O CHAMADO IR-REVOGÁ*Vn,

Paulo afirma em Romanos 11:26-29 a respeito de Israel, como nação e

como povo:
"E assim todo o Israel será salvo. Como está escrito:
Virá de Sião o Libertador, ele apartará de Jacó as
impiedades.Esta éa minha aliança com eles, quando Eu
tirar os seus pecados. Quanto ao Evangelho, são eles
inimigos por vossa causa; quanto, porém à eleição,
amados por causa dos patriarcas; porque os donse a
vocação de D-us são irrevogáveis."
Embora esta Escritura possa se aplicar aos dons dados por Yeshua ao
Espírito de todos os crentes, estes versículos em seu contexto é claro
que se referem ao chamado irrevogável de Israel. Mas qual é
precisamente este chamado de D-us para Israel nos dias de hoje e quão
distante deste chamado estão vivendo? E ponto central para esta
resposta o papel da Igreja e o Judaísmo Messiânico.

Dr. Daniel Juster

Dr. Daniel Juster é líder no Movimento Judaico Messiânico
desde 1972 e ensinaApologética desde 1971. Ele é o pastor sênior da
Congregação Beth Messiah (Casa do Messias), em Montgomery
Country, Maryland EUA, e supervisiona várias congregações nos
EUA e em vários outros países. E também diretor do Conselho e
Membro da Universidade Bíblica Messiânica e Escola de Teologia e
Diretor do Ministério Tikkun. Possui título da Wheaton Coliege e
Seniinary Theological McCormick e tem ministrado em inúmeras
conferências e igrejas. E autor de vários livros, dentre eles:
Grounding to Maturity (Crescendo para a Maturidade); Jewish
Roots (Raízes Judaicas), A Foundation of Biblical Theology (Um
fundamento da Teologia Bíblica); The Dynamics of Spiritual
Deception (A dinâmica da Decepção Espiritual); Jewishness and
Jesus (Judaísmo e Jesus); The Biblical World ½ew:an Apologetic
(Panorama do Mundo Bíblico: uma apologética); Relational
ou ossaidwj

Leadership (Liderança nos Relacionamentos).

 o
CHAMADO
IRREVOGÁVEL

Daniel C. .luster,
Doutor em Teologia
2001
 Publicado com a devida autorização do autor pelo
Ministério Ensinando de Sião - Brasil
Rua Funchal, 185 - Belo Horizonte - MU
Fone: (31)3498-1761
www.ensinandodesiao.org.br Este livro é dedicado a
e-mail: siao@ensinandodesiao.org.br Benjamin Welsh David Juster,
nosso primogênito, cuja vida honrou
Tradução: Rosângela Zandona Guimarães
Revisão: André Avelino Maciel o chamado irrevogável e sua herança familiar
Disso nos orgulhamos.
Direitos autorais: © 1996 por Daniel C. Juster

O autor agradece ao trabalho de dois artistas judeus que

ilustraram a mensagem deste texto: Daniel C. Juster
Capa frontal
Yolanda Cohen Stith, Quadro da Aliança
Gênesis 22:8-9
E Abraão respondeu:D-us proverá para si, meu filho, o cordei-
ro para o holocausto; e seguiam ambos juntos .Chegaram ao
lugar que D-us lhe havia designado; ali edificou Abraão um
altar; sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaac, seu filho, e o
deitou no altar; em cima da lenha.

Capa final
Wendy Jacobs, Artes

Para contato com os ilustradores:

Yolanda Cohen Stith Wendy Jacobs
2706 Northrup Terrace P0 Box 1172
Rockvilte, MD Frederick, MD
20850 - USA 21702-0172 - USA
Os três mapas são da Bíblia Versão Inglesa Contemporânea
usados com permissão. Direitos autorais: © UnítedBible
Societies, 1976,1978.
Original na língua inglesa: The irrevocable calling
Tikkun Ministries
P0 Box 7538, Gaithersburg, Maryland 20 898-7538
 ÍNDICE

1. O tema central 7
II. O chamado de Israel desde Abraão até Moisés 11
ifi. O chamado de Israel na Aliança Mosaica 19
IV. A manifestação de vida no Reino de Deus 42
V. O chamado de Israel numa era de transição 46
VI. Os remanescentes salvos de Israel numa era de transição 53
VII O chamado judaico na Era Vindoura 64
VIII Algumas aplicações práticas 68
6 O Chamado Irrevogável

OS REINOS DE
ISRAEL E JUDÁ Skton
Damawus.

4 À
MT, HERMC)t''

SYRI A

MEDITERRÂNEO
13 AS H A N
1.
O TEMA CENTRAL
Vivemos numa época em que muitos cristãos crêem num des-
IS R A E tino para a nação de Israel. Isto se deve, em parte, à existência da
Smaria. nação de Israel ocupando suas antigas fronteiras em cumprimento
às profecias. Também se deve, em parte, a uma ênfase histórico-
gramatical relacionada ao texto bíblico. Interpretações imagina-
t3ethe:
tivas são evitadas quando fazemos uma abordagem das Escritu-
/ Ekwn. *Geb. kr ras observando o contexto na língua original.
.Ashdod ,russI
Igualmente vivemos numa época em que há uma crescente
.tibn
Ashkloe expansão do Movimento Judaico Messiânico. Neste movimento
G.h? •Lchh vemos um número, cada vez maior, de judeus que abraçam a
Yeshua e as Escrituras da Nova Aliança. Esses milhares de ju-
deus messiânicos na América do Norte, Rússia, Inglaterra, Amé-
fthb
rica do Sul, Austrália e no Continente europeu, desejam conti-
nuar vivendo como judeus mesmo após aceitaremYeshua, como
O Messias. Isto foi primeiramente expresso de maneira clara por

Joseph Rabinowjtz, no século 19 em Kishinev, Ucrânia (veja

EDOM KJarHansen Joseph Rabinowitz, o Hertzel da comunidadeju-
3 U'ü,,d BW. 4,I*I,M Iffl
dalca)
Uso do mapa com permissão. Direitos autorais: United Bfble Societies, 0 1976, 1978-
7
 8 O Chamado Irrevogável
A carta aos Romanos, nos cap. 9 a li, faz uma exposição
clara e contundente a respeito de Israel. Paulo deixa claro que
Israel étnico-nacional ainda tem seu lugar no plano de D-us. Seu
tropeço é temporário. Todos nós fomos chamados para desper-
tar neles o desejo de serem salvos assim como o fomos através
de Yeshua. Ao fazer isto, uma parte de Israel está sendo salva
(Romanos 11:14). Todavia, quando toda a nação de Israel se
voltar completamente para o Messias, Yeshua, haverá "vida dentre
mortos" (Romanos 11:15). Inicialmente haverá grandes bênçãos
quando um número cada vez maior de judeus aceitar Yeshua,
mas a total aceitação por parte deles implicará na redenção de
todo o mundo e ocasionará a volta de Yeshua. Esta interpretação
é comum entre os maiores comentaristas bíblicos.
Em Romanos 11:26-29, Paulo faz as seguintes afirmações
com respeito ao Israel étnico-nacional:
"E assim todo Israel será salvo, como está escrito:
Virá de Sião o Libertador, ele apartará de Jacó as im-
piedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu
tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, são eles
inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição,
amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a
vocação de D-us são irrevogáveis."
Embora esse texto possa se aplicar aos dons espirituais da-
dos porYeshua a todos os crentes, esses versículos, em seu con-
texto, mostram claramente que o chamado de Israel é um cha-
mado irrevogável. Este é o ponto central. Embora muitos inter-
pretem esses versos literalmente, poucos são os que podem afir-
mar que tal chamado ainda continua. QUAL É O DOM E 0
CHAMADO DE D-US PARA ISRAEL PARA OS DIAS DE
O Tema Central 9
110JE? Aqueles que acreditam numa Era Milenar futura apon-
tam alguns aspectos indicando o chamado de Israel para essa era.
Outros descrevem alguns pontos do dom e chamado de D-us para
Israel na época da Aliança Mosaica. Pouco, no entanto, se tem dito
acerca do dom e chamado de Israel nos dias de hoje. Que dom e
que chamado são estes? Até quando permanecerão?
Contudo, muito poucos têm percebido que é este o ponto
chave do Judaísmo Messiânico. Os judeus messiânicos ainda
fazem parte do irrevogável chamado da nação de Israel, ou, ao
aceitar Yeshua, de alguma forma, não mais fazem parte deste
chamado, seja de modo pleno, seja de modo parcial? O segun-
do ponto mais profundo para os judeus messiânicos e para o
restante da Igreja (se a resposta for que fazemos parte de manei-
ra total do chamado de Israel) é definir qual é este dom e chama-
do para os judeus messiânicos? Até quando permanecerá?
É bastante clara no Novo Testamento a idéia que os judeus
seguidores de Yeshua nunca deixaram de fazer parte do dom e
chamado de D-us para Israel. Supõe-se pois, que façam parte
deste chamado. Além disso, Paulo identifica os judeus crentes
como sendo o remanescente salvo de Israel étnico-nacional (Ro-
manos 11:5), isto é, uma raça e uma nação. Ele próprio assim se
auto-identifica, afirmando ser um israelita, da tribo de Benjamim.
Sua própria salvação e a salvação do remanescente de Israel é a
prova de que D-us não abandonou a nação como um todo. O
remanescente salvo é o remanescente espiritual que muda toda a
Situação da nação por meio do qual Israel pode, de maneira legí-
tima, ser preservado e usado para seus propósitos, quanto aos
dons e chamado. Isto está de acordo com a ênfase de toda a
Bíblia acerca do remanescente que possibilita D-us preservar e
Ser misericordioso para com todos. Foi esta a base da oração de
10 O Chamado irrevogável
Abraão por Sodoma e Gomorra e é também a base para compre-
endermos a intercessão de Moisés e de muitos outros mais. Este
argumento somente terá sentido se o chamado de Israel ainda
continua e se os judeus seguidores de Yeshua forem parte inte-
grante do Israel étnico-nacional e de seu chamado.
A inclusão dos gentios através da Nova Aliança não invalida
este chamado. No entanto, estende o conceito de sacerdócio e o
significado de povo de D-us a todos aqueles que forem chama-
dos de todas as nações. Estes chamados de todas as nações são
enxertados na Oliveira Judaica (Romanos 11:24). Como vere-
mos, há muitos paralelos entre os chamados de Israel, judeus
crentes, e os crentes de todas as nações; também há muitas dife-
renças.
Levando-se em conta o contexto de compreensão do primei-
ro século, não há no Novo Testamento nenhuma explicação de-
talhada acerca do que consiste os dons e o chamado de D-us
para Israel. Isto muitas vezes tem levado a um entendimento
errôneo de que o chamado de D-us para Israel e para os judeus
messiânicos é a mesma coisa. De qualquer modo, o chamado de
Israel era de conhecimento comum, e os escritores do Novo Tes-
tamento não viram necessidade de dar qualquer explicação deta-
lhada sobre ele. A base para entender o chamado irrevogável de
Israel (presente, passado e futuro) e o papel dos judeus
messiânicos neste chamado é ensinado nas Escrituras Hebraicas.
O tema central deste pequeno livro, no entanto, exige que
compreendamos a doutrina de Israel como está escrita na Bíblia
hebraica. A partir daí, podemos então perguntar, como a Escritu-
ra da Nova Aliança dá continuidade a esse chamado ou como O
altera?
H.
O CHAMADO DE ISRAEL
DESDE ABRAÃO ATÉ MOISÉS
A Bíblia não começa em Gênesis 12. Por quê? Porque o
propósito de D-us em Gênesis 12 é mostrado em Gênesis de 1 a
11. O chamado de Abraão está conforme o coração de D-us de
redimir um mundo caído sob escravidão, como está descrito em
gênesis de 1 a 11. O propósito de Israel é se colocar no contexto
do propósito universal de D-us para redimir todo o mundo.
Gênesis 1-11 descreve: a queda de Adão e Eva no pecado, o
primeiro sacrifício com sangue, a promessa de redenção através
da descendência da mulher (Gênesis 3:15), o dilúvio e a disper-
são da raça humana sobre a face da terra. A separação das lín-
guas é explicada ali. A história universal precede à história de
Israel, porque D-us é o SENHOR de toda a terra.
O principal elo existente entre a história universal e a história
de Israel é chamado de Abraão em Gênesis 12:1-3. Abraãofoi
Chamado por D-us e a ele foi prometido que sua semente traria
bênção a todas as nações da terra. ... "em ti serão benditas todas
as nações da terra." (Gn 12:3b) Este é o propósito de D-us: aben-
Çoar todas as nações da terra. Isto somente pode ser entendido
11
 O Chamado de Israel desde Abraão até Moisés 13
12 O Chamado Irrevogável
namento profundo, é uma aliança de sangue firmada, seja atra-
como a solução para a queda e um instrumento de D-us para
vés de ambas as partes compartilhando de seus próprios san-
todo o mundo! gues como os nativos da América, seja através do sacrifício de
Vejamos com mais detalhes as passagens referentes à vida de
um animal substituto.
Abraão. Essas passagens são a base para o entendimento do dom
Portanto, entendemos que o chamado de Israel é para ser
e chamado irrevogável de D-us para com Abraão e para a nação
uma nação distinta para viver num local particular, fazendo parte
de Israel. Antes que D-us chamasse Abraão podemos ver que
de um estado real a partir de onde emanará este chamado. A
ele pertencia a uma linhagem específica: a linhagem de Sem. O
promessa desta terra específica para os descendentes de Abraão,
pai de Abraão estava viajando para a Terra Prometida, mas pa-
a terra de Canaã, é repetida em toda passagem onde se reafirma
rou e se instalou em Harã. Embora sua família estivesse compro-
a aliança. De alguma maneira, ser um povo distinto, nesta terra,
metida com o paganismo, a luz de D-us não havia ainda sido
é parte do plano de D-us ao usar os descendentes de Abraão
extinta. Havia uma diferença na família de Abraão: Isaque e,
para trazerem bênção a todas as nações da terra.
mais tarde, Jacó foram estimulados a buscarem uma esposa en-
Em Gênesis 15 a aliança é novamente confirmada. D-us diz
tre os seus parentes em Harã. Abraão foi capaz de discernir a
aAbraão para olhar as estrelas. Seus descendentes seriam como
voz do Criador. Ele obedeceu e tornou-se pai de todos que têm
as estrelas do céu e as areias na praia. D-us confirma esta aliança
fé em D-us e Lhe obedecem e não apenas daqueles que são des-
com um juramento e passa entre as partes de uma oferta
cendentes físicos de Abraão. Outros foram chamados antes de
sacrificada. Esta é a aliança de sangue da parte de D-us.
Abraão? Por que recusaram o chamado de D-us? Será que se
Em Gênesis 17 a aliança é novamente confirmada. Abraão
encontravam em trevas tão profundas que não puderam ouvir
recebe a ordenança da circuncisão. Fica claro que esta aliança é
este chamado? Não é esse o tema do presente trabalho.
para os descendentes físicos de Abraão. A circuncisão não seria
D-us ordena a Abraão deixar sua família e ir para uma terra
apenas um sinal claramente relacionado aos descendentes, mas
que Ele lhe mostraria. D-us faria de Abraão uma grande nação.
seria feita nos bebês do sexo masculino ao oitavo dia. A aliança
D-us lhe daria a terra de Canaã. Ele abençoaria aqueles que aben-
passa de pai para filho através das gerações. A circuncisão é a
çoassem Abraão e amaldiçoaria os que amaldiçoassem Abraão.
aliança de sangue da parte de Abraão. Assim, os elementos da
Através da semente de Abraão todo o mundo seria abençoado.
aliança de uma forte amizade ou seja, de um relacionamento
As palavras neste texto refletem as tradições de uma aliança re-
profundo, são novamente vistos.
ferente a um relacionamento profundo onde o amigo de um pas-
O grande problema é que Abraão e Sara não tinham filhos.
sa a ser amigo do outro e o inimigo de um passa a ser inimigo do
Como as promessas da aliança poderiam ser cumpridas? Abraão
outro. Cada uma das partes tem de ser leal até a morte. Cada
e Sara decidiram ter um filho através de Hagar. Por algum tempo
parte pode exigir uma possessão do outro para homologar a ali-
Abraão creu que Ismael era o filho da promessa. Todavia, D-us
ança. Vemos isto em Gênesis 12:22. A aliança é de um relacio-

