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Esse sistema surge na Alemanha em 1907 a partir dos estudos do penalista Reinhart Frank,
que
desenvolve a Teoria da Normalidade das Circunstâncias Concomitantes (ou teoria da
evitabilidade).
• Conduta: Segue a teoria causalista, não ocorreram mudanças.
• Culpabilidade: Teoria psicológico-normativa. Só é culpável o agente que pratica o fato típico
e ilícito em uma situação de normalidade, ou seja, quando lhe era exigível uma conduta diversa.
Fundamentando-se na ideia da inexigibilidade de conduta diversa é que surge a teorização
acerca da coação moral irresistível e da obediência hierárquica. Com base nesse fundamento
também admite-se a existência de causas supralegais de exclusão da culpabilidade, situações em
que não haveria como exigir do agente uma conduta diversa naquele contexto específico.
ATENÇÃO: Para as teorias clássica e neoclássica, o conceito de crime é necessariamente
tripartido, pois o dolo e a culpa encontram-se ligados à culpabilidade. A culpabilidade deve
estar incluída no conceito do crime, pois caso contrário estaríamos admitindo a existência de
crime sem dolo ou culpa, ou seja, consagrando a responsabilidade penal objetiva.
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• Conduta: Na teoria finalista o dolo e a culpa passam a fazer parte da conduta. A conduta é a
ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a um fim. Tomando o mesmo
exemplo do acidente do carro em que a criança foi atropelada, sob a ótica da teoria finalista,
não haveria crime, devido à ausência de conduta penalmente relevante, já que o ato foi
praticado sem dolo ou culpa.
ATENÇÃO: Na teoria finalista pode ser aceito tanto o conceito tripartido quanto bipartido de
crime pois, com o deslocamento do dolo e da culpa para a conduta, a culpabilidade pode ser
vista tanto como elemento do crime quanto pressuposto para a aplicação da pena. Em nenhum
dos casos haveria a responsabilidade penal objetiva.
Por que a culpabilidade do finalismo é chamada de “vazia”? Porque foi esvaziada no tocante
aos seus elementos psicológicos (dolo e culpa).
Por que no finalismo o dolo é natural? O dolo normativo do sistema clássico é também
chamado de “dolo colorido” ou “dolo valorado”, pois depende da consciência da ilicitude. O
dolo finalista, por sua vez, é desvinculado da consciência da ilicitude, também denominado
“dolo acromático”, “neutro” ou “avalorado”.
2. Fato típico
2.1. Conceito
É o fato humano (e também da pessoa jurídica nos crimes ambientais) que se encaixa no
modelo de crime descrito na lei penal.
O fato atípico, consequentemente, é o fato humano que não se enquadra ao modelo de crime
descrito pela lei penal.
O fato típico é o primeiro elemento do crime e deve estar presente em todo e qualquer crime.
2.2. Elementos
Os quatro elementos do fato típico são: (I) conduta; (II) resultado (naturalístico); (III) relação
de causalidade; e (IV) tipicidade. Não são obrigatórios em todo e qualquer crime. Eles estarão
presentes simultaneamente apenas nos crimes materiais consumados. Nos demais crimes
(crimes tentados, crimes formais e crimes de mera conduta) só estarão presentes dois elementos:
a conduta e a tipicidade.
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a) Crimes materiais ou causais: aqueles em que o tipo penal contém conduta e resultado
naturalístico, e exige a produção deste último para a consumação. São também chamados pelo
STF de crimes de resultado.
Exemplo: No homicídio, a conduta é matar alguém, e o resultado é a morte da vítima. O crime
só se consuma com a morte da vítima.
c) Crimes de mera conduta ou crimes de simples atividade: aqueles em que o tipo penal se
limita a descrever uma conduta. O crime se esgota na conduta, sem a necessidade de produção
de resultado naturalístico.
Exemplo: Ato obsceno.
ATENÇÃO: Para analisar o cabimento de tentativa deve-se avaliar se o crime é unissubsistente
ou plurissubsistente, pouco importando sua natureza material, formal ou de mera conduta.
