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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - UFJF

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS - ICH


DEPARTAMENTO DE HISTÒRIA
HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA III

Alunos: Eric Prates Lopes Marasco


Mariana Aparecida Reis dos Santos

FILHOS DA DEMOCRACIA:

Introdução:
Atualmente, frequentes debates têm sido travados em diversos espaços sobre o tema
da Ditadura Militar brasileira (1964 - 1985). Debates estes, tratados de forma puramente
“passional”, marcados frequentemente, por ignorar o conhecimento produzido sobre o período
e pela falta de diálogo, influenciados por uma conjuntura nacional de polarização política
exacerbada. Para evidenciar o estado atual da questão, podemos olhar para a crescente onda
conservadora da sociedade brasileira que tem eleito representantes que defendem, ou que, de
alguma maneira, negam e amenizam as atrocidades praticadas pelo regime. Atualmente, um
dos espaços privilegiados onde transparecem tais disputas são as redes sociais, que por
oferecerem uma sensação de proteção e a criação de bolhas sociais, acabam por influenciar
nas opiniões e expressões dos usuários. Tais debates travam-se, essencialmente, em torno da
ideia de verdade sobre o período, buscando dar validade a determinadas narrativas que
disputam as memórias desde a vigência do próprio regime, passando até mesmo pelo período
histórico anterior, que sob alguns olhares, justificaria a implantação do regime ditatorial.
Uma manifestação mais recente a respeito destas discussões ocorreu quando notícias
afirmaram que o atual presidente, Jair Bolsonaro, teria determinado as “comemorações
devidas” do regime na data de 31 de março de 2019, data em que o golpe completara 55 anos.
Não sendo restrita ao tempo presente, as discussões acerca do período por diversas vezes são
retomadas no debate público e até mesmo dentro dos próprios espaços acadêmicos. A
temática, por se tratar de uma história recente e muito sensível, ainda hoje, possui diversos
tabus e problemáticas que impedem que as discussões se desenvolvam no sentido de uma
construção que se mostre efetivamente positiva para a ampla democratização da sociedade
brasileira.
Os próprios intelectuais ainda não chegaram a um amplo consenso interpretativo sobre
todas as características do regime ditatorial, assim como das suas oposições e resistências,
rupturas e continuidades, que ainda possuem íntima relação com as estruturas e instituições
que permanecem na sociedade brasileira durante o período democrático, atravessando a posse
dos presidentes civis a partir de 1985, a constituição de 1988, chegando até aos dias atuais.
Em um debate acerca das produções acadêmicas sobre o período, Demian Bezerra de Melo no
livro “​A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo”​ traz diversas
críticas aos trabalhos produzidos por pesquisadores caracterizados por ele como
“Revisionistas”. Segundo o próprio autor, grande parte destas produções ao relativizar as
práticas condenáveis dos militares e apoiadores do regime, imbuindo a esquerda do período
de valores também autoritários, acabam por influenciar uma certa apropriação destas
interpretações por parte de atores sociais que participaram e deram apoio ao próprio regime,
buscando se justificar perante a opinião pública. (DE MELO, 2014)
A memória é usada pela historiografia como algo de grande relevância, ela é tanto
objeto de estudo quanto fonte de pesquisa, dentro de certos limites estabelecidos pelo
historiador. Nesse sentido, o historiador Daniel Aarão Reis aborda em “​Ditadura, anistia e
reconciliação”​ sobre a memória da população brasileira em relação ao período ditatorial
vivido de 1964 até 85 ser silenciada, ou seja, a sociedade simplesmente “colocou debaixo do
tapete as lembranças que são incômodas” e não se toca mais no assunto. Um outro ponto de
suma importância destacado pelo historiador, seria que, na própria democracia pode haver
formas de silenciar grupos da sociedade, principalmente as minorias. Perpassando por essas
ideias, Reis ainda destaca que o silenciamento é tão grande que discussões e narrativas em
torno da Ditadura Militar só ocorrem nas academias, contudo ainda em uma escala pequena.
(AARÃO REIS, 2010)
Em uma outra linha interpretativa sobre o regime e os resultados na memória coletiva
brasileira, Daniel Aarão Reis defende a ampla discussão sobre o período, buscando através
destas discussões a colaboração e construção de uma sociedade cada vez mais democrática. O
autor comenta que a punição dos torturadores seria uma espécie de revanchismo, pois o que
interessa de fato seria uma discussão ampla e aberta para a sociedade descobrir e repensar o
seu passado, seu presente e futuro. O autor ainda questiona uma “memória oficial” construída
pela esquerda após a chegada à presidência e ascensão política petista, que teria buscado
privilegiar alguns aspectos a serem lembrados em detrimento de outros. (AARÃO REIS,
2010)
Buscando delimitar como este debate se dá pelos parâmetros da história pública, o
presente trabalho pretende, através de uma pequena pesquisa qualitativa, levantar o
conhecimento e opinião de diversos indivíduos com características e perfis sociais distintos
buscando compreender como pensam o período do Regime Militar brasileiro, articulando com
a compreensão dos entrevistados sobre os conceitos de Ditadura e Democracia. O trabalho
tem como base a elaboração de um questionário online, que traz perguntas para caracterizar o
perfil social dos entrevistados sem identificar os nomes dos participantes. Perguntas que
buscavam verificar o nível de escolaridade, a renda per capita, a cor etnia ou raça e o sexo
foram seguidas das perguntas que buscam verificar qual a leitura que os diferentes
participantes têm da Ditadura Militar e da Democracia, possibilitando uma análise geral dos
resultados, como também, uma análise social através da ligação dos indivíduos com os grupos
sociais aos quais pertencem, determinando tais elaborações em diálogo com os trabalhos
acadêmicos já produzidos sobre o tema.

