica equilibrada com três impedâncias iguais de valor Z[Ω]
conectadas, ora em estrela (Y), ora em delta (∆), pode-se calcular o valor do módulo de Z
através dos valores do módulo da Tensão de Linha (VL ) e do módulo da Potência Aparente
Trifásica (S3F).

 VL   VL 
   
3   VL   3VL  VL
2
VF  3  
Z    . 
IF IL  S3 F   3   S3 F  S3 F
 
 3VL 
ou
2
 VL  VL 2
VF 2  3  3 VL 2
Z   
SF S3 F S3 F S3 F
3 3
Agora considerando as mesmas tensões e a mesma potencia aparente total dessa carga, mas
conectada em delta (∆):

VF VL VL VL VL 2
Z    3
I F  I L   1   S3 F   S3 F  S3 F
       
 3   3   3VL   3VL 

ou

VF 2 VL 2 V2
Z  3 L
S F S3 F S3 F
3
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 4

A impedância teria que ser três vezes maior para que a carga consumisse a mesma
potencia!
Ao considerar o valor base de tensão igual ao valore da tensão de linha (VB = VL) e a
valor base de potencia igual à potência aparente trifásica da carga (SB = S3F):

VB 2 VL 2
ZB  
S B S3 F

Consequentemente, para a conexão em estrela:

ZY  Z B

Para conexão em delta:

Z   3Z B

Para que as duas conexões fossem equivalentes:

Z
ZY 
3

Ao trabalhar com valores em PU temos para a conexão estrela:

VB 2 Z S
ZB  ZU   Z B2
SB e
ZB VB

Onde:

 VB   VB 
   
3   VB   3VB  VB
2

ZB   3
   . 
IB  S B   3   S B  S B
 
 3VB 

Para conexão em delta temos:

VB VB VB VB VB 2
ZB     3
I B  I B   1   SB   SB  SB
      
 3   3   3VB   3VB 
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 5

Assim, o valor em PU no delta fica:

VB 2 Z Z  SB 
ZB  3 ZU    
SB Z B 3  VB 2 
e

Caso as cargas em estrela e delta fossem equivalentes (consumissem a mesma potencia


para a mesma tensão) o valor ôhmico de Z no delta seria três vezes menor, assim o valor em
PU seria o mesmo. Isso ocorre, pois o valor em PU representa a carga em delta através de seu
respectivo equivalente estrela (conversão delta-estrela).
Exemplo – Sabendo que uma carga trifásica passiva consome 20MVA, quando aplicada
uma tensão de 500kV,e a mesma tem um fator de potência = 0,5 indutivo, calcular os valores
ôhmicos das impedâncias quando conectadas em estrele e delta com os respectivos valores
em PU.
Trabalhando agora com valores complexos, para estrela:

S 3 F  3.VL .I L *

 VL e j 0   VL e j 0   VL e j 0   VL e j 0 
   

       
VF  3   3   3   3   VL 2  j 60
Zc    *   

e
  S   j 60   S3 F
*
 S3 F e j 60    S3 F  j 60  

IF IL 

  3 F  e 

 j0   e 
 3VL e    3VL 

   3VL  

 j 60   500.10   j 60  5002.106  j 60  5002  j 60


3 2
 VL 2
Zc    e   e   e  e  12,5e j 60 k 
    

6  
 S3 F  20.10 
6
 20.10   20 
 

Obs: Verifica-se que quando os valores de tensão estão em kV e potencia em MVA, basta
utilizar os valores sem as respectivas ordens de grandeza.
Para o delta:

S 3 F  3.VL .I L *
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 6

 VL 2  j 60
   
V V e j0 VL e j 0 VL e j 0 VL e j 0
Zc  F  L    

3  e
I F  I L   1   S e j 60    S  j 60    S3 F   j 60 
* *
 

S3 F 

  

   e 
 3   3   3VL e j 0    3VL  
3F 3F
e
   3VL 

 

V 2  j 60   500.103 2   5002.106  j 60  5002  j 60


Z c  3 L      e  37,5e j 60 k 
    
j 60
 e 3 e 3  6 
e 3  
 S3 F   20.10  6
 20.10   20 
 

Agora calculando os valores em PU:


Carga em estrela:

VB 2 ZC S B  VL 2  j 60  S3 F 
  ZC 2     1e pu
 

ZB 
j 60
Z CU  e . 2
SB ZB VB  S3 F   VL 

Para a conexão em delta:

VB 2 ZC 1  S B   VL 2  j 60 1  S3 F 
  Z C . . 2   3    1e pu
 

ZB  3
j 60
Z CU  e . . 2
SB 3Z B 3  VB   S3 F  3  VL 

Verifica-se que terão os mesmos valores em PU, quando as cargas forem equivalentes.
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 7

Mudança de Base

Utilizar valores em PU trás diversas vantagens para a análise de circuitos. Sabendo que
os valores em PU estão sempre associados a um valor base de uma certa grandeza, faz-se
necessário a utilização correta desses valores.
Ao analisar um circuito elétrico com valores em PU, determinam-se sempre duas bases
fixas num certo ponto do sistema. Ao considerar a base de potência, a mesma deve ser
mantida para todo o sistema. Ao fixar a base de tensão, ou corrente, ou impedância num certo
ponto do sistema, deve-se obter as respectivas bases para os outros pontos do sistema
considerando as relações de transformação devido à existência de transformadores no
sistema.
Na maioria dos casos, as informações em PU fornecidas em cada equipamento que
compõem o sistema elétrico são dadas nas bases nominais de cada equipamento, ou seja, cada
equipamento terá seus valores PU associados as suas próprias bases. Assim, um sistema
elétrico pode ter diversos valores em PU associados a diversas bases distintas, inviabilizando
qualquer análise do sistema.
Portanto, para que uma correta análise do sistema possa ser feita, todos os valores em
PU devem estar nas mesmas bases – chamadas bases do sistema. Para que isso ocorra, a
mudança de base é de fundamental importância.
A mudança de base é simplesmente converter um valor em PU dado numa certa base,
obtendo o valor real da grandeza (ex: valor ôhmico[Ω], tensão[V] e corrente[A]). Em
seguida, de posse do valor real e da base do sistema que se deseja colocá-lo, obter o novo
valor em PU associado à nova base.
Conhecendo uma impedância em PU de um equipamento nas bases nominais do
mesmo, obtêm-se o novo valor PU associado às bases do sistema conforme abaixo:

Z E  Z EU .Z BE  
ZE
Z EU  , assim:
Z BE

Com o valor da grandeza calculado, basta converter para valor em PU na nova base (ZBS).

Z E Z EU .Z BE Z
Z SU    Z EU . BE
Z BS Z BS Z BS
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 8

Sabendo que ZBE foi obtido dos valores nominais de tensão e potencia do equipamento e que
ZBS foi obtido dos valores de tensão e potencia adotados no sistema, tem-se:

Z BE  VLE 2   S S   VLE 2   SS 
Z SU  Z EU .  Z EU .   2   Z EU . 2   
Z BS  S E   VLS   VLS   S E 

Exemplo – Um motor de indução trifásico com potencia 216kW, Rendimento=0,9, fator


de potencia =0,8 e tensão nominal de 1,2kV, tem uma impedância na partida de 0,125ej80°pu
nas bases nominais. Obter o valor em PU da impedância do motor na partida para as bases do
sistema de VB=1kV e SB= 500kVA.

PM 216
SM    300kVA
 .cos    0,9.0,8 

 VLE 2  S S 
Z SU  Z EU . 2  
 VLS   S E 

 1,2 2   0,5 
Z SU  0,125e j 80
 0,3e j 80 pu

 2   
 1   0,3 

Representação de Transformadores em PU

Para compreender a representação de transformadores em valores PU é importante


entender a modelagem do mesmo. A figura 1 abaixo representa um modelo de transformador
com relação de transformação de tensão “N”.
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 9

Nesta representação os elementos primários e secundários estão separados pela relação


de transformação. Dessa forma, é importante referir todos os elementos apenas para um lado,
seja ele o primário ou secundário do transformador.
Referindo ao primário:
eP nP
 N → eP  NeS
eS nS
Pelo modelo da figura acima:

eS  VS  Z S IS → eP  NVS  NZ S IS


Da mesma forma:

VP  eP  Z P IP → VP  Z P IP  NZ S IS  NVS


N
Multiplicando o 2° termo da ultima equação acima por ( ):
N
 I 
VP  Z P IP   N 2 Z S   S   NVS
N
Adotando:

VS   NVS Z S   N 2 Z S I   I S
S
N
Resulta:

VP  Z P IP  Z S  IS   VS 


Redesenhando o circuito equivalente da equação acima temos:

A relação de transformação continua existindo e dificultando a análise do circuito. Para


resolver tal questão, utiliza-se a representação em PU.
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 10

Adotando as bases do primário do transformador VBP , I BP , Z BP , tem-se as bases no

secundário dada a relação de transformação “N” para as três grandezas elétricas:


VBP Z BP VBS V
VBS  I BS  NI BP Z BS  onde: Z BS  e Z BP  BP
N N2 I BS I BP

Reescrevendo a equação que relaciona VP e VS e transformando para PU nas bases
primárias, temos:

 I 
VP  Z P IP   N 2 Z S   S   NVS
N

VP  Z P  IP   N 2 Z S  IS  VS


  
     N
VBP  Z BP  I BP   Z BP  NI BP  VBP

VP Z I
Sabendo que VPU  , Z PU  P , IPU  P , resulta em:
VBP Z BP I BP

   N 2 Z S  IS  VS
VPU  Z PU I PU      N
 Z BP  NI BP  VBP

Conhecendo as relações entre as bases no primário e secundário, substitui-se as bases.

 
 N Z S   IS
2  VS
 
VPU  Z PU I PU   2   N
  N Z BS     I BS   NVBS 
  N  
  N 

 Z  I  V
VPU  Z PU IPU   S  S   S
 Z BS  I BS  VBS

VS Z I
Sabendo que VSU  , Z SU  S , ISU  S , resulta em:
VSP Z BS I BS

VPU  Z PU IPU  Z SU ISU  VSU

O circuito equivalente fica:


Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 11

Considerando que a corrente de magnetização é muito pequena (ordem de 1%de In),


para a maioria dos estudos o ramo magnetizante é desprezado. Assim o circuito equivalente
fica:

Finalizando em:

VPU  ZU IU  VSU

Esta é a representação mais simples de transformadores monofásicos. O mesmo


conceito vale para transformadores trifásicos, onde o equivalente unifilar é representado,
assim como o defasamento angular devido ao fechamento do transformador.

Exemplo - Um transformador Dyn1 de 20MVA, 138kV-13,8kV apresenta Z%=5% e


X/R=10, obter os valores ôhmicos Zps e Zsp.

5 j a tg (10)
ZU  e pu
100

VLP 2 j 84,29  138 


2

Z PS  ZU Z B  ZU  0,05e  47,61e j 84,29 


 

 
ST  20 

VLS 2 j 84,29  13,8 


2

Z SP  ZU Z B  ZU  0,05e  0,4761e j 84,29 


 

 
ST  20 
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 12

Representação de Banco de Transformadores em PU

A construção de transformadores trifásicos para elevadas potências na maioria das


vezes não é viabilizada. Isso ocorre por diversos motivos técnicos e econômicos, pois o
tamanho que tais transformadores alcançariam traria diversos problemas, tais como: custo do
projeto,problemas técnicos de construção, o transporte da fábrica até o local de instalação e a
necessidade de um sobressalente para resolver contingências.
Para resolver tais questões, é comumente praticada a utilização de banco de
transformadores trifásicos compostos por transformadores monofásicos, conectados para
fornecer a elevada potência necessária. Ao substituir um grande transformador trifásico em
diversos transformadores monofásicos, o transporte fica mais fácil e barato, o sobressalente
também é mais barato e suficiente para substituir qualquer um dos elementos do banco e
elevadas potências podem ser alcançada de forma econômica e tecnicamente viáveis.

É fundamental para um engenheiro eletricista conseguir representar um banco de


transformadores de um sistema baseando-se nas informações de placa de cada transformador
monofásico que o compõe.
Assim como num transformador trifásico comum, podem existir diversos fechamentos
do banco de transformadores (YY, ∆∆, Y∆, ∆Y,...). Conhecidas as informações do
transformador monofásico VPN, VSN, SN e ZUϕ e o fechamento do banco é possível determinar
a representação em PU do mesmo. O primeiro passo é obter os valores ôhmicos das
impedâncias vistas por ambos os lados do transformador (primário e secundário).

Z PS Z SP
ZU  ou ZU 
Z BP Z BS
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 13

VPN 2
Z PS  ZU .Z BP Z PS  ZU .
SN

VSN 2
Z SP  ZU .Z BS Z SP  ZU .
SN

Sabe-se que:
2 2
n  n 
Z PS  Z P  Z S  P  e Z SP  Z S  Z P  S 
 nS   nP 

Desenhe a composição do banco conforme o fechamento desejado ((YY, ∆∆, Y∆,


∆Y,...). Para primeira análise segue o fechamento YY abaixo:
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 14

Para representar este banco trifásico basta fazer o mesmo para transformadores
trifásicos. Representar apenas uma das fases da conexão em estrela.

Assim, os valores da representação trifásica do banco serão os mesmos do


transformador monofásico.
Z PS 3  Z PS e Z SP 3  Z SP
Agora repetindo o mesmo procedimento para uma conexão ∆∆:

Como a representação deve ser feita através da conexão em estrela, a equivalência deve
ser feita:

ZPZP Z ZS ZS Z
Z P*   P e ZS*   S
ZP  ZP  ZP 3 ZS  ZS  ZS 3

nP nS
nP*  e nS * 
3 3
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 15

Assim a representação do banco trifásico conectado em ∆∆ fica:

E os valores das impedâncias:


2 2
 nP *   nS * 
Z PS 3  ZP  ZS  * 
* *
e Z SP 3  ZS  ZP  * 
* *

 nS   nP 

* * * *
Substituindo Z P , Z S , nP , nS :

Z P Z S  nP 3  1   nP   Z PS
2 2

Z PS 3       Z P  Z S    
3 3  nS 3  3   nS   3

Z S Z P  nS 3  1   nS   Z SP
2 2

Z SP 3       Z S  Z P    
3 3  nP 3  3   nP   3

Resultando em:
Z PS Z SP
Z PS 3  e Z SP 3 
3 3

Por ultimo, a conexão Y∆:


Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 16

Ao fazer o equivalente estrela do lado delta, temos a representação do banco trifásico:

E os valores das impedâncias:


2 2
n   nS * 
Z PS 3  Z P  Z S  P* 
*
e Z SP 3  ZS  ZP 
*

 nS   nP 

* *
Substituindo Z S , nS :

2 2
Z n 3 n 
Z PS 3  Z P  S  P   Z P  Z S  P   Z PS
3  nS   nS 

 nS  1   nS   Z SP
2 2
ZS
Z SP 3   ZP     Z S  Z P    
3  P
n 3  3  nP   3

Verifica-se que ao olhar pelo lado do delta a impedância do banco trifásico sera um
terço da impedância do transformador monofásico e quando olhar pelo lado da estrela sera o
mesmo valor, independente do tipo de conexão (YY, ∆∆, Y∆, ∆Y).
Conhecidos os valores ôhmicos de Z PS 3 e Z SP 3 , basta converter para PU nas bases do

sistema do lado primário e secundário, respectivamente.