• O crime plurissubsistente é aquele em que a conduta é composta de dois ou mais atos que se
unem para a consumação. Admitem tentativa, já que há como fracionar a execução do crime.
O STF denomina os crimes formais e os crimes de mera conduta de crimes sem resultado. Um
ponto em comum entre esses crimes é que ambos se consumam com a prática da conduta.
A diferença entre eles é que nos crimes de mera conduta o resultado naturalístico jamais
ocorrerá, pois o tipo penal não o prevê. Nos crimes formais, contudo, o resultado naturalístico
não é necessário para a consumação, mas ele pode vir a ocorrer porque o tipo penal o prevê.
Quando o resultado ocorre, estamos diante do instituto do exaurimento.
CONDUTA
A conduta é elemento do fato típico e deve estar presente em todo e qualquer crime. Não há
crime sem conduta.
A conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a um fim. Welzel
aduzia que a causalidade era cega, pois não analisava o querer interno do agente (dolo e culpa
eram elementos da culpabilidade). O finalismo, por sua vez, é vidente, pois é guiado pelo dolo e
pela culpa.
Observação → Grande falha da teoria finalista: A teoria finalista é problemática ao explicar os
crimes culposos pois, ao conceituar a conduta como sendo dirigida a um fim, ignora que no
crime culposo o fim não é o desejado pelo agente.
2. Teoria cibernética
Para esta teoria (também desenvolvida por Welzel para suprir as falhas da teoria finalista),
conduta é a ação biociberneticamente antecipada. Essa teoria visava colocar em destaque o
controle da vontade. Exemplo: Em acidente causado por motorista, estava presente a vontade
de dirigir, porém não a de produzir um resultado danoso.
Welzel abandonou essa teoria, e retornou ao finalismo.
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3. Teoria social
Para essa teoria, desenvolvida por Johannes Wessels, conduta é o comportamento humano com
transcendência social. Só existe conduta quando é produzido um resultado socialmente
relevante.
A crítica dirigida a essa teoria é que ela gera uma insegurança jurídica muito grande, pois a
relevância da conduta é facilmente variável de um local para outro. No entanto, essa teoria tem a
vantagem de permitir suprir a lacuna criada entre a letra da lei e os anseios da sociedade, uma
vez que as mudanças sociais são muito mais dinâmicas que as mudanças na lei.
4. Características da conduta
a) Não há crime sem conduta: O direito penal moderno não admite os chamados “crimes de
mera suspeita”. Esta expressão foi criada por Vicenzo Manzini para se referir àqueles crimes
em que o agente não pratica uma conduta dotada de relevância penal, ele é punido pela mera
suspeita despertada por sua conduta criminosa.
Exemplo: O plenário do STF no julgamento do RE 583.523 (Informativo 722) decidiu que o
art. 25 da Lei de Contravenções Penais não foi recepcionado pela CF/1988, pois não visa punir
qualquer conduta, apenas uma suspeita. Esta é uma típica manifestação do chamado “direito
penal do autor”.
“Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou
enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas,
chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de
furto, desde que não prove destinação legítima:
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de duzentos mil réis a dois contos de
réis.”
b) Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes: Regra geral, apenas o
ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes, pois apenas o ser humano tem
consciência dos seus atos, e seu comportamento é pautado pela vontade. Admite-se,
excepcionalmente, a conduta da pessoa jurídica nos crimes ambientais. Os atos de seres
irracionais ou da natureza não interessam ao Direito Penal. Frise-se que nos atos dos animais
pode haver responsabilidade do proprietário, que pode vir a se utilizar do animal como
instrumento para o cometimento de um crime.
5. Formas de conduta
a) Ação: crime comissivo. Nesse caso, a norma penal é proibitiva (proibição indireta). O tipo
penal descreve uma conduta positiva, um fazer.
Exemplo: Quando a lei proíbe “matar alguém”, ela indica que a conduta aceita é, na verdade,
não matar, ou haverá a aplicação de sanção.