À
 O Chamado Irrevogável
14
novamente vem a Abraão e deixa claro que a promessa seria
cumprida através de Sara. Por um grande milagre, Sara concebe
uma criança quando ambos já em idade avançada, não seriam
capazes de fazê-lo. Como filho da promessa - Isaac nasce.
O SACRIFÍCIO DE ISAAC
Foi dada certa ênfase à aliança de D-us com Abraão, para
possibilitar uma apreciação mais completa de Gênesis 22. Creio
que o cap. 22 de Gênesis é uma passagem fundamental para a
compreensão do dom e do chamado de D-us a Israel. Em Gênesis
22 D-us pede aAbraão que sacrifique seu filho Isaac como ofer-
ta, queimada, ao Senhor. Esta é uma passagem surpreendente!
Como podia D-us pedir isto? Ele descreve Isaac como o filho
único de Abraão: "Toma teufilho, teu único filho, a quem amas..."
(Gênesis 22:2) Ele o sacrificaria no lugar em que D-us mostraria.
Desta maneira D-us o leva até o Monte Moriá. Isaac éjovem ainda,
talvez na idade do Bar Mitzvah. Ele pergunta a seu pai: "Onde está
o cordeiro para o sacrjfício? " Abraão responde: "D-us proverá ".
Então eles constroem o altar e colocam a lenha para o fogo, Isaac
se deita sobre o altar. Nenhuma palavra sequer de protesto. Abraão
levanta o cutelo para matar a criança. Neste momento, o Anjo do
Senhor o interrompe. Um cordeiro para o sacrifício é encontra-
do numa moita e este substitui a Isaac. D-us de uma maneira
mais forte ainda, reafirma a aliança com Abraão (e agora com
Isaac) e afirma que sua semente trará bênçãos a todas as nações
da terra. Eles herdarão a terra de Canaã como possessão perpé-
tua.
Podemos inferir que com o sacrifício de Isaac, D-us estava
O Chamado de Israel desde Abraão até Moisés 15
pedindo a Abraão, como prova de aliança, o que era mais
precioso para ele: a vida de seu filho. Sem dúvida, a vida de
Isaac era para Abraão mais preciosa que a sua própria vida. Po-
demos ver no sacrifico de Isaac um simbolismo do sacrifício do
Messias Jesus. D-us deu Seu próprio Filho, um filho nascido por
milagre, para morrer por nossos pecados. Ele é o Filho da Pro-
messa, através do qual as bênçãos vieram a todo o mundo. Eu
creio que D-us está respondendo como Abraão e dando o que
era mais precioso para Ele - a vida de Seu Filho - para reafirmar
a aliança de amizade. Que profecia maravilhosa acerca do sacri-
fício de Yeshua! Todavia, precisamos penetrar mais fundo e en-
xergar mais coisas. O sacrifício de Isaac acontece no Monte
Moriá. Este é o lugar em que o Templo seria construído e sacri-
fícios seriam ofertados por um período de 1000 anos. Abraão é o
pai da linhagem sacerdotal. Como o escritor do livro de Hebreus
fala de Abraão: Quando Abraão dá ofertas a Melquisedeque, ele
está ofertando ao sumo-sacerdócio de Yeshua. (Hebreus cap.7)
Conseqüentemente, é importante observar que o sacerdócio em
Israel primitivo tem suas raízes, em termos de significado, no sa-
crfício de Isaac porAbraão no Monte Moriá onde o Templo seria
construído. Podem ser discernidos significados essenciais neste
sacrifício para compreendermos o sistema sacrificial do antigo
Israel.
Quais são os significados essenciais do sacrifício de Isaac?
Em primeiro lugar, o sacrifício de Isaac é um repúdio sacerdotal
ao pecado de Adão e Eva e é um ato representativo para toda a
raça humana. Quando Adão e Eva pecaram, eles afirmaram sua
independência de D-us. A serpente diz que ao conhecer o bem e
O mal eles seriam como deuses. Este é um conhecimento experi-
mental, até mesmo um conhecimento íntimo do bem e do mal;
16 O Chamado Irrevogável
eles deviam determinar o bem e o mal por si próprios. A raiz do
pecado é encontrada nesta rebeldia, a auto-suficiência, ou a bus-
ca de autonomia e o querer ser como o próprio D-us. Yeshua
disse: Sem mim nada podeis. Adão e Eva fizeram essa decisão
ao crer no Diabo e agiram no pressuposto que podiam fazer algo
sem seu Pai-Criador.
A Escritura Hebraica apresenta uma visão coletiva da humani-
dade. Não só somos indivíduos perante D-us, mas fazemos parte de
um coletivo - a raça humana. Nossas vidas são entrelaçadas com
outras vidas, todas originárias de Adão. Nós pecamos em Adão
conforme nos ensina o cap. 5 da carta aos Romanos. Quando Abraão
sacrificou Isaac no altar, foi um ato sacerdotal. Neste ato temos a
renúncia das raízes do pecado da rebelião e autonomia. Abraão se
deu inteiramente ao Pai neste ato. Foi a culminância de atos de obe-
diência anteriores, foi mesmo o maior ato de obediência e submis-
são. Para Abraão dar sua própria vida era pouco em comparação ao
oferecer seu próprio filho. Qualquer pai decente diria que ele vê
em seu filho a continuidade de sua própria essência. A preservação
da vida de seu único filho é central para a significância de si mesmo.
Por isso, a oferta que Abraão faz de seu filho é um ato de entrega
total, dando a D-us mais do que qualquer outra coisa. Nesta situa-
ção, Abraão agiu como o sumo sacerdote de toda a raça humana, e
ofereceu de volta a D-us, a humanidade, através da representatividade
de seu ato de submissão. Ele foi a primeira pessoa após o dilúvio a
obedecer a D-us totalmente.
Abraão é um Sumo Sacerdote de toda a raça humana. Nesta
função, ele é pai dos sacerdotes levitas e de todos os sumos sacer-
dotes. Em suma, ele estabelece o significado do sacerdócio sacrificial
ao oferecer Isaac no Monte Moriá. Isaac é um sacrifício humano,
apesar de ter sido ofertado como símbolo, uma vez que o Anjo do
O Chamado de Israel desde Abraão até Moisés 17
Senhor parou Abraão antes que ele matasse seu filho. Este sacri-
fício humano, de modo perfeito, aponta para Aquele que viria, o
Messias, que deu Sua vida pelos nossos pecados. Quando o Tem-
plo foi construído no Monte Moriá, estabeleceu-se uma clara rela-
ção entre os sacrifícios e seus significados. Todos os sacrifícios lem-
bravam o significado do sacrifício de Isaac e prefiguravam Yeshua,
seu significado verdadeiro. Cada vez que os sacerdotes ofereciam a
D-us um animal em sacrifício, eles estavam realizando um ato de
representação intercessória com o qual ofereciam Israel e as nações
de volta a D-us. Até mesmo quando se tratava da oferta individual
por seus pecados, que era a oferta queimada, não era apenas por
causado indivíduo. Mas, fazia parte do significado do sacrifício de
Isaac, ao ser oferecido pelo sacerdote levítico no Monte Moriá.
D-us se agradou de Abraão. Ele era um homem com o coração
totalmente rendido a D-us. A obediência de Abraão gerou leis espi-
rituais que devem atuar na salvação da raça humana através da obra
deYeshua. Quando o Messias deu sua vida na cruz, Ele também se
deu completamente, satisfazendo a vontade do Pai. Por meio de
Seu poder e através da fé em Seu sacrifício, nós podemos nos ofere-
cer ao Pai. O poder do mal e a queda foram vencidos. NEle o filho
pródigo retorna à casa do Pai e afirma que sem Ele nada pode
fazer. Esses temas serão ampliados, à medida que desenvolvermos
O significado do chamado de Israel na Aliança Mosaica .Todavia,
Podemos agora observar que o chamado de Israel desempenha um
Papel sacerdotal chave de representação no que diz respeito à re-
denção de todo o mundo. Esse papel sacerdotal inclui o sistema
Sacrificial por meio do qual faz-se intercessão pelos pecados de Is-
rael e de toda a raça humana e nós todos podemos voltar a D-us.
O conceito de sacerdócio é conceito fundamental para se com-
Preender chamado de Israel.
 O Chamado Irrevogável

ifi.
o O CHAMADO DE ISRAEL NA
ALIANÇA MOSAICA

O Mundo Ar
A Aliança Abraâmica é básica para a salvação do mundo.
Por isso, a Aliança Mosaica deve ser entendida como uma apli-
cação da Aliança Abraâmica para o período anterior à vinda do
Messias e à Nova Aliança. A Nova Aliança é o cumprimento
permanente e aplicação da Aliança Abraâmica.
As bases da Aliança Mosaica encontram-se no Êxodo e no
Deuteronômjo. Êxodo 19:6 é o versículo-chave: "Vós me sereis
reino de sacerdotes e nação santa." Em que consiste esse sacer-
dócio? Vemos várias dimensões desse sacerdócio. Primeiro, re-
presenta a figura do sacerdote presente no sistema sacrificial,
que examinaremos mais detalhadamente. Segundo, o sacerdote
é uma representação simbólica da verdade contida nas festas e
Dias Santos de Israel. Estes dois primeiros aspectos se
lflterrelacionam porque os sacrfícios são parte integrante desses
dias santos. Em terceiro lugar, o sacerdócio é a manifestação às
nações, da qualidade de vida da nação que se submete à Torah
OU
instrução de D-us. Esta é uma manifestação ou sombra do
Reino de D-us e trata-se de parte do testemunho de Israel às