A visão sobre a ditadura:


Os questionários foram aplicados para o total de dez pessoas nascidas após o término
do período ditatorial, sendo identificados pelos nomes fictícios: Ana, André, Cláudia, Maria,
Luana, Gustavo, Márcia, João, Carlos e Paulo. Obviamente questões relacionadas a algum
tipo de lembrança pessoal não se manifestam nas respostas, como o próprio Daniel Aarão
Reis argumenta sobre tentar fugir de uma intervenção direta da memória pessoal como um
relato da verdade. Tal fato, se dá porque as respostas obtidas por meio do questionário têm
influência não da memória direta da vivência do período, mas provavelmente, advém do
período de escolarização, influências de obras fictícias/ formas de entretenimento ou algum
relato e estão incluídas de alguma forma em uma memória coletiva ou social mais ampla.
Quanto à memória, sabemos todos da necessidade de contextualizá-la, de cotejá-la,
de criticá-la, por sabê-la inexoravelmente seletiva e tendencialmente unilateral. O
que importa não é propriamente a correspondência entre ela e o processo histórico,
mas a lógica e a consistência interna da versão de cada depoente. Por fantasioso e
ilusório que seja, e nem sempre é fácil distinguir a fantasia e a ilusão, sempre guarda

um valor em si mesmo, tornando-se um documento​.​ (AARÃO REIS, 2010, p.172)

Dialogando com o autor, buscamos verificar como estas narrativas presentes entre a
história e a memória em disputa são apropriadas e interpretadas pelas pessoas que não
viveram o período, quais questões ainda são silenciadas e precisam ser discutidas e como o
lugar social dos indivíduos, de alguma maneira, afeta a sua visão sobre as diferentes formas
de regime político. Para análise dos resultados sem a identificação dos entrevistados, nomes
fictícios vão ser usados como uma forma de melhor compreender a argumentação lógica de
cada indivíduo perante as respostas.
Ao nos debruçarmos sobre as respostas de Ana, pudemos observar um conceito de
ditadura ainda muito presente no senso comum. Ao responder que a ditadura “​Foi um regime
governamental onde o poder foi direcionado a um único indivíduo !” deixa transparecer, além
de um certo desconhecimento do período, uma argumentação muito usada aos grupos que
ainda hoje apoiam o regime, mesmo que esta não seja sua intenção. Por vezes a ideia de que
houvesse alternância de presidentes durante o regime é usada como uma questão que, por si
só, anularia qualquer denominação do período como ditatorial. Carlos Fico nos identifica esta
característica já sendo utilizada como meio de propaganda do regime militar brasileiro:

Portanto, também na propaganda política, o regime agia envergonhadamente,


desejando não ser reconhecido como uma ditadura, negando que houvesse
propaganda política, como negava que houvesse tortura ou censura. Traço marcante
da ditadura militar brasileira, que também se expressava na estratégia do rodízio dos
generais-presidentes (com o qual pretendia afastar-se da imagem dos caudilhos
ditatoriais latino-americanos) e no furor legiferante, que tentava legalizar atos
espúrios e chegou a criar os inexcedíveis “decretos-secretos”. (FICO, 2003, p.196).
A empresária Ana, ao ser questionada sobre o que lhe vem à cabeça quando pensa em
ditadura, responde: “Repressão e tortura”. Muitas outras respostas que estabelecem alguma
relação com esta, também foram verificadas nos outros entrevistados, como “Falta de
expressão” respondida pela vendedora Maria, “Prisão” pela vendedora Luana, “Falta de
liberdade de expressão, supressão de direitos e perseguição a opositores” pelo estudante de
classe média Gustavo, “Um Regime totalitário. Sem pluralidade de opiniões. Agressivo em
seus atos e violento com quem pensa o contrário” resposta dada pelo também estudante de
classe média João e “Repressão dos direitos dos indivíduos” pelo corretor de imóveis Carlos.
Com estas respostas podemos verificar com certa clareza o conhecimento mais geral dessas
pessoas sobre o que foi a Ditadura Militar brasileira em seus aspectos de censura e repressão,
que já haviam sendo denunciados por jornalistas, artistas e opositores desde a vigência do
próprio regime. O Historiador Carlos Fico trata das denúncias de censura e repressão desde o
primeira momento de implantação do regime, caracterizando aspectos que se tornaram marcas
da ditadura na memória nacional:

As mais famosas [denúncias] foram as de dois jornalistas que se indignaram contra a


tortura e a denunciaram no Correio da Manhã [...] As denúncias de Carlos Heitor
Cony e Mareio Moreira Alves antecipavam uma verdadeira tradição de trabalhos
correlatos. Não apenas de outros jornalistas, que voltariam ao tema (ver Fon, 1985),
mas também de vários memorialistas que comporiam uma pungente narrativa sobre
aqueles que foram vítimas de todo tipo de suplício, trazendo a público um
verdadeiro glossário de vilezas, com termos como "cadeira do dragão", "maquineta",
"geladeira" e o mais. Note-se que as memórias não estão cingidas aos relatos das
vítimas, pois vários torturadores, recentemente, também ousaram pronunciar-se.
(FICO, 2003, p.169)

Contudo, algumas visões opostas foram expressas diante dessa pergunta. Paulo e
André apresentaram respectivamente as respostas “Crescimento econômico e um país unido”
e “Um período que houve uma grande gama de avanços na economia”. Ao serem indagados
“Quando você pensa na ditadura brasileira, qual a primeira ideia que lhe vem à cabeça?”
ambos os entrevistados reproduzem o discurso que ainda se toma como justificativa de
legitimação para aqueles que ainda apoiam o regime. Fazem referência ao período que foi
denominado de “Milagre Econômico”, que teve seu início nos anos 68/69 e o término em
73/74. Nestes anos o país passava por uma extensa euforia, que além do milagre econômico,
desfrutava de uma vitória da copa do mundo de futebol em 1970. Tais questões foram
apropriadas pelos militares, que aliaram tais eventos a uma extensa propaganda que visava a
construção de consenso e legitimação do regime. Ainda sobre o dito milagre, o historiador
Demian de Melo ao fazer uma crítica a Daniel Aarão Reis e ao tal crescimento econômico do
país, que segundo o autor estava “ [...] assentado na super-exploração de uma classe
trabalhadora” pois o seus “níveis de renda já vinham sofrendo uma deterioração significativa,
como ficou evidenciado nos dados do Censo de 1970 do IBGE, em perspectiva ao
levantamento de 1960”. (DE MELO, 2014, p.173). Após o término do período de crescimento
o autor ainda afirma “Com o impacto do primeiro choque do petróleo em 1973, a classe
trabalhadora será, mais uma vez, fortemente penalizada, como ficou evidente em 1974,
quando o salário mínimo chegou ao seu patamar mais baixo, equivalente a 54,48% do que
valia em 1960” (DE MELO, 2014, p.174). Tais evidências demonstram o custo social do
chamado “Milagre Econômico”, demonstrando que o crescimento não fora benéfico para boa
parte da população.
Em relação a pergunta sobre a duração da ditadura, majoritariamente obtivemos como
respostas o ano de 1964 até 1985, excetuando apenas 4 respostas: A de Carlos, ao qual
respondeu apenas com “sim” mas não relatou a datação a qual foi questionado, deixando em
aberto se realmente ele saberia responder a pergunta; Cláudia e Luana, que apenas
responderam que não sabiam, o que ressalta nosso argumento citado acima, sobre a falta de
conhecimento do tema por boa parte da população e Paulo, que respondeu que a ditadura teve
início em 1968 e terminou em 1985. Ao demarcar tal data, a resposta de Paulo merece nossa
atenção, pois mais uma vez trata-se de uma narrativa construída que visa amenizar e
relativizar as práticas do regime, tendo certo alcance inclusive nos meios acadêmicos.
Criticando uma afirmação do historiador Marco Antônio Villa, de que “Não é possível
chamar de ditadura o período 1964-1968 (até o AI-5), com toda a movimentação
político-cultural” (VILLA, 2009, p.3 apud DE MELO, 2014, p.180) o autor argumenta:
Mas voltemos a 1964 e pensemos em Gregório Bezerra, líder camponês e comunista,
já idoso e arrastado pelas ruas do Recife amarrado a um jipe no dia do golpe;
pensemos nos presos políticos, nas lideranças políticas banidas do país e nas
denúncias de tortura já nos primeiros dias da ditadura; nos Atos Institucionais e na
Constituição de 1967. Poderíamos ficar aqui arrolando uma lista interminável de
aspectos da daquele regime, que obviamente sofreu um recrudescimento a partir do
AI-5. (DE MELO, 2014, p.181)