V 2 BsisP V 2 BsisS
Z BsisP  Z BsisS 
S Bsis S Bsis

Z PS 3  S 
Z PS 3U   Z PS 3  2Bsis 
Z BsisP  V BsisP 

Z SP 3  S 
Z SP 3U   Z SP 3  2Bsis 
Z BsisS  V BsisS 
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 17

Exemplo – Três transformadores monofásicos idênticos de 50MVA, 500kV-230kV com


Zu=j0,05 são ligados para formar um banco trifásico com conexão delta na maior tensão e
estrela aterrada do lado de menor tensão. Determinar a reatância em PU do banco , nas bases
do sistema de 100MVA e 750kV no primário do banco. Provar que a impedância em PU
olhando de ambos os lados do banco são iguais e desenhar o circuito equivalente.

VPN 2 5002
Z PS  ZU .Z BP  ZU .  j 0.05.  j 250
SN 50

VSN 2 230 2
Z SP  ZU .Z BS  ZU .  j 0,05.  52,9
SN 50

Do lado do delta temos:

Z PS j 250
Z PS 3    j83,33
3 3

Do lado da estrela temos:

Z SP 3  Z SP  j 52,9

Em PU:

Z PS 3  S   100 
Z PS 3U   Z PS 3  2Bsis   j83,33. 2 
 j 0,0148 pu
Z BsisP  V BsisP   750 

Para obter a tensão base do lado da estrela basta achar a relação de transformação do banco
∆Y :

500 VBsisP VBsisP 230 3


N N VBsisS   750.  597,5575kV
230 3 VBsisS N 500

Z SP 3  S   100 
Z SP 3U   Z SP 3  2Bsis    j 0,0148 pu
  597,55752 
 j 52,9.
Z BsisS  V BsisS   

Z PS 3U  Z SP 3U  Z 3U  j 0,0148 pu


Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 18

Em PU basta representar a impedância obtida e o defasamento angular devido a


conexão delta-estrela(adotando no caso Dyn1).
Aula 4 – Representação de Cargas 19

Representação de Cargas

Os elementos de carga sempre serão grandes problemas para a representação num


circuito modelo para análise. Isso ocorre devido à diversidade dos tipos de carga, da
aleatoriedade inerente do consumo de energia elétrica. A complexidade do modelo será
proporcional à complexidade da carga.
Para exemplificar a variedade e complexidade dos elementos de cargas, alguns tipos de
consumidores serão lembrados: Industriais que utilizam, na grande maioria, cargas rotativas
para o acionamento tradicional de seus processos; siderurgias que utilizam fornos de indução
e a arco - voltaico para fundição da matéria prima; empresas tecnológicas que utilizam cargas
sensíveis, para acionamento, automação e controle de processos diversos; usinas de açúcar
que proporcionam co-geração ao sistema; consumidores residenciais que proporcionam
características de consumo sazonais; entre outros quase infinitos tipos de consumidores de
energia elétrica.
Dada a complexidade do consumo e das cargas, fica evidente a necessidade de uma
representação simplificada e mais próxima possível do seu comportamento real. Assim,
define-se quatro tipos de representação de cargas.
Qualquer elemento chamado de carga consumirá alguma potência ativa, reativa ou
ambas. Sabendo que o principal produto entregue por um sistema elétrico é a tensão com
módulo e freqüência dentro de certas faixas de valores definidas, defini-se quatro tipos de
cargas que relacionam a tensão e a potência com certas características:

Pc  f1 (Vc ) e Qc  f 2 (Vc )

 Impedância Constante;
 Potencia constante em função da tensão;
 Módulo da Corrente constante em função da tensão;
 Combinação das três acima.

Impedância Constante
Modelo adequando para cargas passivas, onde representa-se a carga por uma
impedância fixa composta por uma resistência e uma reatância (capacitiva ou indutiva) em
série. Sabendo que a representação é feita por fase de um circuito em estrela ou seu
equivalente, temos:
Aula 4 – Representação de Cargas 20

Vc   *
S
Zc  e Sc  Vc Ic* → Ic   c 
Ic 
 Vc 

Assim:

VcVc* Vc 2 Vc 2 j
Zc   *  *  e
Sc  Sce j  Sc
VB 2
Em PU, basta dividir pela base Z B 
SB

2
Vc 2 j  S B   Vc   S B  j VcU 2 j
Z cU  e . 2     .  e  e
Sc  VB   VB   Sc  ScU

2
Verifica-se que a função da tensão pela potência é quadrática: Sc  Z c Vc , pois a

impedância é constante.

Potencia constante em função da tensão


Esse modelo é utilizado para representar cargas onde a potência não varia ao variar a
tensão aplicada. Uma carga que apresenta esse comportamento durante certo tempo é o motor

de indução trifásico, entre outros. Para uma certa tensão VCN a carga absorve SCN que é
Aula 4 – Representação de Cargas 21

mantida constante. Assim a grandeza que varia, ao ocorrer uma variação de tensão é a
corrente.
Para valores nominais, temos:
*
 S e j  S
ICN   CN j   CN e j ( N  )

 VCN e  VCN
N

Caso ocorra uma tensão diferente da nominal, temos:


*
 S e j  S
IC   CN j   CN e j (  )
 VC e  VC

Onde muda o módulo e ângulo da corrente, verificando que a corrente é inversamente


proporcional a tensão.
Ao utilizar este modelo verifica-se a necessidade de utilização de iterações de cálculo,
pois a tensão na carga dependerá da queda de tensão ao longo do sistema que por sua vez
depende da corrente da carga e essa também depende da tensão. Assim, esse problema só será
resolvido ao adotar inicialmente uma tensão na carga, calcular a corrente, verificar a queda de
tensão, adotar o novo valor de tensão na carga devido a queda e consequentemente nova
corrente, até os valores convergirem.

Módulo da corrente constante em função da tensão


Esse modelo é utilizado para representar cargas onde a corrente se mantém constante ao
variar a tensão aplicada na carga. Para isso acontecer a potencia tem que ser diretamente
proporcional à tensão aplicada.
Aula 4 – Representação de Cargas 22

Para valores nominais, temos:


*

I   SCN e   I e j (
j
N  )
CN j CN
 VCN e 
N

Sendo I CN e  constantes, temos para qualquer valor de VC  VC e j , temos:

IC  ICN e j (  ) e SC  VC IC * → SC  VC e j .I CN e j (  )  VC I CN e j

Ao utilizar este modelo verifica-se a necessidade de utilização de iterações de cálculo


também, pois a tensão na carga dependerá da queda de tensão ao longo do sistema que por
sua vez depende do ângulo da corrente da carga e esse também depende da tensão. Assim,
esse problema também só será resolvido ao adotar inicialmente uma tensão na carga, calcular
a corrente, verificar a queda de tensão, adotar o novo valor de tensão na carga devido a queda
e consequentemente nova corrente, até os valores convergirem

Exemplo – Um barramento infinito (Zg=0Ω) com tensão de 500kV está conectado num
transformador YnYn0 (500kV-138kV), Z%=8%, X/R=∞ de 50MVA que alimenta uma carga
através de um linha de transmissão com um reatância indutiva de 10Ω.
Sabendo que a carga tem Vn=138kV e Sn=100MVA e cosφ=0,8 indutivo, calcular a
tensão na carga quando:
a) Impedância constante;
b) Potencia constante;

