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Não convém proibir betarias em cultos

Artigo apologético

Dc. Gustavo Lopes. 4 de Junho de 2019.

Prolegômenos

Este artigo tem por objetivo fornecer um contraponto a um tópico da resolução da


Mesa Diretora da Comademat, de maio de 2019, onde consta a proibição do uso de bateria
musical ou eletrônica. Não estamos com isso dizendo que a mesa diretora não tenha
legitimidade para baixar resoluções. Ao contrário: afirmamos que a mesa diretora, composta
de pastores, tem, sim, tal direito de firmar resoluções, dentro de alguns parâmetros.
Afirmamos também que os bons costumem devem ser mantidos na Assembleia de Deus. O
que estamos argumentando é a favor da retirada de um tópico específico da resolução, por
entendermos que a Bíblia aponta para outro caminho.

Neste estudo, classificaremos como instrumentos musicais aqueles que são de corda,
como violão, os de sopro, como a flauta, e os de percussão, como a bateria. Não nos ateremos
a detalhes técnicos a respeito dos instrumentos musicais. Iremos generalizar todos os
instrumentos, classificando-os em uma destas três categorias, objetivando facilitar o
entendimento.

O objetivo deste artigo não é desqualificar pessoas, e sim, rebater atitudes e


argumentos que entendemos ser nocivos à Igreja de Deus. O resultado esperado é que a
liderança, sensibilizando-se com tais argumentos, analise com calma e retire de tal resolução a
proibição do uso de baterias em culto, e deixa com os pastores locais essa atribuição de
permitir ou proibir, conforme cada caso. Os argumentos usados aqui serão bíblicos, históricos
e lógicos. Iremos refutar 14 argumentos que podem ser usados para defender a proibição, e,
ao refutarmos, o faremos com cordialidade e alto nível de discussão.

Argumento 1: A bateria é um instrumento do diabo

Argumento: Devemos proibir determinado tipo de instrumento musical na igreja


porque sua origem é impura, ou tal instrumento foi caracterizado por ser usado em rituais
pagãos.

Réplica: Os instrumentos musicais foram construídos por pessoas que não tinham
compromisso em servir a Deus. Foi a descendência de Caim quem os criou (Gn 4.21). A música
pode ser usada por comunidades descomprometidas em servir a Deus para rituais religiosos,
como de fato acontece em muitas comunidades, mesmo nos dias de hoje. Os instrumentos
usados pela descendência de Caim certamente não tinham o objetivo de servir a Deus.

Portanto, se a origem do instrumento musical determinasse sua legitimidade para uso


em culto, todos os instrumentos estariam proibidos, visto que todos possuem uma
ascendência comum.

Argumento refutado.
Argumento 2: Baterias são mal-usadas nos cultos

Argumento: Determinados tipos de instrumentos musicais podem escandalizar


pessoas nos cultos. Há exemplos de baterias que são usadas de forma muito alta, abafando os
outros instrumentos, por exemplo. Também há casos de competição para uso de determinado
instrumento, causando confusão.

Réplica: A Bíblia não deslegitima o uso de determinado dom ou recurso dado por Deus
devido ao seu mau uso. A igreja em Corinto, por exemplo, usava mal as línguas estranhas (1Co
14.5,9, 23), mas o apóstolo Paulo, em vez de proibi-las, aconselhou o seu uso correto (1Co
14.26-27) e determinou - graças a Deus! - para seus leitores: “não proibais o falar em línguas”
(1Co 14.39). A Assembleia de Deus nasceu devido à proibição, na igreja onde se encontravam
seus primeiros membros, do falar em línguas.

Tudo está sujeito ao mau uso pelos homens, até mesmo dízimos e ofertas (Mt 23.23).
Inclusive, as próprias festas determinadas por Deus na Lei eram pessimamente usadas pelos
israelitas pré-exílio (Is 1.11,13-14). Quando Jesus corrigiu o uso errado dos dízimos, que eram
usados para justiça própria dos mestres da lei, observe que ele não proibiu os dízimos só
porque eram mau usados; antes, legitimou que o dízimo é correto, e disse qual a forma correta
de fazê-lo (Lc 11.42).