Sobre a democracia:
Quando indagados pela ideia de democracia, observamos as respostas bem divididas
entre o direito de escolha aos seus representantes e a liberdade de expressão. Segundo
Américo Freire e a historiadora Alessandra Carvalho, no texto “​As eleições de 1989 e a
democracia brasileira: atores, processos e diagnósticos” citando Adam Przewoski, que
argumenta sobre a democracia ser um processo de deliberação, ou seja, “cabe às forças
políticas e sociais e as instituições, e não ao eleitor individual, ordenar e mediar os processos
de escolha” (FREIRE; CARVALHO, 2018, p.121), o que resultaria no voto ser apenas uma
maneira de confirmar o poder dos responsáveis desse resultado. Ainda segundo Przewoski o
voto “é apenas o árbitro final da democracia”. Podemos observar que, nessas respostas, há um
senso de poder e a ideia subjacente de que o individual pode fazer a diferença, isso que para o
autor citado acima, o sujeito individual não teria “forças e nem condições para controlar os
acontecimentos”, mas não descarta a ideia de que para o sistema democrático ser funcional ele
depende da participação do todo. (PRZEWOSKI, 1994, p.29-30 apud FREIRE; CARVALHO,
2018, p.121)
A vendedora Maria, se destaca nesse ponto por responder apenas que a democracia é
ter “direito igual para todos”, que é abordado e caracterizado pelos historiadores Cláudia
Viscardi e Fernando Perlatto no texto “​Cidadania no tempo presente​” como cidadania, que é
um componente central para a democracia visto que, ela possibilita à população de se colocar
como sujeito defensor de seus direitos e participativo do sistema político de seu Estado
Nação.
Cidadania consiste na posse de um conjunto de direitos, sejam eles civis, políticos ou
sociais e que sejam previstos em lei. Uma vez que o conceito nasceu com a formação
dos Estados nacionais, do ponto de vista formal, significa também pertencer a um
desses Estados (Brubaker, 1992). O usufruto de um conjunto de direitos por parte dos
cidadãos não é necessariamente um atributo exclusivo de Estados democráticos. Bem
sabemos que a ampliação dos direitos sociais no Brasil, por exemplo, se deu,
sobretudo, no âmbito de regimes autoritários, como o Estado Novo. [...] Portanto, há
diferentes níveis e espécies de cidadania, o que atesta a complexidade do tema e o
cuidado que devemos ter no seu trato. (VISCARDI; PERLATTO, 2018, p.447).