Solução:
Adotando Sb=100MVA e Vb=500kV no primário do trafo, temos:
Aula 4 – Representação de Cargas 23

V  1e j 0 pu
a) PU

 5002   100 
ZTU  j 0,08.  2 
 j 0,16 pu
 50   500 
 100 
Z LTU  j10. 2 
 j 0,0525 pu
 138 
VCN 2 j 1382 ja cos(0,8)
ZC  e  e  190,44e j 36,87
SCN 100
S  100 
Z CU  Z C B2  190, 44e j 36,87  2 
 1e j 36,87 pu
VB  138 

Calculando a corrente de carga:

VPU 1e j 0
ICU    0,877e  j 45,44 pu
( ZTU  Z LTU  Z CU ) (0,16e  0,0525e  1e
j 90 j 90 j 36,87
)
Assim:

VCU  ZCU ICU  1e j 36,87 .0,877e j 45,44  0,877e j 8,57 pu

VC  VCUVB  0,877e j 8,57 .138  121,03e j 8,57 kV

b)Potencia constante

VPU  1e j 0 pu Z TU  j 0,16 pu Z LTU  j 0,0525 pu


Aula 4 – Representação de Cargas 24

Sabendo que a potencia é constante e com valor nominal, calcula-se a corrente que
passaria pela carga, caso a carga estivesse com tensão nominal aplicada:

 100.106 
 100.106 
  e j (036,87 )  1e j 36,87 pu
S
ICNU  CNU e j ( N  )

VCNU  138.10 
3

 138.103 
 
Se a corrente fosse o valor obtido acima,a tensão na carga seria:

VCU  VPU  ( ZTU  Z LTU ) ICU  1e j 0  (0,16e j 90  0,0525e j 90 )1e j 36,87  0,8889e j11,025 pu

Repete o cálculo da corrente e tensão na carga até os valores convergirem:

S 1
ICNU  CNU e j ( N  )
 e j ( 11,02536,87 )  1,125e  j 47,895 pu
VCNU 0,8889

VCU  VPU  ( ZTU  Z LTU ) ICU  1e j 0  (0,16e j 90  0,0525e j 90 )1,125e j 47,895  0,8381e j11,025 pu

Mais uma iteração:

S 1
ICNU  CNU e j ( N  )
 e j ( 11,02536,87 )  1,1932e  j 47,895 pu
VCNU 0,8381

VCU  VPU  ( ZTU  Z LTU ) ICU  1e j 0  (0,16e j 90  0,0525e j 90 )1,1932e j 47,895  0,8295e j11,826 pu

Mais uma iteração:

S 1
ICNU  CNU e j ( N  )
 e j ( 11,82636,87 )  1,2056e  j 48,696 pu
VCNU 0,8295

VCU  VPU  ( ZTU  Z LTU ) ICU  1e j 0  (0,16e j 90  0,0525e j 90 )1,2056e j 48,696  0,8251e j11,826 pu

Mais uma iteração:


S 1
ICNU  CNU e j ( N  )
 e j ( 11,82636,87 )  1,2120e  j 48,696 pu
VCNU 0,8251
Aula 4 – Representação de Cargas 25

VCU  VPU  (ZTU  Z LTU ) ICU  1e j 0  (0,16e j 90  0,0525e j 90 )1,2120e j 48,696  0,8242e j11,903 pu

Mais uma iteração:


S 1
ICNU  CNU e j ( N  )
 e j ( 11,90336,87 )  1,2132e  j 48,773 pu
VCNU 0,8242

VCU  VPU  (ZTU  Z LTU ) ICU  1e j 0  (0,16e j 90  0,0525e j 90 )1,2132e j 48,773  0,8238e j11,903 pu

Mais uma iteração:


S 1
ICNU  CNU e j ( N  )
 e j ( 11,90336,87 )  1,2139e  j 48,773 pu
VCNU 0,8238

VCU  VPU  (ZTU  Z LTU ) ICU  1e j 0  (0,16e j 90  0,0525e j 90 )1,2139e j 48,773  0,8237e j11,900 pu

Mais uma iteração:


S 1
ICNU  CNU e j ( N  )
 e j ( 11,90336,87 )  1,2140e  j 48,780 pu
VCNU 0,8237

VCU  VPU  (ZTU  Z LTU ) ICU  1e j 0  (0,16e j 90  0,0525e j 90 )1,2140e j 48,780  0,8237e j11,900 pu

Após o resultado estabilizar, temos:

VC  VCUVB  0,8237e j11,910 .138  113,6706e j11,91 kV

Algoritmo do Matlab para o cálculo rápido deste exemplo:


clear all
Scu=1*exp(j*acos(0.8));
Vcu(1)=1;
Ztu=j*0.16;
Zltu=j*0.0525;

for a=1:10
Icu(a)=(Scu/Vcu(a))';
Vcu(a+1)=1-(Ztu+Zltu)*Icu(a);
end

plot(abs(Icu),'-xr')
hold on
plot(abs(Vcu),'-sb')
grid on

V=[abs(Vcu') -rad2deg(angle(Vcu'))]%a função transposição tb faz o conjug.


I=[abs(Icu') -rad2deg(angle(Icu'))]
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 26

Choque de Bases

Sabe-se que existem grandes vantagens na utilização da ferramenta PU. A principal


vantagem é a eliminação da relação de transformação devido aos transformadores existentes
no sistema, facilitando muito a análise. Essa vantagem ocorre, pois ao definir a base de
tensão num determinado ponto do sistema e propagá-la ao longo do circuito, conforme as
relações de transformação existentes, o resultado em PU são valores iguais no primário e
secundário dos transformadores quando não existir quedas de tensão.
Entretanto, essa facilidade falha quando o sistema é malhado e composto por
transformadores com relações de transformação diferentes. Pois ao definir a base num ponto
do circuito e propagá-la por um caminho tem-se diferentes bases quando propagá-las pelo
outro caminho. Essa questão é chamada de Choque de Base.

Para solucionar o choque de base basta utilizar um auto-transformador ideal em


qualquer ponto do circuito onde ocorra o choque de base. Sendo esse auto-transformador com
relação de transformação igual a relação das bases em choque.
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 27

Sabendo que:

V V 'S 2
VS 2  VS2 VS 2U  S 2 V 'S 2U 
VBS 800 V
VBS 1000 V

Temos:

VS 2U VBS
VS 2UVBS  V 'S 2U VBS  1000 V

800 V 1000 V
V 'S 2U VBS800 V

O auto-transformador é na verdade um recurso matemático para solucionar o problema,


apresentando uma relação de transformação na representação em PU. Dessa forma, ocorre um
pequeno aumento no grau de dificuldade para a solução e análise do sistema. Onde é
necessária a utilização de sistema de equações para obter as variáveis como as correntes que
fluem ao longo do circuito e as tensões de todos os pontos.
Para o circuito exemplo acima teríamos o seguinte equacionamento:
Olhando pela linha superior:

VCU  VPU  ( ZT 1U  Z LT 1U ) I1U

Na carga:

VCU  ZCU ICU

Olhando pela linha inferior:

VCU  VS2U  Z LT 2U I2U

V V Z I
VS2U  S 2U VS 2U  VPU  ZT 2U I2U VS 2U  PU  T 2U 2U
  

I
I2U  2U ICU  I1U  I2U I1U  ICU   I2U

Com as relações das correntes, na primeira equação temos:

VCU  VPU  ( ZT 1U  Z LT 1U ) ICU  ( ZT 1U  Z LT 1U ) I2U


Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 28

ZCU ICU  VPU  ( ZT 1U  Z LT 1U ) ICU  ( ZT 1U  Z LT 1U ) I2U

VPU  (ZT 1U  Z LT 1U  ZCU ) ICU   ( ZT 1U  Z LT 1U ) I2U

Voltando na equação da linha inferior:

V Z I
VCU  PU  T 2U 2U  Z LT 2U I2U
 

VPU ZT 2U I2U
Z CU ICU    Z LT 2U  I2U
 

Z 
VPU  Z CU  ICU    T 2U   Z LT 2U  I2U
  

VPU   Z CU ICU   ZT 2U   2 Z LT 2U  I2U

Conhecido VPU , temos duas equações e duas incógnitas( ICU , I2U ) no sistema abaixo:

VPU  ( ZT 1U  Z LT 1U  ZCU ) ICU   ( ZT 1U  Z LT 1U ) I2U



 VPU   ZCU ICU   ZT 2U   2 Z LT 2U  I2U

Resolvendo o sistema obtem-se ICU , I2U , assim a tensão na carga é :

VCU  ZCU ICU

Transformador com Tapes

É muito comum a construção de transformadores providos de tapes. O tape é utilizado


para alterar a relação de transformação dentro de uma certa faixa de operação. Ao comutar o
tape, ocorre adição ou subtração do número de espiras enlaçadas no primário, secundário ou
ambos os lados, assim alterando a relação de transformação do mesmo.
Tal flexibilidade é fundamental para ajustes de tensão ao longo do sistema. Em geral, os
valores de tapes são discretos e limitados a um percentual acima ou abaixo do valor de tensão
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 29

nominal do enrolamento. Tais informações e configurações encontram-se na placa de


identificação do transformador.
Ao alterar o tape para valores não nominais, verifica-se um acréscimo ou decréscimo do
número de espiras. Consequentemente a impedância do transformador será diferente da
impedância em condição nominal informada também na placa de identificação. Portanto, ao
representar um transformador provido de tapes é necessário o ajuste de impedância, assim
como o acréscimo de um auto-transformador ideal para corrigir a relação de transformação.
Desconsiderando a impedância de magnetização e considerando que a impedância do
enrolamento varie com o quadrado do número de espiras, temos:
2 2
 n  n 
Z P  Z PN  P  Z S  Z SN  S 
 nPN  e  nSN 

Sendo a impedância vista do lado primário:


2 2 2 2
n   n   n  n 
Z PS  Z P  Z S  P  Z PS  Z PN  P   Z SN  S   P 
 nS  →  nPN   nSN   nS 

2 2 2 2 2
 n  n   n   n  n 
Z PS  Z PN  P   Z SN  P  Z PS  Z PN  P   Z SN  P   PN 
 nPN   nSN  →  nPN   nSN   nPN 

 nP    nPN  
2 2

Z PS     Z PN  Z SN   
 nPN    nSN  

Porém:
2
n 
Z PSN  Z PN  Z SN  PN 
 nSN 

Assim:
2 2
n  n 
Z PS   P  Z PSN Z PS  Z PSN  P 
 nPN  →  nPN 
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 30

Da mesma forma:
2
n 
Z SP  Z SPN  S 
 nSN 

Em PU basta dividir pela respectiva base:


2 2 2
Z  nP   nP   nP 
Z PSU  PSN    Z PSNU    ZUN  
Z BP  nPN   nPN   nPN 

2 2 2
Z  nS   nS   nS 
Z SPU  SPN    Z SPNU    ZUN  
Z BS  nSN   nSN   nSN 

Lembrando que para condição nominal: ZUN  Z PSNU  Z SPNU .

O circuito que representa o transformador com tape fora da condição nominal é:

Exemplo- Um transformador YnYn0 de 50MVA e (138kV(P)-69kV(S)) com Z%=10% e


X/R=∞, possui tapes em ambos enrolamentos. Representar o mesmo em PU sabendo que no
primário o tape está np=1,05 e no secundário ns=0,95.
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 31

2
 n 
Z PSU  ZUN  P   j 0,1.1,052  j 0,1103 pu
 nPN 
nP
2
n  n 1,05
Z SPU  ZUN  S   j 0,1.0,952  j 0,0902 pu n  PN   1,1053
 nSN  nS 0,95
nSN
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 32

π Equivalente aos transformadores com Tapes


Para facilitar a implementação de algoritmos para resolver circuitos elétricos com
transformadores com tapes em computadores é necessário a substituição do auto-
transformador do circuito equivalente para um circuito π. Assim, a solução por sistema de
equações é substituída por um circuito que é facilmente modelado para soluções
computacionais.
Para obter o circuito π equivalente, comparações devem ser feitas entre o circuito π e
a representação através de auto-transformador.

Equacionamento do circuito com auto-transformadores:

VPU  n VSU  Z SPU ISU  VPU  nVSU  nZ SPU ISU


1
IPU  ISU
n

Equacionamento do circuito π equivalente:

VPU  Z 2  I3  ISU   VSU → VPU  Z 2 I3  Z 2 ISU  VSU

V V  Z 
I3  SU VPU  Z 2 SU  Z 2 ISU  VSU VPU   1  2 VSU  Z 2 ISU
Z3 Z3  Z3 
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 33

 Z2   
1  VSU  Z 2 I SU
V V V
IPU   3 
Z
IPU  PU  ISU  SU  ISU  SU
Z1 Z3 Z1 Z3

1 Z  Z V
IPU    2 VSU  2 ISU  ISU  SU
 Z 1 Z1 Z 3  Z1 Z3

1 Z 1   Z 
IPU    2  VSU   1  2  ISU
 Z1 Z1 Z 3 Z 3   Z1 

 Z  Z 2  Z1    Z2  
IPU   3 VSU   1   I SU
 Z1 Z 3   Z1 

Resumindo as duas equações de cada modelo:

 Z 
VPU   1  2 VSU  Z 2 ISU
VPU  nVSU  nZ SPU ISU  Z3 

1  Z  Z 2  Z1    Z2  
IPU  ISU IPU   3  SU  1   I SU
V 
n  Z1 Z 3   Z1 

Comparando as quatro equações temos:

Z 2  nZ SPU

 Z   nZ 
n  1  2  n   1  SPU   n  1 Z  nZ SPU Z3 
nZ SPU
 Z3   Z3 
3
 n  1

1  Z2  1   n   n2 
 1     1 Z1  Z 2 Z1    Z2 Z1    Z SPU
n  Z1  n   1  n   1  n 

 Z 3  Z 2  Z1 
 0 Z 3  Z 2  Z1  0
 Z Z
1 3 
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 34

Para o modelo referindo ao primário:

1
Z PSU  n 2 Z SPU Z SPU  Z PSU
n2

Assim, obtemos Z1 , Z 2 e Z 3 referidos ao primário:

 n2   n2  1  1 
Z1    Z SPU Z1    2 Z PSU Z1    Z PSU
1 n  1 n  n 1 n 

1 1
Z 2  nZ SPU Z2  n Z PSU Z2  Z PSU
n2 n

1
n Z PSU
nZ SPU n 2 Z PSU
Z3  Z3  Z3 
 n  1  n  1 n  n  1

Exemplo – Um transformador estrela-estrela de 40MVA, 161kV-69kV, Xu=j0,1, tem tape no


secundário. Obter o circuito π equivalente para o tape secundário ajustado em 66kV nas bases
100MVA e 161kV no primário.
Solução:
Sabendo que não existe tape no primário:

Z BT VPT 2 S S  1612   100 


Z PSU  ZU  ZU  j 0,1  2 
 j 0,25 pu
Z BS ST VPS 2  40   161 

nP
n 1 69
n  PN  
nS 66 66
nSN 69
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 35

 
 1   1 
Z1   Z1   j 0,25   j 5,5 pu
 Z PSU
1 n  69 
1 
 66 
1 1 66
Z2  Z PSU Z2  j 0,25  j 0, 25  j 0,2391 pu
n 69 69
66
Z PSU j 0,25
Z3  Z3   j 5,2609 pu
n  n  1 69  69 
  1
66  66 
Conferindo:
Z 3  Z 2  Z1  0 j5,2609  j 0,2391  j5,5  0
Aula 7 –Componentes Simétricos 36

Componentes Simétricos

Sistemas polifásicos equilibrados são facilmente modelados e analisados. Pois ao


utilizar apenas uma das fases e assim obter os resultados para todas as outras fases, reduz-se
muito o grau de dificuldade para solução dos problemas. Entretanto, tal simplificação não é
possível quando o sistema não for equilibrado e/ou simétrico. Dessa forma, a análise de tais
sistemas deve ser realizada através de sistemas de equações baseadas nas leis de Kirchhoff e
Ohm, considerando as malhas e nós de todo um sistema polifásico.
Tal questão foi solucionada por Fortescue em 1918 com o trabalho intitulado “O
método dos componentes simétricos na solução de circuitos polifásicos”, onde apresentou a
poderosa ferramenta para análise de sistemas desequilibrados e/ou assimétricos.
Sua importância é justificada pela a maioria dos sistemas elétricos serem inerentemente
desequilibrados e assimétricos. A busca constante pelo o equilíbrio e simetria dos sistemas
consegue bons resultados, mas ainda existem diversas situações que causam desequilíbrios e
assimetrias no sistema, tais como: cargas desequilibradas, linhas de transmissão não
transpostas, transformadores de núcleo trifásico à vazio, faltas desequilibradas e assimétricas
entre outros.
A ferramenta componentes simétricos consiste em representar os “n” fasores
desequilibrados e/ou assimétricos de um sistema polifásico de “n” fases através da
composição de “n” conjuntos de fasores simétricos e equilibrados. Como na maioria dos
casos os sistemas são trifásicos, o método dos componentes simétricos (Teorema de
Fortescue) decompõe um sistema trifásico desequilibrado e/ou assimétrico em três conjuntos
de fasores equilibrados e simétricos. Esses conjuntos de fasores são chamados de sequencia
positiva, sequencia negativa e sequencia zero.
Para qualquer sistema trifásico com fasores desequilibrados e/ou assimétricos existirá
uma composição de 3 conjuntos de fasores equilibrados e simétricos que o compõe, conforme
a figura abaixo:
Aula 7 –Componentes Simétricos 37

Tais sistemas são chamados componentes de sequencia positiva, negativa e zero. Sendo
os fasores de sequencia positiva com módulos iguais, defasados 120° e sequencia de fase
igual ao sistema original. A sequencia negativa tem as mesmas características exceto a
sequencia de fase ser contrária ao sistema original. A sequencia zero é composta por 3
fasores de mesmo módulo e ângulo girando na mesma freqüência dos fasores originais, assim
como a sequencia positiva e negativa. A amplitude e defasamento angular de cada sequencia
serão resultantes da assimetria e desequilíbrio do sistema original.
Para entender o teorema, segue a formulação abaixo:

VA  Va 0  Va1  Va 2

VB  Vb 0  Vb1  Vb 2

VC  Vc 0  Vc1  Vc 2


Aula 7 –Componentes Simétricos 38

Como as sequencias são equilibradas e simétricas, temos:

Vb 0  Va 0 Vb1  e j 240Va1 Vb 2  e j120Va 2

Vc 0  Va 0 Vc1  e j120Va1 Vb 2  e j 240Va 2

Substituindo em função dos fasores da fase A de cada sequencia:

VA  Va 0  Va1  Va 2

VB  Va 0  e j 240Va1  e j120Va 2

VC  Va 0  e j120Va1  e j 240Va 2

Criando o operador a  e
j120
, temos:

VA  Va 0  Va1  Va 2

VB  Va 0  a 2Va1  aVa 2

VC  Va 0  aVa1  a 2Va 2

De forma matricial temos:

VA  1 1 1  Va 0 
    
VB   1 a
2
a  Va1 

VC  1 a a  Va 2 
2
 

Dessa forma, obtem-se os fasores originais da fase A, B e C através apenas dos fasores
de sequencia positiva, negativa e zero da fase A.
A matriz quadrada que relaciona os fasores das componentes simétricas da fase A com
os fasores A,B e C originais é chamada de “Matriz de Síntese”.

1 1 1
A  1 a 2 a
 
1 a a 
2
Aula 7 –Componentes Simétricos 39

Para obter as componentes simétricas em função dos fasores trifásicos originais, segue:

VABC  AV012

A1VABC  A1 AV012

A1VABC  IV012

V012  A1VABC

Onde A1 é a matriz inversa de A , sendo:

1 1 1
1
A1  1 a a2 
3 
1 a 2 a 

Essa matriz se chama Matriz de Análise.

Va 0  1 1 1  VA 
   1  
Va1   3 1 a a 2  VB 

Va 2  1 a 2 a  VC 
 

Através dessa transformação é possível representar um sistema desequilibrado e/ou


assimétrico através de 3 sistemas trifásicos equilibrados e simétricos representados apenas
por uma das fases (fase A). Assim, um sistema que a análise seria difícil de ser executada
devido ao desequilíbrio, se transforma na análise de 3 circuitos unifilares independentes onde
após os cálculos em componentes simétricos, retorna-se através da matriz de síntese para os
valores de fase.
Aula 7 –Componentes Simétricos 40

Exemplo - Obter os componentes simétricos das medições abaixo de um sistema


trifásico:

VA   100e  1   100e 


 

Va 0 
j0 j0
1 1
       1  
a) VB   100e Va1   3 1 a a 2  100e j120
 
 j 120
 [V]  
VC   100e j120   Va 2  1 a 2 a   100e j120  
       
1
3

Va 0  100e j 0  100e j120  100e j120 
 100 j 0
3

 
e  e j120  e j120  0 [V]
  


1
3

Va1  100e j 0  100e j120 e j120  100e j120 e j120 
   100 j 0
3
 


e  e j 0  e j 0  100 [V]    


1
3

Va 2  100e j 0  100e j120 e j120  100e j120 e j120 
   100 j 0
3
 


e  e j120  e j120  0 [V]    


Aula 7 –Componentes Simétricos 41

VA   0  Va 0  1 1 1  0 
       1  
b) VB   100e Va1   3 1 a a 2  100e j 90
 
 j 90
 [V]  
VC   50e j 90 
 Va 2  1 a 2 a   50e j 90


      
1
3
  


Va 0  0  100e j 90  50e j 90  16,67e j 90 [V]

1
3
  1
3
 

 
Va1  0  100e j 90 e j120  50e j 90 e j120  100e j 30  50e j 30  44,09e j10,89 [V]
  

 

1
3
  1
3
 

 
Va 2  100e j 90 e j120  50e j 90 e j120  100e j 210  50e j 210  44,09e j169,11 [V]
  

 
Aula 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 42

Potência em Componentes Simétricos

É possível obter a potencia de um sistema em termos dos componentes simétricos.


Assim temos:

S  VA IA*  VB IB*  VC IC *


De forma vetorial:
*
 IA  VA   IA 
     
S  VA VB VC   IB  VABC  VB  IABC   IB 
 IC  VC   IC 
  ` onde:    

S  V TABC .I*ABC

Representando através de componentes simétricos:


*
S   AV012   AI012 
T
S  ATV T012 A* I*012 S  AT . A*.V T012 .I*012

Sabendo que a matriz A é simétrica, temos:

1 1 1  1 1 1  3 0 0
AT . A*  A. A*  1 a 2 a  1 a a 2   0 3 0  3I
    
1 a a 2  1 a 2 a  0 0 3

Assim:
*
 Ia 0 
S  3I .V T012 .I*012 S  3V T012 .I*012  
S  3 Va 0 Va1 Va 2   Ia1 
 Ia 2 
 

S  3 Va 0 Ia 0*  Va1Ia1*  Va 2 Ia 2* 

Assim representa-se a potencia de um certo sistema através das componentes de


sequencia positiva, negativa e zero de tensão e corrente.
Aula 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 43

Componentes simétricos de uma rede com impedâncias desequilibradas

Uma rede desequilibrada pode ser representada através de um conjunto de impedâncias


que relacionam as tensões e correntes na mesma. Esse circuito é representado por
impedâncias série do condutor e mútuas entre condutores e a terra. Tal circuito é
representado abaixo:

Aplicando a lei de Kirchoff de tensão em uma das malhas do circuito acima, temos:

VAN  VAA'  VA' N '  VN ' N  0 VAN  VA' N '  VAA'  VN ' N

Onde:

VAA'  Z aa IA  Z ab IB  Z ac IC  Z ag IN e VN ' N  Z gg IN  Z ga IA  Z gb IB  Z gc IC
Aula 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 44

Sendo
IN  3Ia 0 , temos:

VAN  VA' N '  Z aa IA  Z ab IB  Z ac IC  3Z ag Ia 0  3Z gg Ia 0  Z ga IA  Z gb IB  Z gc IC

VAN  VA' N '   Z aa  Z ga  IA   Z ab  Z gb  IB   Z ac  Z gc  IC  3 Z gg  Z ag  Ia 0

Refazendo o mesmo procedimento para as outras malhas:

VBN  VBB '  VB ' N '  VN ' N  0

VBN  VB ' N '   Zba  Z ga  IA   Zbb  Z gb  IB   Zbc  Z gc  IC  3 Z gg  Zbg  Ia 0

VCN  VCC '  VC ' N '  VN ' N  0

VCN  VC ' N '   Zca  Z gc  IA   Zcb  Z gc  IB   Zcc  Z gc  IC  3 Z gg  Zcg  Ia 0

Agrupando de forma matricial:

VAN  VA' N '   Z aa  Z ga  Z  Z gb  Z  Z gc    I    Z gg  Z ag  


        
ab ac
A

VBN   VB ' N '    Zba  Z ga  Z  Z gc   B  a 0  gg `bg 


 Z gb  Z  I  3 
I  Z  Z 
bb bc

VCN  VC ' N '      


     Zca  Z ga  Z cb
 Z gb  Z cc
 Z gc  
  IC 
  gg
 Z  Z cg  

Ou

VABC  V ' ABC  ZIABC  3Z g Ia 0

Da equação de síntese:

AV012  AV '012  ZAI012  3Z g Ia 0

Multiplicando a equação por A1 :


V012  V '012  A1ZAI012  3 A1Z g Ia 0
Aula 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 45

Desenvolvendo A1ZA e 3 A1Z g Ia 0 temos:

1 1 1   Z aa  Z ga  Z ab
 Z gb  Z ac
 Z gc   1 1
 1
1
1 a a 2   Zba  Z ga  Z  Z gb  Z  Z gc   1 a 2 a
3   
bb bc

 ca ga  Z  Z  Z gc   1 a
1 a 2 a   Z  Z  Z gb a 
2

cb cc

1 1 1    Z gg  Z ag  
1
3Ia 0 1 a a 2   Z gg  Z`bg  
3  
  gg cg  
1 a 2 a   Z  Z 

Conforme o desenvolvimento do anexo 1, os resultados dos termos acima seguem abaixo na


equação original:

Va 0  V 'a 0   Z S 0  2Z M 0  3Z ga 0  Z S2  Z M 2  3Z ga 2  Z S1  Z M 1  3Z ga1    Ia 0   3Z gg  3Z ag 0    Ia 0 


         
Va1   V 'a1     Z S1  Z M 1   ZS 0  ZM 0   Z S 2  2Z M 2    Ia1    3Zag1   0 

Va 2  V 'a 2 

  

   ZS 2  ZM 2   Z S 1  2Z M 1   Z S 0  Z M 0    Ia 2   3Zag 2   0 

Va 0  V 'a 0   Z S 0  2Z M 0  6Z ga 0  3Z gg  Z S2


 Z M 2  3Z ga 2  Z S1
 Z M 1  3Z ga1    I 
       a0 
Va1   V 'a1     ZS1  ZM 1  3Z ga1  Z S0
 ZM 0   Z S 2  2Z M 2    Ia1 
Va 2  V 'a 2    
      ZS 2  ZM 2  3Zag 2  Z S1
 2Z M 1   Z S 0  Z M 0    I a 2 

Onde:
1 1 1
ZS 0 
3
 Zaa  Zbb  Zcc  ZM 0 
3
 Zbc  Zca  Zab  Z ga 0 
3
 Z ga  Z gb  Z gc 

1 1 1
Z S1 
3
 Z aa  aZbb  a 2 Zcc  ZM 1 
3
 Zbc  aZca  a 2 Z ab  Z ga1 
3
 Z ga  aZ gb  a 2 Z gc 

1 1 1
ZS 2 
3
 Z aa  a 2 Zbb  aZcc  ZM 2 
3
 Zbc  a 2 Zca  aZ ab  Z ga 2 
3
 Z ga  a 2 Z gb  aZ gc 
Aula 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 46

Ou:

Va 0  V 'a 0   Z00 Z01 Z02   Ia 0 


      
Va1   V 'a1    Z10 Z11 Z12   Ia1 

Va 2  V 'a 2   Z 20 Z 21 Z 22   Ia 2 
   

Podendo os elementos da matriz de impedância serem todos diferentes!


Ao montar o circuito equivalente em sequencia positiva, negativa e zero, observamos:

Verifica-se os acoplamentos inter-sequenciais. Assim, quando a rede do sistema elétrico


for desequilibrada, a representação da mesma será através do circuito acima considerando o
acoplamento mútuo entre as componentes sequenciais.
Caso a rede seja equilibrada, verifica-se um caso particular:

Z aa  Zbb  Zcc  Z S Z ab  Zbc  Zca  Z M Z ga  Z gb  Z gc  Z Mg

Ao substituir, temos:

1 1
ZS 0 
3
 Zaa  Zbb  Zcc   ZS Z S1 
3
 Z aa  aZbb  a 2 Zcc   S 1  a  a 2   0
Z
3

1
ZS 2 
3
 Z aa  a 2 Zbb  aZcc   S 1  a 2  a   0
Z
3
Aula 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 47

1 1
ZM 0 
3
 Zbc  Zca  Zab   Z M ZM 1 
3
 Zbc  aZca  a 2 Z ab   M 1  a  a 2   0
Z
3

1
ZM 2 
3
 Zbc  a 2 Zca  aZ ab   M 1  a 2  a   0
Z
3

1 1
 Z ga  Z gb  Z gc   ZMg  Z ga  aZ gb  a 2 Z gc   1  a  a2   0
Z Mg
Z ga 0  Z ga1 
3 3 3