Se de fato os instrumentos musicais podem ser usados de forma ruim, por outro lado
isso não é uma característica de instrumentos de percussão. Se a possibilidade de mau uso
fosse legitimadora de proibição de uso, então até os microfones, que muitas vezes são usados
por pregadores rancorosos para despejar a sua raiva na igreja, também deveriam evitados,
bem como as caixas de som, os carros oficiais das igrejas que os possuem, e assim por diante.

Enfim, se há o mau uso de qualquer recurso ou dom, o caso deve ser tratado com
sabedoria e individualmente, caso a caso, por cada pastor local, que é quem mais conhece a
realidade da igreja que preside.

Argumento refutado.

Argumento 3: Percussão era coisa do Antigo Testamento

Argumento: Muitos dos costumes do Antigo Testamento não valem mais para os dias
de hoje. Os instrumentos de percussão são exemplos de algo que era costume cultural
veterotestamentário. Então, não são válidos para a época neotestamentária.

Réplica: Não só a percussão era usada no Antigo Testamento (Sl 150.5; 2Cr 5.12,13),
mas também e igualmente, sem qualquer distinção, instrumentos de cordas e de sopro (Sl
150.3; 2Cr 5.12,13). Logo, todos os tipos de instrumento deveriam ser proibidos, para o
argumento ter coerência.

Argumento refutado.
Argumento 4: Percussão era coisa da Lei

Argumento: O modo de fazer culto no Antigo Testamento foi determinado pela Lei.
Portanto, como não estamos mais na Lei, nossa forma de culto dispensa aquele tipo de culto
no templo em que se usavam instrumentos de percussão.

Réplica: A adoração a Deus sempre existiu – ainda que sem ter cânticos - mesmo
antes da outorga da Lei por meio de Moisés. A descendência de Sete, antes da instituição da
lei, já louvada a Deus (Gn 4.26). Em verdade, o uso dos instrumentos foi instituído de forma
regulamentar, extralegal por Davi, e não na outorga da Lei, por Moisés (1Cr 15.16). Quando
Deus outorgou a Lei à Moisés, por exemplo, não havia previsão de que levitas seriam
instrumentistas. Mas Davi, que agiu neste caso segundo o coração de Deus – tanto que seus
Salmos nos veem até hoje - tomou a liberdade de organizar a adoração musical, até mesmo
valorizando o ofício dos levitas, mesmo sem declaração expressa da Lei de quais e como os
instrumentos musicais deveriam ser usados (1 Cr 13.8; 1Cr 15.16; 1Cr 25.1).

Assim, não foi a Lei que instituiu o uso de instrumentos musicais no culto.

Argumento refutado.

Argumento 5: A percussão é um tipo de instrumento que não agrada a Deus

Argumento: Deus não gosta de bateria, seja porque faz barulho, seja porque não é um
instrumento melódico, e assim por diante. Não há comprovação de que Deus se alegra com
tais tipos de instrumento.

Réplica: este argumento passa por cima da Bíblia, o que o torna uma heresia. A Bíblia
demonstra claramente que a percussão foi usada, juntamente com outros instrumentos, com
muita alegria diante de Deus (2Sm 6.5; 1Cr 15.16). A transportação da Arca da Aliança foi uma
grande celebração, e incluiu percussão (1Cr 15.25,26). Depois do grande culto de adoração, o
povo foi abençoado (1Cr 16.1-3). Davi se alegrou muito na presença de Deus, e, quando uma
de suas esposas o rejeitou por isso, criticando a sua forma de adoração, foi punida com a
esterilidade (2Sm 6.16,20-22). A percussão estava presente na primeira vez que Asafe louvou
ao Senhor com seu primeiro Salmo (1Cr 16.7). Asafe e seus descententes são um dos maiores
salmistas da Bíblia.

