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Aula 5.

SISTEMAS PENAIS, FATO TÍPICO: CONDUTA E RESULTADO


1. Sistemas Penais
O estudo dos sistemas penais é o estudo da evolução no tempo do Direito Penal e suas
estruturas.
1.1. Sistema Clássico
A denominação de “sistema clássico” foi dada posteriormente pela corrente do finalismo penal
para fins de contestação, e teve como maiores expoentes: Franz von Liszt, Ernst von Beling e
Gustav Radbruch.

Os pontos centrais de qualquer sistema penal estão no tratamento da conduta e da


culpabilidade. No sistema clássico:

• Conduta: Segue teoria causalista, mecanicista, naturalística ou causal. Nesse sistema, a


conduta é desvinculada do dolo e da culpa. Consiste no comportamento humano voluntário
que produz um resultado no mundo exterior.
Observação: Para esta corrente a conduta é a fotografia do crime, isto é, analisa-se a situação no
momento exato em que a conduta é praticada. Assim, no caso do atropelamento de uma
criança, em que o motorista dirigia cautelosamente, basta observar que foi praticada a
conduta (dirigir o carro), a qual ensejou um resultado (morte da criança), e a existência de
relação de causa e efeito entre ambos para se configurar o fato típico. Não haveria, porém,
crime, por estar ausente a culpabilidade.

• Culpabilidade: segue a teoria psicológica. A culpabilidade era o vínculo psicológico


representado pelo dolo ou pela culpa que liga o agente imputável ao fato típico e ilícito por ele
praticado. Nesse sentido, o dolo normativo é aquele que contém no seu interior a consciência
atual, real da ilicitude, ou seja, o agente deve assumir o risco de produzir o resultado sabendo
que este é contrário ao direito.

O que é a ilicitude? Trata-se da relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento


jurídico.

1.2. Sistema neoclássico ou neokantista

Esse sistema surge na Alemanha em 1907 a partir dos estudos do penalista Reinhart Frank,
que
desenvolve a Teoria da Normalidade das Circunstâncias Concomitantes (ou teoria da
evitabilidade).
• Conduta: Segue a teoria causalista, não ocorreram mudanças.
• Culpabilidade: Teoria psicológico-normativa. Só é culpável o agente que pratica o fato típico
e ilícito em uma situação de normalidade, ou seja, quando lhe era exigível uma conduta diversa.
Fundamentando-se na ideia da inexigibilidade de conduta diversa é que surge a teorização
acerca da coação moral irresistível e da obediência hierárquica. Com base nesse fundamento
também admite-se a existência de causas supralegais de exclusão da culpabilidade, situações em
que não haveria como exigir do agente uma conduta diversa naquele contexto específico.
ATENÇÃO: Para as teorias clássica e neoclássica, o conceito de crime é necessariamente
tripartido, pois o dolo e a culpa encontram-se ligados à culpabilidade. A culpabilidade deve
estar incluída no conceito do crime, pois caso contrário estaríamos admitindo a existência de
crime sem dolo ou culpa, ou seja, consagrando a responsabilidade penal objetiva.

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1.3. Sistema finalista


O sistema finalista surge também na Alemanha, na década de 1930, pelos estudos de Hans
Welzel, com a obra “O novo sistema jurídico penal”, e continua sendo o mais aceito pela
doutrina até hoje.

• Conduta: Na teoria finalista o dolo e a culpa passam a fazer parte da conduta. A conduta é a
ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a um fim. Tomando o mesmo
exemplo do acidente do carro em que a criança foi atropelada, sob a ótica da teoria finalista,
não haveria crime, devido à ausência de conduta penalmente relevante, já que o ato foi
praticado sem dolo ou culpa.

• Culpabilidade: A culpabilidade segue uma teoria normativa pura, pois os elementos


psicológicos (dolo e culpa) foram deslocados para a conduta. Apesar disso, manteve-se na
culpabilidade a potencial consciência da ilicitude (que deixou de ser real e passou a ser
potencial).

ATENÇÃO: Na teoria finalista pode ser aceito tanto o conceito tripartido quanto bipartido de
crime pois, com o deslocamento do dolo e da culpa para a conduta, a culpabilidade pode ser
vista tanto como elemento do crime quanto pressuposto para a aplicação da pena. Em nenhum
dos casos haveria a responsabilidade penal objetiva.
Por que a culpabilidade do finalismo é chamada de “vazia”? Porque foi esvaziada no tocante
aos seus elementos psicológicos (dolo e culpa).