A liberdade de expressão, luta e garantia da expansão dos direitos sociais são ideias
substantivas para o conceito de cidadania abordado pelos autores acima, que a partir do século
XVIII têm gerado lutas intensas por buscá-las, se consolidando como um processo de
construção coletiva com seus altos e baixos, perdas e ganhos. No Brasil, com o processo de
redemocratização após o período ditatorial de 64 a luta por esses direitos e liberdades se
evidenciaram, colocando a frente grupos diversos que se organizaram para fazer prevalecer e
conquistar seus interesses. Maria, quando indagada pela pergunta acerca de o Brasil viver em
uma democracia, responde simplesmente que não, assim como Luana e Paulo, este último -
estudante do ensino médio cuja família tem renda per capita entre 3 a 5 salários mínimos - é o
único a justificar sua resposta a partir da ideia de que a corrupção “atrapalha a democracia”, e
ainda, segundo ele, a volta ao sistema ditatorial poderia ser uma opção viável, indo contra a
sua ideia de democracia que foi justamente “poder votar e se expressar”. Tal opinião, ainda
deixa transparecer o quanto a questão da corrupção, para setores da classe média, é a principal
destruidora de um sistema político e como a pauta anti-corrupção tem o poder de aglutinar tais
estes setores. A partir das nossas respostas, como as respostas de Paulo, temos a ideia de que
o que prevalece na concepção de ditadura militar brasileira são ideias presentes e
disseminadas no senso comum, ou seja, é por isso que podemos perceber alguns pontos em
que elas se contrapõem, não demonstram nenhum estudo ou conhecimento técnico acerca do
período, somente respostas prontas que se disseminam pela sociedade. (VISCARDI;
PERLATTO, 2018)
Uma resposta que se destaca é a de André, “Em tese deveria. Contudo, isso não é
efetivamente evidenciado, visto que o poder de escolha está em uma pequena parte da
sociedade” que apesar de destacar pontos positivos do regime militar em algumas respostas
anteriores, não se dispõe a viver novamente em uma ditadura militar, e ainda o considera
como regredir, visto em razão de todas os direitos e liberdades conquistados até hoje.

Conclusão:
As respostas que obtivemos durante a pesquisa demonstram o quanto o tema ainda é
pouco refletido por um quadro mais amplo de boa parte da população. No questionário
podemos concluir e concordar com o autor Daniel Aarão Reis, que a discussão do período em
questão é realmente silenciado dentro da sociedade e, de certa forma, dos próprios espaços
acadêmicos. Nesse sentido, observamos as respostas bem curtas e enfáticas a certos pontos,
como caracterizar a ditadura militar brasileira somente como repressão e tortura, sem um
aprofundamento sobre o tema. Tais respostas advém de discussões iniciais que já percorrem o
imaginário da população brasileira, mas que precisam ser cada vez mais aprofundadas. Além
disso, o questionário foi aplicado a pessoas diversas, com níveis de escolaridades diferentes e
ramos de emprego diferentes, mas é perceptível como essas ideias aparecem com certa
frequência na maioria das respostas obtidas.
Destacamos ainda sobre como é interessante poder observar como a sociedade entende
a temática da ditadura, e a partir disso, percebemos principalmente o não acesso a própria
história nacional por parte de uma grande gama da sociedade, a falta e dificuldade de diálogo
entre o conhecimento produzido em ambientes acadêmicos e a população. Este trabalho
demonstrou-se de suma importância, para que nós futuros professores, possamos destacar
cada vez mais o que foi a ditadura e toda as suas consequências nos diversos espaços,
inclusive dentro do ambiente escolar, buscando como objetivo tirar a temática, como dito por
Daniel Aarão Reis, “debaixo do tapete”.

Referências​:
AARÃO REIS, Daniel. “Ditadura, anistia e reconciliação”. Estudos Históricos, vol. 23,
n.45, janeiro-junho 2010, p.171-186.

DE MELO, Demian Bezerra. “O golpe de 1964 e meio século de controvérsias: o


estado atual da questão”. In: A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo
contemporâneo. Rio de Janeiro: Consequência, 2014, p.157-88.

FICO, Carlos. “Espionagem, polícia política, censura e propaganda: Os Pilares Básicos


da Repressão”. In: Ferreira, Jorge & Lucília A. N. Delgado (Orgs.). O Brasil
Republicano. Volume 4. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p.167-205.

FREIRE, Américo & CARVALHO, Alessandra. “As eleições de 1989 e a democracia


brasileira: atores, processos e prognósticos”. In: Ferreira, Jorge & Lucília A. N.
Delgado (Orgs.). O Brasil Republicano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

VISCARDI, Cláudia & PERLATTO, Fernando. “Cidadania no tempo presente”. In:


Ferreira, Jorge & Lucília A. N. Delgado (Orgs.). O Brasil Republicano. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2018.

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