Além disso, devemos lembrar que de fato Jesus Cristo inaugurou uma nova
dispensação, a qual vivemos, em que o principal em um culto é a intenção do coração do servo
de Deus. Deus recebe quem o adora em espírito e em verdade (Jo 4.23). A Bíblia também fala
que Deus não despreza um coração contrito (Sl 51.17).

A igreja não pode intervir no sentimento de filiação paternal que o crente experimenta
da parte de Deus (Rm 8.15). A igreja não tem autoridade, por exemplo, em dizer que Deus não
aceita um instrumento de percussão, ou de qualquer outro tipo, pois a própria pessoa que está
louvando a Deus, e que possui dentro de si o Espírito Santo, ela própria sabe que Deus está
recebendo a sua adoração. Esse é o mesmo erro que a esposa de Davi cometeu, quando,
repugnada porque Davi estava celebrando na presença de Deus, criticou-o.

Argumento refutado.
Argumento 6: Amós 5.23 proíbe o uso da bateria

Argumento: Amós 5.23 institui uma proibição do uso da bateria, pois diz que Deus não
aceita os estrépitos dos cânticos daquelas pessoas, nem o som das violas. Portanto, ali Deus
proibiu o uso de instrumentos de percussão.

Réplica: Usar Amós 5.23 dessa forma é usar a palavra de Deus para dizer aquilo que
Deus não objetivou. O significado foi forçado, e o texto foi retirado do contexto. Antes de
prosseguirmos, alertamos que é temeroso fazer isso, pois é possível que se esteja incorrendo
no pecado de falsa profecia, pois emite-se uma declaração usando a boca de Deus. Se o texto
foi usado de forma inocente, então a pessoa deveria relê-lo em seu contexto e entender,
orando a Deus, do que se está tratando ali. Porém, se o texto foi usado de forma isolada só
para comprovar uma tese, então isso é uma heresia.

Primeiro, a palavra “estrépito”, cujo número Strong no vocabulário hebraico bíblico é


[1995], é usado em outras 83 passagens no Antigo Testamento1, como por exemplo (a
tradução do temo está destacada):

• Gn 17.4, “Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações”;
• 2Sm 6.19, “E repartiu a todo o povo, e a toda a multidão de Israel, desde”.
• 2Rs 7.13, “eis que são como toda a multidão dos israelitas que ficaram aqui”.
• Is 13.4, “Já se ouve a gritaria da multidão sobre os montes, como a de muito povo”.
• 17.12, “porque a abundância do mar se tornará a ti”.
• Jr 3.23, “Certamente em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas”

E assim por diante. Você, prezado leitor, consegue perceber o que a palavra traduzida
por “estrépito” significa, fazendo, como o estamos fazendo aqui, a Bíblia interpretar a própria
Bíblia? Estrépito significa multidão, uma grande quantidade de algo. É uma palavra que
qualifica “muitas coisas”. Em nenhuma das 83 passagens onde esse termo é encontrado
significando “instrumento musical de percussão”. Olhemos para ver o que está escrito em
Amós 5.23:

“Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas
violas”.

Está claro que não está referindo-se, o profeta, especificamente à instrumentos de


percussão; antes, ele está se referindo a multidão dos cânticos daquelas pessoas, à totalidade
da música; na segunda parte, vemos que ele usa “viola”, instrumento de corda, para reforçar.
Mas, em verdade, este versículo não pode ser usado para condenar o uso de baterias ou
instrumentos de percussão. Olhemos para o contexto. A explicação do porquê o Senhor não
ouvir está bem ali, perto, nos versículos 25 a 26. Está escrito: “Oferecestes-me vós sacrifícios e
oblações no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? Antes levastes a tenda de vosso
Moloque, e a estátua das vossas imagens, a estrela do vosso deus, que fizestes para vós
mesmos”.

Logo, a Bíblia interpretou a própria Bíblia e está em conformidade consigo mesma, não
entrando em contradição. Deus não ouviu a multidão das canções daquele povo porque o

1
Verifique em: https://biblehub.com/hebrew/hamon_1995.htm.
coração deles era idólatra, pois elas, as pessoas, foram reprovadas como adoradoras. O
coração não era contrito, e elas não adoravam a Deus em espírito e em verdade.

