A formação de professores de cordas friccionadas e sua
atuação em contextos diversos de Educação musical.
A reinserção da música no currículo das escolas brasileiras
ampliou as expectativas, mas também trouxe grandes desafios para sua concretização, como organização escolar, infraestrutura, e formação de professores.
Apesar da Lei 11.769/2008 tornar obrigatório o ensino do
conteúdo de música na educação básica, é possível verificar diversas questões sobre sua efetividade e aplicação. Sergio Figueiredo (2010) argumenta que, a nova lei não define que tipo de profissional atuará como educador musical e que ela deve ser entendida segundo a luz da LDB de 1996, que indica claramente a obrigatoriedade de curso de licenciatura para aqueles que desejam ser professor da educação básica.
Muito embora exista uma crença de que ao saber música já
pode tornar-se professor, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação brasileira respalda que todo o professor para atuar na educação básica, deve ser licenciado, independente da área em que irá atuar.
Mas, a despeito do espaço de atuação, para que o ensino de
música seja realmente democrático e efetivo, a construção da prática pedagógica do professor se torna essencial. Não é suficiente somente saber música ou somente ensinar. Conhecimentos pedagógicos e musicológicos são indispensáveis.
Quando falamos em formação de professores de cordas
friccionadas atuantes em diversos contextos de educação musical, estamos nos referindo a: Ensino de música em formações orquestrais, grupos de câmara, institutos de música, projetos sociais, ONGs, escolas de ensino básico, ministrar aulas particulares, conservatórios ou ainda a formação acadêmica, as atividades profissionais e o interesse no ensino superior de música (docência). Para isso, muitos projetos estão sendo elaborados com propostas de formação desse profissional, cujo perfil é o músico educador em nível superior, capacitado para o ensino da linguagem musical, para o ensino de instrumentos musicais, com conhecimento e prática de uma pedagogia relacionada à aprendizagem de música. Capaz de compreender os diversos fatores socioculturais que corroboram para a criação do panorama musical regional e mundial atual, podendo assim, interagir de maneira crítica e reflexiva no meio em que atua.
Dentre as iniciativas mais expressivas das quais se tem registro
o ensino coletivo de cordas friccionadas, estão: Projeto Espiral, Guri, Acorde para as Cordas, Ação Social Pela Música (João Pessoa), Neojiba (Bahia), Orquestra Criança Cidadã (Pernambuco), PRIMA (Paraíba), UFC, UFC – Sobral e UFCA (Ceará).
Na direção destas propostas, cito o curso de Licenciatura em
Música da Universidade Federal do Cariri - UFCA que já vem a algum tempo trabalhando na formação desses profissionais. O ensino de violoncelo e contrabaixo na disciplina Prática de Instrumentos de Cordas Friccionadas Graves tem sido um dos eixos fundamental na qualificação de artistas-educadores que poderão atuar como professores-regentes.
Durante o período de preparo, de sete semestres, os alunos
estudam os aspectos técnicos e musicais dos instrumentos de cordas friccionadas graves (violoncelo e contrabaixo). Bem como, escalas maiores e menores em tonalidades diferentes, diversas articulações, arpejos, terças, sextas, oitavas, repertório escrito especificamente para violoncelo e contrabaixo, arranjos e adaptações de músicas brasileiras para conjunto de cordas graves, leituras de textos sobre ensino coletivo. No último semestre do curso o aluno apresentará através do Recital, o resultado prático de sua experiência e aprendizagem. Sob a orientação de um professor, o mesmo poderá ser realizado individualmente ou em grupo de câmara cuja quantidade e formação instrumental dos participantes serão definidas pelo professor orientador.
Muitos grupos contendo instrumentos de cordas friccionadas
foram e continuam sendo formados no contexto de preparo à docência em música na UFCA como: Os Camaradas, Grupo Ancestrália, formado por alunos e professores do curso de música, Quinteto, Orquestra de Cordas Aprendiz, regido por um aluno, Sertão Barroco, criado para acompanhar a soprano Tatiana Vanderlei e outros.
Hoje muitos egressos do curso de licenciatura em música da
UFCA, de cordas friccionadas, têm ministrado aulas na qualidade de educador musical em institutos de música como, Via Veritas Instituto de Música, Complexo Cultural Schoenberg - Educação e Cultura, Vila da Música, escolas de ensino Básico. Alguns têm assumido a docência acadêmica no próprio curso de música em que foi formado.
O educador musical necessita, portanto, em sua formação,
conhecer profundamente as teorias e metodologias para o desenvolvimento de sua prática, será impossível realizar um bom ensino, se o professor não possuir a capacidade que o habilita para realizar sua tarefa com êxito e com o máximo rendimento. Esta capacidade compreende, por uma parte, o domínio do conteúdo, e, por outra, a preparação pedagógica. O professor precisa ser, antes de tudo, um profundo e paciente investigador de si mesmo, do educando e da música, e reunir condições para colocar em prática os seus saberes.