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2. DIREITO DO CONSUMIDOR
É o ramo especializado do direto privado que visa regrar as relações de
consumo em favor do sujeito vulnerável. Conforme Sodré (2009, p.13), “É uma
resposta aos novos problemas que a sociedade de consumo trouxe”.

Segundo Grinover et al. (2007), a tutela legal dessa matéria teve como causa
a supressão do poder de barganha que outrora havia por parte do consumidor,
devido as mudanças ocorridas na sociedade de consumo das quais pode-se
caracterizar pela massificação do consumo.

Isso levou o consumidor a uma posição de inferioridade diante do fornecedor,


gerando uma instabilidade jurídica, uma vez que o ordenamento jurídico tradicional
era incapaz de dirimir os conflitos dessa natureza.

Assim afirma Almeida (2014, p.29),

“constatado então que o Direito da época não era suficiente para disciplinar
as relações jurídicas de consumo, fez-se necessária a intervenção estatal
para a elaboração e implementação de legislações específicas, políticas
públicas e jurisdição especializada de defesa do consumidor em todo o
mundo”

Nascido, portanto, da obrigação de trazer novamente o equilíbrio da relação


de consumo, sua importância se evidência no tratamento isonômico material aos
sujeitos da relação de consumo. É, portanto, direito de proteção do hipossuficiênte.

2.1. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL


A Constituição Federal de 1985 estabeleceu a proteção do Consumidor como
direito fundamental, introduziu um funcionalismo nos contratos os quais estes
passaram a se justificar no atendimento de "construir uma sociedade livre, justa e
solidária", conforme artigo 170 da CF.

O inciso XXXII do artigo 5º da CFRB, impôs que essa defesa fosse promovida
pelo estado na forma da lei e estabeleceu prazo para seu cumprimento conforme
artigo 48 das Disposições Transitórias, surgindo, assim, a Lei nº 8.078 de 11 de
setembro de 1990, detalhando de forma narrativa os princípios e novas diretrizes
para o regramento da relação de consumo brasileiro.
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Desse modo, tratou esse Código de criar prerrogativas em favor do


consumidor, vulnerável nessa relação jurídica, tais quais a não disponibilidade do
direito por convenção das partes e o reconhecimento de ofício pelo juiz. Sendo,
portanto, a norma de natureza de interesse social e ordem pública. (CINTRA, 2011).

Por conseguinte, é importante ressaltar que por essa natureza o contrato que
estabelecer norma que se opõem aos direitos estabelecidos por essa lei é nula de
pleno direito.

Também se caracteriza por ser lei de função social, uma vez que, exerce
papel limitador do direito privado, protegendo o indivíduo social. O que gera com a
sua promulgação, conforme Benjamin et al. (2014), alterações substanciais nas
relações jurídicas da sociedade.

Como lembra Oliveira (1981), No período do liberalismo econômico, os


contratos embasavam-se no princípio da liberdade formal levando o
economicamente mais fraco a pactuar um contrato injusto de exploração por conta
do seu estado de necessidade e pela sua realidade desigual. Diante dessa tirania
dos fortes sobre os fracos, fez se necessárias normas que mudasse esse panorama
de injustiça social, gerando a construção de um sistema protetor.

Tendo em vista que todos são consumidores, o ato de consumir está no


cotidiano de qualquer pessoa social. A sociedade de consumo atual é uma massa
hiperconsumidora globalizada que necessita de produtos e serviços de confiança de
modo que possam consumir de forma segura, acessível igualitariamente, pois de
outra maneira como diz Andrade (2006. p.3),

"No referente às relações de consumo, há que se ponderar que a defesa do


consumidor, como veremos, atine à dignidade da pessoa humana, a qual
será desrespeitada se o sistema jurídico e social não tiver em seu bojo a
defesa do consumidor".

Em recurso especial nº 1.315.822, o STJ entendeu que, o não oferecimento


da adoção de método braile nas relações contratuais pela agência bancária aos
consumidores com deficiência visual, impede este de exercer os seus direitos básico
de consumidor, entre eles o da informação, imputado pelo art. 6º do CDC, atacando
a sua personalidade no sentido de que restringe sua liberdade de escolha, o direito
da intimidade, discriminando-o pela não adaptação razoável dos serviços.
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É nesses aspectos, de vulnerabilidade da massa ante a iminente ofensa a sua


existência digna que o nosso Código De defesa do Consumidor narra seus
princípios e diretrizes traçando os “novos postulados, inscritos como princípios
éticos, tais como, boa-fé, lealdade, cooperação, equilíbrio e harmonia das relações”
(CALMON, 2001. pp. 39-45).