19
Uso do mapa com permissão. Direitoss autorais: United Bible Societies, 0 1976, 1978.
20 O Chamado Irrevogável
nações. Finalmente, o sacerdócio é o testemunho do poder de
D-us no meio de Israel como prova que D-us é Senhor sobre
toda a terra. Esses dois últimos aspectos eu chamo de testemunho
do caráter nacional dado pela Torah e a graça doadora de D-us,
que habita no meio da nação. A nação obediente torna-se
invencível por causa da invencibilidade de D-us.
Se desejamos compreender a profundidade do conceito de
sacerdócio, precisamos entender o conceito de justiça represen-
tativa. Porque a visão de D-us é uma visão corporativa, ajustiça
de alguns pode livrar toda a corporação do julgamento. Por isso
Abraão pôde orar por Sodoma que seria poupada se houvesse
nela alguns poucos homens bons. Somente o sacrifício deYeshua
pôde trazer verdadeira expiação para os nossos pecados. O con-
ceito de justiça representativa para toda a raça humana, como
uma só corporação, somente é real nEle. Contudo, a oração
intercessória funciona porque o intercessor conecta-se
corporativamente à realidade daqueles por quem intercede.
Moisés pôde orar e diminuir a penalidade do julgamento de Isra-
el. Para os nossos dias, as orações dos Dias Santos na sinagoga
judaica clamam pela misericórdia de D-us baseadas no sacrifício
de Isaac. Quando Israel é chamado nação de sacerdotes precisa-
mos ver toda sua existência como sendo representativa de todas
as nações. Israel é a nação corporativa que representa a humani-
dade coletivamente.
A REPRESENTAÇÃO SACRIFICIAL
Toda a nação de Israel é um Reino de Sacerdotes. Os Levitas
representam a nação. Então, os descendentes deArão, os Cohaním,
-4
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 21
representam Israel, os Levitas e as nações. Vemos aqui que há dife-
rentes níveis e chamados envolvidos no conceito de sacerdote. A
nação em si é organizada para cumprir sua função sacerdotal para
as nações do mundo. Toda a nação participa de várias maneiras. O
Templo no Monte Moriá em Jerusalém e todo o sistema que envol-
via é central para este sacerdócio. Durante mil anos, os sacrifícios
eram oferecidos neste monte. Nos 400 anos anteriores, os sacrifíci-
os eram oferecidos no tabernáculo móvel. É maravilhoso contem-
plar que 1400 anos de sacrifícios de sangue foram feitos até que
Yeshua colocasse um fim neste período. O sistema sacrificial acon-
teceu por causa de todo o mundo. Sem dúvida, Salomão orou (1
Crônicas 5) dizendo que quando alguém, de qualquer nação, viesse
orar no templo, teria suas orações respondidas e os pecados perdo-
ados.
Eu desejo começar mais claramente com a dimensão univer-
sal do sacrifício no templo para depois considerar o aspecto par-
ticular. Após o dia de jejum do Yom Kippur quando a expiação
era feita para a nação de Israel, a Festa dos Tabernáculos (Sucot)
começava (cinco dias depois). Durante os oito dias desta festa,
70 touros eram oferecidos no altar dos sacrifícios. O número
setenta simbolizava todas as nações do mundo. Vemos aqui que
o sistema sacrificial era uma representação sacerdotal do sacrifí-
cio por todas as nações do mundo. Ainda mais, porque a oferta
de Isaac feita por Abraão representava o sumo sacerdote de toda
a raça humana, e todos os sacrifícios têm sua raiz no sacrifício de
Isaac no mesmo monte, cada sacrifício ofertado neste lugar tem
Um elemento de representação por todas as nações do mundo.
Mesmo que um indivíduo Israelita traga Um sacrifício por seus
Pecados pessoais, está agindo como sacerdote e com conexões
sacerdotais ao fazer sua oferta. Havia sacrifícios pelo indivídlio,
22 O Chamado Irrevogável O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 23

