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Salvador – BA
2018
A pedagogia histórico-crítica e o problema da marginalidade: uma breve
análise
RESUMO
O seguinte artigo visa discutir um pouco da questão da marginalidade,
que Saviani trás no seu livro Escola e Democracia. Inicialmente, será
apresentada um pouco do histórico da pedagogia histórico-crítica, teoria
proposta por Demerval Saviani, que tem como principal objetivo romper com a
forma com que os meios de produção estão organizados atualmente. Em
seguida, faremos uma breve discussão sobre a questão da marginalidade, como
cada teoria educacional enxergam essa questão, e quais as suas estratégias
para superá-la. Saviani dividi essas teorias educacionais em dois grupos: críticas
e não críticas. Cada uma das teorias será apresentada sucintamente, a partir da
visão do autor do livro.
1 Pedagogia tradicional
A pedagogia tradicional considerava que a educação era direito de todos
e dever do estado. Porém, esse direito de todos atendia, na época, ao interesse
da burguesia (SAVIANI, 1999). Por exemplo, a nossa escola pública atual, não
atende necessariamente a demanda da classe trabalhadora, apesar de esse ser
o público alvo. Os conteúdos discutidos e os problemas trazidos para a sala de
aula, em sua maioria, não são de interesse de transformar a sociedade, mas sim,
manter da forma que está oferecendo uma educação limitada, que atende ao
interesse da classe dominante. Era preciso romper por si só com a barreira da
ignorância, nesse caso, a ignorância é a marginalidade (SAVIANI, 1999). Os
sujeitos marginalizados são aqueles que não possuem conhecimentos
escolares. Daí a escola surge para resolver esse problema.
A escola surge com a intenção de transmitir os conhecimentos adquiridos
pela humanidade ao longo do tempo. Cabe ao professor transmitir, e ao aluno,
assimilar (SAVIANI, 1999). Não há um problema exatamente nessa transmissão-
assimilação de conhecimento. Cabem várias críticas a pedagogia tradicional,
porém, essa não seria a principal. Entre os papéis do professor, está entre eles
transmitir o conhecimento que ele adquiriu, e não há nada de errado nisso.
Determinados conteúdos precisam ser transmitidos mesmo do professor para o
aluno, para que haja uma melhor sistematização, e que o aluno tenha
capacidade para compreender conteúdos mais complexos posteriormente.
Porém, a escola tradicional se organiza apenas dessa forma, os professores
transmitiam o conteúdo, enquanto os alunos olhavam atentamente para
assimilar o máximo possível. A discussão e participação dos alunos é mínima ou
inexistente, e, em nenhum momento, se faz críticas à sociedade. A pedagogia
tradicional não tem interesse em criticar o atual sistema capitalista, logo, não tem
interesse em transformação da sociedade por esse viés. Saviani (1999) afirma
que, a escola tradicional acabou decepcionando, quando se percebeu que nem
todos se adequavam a sociedade idealizada por essa escola, sociedade essa
que tenha superado a marginalidade. A teoria da escola tradicional ainda
predomina hoje nas escolas públicas brasileiras, cumprindo muito bem a função
de manter a sociedade como está.
2 Escola Nova
A escola tradicional acabou decepcionando, quando, percebeu-se que a
marginalidade não estava sendo superada. Foi a partir daí, que uma nova teoria
pedagogica começou a ganhar força. Foi o momento que a escola nova surgiu,
durante a crise da escola tradicional. A Escola Nova enxerga a educação de uma
outra forma, e também encara a questão da marginalidade de forma diferente da
escola tradicional. Para a escola nova, o marginalizado não é mais aquele sujeito
ignorante, desprovido de conhecimento. O marginalizado passa a ser o ‘’sujeito
excluído’’, ou seja, aquele que não é bem aceito no seu grupo pertencente, na
sua comunidade (SAVIANI, 1999).
Saviani fala em seu texto que, os principais percursores da pedagogia
nova, se converteu a essa pedagogia por causa da preocupação com os sujeitos
‘’anormais’’, seriam esses, os marginalizados. Essas anormalidades eram
descobertas através de testes de inteligência, personalidade etc. Então, a
pedagogia nova veio com o interesse de, conhecendo cada um com suas
diferenças, conseguir tratar os sujeitos de forma diferenciada. Porém, nenhum
sujeito é igual, como cita Saviani no seguinte trecho:
3 A escola tecnicista
Apesar da escola nova ter sido bem aceita como teoria pedagógica, ela
fracassou no que se diz respeito em resolver a questão da marginalidade. A partir
daí, começou a surgir uma nova teoria de ensino, que se preocupava mais com
a eficiência técnica. Era o trabalhador que deveria se adequar à forma de
produção, forma essa mecanizada. Na teoria tecnicista, cada sujeito realiza uma
determinada etapa do trabalho, de modo que, no final, ninguém se identifica com
o que foi produzido. Sendo assim, na teoria tecnicista, o sujeito marginalizado
não é o ignorante nem o incapaz, mas sim, o improdutivo. Nesse caso, o papel
da educação é formar o sujeito eficiente. Se tornando eficiente, o sujeito deixa
de ser marginalizado, pois, assim estarão contribuindo de forma produtiva par a
sociedade. Para a pedagogia tecnicista, o importante é que o sujeito aprenda a
fazer (SAVIANI, 1999).
Essa pedagogia é muito limitada, pois, não conseguimos formar sujeitos
críticos. As discussões acerca da estrutura na qual a sociedade está organizada,
e a necessidade de romper com o atual sistema, são praticamente inexistentes,
formando pessoas alienadas, que não enxergam a sua real condição na
sociedade. Esse sistema também acabou aumentando a marginalidade, pois, a
educação acabou perdendo a sua especificidade, inviabilizando o trabalho
pedagógico e havendo altos índices de evasão escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS