Vous êtes sur la page 1sur 15
Jornalismo Transmidia: um desafio ao velho ecossistema midiético Joao Canavilhas Introdugao O ripido crescimento das taxas de penetragio da internet, a velocidade com queo digital se impés no mundo da comunicagao ¢ o surgimento de plataformas como os smartphones ¢ os tablets, abriram novos campos de nas Ciéncias da Comuni. cagiio. Para responder aos desafios emergentes, os investigadores propuseram novos conceitos que ajudam a perceber as mudangas em curso no ecossistema mididtico, masa rapidez com que as transformagdes ocorrem dificulta a defini¢ao clara destes novos fendmenos processos. Um dos casos em que esta dificuldade verifica é na transposigio do conceito de transmidia para o campo do jornalismo. A situagio est relacionada com a complexidade desta atividade profissional, mas também porque existem outros conceitos semelhantes. Neste trabalho procuramos contribuir para a clarificagio do que pode ser a narrativa transmidia jornalistica, Para isso, comecamos caracteristicas do novo ccossistema mididtico, procurando verificar quais sio os fatores que podem in- fluenciara sua definicéo, No ponto seguinte séo analisados 0s conceitos de mult- | midia e cross-media, para identificar as suas difercngas em relagao ao transmidia, Segue-se a especificagio das caracteristicas necessérias para que uma narrativa ossa ser considerada transmidia ¢ a conclusio, onde se particulariza o tipo de géneros jornalisticos que melhor adaptam a esta narrativa na sua aplicagao ao joralismo, 53 Periodismo transmedia: miradas multiples O novo ecossistema midiatico Com origem nos anos 60 do século passado, a Media Ecology éumaescola teérica queestuda as médias como ambientes, analisando a sua estrutura econteiido, assim como seu impacto nos receptores (Postman, 1970). Esta adaptagao da metiforaeco- ‘I6gica ao campo da midia é interessante € abre um vasto conjunto de possibilidades para interpretar o sistema: “Metaphors [...] play a fundamental role in scientific discourse. [..] Metaphors generate categories, organize processes, and establish oppositions and hierarchies” (Scolari, 2012, p. 206). Seguindo esta l6gica, Canavilhas (2011) procura transpor alguns conceitos oriundos da ecologia biolégica para o campo das midias. O autor prope que os tradicionais fatores bidticos (relagdes entre espécies) sejam aqui os fatores inter- mediaticos (meios e suas relagdes) ¢ que os fatores abi guimica dos ambientes, alimentagio), por seem mais complexos, sejam divididos em dois grandes grupos: Fatores tecnoambientais (interfaces/usabilidade casio do consumidor no sistema) e fatores contexcuais (ambiente de recepgio/interpretagao da mensagem). ticos (temperatura, luz, Fatores intermediaticos Oecossistema midiatico evolui devido ao aparecimento de novs médias, mas tam- bém como resultado do convivio entre os diferentes elementos af existentes. O ecos- sistema estaré assim num permanente processo de remediation (Bolter & Grusin, 1999), intermedia coevolution (Scolasi,2012) ou mediamorphose (Fidler, 1997), nao se podendo falar da extingo nem do surgimento de meios radicalmente novos, mas de um processoem que 0s meios mais recentes integram algumas caracteristicas ds anteriores, redefinido a relagao entre elas (McLuhan, 1969), No campo destes fato- res intermididticos, Canavilhas (2011) fala ainda de uma remediacéo. inversa porque osmeios anteriores vao incorporando caracteristicas dos novos, procurando dessa forma sobreviver no ecossistema mididtico. A face mais visivel deste fendmenoéa migragao de todos os meios tradicionais paraa Web, mas também a incorporagio desingularidades da Web nos meios anteriores: a utilizagao da realidade aumentada ‘na imprensaé um exemplo dessa remediagao inversa, Nao podemos, por isso, falar de extingao nem de selegao natural, mas denuma 2volugio “founded on the relationships established between technologies, subjects, ind institutions in the media ecology” (Scolari, 2012, p. 213). Este proceso ocorre utravés de pequenas mutagdes até queem determinado momento se dé uma répida svolugio, originando novas ramificagées. Scolari (2012) acrescenta ainda outra for- Jornalismo Teansmidia: um desafio a yelho ecossistesa miditico ma deevolugio ~ a coevolugio — que ocorreré em dois nfveis: na relagéo Homem/ ‘meio, em que os utlizadoresevoluem pela ago dos meiose vice-versa, ena elagdo entee meios, com a cooperagio verificada em determinados perfodos da historia a permitir uma evolucéo paralela até separagio, Um exemplo desta coevolugao por parasitism seria, dizo autor, o caso da www como meio hospedeiro a evoluit em paralelo com os meios parastas, que sio as redes sociais ou os blogs. Fatores tecnoambientais E nesta érea que mais alteragdes tém ocorrido devido ao papel mais ativo das au- digncias ¢ a0 surgimento de novas interfaces, No primeiro caso, oaparecimento de aplicagdesceneradas no receptor— como as blogs eas redes sociais-aleeraram a polaridade do ecossistema, O piiblico ante- Hormence conhecido como audiéncia (Rosen, 2006) ganhou duas novasfun¢ées, passando também a produzir e a distribuir informagao, Algumas ferramentas da ‘Web 2.0, como os blogs ¢ os microblogs, abriram novos palcos para os usudrios acessarem diretamente 0 espaco piiblico sem necessidade de recorser as midias trax dicionais. Também distribuigio de contetidos, préprios ou alhcios, passou a ter a conttibuigio do piblico: os chamados gatewatchers (Bruns, 2003) sio observadores aquem a comunidade reconhece a capacidade de sugerir o que de mais interessante circula na Web, ¢ por isso tém o privilégio de indicar aos restantes utilizadores 0 que merece ser lido. No campo das interfaces, considerando-as como os componentes de contato cntre o meio ¢ 0 wtilizador, podemos falar do elemento fisico de ligagio (Scolari, 2004) ou do espago onde decorre uma agio (Norman, 1998). Um eoutro caso tém uma importinciacrucial no ecossistema: primeiro ~ o elemento fisicode interacao Homem-méquina-porqueavelocidade,a usabilidade cos atributos manipullveis sio essenciais para que ocorra a interatividade (Steuer, 1 995), uma marca funda- ‘mental da comunicagio digital; o segundo ~ espago fisico — porque estd ligado ao Contexto, outro elemento ter em conta numa sociedadeliquida (Bauman, 2000) marcada pela mobilidade ¢ pela individualizagao do consumo mididtico. Esta situagao inscreve-se nos fatores abordados a seguir e que consideramos ser funda- ‘mentais para distinguir a narrativa jornalistica transmidia das restantes narrativas, Fatores contextuais Ahora eo local onde se reccbe informagio condicionam o interesse no conteiido © forma como o receptor a entende. O servigo meteorolégico, por exemplo, & 55

Vous aimerez peut-être aussi