pelas famílias (sacrifício da Páscoa), pela nação (Yom Kippur), rísticas distintas quejá enfatizamos. Todas são sacrifícios de san-
e pelo mundo (Sucot). gue. Todas têm uma dimensão relativa à expiação, através do
sangue substitutivo. Em todas elas, o animal morre em lugar do
pecador. Ele coloca suas mãos sobre a cabeça do animal, trans-
O SACRIFÍCIO BÁSICO DE SANGUE ferindo-lhe sua culpa e vergonha. O animal morre em seu lugar
e o sacerdote absorve seus pecados e culpas em três dos quatro
Analisemos mais detalhadamente os sacrifícios. Os cap. 1 a
sacrifícios descritos. Quatorze séculos de sangue sendo derra-
3 de Levítico falam de 4 tipos básicos de sacrifícios.Quando uma
mado. Por quê? A carta aos Hebreus nos diz que "o sangue de
pessoa peca, os sacrifícios são parte integrante e necessária do
touros e de bodes não pode tirar pecados". Ele não pode limpar
processo de restauração. Isto desvia do pecador o julgamento
verdadeiramente a consciência de alguém. Então, esses sacrifí-
objetivo pela violação da Torah. Em segundo lugar, é a oferta
cios tinham o poder de realizar algo? Seriam necessários 1400
pela culpa que alivia a consciência e sua culpa devido ao peca-
anos de sacrifícios apenas para simbolizar o sacrifício deYeshua?
do. A penalidade da lei devia ser satisfeita pela morte do
Creio que é mais do que isso. Certamente, todos os sacrifícios
transgressor. Nestas duas ofertas, pelo pecado e pela culpa, ve-
desempenhavam um papel intercessório para a vinda do Messias e
mos um substitutivo para o transgressor.Em ambas as ofertas,
a salvação do mundo. Este é o significado do sacrifício de Isaac;
parte da oferta era queimada sobre o altar como aroma suave ao
é o significado de todos os sacrifícios que se seguiram. Nossas
Senhor, e parte era comida pelo sacerdote. Isto simboliza a disso-
orações não nos salvam, mas nos fazem conectar com D-us para
lução de nossos pecados e culpas, no representativo da justiça-
nossa expiação através de Yeshua. De modo semelhante, os sa-
o sacerdote. Na terceira oferta, a oferta queimada, a pessoa de-
crifícios faziam parte do significado para o qual apontavam: a
dica-se inteiramente a D-us, simbolizado no animal que era in-
vinda do Messias para morrer por nossos pecados como sacrifí-
teiramente queimado no altar. Após esta oferta, o ofertante pode-
cio perfeito.
ria, então, se relacionar com D-us. Isto é simbolizado na oferta
Devido ao fato dos sacrifícios terem feito parte do significado
que é chamada oferta pacífica. Neste último sacrifício, parte da
da vinda do Messias, eles são como orações intercessórias, cla-
oferta era queimada (a porção de D-us na relação), parte era
mando pela vinda do Messias para salvar as nações do mundo.
comida pelo ofertante. Ele come diante do Senhor, simbolizan-
Sao orações de súplicas, baseadas na vinda do Cordeiro de D-us,
do seu relacionamento com D-us. Estes mesmos elementos es-
Para que D-us preserve o mundo até que a humanidade possa ser
tão presentes nas ofertas coletivas (corporativas). No sacrifício
salva pela morte e ressurreição de Yeshua.
da Páscoa, a família participa do Cordeiro Pascal, relacionando-
- A Aliança Abraâmica é a Aliança fundamental para a salva-
se com D-us.
Çao do mundo. Por isso, a Aliança Mosaica deve ser entendida
Todas as ofertas possuem pontos comuns, além das caracte P-01110 Uma aplicação da Aliança Abraâmica para a época anteri-
24 O Chamado Irrevogável
or à vinda do Messias e à Nova Aliança.A Nova Aliança é o
cumprimento permanente e a aplicação da Aliança Abraâmica
(ver: Alianças da Promessa, de Thomas Mc Comiskey).
Os elementos da Aliança Mosaica encontram-se do Êxodo
até o Deuteronômio. O versículo chave está em Êxodo 19:6:
"Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa". Em que
consiste este sacerdócio? Há várias dimensões para esse sacer-
dócio. Primeiro, é a representação sacerdotal no sistema sacrificial
que examinaremos adiante. Segundo, o sacerdócio é a represen-
tação figurativa da verdade dada nas festas e dias santos de Isra-
el. Estes dois aspectos se mesclam porque a dimensão sacrificial
faz parte desses dias santos. Terceiro, o sacerdócio é a manifes-
tação às nações da qualidade de vida na nação que se submete à
Torah ou instrução de D-us. Esta é uma manifestação ou sombra
do Reino de D-us e faz parte do testemunho de Israel às nações.
Por último, o sacerdócio é o testemunho do poder de D-us, no
meio de Israel como prova de que D-us é o Senhor sobre toda a
terra. Estes dias últimos eu os chamo de o testemunho do caráter
nacional formado pela Torah e o carisma ou dons de D-us, por-
que Ele habita no meio da nação. A nação obediente é invencível
por causa da invencibilidade de D-us.
Se queremos compreender em profundidade o conceito de
sacerdócio, necessitamos compreender o conceito de justiça re-
presentativa. Porque a visão de D-us é uma visão corporativa, a
justiça de poucos pode evitar ojuigamento de toda a corporaçãO.
Assim, Abraão pode orar para o livramento de Sodoma se hou-
vesse alguns homens bons. Somente o sacrifício de Yeshua po-
deria verdadeiramente expiar nossos pecados. O conceito dejus-
tiça representativa para toda a raça humana, como unia
corporação, somente é verdadeira n'Ele. Contudo, a oraç 0
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 25
í n tercessória funciona porque o intercessor se conecta
corP0ratTamente à realidade daqueles por quem ele ora. Moisés
pode orar e suspender a penalidade do julgamento sobre Israel.
Para nossos dias, as orações dos Dias Santos na sinagoga judai-
ca suplicam a misericórdia com base no sacrifício de Isaque.
Quando Israel é chamado de nação de sacerdotes, devemos en-
tender toda sua vida, como representativa, por causa das nações
do mundo. Eia é a nação corporativa que representa a humani-
dade corporativamente.
REPRESENTAÇÃO SACERDOTAL ATRAVÉS DO
SISTEMA SACRIFICIAL
Toda a nação de Israel é um Reino de Sacerdotes. Israel re-
presenta as nações do mundo. Os levitas representam a nação.
Então os descendentes de Aarão, os sacerdotes, representam Is-
rael, os levitas e as nações. Vemos aqui diferentes níveis e cha-
mados sob o conceito de sacerdócio. A própria nação é organi-
zada para cumprir sua função sacerdotal para as nações do mun-
do. Toda a nação participa de várias maneiras. O sistema do Tem-
pio no Monte Moriá em Jerusalém é central para este sacerdó-
cio. Durante 1000 anos, os sacrifícios eram oferecidos neste
monte. Antes disso, durante 400 anos os sacrifícios eram ofere-
cidos no Tabernáculo móvel. É maravilhoso contemplar que 1400
anos de sacrifício de sangue foram feitos até que Yeshua viesse
Pôr fim a esse período. O sistema sacrificial existiu por causa do
mundo todo. Sem dúvida, Salomão orou (II Crônicas 5) que
quando alguém das nações orasse voltada para o Templo, ele
teria suas orações respondidas e seus pecados perdoados.
 26 O Chamado Irrevogável
Gostaria de começar mais claramente com a dimensão uni-
versal do sacrifício no Templo e depois ater-me no particular,
Após o dia de jejum do Yom Kippur, quando se fazia expiaçã
o tas, parte dela é queimada sobre o altar como aroma suave pe-
pela casa de Israel, começava a Festa de Sucot (Tabernáculos
) rante D-us e parte é comida pelo sacerdote. Isto simboliza a dis-
(cinco dias depois). Durante os oito dias de festa, 70 touros eram
oferecidos no altar. Setenta é o número simbólico para todas as
nações do mundo. Podemos ver aqui que o sistema de sacrifíci-
os era uma representação sacerdotal do sacrifício para todas as
nações do mundo. Ainda mais porque a oferta de Isaac feita por
Abraão era como representativa do sumo sacerdote para toda a
raça humana, e todos os sacrifícios têm suas raízes no sacrifício
de Isaque no mesmo monte, cada sacrifício oferecido neste lugar
tem um elemento de representatividade para todas as nações do
mundo. Mesmo que um indivíduo israelita traga um sacrifício
por seus próprios pecados, age de um modo sacerdotal e com
conexões sacerdotais ao fazer sua oferta. Há sacrifícios pelo
indivíduo, pela família (na Páscoa), por toda a nação (Yom
Kippur) e diretamente pelo mundo (Sucot).
O SACRIFÍCIO BÁSICO DE SANGUE
Examinemos de modo mais detalhado os sacrifícios. O livro
de Levftico, nos capítulos 1 a 3, descreve quatro tipos básicos de
sacrifícios. Quando alguém peca, os sacrifícios são uma parte
necessária do processo de restauração.
O primeiro sacrifício descrito é uma oferta pelo pecado. Isto
afasta o julgamento objetivo do pecado por violar a Torah. Em
segundo lugar, é a oferta pela culpa, que alivia a consciência e
sua culpa, pois o animal leva nossa culpa. A penalidade da lei
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 27
deve ser satisfeita pela morte do transgressor. Nestas duas ofer-
tas vemos um substituto para o transgressor. Em ambas as ofer-
solução de nosso pecado e culpa, no representativo justo, o sa-
cerdote. Na terceira oferta, a oferta queimada, a pessoa se dedi-
ca inteiramente a D-us no animal que é completamente queima-
do no altar. Após essa dedicação, o ofertante podia se relacionar
com D-us. Isto é simbolizado pela oferta de relacionamento (ou
oferta pacífica). Neste último sacrifício, parte da oferta era quei-
mada (a porção de D-us), parte era comida pelo sacerdote e par-
te era comida pelo ofertante. Ele comia perante D-us e tinha o
sentido de se relacionar com D-us. Esses mesmos elementos es-
tavam presentes, até mesmo nas ofertas corporativas. No sacrifí-
cio da Páscoa (Pesach), a família participa do cordeiro pascal
em comunhão com D-us.
Todas as ofertas têm pontos comuns além da ênfase distinta que
já vimos. Todas elas são sacrifícios de sangue. Todas têm uma di-
mensão expiatória do sangue substituto. Em todas elas, o animal
morre no lugar do pecador. Este coloca suas mãos na cabeça do
animal, transferindo-lhe suas culpas e vergonha. O animal morre
em seu lugar e o sacerdote absorve seus pecados e culpa em três dos
quatro sacrifícios.
Quatorze séculos de sangue sendo derramado. Por quê? A
Carta aos Hebreus nos fala que o sangue de touros e bodes não
apagam pecados. Eles não podem limpar a consciência verda-
deiramente. Então o que esses sacrifícios realizam? Será que fo-
ram necessários 1400 anos de sacrifícios apenas para simbolizar
O
sacrifício de Yeshua? Creio que é mais do que isso. Antes,
todos os sacrifícios foram intercessão pela vinda do Messias e a
 28
O Chamado Irrevogável
salvação do mundo. Este é o significado do sacrifício de Isaque
este é o significado de todos os sacrifícios que se seguiram. Nos
sas orações não nos salvam mas nos conectam à expiação em
Yeshua. De modo similar, os sacrifícios participavam do signifi
cado do que simbolizavam: a vinda do Messias para morrer po
r do Gorden Conwell Seminary tem escrito sobre o fato de que os
nossos pecados como o sacrifício perfeito.
Porque os sacrifícios fazem parte do significado da vinda de
Yeshua, são como orações intercessórjas que clamam pela via.
da do Messias para salvar as nações do mundo. São orações
suplicantes, com base na vinda do Cordeiro de D-us, que D-us
deverá preservar o mundo até que a humanidade seja salva pela
morte e ressurreição de Yeshua. Os sacrifícios representam nos-
sa redenção n'Ele. Ele é o sacerdote que dissolve nosso pecado
em Seu sacrifício, da mesma forma que o sacerdote comia a oferta
para a qual foram transferidos os pecados e a culpa. Nós temos
comunhão com D-us no pão e vinho que representam Seu corpo
e sangue. Acredito que sem o serviço sacerdotal de D-us através
de Israel, o mundo teria sido destruído. Também acredito que os
1400 anos de intercessão sacerdotal foram parte da obra de D-us
para trazer o Messias. Quase 1400 anos de sacrifício de sangue
anunciavam a vinda do Messias! Ele veio na plenitude dos tem-
pos. Estaria esta plenitude relacionada à qualidade de interces-
são por Sua vinda? Todo aquele sangue derramado clamava por
Sua vinda. Duas vezes 700 anos (o número da perfeição) do
clamor de uma nação como símbolo para confirmar a decisão de
Abraão. Em cada oferta queimada eles ofereciam a si mesmos, e
a humanidade se voltava a D-us em associação submissa. Ti-
nham eles os corações sempre retos ao oferecer os sacrifícios?
Será que podiam entender perfeitamente o que estavam fazen-
do? Não, mas tinham diferentes níveis de fé. A história de Israel
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 29
portanto como que meras notas de pé de página da história da
salvação, mas ela é uma parte essencial da obra de D-us que
trouxe o Messias e a salvação para o mundo.
Há ainda outras dimensões, além da representação sacerdotal
relacionada ao Templo. Meredith Mine (em Imagens do Espírito)
rituais do Templo fornecem-nos um quadro da redenção humana,
da natureza e do universo. Israel é a terra santa no meio da Terra.
Jerusalém é a cidade santa em Israel. O Monte Sião é o lugar santo
de Sião. O santo dos Santos é o lugar mais santo do Templo. Isto é
uma sombra do dia em que toda a terra será uma terra santa, e cada
indivíduo será um Templo do Espírito Santo. A divisão do Templo
em três é um reflexo direto do propósito de D-us para o homem. O
átrio externo é como o corpo físico. O interno é paralelo à alma com
sua emoção, vontade e pensamento. Todavia, o Santo dos Santos é
onde o Espírito reside naqueles que nasceram de novo. O Espírito
reside no lugar mais íntimo de nosso ser, onde brotam nossas intuições
e motivações mais profundas.
O Sumo Sacerdote é igualmente uma representação da natureza
do homem redimido. A glória de suas vestes mostra-nos não só a
glória de D-us mas também a glória do homem sendo restaurado à
imagem de D-us. Na verdade, ele é o símbolo de Yeshua, o Sumo
Sacerdote perfeito que representa D-us e o homem. As vestes do
sacerdote são um reflexo do Templo. As vestes mais exteriores são
paralelas à parte mais interna do Templo e da natureza do homem.
Elas contêm o bolso com o Urim e o Tumim para discernir a vonta-
de de D-us (discernimento espiritual). Nós discernimos a vontade
de D-us no espírito interior. Entre as vestes mais interiores e as mais
intimas estão as cores da cortina do Templo encobrindo o lugar mais
Santo. As cores são de fogo e fumaça. Exatamente como o Espírito
30 O Chamado Irrevogável
Santo, que é manifesto como a coluna de fogo e nuvem na Tor
habita em nós e a partir do espírito do homem traz a alma à subnijs..
são e para refletir a glória de D-us.
Uma vez por ano no Santo dos Santos ele era a perfeita repre
sentação simbólica da obra de Yeshua. A expiação era feita pela
nação de Israel no Yom Kippur com significado pleno do poder
simbólico das vestes do sumo Sacerdote e o significado do Santo
dos Santos no Templo. Neste ponto mais central da prática de Israel,
vemos a representação mais clara da restauração da imagem deD-us
no homem através do sangue expiatório de Yeshua. Novamente, por
ser Israel uma nação de sacerdotes, o ritual do dia da Expiação era
também um ato intercessório em prol da salvação do mundo.
Israel, desde seus primórdios, desempenhou um papel essen
cial na história da salvação para a existência do mundo e para
trazer a bênção da salvação para todo o mundo clamando em
intercessão, pela vinda do Messias. Seus 1400 anos de história
na terra de Israel também estabeleceram uma história do Tem
plo, que deve ser lida para o completo entendimento do que o
sacrifício deYeshua nos proveu. O remanescente salvo de Israel,
os judeus messiânicos, é especialmente chamado para manter este
entendimento vivo, pois o judeu tradicional e o moderno não
entenderam de maneira plena o significado da história de Israel ou
de sua prática contemporânea.
UMA REPRESENTAÇÃO FIGURADA DA VERDADE
DE D-US NOS DIAS SANTOS
A representação sacerdotal faz também parte da vida de 1s51
Is
el fora dos Dias Santos dados por D-us. Todos os Dias Santos
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 31
antigo Israel incluíam sacrifícios porque o ingresso no signi-
ficado redentor dos Dias Santos baseia-se na expiação sacrificial
e no perdão.
Além disso, os Dias Santos são figuras da verdade relativa à
natureza de D-us e do homem, bem como um quadro profético
do fim desta era e da glória da Era Vindoura. Quando Israel vive
esses quadros, age como intercessor clamando pela manifesta-
ção daquilo que esses quadros prefiguram. Há uma liberação de
poder movendo a história em direção ao que as ações simbólicas
dos Dias Santos apontavam. A história e a vida atual de Israel
são como um livro que deve ser lido para o benefício de nosso
entendimento. Devido ao fato de muitos cristãos não terem ob-
servado as raízes judaicas de sua fé, o benefício desta compreen-
são tem se ocultado. O livro deve ser lido e estudado para nosso
benefício .Desse modo, o significado da história e da vida de Israel
devem ser estudados. Deixe-nos agora aplicar este entendimen-
to aos Dias Santos de Israel, lembrando que a celebração deles
não é apenas para benefício de Israel, mas de todos, desde que
sejam celebrados como representação sacerdotal para todas as
nações.
SHABAT (SÁBADO)
O Shabat é a primeira e afesta central na vida de Israel. É a
'-mica celebração semanal. Primeiramente, o Shabat é um teste-
rnunho para a natureza da realidade, O D-us infinito criou os
ceus e a terra em seis dias (yomin) e descansou no sétimo dia
(Yom). A palavra hebraica yom pode ser traduzida como um dia
de 24 horas ou uma época. 0 descanso de D-us no sétimo dia
Fw
32 O Chamado Irrevogável
não significa que D-us cansou e necessitava dormir. Pelo contrá-
rio, a explosão da atividade criativa havia teiiiiinado em seis dias,
o descanso representa um passo a trás e o regozijar-se na obra
que havia sido feita. O Shabat é um memorial da criação pelo
qual o ciclo semanal da vida reflete o padrão da própria história
de D-us na criação. Portanto, sempre que um judeu observa o
Shabat, o sétimo dia, ele declara que Elohim é o Criador. Ele
confessa e proclama a toda a terra que Elohim é o Senhor sobre
todas as coisas. A existência do judeu e o Shabat proclamam
que D-us Existe, D-us Existe! O mundo não é o produto de tem-
po, mais o acaso, mais matéria, como na teoria da evolução. Não
é produto de uma força panteísta indefinida. Não é produto de
deuses da natureza, e a natureza em si não é eterna como no
paganismo. O Shabat é o testemunho profundo e emana sobre
toda a terra (Zacarias 14:9) que honra a D-us.
O Shabat é notável por suas dimensões humanitárias. Nos
10 mandamentos em Deuteronômio 5, lemos que a todos são
dados os benefícios do descanso no sábado - aos animais, aos
estrangeiros e aos escravos.
A representação sacerdotal mostra-nos que o Shabat é um
sinal da vontade de D-us sobre todas as pessoas. É intenção de
D-us que todos deveriam ser libertados da servidão da escravi-
dão, seja literalmente (externamente) seja internamente - da es-
cravidão da alma, que destrói nossa paz e felicidade. O Shabat é
uma prefiguração da Era Vindoura e a terra prometida universal,
onde todos viverão em paz e no descanso de D-us. A palavra
hebraica Shalom é uma palavra chave. Ela é traduzida como
totalidade, paz e bem estar. Ao ser reconciliados com D-uS C
viver pelo poder do Seu Espírito entramos no descanso da fé
(Hebreus 4). 0 Shabat faz parte do Dom e chamado de D-US
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 33
para Israel que é irrevogável. Faz parte da Aliança de D-us para
com Israel e faz parte de sua vida atual. Aqui se incluem natu-
ralmente, os judeus messiânicos, que podem celebrar o Shabat
com uma compreensão plena, pois em Yeshua nós entramos no
descanso. Os outros povos são livres para observarem o Shabat,
mas sua observância não é uma exigência.
PESACH (PÁSCOA)
Pesach (Páscoa) é a segunda grande festa mencionada em
Levítico 23. A Festa de Pesach lembra a libertação poderosa do
Egito e os eventos do Êxodo. As pragas são lembradas, a infle-
xibilidade de Faraó, a derrota dos deuses egípcios representada
nas pragas, a miraculosa libertação através do mar, e o afoga-
mento das tropas do Egito. Porque os eventos do Êxodo são
fundamentais para a existência de Israel, o mês do Êxodo deve
ser o início do ano lunar para Israel. O cordeiro pascal trouxe
expiação para Israel e o sangue nos umbrais das portas desviou
o juízo do anjo da morte. O anjo da morte passou pelas moradias
dos israelitas, daí o nome de Páscoa. A partir do Êxodo, Israel
devia conquistar e entrar na Terra Prometida.
Novamente, Pesach proclama o propósito de D-us para to-
dos os povos. Ele deseja que todos sejam libertos da escravidão
e entrem na Terra Prometida. Portanto, Pesach é a representação
e a prefiguração da libertação de todas pessoas da tirania e opres-
são através da reconciliação com D-us. D-us escolhe Abraão e
então leva seus descendentes para a escravidão no Egito. Esta
seria uma manifestação do favor de D-us? Sim, para que Israel
Pudesse desempenhar um papel representativo sacerdotal em sua
 34 O Chamado Irrevogável
libertação. D-us se identifica com aqueles que são os mais op ri-
midos. Ele sofre e se identifica com a opressão deles e deseja a
sua libertação. Daí, o povo escolhido deve começar sua Vida
como nação na escravidão. Foi por isto que os Peregrinos e Pu-
ritanos se inspiraram no Êxodo de Israel, e acreditavam que ao
viver de modo semelhante, a providência de D-us os acompa-
nharia quando eles cruzassem o Atlântico. É por isso que Martjri
Luther King apontava para o Êxodo, como sua inspiração para
o movimento dos Direitos Civis na América do Norte. Muitos
dos movimentos de libertação buscaram incentivo no Êxodo.
Pelo encorajamento do Rev. Kim Hansik, nos dias de hoje, a
Coréia celebra a Páscoa Coreana. Eles comem os mesmos ali-
mentos que comiam durante o período de escravidão da guerra
contra o comunismo, e lembram a opressão que sofreram dos
japoneses. Os cristãos coreanos rendem graças a D-us pela li
bertação na qual vêem um paralelo com o Êxodo.
A celebração da Páscoa aponta para o dia no qual todo o
mundo será liberto, quando Israel eas nações estarão sob o go
verno do Messias. Todo o mundo estará na terra prometida. A
celebração, quando feita pela fé, libera poder espiritual para que
a história caminhe para suas metas. Assim, todo o mundo apren-
derá a Torah de D-us e viverá de acordo com Seus caminhos.
De Sião virá a Palavra (Isaías 2). Significados mais específicos
presentes na Páscoa e Êxodo podem ser lidos em nossos livros:
Jewish Roots e Israel, the church and the last Days( Raízes Ju-
daicas e Israel e a Igreja nos últimos dias de Daniel Juster).
A Páscoa também fala profeticamente dos últimos dias antes
da volta de Yeshua. No livro do Apocalipse temos uma repetiçãO
da Páscoa - Êxodo numa escala mundial. Ai, o Faraó é O
Anticristo. As pragas são enviadas ao Egito, que é o mundo. O
Lul
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 35
povo de D-us é protegido pelo selo do Espírito (Apocalipse 7)
para que as pragas não os atinja (exatamente como na terra do
Goshefl). O povo de D-us agora inclui o povo judeu e aqueles
de cada tribo e nação. Há uma libertação, não pelo mar, mas
para a glória quando ocorrer o arrebatamento dos santos
(Ap. 11:15-18; 14:14-16). Os exércitos do Anticristo e os que se
opuserem a D-us caíram sob a sua ira. Após o grande Êxodo, o
povo de D-us entrará na Era Prometida (ver o livro de Dan Juster
- Revelation, the Passover Key para uma completa exposição
desses temas).
A celebração da Páscoa consiste de atividades intercessórjas
que movem o mundo para os eventos redentores dos últimos
dias que ela representa. Para os judeus messiânicos, Yeshua é o
nosso cordeiro pascal que morreu para fazer expiação por nos-
sos pecados. Ele é Profeta Verdadeiro, prefigurado por Moisés,
que nos conduz e nos leva à Terra Prometida. Ele é o Rei de
Israel e nosso Sumo Sacerdote! Ele é o Rei de toda a terra!
SHAVUOT (PENTECOSTES)
Shavuot ou Pentecostes é a próxima festa do calendário.
Shavuot celebra a primeira colheita. Uma vez que Israel é uma
terra de clima mediterrâneo há duas colheitas principais: uma
no iflíejo do verão e outra no outono.
As festas das colheitas, de modo especial, proclamam a D-us
Como o provedor. Em agradecimento nós o louvamos por Sua
Provisão. Embora não esteja contido na Bíblia, Shavuot repre-
senta também o momento em que a lei ou a Torah foi dada no
Monte Sinai A festa é importante porque foi nesse dia que o
36 O Chamado Irrevogável
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 37
Espírito Santo foi derramado em Jerusalém sobre os primeiros
Sem dúvida, o símbolo desse dia é que o sétimo mês é o mês da
seguidores de Yeshua. A primeira colheita em Israel e nas outras
perfeição. O primeiro dia de cada mês é lua nova e celebra-se a
nações começava nesta época. Todavia, haverá uma outra gran-
fé em D-us e novo começo. O toque do Shofar convoca todos os
de colheita no fim dos tempos. Shavuot aponta para o tempo
israelitas a um novo início e a buscar a perfeição de D-us. Este
quando todas as nações se submeterão à instrução da Torah de
início virá para todo o mundo quando a trombeta soar e vier a
D-us. Para os judeus messiânicos, a Torah é o designo de D-us
redenção plena. Esta festa é básica para compreendermos 1
para cada área da existência humana e contém o ensino de toda
Tessalonicenses 4:16,17 e 1 Coríntios 15:53. "Os mortos no
a Bíblia aplicada à Nova Aliança. A Torah sairá de Sião. A tradi-
Messias ressuscitarão primeiro, então nós que estivermos vivos,
ção judaica inclui estudos da Torah todas as noites. Como pode-
seremos arrebatados nas nuvens para encontrarmos o Senhor
mos ver, a Torah somente pode ser vivida quando for escrita em
nos ares ". Voltaremos com Ele quando o julgamento do Messi-
nossos corações. Não podemos viver a Torah, em seu sentido
as purificar o mundo. O sétimo mês prefigura um aperfeiçoa-
verdadeiro, por nossos próprios esforços, mas somente pelo po-
mento que conduz à Era Vindoura. O toque do Shofar é uma
der da obra do Espírito Santo em nós. Nós nos submetemos ao
proclamação profética que convoca o mundo ao arrependimento
Espírito e assim agora podemos obedecer (Jeremias 31:31e
e a se preparar para o juízo de D-us e para entrar na Era Vindou-
Ezequiel 36:24). Mais uma vez, esta celebração tem uma dimen-
ra. E um ato intercessório que clama pela vinda do Messias.
são intercessória para que todas as nações possam vir para a ver-
Enquanto o povo é chamado a uma imediata reconciliação com
dade daquilo que é celebrado.
D-us, antecipa os acontecimentos dos últimos dias.