2.2. RELAÇÃO DE CONSUMO


Tendo em vista o teor protetivo das normas consumeristas é de suma
importância saber identificar a presença de uma relação de consumo para a correta
aplicação do direito.

A começar pelos seus elementos: consumidor, fornecedor e o produto ou


serviço. Identificá-los é tarefa que exige expertise, pois eles guardam traços
essenciais que o próprio Código ao defini-los preferiu fazê-lo de modo genérico
visando a eficácia de sua atuação preventiva e preventiva nessa eclética relação.

2.2.1. Consumidor

Seguindo a sequência didática do Código, o consumidor como primeiro


elemento a ser analisado. É definido pelo seu artigo 2º e parágrafo único, como
“toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final” e “equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.” Desse modo,
verificamos duas figuras de consumidor: o consumidor individual e o consumidor
coletivo.

No que tange ao consumidor individual, existem duas correntes sobre o termo


‘destinatário final’. Conforme ensina Cintra (2011), a primeira, teoria finalística,
estabelece o caráter fático econômico de consumidor sendo ele o que adquire o
produto ou serviço para o consumo final sem a utilização deste nas cadeias
produtivas. A segunda, teoria maxmalista.define consumidor aquele que adquire o
produto, contudo sem a exclusividade de consumo final podendo esse ser agregado
novamente à linha produtiva.

Ponderando e partindo do raciocínio que, a fundamentação do direito


protecionista é o caráter da vulnerabilidade. No direito do consumidor, não enseja
essa premissa aquele consumo que de fato não tenha esse elemento. Isso posto,
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que para o consumo, sem vulnerabilidade, basta as normas regulares do direito


privado. Desse modo observa-se que a segunda teoria, desvia- se da finalidade a
qual se propõem a Lei.

De fato, informa, José Geraldo, um dos autores do anteprojeto, Grinover et al


(2007, p.28) que,

“o conceito adotado pelo Código foi exclusivamente de caráter econômico,


ou seja, levando-se em consideração tão- somente o personagem que no
mercado de consumo adquire bens ou então contrata a prestação de
serviços, como destinatário final, pressupondo-se que assim age com vistas
ao atendimento de uma necessidade próprias e não para o desenvolvimento
de uma outra atividade negocial.

Entretanto, em recurso especial nº 476.428- SC, 19.04.2005 o STJ posicionou


pela teoria finalítica, contudo, diante da real vulnerabilidade poderá ser mitigada,
assim dispõem:

“A relação jurídica qualificada por ser ‘de consumo” não se caracteriza pela
presença de pessoa física ou jurídica em seus polos, mas pela presença de
uma vulnerável, de um lado (consumidor), e de um fornecedor de outro.
Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise da hipótese
concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a pessoas jurídica
consumidora e fornecedora, deve-se aplicar o CDC na busca do equilíbrio
entre as partes. Ao consagrar o critério finalística para interpretação do
conceito de consumidor, a jurisprudência desse STJ também reconhece a
necessidade de, em situações específicas , abrandar o rigor do critério
subjetivo do conceito de consumidor, para admitir a aplicabilidade do CDC
nas relações entre fornecedores e consumidores empresários em que fique
evidenciada a relação de consumo. “São equiparáveis a consumidor todas
as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais
abusivas”.

Corroborando, a doutrina amplia o conceito de consumidor, inferindo que


mesmo o produto utilizado na cadeia produtiva econômica, se este produto ou
serviço for, costumeiramente, utilizado também para o consumo final, aí também se
aplicará as normas consumerístas. Por isso, tanto pessoa física e jurídica podem
participar, conforme acima dito, dessa relação como parte consumidora (CINTRA,
2011).