• Próprios ou puros: a omissão está descrita no próprio tipo penal. Quanto ao sujeito ativo,
esses crimes são comuns ou gerais, o que significa que eles podem ser praticados por qualquer
pessoa. Esses crimes não admitem tentativa, por serem unissubsistentes e são, em regra, de
mera conduta.
Exemplo: Há uma criança abandonada na rua em situação de perigo. Caso a pessoa preste
socorro, não comete crime algum. Se não prestar socorro, comete o crime. Não há espaço para
tentativa.
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• Impróprios, espúrios ou comissivos por omissão: São aqueles em que o tipo penal descreve
uma ação, mas a inércia do agente, que descumpre o seu dever de agir, leva à produção do
resultado naturalístico. As hipóteses do dever de agir encontram-se no art. 13, § 2º, do CP. O
agente se omite quando tem o dever de agir.
“Art. 13.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
Observações:
- Quanto ao sujeito ativo, esses crimes são próprios ou especiais, ou seja, só podem ser
praticados por quem tem o dever de agir.
- São crimes materiais ou causais, pois a consumação depende do resultado naturalístico.
- Admitem tentativa, pois são plurissubsistentes.
c) Crimes de conduta mista: São aqueles que têm uma parte inicial praticada por ação, e uma
parte final praticada por omissão.
Exemplo: Apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II). A pessoa encontra uma
mala (parte inicial praticada por ação) e, sem saber quem era o dono, deixa de entregá-la às
autoridades competentes (parte final praticada por omissão).
a) Teoria naturalística: Essa teoria não foi adotada no Brasil, e aduz que quem se omite na
verdade faz algo.
b) Teoria normativa: A omissão, para essa teoria, não é simplesmente um não fazer, e sim não
fazer o que a lei determina que seja feito.
Exemplo: Se um pai vê seu filho entrar no mar e começar a se afogar sem prestar socorro, está
se omitindo de cuidar do seu filho menor, como determinado em lei.
• Nos crimes omissivos próprios a norma penal já descreve a conduta negativa, omissiva.
• Nos crimes omissivos impróprios a omissão existe em razão do dever de agir do agente
(hipóteses do art. 13, § 2º do CP).
6. Exclusão da conduta
a) Caso fortuito ou força maior: Prevalece o entendimento na doutrina de que a força maior
tem origem na natureza (exemplo: inundação), enquanto o caso fortuito tem origem humana
(exemplo: greve).
b) Coação física irresistível (vis absoluta): o coagido é fisicamente controlado pelo coator. Não
haverá conduta por parte do coagido, apenas por parte do coator. Esta coação exclui a conduta
(o fato é atípico).
Observação: Não confundir com a coação moral irresistível (vis compulsiva). Nesse tipo de
coação o coagido tem vontade, porém viciada pela ameaça. Existe conduta, o fato é típico, mas
está ausente a culpabilidade, pois falta um dos seus elementos, a inexigibilidade de conduta
diversa.
c) Sonambulismo e hipnose: não existe vontade por parte do agente. A pessoa hipnotizada é
instrumento para a prática do crime, controlado pelo hipnotizador. Não há concurso de
pessoas, só o hipnotizador responde pelo crime.
RESULTADO
1. Conceito
É o efeito, o reflexo, a consequência da conduta do agente.
2. Denominação
É amplamente aceita a denominação “resultado”, que é a utilizada no Código Penal (mais
aconselhável que seja utilizada). No entanto, há parte da doutrina que se utiliza do termo
“evento” (é importante conhecer, mas trata-se de termo menos técnico).
3. Espécies
a) Jurídico ou normativo: É a violação da lei penal, com ofensa ao bem jurídico protegido.
Exemplo: no homicídio o resultado jurídico é a violação do art. 121 do CP, com ofensa à vida
humana.
Existe crime sem resultado? Todo crime tem resultado jurídico ou normativo, pois todo delito
viola a lei penal. Nem todo crime, entretanto, tem resultado material ou naturalístico. O
resultado material só existe, obrigatoriamente, nos crimes materiais consumados. Nos crimes
formais, o resultado naturalístico pode existir (exaurimento).