o SÉTIMO MÊS 2. Yom Kippur (Dia da Expiação)

No sétimo mês do ano, temos três grandes períodos festivos:
Yom Teruah, a Festa do Toque do Shofar, que o povo judeu
chama de Rosh Hoshaná (o Ano Novo); Yom Kippur (o Dia da
Expiação) e a Festa de Sucot (Tabernáculos).
1. Yom Teruah
Yom Teruah acontece no primeiro dia do sétimo mês. Não e
, s
o novo ano bíblico, contrariamente à prática rabínica judaica
Yom Kippur é o dia em que a expiação era feita no Santo dos
Santos, pelo Sumo Sacerdote. O sangue do bode sacrificado era
aspergido na tampa da Arca da Aliança que continha as tábuas
da lei, os Dez Mandamentos. Nós já falamos sobre o simbolis-
modo Templo e das vestes do Sumo Sacerdote. Este dia procla-
'fla acima de todos os outros dias do calendário judaico, que é
necessário um sangue substituto por nossos pecados. Contudo,
O
Sacrifício de um animal é apenas um símbolo e participa do
acrifício real que foi realizado pelo nosso Sumo Sacerdote
38 O Chamado Irrevogável
Yeshua. Somente Ele, como Filho de D-us, foi capaz de trazer
Seu próprio sangue, de uma vez por todas, ao Santo dos Santos
nos céus para expiação dos pecados de Israel e das nações. So-
mente Sua vida dada por amor de nós liberou o poder para can-
celar e vencer nossos pecados. Porque o sangue é vida, ele libe-
rou o poder poderoso desta vida para nossa reconciliação. Na
carta aos Hebreus, caps. 8 e 9, temos descrito o maravilhoso e
pleno significado do Yom Kippur em Yeshua. No entanto, para
que o significado do Yom Kippur seja efetivo, a expiação, atra-
vés do sangue de Yeshua, deve ser aplicado a Israel e a todas as
nações do mundo. Isto trará a reconciliação do mundo com D-us
e das nações, umas com as outras. Todos os povos encontrarão
perdão para cada nível, os conflitos pessoais e étnicos termina-
rão. Zacarias 12-14 descreve os eventos dos últimos dias. Ele
aponta para a época em que, após grandes juízos, Israel e as
nações receberão a grande expiação de Yeshua e estarão sob seu
governo (Zacarias 12:10, 13:1esse 14:9).
O período que vai do Yom Teruah ao Yom Kippur prefigura
os julgamentos e a ira de D-us. Este período de 8 dias entre esses
Dias Santos é representado pelas taças da ira no livro do
Apocalipse.
Novamente, o significado dos Dias Santos é intercessório e é
uma confissão de que D-us trará todas as coisas que foram
prefiguradas nesta celebração. Tais práticas têm um significado
imediato de recontar os eventos da história da salvação e o que
D-us fez por nós no Messias. Também fazem a história cami-
nhar em direção aos propósitos de D-us.
Todos esses Dias Santos fazem parte dos meios que DUs
usa para preservar uma única nação, Israel, como um testemu-
nho único do que D-us tem feito no meio da terra.
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 39
3. Sucot (Tabernáculos)
A festa de Sucot é a última e a maior celebração da colheita
final do ano. Inicia-se no 150 dia do 70 mês de Tishrê. É tempo
de lua cheia quando a sua luz é mais intensa. O calendário bíbli-
co tem suas raízes num povo particular numa terra particular. A
época das celebrações das colheitas adapta-se ao ano de cultivo
do clima de Israel e somente tem pleno sentido neste território.
Quando o povo judeu é disperso pelas nações, a terra de Israel
ainda permanece no ciclo de vida deles.
Sucot torna-se importante por causa de suas conexões com o
Reino de D-us e a oferta de sacrifícios por todas as nações da
Terra, os setenta touros sacrificados conforme o livro de Núme-
ros. Neste caso, vemos diretamente que a vida de Israel é uma
vida de mediação e atividade intercessória pelas nações do mun-
do. A própria localização de Israel vem a propósito de comuni-
car este testemunho. Em certo sentido, é uma localização peri-
gosa entre impérios que buscam controlar o seu território. Por
outro lado, Israel estava na rota central para três continentes:
Africa, Europa eç Ásia. Nenhuma outra localiza ão seria melhor
para a expansão e o estabelecimento da verdade de D-us.
A Festa de Sucot é cheia de alegria e deleite. Todo israelita
devia habitar em tendas durante o período da Festa, daí o nome
Festa de Sucot ou das Tendas. Isto está relacionado com ação de
graças a D-us, pela provisão da colheita, e ação de graças por
tudo o que em geral D-us nos tem provido. Para fazer vívida a
grande provisão de D-us, Israel deve lembrar quando habitou no
deserto após o Êxodo. Durante este período, D-us os proveu
Sn
com comida e bebida. Suas roupas não enve-
heceram O maná fartou no deserto, por isso eles podem se lem-
40 O Chamado Irrevogável
brar que: "não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que
procede da boca do Senhor"(Dt 8:3). Quando Israel habitava
em sua terra e tinha fazendas, casas e rebanhos, o povo poderia
esquecer que D-us era o Provedor. Podiam pensar que tinham
conseguido suas riquezas por seu próprio trabalho. Todavia, tudo
o que é bom vem pela graça de Suas mãos, não por nosso traba-
lho. Nosso trabalho somente é abençoado quando nos submete-
mos a Ele; e O reconhecemos como aquele que nos dá habilida-
de para obter riquezas. Para reafirmar todas essas verdades, nos-
so povo habita em tendas, para de um modo vívido, lembrar o
tempo do deserto, quando a provisão divina era tão claramente
sobrenatural.
Este decreto simbólico é ainda uma mensagem a todo o mun-
do. Sucot é um festival de peregrinos. As pessoas vindas de to-
dos os cantos da terra devem habitar em tendas ao redor de Jeru-
salém. O estrangeiro deveria ver nesse festival algo atemorizante.
A mensagem é que todo o mundo precisava voltar-se para D-us
e repudiar sua herança de independência, vinda desde a queda
de Adão e Eva, no Éden. Eles devem voltar ao Pai e encontrá-lo
como o provedor das suas necessidades. Não é pelas obras que
encontramos nossa segurança, mas pela graça.
Sucot é uma celebração que dura 8 dias. Sete dias podem
representar a idade deste mundo e o oitavo dia da celebração,
representa a época eterna. Assim, esta é a celebração antecipada
da alegria eterna do Reino de D-us, quando todas as nações se
submeterão ao governo de Elohim e Seu Rei - Messias, Yeshua.
Assim, Zacarias 14.16 afirma que todas as nações virão à Jeru-
salém para celebrar a Festa de Sucot no Reino Milenar. Neste
dia, o Senhor será o único e Seu nome o único em toda a terra
(Zacarias 14.9).
O Chamado de Israel na Aliança Mosaica 41
Yeshua falou de si mesmo a respeito desta Festa em João 7-9.
Ele é o único através de quem encontramos a provisão de D-us.
Quando as águas da libação eram derramadas no Templo, Ele afir-
mou: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba e do seu interi-
o rfluirão rios de água viva ". Provavelmente, com referência à
luz das lâmpadas da corte das mulheres, Yeshua diz: "Eu sou a
luz do mundo". Sem dúvida, a luz das lâmpadas representa a luz
de D-us que éYeshua. O Talmud afirma que toda Jerusalém era
iluminada quando muitas lâmpadas estavam acesas. Era glorio-
so de se ver.
Com muita probabilidade, Yeshua nasceu no início da Festa
de Sucot (calculando-se pelos turnos dos sacerdotes e o anúncio
do nascimento de João Batista a Zacarias). Sua circuncisão pode
bem ter sido feita no oitavo dia da Festa. Isto explicaria porque
todas as hospedarias estavam cheias.
Resumindo, concluímos que os dons e o chamado de Israel
não são só para mostrar um quadro da redenção, mas também
para empenhar-se na atividade representativo-intercessória para
a redenção dos povos da terra. Os dons de D-us relacionam-se a
todos os aspectos de vida na terra sob as bênçãos de D-us. O
Dom e o chamado também incluem o papel sacerdotal de Israel
como intercessão e testemunho. Sua história na Bíblia e a pre-
servação desta história na Bíblia estabelecem a verdade de D-us
Para que todos a vejam.

IV.
UMA MANIFESTAÇÃO DA VIDA
NO REINO DE D-US
Todas as dimensões bíblicas da vida de Israel estão interliga-
das e formam um todo. Nós as separamos apenas para poder ver
aspectos diferentes e ter um melhor entendimento. Todavia, o
grau de integração ao todo se vê pelo fato de que os 10 manda-
mentos incluem o mandamento do Shabát que é um sinal da
aliança entre D-us e Israel. Não há uma separação clara entre o
aspecto moral e o cerimonial. O cerimonial tem um propósito
representativo e moral. Isto posto, queremos observar, de ma-
neira especial, que o dom e o chamado de Israel contêm o viver
conforme o caráter de D-us, refletido em Sua Lei.
A Torah Mosaica não é, em todas os casos, a Torah de D-us.
Foram feitas adaptações devido à fraqueza do povo e à época.
Devido às circunstâncias da queda e o modo de vida no Oriente
Médio, D-us permitia a escravidão contratual ou servidão, o di-
vórcio, e a poligamia. Embora os padrões eternos de D-us sejam
discerriíveis e claramente refletidos nos escritos mosaicos. Quan-
do comparamos o sistema mosaico com os sistemas legais do
mundo, encontramos uma superioridade e graça surpreenden-
42
Uma Manifestação da Vida no Reino de D-us 43
s. Sem dúvida, uma vida pautada na Torah deveria ser uma
vida boa, humana e qualitativamente superior à de qualquer ou-
tra nação. Esse tipo de vida prefigura a era do Reino de D-us e
uma manifestação do Reino.
A legislação mosaica coloca todos os juízes e o rei numa
posição de submissão à Lei de D-us. Ao contrário dos outros
paísesO Rei não está acima da Lei. Os juízes devem emitir deci-
sões imparciais e verdadeiras. A Lei é única para todos os ho-
mens. A cada sete anos os débitos eram cancelados e a terra não
era cultivada. Isto renovava a oportunidade de quem tinha sofri-
do algum revés e era uma boa técnica para a renovação do solo.
O suprimento de alimento seria fornecido por D-us, ao prover
uma colheita mais abundante no sexto ano, e mais aquilo que a
terra produzisse espontaneamente no sétimo ano. A Torah exi-
gia a fé para sua obediência. A cada sétimo ano a terra ficaria
sem cultivo. Toda terra (propriedade) voltava a seu proprietário
original. Nenhuma terra podia ser vendida perpetuamente, D-us
é o Dono de toda a terra. Somente se poderia vender por certo
número de anos, cessando no Jubileu. Uma vez que os débitos
eram cancelados e a terra devolvida, todos deviam ter uma opor-
tunidade de sucesso econômico.
A Torah incluía a ordenança de amar ao próximo, lidando de
maneira generosa com aqueles que precisavam desta generosi-
dade. Exigia-se a punição com a morte dos criminosos violen-
tos, idólatras, e ocultistas. Estes eram crimes repudiados na Ali-
ança. Todavia, os que cometiam crimes menores deviam arre-
pender-se e fazer a restituição sob a supervisão da comunidade.
A penalidade era conforme o crime. A Torah dada através de
Moisés incluía o ensino da justiça para o sistemajudicial e para o
governo administrativo, contendo altos padrões de moralidade