Esse tipo de interpretação usada na argumentação que é alvo da presente réplica, em


que um versículo fora de contexto é usado, é um modo pecaminoso de interpretar a Bíblia,
pois coloca na boca de Deus palavras que ele não tencionou dizer. Se admitirmos isso,
abriremos duas brechas: faremos a Bíblia contradizer a própria Bíblia, e deveremos proibir
tudo aquilo que Deus disse que não aceitaria pelo mesmo motivo. Por exemplo, Deus não
aceitou as ofertas do povo de Israel (Is 1.11-13).

A verdade é que ao longo das escrituras Deus não aceita coisas que são em si mesmo
boas de se fazer, como por exemplo, dar esmolas, porque a intenção daquele que isso faz é
maléfica (Mt 6.2). Isso vale para ofertas, dízimos, esmolas, orações, canções, violas e
instrumentos de percussão.

Argumento refutado.

Argumento 7: A Bíblia não deixa muito clara a permissão para o uso da bateria

Argumento: A Bíblia se cala a respeito do uso da bateria moderna. Mesmo ela


permitindo a percussão, não está escrito que Deus se agrada da “bateria”.

Réplica: O Salmo 150 é a vitrine da multiplicidade de recursos que podem ser usados
para louvar a Deus, para os tipos de instrumentos. Obviamente o violão que tocamos hoje não
é o mesmo que os instrumentos de cordas tocados por Davi; a flauta de hoje não é a mesma
usada por Davi! Mas os instrumentos que temos hoje são baseados naqueles tipos, são
descendentes deles. Davi, quando se alegrou na presença de Deus ante a Arca da Aliança,
alegrou-se ao som de instrumentos de corda, sopro e percussão: as três categorias estavam
presentes, e essas categorias existem hoje, embora não sejam, obviamente, os mesmos
instrumentos, exatamente falando. Deus recebeu esse louvor. Se formos levar a sério que
apenas instrumentos que sejam literalmente os mesmos possam ser usados, então
precisaríamos abandonar todos: saxofones, clarinetas, teclado etc.

Argumento refutado.

Argumento 8: A liderança da igreja tem a autoridade de proibir bateria

Argumento: Mesmo que a Bíblia permita, a liderança denominacional tem poder de


proibir qualquer coisa.

Réplica: De fato, a liderança denominacional, e o próprio pastor local, têm autoridade


para, conhecendo seus membros, proibir ou permitir algumas coisas. Porém, essa autoridade
não é absoluta, tampouco ilimitada. Por exemplo, tal autoridade deve ser usada, por exemplo,
para fortalecer os irmãos na fé, para avivá-los, para permiti-los se aproximarem mais de Deus,
e não para “quebrar a cana rachada” ou “apagar o pavio que fumega” (Is 42.3). A autoridade é
para construir, edificar e fazer prosperar a vida espiritual dos outros.

Você que é pentecostal, sinceramente, acha que a liderança tem poder para, por
exemplo, proibir que você ore em línguas na sua casa? Será que essa proibição edificaria a
igreja? A Bíblia demonstra, como no caso do apóstolo Paulo, alguns costumes específicos – o
uso do véu, por exemplo – que era bastante adequado àquela cultura, e edificava a igreja (1Co
11). Porém, a Bíblia, em especial o Novo Testamento, também mostra Paulo atacando aqueles
líderes que colocavam alguns pesos nos ombros dos recém convertidos, muitas vezes
costumes judaizantes (pois a igreja ainda tinha uma raiz cultura demasiado judaica), e ele
condenou isso (Gl 5.1-10).

A verdade é que quando regulamentos, por mais bem intencionados que sejam, não
edificam, antes, atrapalham na comunhão do servo de Deus e o próprio Deus, exigindo que ele
não exerça um dom que Deus lhe deu e ele sabe que Deus recebe, então tais regulamentos
são ilícitos e extrapolaram aquilo que Deus determinou para que os líderes fizessem. Não é
mister obedecer a esse tipo de regulamento e entristecer a Deus (At 5.29).

