Vous êtes sur la page 1sur 101

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

ENGENHARIA AMBIENTAL E URBANA

VITOR PESCE

ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS NA TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA


DA PEQUENA AGRICULTURA:
ESTUDO DE CASO DAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS (IN)SUSTENTÁVEIS E
SUAS RELAÇÕES COM OS MODOS DE ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO

SANTO ANDRÉ
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC
ENGENHARIA AMBIENTAL E URBANA

VITOR PESCE

ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS NA TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA


DA PEQUENA AGRICULTURA:
ESTUDO DE CASO DAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS (IN)SUSTENTÁVEIS E
SUAS RELAÇÕES COM OS MODOS DE ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO

Trabalho de Graduação para a


obtenção do grau de bacharel em
Engenharia Ambiental e Urbana, sob a
orientação do Prof. Dr. Dácio Roberto
Matheus.

SANTO ANDRÉ
2019
Dedico este trabalho aos meus pais,
pela vida vivida com eles.
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Dácio Roberto Matheus, pela orientação dedicada e amiga.


Ao Coletivo de Consumo Rural Urbano - Solidariedade Orgânica (CCRU
- SOLO), por me fazer acreditar na economia solidária.
Aos agricultores alvos da pesquisa, que resistem por uma agricultura
sustentável.
Ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso político, por ter
erguido essa Universidade.
“Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora

Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora

Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora”

(Assentamento, de Chico Buarque)


Resumo

Está em curso, nas últimas décadas, um grande aumento da demanda e


comercialização de produtos “limpos”, isentos de agrotóxicos, associado à
divulgação dos malefícios oriundos do consumo de alimentos contaminados. A
partir desse novo mercado, canais de distribuição dominantes como os super e
hipermercados apostam na comercialização de produtos orgânicos. Porém, tais
canais de escoamento impõem exigências que distanciam os produtores de
práticas agroecológicas. Diante dessa problemática, o presente estudo
analisou a sustentabilidade de três agroecossistemas através de dois métodos,
bem como a compatibilidade entre as exigências de seus mercados de
escoamento e os sistemas agroecológicos, buscando compreender os
condicionantes do sistema de produção pelo viés dos diferentes modos de
distribuição acessados. O estudo teve, portanto, o desafio de contribuir para a
avaliação dos mercados como condicionantes da produção em busca de uma
relação entre produção e mercado que seja condizente com uma agricultura
sustentável.

Palavras-chave: Agroecologia. Agricultura sustentável. Agricultura familiar.


Mercado.
Abstract

Over the last decade, there has been a large increase on the demand
and sales of "clean" products (pesticide-free products) associated with the
spreading of the harmful effects of contaminated food consumption. From this
new market, the dominant distribution channels such as super and
hypermarkets are betting on sales of organic products. However, their
requirements distance farmers from agroecological practices. Given this
problematic problem, the present study analyzed the sustainability of three
systems through two methods, as well as the compatibility between their
investment markets and agroecological systems, seeking to understand the
constraints of the production system by the bias of the different modes of
distribution once accessed. The study had, therefore, the challenge of
contributing to the evaluation of markets as conditioners factors of production,
searching for a relationship, consistent with a sustainable agriculture, between
both parts production and marketing.

Keyword: Agroecology. Sustainable agriculture. Family farming. Market.


Lista de Figuras

Figura 1: Reprodução autônoma (agricultura camponesa) x reprodução


dependente do mercado (agricultura familiar) nas esferas da produção e
circulação...........................................................................................................28
Figura 2: Mapa 1: espacialização da produção.................................................46
Figura 3: Diagrama 1: Fluxo de insumos e produtos.........................................47
Figura 4: Diagrama 2: Fluxo de insumos e produtos.........................................47
Figura 5: Mapa 2: espacialização da produção.................................................48
Figura 6: Diagrama 3: Fluxo de insumos e produtos.........................................48
Figura 7: Gráfico acerca do aspecto de Autonomia – Recursos Produtivos
Mercantis...........................................................................................................52
Figura 8: Gráfico acerca do aspecto de Autonomia – Base de Recursos
Autocontrolada...................................................................................................57
Figura 9: Gráfico acerca do aspecto de Responsividade..................................60
Figura 10: Gráfico acerca do aspecto de Integração Social..............................62
Figura 11: Gráfico acerca do aspecto de Equidade de Gênero.........................64
Figura 12: Gráfico: Aspectos Ecológicos: Biodiversidade.................................66
Figura 13: Gráfico: Aspectos Ecológicos: Solo..................................................68
Figura 14: Gráfico: Aspectos Ecológicos: Água.................................................69
Figura 15: Gráfico acerca dos Aspectos Sociais...............................................71
Figura 16: Gráfico acerca dos Aspectos Culturais.............................................73
Figura 17: Gráfico acerca dos Aspectos Políticos.............................................74
Figura 18: Gráfico acerca dos Aspectos Econômicos.......................................75
Figura 19: Exigências de Mercado - Mercados Institucionais............................77
Figura 20: Exigências de Mercado - Coletivos de Consumo e Mercados
Locais.................................................................................................................78
Figura 21: Exigências de Mercado - Coletivos de Consumo, Feiras e
Delivery..............................................................................................................80
Figura 22: Exigências de Mercado – Coletivos de Consumo, Loja de Produtos
Orgânicos, Feira de Economia Solidária...........................................................82
Figura 23: Práticas de manejo do solo e uso de compostagem........................90
Figura 24: Práticas de manejo do solo e suas consequências ambientais.......91
Lista de Tabelas

Tabela 1: Qualificação dos parâmetros acerca da Autonomia – Recursos


Produtivos Mercantis.........................................................................................32
Tabela 2: Qualificação dos parâmetros acerca da Autonomia – Base de
Recursos Autocontrolada...................................................................................34
Tabela 3: Qualificação dos parâmetros acerca da Responsividade..................36
Tabela 4: Qualificação dos parâmetros acerca da Integração Social................39
Tabela 5: Qualificação dos parâmetros acerca da Equidade de Gênero..........41
Tabela 6: Qualificação dos parâmetros acerca das Exigências de Mercado....44
Tabela 7: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Autonomia –
Recursos Produtivos Mercantis.........................................................................50
Tabela 8: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Autonomia – Base
de Recursos Autocontrolada..............................................................................53
Tabela 9: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da
Responsividade.................................................................................................58
Tabela 10: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Integração
Social.................................................................................................................60
Tabela 11: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Equidade de
Gênero...............................................................................................................62
Tabela 12: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da
Biodiversidade...................................................................................................65
Tabela 13: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca do Solo...............66
Tabela 14: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Água..............68
Tabela 15: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca dos Aspectos
Sociais...............................................................................................................70
Tabela 16: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca dos Aspectos
Culturais.............................................................................................................72
Tabela 17: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca dos Aspectos
Políticos.............................................................................................................73
Tabela 18: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca dos Aspectos
Econômicos.......................................................................................................75
Tabela 19: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade
entre as Exigências de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 1.....76
Tabela 20: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade
entre as Exigências de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 1.....77
Tabela 21: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade
entre as Exigências de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 2.....79
Tabela 22: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade
entre as Exigências de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 3....80
Tabela 23: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade
entre as Exigências de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 3.....81
Lista de Abreviaturas

AMESOL Associação de Mulheres da Economia Solidária de


São Paulo
APP Área de Preservação Permanente
AS-PTA Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura
Alternativa
CCRU-SOLO Coletivo de Consumo Rural Urbano – Solidariedade
Orgânica
CRU-DIADEMA Coletivo Rural-Urbano de Diadema
MICC Associação de Integração Campo-Cidade
NEA Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção
Orgânica
NSGA Núcleo Social de Gestão do Agroecossistema
PAA Programa de Aquisição de Alimentos
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
PPAIS Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social
PRONAF Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SAF Sistema Agroflorestal
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SESC Serviço Social do Comércio
SOF Sempreviva Organização Feminista
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14

1.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 15

2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................. 16

2.1 Revisão Bibliográfica ..................................................................................... 16

2.1.1 A Modernização da Agricultura ............................................................. 16

2.1.2 Breve histórico do período inicial de modernização: A Política Estatal


e a Integração com a Indústria .................................................................................... 17

2.1.3 Êxodo rural e Concentração de Terras ................................................. 17

2.1.4 A Atuação do Capital Privado na Agricultura: O Agronegócio ........... 18

2.1.5 Crítica da Agricultura Convencional ...................................................... 19

2.1.6 A Química como Paradigma Agronômico ............................................ 19

2.1.7 Do Fertilizante Químico ao Pacote Tecnológico Completo ................ 20

2.1.8 Os Impactos Ambientais Envolvidos no Modelo de Produção


Convencional ................................................................................................................ 21

2.2 Agroecologia como Alternativa para uma Agricultura Sustentável ........... 22

2.2.1 Princípios Ecológicos Aplicados à Agricultura Sustentável ................ 24

2.2.3 Algumas Técnicas de Manejo Agroecológico ...................................... 25

2.2.4 Agricultura Familiar e Mercado.............................................................. 26

3 METÓDOS E ESTRATÉGIAS.................................................................................. 30

4 RESULTADOS ........................................................................................................ 46

4.1 Modelização dos Agroecossistemas............................................................ 46

4.2 Método 1 para Análise de Agroecossistemas - Articulação Nacional de


Agroecologia e AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia ................................... 48

4.2.1 Autonomia (Recursos produtivos mercantis) ....................................... 50

4.2.2 Autonomia (Base de recursos autocontrolada) .................................... 53

4.2.3 Responsividade ...................................................................................... 58


4.2.4 Integração Social .................................................................................... 60

4.2.5 Equidade de Gênero .............................................................................. 62

4.3 Método 2......................................................................................................... 64

4.3.1 Aspectos Ecológicos .............................................................................. 65

4.3.2 Aspectos Sociais .................................................................................... 70

4.3.3 Aspectos Culturais .................................................................................. 72

4.3.4 Aspectos Políticos .................................................................................. 73

4.3.5 Aspectos Econômicos ............................................................................ 75

4.4 Exigências de Mercado ................................................................................. 76

4.4.1 Agricultor 1 .............................................................................................. 76

4.4.2 Agricultor 2 .............................................................................................. 79

4.4.3. Agricultor 3 ............................................................................................. 80

4.5 Discussão ....................................................................................................... 83

4.5.1 Método 1.................................................................................................. 83

4.5.1.1 Autonomia (Recursos produtivos mercantis) ................................ 83

4.5.1.2 Autonomia (Base de recursos autocontrolada) ............................. 84

4.5.1.3 Responsividade ............................................................................... 85

4.5.1.4 Integração Social ............................................................................. 86

4.5.1.5 Equidade de gênero ........................................................................ 87

4.5.2 Discussão do método 2 em comparação com o método 1 ................. 88

4.5.2.1 Aspectos Ecológicos ....................................................................... 88

4.5.2.2 Aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos ..................... 92

4.5.3 Compatibilidade entre as exigências de mercado e os sistemas


agroecológicos ............................................................................................................. 93

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 97

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 99


1 INTRODUÇÃO

Está em curso, nas últimas décadas, um grande aumento da demanda e


comercialização de produtos “limpos”, isentos de agrotóxicos, associado à
disseminação dos malefícios oriundos do consumo de alimentos contaminados.
A partir desse novo mercado, canais de distribuição dominantes como os super
e hipermercados apostam na comercialização de produtos orgânicos. Mas
quais seriam as consequências da comercialização desses produtos através
desses canais de escoamento? Não estaria se reiterando a dependência dos
agricultores com um mercado “pouco” compatível com uma cadeia de
produção/distribuição sustentável tanto do ponto de vista ambiental quanto
social?
Em contrapartida às formas de distribuição dominantes, emergem novos
atores comprometidos em construir uma alternativa de escoamento e consumo
associada à agricultura agroecológica, a qual se distancia tanto da produção
convencional quanto do agronegócio orgânico. Os Grupos de Consumo
Responsável, como novos atores, buscam através da problematização dos
atos de consumo, produção e distribuição, construir uma via alternativa de
relações econômicas. São através dos princípios de gestão democrática e
coletivização do capital envolvido na atividade econômica – princípios pautados
na teoria da economia solidária – associados à crítica do consumo e da
produção agrícola convencional que se desenha uma via alternativa de
escoamento da produção agroecológica familiar. Entende-se que tal via é
consonante com a produção agrícola sustentável por se distanciar
drasticamente dos modelos de escoamento da produção convencional,
questionando os limites da cadeia de produção/distribuição/consumo a partir da
perspectiva da sustentabilidade.
A fim de buscar compreender a sustentabilidade (ambiental, social e
econômica) dos agroecossistemas e as práticas envolvidas na forma de
atuação dos coletivos de consumo e outros meios de escoamento e suas
relações com a produção, no sentido de favorecerem ou distanciarem os

14
próprios produtores de práticas agroecológicas e sustentáveis, o presente
trabalho desenvolveu a análise de três agroecossistemas de produtores
parceiros do Coletivo de Consumo Rural-Urbano – Solidariedade Orgânica
(CCRU-SOLO), fundado na Universidade Federal do ABC.
As análises de sustentabilidade para os agroecossistemas em transição
agroecológica foram realizadas sob a luz de dois métodos distintos, sendo eles
a) Método 1, desenvolvido pela AS–PTA (Agricultura Familiar e Agroecologia) e
a Articulação Nacional de Agroecologia, e b) Método 2, apresentado por
Almeida, Carneiro e Marchiori (2016) no referente artigo “Avaliação de
produtividade e sustentabilidade de sistemas agroecológicos de duas
propriedades do interior do estado de São Paulo”, cujas autoras articulam uma
ordenação para a análise de agrocoecossistemas. Outro conjunto de
indicadores, propostos nesse trabalho, buscaram avaliar as exigências dos
mercados de escoamento e suas (in)compatibilidades com os sistemas
agroecológicos.

1.2 Objetivos Específicos

O estudo teve como primeiro enfoque a determinação do estágio de


conversão em relação à produção agroecológica de três produtores parceiros
do Coletivo de Consumo Rural-Urbano – Solidariedade Orgânica (CCRU-
SOLO). Nesse aspecto, foram avaliadas as práticas produtivas em vista das
potencialidades que o agroecossistema pode apresentar principalmente no que
se refere à integração das atividades empreendidas, ou seja, das práticas que
potencializem as interações benéficas entre os componentes do sistema
produtivo. Para tanto, foram realizadas visitas às unidades de produção a fim
de avaliar a sustentabilidade dos agroecossistemas através de dois métodos
distintos.
A escolha dos agroecossistemas objetos da pesquisa se deu pela
proximidade dos mesmos com o Coletivo de Consumo Rural-Urbano –
Solidariedade Orgânica (CCRU-SOLO) atuante na UFABC e, por conta disso,
pela maior facilidade de contato entre os agricultores e o pesquisador.

15
O segundo objetivo tratou de verificar os condicionantes do sistema de
produção pelo viés dos diferentes modos de distribuição acessados pelos
agricultores estudados. Buscou evidenciar como a realidade e
operacionalização dos mercados influencia positiva ou negativamente na
conversão para uma agricultura sustentável. Com os resultados em mãos, o
estudo tem como desafio contribuir para a avaliação dos mercados como
condicionantes da produção em busca de uma relação entre produção e
mercado que seja condizente com uma agricultura sustentável.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 A Modernização da Agricultura

A modernização da agricultura representa uma transformação profunda


no modo de produção agrícola que implica em consequências devastadoras
para a vida no campo e o meio ambiente. Ela pode ser entendida como a
expansão das relações capitalistas no campo, as quais buscam, através da
intensificação do capital elevar a produtividade do trabalho para a aferição de
maiores lucros (SILVA, 1981). É com o uso intensivo das tecnologias
preconizadas pela revolução verde, capazes de proporcionar maiores
rendimentos associados às monoculturas, que os objetivos da expansão
capitalista são atingidos, não a baixos custos, mas com a contrapartida do
aumento da concentração de terras, precarização do trabalho rural, êxodo rural
e degradação ambiental. O desenvolvimento econômico, entendido apenas
como crescimento do Produto Interno Bruto, permite a manutenção e expansão
desse sistema exportador de commodities, porém, resistem forças contrárias a
esse modelo de desenvolvimento que apontam para um desenvolvimento
sustentável pautado na agricultura familiar e na produção agroecológica.

16
2.1.2 Breve histórico do período inicial de modernização: A Política Estatal e a
Integração com a Indústria

É sobretudo após o período de 1933-1961, compreendido como


transição da economia cafeeira exportadora para industrial e da consolidação
da indústria pesada, que se inicia o processo de industrialização da agricultura.
Instalam-se no Brasil as fábricas de máquinas e insumos agrícolas, criando um
mercado consumidor para os produtos da indústria nascente (SILVA, 1981).
A modernização produtiva se dá com o incentivo à aquisição das novas
tecnologias pelo Estado a partir de políticas de concessão de créditos
subsidiados, políticas de garantia de preços mínimos e criação de programas.
Tais políticas são preponderantes no período que vai de 1960 até 1980 e
abrangem prioritariamente médios e grandes produtores, determinadas culturas
para exportação e as regiões Sul-Sudeste e, em menor medida, o Centro-
Oeste (MATOS e PESSOA, 2011). Fica clara a escolha por um modelo de
desenvolvimento que atenda aos interesses dos grandes agricultores e das
indústrias em detrimento da reforma agrária e do desenvolvimento sustentável.
Com a modernização, a agricultura foi capaz de se conectar com a
indústria como compradora de bens de consumo, insumos e máquinas
agrícolas ao mesmo tempo em que fornece matéria prima e alimento sem
comprometer as exportações. É esse processo de mudança no aparato
produtivo e integralização com a indústria, seja a montante ou jusante da
produção, que caracteriza a industrialização da agricultura (SILVA, 1981).