44 O Chamado Irrevogável
pessoal. Tudo se baseia no mandamento supremo: "Amarás o
SENHOR teu D-us de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de
toda a tua força" (Deuteronômio 6.5).
A qualidade de vida do povo de Israel deveria ser um teste-
munho a todas as nações. Infelizmente, a maior parte da história
de Israel esteve comprometida e, o seu testemunho ficou limita-
do. Contudo, houve períodos de fé e grande testemunho. Mere-
ce menção: a época de Josué e os anciãos após ele, os dias do
Rei Davi e os primeiros anos de Salomão.
O testemunho de Israel deveria ter sido o testemunho de uma
nação plena de amor e de justiça porque estava submissa ao D-us de
amor e justiça, que é o Criador do universo - Deuteronômio 4.5-8
diz: "Eis que tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o
SENHOR meu D-us, para que assim façais no meio da terra que
passais a possuir Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a
vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos po-
vos que, ouvindo todos estes estatutos dirão: "Certamente este gran-
de povo é gente sábia e entendida. Pois, que grande nação há que
tenha deuses tão chegados a si como o SENHOR nosso D-us, to-
das as vezes que o invocamos? E que nação há que tenha estatutos
e juízos como toda esta Lei que hoje vos proponho?"
A vida no Reino não é apenas uma vida de caráter, mas uma
vida no poder de D-us. Se Israel tivesse obedecido os mandamen-
tos de D-us teria experimentado o poder de D-us em sua vida. Isto
teria sido também um testemunho para os povos da terra. As pro-
messas eram extraordinárias. O povo não experimentaria nenhUilla
das doenças dos egípcios (Êxodo 15.26). Nenhuma israelita seria
estéril. Cada um viveria todos os seus dias (Êxodo 23.26). Alem
disso, haveria uma prosperidade extraordinária na terra, em sua 1Í'
dústria, e seus relacionamentos. Em Deuteronômio são listadas as
Uma Manifestação da Vida no Reino de D-us 45
6nçã05 maravilhosas da obediência. E mais, em relação às nações,
Israel seria a cabeça e não a cauda. Seus inimigos viriam por um
caminho e fugiriam por sete. Israel não devia entrar em aliança com
os nações estrangeiras, para não compartilhar dos deuses das na-
ções, o que era prática comum na aliança. D-us seria sua proteção
sobrenatural. Durante o período em que fosse fiel, Israel veria o
cumprimento das promessas. Durante o reinado do Rei Josafá, os
exércitos inimigos de Israel fugiram um após o outro perante os
cânticos de louvores de Israel. Nenhuma flecha foi disparada ou
espada desembainhada.
Esta pequena nação, entre grandes e poderosos impérios, não
seria subjugada por qualquer nação maior; seria um testemunho
miraculoso. Provava que o D-us de Israel era maior que todos os
outros deuses, e o Único D-us de toda a terra.
Naturalmente, este testemunho foi limitado. Israel caiu e foi
levado cativo como predito nos escritos mosaicos. Até mesmo o
cativeiro e o retorno à terra era uma manifestação do poder de
D-us e Sua soberania! D-us prometeu uma Nova Aliança a Isra-
el quando escreveria Suas Leis em seus corações e os levaria a
obedecer a Seus estatutos ejuízos. Todos conheceriam o Senhor
intimamente (Jeremias 31.31; Ezequiel 36.25). Conhecer nesta
passagem significa se relacionar intimamente. Outrossim, D-us
reafirma Sua promessa à nação, uma promessa de redenção e de
habitar na terra de Israel e não\ser exterminado da terra.
A promessa de redenção de Israel está associada à promessa
de redenção de todas as nações do mundo (Isaías 2.1 e ss; Isaías
11.1 e ss).
Israel é chamado para estabelecer uma nação no meio da terra
que preservou e viveu, conforme a verdade de D-us, a Palavra,
Seus padrões e Sua redenção.

VI
O CHAMADO DE ISRAEL NUMA
ÉPOCA DE TRANSIÇÃO
Com a vinda de Yeshua e o derramamento do Espírito na
Festa de Shavuot (Pentecostes), o Reino de D-us veio em grau
maior do que no período anterior à Nova Aliança. Enquanto Israel
tinha o Espírito habitando no Santo dos Santos do Templo, na Nova
Aliança, cada indivíduo tomou-se um Templo do Espírito Santo e
a Assembléia (Igreja) reunida em Yeshua é também um Templo
do Espírito.
A EXPECTATIVA DE ISRAEL
Israel esperava a vinda do Messias para libertá-lo de SeUS
inimigos. No séc. 1, buscavam a libertação da opressão romana.
D-us derramaria a Sua ira sobre as nações. Seria um livramento
tal, que a cegueira das nações seria removida e todos viriam para
o Reino de D-us (Isaías 25-27). Israel tornar-se-ia a capital das
nações e a Palavra do Senhor sairia de Sião (Isaías 2). Todo
mundo prosperaria sob o Governo do Messias e Israel cumPrh11l
46
O Chamado de Israel numa Época de Transição 47
plenamente seu Dom e seu chamado.
Ninguém se deu conta de que deveria haver uma era de tran-
sição na qual D-us seria oferecido aos gentios antes da Era Vin-
doura. Todavia, D-us mostra claramente Suas intenções (Atos
10.13). Como estabelecimento do povo da Nova Aliança, tanto
judeus quanto gentios formam o Corpo do Messias. Entretanto,
em meados do segundo século a maioria dos gentios perdeu a
compreensão da continuidade do dom e chamado de D-us para
Israel. Uma vez que toda a Igreja é um Reino de Sacerdotes (1 Pedro
2.9), porque ainda continua o papel sacerdotal de Israel? Seria o
remanescente salvo de Israel, o judeu crente em Yeshua, parte da
continuidade deste chamado? Em que a crença em Yeshua faz
diferente o chamado do judeu? Estas são questões centrais para
se responder. Muitos têm afirmado que o chamado de Israel étni-
co teve seu término com a criação da Igreja. Outros argumentam
que mesmo que haja tal chamado, o judeu crente não faz parte
dele. Já afirmamos que isto é contrário ao exemplo e ensino apos-
tólicos. Em que se assemelham e em que se distinguem os ju-
deus e gentios no Corpo dos Crentes? Seu papel sacerdotal é
semelhante ou diferente?
O CHAMADO DA NAÇÃO INCRÉDULA
Falamos primeiro da continuidade do chamado da nação
Como um todo, embora a grande maioria seja incrédula. Mesmo
descrente (em Yeshua), o povo judeu pode ainda testificar a ver-
dade das Escrituras. Mesmo que dispersos, foram no meio das
nações um testemunho, as Escrituras foram cumpridas (Levítico
26, Deuteronômio 28). Que outras nações foram assim preser-

48 O Chamado Irrevogável
vadas durante séculos de história? Esta é uma prova surpree..
dente para todo o mundo, uma prova óbvia que testifica ao mu.
do a veracidade da Palavra de D-us. Além disso, o sofrimento de
Israel em toda sua história comprova o quadro do sofrimento
antevisto pelos profetas e pelas próprias palavras de Yeshua, de
que Jerusalém seria pisoteada pelos gentios. Pela sua misericór-
dia, D-us deu períodos de prosperidade aos judeus em alguns
lugares, mas ultimamente, a perseguição novamente acendeu,
quando D-us permitiu o anti-semitismo satânico. A atitude da
Igreja e das nações onde o povo judeu vive, tem-se mostrado um
teste de D-us e também umjuízo para as nações.
A reunião do povo judeu na Terra de Israel, sem que a maio-
ria creia emYeshua como o seu Messias, é também um quadro
tremendo da verdade da Palavra de D-us. O Bispo Joseph Buther,
em 1732, escreveu que deveríamos esperar por este retorno. Nun-
ca na história uma nação fora reconstituída. Em Zacarias 12,
encontramos descrito que o povo judeu estaria na terra antes de
confessar o Messias (Zacarias 12.10). Ezequiel 37 nos dá um
quadro surpreendente do povo judeu após o Holocausto. Eles
estavam como ossos espalhados sem vida. Mesmo assim, D-us
os reconstituiu antes de colocar o Seu Espírito neles.
Através desses diversos caminhos: a dispersão de Israel, a
continuidade da história judaica mesmo em dispersão, e a reu-
nião do povo à terra, vemos a continuidade dos dons e o chama-
do de D-us servindo como testemunho da verdade da palavra de
D-us.
A existência contínua do Shabat e Festas é também um quadro
da redenção e da verdade espiritual para proveito e compreen-
são do mundo. Alguém pode argumentar que Israel é uma nação
incrédula e cega em relação ao significado chave de suas práticas-
w_
O Chamado de Israel numa Época de Transição 49
Ainda assim, os quadros apresentados são válidos. Sem dúvida,
um ator pode representar o papel de um grande personagem
bíblico sem crer em toda a Bíblia. Mesmo assim, as platéias se
emocionam e até mesmo aceitam o Evangelho. Os judeus orto-
doxos, em sua maioria, crêem nas Escrituras Hebraicas como a
palavra de D-us, mesmo sem entender, de modo completo, esta
palavra. Mesmo que sua prática de vida não reflita de modo pleno
o pensamento e a prática das Escrituras Hebraicas, este é ainda
um Livro que todos podem ler e serem beneficiados por seu
estudo. Embora o povo judeu não esteja envolvido com sacrifícios
literais, muitos de seus cultos estão de acordo com o período em
que havia sacrifícios no Templo. A vida judaica reflete ainda
muito das Escrituras Hebraicas. O chamado irrevogável continua,
embora de forma enfraquecida, devido à perda das práticas vividas
no Templo. Esse enfraquecimento se deve ao fato de Yeshua
não estar no centro do que é feito, porque o brilho da luz do que
é verdadeiro é muito maior do que a sombra que foi prefigurada.
Mesmo assim, muito do significado e profundidade do ensino
bíblico é ainda projetado na vida judaica.
Teria ainda continuidade o elemento intercessório mesmo na
nação descrente? Cremos que sim, mas reconhecemos que este
é um ponto discutível. À medida que as práticas de Israel cla-
mam pela redenção do mundo e pelo juízo dos últimos dias, elas
projetam significados das Escrituras. Muitas das liturgias judai-
cas são repetição das Escrituras. Mesmo descrente, Israel fala a
Palavra de D-us, e Sua Palavra não volta vazia. É verdade que,
se cressem emYeshua haveria um poder intercessório muito maior
na vida judaica. Entretanto, há ainda uma liberação de um signi-
ficativo poder que faz a história se mover em direção ao estabe-
lecimento do Reino de D-us na terra. Por isso, um papel sacer-
50 O Chamado Irrevogável O Chamado de Israel numa Época de Transição 51

dotal deve ser perceptível mesmo na nação descrente. Vindoura. Somente o judeu crente emYeshua, por possuir a Ple-
Israel é uma nação representativa entre as nações. A Igreja é nitude do Espírito e a fé, pode vivenciar plenamente o significa-
uma representação de todas as nações. Antes da volta de Yeshua do intercessório das Festas e práticas judaicas em Yeshua.
deve haver um remanescente adequado vindo de cada nação para
que "O Evangelho do Reino seja pregado em todo o mundo,
para testemunho a todas as nações. Então, virá ofim" (Mateus
24.14). Este é o fim desta era e a inauguração da Era Vindoura.
Por causa da representação sacerdotal, a Igreja grita: Maranata!
Vem Senhor! Esta representação adequada trará os juízos dos
últimos dias e a vinda de Yeshua. Quando a Igreja grita,
Maranata! Vem Senhor! ela clama pela vinda do Senhor que
governará todas as nações, e de maneira particular a Igreja de
uma nação da qual um remanescente é reunido. Eles clamam em
unidade pela vinda de Yeshua e para que Ele governe Sua na-
ção. De qualquer modo, ainda há entre as nações uma nação
literal que é representativa de sacerdotes. Esta nação deve cla-
mar pela vinda de Yeshua e Seu Governo mundial com as pala-
vras: "Bendito é o que vem em Nome do SENHOR" (Mateus
23.39). Portanto, parte do chamado de Israel é clamar pela vin-
da do Messias. Isto trará a liderança da nação como representa-
do nas palavras de Yeshua para Jerusalém, que é um eufemismo
para a liderança. Assim, o clímax da representação intercessória
do propósito redentor de Israel é clamar por Yeshua e convidá-lo
a governar Israel e as nações.
O remanescente salvo de Israel, porque ainda vive uma vida
no estilo judaico, é prova da continuidade da Aliança de D-us
com a nação de Israel como um todo.
O remanescente salvo de Israel, o judeu crente, viverá até
que haja o cumprimento total de tudo o que a vidajudaica signi-
fica e que virá a cumprir-se em Yeshua nos últimos dias e na Era
52 O Chamado Irrevogável

Roed te
Caeearea
JERUSALÉM NOS TEMPOS
DO NOVO TESTAMENTO
5 Y4r$

l4l 450

Walis in the time aÍ leus

Íatei walis built by Ãgrippa 1
Earlv wall of unkno n Presoot-day wlI
origin and date

VI.
Poo! aí
8eihzarha
O REMANESCENTE SALVO DE ISRAEL
Antonia
NUMA ÉPOCA DE TRANSIÇÃO
\ Fortress
Pretorum ?J
Hoad to Tudo o que já foi dito acerca da nação de Israel é verdadeiro
Jop0a Gethsemane
'-Á O para o remanescente salvo de Israel. Os judeus seguidores deYeshua,
Golgç tha -w
f
Te ainda fazem parte de Israel e são também os membros judeus de um
Rrid Moura eI
Pool novo corpo, a Igreja. O crente judeu, pelo estilo de vida judaico,
mantém vivo o verdadeiro significado contextual para a compreen-
o Stair
case são das Escrituras. O discípulo judeu de Yeshua é a prova que o
Hasmonean
Ho
PaLac(
*d Palace