Por que no finalismo o dolo é natural? O dolo normativo do sistema clássico é também
chamado de “dolo colorido” ou “dolo valorado”, pois depende da consciência da ilicitude. O
dolo finalista, por sua vez, é desvinculado da consciência da ilicitude, também denominado
“dolo acromático”, “neutro” ou “avalorado”.

A teoria normativa pura da culpabilidade se subdivide em extremada e limitada, as quais


diferenciam-se quanto ao tratamento dispensado às descriminantes putativas. Para a teoria
extremada, descriminante putativa sempre será erro de proibição indireto, e para a teoria
limitada, pode ser erro de proibição indireto ou erro de tipo permissivo.

2. Fato típico

2.1. Conceito
É o fato humano (e também da pessoa jurídica nos crimes ambientais) que se encaixa no
modelo de crime descrito na lei penal.
O fato atípico, consequentemente, é o fato humano que não se enquadra ao modelo de crime
descrito pela lei penal.
O fato típico é o primeiro elemento do crime e deve estar presente em todo e qualquer crime.

2.2. Elementos
Os quatro elementos do fato típico são: (I) conduta; (II) resultado (naturalístico); (III) relação
de causalidade; e (IV) tipicidade. Não são obrigatórios em todo e qualquer crime. Eles estarão
presentes simultaneamente apenas nos crimes materiais consumados. Nos demais crimes
(crimes tentados, crimes formais e crimes de mera conduta) só estarão presentes dois elementos:
a conduta e a tipicidade.

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2.2.1. Crimes materiais, formais e de mera conduta

a) Crimes materiais ou causais: aqueles em que o tipo penal contém conduta e resultado
naturalístico, e exige a produção deste último para a consumação. São também chamados pelo
STF de crimes de resultado.
Exemplo: No homicídio, a conduta é matar alguém, e o resultado é a morte da vítima. O crime
só se consuma com a morte da vítima.

b) Crimes formais/ de consumação antecipada/ de resultado cortado: aqueles em que o tipo


penal contém conduta e resultado naturalístico, mas dispensa este último para a consumação.
Exemplo: extorsão mediante sequestro. A conduta é a privação da liberdade da vítima e o
resultado naturalístico é a vantagem econômica como condição ou preço do resgate. No
momento da prática da conduta (privação da liberdade), o crime já se consumou. Não há
necessidade de haver o pagamento do resgate.

c) Crimes de mera conduta ou crimes de simples atividade: aqueles em que o tipo penal se
limita a descrever uma conduta. O crime se esgota na conduta, sem a necessidade de produção
de resultado naturalístico.
Exemplo: Ato obsceno.
ATENÇÃO: Para analisar o cabimento de tentativa deve-se avaliar se o crime é unissubsistente
ou plurissubsistente, pouco importando sua natureza material, formal ou de mera conduta.

• O crime unissubsistente é aquele em que a conduta é composta de um único ato, suficiente


para a consumação. Não admitem tentativa, pois não há como fracionar a conduta. Exemplo:
injúria verbal.

• O crime plurissubsistente é aquele em que a conduta é composta de dois ou mais atos que se
unem para a consumação. Admitem tentativa, já que há como fracionar a execução do crime.

O STF denomina os crimes formais e os crimes de mera conduta de crimes sem resultado. Um
ponto em comum entre esses crimes é que ambos se consumam com a prática da conduta.

A diferença entre eles é que nos crimes de mera conduta o resultado naturalístico jamais
ocorrerá, pois o tipo penal não o prevê. Nos crimes formais, contudo, o resultado naturalístico
não é necessário para a consumação, mas ele pode vir a ocorrer porque o tipo penal o prevê.
Quando o resultado ocorre, estamos diante do instituto do exaurimento.

Exaurimento: Zaffaroni o chama de consumação material. Quando há o exaurimento o crime


formal se equipara ao crime material. Para o penalista argentino, portanto, o exaurimento nada
mais é que a consumação material de um crime formal.

CONDUTA

1. Conceito de conduta na teoria finalista

A conduta é elemento do fato típico e deve estar presente em todo e qualquer crime. Não há
crime sem conduta.
A conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a um fim. Welzel
aduzia que a causalidade era cega, pois não analisava o querer interno do agente (dolo e culpa
eram elementos da culpabilidade). O finalismo, por sua vez, é vidente, pois é guiado pelo dolo e
pela culpa.
Observação → Grande falha da teoria finalista: A teoria finalista é problemática ao explicar os
crimes culposos pois, ao conceituar a conduta como sendo dirigida a um fim, ignora que no
crime culposo o fim não é o desejado pelo agente.

2. Teoria cibernética
Para esta teoria (também desenvolvida por Welzel para suprir as falhas da teoria finalista),
conduta é a ação biociberneticamente antecipada. Essa teoria visava colocar em destaque o
controle da vontade. Exemplo: Em acidente causado por motorista, estava presente a vontade
de dirigir, porém não a de produzir um resultado danoso.
Welzel abandonou essa teoria, e retornou ao finalismo.

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3. Teoria social

Para essa teoria, desenvolvida por Johannes Wessels, conduta é o comportamento humano com
transcendência social. Só existe conduta quando é produzido um resultado socialmente
relevante.
A crítica dirigida a essa teoria é que ela gera uma insegurança jurídica muito grande, pois a
relevância da conduta é facilmente variável de um local para outro. No entanto, essa teoria tem a
vantagem de permitir suprir a lacuna criada entre a letra da lei e os anseios da sociedade, uma
vez que as mudanças sociais são muito mais dinâmicas que as mudanças na lei.

4. Características da conduta

a) Não há crime sem conduta: O direito penal moderno não admite os chamados “crimes de
mera suspeita”. Esta expressão foi criada por Vicenzo Manzini para se referir àqueles crimes
em que o agente não pratica uma conduta dotada de relevância penal, ele é punido pela mera
suspeita despertada por sua conduta criminosa.
Exemplo: O plenário do STF no julgamento do RE 583.523 (Informativo 722) decidiu que o
art. 25 da Lei de Contravenções Penais não foi recepcionado pela CF/1988, pois não visa punir
qualquer conduta, apenas uma suspeita. Esta é uma típica manifestação do chamado “direito
penal do autor”.
“Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou
enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas,
chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de
furto, desde que não prove destinação legítima:
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de duzentos mil réis a dois contos de
réis.”

b) Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes: Regra geral, apenas o
ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes, pois apenas o ser humano tem
consciência dos seus atos, e seu comportamento é pautado pela vontade. Admite-se,
excepcionalmente, a conduta da pessoa jurídica nos crimes ambientais. Os atos de seres
irracionais ou da natureza não interessam ao Direito Penal. Frise-se que nos atos dos animais
pode haver responsabilidade do proprietário, que pode vir a se utilizar do animal como
instrumento para o cometimento de um crime.

c) Somente a conduta voluntária interessa ao Direito Penal: A vontade é elemento da conduta.

d) Somente os atos projetados no mundo exterior ingressam no conceito de conduta: Não


podem ser punidos ideias e pensamentos. A mera cogitação não tem relevância penal. Nessa
fase ainda não há perigo ao bem jurídico. Segundo Nelson Hungria, o qual o Direito Penal não
pode agir enquanto a vontade criminosa não se liberta do “claustro psíquico” que existe na
mente do agente.

5. Formas de conduta

a) Ação: crime comissivo. Nesse caso, a norma penal é proibitiva (proibição indireta). O tipo
penal descreve uma conduta positiva, um fazer.
Exemplo: Quando a lei proíbe “matar alguém”, ela indica que a conduta aceita é, na verdade,
não matar, ou haverá a aplicação de sanção.

b) Omissão: crime omissivo. A norma é preceptiva, ou seja, ela impõe determinado


comportamento.
Exemplo: No crime de omissão de socorro, o CP indica que o indivíduo deve prestar
assistência.
Os crimes omissivos podem ser:

• Próprios ou puros: a omissão está descrita no próprio tipo penal. Quanto ao sujeito ativo,
esses crimes são comuns ou gerais, o que significa que eles podem ser praticados por qualquer
pessoa. Esses crimes não admitem tentativa, por serem unissubsistentes e são, em regra, de
mera conduta.
Exemplo: Há uma criança abandonada na rua em situação de perigo. Caso a pessoa preste
socorro, não comete crime algum. Se não prestar socorro, comete o crime. Não há espaço para
tentativa.