Desse modo, é pacificado o conceito de consumidor aquele que retira o


produto da cadeia produtiva para uso próprio e nele se finda. fundamentar

Quanto ao consumidor coletivo, são consumidores também: a coletividade de


pessoas ainda que indetermináveis (parágrafo único, art. 2º, CDC), os que sofreram
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danos referentes a algum produto ou serviço “ainda que não tenha feito uso do
serviço” (art. 17 do CDC) e por ultimo, todas as pessoas expostas à oferta,
publicidade e propaganda abusiva e enganosa (art. 29 do CDC).

2.2.1. Fornecedor
É aquele que de maneira habitual exerce atividade comercial, coloca o
produto no mercado brasileiro, podendo ser pessoa física ou jurídica e de direito
público, nacional ou estrangeiro, bem como os entes despersonalizados no exercício
de atividade de transformação, importação ou comercialização do produto.

Assim prevê o artigo 3º do CDC

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

2.2.2. Produto e ou serviço


Aquele que é colocado no mercado para consumo ainda que oferecidos
gratuitamente. É o objeto da relação de consumo. De acordo com os § 1° e § 2°,
artigo 3º do CDC:

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2°


Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

2.3. PRINCÍPIOS
No que pese o Código de Defesa do Consumidor determinar normas de
proteção do consumidor, esse sistema visa harmonizar a relação de consumo para
que os empreendimentos desempenhem seu papel numa sequencia justa de
prosperidade, intensificando a economia e não ao revez, causando ofensa a direitos.
Pois do crescimento das empresas gera-se empregos, por conseguinte gera renda,
melhorando o panorama social. Alem disso, aumenta-se a arrecadação de impostos
das quais depende o Estado para as atividades em favor do cidadão e da sua
manutenção. Ou seja, um círculo solidário tão almejado pela Constituição

Diante disso, o Código de Defesa do consumidor traz em seu corpo princípios


regentes da Política Nacional da Relação de consumo, são de cunho prático,
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aplicação imediata, além de ser orientadores de outros instrumentos legais


consumerista.

Conforme dispões o artigo 4º:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

2.3.1. Princípio da Vulnerabilidade


Como já foi dito a vulnerabilidade é caráter determinante para aplicação das
normas consumeristas, posicionando-se o STJ pela teoria finalística mitigada, “tal
preocupação visa a estabelecer o equilíbrio necessário a qualquer harmonia
econômica no relacionamento ‘consumidor-fornecedor’” (GRINOVER, 2007, P.69).

A vulnerabilidade está verificada quando o sujeito não dispõe da igualdade de


forças. De acordo com Rizzoto (2009, p. 129),

O consumidor é a parte fraca da relação jurídica de consumo. Essa


fraqueza, essa fragilidade, é real, concreta, e decorre de dois
aspectos: um de ordem técnica, e outro de cunho econômico. O
primeiro está ligado aos meios de produção, cujo conhecimento é
monopólio do fornecedor. E quando se fala em meios de produção
não se está apenas referindo aos aspectos técnicos e administrativos
para a fabricação e distribuição de produtos e prestação de serviços
que o fornecedor detém, mas também ao elemento fundamental da
decisão: é o fornecedor que escolhe o que, quando e de que maneira
produzir, de sorte que o consumidor está à mercê daquilo que é
produzido. É por isso que, quando se fala em “escolha” do
consumidor, ela já nasce reduzida. O consumidor só pode optar por
aquilo que existe e foi oferecido no mercado. E essa oferta foi
decidida unilateralmente pelo fornecedor, visando seus interesses
empresariais, que são, por evidente, os da obtenção de lucro. O segundo
aspecto, o econômico, diz respeito à maior capacidade
econômica que, por via de regra, o fornecedor tem em relação ao
consumidor. É fato que haverá consumidores individuais com boa
capacidade econômica e às vezes até superior à de pequenos
fornecedores. Mas essa é a exceção da regra geral.”

Contudo, cabe ressalta que existes outros aspectos alem da técnica e


economica. Essa relação jurídica, pelas facetas em que se demonstra na sociedade,
demanda outras formas de vulnerabilidade. De acordo com o recurso especial nº
586.316-MG, o STJ dispõe da vulnerabilidade, técnica, jurídica e fática, além de
categorizar alguns consumidores em ditos “hipervulneráveis” como as crianças,
adolescentes, idosos, portadores de necessidades especiais, e outros doentes.
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2.1. A EFETIVA REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS

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