Theater?
Hippodrome
Stree

o
8
ci
dom e o chamado de D-us à nação de Israel, como um todo, ainda
continua. O apóstolo Paulo aponta o fato de que a sua própria fé
prova que a nação de Israel não foi rejeitada. E mais, há um rema-
Gihon Spring
ID
nescente salvo pela graça (Romanos 11.5) que prova que D-us não
Tunnel rejeitou a nação como um todo. Isto só pode ser entendido pelo
PaoI princípio da representação corporativa. Há uma minoriajusta. Esta
o( Si/oiro
é a natureza do argumento de Paulo em Romanos 11.16-24, quan-
do diz que se parte da nossa massa ofertada como primícias for
santa, então, toda a massa o será. Este testemunho é significativo
Vagi e y somente quando o judeu seguidor deYeshua vive uma vida no esti-
o
Enroge1 Spring
Road to /J
8ethhem
lo judaico.
Road to lhe
D~ 8.. -J Quando o judeu seguidor de Yeshua celebra o Shabat e as Fes-
Uso do mapa com permissão. Direitoss autorais: United Bible Societies, 0 1976, 1978 53
54 O Chamado Irrevogável O Remanescente Salvo de Israel numa Época de Transição 55

tas, ele celebra o pleno significado não possível ao judeu tradicional ISRAEL E A IGREJA NA HISTÓRIA
que não conhece o Senhor. Consequentemente, o discípulo judeu
D-us estabeleceu um plano particular para esta era de transição
mostra o significado da existência de D-us pelo Shabat, pelas Festas
da história que deve ser cumprida antes da volta deYeshua e o início
e pela natureza dos últimos dias e da Era Vindoura com poder muito
da Era Vindoura. Este plano inclui um povo de todas as nações que
maior, compreensão e a centralização na pessoa do Messias Yeshua.
seria salvo, receberia o chamado para ver Israel salvo "Veio a salva-
Quando um judeu crente abandona seu estilo de vida judaico, ele
ção aos gentios, para pô-los em ciúme" (Romanos 11.11). Para
testifica que Israel não mais será levado em consideração e que ele
fazer isto, os gentios deveriam seguir o exemplo do apóstolo Paulo
não faz parte mais desta nação.
(um judeu messiânico) para provocariam ciúmes em Israel ampliando
Quando aconteceu o Concilio em Jerusalém (Atos 15), Tiago
declarou que os gentios estavam livres de observar os distintivos o ministério. Isto significa ampliar a obra do Espírito em sinais, ma-
ravilhas, milagres e vidas restauradas. As manifestações do Espírito
específicos da vida judaica. Ele também observou que Moisés era
dessa forma provocariam ciúmes no povo judeu. Um remanescente
lido todas as semanas nas sinagogas. Nesta época, os judeus discí-
significante de Israel assim será salvo (Romanos 11.14). Por último,
pulos de Yeshua ainda estavam nas sinagogas. A expectativa era o
que os gentios deveriam aprender da prática judaica (às vezes rela- o testemunho do judeu e do gentio no poder e presença do Espírito
e a pregação do Evangelho conduzirão todo o Israel a ser salvo.
cionadas como se guiadas pelo Espírito) e do pleno significado das
Resultará vida da morte (Romanos 11.15)! A salvação de Israel
Escrituras. Nunca houve, na verdade, qualquer pensamento que os
trará a Era Vindoura (Zacarias 12.10; 14.9; 14.16). Em Romanos
seguidores judeus deYeshua não deveriam continuar a viver como
11.25-31, Paulo mostra claramente que a nação de Israel será salva
judeus. Assim também, nos dias de hoje, o estilo de vida judaica
("todo o Israel será salvo"). A maneira disso acontecer é através da
proclama que D-us existe e regerá todo o mundo. Toda vez que um
misericórdia dos gentios e o testemunho dos judeus crentes para
judeu observa o Shabat, ele proclama a plenitude da redenção que
com eles. O papel dos gentios é mostrar misericórdia:
há de vir quando o Messias Yeshua governar as nações. O estilo de
vida judaico continua a refletir o significado triplo:
"Porque assim como vós também outrora fostes desobedi-
1-Figurada redenção e verdade espiritual;
entes a D-us, mas agora alcançastes misericórdia à vista
2- Ações proféticas que anunciam o que eles retratam;
da desobediência deles, assim também estes agora foram
3-Atividade intercessória pela redenção de todo o mundo
desobedientes, para que igualmente eles alcancem miseri-
O crente judeu, por ser o elo orgânico entre Israel e a Igreja, é a
córdia, à vista da que vos foi concedida. Porque D-us, a
prefiguração da unidade de Israel, que estará na Igreja sendo ainda
todos encerrou na desobediência, afim de usar de miseri-
a nação de Israel. O judeu messiânico desempenha um papel neces-
córdia, para com todos" (Romanos 11.30-32).
sário; a carta aos Romanos indica que um remanescente de Israel
deverá ser salvo antes que todo o Israel seja salvo.
56 O Chamado Irrevogável
Como os gentios mostrarão misericórdia para com o povo ju-
deu? As Escrituras mostram isso de maneira clara. Primeiro, mos-
trando amor e um testemunho verdadeiro do Messias Yeshua pelo
poder e presença do Espírito. Os gentios devem mostrar o Evange-
lho ao povo judeu. Além disso, os gentios devem mostrar ações de
amor e amabilidade para com o povo judeu. Vemos isso na intenção
de Paulo de coletar fundos para o povo judeu, especialmente os
judeus seguidores de Yeshua. "...porque, se os gentios têm sido
participantes dos valores espirituais dos judeus, devem também
servi-los com bens materiais" (Romanos 15.27). O ministério de
oração para a salvação do povo judeu é um dos maiores meios de
mostrar esta misericórdia. Em épocas de anti-semitismo e persegui-
ção, o resgate e o apoio ao povo judeu é a parte crucial desse
testemunho.
Além de tudo, os gentios devem demonstrar para com o povo
judeu, um reconhecimento e gratidão não-idólatra. Muitos deles
padeceram para preservar o texto das Escrituras e a verdadeira fé
em D-us neste mundo. Foi um remanescente do povo judeu que
levou o Evangelho para o mundo. Uma clara compreensão do cor-
reto estilo de vida judaico é importante nesta apreciação. Os cristãos
devem, por isso, estar na dianteira da luta contra o anti-semitismo.
Podemos afirmar que, apesar de a Igreja ter nascido do povo
judeu, a Igreja é o seio de intercessão que gerará o renascimento do
povo judeu.
UM NOVO DESAFIO DE CURA
Contudo, encontramos aqui um terrível problema: a Igrej a his-
toricamente tem falhado profundamente em cumprir seu papel or
O Remanescente Salvo de Israel numa Época de Transição 57
denado por D-us. A Igreja tem sido afetada pelo anti-semitismo,
que foi chamada para combater. A história da cumplicidade da Igreja
no anti-semitismo e nos crimes contra o povo judeu é uma das mai-
ores tragédias da história.
John Dawson, em seu livro, Healing America s Word (A pa-
lavra de cura para a América), acha que esta é a maior chaga de
toda a história. Ele crê que a reconciliação de Israel e da Igreja
irá liberar o poder de D-us para a maior colheita evangélica que
o mundo já viu. O livro não diz como essa cura ocorrerá.
Dawson, em seus escritos, apresenta fortes motivos para o
ministério de reconciliação entre os povos através da
representatividade desses povos na Igreja. Há chagas históricas
entre povos: americanos africanos x americanos europeus; japo-
neses x coreanos; sérvios x croatas; árabes xjudeus e inúmeros
outros. Esse ódio é herança de gerações e ele fornece poder para
principados e potestades e impede o sucesso do Evangelho.
Dawson tem se envolvido em núcleos de oração que promovem
a reunião de elementos representativos desses grupos citados. E
dada oportunidade a cada um de ouvir a opinião uns dos outros;
eles esperam no Senhor, eles se arrependem de seus pecados,
eles se perdoam mutuamente no contexto de representante de
suas nações. Isto deve ser feito com uma representação
significativa dos grupos opositores. Dawson vê um avanço
significativo do Evangelho. Historicamente, os crentes têm-se
limitado a estar ao lado de seu grupo particular nesses conflitos.
Todavia, D-us nos deu o ministério de reconciliação. Os crentes,
Como sacerdotes, aplicam o sangue de Yeshua aos conflitos pe-
caminosos e representam o seu povo. Com base nos princípios
de Dawson, esta reconciliação pode ocorrer quando os judeus
Crentes se encontrarem com os representantes da Igreja, porque
58 O Chamado irrevogável
somente o judeu seguidor de Yeshua pode representar
efetivamente seu povo e aplicar o sangue do Cordeiro para o
perdão e a reconciliação. Isto agora faz parte do chamado dos
judeus crentes que surgiram por causa do curso da história. Esta
é uma forma crucial de representação intercessória. Quando con-
versei sobre isto com Dawson, pessoalmente e por carta, ele
imediatamente entendeu. É o mesmo princípio de sua filosofia
da cura entre os grupos étnicos. Nunca havia acontecido que
uma representação significante de correntes da Igreja se unisse
com a liderança judaico-messiânica para tratar a ferida e repudi-
ar a decisão dos rabinos emYavenh contra os judeus messiânicos.
As atitudes e a eventual decisão oficial pela exclusão dos judeus
messiânicos dos pais da Igreja não têm sido compreendidas.
Precisamos compreender esta história para entendermos o seu
peso. Um ativo padre católico do movimento carismático escre-
veu um livro monumental The giory and the Shame (A Glória e
a Vergonha). Ele se chama Peter Hocken. Neste livro, Hocken
afirma que o derramamento do Espírito acontece, além de outros
motivos, para que haja unidade na Igreja. Todavia, parece que
traz como conseqüência divisão na Igreja. Por quê? Hocken ar-
gumenta que a Igreja é amaldiçoada com divisões até que trate
da sua relação com Israel. As divisões são um julgamento resul-
tante em parte de sua relação com Israel. A Igrej a não resolverá
sua relação com Israel de modo adequado, enquanto não tratar -
de um de seus maiores desafios: o Movimento Judaico
Messiânico. Por quê? Porque a primeira divisão da Igreja foi a
rejeição da Igreja Judaico-Messiânica nos primeiros séculos da
história da Igreja. Esta é a chave central do anti-semitismo.
Hocken argumenta que o movimento judaico-messiânico deve
ser auto governado para desempenhar o seu papel entre as
O Remanescente Salvo de Israel numa Época de Transição 59
denominações e crescer. Creio que essas diferenças de doutrina
devem servir como uma parte para o retorno às raízes e contexto
judaico.
Após o primeiro século, a atitude da liderança da Igreja para
com os judeus crentes em Yeshua mudou muito. No primeiro
século, os judeus crentes eram respeitados como os patriarcas da
Igreja. Os apóstolos eram judeus. Todavia, a destruição de Jeru-
salém e a dispersão do povo judeu, junto com o desprezo dos
romanos pelos judeus após as revoltas judaicas contra Roma,
fez com que muitos tivessem uma nova atitude. Os judeus foram
logo vistos como oficialmente amaldiçoados por D-us e o cha-
mado irrevogável de Israel foi cancelado. A Igreja foi considera-
da como o Novo Israel substituindo plenamente o Velho Israel.
Os historiadores mostram que houve dois grupos de povo judeu
que aceitou a messianidade de Yeshua. Um foi o grupo herético
que não recebeu os escritos de Paulo e parte do Evangelho. Eles
rejeitavam a Divindade de Yeshua. Foram os Ebionitas. O outro
grupo aceitou a Divindade de Yeshua e todo o Novo Testamen-
to. Foram os Nazarenos. Ambos os grupos foram rejeitados.
Justino Mártir disse: "Aquele que tem de ser ao mesmo tempo
cristão e judeu, pode ser que nunca seja cristão nem judeu".
Justino aceitava que os Nazarenos fossem salvos. Eles eram des-
cendentes da família de Yeshua! Mais tarde todavia, os chama-
dos Pais da Igreja, negavam a salvação dos Nazarenos e diziam
que o estilo de vida judaica emYeshua é heresia. Isto foi canoni-
zado no II Concilio de Nicéia e reafirmado na história da Igreja
até meados do século dezenove. Quando um judeu professasse
a fé em Yeshua, exigia-se dele a renúncia a seu povo, renúncia à
toda prática judaica, mudança de seu nome para um nome cris-
tão, e comer carne de porco. Documentos foram assinados de
60 O Chamado Irrevogável
acordo com esses princípios. (Esta história e tais documentos
foram reproduzidos por Schaenfield, a History Jewish Cristianity
e foi resumida por D. Juster, em Jewish Roots, a Fundation of
Biblical Theology). Foi um grande pecado. Muitos descenden-
tes dos que deram a liberdade aos gentios não se tornavam ju-
deus na prática, sendo ainda impedidos de exercer seu chamado
e sua identidade. Além disso, o povo judeu foi o único grupo
étnico, em toda a história, a ser recusado numa Igreja étnica, por
isso, o crente judeu era declarado não mais judeu e devia ser
discriminado de outros grupos étnicos.
O anti-semitismo que daí surgiu foi tremendo. Crisóstomo
descreve os judeus como verdadeiros demônios (séc. V). Os cru-
zados consideravam que matar judeus era um ato de fidelidade a
Yeshua. Eles mataram milhares a caminho da Terra Santa e em
Jerusalém. Lutero injuriava os judeus. Os judeus que criam em
Yeshuà e eram descobertos celebrando a Páscoa ou outras práti-
cas judaicas, eram queimados na fogueira por heresia. Esta é
uma profunda chaga e um grande pecado. Foram feridos tanto o
povo judeu como aqueles que causaram a ferida.
Por outro lado, a comunidade judaica concordou com o pon-
to de vista que Se devia ser ou cristão ou judeu. Não houve opo-
sição do judeu messiânico. Na reunião dos rabinos em Yavneh
em Israel, no séc. 1, Simão, o Menor compôs uma lista de maldi-
tos que inclui os seguidores deYeshua. Eles não podiam ficar de
pé até que essa frase fosse lida como parte da oração com dezoi-
to bênçãos (Birkát Ha Miním - Bênção dita contra os hereges).
Os judeus crentes eram assim identificados e retirados das sina-
gogas.
De maneira espantosa, tanto a Igreja como a Sinagoga nega-
ram o lado orgânico entre eles: - Os judeus messiânicos. Ainda,
O Remanescente Salvo de Israel numa Época de Transição 61
sem esse elo orgânico, a reconciliação entre a Igreja e o povo
judaico se torna impossível. Se olharmos de maneira comparati-
va, entenderemos que o diálogo cristão-judaico não pode acon-
tecer, a menos que haja um crescente movimento judaico-
messiânico que organicamente tanto seja parte de Israel como da
Igreja. Este movimento, para ser efetivo deve refletir um estilo
de vida judaico emYeshua. Ironicamente, aos judeus messiânicos
é negado o envolvimento neste diálogo tanto pelos judeus, como
pelos cristãos. Diz-se que se quisermos ter uma relação amigável
com a comunidade judaica, devemos excluir os judeus
messiânicos. Podemos entender as razões históricas disto.
Todavia, quando pensamos em termo comparativo e espiritual e
no significado da reconciliação pelo sangue deYeshua, sabemos
que a exclusão dos judeus messiânicos é um grande erro.
Portanto, é incumbência dos cristãos procurar dar-se em tes-
temunho, oração e ajuda financeira para ajudar a estabelecer o
remanescente salvo de Israel e restaurar o seu lugar de honra na
Igreja.
IMPLICAÇÕES DE MALAQUIAS 4
Alguns líderes proféticos têm discernido em Malaquias 4 mai-
ores implicações do que apenas uma reconciliação entre pais e
filhos. Assim como há um grande princípio divino no manda-
mento: "Honra teu pai e tua mãe", também há um princípio
divino na implicação de honrar toda autoridade. Quando pensa-
mos em converter o coração dos pais aos filhos e o coração dos
filhos a seus pais no contexto do povo judeu e a Igreja, é fácil
ver as implicações proféticas. A Igreja precisa honrar seu pai
espiritual, Israel. Mesmo que a Igreja possa ver o povo judeu
62 O Chamado Irrevogável
como falho com respeito aYeshua, deve ser como uma criança
que deve respeito a seus pais que ainda não crêem. Esta honra
prestada ao pai espiritual é crucial para que a Igreja entre em sua
correta posição, entendimento e unidade. Como Hocken apon-
ta, a correção da doutrina que faz parte da unidade da Igrej a virá
com o entendimento do Novo Testamento no contexto judaico.
Contudo, o povo judeu precisa ver a Igreja como um produ-
to seu. Talvez se pareça com uma criança mimada. Somente os
judeus messiânicos podem apreciar plenamente isto. Mas, assim
como o pai deve orar intensamente para que seus filhos cum-
pram seu destino com retidão, também os judeus messiânicos
estão encarregados de orar pela unidade, restauração, poder,
pureza, efetividade e compreensão das raízes judaicas de toda a
Igreja dos crentes nascidos de novo. Na verdade, muitos na Igreja
oram neste sentido, mas as orações dos judeus messiânicos são
essenciais para o contexto corporativo a fim de que tais orações
tenham sucesso. O judeu messiânico sabe bem que se a Igreja
não cumprir seu chamado e destino, Israel não será salvo e a
redenção mundial não virá. Ele sabe também que se o Movimento
Judaico-Messiânico não se fortalecer e desempenhar seu papel
específico em Israel e mais amplamente no Corpo do Messias, a
esperança da redenção mundial não se cumprirá. Israel e a Igreja
são interdependentes e completamente diferentes; mas, seus papéis
sacerdotais são complementares. Sem os judeus messiânicos,
ninguém pode cumprir seu destino pleno. Os judeus dependem
da obra de D-us através dos gentios para sua salvação e os gen-
tios dependem da obra de D-us através dos judeus. Isto é o que
podemos concluir pelo capítulo 11 de Romanos. Vemos o cha-
mado sacerdotal dos judeus para com os gentios: "D-us a todos
encerrou na desobediência, afim de usar de misericórdia para
O Remanescente Salvo de Israel numa Época de Transição 63
com todos". (Romanos 11.32).
Creio que isto delineia o quadro a seguir. Antes que entre-
mos nos tempos finais, o judeu dirá ao gentio no Messias: "Eu
honro você, porque sem sua fé e orações, eu não seria salvo ".
Todavia, o gentio dirá ao judeu: "Sem sua fidelidade empreser-
var as Escrituras, e levar o Evangelho ao mundo, nós nunca
teríamos sido salvos". Cada um se curvará para honrar o outro,
D-us busca humildade! Ele estabeleceu a interdependência. Por
último, o fim desta era e as últimas batalhas, uma guerra tanto
física quanto espiritual, como descrito pelos profetas, acontecerá
assim que crentes judeus e o restante da Igreja estejam em retidão
uns para com os outros. Um testemunho adequado para todas as
nações deve ser dado ao povo judeu, pela Igreja como um todo
e os judeus messiânicos. Somente então, Israel em suas últimas
batalhas clamará por Yeshua para salvação. Este relato
emocionante é encontrado em Joel 3; Zacarias 12 e 14 e
Apocalipse 19: "Bendito é o que vem em Nome do SENHOR"
(Mateus 23.29). Todo joelho se dobrará e toda língua confessa-
rá que Yeshua é o Senhor (Filipenses 2.11).