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• Impróprios, espúrios ou comissivos por omissão: São aqueles em que o tipo penal descreve
uma ação, mas a inércia do agente, que descumpre o seu dever de agir, leva à produção do
resultado naturalístico. As hipóteses do dever de agir encontram-se no art. 13, § 2º, do CP. O
agente se omite quando tem o dever de agir.
“Art. 13.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
Observações:
- Quanto ao sujeito ativo, esses crimes são próprios ou especiais, ou seja, só podem ser
praticados por quem tem o dever de agir.
- São crimes materiais ou causais, pois a consumação depende do resultado naturalístico.
- Admitem tentativa, pois são plurissubsistentes.

c) Crimes de conduta mista: São aqueles que têm uma parte inicial praticada por ação, e uma
parte final praticada por omissão.
Exemplo: Apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II). A pessoa encontra uma
mala (parte inicial praticada por ação) e, sem saber quem era o dono, deixa de entregá-la às
autoridades competentes (parte final praticada por omissão).

5.1. Teorias da omissão

a) Teoria naturalística: Essa teoria não foi adotada no Brasil, e aduz que quem se omite na
verdade faz algo.

b) Teoria normativa: A omissão, para essa teoria, não é simplesmente um não fazer, e sim não
fazer o que a lei determina que seja feito.
Exemplo: Se um pai vê seu filho entrar no mar e começar a se afogar sem prestar socorro, está
se omitindo de cuidar do seu filho menor, como determinado em lei.

• Nos crimes omissivos próprios a norma penal já descreve a conduta negativa, omissiva.
• Nos crimes omissivos impróprios a omissão existe em razão do dever de agir do agente
(hipóteses do art. 13, § 2º do CP).

6. Exclusão da conduta

a) Caso fortuito ou força maior: Prevalece o entendimento na doutrina de que a força maior
tem origem na natureza (exemplo: inundação), enquanto o caso fortuito tem origem humana
(exemplo: greve).
b) Coação física irresistível (vis absoluta): o coagido é fisicamente controlado pelo coator. Não
haverá conduta por parte do coagido, apenas por parte do coator. Esta coação exclui a conduta
(o fato é atípico).
Observação: Não confundir com a coação moral irresistível (vis compulsiva). Nesse tipo de
coação o coagido tem vontade, porém viciada pela ameaça. Existe conduta, o fato é típico, mas
está ausente a culpabilidade, pois falta um dos seus elementos, a inexigibilidade de conduta
diversa.

c) Sonambulismo e hipnose: não existe vontade por parte do agente. A pessoa hipnotizada é
instrumento para a prática do crime, controlado pelo hipnotizador. Não há concurso de
pessoas, só o hipnotizador responde pelo crime.

d) Atos ou movimentos reflexos: trata-se de reações corporais ou fisiológicas a uma


determinada
provocação. Não há conduta, pois são movimentos incontroláveis.
Observação:
- Não confundir esses atos com as denominadas ações em curto-circuito (explosões
emocionais).
Existe uma conduta penalmente relevante nesse caso, e pode haver crime.
- Não confundir com os chamados atos habituais, mecânicos ou automáticos, que são aqueles
realizados repetidamente, muitas vezes sem pensar. Existe conduta, pode haver crime.

RESULTADO

1. Conceito
É o efeito, o reflexo, a consequência da conduta do agente.

2. Denominação
É amplamente aceita a denominação “resultado”, que é a utilizada no Código Penal (mais
aconselhável que seja utilizada). No entanto, há parte da doutrina que se utiliza do termo
“evento” (é importante conhecer, mas trata-se de termo menos técnico).

3. Espécies

a) Jurídico ou normativo: É a violação da lei penal, com ofensa ao bem jurídico protegido.
Exemplo: no homicídio o resultado jurídico é a violação do art. 121 do CP, com ofensa à vida
humana.

b) Naturalístico ou material: É a modificação do mundo exterior, provocada pela conduta


criminosa.
Ex: No homicídio o resultado naturalístico é a morte da vítima.

Existe crime sem resultado? Todo crime tem resultado jurídico ou normativo, pois todo delito
viola a lei penal. Nem todo crime, entretanto, tem resultado material ou naturalístico. O
resultado material só existe, obrigatoriamente, nos crimes materiais consumados. Nos crimes
formais, o resultado naturalístico pode existir (exaurimento).

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