2.1.3 Êxodo rural e Concentração de Terras

Há uma completa sinergia entre as necessidades das indústrias


nascentes e o processo de modernização da agricultura. Ela serviu como
mercado consumidor para a indústria, ao mesmo tempo em que liberou mão de
obra para o trabalho industrial, ampliando o mercado interno através da
urbanização (SILVA, 1981). Para se ter uma ideia, entre 1960 e 1980 o êxodo

17
rural brasileiro alcançou um total de 27 milhões de pessoas (ABRAMOVAY;
CAMARANO, 1999). Houve expulsão da população rural pela concentração de
terras e grande parte dos que continuaram no campo passaram a ser
assalariados, geralmente temporários (boias-frias), isso porque a mecanização
da produção não ocorreu em todas as suas etapas produtivas.
A concentração de terras nas épocas de maior incentivo à mecanização
pode ser notada pelo censo de 1975, “se ordenarmos os quase 5 milhões de
estabelecimentos agropecuários do menor para o maior, somente 1% dos
grandes estabelecimentos se apropriava de 45% da área total” (SILVA, 1981,
p. 14). A alta concentração acirrou os conflitos pela posse da terra e a expulsão
de famílias, principalmente das que possuíam acesso precário a terra.

2.1.4 A Atuação do Capital Privado na Agricultura: O Agronegócio

O atual período de expansão do capital sobre a agricultura se dá com o


aumento da atuação de empresas transnacionais em diversos ramos
relacionados com a agricultura, como: o comércio, produção de insumos,
máquinas agrícolas, agroindústrias, agrotóxicos etc. Essa investida do capital
se deu, de forma mais intensiva, a partir da crise do capital financeiro - meados
de 2008 - com as baixas das taxas de juros e instabilidade do dólar. Muitas
empresas buscaram, assim, a aplicação de seus capitais em ativos fixos,
sendo os ramos da agricultura muito promissores para os investimentos
(STEDILE, 2013).
De fato, a partir de 1980, o Estado passou a diminuir as políticas de
crédito rural devido à crise econômica fiscal e à inserção de políticas de cunho
neoliberal. Já em 1990, o crédito rural foi reformulado para estimular a
participação maior do setor privado. São as grandes empresas, as “tradings”,
que passam a financiar e comprar as produções a partir da venda antecipada
que garante o financiamento feito pelos produtores. Esse fato caracteriza,
ainda mais, uma subordinação dos últimos pelas transnacionais. Segundo
Matos e Pessôa (2011, p. 290) “as multinacionais como Cargill, Bunge e ADM
são as maiores empresas exportadoras de produtos agrícolas do Brasil”. O

18
capital privado passa a controlar os ramos da agricultura, atendendo às
demandas do mercado globalizado.
A ação das empresas sobre a agricultura gera diversas consequências,
como: a concentração do controle da produção e do comércio mundial de
produtos agrícolas por parte de poucas empresas, controle sobre os preços
dos produtos agrícolas, hegemonia das empresas sobre o conhecimento
científico, concentração da produção em um número cada vez menor de terras,
padronização dos alimentos humanos e animais, perda da soberania alimentar
etc. (STEDILE, 2013).
Em suma, o agronegócio é voltado para produção em larga escala
(monoculturas) de commodities agrícolas para o mercado externo,
caracterizando assim, uma subordinação da agricultura aos interesses do
capital privado e do comércio globalizado em detrimento da produção de
alimentos, da soberania alimentar e da preservação ambiental através de uma
agricultura familiar sustentável.

2.1.5 Crítica da Agricultura Convencional

A agricultura consiste na modificação de sistemas naturais para a


produção de cultivos de interesse. A partir da descoberta dos fertilizantes
químicos, a simplificação dos sistemas naturais chega ao seu ápice na forma
das monoculturas, as quais necessitam cada vez mais da interferência da ação
humana para se manterem produtivas. Isso se deve, sobretudo, pela perda dos
serviços ecossistêmicos resultante da simplificação dos agroecossistemas,
associada também ao uso dos pacotes da revolução verde. A necessária
intensificação da produção, entendida como o uso de agroquímicos e
maquinários, acaba por gerar degradação ambiental e externalidades
(KHATOUNIAN, 2001).

2.1.6 A Química como Paradigma Agronômico

19
Com a descoberta por Liebig, em 1840, de que os nutrientes químicos
N,P,K funcionavam de forma espetacular no crescimento das plantas, a
questão da fertilidade do solo parecia ter sido desvendada e a biologia do solo
dá lugar à química do solo (POLLAN, 2007). A partir daí, pode-se dizer que a
complexidade envolvida na fertilidade solo, resultante da relação dos fatores
bióticos e abióticos, desde os micro-organismos até os seres superiores, é
reduzida a uma relação de alguns nutrientes com a produtividade obtida pelos
seus usos na forma de adubos químicos. Nesse contexto, segundo Khatounian
(2001, p. 34), “os ataques de pragas e doenças, deficiências minerais,
adversidades climáticas, eram entendidos como ruídos ao bom funcionamento
da produção, ruídos esses cuja dinâmica era alheia à dinâmica da produção”.
Porém, ainda na época da difusão dessas ideias reducionistas, grupos
minoritários apontavam a simplificação dos agroecossistemas associados ao
uso de fertilizantes químicos como causa do aumento dos problemas
envolvidos na produção (KHATOUNIAN, 2001).

2.1.7 Do Fertilizante Químico ao Pacote Tecnológico Completo

A partir da difusão dos fertilizantes químicos, problemas com o aumento


da incidência de pragas começam a aumentar, e, como de costume, a indústria
e a ciência envolvidas na agricultura tomam o problema através da ideia
dominante de que o fator limitante, qualquer que seja, pode ser superado com
tecnologias alternativas. Armas químicas são desenvolvidas nas primeiras
décadas do século XX, e após sua proibição, constata-se que seus compostos
básicos funcionam como eficientes inseticidas. Os inseticidas passam a ser
largamente usados já no final da década de 1950 - nos EUA, na Europa
Ocidental e no Japão - para o combate de pragas, e como aponta Khatounian
(2001, p.21), “sua expansão resultou sobretudo da confluência do interesse da
indústria da guerra com o crescimento das pragas”. No Brasil, o uso intensivo
de inseticidas acontece após 1970, com a vinculação do mesmo aos créditos
rurais subsidiados (KHATOUNIAN, 2001).

20
Desde o crescente uso de fertilizantes e inseticidas, as monoculturas
tornamram-se mais viáveis, e com elas, há um correspondente aumento de
problemas sanitários como doenças e plantas invasoras. Para combater tais
problemas, novamente a indústria coloca à disposição tecnologias que deem
conta de diminuir os efeitos adversos resultantes da nova maneira de se lidar
com a produção. Dessa vez, são os fungicidas e herbicidas que aparecem
como salvadores de um agroecossistema desequilibrado. Os primeiros
permitiram o controle de doenças vegetais, bem como possibilitaram o cultivo
de determinadas espécies fora dos ambientes aos quais são mais bem
adaptadas. Já os herbicidas, foram capazes de controlar espécies invasoras,
muitas delas selecionadas e adaptadas às condições presentes nas
monoculturas. O pacote tecnológico completo, formado pelos fertilizantes
químicos, inseticidas, fungicidas, herbicidas e maquinários agrícolas, permitiu o
aumento da produtividade agrícola através de monoculturas altamente
dependentes desses aportes tecnológicos (KHATOUNIAN, 2001).

2.1.8 Os Impactos Ambientais Envolvidos no Modelo de Produção


Convencional

Além dos impactos relativos à expansão do modelo de produção


convencional no que diz respeito à concentração de terras, êxodo rural e
precarização do trabalho no campo, tal modelo apresenta, também, enormes
impactos ambientais e para a integridade da produção tradicional e familiar.
As monoculturas representam uma simplificação dos agroecossistemas,
com perdas dos serviços ecossistêmicos, esses, relacionados com a
diversidade ecológica e de manejo altamente presentes nas práticas
tradicionais de produção. O aumento de produtividade em monoculturas só é
possível, portanto, através do uso intensivo dos pacotes tecnológicos capazes
de “controlar” os efeitos indesejados resultantes de um modelo instável e com
baixa resiliência. Porém, o uso do pacote tecnológico acarreta enormes
externalidades ao meio ambiente.

21
Podem-se citar os impactos ambientes relacionados ao uso de
fertilizantes químicos e agrotóxicos como: a contaminação das águas
superficiais e subterrâneas pela lixiviação dos fertilizantes; a eutrofização de
rios e lagos com a correspondente perda da diversidade vegetal e animal
desses ecossistemas; a perda da fertilidade do solo decorrente da morte da
diversidade microbiana cuja importância é fundamental para a ciclagem dos
nutrientes; a poluição do ar por compostos nitrogenados e agrotóxicos,
aumentando a emissão dos gases do efeito estufa e afetando a saúde dos
trabalhadores envolvidos na aplicação desses compostos etc. (ALTIERI, 2012).
A produção intensiva com a homogeneização genética dos cultivares
acaba por aumentar as perdas decorrentes de surtos de pragas, por não
apresentarem mecanismos de defesa ecológicos, bem como pelas práticas
afetarem negativamente os inimigos naturais dos insetos-praga. A introdução
de espécies geneticamente modificadas acaba por reforçar o uso de
agrotóxicos e a monocultura, comprometendo a diversidade genética pela
substituição dos cultivares tradicionais e pela transferência involuntária de
“transgenes” (ALTIERI, 2012).
Portanto, a utilização do pacote tecnológico implica em sérios impactos
para o meio ambiente e para a integridade da produção tradicional. De fato,
seu uso está estritamente relacionado com a opção por um desenvolvimento
rural pautado na produção de commodities e pelos interesses das indústrias
produtoras de insumos. Contudo, as agriculturas alternativas, desde o início da
revolução verde, se mostraram como alternativas ao atual modelo produtivo, a
partir do reconhecimento de que a produção tradicional apresenta uma lógica
sustentável de preservação da biodiversidade capaz de garantir a segurança
alimentar (ALTIERI, 2012).

2.2 Agroecologia como Alternativa para uma Agricultura Sustentável

Como se tem visto nos tópicos anteriores, a modernização da agricultura


criou impactos negativos tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico e
social. A degradação do meio ambiente e o comprometimento da saúde dos

22
produtores e consumidores, a diminuição e precarização do trabalho rural e a
opção por uma economia exportadora de commodities em detrimento da
segurança alimentar, são pontos que enfatizam a crise em que o padrão atual
de produção agrícola se encontra. Diante desse problema, o que se coloca em
questão é a busca por um modelo alternativo de produção que possa
responder aos problemas colocados, de forma a garantir a sustentabilidade dos
agroecossistemas e a renda dos produtores, preservando o meio ambiente.
Nesse contexto,

a agroecologia emerge como uma disciplina que disponibiliza os


princípios ecológicos básicos sobre como estudar, projetar e manejar
agroecossistemas que sejam produtivos e ao mesmo tempo
conservem os recursos naturais, assim como sejam culturalmente
adaptados e social e economicamente viáveis (ALTIERI, 2012, p.
105).

De fato, assim como o autor aponta os princípios ecológicos básicos


como fundamentais para inaugurar uma nova visão acerca dos
agroecossitemas, Khatounian (2001), na mesma linha, também vai colocar a
mudança da mecânica e da química para a ecologia, no corpo conceitual da
agronomia, como o ponto distintivo principal entre o establishment agronômico
e o pequeno grupo de agrônomos, que ainda no final da década de 1970, no
Brasil, se opunham ao modelo convencional. O foco da agronomia se
concentrava na relação entre solo-planta-atmosfera apenas em termos de
produção bruta, e

os ataques de pragas e doenças, deficiências minerais, adversidades


climáticas, eram compreendidas como ruídos ao bom funcionamento
da produção, ruídos esses cuja dinâmica era alheia à dinâmica da
produção (KHATOUNIAN, 2001, p.34).

Segundo o teórico, o desentendimento de que os problemas que


assolavam a produção eram resultado dos próprios métodos da agroquímica
que promoviam o desequilíbrio ecológico do agroecossistema, impediam a
compreensão de que os problemas eram internos e não meros ruídos externos
ao sistema. A mudança de uma visão unidimensional, voltada para o aumento
da produtividade a qualquer custo, deve dar lugar, na agricultura sustentável,

23
às “inter-relações entre seus componentes e a dinâmica complexa dos
processos ecológicos” (ALTIERI, 2012, p.105).
Os agroecossistemas, portanto, são compreendidos como ecossistemas
antropicamente alterados para a produção de alimentos e outros produtos.
Nesse sentido, os elementos que constituem o sistema agrícola mantêm
relações ecológicas entre si, essas, também sofrendo interferência humana de
acordo com o manejo empreendido. A ideia central da agroecologia consiste,
então, em promover sistemas agrícolas capazes de realizar processos
ecológicos que ocorrem sob condições naturais, tais como: “ciclagem de
nutrientes, interações predador-presa, competição, simbiose e mudanças
decorrentes de sucessões ecológicas” (ALTIERI, 2012, p.106). Tais processos
podem ser viabilizados através se seus conhecimentos aplicados no manejo do
agroecossistema.
É importante ressaltar que grande parte das técnicas utilizadas na
agricultura sustentável são as mesmas historicamente empregadas pela
produção tradicional e familiar. A importância do reconhecimento da
complexidade da agricultura tradicional, capaz de manter a diversidade e
preservação ambiental com segurança alimentar, é fundamental para que
esses sistemas produtivos possam ser objetos de estudo e continuem sendo
utilizados a favor dos agricultores continuamente excluídos de seus meios de
produção tradicionais (ALTIERI, 2012). Nos tópicos seguintes, serão
apresentados os princípios ecológicos e as técnicas empregadas a favor de
uma agricultura sustentável.

2.2.1 Princípios Ecológicos Aplicados à Agricultura Sustentável

Para que sejam empreendidos sistemas agrícolas sem a dependência


de agroquímicos e com o mínimo de insumos externos à propriedade, e que,
portanto, sejam autossustentáveis, é imprescindível que sejam viabilizadas as
interações ecológicas e sinergismos entre os componentes do
agroecossistema a fim de que eles sejam capazes de manter a fertilidade do
solo, a produtividade e a proteção das culturas (ALTIERI, 2012). Segundo o

24
autor, para viabilizar tais interações, é importante a aplicação de alguns
princípios ecológicos:

 Aumentar a ciclagem de biomassa e otimizar a decomposição da


matéria orgânica e ciclagem de nutrientes, incrementando a atividade
biológica do solo.
 Aumentar a conservação do solo, minimizando as perdas pelos fluxos
de radiação solar, ar e água por meio do manejo do microclima, da
captação de água e da cobertura do solo.
 Aumentar as interações biológicas e os sinergismos entre as plantas,
micro-organismos e microrganismos promovendo processos e
serviços biológicos através da diversificação inter e intraespécies.
 Fortalecimento da imunidade do sistema, promovendo o
funcionamento do sistema natural de controle de pragas.

Esses são alguns dos importantes princípios ecológicos a serem


adotados para a viabilização da sustentabilidade na produção agrícola. Eles
podem ser colocados em prática a partir do manejo do agroecossitema com
algumas técnicas, bastante difundidos na agricultura tradicional, apresentadas
a seguir.

2.2.3 Algumas Técnicas de Manejo Agroecológico

As técnicas a serem apresentadas brevemente a seguir, são


historicamente de uso da agrícola tradicional e ainda sobrevivem em muitas
produções agrícolas, contribuindo para manter a biodiversidade e a
produtividade sem o uso de agrotóxicos. De acordo com Altieri (2012), são
elas:

 Policultivos ou consórcios: plantios em combinação onde mais de uma


espécie é plantada em proximidade, aproveitando a complementação
entre as mesmas e possibilitando maiores produtividades. Nos

25
policultivos, geralmente há um melhor uso dos recursos naturais em
vista da maneira distinta das espécies usarem os mesmos e uma
menor incidência de pragas pela possibilidade de aumentar a
importância de seus predadores.
 Cultivo de cobertura e cobertura morta: plantio solteiro ou consorciado
de plantas herbáceas, leguminosas, gramíneas ou outras.
Apresentam a característica de proteção do solo contra erosão,
melhoram sua estrutura e fertilidade, ajudam a suprimir vegetação
espontânea e podem ser incorporadas ao solo na forma de adubo
verde.
 Rotação de culturas: espécies diferentes são cultivadas em
sucessões repetidas na mesma área. Essa prática incorpora
diversidade no sistema, promove a fertilidade do solo, principalmente
a partir da utilização de leguminosas que ajudam na fixação de
nitrogênio. A sequência das espécies em rotação também possibilita
uma complexa interação benéfica entre as espécies.
 Sistemas agroflorestais: Sistemas nos quais as árvores são
associadas com espécies agrícolas, otimizando os efeitos benéficos
das interações entre eles. Proporcionam um uso mais eficiente da
radiação solar e da água pela diversidade de sistemas radiculares
entre as plantas.

2.2.4 Agricultura Familiar e Mercado

Após colocar a agricultura familiar agroecológica como alternativa à


convencional, cabe apresentar seu relacionamento com o mercado. Partindo
da mercantilização da agricultura familiar até as novas alternativas de
escoamento, como os grupos de consumo responsável e mercados
institucionais, busca-se apresentar os mercados tradicionais e alternativos
para, posteriormente, compreender como os diferentes mercados influenciam
nas práticas e escolhas produtivas dos agricultores escolhidos para o estudo
de caso.

26
A categoria de agricultura familiar, segundo Abramovay (2007, p. 03), “é
aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de
indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou parentesco”. Segundo o
Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2006), dos 5.175.489 estabelecimentos
agrícolas, 84,4% são familiares, porém, ocupando apenas 24,3% da área total,
representam 74,4% das pessoas ocupadas e é responsável por 38% do Valor
Bruto da Produção, produzindo cerca de 70% dos alimentos consumidos no
país.
A relevância da agricultura familiar como produtora de alimentos
expressa seu papel fundamental como promotora da segurança alimentar e
afirma sua integração crescente aos mercados. É por essa crescente
integração que a forma de vida conhecida como campesinato dá lugar a uma
agricultura “mercantilizada”. A ruptura entre as duas categorias é a crescente
mercantilização da produção. Enquanto na agricultura camponesa a prioridade
é a produção para o autoconsumo e os laços comunitários são fundamentais,
sendo apenas os excedentes comercializados no mercado, na agricultura
mercantilizada é pela produção de mercadorias e sua venda que as demandas
familiares são satisfeitas. Sendo assim, na agricultura mercantilaza, a
organização da produção passa a sofrer maiores influências e dependência do
mercado. Segundo Plein e Filippi (2011, p.107), “a produção depende
crescentemente da venda para o mercado, bem como da compra dos fatores
de produção”, ou seja, as atividades de produção e a reprodução da foça de
trabalho são crescentemente dependentes do mercado. Abaixo, o esquema da
Figura 1 ilustra a diferença entre a forma de reprodução autônoma e a
dependente do mercado:

27
Figura 1: Reprodução autônoma (agricultura camponesa) x reprodução dependente do
mercado (agricultura familiar) nas esferas da produção e circulação

Fonte: PLOEG (1992, p.174). Adaptado por Plein; Filipi (2011).

Como mostrado no esquema acima, na agricultura familiar


mercantilizada tanto os fatores de produção quanto a venda dos produtos são
dependentes do mercado, e, isso, implica na compressão da renda como
coloca Silva (1981):

Podemos dizer que a renda do produtor rural, especialmente do


pequeno... encontra-se duplamente prensada. De um lado, pela
compra de insumos agrícolas num mercado oligopolista... Do outro
lado, pela venda de sua produção em mercados que podemos
chamar de monopsônios ou quando muito de oligopsônios, ou seja,
onde há relativamente poucos compradores e/ou em que há uma
tendência ao fortalecimento de apenas um grande comprador (SILVA,
1981, p. 23).

O que parecia promissor para a agricultura familiar, a valorização das


frutas, legumes e verduras (FLV), podendo ela exercer sua competitividade em
um ramo cuja intensidade de mão de obra familiar e da terra é grande, aparece
como desafio na medida em que a transnacionalização do varejo, na forma de
super e hipermercados, impõe novas condições para a entrada dos produtores
nesse mercado. Além de níveis mínimos de escala em que formas de
associativismo se colocam como pré-condição de entrada, há segundo
Wilkinson (2008):

A imposição de qualidades privadas definidas pelos próprios


supermercados e que abrangem objetivos inteiramente novos neste
setor como a homogeneidade e a aparência dos produtos e
condições de embalagens. Se isto não fosse suficiente, os
supermercados, ao mesmo tempo, impõem uma nova dinâmica à

28
coordenação do mercado a partir da implantação de sistemas de
logística que, para o produtor, implica a capacidade de suprir e
custear uma cesta mínima de produtos em forma planejada e
contínua (WILKINSON, 2008, p. 126)

Já no caso dos produtos orgânicos, o apelo pela saúde e o


desconhecimento de outros valores envolvidos na produção familiar
agroecológica, possibilita a entrada de grandes empreendedores no que se
pode chamar de agronegócio orgânico, cuja diferença em relação à produção
convencional reside basicamente na mudança de insumos para a obtenção de
produtos “limpos”. Acredita-se que, como afirma Costa Neto (2008, p. 71), “a
diferença essencial entre agronegócio e agroecologia não reside (...) em
determinadas referências tecnológicas, mas na opção, diametralmente oposta
entre elas, de desenvolvimento rural no país”.
Apesar da crescente dificuldade de acesso aos mercados dominantes,
como visto anteriormente, a associação da agricultura familiar com a tradição,
preservação ambiental e desenvolvimento local são valores premiados por
canais alternativos de distribuição e políticas públicas voltadas para o
desenvolvimento da agricultura familiar (WILKINSON, 2008).
Como políticas públicas voltadas para o incentivo à agricultura familiar,
pode-se citar o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF),
que consiste em programa de crédito com acesso a recursos financeiros para o
desenvolvimento da agricultura familiar, inclusive com programa exclusivo para
investimentos nos sistemas de produção agroecológicas. Também cita-se o
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), pelo qual órgãos públicos federais,
estaduais e municipais podem adquirir alimentos diretamente dos produtores
com dispensa de licitação. Em uma de suas modalidades, a Compra
Institucional, podem comprar as instituições que fornecem refeições
regularmente, como hospitais, quartéis, presídios, restaurantes universitários e
refeitórios de entidades assistências públicas. Já o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE), prevê a compra de pelo menos 30% dos
alimentos provenientes da agricultura familiar para serem servidos nas escolas
da rede pública.
Um canal alternativo de distribuição para a agricultura familiar
agroecológica são os Grupos de Consumo Responsável, caracterizados por

29
consumidores que se juntam para acessar diretamente, a partir de compras
coletivas, os produtores orgânicos/agroecológico. Tais grupos questionam o
padrão atual de produção, distribuição e consumo de alimentos, buscando
agregar valores como a preservação ambiental, a qualidade de vida dos
trabalhadores rurais e a saúde dos consumidores. Os Grupos de Consumo
Responsável acreditam que o ato de consumo é também político, na medida
em que possibilita apontar para outro paradigma de desenvolvimento
econômico. Dessa maneira, acredita-se que os Grupos de Consumo
Responsável são um canal de escoamento importante na busca de uma
agricultura sustentável (KAIRÓS, 2013).

3 METÓDOS E ESTRATÉGIAS

3.1. Análise da sustentabilidade de agroecossistemas:

Para atingir o primeiro objetivo, seja ele, analisar a sustentabilidade dos


três agroecossistemas na perspectiva de produções em transição
agroecológica, foram utilizados dois métodos de análise de agroecossistemas.

3.1.1. Método 1:

Desenvolvido pela AS–PTA (Agricultura Familiar e Agroecologia),


avaliou os seguintes atributos sistêmicos:

 Autonomias (Recursos Produtivos Mercantis e Base de Recursos


Autocontrolada).
 Responsividade.
 Integração social do Núcleo Social de Gestão do
Agroecossistema (NSGA).
 Equidade de Gênero/protagonismo das mulheres.

30
Para cada atributo sistêmico, um conjunto de parâmetros, apresentados
nas tabelas a seguir (tabelas referência para as avaliações presentes na
secção de resultados), foram avaliados de forma qualitativa com scores de 1 a
5, correspondentes aos níveis muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.
Posteriormente, foram elaborados gráficos de satélite para melhor comparação
entre os agroecossistemas e síntese dos resultados de avalição dos atributos
sistêmicos. A aplicação do método se deu através de entrevistas
semiestruturadas e visita às unidades produtivas, ocorridas entre o 3º
quadrimestre de 2018 e o 1º quadrimestre de 2019, onde foram abordadas as
questões envolvendo os atributos sistêmicos e seus conjuntos de parâmetros
avaliados, possibilitando uma maior discussão dos mesmos.

31
3.1.2. Tabelas Referência: Qualificação dos parâmetros que compõem os atributos sistêmicos

Autonomia (Recursos Produtivos Mercantis):

Refere-se ao grau de mercantilização dos recursos movidos no funcionamento do agroecossistema, a variação desse
grau mostra a dependência em relação ao mercado.

Tabela 1: Qualificação dos parâmetros acerca da Autonomia – Recursos Produtivos Mercantis.


Autonomia – Recursos Produtivos
Mercantis

Parâmetros Qualificação dos parâmetros

Aluguel de Terra Grau de domínio sobre a gestão do espaço:


1 – Terra de terceiros sob o regime de aluguel (parceria, arrendamento etc.) sem contrato formal (domínio muito baixo)
2 – Terra de terceiros sob o regime de aluguel (parceria, arrendamento etc.) com contrato formal (domínio baixo)
4 – Terra própria sem toda a documentação que assegure total domínio em relação à mesma (domínio alto sobre a gestão do espaço)
5 – Terra própria com documentação que assegure total domínio em relação à mesma (domínio muito alto sobre a gestão do espaço)

Sementes, mudas, mat. propag., Grau de auto abastecimento com relação aos recursos genéticos dos cultivos e criatórios:
crias 1 – Todos os matérias propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através do mercado
2 – Poucos matérias propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através de produção própria
3 – Cerca da metade dos materiais propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através de produção própria
4 – Grande parte dos materiais propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através de produção própri a
5 – Todos os materiais propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através de produção própria

32
Água Grau de auto abastecimento de água para os diferentes consumos:
1 – Todo o volume de água consumido é adquirido via mercado (companhias de abastecimento, etc.)
2 – Um volume pequeno de água consumido é captado de corpos d’água próximos, captação de água da chuva, poço etc.
3 – Por volta da metade do volume de água consumido é captado de corpos d’água próximos, captação de água da chuva, poço etc.
4 – Grande parte do volume de água consumido é captado de corpos d’água próximos, captação de água da chuva, poço etc.
5 – Todo o volume de água consumido é captado de corpos d’água próximos, captação de água da chuva, poço etc.

Fertilizantes Grau de autonomia em relação a insumos adquiridos nos mercados para a reposição da fertilidade do solo:
1 – Todos os insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são adquiridos via mercado
2 – Grande parte dos insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são adquiridos via mercado
3 – Por volta da metade dos insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são produzidos na propriedade
4 – Grande parte dos os insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são produzidos na propriedade
5 – Todos os insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são produzidos na propriedade

Forragem/ração Grau de autonomia em relação à aquisição de forragem/ração:


1 – Toda a forragem/ração é adquirida via mercado
2 – Grande parte da forragem/ração é adquirida via mercado
3 – Por volta da metade da forragem/ração é produzida na propriedade
4 – Grande parte da forragem/ração é produzida na propriedade
5 – Toda a forragem/ração é produzida na propriedade

Trabalho de Terceiros Nível de autossuficiência em relação à mão de obra para a realização das atividades relacionadas à gestão do agroecossistema:
1 – Totalmente dependente em relação à mão de obra de terceiros
2 – Muito dependente em relação à mão de obra de terceiros
3 – Medianamente dependente em relação à mão de obra de terceiros
4 – Pouco dependente em relação à mão de obra de terceiros
5 – Autossuficiente em relação à mão de obra de terceiros

33
Autonomia (Base de Recursos Autocontrolada):

Entendida como espaço de liberdade para que se possa colocar em prática estratégias de reprodução do
agroecossistema que sejam coerentes com as perspectivas econômicas e projetos de vida. Tal liberdade se amplia conforme
haja uma ampliação da base de recursos autocontrolada, composta por objetos de trabalho (terra, biodiversidade, água), por
instrumentos de trabalho (equipamentos e infraestruturas) e pela força de trabalho.

Tabela 2: Qualificação dos parâmetros acerca da Autonomia – Base de Recursos Autocontrolada.


Autonomia – Base de Recursos
Autocontrolada

Parâmetros Qualificação dos parâmetros

Aluguel de Terra Grau de domínio sobre a gestão do espaço:


1 – Terra de terceiros sob o regime de aluguel (parceria, arrendamento etc.) sem contrato formal (domínio muito baixo)
2 – Terra de terceiros sob o regime de aluguel (parceria, arrendamento etc.) com contrato formal (domínio baixo)
4 – Terra própria sem toda a documentação que assegure total domínio em relação a mesma (domínio alto sobre a gestão do espaço)
5 – Terra própria com documentação que assegure total domínio em relação a mesma (domínio muito alto sobre a gestão do espaço)

Sementes, mudas, mat. propag., Grau de auto abastecimento com relação aos recursos genéticos dos cultivos e criatórios:
crias 1 – Todos os matérias propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através do mercado
2 – Poucos matérias propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através de produção própria
3 – Cerca da metade dos materiais propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através de produção própria
4 – Grande parte dos materiais propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através de produção própria
5 – Todos os materiais propagativos (recursos genéticos dos cultivos e criatórios) são obtidos através de produção própria

34
Água Grau de auto abastecimento de água para os diferentes consumos:
1 – Todo o volume de água consumido é adquirido via mercado (companhias de abastecimento, etc.)
2 – Um volume pequeno de água consumido é captado de corpos d’água próximos, captação de água da chuva, poço etc.
3 – Por volta da metade do volume de água consumido é captado de corpos d’água próximos, captação de água da chuva, poço etc.
4 – Grande parte do volume de água consumido é captado de corpos d’água próximos, captação de água da chuva, poço etc.
5 – Todo o volume de água consumido é captado de corpos d’água próximos, captação de água da chuva, poço etc.

Fertilizantes Grau de autonomia em relação a insumos adquiridos nos mercados para a reposição da fertilidade do solo:
1 – Todos os insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são adquiridos via mercado
2 – Grande parte dos insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são adquiridos via mercado
3 – Por volta da metade dos insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são produzidos na propried ade
4 – Grande parte dos os insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são produzidos na propriedade
5 – Todos os insumos utilizados para a reposição da fertilidade do solo são produzidos na propriedade

Forragem/ração Grau de autonomia em relação à aquisição de forragem/ração:


1 – Toda a forragem/ração é adquirida via mercado
2 – Grande parte da forragem/ração é adquirida via mercado
3 – Por volta da metade da forragem/ração é produzida na propriedade
4 – Grande parte da forragem/ração é produzida na propriedade
5 – Toda a forragem/ração é produzida na propriedade

Trabalho de Terceiros Nível de autossuficiência em relação à mão de obra para a realização das atividades relacionadas à gestão do agroecossistema:
1 – Totalmente dependente em relação à mão de obra de terceiros
2 – Muito dependente em relação à obra de terceiros
3 – Medianamente dependente em relação à mão de obra de terceiros
4 – Pouco dependente em relação à obra de terceiros
5 – Autossuficiente em relação à mão de obra de terceiros

35
Biodiversidade Idem aos parâmetros: diversidade interespecífica; diversidade intraespecífica e adaptabilidade das espécies cultivadas
presebtes na tabela 3 - Qualificação dos parâmetros acerca da Responsividade.

Responsividade:

Capacidade de resposta às contingências e instabilidades dos meios externos e internos ao agroecossistema, é outro
atributo importante que pode garantir a estabilidade do mesmo em casos de mudanças diversas.

Tabela 3: Qualificação dos parâmetros acerca da Responsividade.


Responsividade
Parâmetros Qualificação dos parâmetros
Diversidade Interespecífica Diversidade de espécies cultivadas e criadas (diversidade interespecífica):
1 – Baixa diversidade de espécies cultivadas e ausência ou muito baixa diversidade de espécies espontâneas/nativas
2 – Baixa diversidade de espécies cultivadas e de espécies espontâneas/nativas
3 – Diversidade média de espécies cultivadas e de espécies espontâneas/nativas
4 – Grande diversidade de espécies cultivadas e média de espontâneas/nativas
5 – Grande diversidade de espécies cultivadas e de espontâneas/nativas

Diversidade Intraespecífica Vari’abilidade intraespecífica:


1 – Todas as sementes utilizadas são transgênicas ou híbridas (variabilidade intraespecífica muito baixa)
2 – Uma pequena parcela das sementes utilizadas são crioulas (variabilidade intraespecífica baixa)
3 – Cerca da metade das sementes utilizadas são crioulas (variabilidade intraespecífica média)

36
4 – A grande maioria das sementes utilizadas são crioulas (variabilidade intraespecífica alta)
5 – Todas as sementes utilizadas são crioulas (variabilidade intraespecífica muito alta)

Adaptabilidade das espécies Adaptabilidade das espécies cultivadas:


cultivadas 1 – Muito poucas espécies cultivadas são de origem climática tropical
2 – Poucas espécies cultivadas são de origem climática tropical
3 – Cerca da metade das espécies cultivadas são de origem climática tropical
4 – Maioria das espécies cultivadas são de origem climática tropical
5 – Grande maioria das espécies cultivadas são de origem climática tropical
Diversidade de Mercados Diversidade de mercados acessados
Acessados 1 – Variedade muito baixa de mercados acessados (apenas um mercado)
2 – Variedade baixa de mercados acessados (dois mercados acessados)
3 – Variedade média de mercados acessados (três mercados acessados)
4 – Variedade alta de mercados acessados (quatro mercados acessados)
5 – Variedade muito alta de mercados acessados (mais de quatro mercados acessados)

Diversidade de Rendas Agrícolas Diversidade de rendas agrícolas:


1 – Apenas um tipo de produção (hortaliças, frutíferas, criações, processados a partir de produtos da propriedade etc.) gerador d e renda agrícola
2 – Dois tipos produtivos (hortaliças, frutíferas, criações, processados a partir de produtos da propriedade etc.) geradores de r enda agrícola
3 – Três tipos produtivos (hortaliças, frutíferas, criações, processados a partir de produtos da propriedade etc.) geradores de renda agrícola
4 – Quatro tipos produtivos (hortaliças, frutíferas, criações, processados a partir de produtos da propriedade etc.) geradores de renda agrícola
5 – Mais de quatro tipos produtivos (hortaliças, frutíferas, criações, processados a partir de produtos da propriedade etc.) geradores de renda agrícola

Diversidade de Rendas Não Renda não-agrícola:


Agrícolas 1 – Não existe geração de renda não-agrícola
3 – Existe geração de renda esporádica não-agrícola
5 – Existe geração de renda fixa não-agrícola

Estoques de Insumos Estoque de insumos:


1 – Não possui estoque de insumos

37
2 – Possui estoque de insumos para um período curto de tempo
3 – Possui estoque de insumos para um período médio de tempo
4 – Possui estoque de insumos para um período longo de tempo
5 – Possui estoque de insumos para um período muito longo de tempo

Estoques Vivos Estoque de recursos vivos:


1 – Não possui estoque de recursos vivos
2 – Possui estoque de recursos vivos que, revertido em recursos monetários, possibilita cobrir os gastos do agroecossistema por um período curto de tempo
3 – Possui estoque de recursos vivos que, revertido em recursos monetários, possibilita cobrir os gastos do agroecossistema por um período médio de tempo
4 – Possui estoque de recursos vivos que, revertido em recursos monetários, possibilita cobrir os gastos do agroecossistema por um período longo de tempo
5 – Possui estoque de recursos vivos que, revertido em recursos monetários, possibilita cobrir os gastos do agroecossistema por um período muito longo de
tempo

38
Integração Social:

A integração social através de relações não mercantilizadas com a comunidade e estâncias do poder como o Estado, foi
avaliada de forma específica para ressaltar sua importância.

Tabela 4: Qualificação dos parâmetros acerca da Integração Social.


Integração Social Qualificação dos parâmetros
Participação em espaços político- Participação em espaços político-organizativos:
organizativos 1 – Não participa de nenhuma organização de caráter político-organizativo
2 – Participa de organizações de caráter político-organizativo que pouco satisfazem suas demandas de organização política
3 – Participa de organizações de caráter político-organizativo que medianamente satisfazem suas demandas de organização política
4 – Participa de organizações de caráter político-organizativo que satisfazem suas demandas de organização política
5 – Participa de organizações de caráter político-organizativo que muito satisfazem suas demandas de organização política

Acesso a políticas públicas Regularidade das políticas públicas acessadas voltadas para a produção agrícola ou correlatas:
(regularidade) 1 – A regularidade de acesso às políticas públicas é muito baixa
2 – A regularidade de acesso às políticas públicas é baixa
3 – A regularidade de acesso às políticas públicas é média
4 – A regularidade de acesso às políticas públicas é alta
5 – A regularidade de acesso às políticas públicas é muito alta

Acesso a políticas públicas Variedade de políticas públicas acessadas voltadas para a produção agrícola ou correlatas:
(variedade) 1 – Acessa variedade muito baixa de políticas públicas
2 – Acessa variedade baixa de políticas públicas
3 – Acessa variedade média de políticas públicas
4 – Acessa variedade alta de políticas públicas
5 – Acessa variedade muito alta de políticas públicas

39
Participação em redes de Participação em redes de aprendizagem:
aprendizagem 1 – Não participa de nenhuma rede de aprendizagem
2 – Participa de redes de aprendizagem que pouco satisfazem suas demandas de aprendizagem
3 – Participa de redes de aprendizagem que medianamente satisfazem suas demandas de aprendizagem
4 – Participa de redes de aprendizagem que satisfazem suas demandas de aprendizagem
5 – Participa de redes de aprendizagem que muito satisfazem suas demandas de aprendizagem

Apropriação da riqueza produzida Apropriação da riqueza produzida no agroecossistema pelo NSGA:


no agroecossistema pelo NSGA 1 – A grande maioria dos produtos são vendidos de forma indireta
2 – A maioria dos produtos são vendidos de forma indireta
3 – Em média os produtos são vendidos tanto de forma direta quanto indireta
4 – A maioria dos produtos são vendidos de forma direta
5 – A grande maioria dos produtos são vendidos de forma direta

Participação em espaços de gestão Participação em espaços de gestão de bens comuns:


de bens comuns 1 – Não participa em nenhum espaço de gestão de bens comuns
2 – Participa em uma gama pouco diversa de espaços de gestão de bens comuns
3 – Participa em uma gama relativamente diversa de espaços de gestão de bens comuns
4 – Participa em uma gama diversa de espaços de gestão de bens comuns
5 – Participa em uma gama muito diversa de espaços de gestão de bens comuns

40
Equidade de Gênero:

O parâmetro equidade de gênero pretendeu contribuir para elucidar as relações de gênero e o protagonismo das
mulheres em espaços sociais e processos de gestão e trabalho nos agroecossistemas que geralmente são legados a figura
masculina.

Tabela 5: Qualificação dos parâmetros acerca da Equidade de Gênero.


Equidade de
Gênero
Parâmetros Qualificação dos parâmetros
Divisão sexual Simetria na divisão sexual do trabalho doméstico e de cuidados entre adultos:
do trabalho 1 – As tarefas domésticas e de cuidados ficam a cargo das mulheres
doméstico e de 2 – Há uma divisão pouco simétrica das tarefas domésticas e de cuidados entre homens e mulheres
cuidados 3 – Há uma divisão relativamente simétrica das tarefas domésticas e de cuidados entre homens e mulheres
(adultos) 4 – Há uma divisão simétrica das tarefas domésticas e de cuidados entre homens e mulheres
5 – Há uma divisão muito simétrica das tarefas domésticas e de cuidados entre homens e mulheres

Divisão sexual Simetria na divisão sexual do trabalho doméstico e de cuidados entre jovens:
do trabalho 1 – As tarefas domésticas e de cuidados ficam a cargo das mulheres
doméstico e de 2 – Há uma divisão pouco simétrica das tarefas domésticas e de cuidados entre homens e mulheres
cuidados 3 – Há uma divisão relativamente simétrica das tarefas domésticas e de cuidados entre homens e mulheres
(jovens) 4 – Há uma divisão simétrica das tarefas domésticas e de cuidados entre homens e mulheres
5 – Há uma divisão muito simétrica das tarefas domésticas e de cuidados entre homens e mulheres

Participação nas Simetria, entre homens e mulheres, na participação nas decisões de gestão do agroecossistema:
decisões de 1 – As decisões relacionado às estratégias de estruturação, de manejo e de comercialização ficam a cargo dos homens
gestão do 2 – Há uma divisão pouco simétrica em relação às decisões relacionadas às estratégias de estruturação, de manejo e de comercializ ação entre homens e mulheres

41
agroecossistema 3 – Há uma divisão relativamente simétrica em relação às decisões relacionadas às estratégias de estruturação, de manejo e de com ercialização entre homens e mulheres
5 – Há uma divisão simétrica em relação às decisões relacionadas às estratégias de estruturação, de manejo e de comercialização entre homens e mulheres

Participação em Simetria, entre homens e mulheres, em relação à participação em organizações, redes e movimentos sociais:
espaços sócio- 1 – A participação em organizações (formais e informais), redes e movimentos sociais fica a cargo dos homens
organizativos 2 – Há uma divisão pouco simétrica, entre homens e mulheres, em relação à participação em organizações (formais e informais), red es e movimentos sociais entre homens e
mulheres
3 – Há uma divisão relativamente simétrica, entre homens e mulheres, em relação à participação em organizações (formais e informais), redes e movimentos sociais
5 – Há uma divisão simétrica, entre homens e mulheres, em relação à participação em organizações (formais e informais), redes e movimentos sociais

Apropriação da Simetria, entre homens e mulheres, em relação à apropriação da riqueza gerada no agroecossistema:
riqueza gerada 1 – A apropriação e o poder de decisão sobre a destinação da renda gerada ficam a cargo dos homens
no 2 – Há uma divisão pouco simétrica, entre homens e mulheres, em relação à apropriação e o poder de decisão sobre a destinação da renda gerada pelo trabalho do NSGA no
agroecossistema agroecossistema
3 – Há uma divisão relativamente simétrica, entre homens e mulheres, em relação à apropriação e o poder de decisão sobre a destin ação da renda gerada pelo trabalho do NSGA
no agroecossistema
5 – Há uma divisão simétrica, entre homens e mulheres, em relação à apropriação e o poder de decisão sobre a destinação da renda gerada pelo trabalho do NSGA no
agroecossistema
Acesso a Simetria, entre homens e mulheres, no acesso e/ou no poder de decisão sobre o uso dos recursos redistribuídos por meio das políticas públicas:
políticas 1 – O acesso autônomo e/ou no poder de decisão sobre o uso dos recursos redistribuídos por meio das políticas públicas fica a car go dos homens
públicas 2 – Há uma divisão pouco simétrica, entre homens e mulheres, em relação ao acesso autônomo e/ou no poder de decisão sobre o uso dos recursos redistribuídos por meio das
políticas públicas
3 – Há uma divisão relativamente simétrica, entre homens e mulheres, em relação ao acesso autônomo e/ou no poder de decisão s obre o uso dos recursos redistribuídos por meio
das políticas públicas
5 – Há uma divisão simétrica, entre homens e mulheres, em relação ao acesso autônomo e/ou no poder de decisão sobre o uso dos rec ursos redistribuídos por meio das políticas
públicas

42
3.1.3. Método 2:

O segundo método, elaborado por Almeida, Carneiro e Marchiori (2016),


utilizou da análise de agrocoecossistemas apresentada no artigo “Avaliação de
produtividade e sustentabilidade de sistemas agroecológicos de duas
propriedades do interior do estado de São Paulo”, para avaliar, também por
meio de conjuntos de parâmetros, os seguintes aspectos: a) ecológicos
(biodiversidade, solo, água), b) sociais, c) políticos e d) econômicos. Os
parâmetros foram avaliados de forma qualitativa com três scores,
correspondentes às qualificações ruim, bom e ótimo. Posteriormente, também
foram elaborados gráficos de satélite para melhor comparação entre os
agroecossistemas e síntese dos resultados de avalição dos aspectos. A
aplicação do método se deu através de entrevista estruturada e preenchimento
de checklist, com menor abertura para discussões.
A partir da visita e aplicação dos dois métodos, foi possível a elaboração
de mapas com a espacialização da produção e a realização de diagramas de
insumos e produtos (Figuras 2 a 6). Eles buscaram observar os insumos e
saídas do sistema e a distribuição espacial e funcional dos fatores de
produção, evidenciando, em conjunto com os métodos, as práticas que
potencializam ou não a manutenção da energia e fertilidade dentro do sistema.

3.2. Análise das exigências dos mercados de escoamento e suas


(in)compatibilidades com os sistemas agroecológicos:

3.2.1. Método 3:

Por último, para a elucidação das exigências dos mercados de


escoamento e suas (in)compatibilidades com os sistemas agroecológicos,
buscando observar as condicionantes do sistema de produção resultantes da
interação entre produção e modo de escoamento dos produtos, foram
avaliados os seguintes parâmetros de exigência dos mercados:
aparência/homogeneidade, embalagem, escala, sazonalidade e preço. Os

43
parâmetros, apresentados na tabela a seguir (tabela referência para as avaliações presentes na secção de resultados),
foram avaliados de forma qualitativa com scores de 1 a 5, correspondentes aos níveis muito baixo, baixo, médio, alto e muito
alto. A aplicação do método se deu através de entrevistas semiestruturadas onde foram abordadas as questões envolvendo as
exigências dos mercados de escoamento.

3.2.2. Tabelas Referência: Qualificação dos parâmetros que compõem os atributo exigências dos mercados de
escoamento.

Tabela 6: Qualificação dos parâmetros acerca das Exigências de Mercado.


Exigências de mercado
Compatibilidade entre as Exigências Qualificação dos parâmetros
de Mercado e Sistemas Agroecológicos
Aparência/homogeneidade 1 - Aparência/homogeneidade é imprescindível para o escoamento dos produtos
2 - Aparência/homogeneidade é muito relevante para o escoamento dos produtos
3 - Aparência/homogeneidade é medianamente relevante para o escoamento dos produtos
4 - Aparência/homogeneidade é pouco relevante para o escoamento dos produtos
5 - Aparência/homogeneidade é irrelevante para o escoamento dos produtos

Embalagem 1 - Embalagem é imprescindível para o escoamento dos produtos


2 - Embalagem é muito relevante para o escoamento dos produtos
3 - Embalagem é medianamente relevante para o escoamento dos produtos
4 - Embalagem é pouco relevante para o escoamento dos produtos
5 - Embalagem é irrelevante para o escoamento dos produtos

44
Escala 1 - Escala é imprescindível para o escoamento dos produtos
2 - Escala é muito relevante para o escoamento dos produtos
3 - Escala é medianamente relevante para o escoamento dos produtos
4 - Escala é pouco relevante para o escoamento dos produtos
5 - Escala é irrelevante para o escoamento dos produtos

Sazonalidade 1 - Mercado tem exigência muito alta quanto a oferta de produtos fora de suas sazonalidades
2 - Mercado tem exigência alta quanto a oferta de produtos fora de suas sazonalidades
3 - Mercado tem exigência média quanto a oferta de produtos fora de suas sazonalidades
4 - Mercado tem exigência baixa quanto a oferta de produtos fora de suas sazonalidades
5 - Mercado não tem exigência quanto a oferta de produtos fora de suas sazonalidades

Preço 1 - Preço (sujeito basicamente a relação oferta/demanda) é definido exclusivamente por uma das partes envolvidas no processo de
compra/venda
5 - Preço é definido de forma conjunta entre produtores, vendedores e consumidores a fim de se determinar um valor justo para as partes

45
4 RESULTADOS

4.1 Modelização dos Agroecossistemas

 Agricultor 1;

Figura 2: Mapa 1: espacialização da produção

Fonte: Acervo do autor. Disponível em: <https://www.google.com/intl/pt-BR/earth>.


Acesso em: abril de 2019.

46
Figura 3: Diagrama 1: Fluxo de insumos e produtos

Fonte: Acervo do autor.

 Agricultor 2;

Figura 4: Diagrama 2: Fluxo de insumos e produtos

Fonte: Acervo do autor.

47
 Agricultor 3;

Figura 5: Mapa 2: espacialização da produção

Fonte: Acervo do autor. Disponível em: <https://www.google.com/intl/pt-BR/earth>.


Acesso em: abril de 2019.

Figura 6: Diagrama 3: Fluxo de insumos e produtos

Fonte: Acervo do autor.

4.2 Método 1 para Análise de Agroecossistemas - Articulação Nacional de


Agroecologia e AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia

48
A aplicação do método 1 para análise de agroecossistemas
desenvolvido pela Articulação Nacional de Agroecologia e AS-PTA –
Agricultura Familiar e Agroecologia, avaliou os seguintes atributos sistêmicos
de sustentabilidade:

 Autonomias (Recursos Produtivos Mercantis e Base de Recursos


Autocontrolada).
 Responsividade.
 Integração social do Núcleo Social de Gestão do
Agroecossistema (NSGA).
 Equidade de Gênero/protagonismo das mulheres.

Para cada atributo, conjuntos de parâmetros foram sistematizados no


formato de tabelas contendo a qualificação, avaliação e justificativa (quando
necessária) dos mesmos. Foram elaborados gráficos de radar para a melhor
visualização das avaliações dos parâmetros e como esforço de síntese para as
discussões, bem como a representação gráfica dos fluxos de insumos e
produtos de cada agroecossistema.

49
4.2.1 Autonomia (Recursos produtivos mercantis)

Tabela 7: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Autonomia - Recursos Produtivos Mercantis
Autonomia – Recursos Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Produtivos Mercantis
Parâmetros Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa
Aluguel de Terra 5 Por se tratar de um assentamento 5 Possui terra própria com 4 Possui terra própria apenas com
(Assentamento Ipanema), as terras documentação que assegura total recibo de compra e venda, portanto,
são de domínio do INCRA, tendo o domínio em relação à mesma. sem documentação que assegura
agricultor a concessão de uso, total domínio em relação à mesma.
inclusive, assegurada para as
gerações futuras.

Sementes, mudas, 2 Recursos genéticos dos cultivos: 5 Recursos genéticos dos cultivos: A 1 Todos os materiais propagativos,
materias propagativos, cerca de 30% das sementes/mudas grande maioria das sementes/mudas sementes/mudas são tratadas e
crias são de produção própria (crioulas), são de produção própria (crioulas). adquiridas via mercado.
algumas são adquiridas via troca e a Algumas são adquiridas por meio de
grande maioria são orgânicas trocas.
adquiridas via mercado. Uma Recursos genéticos dos criatórios: a
parcela pequena das sementes são partir das matrizes (galos e
tratadas. galinhas), todos os filhotes são
Recursos genéticos dos criatórios: a nascidos na propriedade.
partir das matrizes (galos e
galinhas), todos os filhotes são
nascidos na propriedade.
Água 5 Água para consumo doméstico: 5 Toda a água consumida é obtida 5 Água para consumo humano e
Todo o volume de água para através de poço caipira. Está em doméstico: captada a montante da
consumo doméstico é obtido através fase de implantação de um tanque pequena barragem de represamento
de poço semi-artesiano. de captação de água de chuva. por sucção direta no rio.
Água para uso agrícola: Todo o Água para uso agrícola: captada
volume de água para uso agrícola é através de uma pequena barragem de
obtido através de três tanques de represamento do rio (reservatório de
armazenamento de água de chuva e grande capacidade volumétrica para
do poço semi-artesiono. as demandas do agroecossistema).

Fertilizantes 2 Para a reposição da fertilidade do 4 Todos os insumos para a reposição 2 Insumos adquiridos via mercado:
solo, utiliza como adubação a da fertilidade do solo são produzidos substrato de shimeji (adquiridos via
compostagem de cama de frango na propriedade. São eles: húmus de troca solidária); esterco de codorna
(pó de pinus) e restos de cultura. minhoca a partir de serragem e (comprado de produtor próximo);
Praticamente todo o volume de resíduos orgânicos da cozinha; esterco de cavalo (adquiridos via troca
cama de frango é comprado de composto de folhas secas, restos de solidária); EKOSIL (pó de rocha, rico

50
produtores próximos. Também utiliza cultivos e esterco de galinha; em potássio); calcário.
calcário, termo fosfato e adubação adubação verde. Raramente adquire Insumos produzidos na propriedade:
verde que incorpora ao solo com a sobras de feiras-livres para a composto de restos de cultura; húmus
utilização de trator. compostagem, sendo essas e a de minhoca; EM (micro-organismos
serragem, os únicos resíduos para a eficientes).
produção de composto adquiridos de Os insumos produzidos na
fora da propriedade. propriedade correspondem a um
volume baixo em relação ao total
utilizado.

Forragem/ração 5 Possui poucas galinhas para 4 A forragem é composta de folhas 0 Não possui criação, mas está em fase
consumo próprio. Todo o milho e secas (da propriedade) e serragem de implantação de um galinheiro.
restos de cultura consumidos pelas (adquirida em uma madeireira).
galinhas são de produção prórpia. Milho e restos de cultura
Não utiliza forragem. consumidos pelas galinhas são de
produção própria.

Trabalho de Terceiros 4 Contrata mão de obra para o embalo 5 Atualmente é autossuficiente em 4 Emprega um funcionário que trabalha
de produtos a serem escoados para relação a trabalho de terceiros, mas 1 dia por semana.
um grupo de consumo. já houve parcerias, trabalhos
voluntários e mutirões.

51
Figura 7: Gráfico acerca do aspecto de Autonomia – Recursos Produtivos Mercantis

Autonomia - Recursos Produtivos Mercantis

Aluguel de Terra
5
4
Trabalho de Terceiros
3 Sementes, mudas,
mat. propag., crias
2
1 Agricultor 1
0 Agricultor 2
Agricultor 3

Forragem/ração Água

Fertilizantes

Fonte: Acervo do autor.

52
4.2.2 Autonomia (Base de recursos autocontrolada)

Tabela 8: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Autonomia – Base de Recursos Autocontrolada
Autonomia – Base de Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Recursos Autocontrolada

Parâmetros Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa


Auto abastecimento 3 Cerca da metade dos alimentos consumidos 3 O consumo da maioria das frutas, 2 Grande parte das verduras e
alimentar são produzidos na propriedade (frutas, legumes e verduras provêm da legumes consumidos são
hortaliças, legumes, ovos, carne de frango) ou propriedade, sendo que esses produzidos na propriedade, porém,
adquiridos via troca solidária (carnes da alimentos correspondem a uma esses alimentos correspondem a
produção de familiares, hortaliças, legumes e parcela grande do que é uma parcela pequena em relação ao
frutas). consumido. Os poucos total de alimentos consumidos.
processados, grãos e laticínios são
adquiridos via mercado.

Equipamentos/ 4 Demanda de equipamentos: comenta que 3 Demanda de equipamentos: 3 Demanda de equipamentos: possui
Infraestrutura alguns equipamentos como roçadeira, aponta a necessidade de um um caminhão que por dispor de
plantadeira e riscador seriam muito úteis. triturador para acelerar o processo baixa capacidade de volume de
Demanda de infraestrutura: está em fase de de compostagem e de uma carreta transporte, por vezes inviabiliza o
construção de uma nova casa e necessita para o transporte dos produtos. frete de insumos (alto custo de
ampliar o barracão onde guarda equipamentos, Demanda de infraestrutura: está transporte); necessita de um
insumos etc. em fase de implantação de um motocultivador (por vezes consegue
tanque para captação de água de emprestado) com implementos para
Apesar de apontar a utilidade desses chuva. o transporte de insumos dentro da
equipamentos/infraestruturas, comenta que os propriedade e para o manejo do
que possuem são suficientes para as Aponta que a carreta e o tanque solo (gradeamento e
demandas. A principal queixa é quanto à casa para captação de água de chuva encanteiramento); necessita de um
atual. são muito necessários. triturador para acelerar a produção
de compostos.
Infraestrutura: falta infraestrutura na
estrada utilizada para o escoamento

53
dos produtos.

Força de Trabalho 2 O agricultor e sua companheira formam a força 2 O agricultor trabalha no manejo 2 Mesmo quando empregava um
(quantidade) de trabalho. O agricultor comenta que a dos cultivos e sua esposa na funcionário 3 vezes por semana,
demanda de serviços é muito grande e por preparação dos processados e comenta que a demanda de
vezes inviabiliza a realização de todas as gestão das vendas. Apontam que a serviços ainda era grande. Portanto,
atividades necessárias. quantidade de trabalho é muito o número de trabalhadores e tempo
grande, mas não há condições de empregado são insuficientes para a
contratar alguém que trabalhe de realização de todas as demandas.
forma fixa, portanto, o trabalho de
terceiros, quando ocorre, é através
de parcerias, voluntariado e
mutirões.

Força de Trabalho 5 Tanto o agricultor quanto sua esposa são 5 O agricultor se se qualificou 3 A agricultora possui qualificação
(qualificação) graduados em agronomia pela UFSCAR, sendo através de cursos oferecidos pelo através de agricultores parceiros e
que o Abdel é especializado em agricultura município, internet e troca de via internet. Iniciou uma
orgânica. conhecimentos com produtores especialização em agricultura
parceiros. orgânica, porém não concluiu por
dificuldades de acompanhamento
do curso.
Comenta que seu funcionário tem
pouquíssimo conhecimento em
modelos alternativos de produção.

Disponibilidade de 5 O volume e qualidade do milho (crioulo) e 5 A forragem é composta de folhas 0 Não possui criação, mas está em
Forragem/Ração restos de cultura consumidos pelas galinhas secas (da propriedade) e serragem fase de implantação de um
são mais que suficiente em relação às (adquirida em uma madeireira). galinheiro.
demandas. Milho (crioulo) e restos de cultura
Não utiliza forragem. consumidos pelas galinhas são de
produção própria. Portanto, volume
e qualidade da ração/forração são
mais que suficientes em relação às
demandas.

54
Fertilidade do Solo 2 Procedimentos de manejo do solo: 1) retira 5 Procedimentos de manejo do solo: 2 Procedimentos para manejo do solo:
apenas os restos de cultura da colheita anterior 1) mantêm o solo coberto com 1) mantêm o solo coberto com
(mantêm as plantas espontâneas) que plantas espontâneas ou adubação plantas espontâneas enquanto não
posteriormente irão para a compostagem e para verde enquanto não está está produzindo. 2) retira os restos
o galinheiro. 2) aplica os insumos, composto de produzindo. 2) não revolve o solo, de cultura e plantas espontâneas
cama de galinha, calcário, entre outros. 3) apenas retira as plantas (roçada/capina) que posteriormente
incorpora os insumos e plantas espontâneas espontâneas e restos de cultura irão para a compostagem. 3) revolve
com o auxílio da enxada rotativa e trator. 3) com a mão. 3) com a enxada abre a terra com motocultivador (enxada
após 3 ciclos produtivos, mantêm o talhão em um pequeno espaço no solo para a rotativa). 4) incorpora os insumos
pousio com adubação verde ou com plantas semeadura ou o plantio da muda. (estercos, calcário, ECOSIL) com
espontâneas. 4) aplica os compostos. 5) cobre o enxada. 5) cobre o solo com uma
solo com palhada ou folhas secas. camada de substrato de shimeji. 6)
Técnicas de manejo: planta no limpo; adubação quando disponível cobre o canteiro
verde; rotação de cultura; revolve o solo com Técnicas de manejo: rotação de com camada de palhada (baixa
enxada rotativa e trator. cultura; adubação verde (pouco disponibilidade).
periódica); não revolve o solo;
cobertura morta; produção em Técnicas de manejo: adubação
Sistema Agroflorestal (SAF). verde; rotação de cultura; cobertura
morta (quando disponível); revolve o
solo com motocultivador.

Disponibilidade de Água 5 A oferta natural de água é variável durante o 5 A oferta natural de água é variável 5 Por localizar-se próxima a Serra do
(demanda) ano com períodos de seca. Quando não durante o ano com períodos de Mar, o clima local é chuvoso durante
possuía um sistema de captação e seca. Porém, com sistema de praticamente o ano inteiro, com
armazenamento adequado, faltava água para captação adequado, a volume de oferta natural mais que
as demandas de consumo. No momento, a disponibilidade natural de água é suficiente para o atendimento das
disponibilidade natural de água é mais que mais que suficiente para as demandas de consumo do
suficiente para as demandas. demandas. Está em fase de agroecossistema.
implantação de tanque de alta
capacidade volumétrica para
captação de água de chuva.

Infraestrutura para captação 5 Possui um poço semi-artesiano, um tanque 2 Possui um poço raso, sendo que 4 Água para consumo humano e
e armazenamento para armazenamento de água do poço e três nos períodos de seca há uma doméstico: captada à montante de
tanques de armazenamento de água de chuva diminuição da disponibilidade uma pequena barragem de
(50.000 L cada). d'água captada. Possui uma caixa represamento por sucção direta no
para armazenamento de 1.000 L rio.
de água que nos períodos de seca Água para uso agrícola: captada
não é reabastecida diariamente através de uma pequena barragem
com o volume total, de represamento no rio (reservatório
comprometendo a demanda de de grande capacidade volumétrica
consumo. Está em fase de para as demandas do
implantação de um tanque para agroecossistema). Para o uso
armazenamento de água de chuva. próximo à horta, possui duas caixas
d'água com baixa capacidade
volumétrica (duas caixas com 2.000

55
l cada para uma área de horta de
4.000 m2) e de reposição lenta. A
irrigação é feita por aspersão,
porém a pressão d'água no local é
baixa.
Disponibilidade de Terra 5 A extensão territorial é mais que suficiente para 4 Aponta que dentro da proposta de 3 Extensão territorial é suficiente para
o atendimento das demandas produtivas. cultivo de mais variedades de a produção de hortaliças e
espécies que volume de implantação de SAF com pomar,
escoamento e da produção de porém, acredita que não o é para
processados, a extensão territorial produção de madeira de lei
é suficiente para as demandas (demanda não atendida).
produtivas.

Biodiversidade Idem aos parâmetros: diversidade


interespecífica; diversidade intraespecífica e
adaptabilidade das espécies cultivadas
presebtes na tabela 9 - Avaliação e justificativa
dos parâmetros acerca da Responsividade.

56
Figura 8: Gráfico acerca do aspecto de Autonomia – Base de Recursos Autocontrolada

Autonomia - Base de Recursos Autocontrolada

Autoabastecimento
Alimentar
Disponibilidade de 5 Equipamentos/Infraest
Terra rutura
4
Adaptabilidade das 3 Força de Trabalho
Espécies Cultivadas (quantidade)
2
1 Agricultor 1
Diversidade Força de Trabalho
Intraespecífica 0 (qualificação)
Agricultor 2
Agricultor 3

Diversidade Disponibilidade de
Interespecífica Forragem/Ração

Infraestrutura para
Captação e Fertilidade do Solo
Armazenamento de…
Disponibilidade
de Água (demanda)

Fonte: Acervo do autor.

57
4.2.3 Responsividade

Tabela 9: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Responsividade


Responsividade Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Parâmetros Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa
Diversidade 5 Hortaliças e legumes: produz de 8 a 15 5 Hortaliças e legumes: chuchu, mandioca, 5 Hortaliças, legumes e temperos:
Interespecífica itens (variáveis) de verduras e legumes inhame, batata yacon, batata doce, couve, salsa, manjericão, tomilho,
para comercialização. Sendo eles: alface, açafrão da terra, milho, abóbora, hortelã, taioba, ora-pro-nóbis,
escarola, almeirão pão de açúcar, almeirão, taioba, tomate francês, ora-pro- peixinho, quiabo, jiló, pimenta
espinafre, repolho, mandioca, milho, nóbis. Cambuci, pimentão, caqui rama forte.
brócolis, pimenta Cambuci. Saída de 500 Frutíferas: acerola, caqui, ameixa, uvaiá, Frutíferas: caqui, limão cravo,
itens semanalmente. graviola, toranja, mexerica, banana, mexerica carioca, mexerica poucã,
Frutíferas: laranja baia, laranja pêra, abacate, jaca, manga, pitanga, laranja pera, laranja lima, limão
limão, tangerina poucã, goiaba e jaca. Em jabuticaba, Cambuci, abacate, amora siciliano, jaca, nêspera, banana.
média 30 pés por espécie. silvestre, laranja baia, limão cravo, limão Espontâneas/nativas: Possui área de
Espécies espontâneas/nativas: possui siciliano, physalis, cará-moela. Cerca de mata nativa mais do que a obrigatória
fragmentos de mata na propriedade e um a dois pés por espécie. em relação à Reserva Legal com
entorno. Espontâneas/nativas: Possui mata nativa grande diversidade de espécies,
mais do que a obrigatória em relação à porém, a Área de Preservação
Reserva Legal. Permanente (APP) de rio é
insuficiente.
Sistema Agroflorestal (SAF):
hortaliças, banana, mamão.
Diversidade 2 Cerca de 30% das sementes/mudas são 5 Todas as sementes/mudas são de 1 Todas as sementes/mudas são
Intraespecífica de produção própria (crioulas). Algumas produção própria (crioulas). Algumas são tratadas e adquiridas via mercado.
são adquiridas via troca e a grande adquiridas por meio de trocas.
maioria são orgânicas adquiridas via
mercado, uma parcela pequena são
tratadas.

Adaptabilidade das 3 Cerca da metade das espécies cultivadas 4 A maioria das espécies cultivadas são de 3 Cerca da metade das espécies
espécies cultivadas são de origem climática tropical. origem climática tropical. cultivadas são de origem climática
tropical.

58
Diversidade de 5 Mercados institucionais: Programa 4 Coletivos/Grupos de Consumo: Coletivo 4 Coletivos de Consumo: CCRU-SOLO
Mercados Acessados Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); de Consumo Pé de Broto (Sesc São (Coletivo de Consumo Rural Urbano -
Programa de Aquisição de Alimentos Caetano); Coletivo de Consumo Rural Solidariedade Orgânica); CRU -
(PAA); Programa Paulista da Agricultura Urbano - Solidariedade Orgânica (CCRU- Diadema.
de Interesse Social (PPAIS). SOLO). Loja de produtos orgânicos: Instituto
Coletivos de Consumo: CCRU-SOLO; Feiras; Delivery. Feira Livre. Feiras: Feira de Economia
Coletivo Rural-Urbano de Diadema (CRU- Feminista e Solidária do Butantã.
Diadema); Associação de Integração
Campo-Cidade (MICC).
Mercados Locais: Pequenos mercados e
sacolões.

Diversidade de Rendas 2 Horta (verduras e legumes); Frutíferas. 3 Horta (verduras e legumes); Frutíferas; 2 Horta (verduras e legumes); Frutíferas.
Agrícolas Processados (doces e bolos).

Diversidade de Rendas 3 Possui renda não agrícola esporádica. 3 Possui renda não agrícola esporádica. 5 Possui renda não agrícola fixa.
não-agrícolas
Estoques de Insumos 2 Possui estoque de insumos 1 Não possui estoque de insumos. 1 Não possui estoque de insumos.
(principalmente de cama de frango) para
1 ciclo de produção.

Estoques Vivos 2 Possui pomar como estoque de recursos 2 Possui pomar como estoque de recursos 2 Possui pomar como estoque de
vivos. vivos. recursos vivos.

59
Figura 9: Gráfico acerca do aspecto de Responsividade

Responsividade
Diversidade
Interespecífica
5
Estoques Vivos 4 Diversidade
Intraespecífica
3
2
1 Agricultor 1
Adaptabilidade das
Estoques de Insumos 0 espécies cultivadas
Agricultor 2
Agricultor 3

Diversidade de Diversidade de
Rendas Não Agrícolas Mercados Acessados

Diversidade de
Rendas Agrícolas

Fonte: Acervo do autor.

4.2.4 Integração Social

Tabela 10: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Integração Social


Atributo Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Integração Social Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa
Participação em espaços 4 Participa da Associação de Produtores do 4 Participa do Movimento de Economia 4 Participa das organização AMESOL
político-organizativos Assentamento Ipanema e é presidente do Solidária, fazendo parte do Conselho (Associação de Mulheres da Economia
Conselho Municipal de Agricultura. Municipal de Economia Solidária de Solidária de São Paulo), SOF (Sempreviva
Através do conselho, conseguiram Mauá. Organização Feminista) e da Associação
implantar uma política de comercialização de Agricultores da Zona Leste.
de alimentos para as escolas locais
(PNAE).

60
Acesso a políticas 2 Acessa políticas públicas de 1 Acessou políticas públicas de forma 2 Acessou políticas públicas de forma
públicas (variedade) comercialização de produtos. Sendo elas: pontual. Empréstimo de equipamentos pontual. Empréstimo de tobata pela Casa
PNAE; PAA e PPAIS. para cozinha junto à Prefeitura de Mauá de Agricultura de SP, Certificação de
via Movimento de Economia Solidária. Transição Agroecológica (Secretaria do
Meio Ambiente) e Assistência Técnica
Rural.

Acesso a políticas 3 Aponta que as políticas de 1 A regularidade de acesso às políticas 1 A regularidade de acesso às políticas
públicas (regularidade) comercialização têm diminuído desde públicas é muito baixa. públicas é muito baixa.
2018.

Participação em redes 1 No momento não participa de nenhuma 1 No momento não participa de nenhuma 1 Atualmente não participa de nenhuma rede
de aprendizagem rede de aprendizagem. rede de aprendizagem continuada. de aprendizagem, porém, irá disponibilizar
Pontualmente houve uma oficina o espaço do agroecossistema para a
oferecida pelo Núcleo de Estudos em realização de diversos cursos e oficinas a
Agroecologia e Produção Orgânica (NEA) serem oferecidos pelo SENAR (Serviço
da UFABC. Nacional de Aprendizagem Rural).

Apropriação da riqueza 1 Venda indireta: 3 Venda indireta: CCRU-SOLO; Grupo de 2 Venda indireta: Coletivos de Consumo e
produzida no Institucional: PNAE; PAA; PPAIS; Consumo Pé de Broto. Loja de Produtos Orgânicos.
agroecossistema pelo Coletivos/Grupos de Consumo: CCRU- Venda direta: Feira em Sesc; Delivery. Venda direta: Feira de Economia Solidária
NSGA SOLO; CRU- Diadema; MIIC. Tendo em vista o volume de escoamento, do Butantã.
Pequenos mercados e sacolões de em média os produtos são vendidos tanto Tendo em vista o volume de escoamento,
proximidade. de forma direta quanto indireta. a maioria dos produtos são vendidos de
forma indireta.

Participação em espaços 1 Não participa de nenhum espaço de 1 Não participa de nenhum espaço de 1 Não participa de nenhum espaço de
de gestão de bens gestão de bens comuns. gestão de bens comuns. gestão de bens comuns.
comuns

61
Figura 10: Gráfico acerca do aspecto de Integração Social

Integração Social
Participação em
espaços
político-organizativos
4
Participação em 3
espaços Acesso a políticas
de gestão de bens 2 públicas (regularidade)
comuns
1 Agricultor 1

0 Agricultor 2
Agricultor 3
Apropriação da
riqueza Acesso a políticas
produzida no públicas (variedade)
groecossistema

Participação em redes
sociotécnicas de
aprendizagem

Fonte: Acervo do autor

4.2.5 Equidade de Gênero

Tabela 11: Avaliação e justificativa dos parâmetros acerca da Equidade de Gênero


Equidade de Gênero Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Parâmetros Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa Avaliação Justificativa
Divisão sexual do 2 Há uma divisão pouco simétrica das 2 Há uma divisão pouco simétrica das 5 Considerando que o relacionamento é
trabalho doméstico e de tarefas domésticas e de cuidados entre tarefas domésticas e de cuidados entre
homoafetivo, o protagonismo feminino para
cuidados (adultos) homens e mulheres homens e mulheres
os itens avaliados é máximo, não fazendo
sentido a avaliação de equidade de gênero

62
entre homens e mulheres. Sendo assim,
optou-se por manter a avaliação máxima.

Divisão sexual do 0 Não há jovens no núcleo familiar. 0 Não há jovens no núcleo familiar. 0 Não há jovens no núcleo familiar.
trabalho doméstico e de
cuidados (jovens)

Participação nas 5 Há uma divisão simétrica entre homens e 5 Há uma divisão simétrica entre homens e 5 Há uma divisão simétrica entre homens e
decisões de gestão do mulheres em relação às decisões mulheres em relação às decisões
mulheres em relação às decisões
agroecossistema relacionadas às estratégias de relacionadas às estratégias de
estruturação, de manejo e de estruturação, de manejo e de relacionadas às estratégias de
comercialização. comercialização.
estruturação, de manejo e de
comercialização.
Participação em espaços 5 Há uma divisão simétrica entre homens e 1 Há uma divisão pouco simétrica entre 5
sócio-organizativos mulheres em relação à participação em homens e mulheres em relação à
organizações (formais e informais), redes participação em organizações (formais e
e movimentos sociais. informais), redes e movimentos sociais
entre homens e mulheres.

Apropriação da riqueza 5 Há uma divisão simétrica entre homens e 5 Há uma divisão simétrica entre homens e 5
gerada no mulheres em relação à apropriação e o mulheres em relação à apropriação e o
agroecossistema poder de decisão sobre a destinação da poder de decisão sobre a destinação da
renda gerada pelo trabalho do NSGA no renda gerada pelo trabalho do NSGA no
agroecossistema. agroecossistema.

Acesso a políticas 5 Há uma divisão simétrica entre homens e 5 Há uma divisão simétrica entre homens e 5
públicas mulheres em relação ao acesso mulheres em relação ao acesso
autônomo e/ou no poder de decisão autônomo e/ou no poder de decisão
sobre o uso dos recursos redistribuídos sobre o uso dos recursos redistribuídos
por meio das políticas públicas por meio das políticas públicas

63
Figura 11: Gráfico acerca do aspecto de Equidade de Gênero

Equidade de Gênero
Divisão sexual do
trabalho
doméstico e de
cuidados (adultos)
5
4 Divisão sexual do
Acesso a políticas 3 trabalho
públicas doméstico e de
2 cuidados (jovens)
1 Agricultor 1

0 Agricultor 2
Agricultor 3
Apropriação da Participação nas
riqueza decisões
gerada no de gestão do
agroecossistema agroecossistema

Participação em
espaços
sócio-organizativos

Fonte: Acervo do autor

4.3 Método 2

A aplicação do método 2 para análise de agroecossistemas


desenvolvido por Almeida, Carneiro e Marchiori (2016), avaliou os seguintes
aspectos:

 Ecológicos: biodiversidade, solo, água


 Sociais
 Políticos
 Econômicos

64
4.3.1 Aspectos Ecológicos

a) Biodiversidade

Tabela 12: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Biodiversidade

Aspectos ecológicos Qualificação dos parâmetros Avaliação


Biodiversidade RUIM (1) BOM (3) ÓTIMO (5) Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Plantas espontâneas nos canteiros Ausente Poucas Muitas 3 5 3

Mata nativa Ausente Apenas obrigatório Mais que obrigatório 5 5 5

Diversidade cultivada Monocultura Diversidade, porém, apenas Diferentes hábitos de vida 5 5 5


um hábito de vida

Diversidade de criações Um Entre um e três Mais de três consorciados 1 1 0


às plantações

ilhas de diversidade/refúgios Ausente Poucas Muitas 5 5 5

Desenho estrutural agroecológico Ausente Pouco planejado Bem planejado 3 5 5

barreira de vento (vegetação) Ausente Em alguns pontos Em toda propriedade 3 5 5

65
Figura 12: Gráfico – Aspectos Ecológicos: Biodiversidade

Aspectos Ecológicos: Biodiversidade


plantas
espontâneas no
canteiro
5
barreira de vento
4
mata nativa
(vegetação) 3
2
1 Agricultor 1

0 Agricultor 2
Desenho estrutural Diversidade
agroecológico cultivada
Agricultor 3

ilhas de
Diversidade de
diversidade/refúgio
criações
s

Fonte: Acervo do autor.

b) Solo

Tabela 13: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca do Solo


Aspectos ecológicos Qualificação dos parâmetros Avaliação
Solo RUIM (1) BOM (3) ÓTIMO (5) Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Uso de compostos não agroquímicos Apenas agroquímicos Agroquímicos mais Apenas compostagem 5 5 5
compostagem
Presença de minhocas Poucas Mediano Muitas 3 5 3

Vantagem do uso da compostagem Indiferente Parcialmente bom Muito satisfatório 5 5 5

Dependência de mecanização Grande Pequena Ausente 1 3 1

Local para compostagem Ausente Insuficiente Suficiente 3 3 3

66
Palhada no solo Ausente Ausente Parte do solo Todo o solo 1 5 1

Invertebrados entre palhada-solo e no solo Ausente Poucos Muitos e variados 3 5 5

Exposição do solo Muito exposto e erodido Parcialmente exposto Moderadamente exposto 1 5 3

Cor/odor/teor de matéria orgânica no solo Ruim/insuficiente Normal/ Intermediário Normal/Suficiente 1 5 5

Aparência das culturas Ruim Boa Saudável 3 5 5

Desenvolvimento das raízes Pequeno Mediano Bom desenvolvimento 3 5 5

67
Figura 13: Gráfico: Aspectos Ecológicos: Solo

Aspectos Ecológicos: Solo


Uso de compostos
não agroquímicos
Desenvolvimento 5 Presença de
das raízes 4 minhocas

3
Aparência das vantagem do uso
culturas 2 da compostagem
1 Agricultor 1

Cor/odor/teor de 0 Dependência de
Agricultor 2
matéria orgânica no
mecanização Agricultor 3
solo

local para
Exposição do solo
compostagem
invertebrados entre
palhada-solo e no palhada no solo
solo

Fonte: Acervo do autor.

c) Água

Tabela 14: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Água


Aspectos ecológicos Avaliação

Água RUIM (1) BOM (3) ÓTIMO (5) Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Corpo d’água próximo Ausente ou poluído Pequeno e limpo Grande e limpo 3 1 3

Quantidade de corpos d’água Nenhum Um Dois ou mais 3 3 3

Balanço disponibilidade/demanda Falta água ou é poluída Tem pouca falta Não falta e está limpa 5 3 5
d’água

Tratamento de água Ausente Tratamento de uma Tratamento de toda 1 1 1

68
parte água

Rede de esgoto Ausente Presente em uma Presente em toda a 5 5 5


parte comunidade

Reservatório d’água para a seca Ausente Insuficiente Suficiente 5 1 5

Aspecto macroscópico d’água Ruim e turva Mediano e pouco Boa e limpa 5 5 5


turva

Figura 14: Gráfico – Aspectos Ecológicos: Água

Aspectos Ecológicos: Água


corpo d’água
próximo
5
Aspecto 4 Quantidade de
macroscópico
d’água
3 corpos d’água
2
1 Agricultor 1
0 Agricultor 2
Balanço
reservatório d’água
disponibilidade/dem Agricultor 3
para a seca
anda d’água

Tratamento de
rede de esgoto
água

Fonte: Acervo do autor.

69
4.3.2 Aspectos Sociais

Tabela 15: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca dos Aspectos Sociais
Qualificação dos parâmetros Avaliação
Aspectos sociais RUIM (1) BOM (3) ÓTIMO (5) Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Quantidade de pessoas que trabalham na Um a cinco Seis a dez Mais de dez 1 1 1
propriedade

Quantidade de casas na propriedade Um Dois a três Mais de três 3 1 1

Frequência de casos de doenças Muito frequente Mediano Pouco frequente 5 5 5


(infecciosas ou não) na comunidade

Nível de escolaridade/alfabetização dos Analfabetos Ensino fundamental Ensino médio/superior 5 5 5


agricultores

Presença de serviços públicos no entorno Apenas um Presença dos principais Presença de todos 3 3 3
(escola, posto médico, policiamento, (escola e posto de saúde)
comércio)
Presença de cooperativas/associações na Ausente Não atende a todos ou não Atende a todos e tem um bom 3 1 3
comunidade funciona bem funcionamento

Equilíbrio etário da comunidade Apenas Pessoas com idades entre Pessoas de diversas faixas 5 5 5
pessoas com menos 26-50 anos etárias, inclusive com mais 50
25 anos anos

Equilíbrio de gênero da comunidade Somente um gênero Grande maioria de um Equilíbrio 5 5 5


gênero

Presença de rede de telefonia fixa e móvel Ausente Apenas um Fixo e móvel 3 5 3

Presença de rede de internet Ausente Funcionamento precário Bom funcionamento 3 3 3

Interesse da parcela jovem em continuar Sem interesse Pouco interesse Muito interesse 1 1 1
no local e com o manejo da propriedade

Satisfação em morar na comunidade Insatisfeitos Parcialmente satisfeitos Satisfeitos 3 3 3

Presença de meios de transporte públicos Ausente Transporte precário Transporte eficiente e bons 1 5 1
carros

70
Presença de meios de transporte próprios Ausente Insuficiente Suficiente 3 5 5

Frequência com que vão ao mercado para Mais de uma vez por Uma vez por mês Raramente 3 3 3
comprar seus próprios alimentos semana

Figura 15: Gráfico acerca dos Aspectos Sociais

Aspectos Sociais
Quantidade de
pessoas que…
Frequência com que 5 Quantidade de casas
vão ao mercado… na propriedade
Presença de meios 4 Frequência de casos
de transporte… de…
3
Presença de meios 2 Nível de
de transporte… escolaridade/alfab…
1 Série1

Satisfação em morar 0 serviços públicos no Série2


na comunidade entorno
Série3

Interesse da parcela Presença de


jovem em… cooperativas

Equilíbrio etário da
rede de internet
comunidade
rede de telefonia fixa Equilíbrio de gênero
e móvel da comunidade

Fonte: Acervo do autor.

71
4.3.3 Aspectos Culturais

Tabela 16: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca dos Aspectos Culturais
Qualificação dos parâmetros Avaliação
Aspectos culturais RUIM (1) BOM (3) ÓTIMO (5) Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Harmonia entre os integrantes Desarmonia Alguns impasses Harmonia 5 3 5
da comunidade

Presença de festas típicas e Nunca Às vezes Frequente 1 3 5


costumes tradicionais

Presença de religião Ausente Uma religião Mais de uma religião 3 5 3

Participação feminina nos Nunca Pouca Frequente 3 3 3


trabalhos rurais

Participação feminina nos Sempre Pouca Divisão dos trabalhos 1 1 1


trabalhos domésticos

Participação masculina nos Sempre Pouca Divisão dos trabalhos 1 1 1


trabalhos rurais

Participação masculina nos Nunca Pouca Divisão dos trabalhos 3 3 1


trabalhos domésticos
Frequência com que vão à Nunca Às vezes Sempre 3 5 3
cidade

72
Figura 16: Gráfico acerca dos Aspectos Culturais

Aspectos Culturais
Harmonia entre os
integrantes da
comunidade
5
Presença de festas
Frequência com 4 típicas e costumes
que vão à cidade
3 tradicionais
2
Agricultor 1
Participação 1
Presença de
masculina nos 0 religião
Agricultor 2
trabalhos…
Agricultor 3

Participação Participação
masculina nos feminina nos
trabalhos rurais trabalhos rurais
Participação
feminina nos
trabalhos…

Fonte: Acervo do autor.

4.3.4 Aspectos Políticos

Tabela 17: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca dos Aspectos Políticos
Qualificação dos parâmetros Avaliação
Aspectos políticos RUIM (1) BOM (3) ÓTIMO (5) Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Qualidade dos meios de acesso Ausente Apenas TV Diferentes meios 5 5 1

Qualidade dos serviços e políticas Insatisfatória Insuficiente Suficiente 1 1 1


públicas

Apoio do poder municipal/estatal/nacional Ausente Apoio de Apoio de mais de uma escala 5 1 1


somente uma escala de de poder
poder

73
Presença de frentes sociais organizadas Ausente Insuficiente Suficiente 3 5 1
na comunidade

Existência de assembleias para diálogo Ausente Poucas Muitas 5 5 1

Infraestrutura das estradas para Precárias Medianas Boas 1 5 1


escoamento da produção

Porcentagem das pessoas da Muitas Poucas Nenhuma 1 0 1


comunidade que são beneficiados por
programas de bolsas ou subsídios do
governo

Figura 17: Gráfico acerca dos Aspectos Políticos

Aspectos Políticos

Qualidade dos
meios de acesso
Porcentagem das
5
pessoas da 4 Qualidade dos
comunidade que serviços e políticas
são beneficiados
3 públicas
por programas de… 2
1 Agricultor 1

Infraestrutura das 0 Agricultor 2


Apoio do poder
estradas para
escoamento da
municipal/estatal/na Agricultor 3
cional
produção

Existência de
Presença de frentes
assembleias para
sociais organizadas
diálogo

Fonte: Acervo do autor.

74
4.3.5 Aspectos Econômicos

Tabela 18: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca dos Aspectos Econômicos
Qualificação dos parâmetros Avaliação
Aspectos econômicos RUIM (1) BOM (3) ÓTIMO (5) Agricultor 1 Agricultor 2 Agricultor 3
Porcentagem do prato de comida produzido na 0% Até 25% 25% ou mais 5 5 3
própria propriedade
Frequência de troca de sementes ou produtos Nunca Às vezes Sempre 5 3 1
entre produtores

Processamento de produtos Muitos processos Alguns processos Poucos ou nenhum 5 5 5

Contrato de mão de obra externa Nunca Às vezes Sempre 3 3 5

Figura 18: Gráfico acerca dos Aspectos Econômicos

Aspectos Econômicos
Porcentagem do
prato de comida
produzido na
própria propriedade
5
4
3
2
Agricultor 1
1 Frequência de troca
Contrato de mão de de sementes ou
obra externa 0 produtos entre
Agricultor 2
produtores Agricultor 3

Processamento de
produtos

Fonte: Acervo do autor.

75
4.4 Exigências de Mercado

4.4.1 Agricultor 1

Tabela 19: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade entre as Exigências
de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 1

Agricultor 1
Atributo Mercado

Compatibilidade entre as Programa de Aquisição de Alimentos Programa Nacional de Alimentação Escolar Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS)
Exigências (PAA) (PNAE)
de Mercado e Sistemas
Agroecológicos

Avaliação Avaliação Avaliação

Aparência/homogeneidade 5 1 1

Embalagem 5 1 1

Escala 5 5 1

Sazonalidade 5 5 5

Preço 1 1 1

76
Figura 19: Exigências de Mercado - Mercados Institucionais

Exigências de Mercado: Mercados Institucionais

Aparência/homog
eneidade
5
4
3 Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA)
2
Preço Embalagem
1
Programa Nacional de
0 Alimentação Escolar (PNAE)

Programa Paulista da
Agricultura de Interesse Social
(PPAIS)

Sazonalidade Escala

Fonte: Acervo do autor.

Tabela 20: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade entre as Exigências
de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 1

Agricultor 1
Atributo Mercado
Compatibilidade entre as Exigências Mercados Locais Associação de Integração Campo Cidade (MICC) Coletivo de Consumo Rural e Urbano Solidariedade Orgânica
de Mercado e Sistemas Agroecológicos (CCRU-SOLO); Coletivo de Consumo Rural e Urbano de Diadema

77
(CRU-Diadema)
Avaliação Avaliação Avaliação

Aparência/homogeneidade 1 1 5

Embalagem 5 1 5

Escala 1 1 5

Sazonalidade 1 3 5

Preço 1 1 1

Figura 20: Exigências de Mercado - Coletivos de Consumo e Mercados Locais

Exigências de Mercado: Coletivos de Consumo e


Mercados Locais

Aparência/hom
ogeneidade
5
4 Mercados Locais
3
Preço 2 Embalagem
1 Associação de
0 Integração Campo
Cidade (MICC)

CCRU-SOLO e CRU-
Diadema
Sazonalidade Escala

Fonte: Acervo do autor.

78
4.4.2 Agricultor 2

Tabela 21: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade entre as Exigências
de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 2

Agricultor 2
Atributo Mercado
Compatibilidade entre as Grupo de Consumo Pé de Broto Coletivo de Consumo Rural e Urbano Feiras e Delivery
Exigências Solidariedade Orgânica (CCRU-SOLO)
de Mercado e Sistemas
Agroecológicos

Avaliação Avaliação Avaliação

Aparência/homogeneidade 4 5 3

Embalagem 5 5 1

Escala 5 1 5

Sazonalidade 3 5 2

Preço 1 1 1

79
Figura 21: Exigências de Mercado - Coletivos de Consumo, Feiras e Delivery

Exigências de Mercado: Coletivos de


Consumo, Feiras e Delivery
Aparência/ho
mogeneidade
5
4
3
Grupo de Consumo Pé
Preço 2 Embalagem de Broto
1
CCRU-SOLO
0

Feiras e Delivery

Sazonalidade Escala

Fonte: Acervo do autor.

4.4.3. Agricultor 3

Tabela 22: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade entre as Exigências
de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 3

Agricultor 3
Atributo Mercado
Compatibilidade entre as Exigências Coletivo de Consumo Rural e Urbano Solidariedade Orgânica (CCRU-SOLO) Coletivo de Consumo Rural e Urbano de Diadema (CRU-Diadema)
de Mercado e Sistemas Agroecológicos

80
Avaliação Avaliação

Aparência/homogeneidade 5 3

Embalagem 5 5

Escala 4 5

Sazonalidade 5 5

Preço 1 1

Tabela 23: Qualificação e avaliação dos parâmetros acerca da Compatibilidade entre as Exigências de Mercado e Sistemas Agroecológicos – Agricultor 3

Agricultor 3
Atributo Mercado
Compatibilidade entre as Exigências de Instituto Feira Livre Feira de Economia Solidária do Butantã
Mercado e Sistemas Agroecológicos

Avaliação Avaliação

Aparência/homogeneidade 1 1

Embalagem 1 1

Escala 5 5

Sazonalidade 4 5

Preço 1 1

81
Figura 22: Exigências de Mercado – Coletivos de Consumo, Loja de Produtos Orgânicos, Feira de Economia Solidária

Exigências de Mercado: Coletivos de Consumo, Loja de


Produtos Orgânicos, Feira de Economia Solidária

Aparência/homog
einidade
5
4
3 CCRU-SOLO
2
Preço Embalagem
1 CRU-Diadema

0
Instituto Feira Livre

Feira de Economia Solidária do


Butantã

Sazonalidade Escala

Fonte: Acervo do autor.

82
4.5 Discussão

4.5.1 Método 1

4.5.1.1 Autonomia (Recursos produtivos mercantis)

A autonomia em relação aos recursos produtivos mercantis, um dos atributos


avaliados no método 1, refere-se ao grau de mercantilização dos recursos movidos
no funcionamento do agroecossistema. A variação desse grau mostra a
dependência em relação ao mercado e se mostra um indicador importante de
sustentabilidade. Agroecossistemas pouco dependentes do mercado e que
conseguem dar conta dos fatores produtivos necessários para seu funcionamento a
partir de recursos internos de forma sustentável, isto é, sem a exaustão dos
mesmos, sustentando-os em níveis que promovam sua manutenção, apontam para
sistemas produtivos mais autônomos.
Ao observar a figura 6 (Gráfico acerca do aspecto de Autonomia – Recursos
Produtivos Mercantis), podem-se notar diferentes graus de dependência em relação
ao mercado no que se refere à aquisição dos recursos produtivos. De forma geral,
se mostraram autônomos, apresentando pequenas variações, no que se refere aos
parâmetros aluguel de terra, água, forração/ração e trabalho de terceiros.
Neste último aspecto, apesar da relativa independência em relação à
contratação de trabalho de terceiros, determinada prioritariamente pela escassez de
recursos para tal, os agricultores apontam que a força de trabalho atual é pouco
suficiente para as demandas do agroecossistema (figura 7 - Gráfico acerca do
aspecto de Autonomia – Base de Recursos Autocontrolada), fator que restringe a
autonomia para a realização de trabalhos que não sejam rotineiros.
Outro ponto interessante é a autonomia em relação à aquisição de
fertilizantes. Os agricultores 1 e 3 adquirem grandes volumes de compostos via
mercado (ver fluxo de insumos e produtos), tal fato pode estar relacionado, além de
outros fatores, com o tipo de manejo de solo praticado. Nos dois casos, a prática de
revolvimento do solo com máquinas agrícolas compacta o solo, destrói sua estrutura
e microbiota e impede a manutenção da matéria orgânica, sendo necessário o
aporte constante de insumos externos.

83
Também para os agricultores 1 e 3, a produção de fertilizantes e sementes
são os aspectos cuja autonomia em relação aos mercados é menor.

4.5.1.2 Autonomia (Base de recursos autocontrolada)

A autonomia (base de recursos autocontrolada) é entendida como espaço de


liberdade para que se possa colocar em prática estratégias de reprodução do
agroecossistema que sejam coerentes com as perspectivas econômicas e projetos
de vida. Tal liberdade se amplia conforme haja uma ampliação da base de recursos
autocontrolada, composta por objetos de trabalho (terra, biodiversidade, água), por
instrumentos de trabalho (equipamentos e infraestruturas) e pela força de trabalho.
Um dos recursos mais importantes a se considerar em um agroecossistema
em transição agroecológica é a biodiversidade. Pode-se observar nos três
agroecossistemas (figura 7 - Gráfico acerca do aspecto de Autonomia – Base de
Recursos Autocontrolada) uma grande variedade de espécies cultivadas e áreas de
mata e plantas espontâneas (ver mapas), estas últimas, também importantes para a
preservação de inimigos naturais (controle biológico). Porém, além da diversidade
em si, sua espacialização (ver mapas) pode promover relevantes serviços
ecossistêmicos. Os agricultores 2 e 3 possuem áreas de SAF onde há ocupação de
diferentes estratos aéreos e subterrâneos, além de proporcionarem uma produção
de biomassa e ciclagem de nutrientes no mesmo espaço de produção das espécies
comerciais, diminuindo assim a necessidade da importação de insumos. O agricultor
2 produz inteiramente nesse sistema e o agricultor 1 ainda possui áreas de
monocultura.
Quanto à diversidade intraespecífica, promotora de diversidade genética
dentro da mesma espécie e fundamental para a preservação das variedades
agrícolas, apenas o agricultor 2 produz suas próprias sementes crioulas, os outros
dois ainda são dependentes, em diferentes graus, da aquisição de sementes via
mercado. Um dos fatores apontados para a não produção de sementes é a falta de
mão de obra e conhecimento. Além da diversidade intraespecífica favorecer a
adaptabilidade das espécies ao agroecossitema, a região climática de origem das
espécies produzidas é um ponto fundamental para tanto.

84
Para os agricultores 1 e 3, cerca da metade das espécies que cada um
produz são de origem tropical, enquanto que para o agricultor 2, a grande maioria
das espécies possuem essa origem, sendo que uma parcela delas é nativa da mata
atlântica. A adaptabilidade das espécies em conjunto com o respeito à sazonalidade
da produção favorece uma produção mais sadia, portanto, com incidência menor de
pragas e doenças, e com aportes reduzidos de insumos (a depender da forma de
manejo).
A água em quantidade e qualidade adequada para a produção é um recurso
que envolve pelo menos dois fatores, a oferta natural e a infraestrutura de captação
e armazenamento. Com exceção de um dos agroecossistemas (agricultor 3)
localizado próximo à Serra do Mar (em Biritiba-Ussu – Mogi das Cruzes), onde as
precipitações são mais constantes durante o ano em virtude da geografia local, para
os outros dois, o clima é típico de regiões tropicais, com estações secas e períodos
chuvosos. Apesar de uma queda na disponibilidade de água nos períodos secos,
com uma infraestrutura de captação e armazenamento adequados a oferta natural
de água é o suficiente para as demandas.
Diversos tipos de infraestrutura estão presentes nos agroecossistemas
estudados, desde a captação por poço caipira, poço artesiano, pequenas barragens
em rio e captação de água de chuva por escoamento/infiltração ou telhado. Esta
última está em fase de implantação no agroecossistema 2 e irá sanar as demandas
não atendidas nos períodos de seca. Cabe ressaltar que o manejo adequando do
solo promove uma economia maior de água. O uso de cobertura morta, presente em
boa parte do solo apenas no agroecossistema 2 (figura 12: Gráfico – Aspectos
ecológicos: solo), ajuda na retenção de água, no fornecimento de matéria orgânica e
na manutenção de temperaturas amenas no solo.

4.5.1.3 Responsividade

A responsividade, capacidade de resposta às contingências e instabilidades


dos meios externos e internos ao agroecossistema, é outro atributo importante que
pode garantir a estabilidade do mesmo em casos de mudanças diversas.

85
A biodiversidade já discutida na secção anterior - seja através da diversidade
intraespecífica que possibilita uma variedade genética mais adaptada ao meio, a
adaptabilidade das espécies no que diz respeito à região climática de origem, e,
portanto, mais adequada à sua produção ou a diversidade interespecífica que pode
proporcionar sinergias positivas entre os cultivos entre si e as plantas
espontâneas/nativas - é um recurso fundamental que compõe a responsividade do
agroecossistema.
Em relação aos meios de escoamento acessados pelo agricultor, quanto mais
diversos eles sejam, menor a perda de renda caso haja a impossibilidade de
escoamento através de algum deles. Em geral, os agricultores estudados acessam
uma variedade alta de mercados, de quatro a cinco mercados cada. São eles
coletivos de consumo, feiras, mercados institucionais e locais.
Em contraposição, a diversidade de rendas agrícolas no geral é baixa. Os
agricultores 1 e 3 produzem para venda hortaliças/legumes e frutas, o agricultor 2,
além desses tipos produtivos, produz alimentos processados que possuem validade
e valores agregados maiores. Além da diversidade de rendas agrícolas, rendas não
agrícolas também foram avaliadas; elas trazem um incremento na renda principal
que provem das atividades agrícolas e ajudam quando o agroecossistema passa por
baixas produtividades ou os mercados não absorvem parte da produção. Apenas no
agricultor 3 a geração de renda não agrícola é fixa. Nos outros dois é esporádica, o
que pode comprometer a renda caso ocorram mudanças inesperadas na
produtividade.

4.5.1.4 Integração Social

A integração social através de relações não mercantilizadas com a


comunidade e estâncias do poder como o Estado, foi avaliada de forma específica
para ressaltar sua importância.
Todos os agricultores participam em espaços político-organizativos que
satisfazem suas demandas de organização política. A diversidade de organizações é
grande e varia de acordo com as demandas específicas de cada agricultor.
Associações de produtores, conselhos municipais de agricultura e de economia

86
solidária, movimentos de economia solidária, de mulheres da economia solidária e
feministas, fazem parte dessa gama de organizações. Apesar de bem organizados,
os agricultores comentam da dificuldade na conquista das demandas. Isso é
evidenciado, também, através da avaliação do parâmetro acesso às políticas
públicas. Para políticas públicas específicas para o fomento da produção rural, seu
acesso em variedade é baixo e em regularidade é muito baixo para os agricultores 1
e 3 que as acessaram apenas de forma pontual. Para o agricultor 1, vale a pena
ressaltar a importância das políticas públicas voltadas para a comercialização, em
especial os mercados institucionais, que são as vias por onde mais escoa, apesar de
afirmar uma baixa no acesso dessas políticas no último ano.
A qualificação dos trabalhadores também é um fator que afeta a autonomia
para a realização de práticas agroecológicas e diz respeito à integração social.
Nesse ponto, apesar de nenhum deles participar em redes de aprendizagem, todos,
com exceção de um trabalhador contratado, em maior ou menor grau, possuem
qualificação na área de agroecologia ou em outros sistemas de produção
sustentável. Aqui, além de apontar a graduação na área agronômica e as
especializações em agricultura alternativa como formas de aprendizagem
acadêmicas (caso do agricultor 1), porém de difícil acesso, cabe ressaltar o papel da
aquisição de conhecimento via internet e através de troca de conhecimentos com
outros agricultores como formas de acesso mais democráticas à informação.

4.5.1.5 Equidade de gênero

O parâmetro equidade de gênero pretendeu contribuir para elucidar as


relações de gênero e o protagonismo das mulheres em espaços sociais e processos
de gestão e trabalho nos agroecossistemas que geralmente são legados à figura
masculina.
Cabe observar que dos três agricultores estudados, dois são homens, e na
realização da entrevista para esse trabalho, suas esposas não participaram de forma
ativa, apesar de serem fundamentais para a manutenção do funcionamento do
agroecossistema, seja trabalhando de forma direta ou indireta na produção.

87
O agricultor 3 possui uma relação homoafetiva e por participar de todos os
processos que envolvem a produção e gestão do agroecossistema, o protagonismo
da mulher nos aspectos avaliados é máximo.
Contudo, nos outros dois casos, pode-se observar que a mulher é ainda a
maior responsável pelos trabalhos domésticos e de cuidados, com pouca
participação masculina nessas áreas. Apesar disso, os agricultores estudados
apontam que suas companheiras participam de forma simétrica em relação a eles no
que diz respeito às decisões de gestão e na apropriação das riquezas geradas no
agroecossistema. O agricultor 2 afirma que sua companheira não participa em
espaços sócio-organizativos.

4.5.2 Discussão do método 2 em comparação com o método 1

De antemão, cabe ressaltar que as formas de aplicação dos métodos através


das entrevistas já proporcionam abordagens e resultados qualitativamente
diferentes. A aplicação do método 1 se baseou em entrevistas semiestruturadas no
formato de conversa mais aberta, permitindo uma maior discussão dos pontos
abordados e o esclarecimento dos possíveis entraves e motivações referentes aos
aspectos avaliados. A forma de aplicação do método 2, através do preenchimento
de um checklist, é mais limitante quanto ao esclarecimento das motivações que
levam as estratégias de gestão e manejo dos agroecossistemas. Além disso, ele
qualifica os parâmetros estudados em apenas três níveis (ruim, bom e ótimo),
dificultando a observação de maiores nuances entre os resultados. Por outro lado,
pode-se observar pontos em comum e complementariedades entre os métodos. Tais
pontos serão abordados concomitantemente às discussões dos resultados obtidos
para os aspectos avaliados.

4.5.2.1 Aspectos Ecológicos

a) Biodiversidade

88
Observando as áreas dos gráficos (Figura 11: Gráfico – Aspectos ecológicos:
Biodiversidade) para cada agricultor, pode-se observar que na quase totalidade dos
aspectos eles obtiveram resultados entre a qualificação boa e ótima. Tais resultados
convergiram com os correspondentes no método 1, destacados principalmente no
aspecto autonomia (base de recursos autocontrolada) por meio da avaliação dos
parâmetros de diversidade. Convêm atentar para a baixa diversidade de criações,
basicamente para autoconsumo, presentes nos agroecossistemas. Os agricultores 1
e 3 trazem de fora grandes quantidades de esterco que poderiam ser produzidos
internamente caso houvesse uma diversidade maior de criações e uma mudança no
manejo do solo que permitisse um maior acúmulo e manutenção da matéria
orgânica.
Outro ponto avaliado no método 2 é a presença de barreiras de vento. Apesar
de em todos os agroecossistemas haver áreas de mata, elas, por conta de suas
localizações, nem sempre funcionam como barreias. As barreiras de vento ajudariam
a prevenir possíveis danos às estruturas físicas das plantas, favorecendo brisas
leves que não interfiram negativamente na respiração e transpiração, e também
podem funcionar como ilhas de diversidade que abriguem inimigos naturais para
insetos-pragas.

b) Solo

Quando se trata dos aspectos envolvendo o manejo do solo, o método 2 traz


alguns parâmetros objetivos de avaliação que complementam ou podem guiar a
abordagem das práticas de manejo a serem avaliadas através na aplicação do
método 1. Enquanto nesse último a questão da fertilidade do solo é abordada de
forma a observar se as práticas de manejo em seu conjunto contribuem para a
manutenção da mesma, deixando a cargo do entrevistador investigar as práticas
utilizadas, o método 2 apresenta parâmetros interessantes de avaliação como os
apontados a seguir.
Presença de minhocas e invertebrados no solo, apontada pelos agricultores 2
e 3 como em grande quantidade e variedade, são bons indicadores que informam
sobre a existência de atividade biológica, o que alguns chamam de “solo vivo”,

89
sendo aquele que favorece o aparecimento de vida microbiana e de espécies da
inseto-fauna. Solos férteis e com atividade biológica proporcionam maior aeração
dos mesmos, fornecendo oxigênio para as raízes, e, conjuntamente, matéria
orgânica e minerais, possibilitando o desenvolvimento de plantas mais sadias e
resistentes às intempéries do clima e ação de pragas e doenças. Pode-se observar
que é justamente no agroecossistema 1 onde o solo se apresenta mais exposto e
com ausência de palhada em que agricultor afirma existir mediana quantidade de
minhoca e pouca diversidade de insetos, além da avaliação da cor/odor/teor de
matéria orgânica ser menor. A Figura 23 ilustra os aspectos visuais das camadas
supercifias dos solos dos agroecossistemas estudados.

Figura 23: Práticas de manejo do solo e uso de compostagem


Práticas de manejo do solo e uso de compostos

Fonte: Acervo do autor.

Todos esses aspectos objetivos podem ser relacionados com as práticas de


manejo do solo e as estratégias para a sua fertilização apontadas na discussão do
método 1. Pode-se inferir que os agricultores 1 e 3 que revolvem o solo com maior
frequência e usam menos cobertura morta, são os mesmos onde os parâmetros
acima discutidos apresentaram avaliações menores.

90
A Figura 24 relaciona as práticas de manejo do solo e suas consequências
ambientais.

Figura 24: Práticas de manejo do solo e suas consequências ambientais

Fonte: Acervo do autor.

c) Água

Em relação à água, o método 2 traz alguns parâmetros importantes que


complementam os aspectos abordados no método 1. Ademais, pontos em comum
como o balanço entre disponibilidade/demanda de água, esse método revela
importantes questões como o tratamento de água e a presença de rede de esgoto.
Quanto ao primeiro indicador, em nenhuma propriedade existe tratamento da água
captada; contudo, os agricultores afirmam a sua boa qualidade em relação aos seus
aspectos macroscópicos. O tratamento do esgoto em todos os agroecossistemas se
dá por fossa séptica.
A quantidade de corpos hídricos e a qualidade da água nos agroecossistemas
também foram avaliadas. O rio próximo ao agroecossistema 2 se encontra poluído,
sendo que sua localização é justamente na região periurbana de uma das cidades
mais adensadas da Região Metropolitana de São Paulo, Mauá. Também pela
91
impossibilidade de captação de água desse rio, o agricultor possui certa limitação no
atendimento da demanda de água, principalmente em épocas secas. Para sanar
esse déficit, o agricultor está em fase de implantação de um sistema de captação de
água de chuva. No agroecossistema 1 há uma nascente localizada em região pouco
florestada e preservada e, no 3, uma das margens do rio, na região onde esse passa
pelo agroecossistema, se encontra com APP insuficiente. Cabe ressalvar a
importância da preservação das matas ciliares na conservação da qualidade da
água e das margens dos corpos d’água, prevenindo assoreamentos e funcionando
como filtros contra a contaminação da água, além de servirem de habitat para
diversas espécies animais.