A proibição do uso de determinado instrumento musical, que em si mesmo não é


impuro, como aqui estamos demonstrando, seja ele de percussão ou não, interfere
diretamente no louvor daquela pessoa que se prepara para tocar com excelência na presença
de Deus. E, se Deus, conhecedor que é do coração dos seus filhos, estava recebendo este
louvor como aroma agradável, porque o coração do seu servo era contrito, então a proibição é
tão grave como, por exemplo, o proibir falar em línguas.

Argumento refutado.

Argumento 9: Questionar normas sempre é rebeldia

Argumento: Quando você se batizou assinou um contrato para todas as normas


presentes e potencialmente futuras que podem surgir. Então, questionar qualquer tipo de
norma, não importa se sua intenção é boa ou má, é rebeldia.

Réplica: Existem, de fato, questionamentos que são fruto de rebeldia. Às vezes a


pessoa está com intenção de pecar e por isso questiona bons costumes que são legítimos. O
coração do homem tende para afastá-lo de Deus (Rm 8.2,5). Todavia, existem
questionamentos que são legítimos, pois não estão preocupados em satisfazer a
concupiscência da carne; antes, estão preocupados em louvar a Deus com toda a liberdade
que o próprio Deus, no Senhor Jesus Cristo, nos dá. Assim, questionamentos são legítimos
quando o objetivo é edificar e usam a Bíblia como base. Muitas pessoas possuem dúvidas
legítimas, que não são apaziguadas com um simples “faça porque eu mando e você tem de
obedecer”. A Bíblia ordena que devemos analisar tudo e reter o bem (1Ts 5.21). Observe que o
mandamento de analisar tudo não é apenas para a liderança, mas para todo cristão. Quem
dera todos soubessem manejar bem a Bíblia, para edificação geral (2Tm 2.15)! Se não fosse da
vontade de Deus que o simples membro analisasse e legitimamente questionasse normas,
esse versículo de 1Ts 5.21 não constaria na Bíblia.

Especificamente, sabemos que o protestantismo surgiu devido ao fato de a Igreja


católica colocar sua tradição e seus regulamentos acima e contra o que a Bíblia dizia. Por isso,
e desde então, retornamos ao corolário de que se algo contradiz a Bíblia, deve, sim, ser
debatido, pois a proibição do debate saudável e Bíblico não é característico das igrejas
protestantes. Claro que o debate deve ser feito com mansidão.

Argumento refutado.
Argumento 10: Bateria tem aparência de ser do diabo

Argumento: A percussão é permitida; o que é proibido é apenas bateria, pois bateria


tem a aparência de ser do diabo; muitos grupos de rock e que fazem pacto com demônios
usam baterias.

Réplica: Uma bateria nada mais é do que um conjunto organizado de instrumentos de


percussão. Permitir o uso de instrumentos de percussão e não o de bateria é incoerente. O
argumento de que a bateria tem a “aparência” de ser algo do diabo é claramente subjetiva e
não tem embasamento bíblico. Deus não age por aparências (1Sm 16.7), além do que a bateria
é um ser inanimado, e Deus olhará para o coração do instrumentista (Sl 51.17). Se esse
argumento é usado porque há conjuntos musicais mundanos que fazem pacto com entidades
malignas, logo, o mesmo devemos dizer da guitarra elétrica, do baixo, e até do microfone. Se o
argumento é que a bateria mundaniza o hino, ou seja, o deixa com aparência de forró ou
samba, isso também é inválido pois a guitarra e o baixo podem fazer o mesmo; bem como o
acordeom, por exemplo. Os cristãos nordestinos deveriam se abster de usar sanfona, porque é
um instrumento “do forró”? Tudo o que importa é a forma de usar, a consagração de quem
usa e a intenção do coração da pessoa.

Argumento refutado.

Argumento 11: Se você gosta muito de percussão, então use Play -Back

Argumento: Praticamente todos os cantores gospel gravam play-back. Então, use o


play-back para os conjuntos cantarem e deixa essa polêmica de lado.