VII.
O CHAMADO JUDAICO
NA ERA VINDOURA
Há um destino para Israel e para a Igreja; ambos estão no
limiar do cumprimento deste destino. Para a Igreja, esse destino
é reinar como Noiva-Rainha ao lado do Noivo na Era Vindoura.
Para Israel, é ser a capital das nações, o lugar do aparecimento
visível do Messias. O judeu messiânico participará de ambos.
Haverá uma Era descrita pelos profetas na qual as pessoas vive-
rão tanto tempo quanto antes do dilúvio e amarão e adorarão
Yeshua. O conhecimento do SENHOR cobrirá toda a terra
como as águas cobrem o mar (Isaías 11.9). Haverá casamentos
maravilhosos, crianças, ausência de fraqueza e doenças, e
inexistência de tragédias acidentais. Esta é a implicação de Isaías
2.11 e 66. Alguém pode acompanhar esses escritos e concordar,
mesmo não vendo uma era milenar literal conhecida como a vi-
são pré-milenar. Todavia, a redenção é um processo que aconte-
ce por estágio. Faz sentido para mim que, deverá haver uma era,
na qual a raça humana desfrutará sua salvação conforme todas
as promessas de vida santificada. Essas promessas estão agora
potencialmente em cada crente, mas serão experiências reais das
o
64
O Chamado Judaico na Era Vindoura 65
pessoas quando Satanás for preso. Isto provará para sempre a
fidelidade das promessas de D-us. Demonstrará que o que D-us
prometeu, foi atingível verdadeiramente pela fé e pela obediên-
cia. Após essa Era, haverá uma Nova Jerusalém e Novos Céus e
Nova Terra (Apocalipse 21,22). Durante o Milênio, Israel her-
dará a terra conforme toda descrição de seus limites. Então, os
mansos herdarão a terra e toda a terra se tornará uma terra pro-
metida.
As Escrituras indicam que as nações se contactarão com prá-
ticas que até este tempo eram desfrutadas por judeus (Shabat,
Lua Nova e Tabernáculos - Isaías 66.23 e Zacarias 14.16-19).
Não sabemos a extensão de tal universalização das práticas ju-
daicas. Todavia, está claro através dos profetas, que o povo ju-
deu ainda vive uma representação pictórica da verdade por cau-
sa de todas as nações. A nação judaica será um centro de ensino
para todo o mundo. Todas as nações virão à Jerusalém (Isaías
2.1-3). Quer haja um Templo real ou uma representação espiri-
tual, o pleno significado da expiação de Yeshua será ensinado
através disso. Os dons e o chamado irrevogável de Israel conti-
nuarão nesta época, mas em seu cumprimento glorioso, assim
como os profetas falaram com relação à uma época para Israel
como chefe das nações. Israel trará riqueza para as nações e as
nações abundância para Israel. Israel servirá o Senhor de uma
maneira especial como um Reino de Sacerdotes ao lado da Rai-
nha ressurreta e trasladada. Grandes celebrações acontecerão ali,
espalhando-se por todas as nações do mundo. As nações serão
disciplinadas.
Cremos que todas as nações terão uma glória única que não
pode ser substituída por nenhuma outra. Assim, em Apocalipse
21,22 lemos a descrição da Nova Jerusalém nos Novos Céus e
66 O Chamado Irrevogável O Chamado Judaico na Era Vindoura 67

na Nova Terra. Vemos a eterna raiz judaica da Cidade Santa,

pelos nomes das 12 tribos de Israel em seus portões, e os nomes
dos 12 apóstolos judeus adornando suas pedras da base. As na-
ções virão à ela e trarão as suas riquezas a Israel. Isto significaria
apenas riqueza material? Certamente que não. Isto significa, que
contribuições gloriosas únicas da cultura de cada nação estarão
na Nova Jerusalém. Muitos têm a idéia de que o objetivo da
redenção é a eliminação de povos distintos. Não é assim o pro-
pósito redentor único e contribuição de cada nação. Nenhum
indivíduo é exatamente como o outro e nenhuma nação é como
a outra. Sem dúvida, vemos nos movimentos multiculturais de
nossos dias uma "meia verdade". Com certeza, esta é a perversão
de Satanás nos dizendo que todas as culturas são criadas em igual-
dade e que não há padrões parajulgar culturas (relativismo cul-
tural). Todavia, a verdade é que quando os aspectos demoníacos
das culturas forem eliminados e os elementos da graça de D-us
forem preservados e redimidos, haverá um multi-culturalismo
bíblico que enriquecerá a todos com um surpreendente tapete de
variedade. Esta beleza e riqueza nunca levará ao tédio. Para que
todos conheçam a glória de D-us, a glória da Noiva, a glória de
Israel e a glória das nações. Todos eles estarão entrelaçados na
Nova Jerusalém. Nós encorajamos o leitor a estudar as seguintes Réplica do Segundo Templo nos dias de Jesus
passagens: Isaías 60.1-12; 11; 2; 49.6; 27.6; Jeremias 33 e 31
para iniciar-se nesses temas bíblicos.
 Algumas Aplicações Práticas 69

da a líderes do movimento judaico-messiânico. Buscamos pes-

soas que sejam não estrelas medianas, mas verdadeiros constru-
tores na Igreja. Consequentemente, buscamos aqueles que se
juntarão a nós e crêem na oração reconciliatória e no tipo de
arrependimento representativo e perdão dito por Jonh Dawson.
Cremos que haverá muitas reuniões de líderes representativos
de Israel e da Igreja para arrependimento e perdão de uns para
com os outros. Devemos começar pela ferida causada pela rejei-
vifi. ção da legitimidade dos seguidores judeus deYeshua no segun-
ALGUMAS APLICAÇÕES do século da Igreja e pelos Concílios na época dos chamados
pais da Igreja. Será um encontro com muita oração, lágrimas e a
PRÁTICAS aplicação do sangue do Cordeiro para os nossos pecados. Arre-
pender-nos-emos pelo Birkát HaMiním deYavneh (Benção dita
Na época em que este livro foi escrito, encontramos várias
contra os hereges) . A Igreja se arrependerá por suas afirmações:
outras pessoas que têm uma compreensão similar à descrita nes-
"Se alguém deve ser cristão e judeu, pode ser que nunca seja
te livro. Estamos trabalhando juntos com estes objetivos. Pri-
cristão nem judeu ".
meiro, desejamos ver o movimento messiânico bem estabeleci-
Este grupo precisa incluir um quadro de representantes de
do em cada um dos grandes centros de população judaica do
várias nações e diferentes correntes históricas na Igreja. O Espírito
mundo. Segundo, esperamos que este movimento judaico-
começou a mover homens-chave, a fim de se unirem para este fim.
messiânico desperte uma força de intercessão pela salvação de
Cremos que todos orarão por nós. Pois, este é o ponto central
Israel, das nações e, especialmente, pela restauração e unidade
para que Israel cumpra seu chamado irrevogável e a Igreja cum-
da Igreja. Temos trabalhado na Igreja para que veja seu papel
pra seu chamado e propósito. É a chave para a redenção do
intercessório e receba o encargo de orar pela salvação de Israel e
mundo.
para o estabelecimento do remanescente salvo de Israel (Isaías 10.22)
Oremos juntos por esses objetivos; oremos pela restauração
e a restauração de seu devido papel no Corpo do Messias. Além
da Igreja, pela restauração de Israel e pelo remanescente salvo
disso, trabalhamos com o objetivo de a Igreja ser um testemunho
de Israel!
que demonstre amor, amabilidade e suporte financeiramente a
implantação de congregações judaico-messiânicas e outras
instituições essenciais.
Nossa responsabilidade atual, reflete-se em esforços concen-
trados para vermos uma representação expressiva da Igreja uni-
68
Pedidos para:

Ministério Ensinando de Sião - BRASIL

Filiado ao Netivyah Bible Instruction Ministry - Jerusalém
Rua Funchal, 185 - Belo Horizonte, MG
Tel. (31)3498-1761 Fax (31)3498-5195
www.ensinandodesiao.org.br
siao@ensinandodesiao.org.br
Execução Gráfica:
Líthera Maciel
Editora Gráfica L&

I TeleFax (021 31) 3391-0644

Editoração Eletrônica (PC e MAC), fotolito convencional
e digital, Impressão off-set e plotter (banners)
Lithera@Lithera.com.br wvsw Lithera.com .br