1
 Z ga  a 2 Z gb  aZ gc   1  a2  a   0
Z Mg
Z ga 2 
3 3

Assim, substituindo na equação matricial principal, temos:

Va 0  V 'a 0   Z S 0  2Z M 0  6Z ga 0  3Z gg  Z S2


 Z M 2  3Z ga 2  Z S1
 Z M 1  3Z ga1    I 
       a0 
Va1   V 'a1     ZS1  ZM 1  3Z ga1  Z S0
 ZM 0   Z S 2  2Z M 2    Ia1 
      
Va 2  V 'a 2    ZS 2  ZM 2  3Zag 2  Z S1
 2Z M 1   Z S 0  Z M 0    I a 2 

Va 0  V 'a 0   Z S  2Z M  6Z Mg  3Z gg  0 0   I 


       a0 
Va1   V 'a1    0 Z S
 ZM  0   Ia1 
Va 2  V 'a 2   0 0  Z S  Z M   Ia 2 
    

Va 0  V 'a 0   Z00 0 0   Ia 0 


      
Va1   V 'a1    0 Z11 0   Ia1 

Va 2  V 'a 2   0 0 Z 22   Ia 2 
   

Onde:
Z00  Z S  2Z M  6Z Mg  3Z gg Z11  Z 22  Z S  Z M
Para circuitos passivos Z11  Z 22
Aula 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 48

Dessa forma, os circuitos em componentes simétricos são desacoplados, facilitando


muito a análise de qualquer sistema com a rede equilibrada.
Através de uma avaliação simples do caso acima citado, também pode-se obter as
impedâncias seqüenciais através da impedância vista pelas correntes de sequencia conforme
figuras abaixo:

Para o circuito de sequencia positiva e negativa:

Z S Ia  Z M Ib  Z M Ic Z S Ia  Z M  Ib  Ic 


Z11  Z 22  Z11  Z 22 
Ia I a

Sendo: Ia  Ib  Ic  0  Ib  Ic   Ia


Z S Ia  Z M Ia
Z11  Z 22   ZS  ZM
Ia
Para o circuito de sequencia positiva e negativa:
Aula 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 49

Z S Ia 0  Z M Ia 0  Z M Ia 0  3Z Mg Ia 0  3Z gg Ia 0  3Z gM Ia 0


Z 00 
Ia 0
Z 00  Z S  2Z M  6Z Mg  3Z gg
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 50
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 51
ANEXO

ANEXO 1- Desenvolvimento de A1ZA e 3 A1Z g Ia 0 :

Desenvolvendo A1ZA temos:


1 1 1   A B C  1 1 1 
1
1 a a2   D E F  1 a 2 a 
3    
1 a a  G H
2
I  1 a a 
2

1 1 1    A  B  C   A  a B  aC   A  aB  a C  
2 2

1  
1 a a 2   D  E  F   D  a E  aF   D  aE  a F 
2 2

3 
1 a 2 a    G  H  I   G  a H  aI   G  aH  a I  
2 2



 A B C  D  E  F G  H  I   A  a B  aC  D  a E  aF  G  a H  aI   A  aB  a C  D  aE  a F  G  aH  a I  
2 2 2 2 2 2

1
3
 A  B  C  aD  aE  aF  a 2G  a 2 H  a 2 I   A  a B  aC  aD  E  a F  a G  aH  I   A  aB  a C  aD  a E  F  a G  H  aI  
2 2 2 2 2 2

 A  B  C  a 2 D  a 2 E  a 2 F  aG  aH  aI   A  a B  aC  a D  aE  F  aG  H  a I   A  aB  a C  a D  E  aF  aG  a H  I 
2 2 2 2 2 2

Sabendo que

A B C   Z aa  Z ga  Z ab
 Z gb  Z ac
 Z gc  

D E F    Zba  Z ga 
   Z bb
 Z gb  Z bc
 Z gc 


 ca ga  Z  Z gc  
G H I   Z  Z  Z gb  Z
cb cc 
Substituindo para cada elemento da matriz resultante, temos:

A  B  C  D  E  F  G  H  I   Z aa  Zbb  Zcc   2  Z ab  Z ac  Zbc   3  Z ga  Z gb  Z gc 

A  a 2 B  aC  D  a 2 E  aF  G  a 2 H  aI   Z aa  a 2 Z bb  aZ cc    aZ ab  a 2 Z ac  Z bc   3  Z ga  a 2 Z gb  aZ gc 

A  aB  a 2C  D  aE  a 2 F  G  aH  a 2 I   Z aa  aZ bb  a 2 Z cc    a 2 Z ab  aZ ac  Z bc   3  Z ga  aZ gb  a 2 Z gc 

A  B  C  aD  aE  aF  a 2G  a 2 H  a 2 I   Z aa  aZ bb  a 2 Z cc    a 2 Z ab  aZ ac  Z bc 

A  a 2 B  aC  aD  E  a 2 F  a 2G  aH  I   Z aa  Z bb  Z cc    Z ab  Z ac  Z bc 

A  aB  a 2C  aD  a 2 E  F  a 2G  H  aI   Z aa  a 2 Z bb  aZ cc   2  aZ ab  a 2 Z ac  Z bc 

A  B  C  a 2 D  a 2 E  a 2 F  aG  aH  aI   Z aa  a 2 Z bb  aZ cc    aZ ab  a 2 Z ac  Z bc 

A  a 2 B  aC  a 2 D  aE  F  aG  H  a 2 I   Z aa  aZ bb  a 2 Z cc   2  a 2 Z ab  aZ ac  Z bc 

A  aB  a 2C  a 2 D  E  aF  aG  a 2 H  I   Z aa  Z bb  Z cc    Z ab  Z ac  Z bc 

Assim, considerando:
1 1 1
ZS 0 
3
 Zaa  Zbb  Zcc  ZM 0 
3
 Zbc  Zca  Zab  Z ga 0 
3
 Z ga  Z gb  Z gc 
1 1 1
Z S1 
3
 Zaa  aZbb  a2 Zcc  ZM 1 
3
 Zbc  aZca  a2 Zab  Z ga1 
3
 Z ga  aZ gb  a2 Z gc 
1 1 1
ZS 2 
3
 Z aa  a 2 Zbb  aZcc  ZM 2 
3
 Zbc  a 2 Zca  aZ ab  Z ga 2 
3
 Z ga  a 2 Z gb  aZ gc 

Obtemos:

1 1 1   Z aa  Z ga  Z  Z gb  Z  Z gc   1 1 1   Z S 0  2Z M 0  3Z ga 0  Z  Z M 2  3Z ga 2  Z  Z M 1  3Z ga1  


ab ac S2 S1
1
1 a a 2   Zba  Z ga  1 a 2 a    
3  Z  Z gb  Z  Z  
   Z S1  Z M 1  Z  ZM 0   Z S 2  2Z M 2  

bb bc gc S0
  ZS 2  ZM 2  Z  2Z M 1   Z S 0  Z M 0  
 ca ga  Z  Z  Z gc   1 a a  
1 a 2 a   Z  Z  Z gb
2
S1
cb cc

Desenvolvendo 3 A1Z g Ia 0 temos:

1 1 1   Z gg  Z ag   3Z gg   Z ag  Zbg  Zcg  


 
1  
3Ia 0 1 a a 2   Z gg  Zbg      Z  aZ  a 2
Z  Ia 0
3  
ag bg cg
 Z  a 2 Z  aZ 
 gg cg  
1 a a   Z  Z 
2
 ag bg cg 
Substituindo conforme os termos acima, temos:

3Z gg  3Z ag 0 
 
 3Z ag1  I a 0
 3Z ag 2 

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