4.5.2.2 Aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos

Os aspectos sociais e culturais referem-se a pontos avaliados em relação à


comunidade do entorno do agroecossistema que interferem diretamente ou
indiretamente na qualidade de vida do agricultor, inclusive na sua relação com o
próprio trabalho.
Pode-se observar que todos os agricultores apontaram a presença dos
principais serviços públicos (escola, posto médico, policiamento e comércio) no
entorno, apesar de que, quando questionados em relação à distância, os
agricultores 1 e 3 afirmarem a necessidade de deslocamento para a cidade a fim de
acessarem alguns serviços. Justamente eles, que moram em regiões rurais pouco
mais afastadas de centros comerciais e serviços, afirmaram a ausência de
transporte público na região, necessitando se deslocar prioritariamente através de
transporte próprio. A ausente de transporte público dificulta o acesso à cidade e aos
serviços públicos essenciais que garantem uma melhora na qualidade de vida. Além
disso, todos declararam insatisfatória a qualidade dos serviços públicos, e, os
agricultores 1 e 3, das estradas que dão acesso à propriedade, dificultando o
escoamento dos produtos. Em conjunto com o método 1, é interessante notar a
precariedade dos serviços públicos e políticas públicas em geral, inclusive as
voltadas diretamente para a produção rural. Essas, acessadas de forma pontual
para os agricultores 2 e 3, sendo que para o outro, apenas as políticas de

92
comercialização de produtos são mais presentes. O agricultor 1, foi o único a
apontar o apoio político de mais de uma escala de poder
(municipal/estatal/nacional), enquanto os demais manifestaram a ausência de apoio.
Vale notar que, para o agricultor 3, todos os aspectos políticos no que se
refere ao acesso na comunidade do entorno, receberam a nota mais baixa. Em
conjunto com o método 1, pode-se notar que, para esse agricultor, o acesso às
frentes sociais organizadas, assembleias para diálogo e associações se dão em
outros territórios que não no município onde reside, apesar de morar em uma cidade
de vocação agrícola localizada no cinturão verde de SP. Isso pode se dar por conta
de suas demandas específicas, como por exemplo, a identificação com o movimento
feminista da economia solidária sediado em São Paulo, a possibilidade de acesso ao
certificado de transição agroecológica via associação de produtores da Zona Leste e
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de SP. Cabe apontar que iniciativas e
movimentos ligados a agroecologia se mostram presentes mesmo que fora do
território de proximidade dos agricultores, o que por vezes inviabiliza seu acesso,
mas são importantes enquanto possíveis polos de dispersão de iniciativas.

4.5.3 Compatibilidade entre as exigências de mercado e os sistemas agroecológicos

Escala e Sazonalidade

Quanto à escala e à sazonalidade como exigências dos mercados, pode-se


observar diferentes condições de acesso aos mesmos de acordo com suas formas
de atuação e operacionalização.
No que se refere aos mercados institucionais, apenas acessados pelo
agricultor 1, apenas o PPAIS exige escala de produção, enquanto o PNAE e PAA
não exigem escala nem produtos fora de suas sazonalidades. Cabe ressaltar que foi
através da adequação do chamamento público para a participação no programa às
demandas dos agricultores locais que foi possível sua elaboração sem a exigência
dos produtos a serem oferecidos. Em geral, a entidade federativa apresenta a
demanda de produtos e os agricultores ou grupos de agricultores apresentam a
proposta de fornecimento de acordo com os produtos demandados. Através dessa

93
adequação do chamamento público, os agricultores têm a liberdade de produzir os
produtos de época. O único limitante exigido é a escala por produto, não podendo o
fornecimento de uma quantidade maior que o limite por produto. A flexibilização
dessas exigências, por um lado é positiva para os agricultores, mas pode gerar
flutuações na oferta de produtos para as entidades, comprometendo a oferta de
alimentos aos beneficiários. Apesar da definição prévia dos produtos a serem
fornecidos no caso do PPAIS, o agricultor afirma que eles são pensados de acordo
com suas sazonalidades.
Em relação aos coletivos de consumo, todos os agricultores fornecem para o
CRU-SOLO e afirmaram que o mesmo não tem exigência quanto à oferta de
produtos fora de suas sazonalidades, porém, para o agricultor 2, a resposta quanto à
exigência de escala pelo mesmo coletivo foi positiva. De acordo com o agricultor, ele
não oferece os produtos que possui, quando esses estão disponíveis em baixa
quantidade, por não atingirem a quantidade mínima para a composição das cestas
fornecidas pelo coletivo. Talvez esse não seja um problema para os demais
agricultores, pois suas escalas de produção são maiores.
A exigência média de produtos fora de suas sazonalidades foi apontada para
outros dois coletivos (MICC e Pé de Broto), sendo que, os meios de escoamento
apontados como os mais exigentes quanto a esse aspecto foram os mercados
locais, sistemas de delivery e feiras.
Uma produção mais sustentável é aquela em que há o respeito pela
sazonalidade dos alimentos e uma diversidade de produção. Conforme os canais
exijam uma diversidade baixa de produtos e/ou fora de suas sazonalidades, há uma
pressão para produções menos diversas e que necessitam de um aporte de insumos
e trabalho maiores. Quando a produção é diversa, a exploração dos recursos
minerais também o é, pois cada planta possui exigências distintas, diminuindo assim
o aumento da demanda por minerais específicos para o desenvolvimento de certa
espécie. Produções diversificadas - desde plantas herbáceas às arbustivas e
árvores - e que ocupam o mesmo ambiente exploram de forma distinta os estratos
aéreos e do subsolo, podendo ser manejadas de forma a potencializarem
sinergismos entre elas.
O aspecto da sazonalidade também deve ser respeitado, pois a produção de
alimentos fora de época e em condições regionais de clima e solo não favoráveis

94
implica o desenvolvimento de plantas menos sadias e mais suscetíveis a pragas e
doenças. Portanto, tais exigências vão à contramão de favorecerem uma agricultura
mais sustentável, podendo reiterar práticas de manejo inadequadas, inclusive,
limitando tanto a autonomia do agricultor em relação ao mercado - quando para
suprir as demandas de fertilidade e controle de pragas e doenças o mesmo busca a
aquisição de produtor por essa via - quanto à autonomia para colocar em marcha
práticas agroecológicas.
A escolha por produtos de época e cujas aparências não sigam aos padrões
de homogeneidade passa por uma reeducação alimentar dos consumidores e
consciência dos impactos ambientais e sociais dos modelos convencionais de
produção, distribuição e consumo de alimentos. Nesse aspecto, o papel de canais
de comercialização que, através de suas práticas, questionam os modelos vigentes,
é importante também enquanto espaço que fomente a reeducação alimentar e as
discussões junto aos consumidores.

Aparência/homogeneidade, embalagem e preço

Quanto à aparência/homogeneidade dos produtos como exigência dos


mercados institucionais, o agricultor 1 afirma que o PAA não as exige, porém, essa é
uma exigência para o escoamento via PNAE e PPAIS. No caso do PNAE, essas
condições parecem estar relacionadas com os consumidores finais, os quais, por
serem na sua maioria crianças, necessitariam receber produtos muito parecidos,
tanto em aparência quanto tamanho. Esse parece ser um paradigma educional que
poderia ser rediscutido.
Já no caso do grupo de consumo CCRU-SOLO, os três agricultores afirmam
que o mesmo não exige aparência/homogeneidade, resposta análoga dos
agricultores 1 e 3 quando questionados a respeito do CRU-Diadema. O agricultor 1
apontou que apesar do grupo de consumo CRU-Diadema não exigir de forma direta
esses atributos, os consumidores, principalmente os que frequentam as feiras
promovidas pelo coletivo, têm exigência média quanto à aparência/homogeneidade.
É interessante notar que para um dos grupos de consumo estudados, tais condições

95
são imprescindíveis para o escoamento, necessitando, em um dos casos
comentados, a lavagem de determinado produto a fim de se eliminarem manchas.
As feiras e delivery, para o agricultor 1, foram apontados como mercados com
exigência média para tais atributos. Para os outros dois agricultores, os atributos
foram mencionados como imprescindíveis para o escoamento através de feiras,
mercados locais e loja de produtos orgânicos/agroecológicos.
O desperdício de alimentos por conta das exigências de
aparência/homogeneidade por parte dos mercados e consumidores pode favorecer
a escolha de sementes transgênicas ou híbridas por possibilitarem o
desenvolvimento de plantas mais homogêneas. Inclusive, o agricultor 3 apontou
esses atributos como um dos que influenciaram na sua escolha por sementes
tratadas. Tal escolha acaba por diminuir a diversidade intraespecífica e a
possibilidade de uma maior adaptação das plantas às condições naturais do
agroecossistema, como ocorre no uso de sementes crioulas.
Quanto à embalagem, essa é imprescindível para o escoamento em dois
mercados institucionais acessados pelo agricultor 1, o PNAE e PPAIS, os quais
exigem embalagem em sacos plásticos e caixas esterilizadas. Dos quatro coletivos
de consumo, para apenas um deles a embalagem é imprescindível. O mesmo nível
de exigência é apontado para o escoamento através de delivery, feiras, e loja de
produtos orgânicos/agroecológicos. No caso das feiras, os agricultores afirmam que
a exigência não parte necessariamente dos consumidores, mas que os próprios
agricultores preferem embalar os produtos para protegê-los no transporte, exposição
nas bancas e distribuição.
Já o preço é definido, em todos os casos estudados, por apenas uma das
partes envolvidas na comercialização dos produtos. Alguns mercados possuem
maior poder de barganha para a definição dos preços, como são os casos dos
mercados locais, sacolões e loja de produtos orgânicos. A maioria dos coletivos de
consumo, três dos quatro estudados, atende aos preços estipulados pelos
agricultores. A não participação de todas as partes envolvidas na comercialização na
definição dos preços acaba por limitar a escolha de um preço que seja justo para
todos. A fim de fomentar o acesso mais democrático aos alimentos agroecológicos,
o Coletivo CCRU-SOLO, por exemplo, pratica preços diferenciados para os
trabalhadores terceirizados da Universidade. Tal prática é uma forma de definição de

96
preço mais justa e que leva em conta a condição de renda de quem deve ter direito
ao acesso a produtos agroecológicos.

5 CONCLUSÃO

A partir das discussões apresentadas nas seções anteriores, pode-se atentar


que a utilização em conjunto dos dois métodos de análise de agroecossistemas
ajuda a obter uma visão qualitativa de aspectos importantes de produções em
transição agroecológicas. Apesar de haver uma quantidade significativa de aspectos
em comum entre os métodos que poderiam ser descartados sem perda na qualidade
da análise, a sua utilização em conjunto pôde enriquecer as discussões.
Com os resultados apresentados, também foi possível verificar estratégias de
gestão e práticas agrícolas semelhantes e diversas entre os três agricultores
estudados. A utilização dos fluxos de insumos e produtos proporcionou uma visão
global dos fluxos de energia entre os subsistemas produtivos, apontando,
conjuntamente com a aplicação dos dois métodos, diferentes estágios de conversão
dos produtores em relação à produção agroecológica. O agroecossistema 2 se
mostrou mais próximo à produção agroecológica, principalmente, pelo fato de que os
subsistemas produtivos se encontram mais integrados, permitindo uma ciclagem de
nutrientes maior e com menos perdas, além de os recursos produtivos, na sua
maioria, serem obtidos através de produção própria, apontando para uma autonomia
maior em relação aos mercados.
Tais aspectos, fundamentais para uma produção sustentável, se encontram
ainda insuficientes nos outros dois agricultores, indicando um caminho maior a se
percorrer em relação à produção agroecológica. Mudanças nas práticas produtivas
que permitam uma integração maior entre os subsistemas, com autonomia maior em
relação aos mercados, e um manejo do solo que proporcione uma manutenção
maior da matéria orgânica, podem ser pontos importantes a serem observados no
que tange à transição agrocecológica.
Cabe resaltar que a aplicação dos dois métodos nesse estudo não avaliou
aspectos que poderiam ajudar a elucidar melhor as escolhas e estratégias de
reprodução dos agroecossistemas. Tendo em vista o aspecto de transição e
mudanças produtivas envolvendo os agroecossistemas que buscam uma produção
97
sustentável, o encadeamento das estratégias de reprodução dos agroecossistemas
com a história de vida dos agricultures, bem como os planos e desejos futuros, são
aspectos importantes a serem avaliados nas análises de agroecossistemas.
A avaliação da compatibilidade entre as exigências de mercado e os sistemas
agroecológicos ajudou a elucidar os diferentes níveis de exigência dos mercados
acessados. No que se refere à relação entre as exigências de mercado e as práticas
produtivas, não foi possível avaliar a relação direta entre elas; porém, é viável
atentar que exigências como produtos fora de suas sazonalidade e
aparência/homogeneidade dos mesmos, principalmente, podem reiterar práticas,
como as apontadas na discussão dessas exigências, que vão na contramão de
produções agroecológicas.
Pode-se observar, também, que 3 dos 4 grupos de consumo estudados nessa
pesquisa obtiveram, de forma geral, as melhores qualificações em comparação aos
demais meios de escoamento no que se refere a compatibilidade entre as
exigências de mercado e os sistemas agroecológicos. Esse resultado aponta que os
coletivos de consumo responsáveis podem ser meios de escoamento interessantes
para o escoamento de produtos de agroecossistemas em transição agroecológica.
Apesar desse resultado positivo para 3 dos 4 grupos de consumo estudados, um
deles ainda reintera exigências de mercados convencionais que podem influenciar
negativamente nas práticas de manejo adotadas pelos agricultores. A diferença de
resultado entre esse coletivo de consumo e os demais sugere a existência de uma
diversidade de exigências de mercado, inclusive negativas para sistemas
agroecológicos, mesmo dentro do universo de coletivos que se pretendem
responsáveis.

98
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. 3ª Ed. São


Paulo: Edusp, 2007.
________________; CAMARANO, Ana Amélia. Êxodo rural, envelhecimento e
masculinização no Brasil: panorama dos últimos 50 anos. Rio de Janeiro/São Paulo:
IPEA, 1999.

ALMEIDA, Thaís Helena Mandello Pimenta de; CARNEIRO, Magda Silva;


MARCHIORI, Nidia Mara. Avaliação de produtividade e sustentabilidade de sistemas
agroecológicos de duas propriedades do interior do estado de São Paulo. RBPG,
Brasília, v. 13, n. 32, p. 733-753, 2016. Disponível em:
<http://ojs.rbpg.capes.gov.br>. Acesso em: abril 2019.

ALTIERI, Miguel. Agroecologia: Bases científicas para uma agricultura sustentável.


3ª Ed. São Paulo: Expressão Popular, 2012.

COSTA NETO, C. P. L. Relações entre agronegócio e agroecologia no contexto do


desenvolvimento rural brasileiro. In: Bernardo Mançano Fernandes. (Org.).
Campesinato e Agronegócio na América Latina: a questão agrária atual. Buenos
Aires/ São Paulo: Clacso/Expressão Popular, 2008.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo


Agropecuário 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. Disponível em: <ww2.ibge.gov.br>.
Acesso em: abril 2019.

KAIRÓS, Instituto. Práticas de comercialização: uma proposta de formação para a


economia solidária e a agricultura familiar. Instituto Kairós, Capina, (org.). São Paulo:
Instituto Kairós, 2013. Disponível em: <https://institutokairos.net/>. Acesso em: Abril,
2019.

KHATOUNIAN, Carlos Armênio. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu:


Agroecológica, 2001.

MATOS, Patrícia Francisca; PESSÔA, Vera Lúcia Salazar. A modernização da


agricultura no Brasil e os novos usos do território. Geo UERJ, Rio de Janeiro, ano
13, v. 2, n. 22, p. 290-322, 2011. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br>.
Acesso em: abril de 2019.

PETERSON, Paulo; MARÇAL DA SILVEIRA, Luciano; BIANCONI FERNANDES,


Gabriel; GOMES DE ALMEIDA, Silvio. Método de Análise Econômico-Ecológica de
Agroecossistemas. 1ª Ed. Rio de Janeiro: AS-PTA, 2017.

PLEIN, Clério; FILIPPI, Eduardo Ernesto. Capitalismo, agricultura familiar e


mercados. REDES, Santa Cruz do Sul, v.16. n. 3, p. 98-121, 2011.

99
PLOEG, J. D. V. D. El proceso de trabajo agrícola y la mercantilización. In: Eduardo
Sevilla Guzmán, Manuel González de Molina. Ecologia, campesinato y historia.
Madrid: Las Ediciones de la Piqueta, p. 135-195, 1992.

POLLAN, Michel. O dilema do onívoro: uma história natural de quatro refeições. Rio
de Janeiro: Intrínseca, 2007.

SILVA, José Graziano da. O que é a questão agrária? 4ª Ed. - São Paulo: Editora
Brasiliense, 1981.

STEDILE, João Pedro (org). A questão agrária no Brasil: o debate na década de


2000. 1ª Ed. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2013

WILKINSON, John. Mercados, redes e valores: o novo mundo da agricultura familiar.


Porto Alegre: Editora da UFRGS: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Rural, 2008.

100

Vous aimerez peut-être aussi