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Braga Para Todos

Impacto ambiental da exploração de lítio no Minho

Ambiente e Comunidade

Baptista da Costa

Auditório da Junta de S.Victor

12 de julho de 2019

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Introdução

A evolução tecnológica é, frequentemente, acompanhada de grandes


polémicas quanto ao seu impacte futuro.

Para exemplo: quando da introdução da energia elétrica para uso público foi
acompanhada por grandes discussões técnicas e sociais face aos riscos reais
que representava quando à sua segurança.

Também ficaram famosas as discussões protagonizadas por Tesla a defender


a Corrente Alterna como sendo mais segura que a Corrente Continua, como
defendia Edison.

Após a Segunda Guerra Mundial surge um grande movimento de normalização


(ISO, CEN, CENELEC) onde os requisitos de segurança são sistematicamente
introduzidos sempre que surgem novas soluções.

A partir dos anos 60 do século XX, com o advento dos grandes investimentos
ligados a áreas vitais, tais como a petroquímica, o nuclear, a defesa e o
espaço, a garantia da qualidade institucionaliza-se, também enquanto
exigência social.

O crescimento de suspeitas e medos relativos ao lado negativo do progresso


industrial são evidentes em múltiplas tendências relacionadas com a qualidade:
crescente interesse sobre os danos causados ao ambiente; medo de grandes
desastres e proximidade de catástrofes; ações em tribunal para impor

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responsabilidade estrita e crescimento de organizações de defesa dos
consumidores.

Technojolies ou Technofolies

A evolução tecnológica representa oportunidades e desafios. Relembro que


nos anos 70 do Século XX, em Portugal discutiam-se três grandes e
ambientalmente polémicos, projetos estruturantes:

O Porto de Sines, que hoje é o maior porto artificial de Portugal de águas


profundas até −28 m ZH. A sua construção teve início em 1973 e entrou em
exploração em 1978;

A Central Nuclear de Ferrel, que viu a sua construção definitivamente


abandonada em 1982;

A Barragem do Alqueva, cuja construção só foi decidida em 1996, e hoje


representa uma importante reserva de água.

As tecnologias não são socialmente neutras e ninguém é indiferente.

Nem todos valorizam a evolução tecnológica da mesma forma e as suas


avaliações variam segundo a personalidade, formação, idade e ideologia.

A afirmação recorrente de “aos técnicos o que é dos técnicos e aos políticos o


que é dos políticos” é inaceitável e estranhamente aceite.

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A Fibra Optica é valorizada se aplicada à endoscopia na saúde e ao contrário
quando elimina posto de trabalho.

A energia nuclear é valorizada de forma muito diferente pela sociedade se tem


aplicação civil ou militar.

As opiniões sobre a utilização do Wi-Fi e de dispositivos móveis variam ao


longo do tempo. Quanto mais utilizamos e compreendemos a tecnologia, mais
somos capazes de avaliar as suas vantagens e ameaças.

Muitas mudanças tecnológicas são consideradas, pela maioria das pessoas,


como positivas, como é o caso do seu uso na saúde que aumenta a esperança
de vida, nas comunicações, no conforto ou na conquista espacial.

O Sindroma de Tchernobyl

O acidente a 26 de Abril de 1986 na Central Nuclear de Tchernobyl, teve


repercussões económicas e políticas estimulando o movimento global contra o
uso da energia nuclear.

Desde então, temas como os riscos tecnológicos, o problema da água, a


camada de ozono, o efeito de estufa, a destruição de florestas e as alterações
climáticas entraram no quotidiano das preocupações sociais.

As opiniões podem evoluir muito rapidamente, ainda mais que o dogma da


infalibilidade dos especialistas, suportadas em numerosos exemplos, levou
uma parte da população a tomar a boa atitude de participar em debates com

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contraditório sobre temas reputados de científicos e inacessíveis ao cidadão
comum.

Uma tal evolução sinusoidal da opinião pública é possível em relação a outras


tecnologias? Este cenário não pode ser descartado, mas uma rejeição poderá
ter consequências muito sérias.

Ambiente Urbano

A crescente concentração da população mundial nas cidades tem impactes


ambientais, nomeadamente quanto ao ruído e à poluição atmosférica, muito
por via do sistema de transportes responsáveis por 20% das emissões de
Gases de Efeito de Estufa, que comprometem a qualidade do ar e a qualidade
de vida urbana.

Depois do Acordo de Paris, o Compromisso de Crescimento Verde em 2015


Portugal definiu objetivos quantificados para 2020 e 2030 que passam por,
entre outros, aumentar a eficiência energética, reforçar o peso das energias
renováveis, reduzir as emissões de CO2 e melhorar a qualidade do ar.

Uma das medidas adotadas passa pelo incentivo à utilização de veículos


elétricos.

A crescente capacidade de armazenamento de energia em baterias permitem


afirmar que os veículos elétricos estarão crescentemente presentes, pelos
múltiplos benefícios que proporcionam.

Os críticos desta solução têm vindo a levantar suspeições e dúvidas quanto ao


Ciclo de Vida das baterias. Neste particular, valeria a pena conhecer a sua
reutilização, nomeadamente no armazenamento de energia solar, ou as
questões ambientais relacionadas com o abate, cabendo aqui relembrar que,
há 20 anos, em 1999, a NP EN 50126 considerava o Ciclo de Vida desde a

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conceção ao abate. Ou seja, é uma questão importante que pode merecer
aprofundamento.

O outro assunto polémico e que é o que nos trás aqui, é a utilização de lítio na
produção de baterias, ou melhor, o impacte ambiental da exploração das minas
de lítio na Região do Minho.

Esta discussão tem sido entusiástica e emocional mas é oportuno relembrar


que exploração dos recursos naturais, pode e deve ser realizada.

Antes de mais há que saber se existe lítio e onde como um recurso viável e
depois saber se se pode extrair e em que condições.

Não fará sentido, creio que para ninguém, extrair Lítio causando danos
ambientais superiores aos que se pretende mitigar com a sua utilização.

A exploração de Recursos Naturais é uma atividade quotidiana na região.

Pelo Porto de Leixões são exportadas anualmente 600 mil toneladas de granito
produzido em Marco de Canavezes, representando uma faturação mais de 100
milhões de euros e 5 mil postos de trabalho diretos.

Vivemos numa sociedade de negociação. Negociar quer dizer: informação


recíproca, debates, troca de argumentos, tentativa de compreensão dos
objectivos de cada um, dos limites e dos constrangimentos de cada um,
procura de compromisso.

Certo é que a urgente descarbonização das cidades não pode render-se a


detratores.

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