Réplica: Porque um play-back pode, e a percussão não pode? Não é pior? O pastor da
igreja não sabe em que estúdio foi gravado o Play-back. Mesmo que o CD seja de um autor
evangélico, muitas vezes as bandas são contratadas, e, quando o cantor é novo, a banda
contratada pode nem ser de pessoal consagrado ao Senhor. Olha que coisa desagradável:
estaremos preterindo o talento que Deus deu aos membros da igreja local, que conhecemos e
sabemos que oram e se consagram, que o pastor local conhece muito bem e pode controlar, e
em vez disso estamos cedendo o nosso louvor para ser tocado por meio de músicas pré-
gravadas onde nem se sabe se quem tocou estava em pecado ou não.

Argumento refutado.

Argumento 12: Você é livre para ir embora

Argumento: Se você não está satisfeito, a porta está aberta: vai embora. A Assembleia
de Deus é assim. Você está atrapalhando, é uma ovelha negra!

Réplica: Não, a Assembleia de Deus não é assim. O que caracteriza a Assembleia de


Deus não é a proibição de louvar a Deus de múltiplas maneiras, muito pela contrário! A
Assembleia de Deus surgiu justamente porque irmãos eram oprimidos em outras
denominações, proibidos de exercer seus dons espirituais, proibidos de falar em línguas.
Embora a Assembleia de Deus seja uma igreja com costumes rígidos, não é característico dessa
denominação proibir formas de cultuar a Deus, como bateria. Se isso é verdade histórica para
o Estado de Mato Grosso, pode até ser, respeite-se isso; mas não é uma verdade em nível
nacional.

O autor deste artigo nasceu em uma autêntica e tradicional Assembleia de Deus, com
costumes muito rígidos, no estado do Rio de Janeiro. Além disso, morou algum tempo em
Vitória, no Espírito Santo, e possui amigos conhecidos em outros estados. E, em tais estados, o
uso da bateria é normal. A bateria é considerada um instrumento para o verdadeiro e contrito
adorador louvar a Deus. No Rio de Janeiro mesmo, as igrejas sob a convenção Ceader, uma das
mais rígidas e conservadores do Brasil, vinculada à CGADB, em que é proibido cortes de
cabelo, mulher deve usar saia, ainda assim permite o uso de baterias e instrumentos de
percussão nos cultos. Os estúdios da Patmos, selo oficial da Assembleia de Deus, usam bateria
na gravação de seus CDs. A proibição do uso de bateria não é uma característica da Assembleia
de Deus, nem sinal de tradicionalismo. Proibir bateria não é voltar a uma forma mais pura da
igreja. As primeiras bandas das igrejas do norte do país usavam bateria. Se você abrir qualquer
livro da história da Assembleia de Deus no Brasil, e ver as fotos antigas, da década de 30, 40,
50 etc, perceberá, aqui e acolá, a existência de baterias nos templos, em diversos estados do
Brasil. Bateria é coisa de Deus, na nossa demonização, nacionalmente falando.

O que é irônico é que a proibição do uso de baterias tem o efeito contrário:


descaracteriza a Assembleia de Deus pelo que ela é. A Assembleia de Deus, reafirmamos,
surgiu por causa da opressão que os membros sofriam em igrejas tradicionais, por não
poderem falar em línguas, isto é, por não poderem adorar a Deus em liberdade. Ao vetar o uso
da bateria, está-se diminuindo a liberdade de louvar a Deus. Essa história é muito bonita. Não
podemos deixar de ser o que sempre fomos. Proibir bateria é diminuir a Assembleia de Deus.

Argumento refutado.

Argumento 13: Se essa norma fosse errada a obra não estaria crescendo

Argumento: O número de membros tem crescido mesmo sob essas normas restritivas:
é prova de que Deus está operando

Réplica: Não necessariamente. Não queremos dizer com isso que a denominação em
nível estadual está errada. Existe uma verdade neste argumento, porém a verdade não reside
em si mesma, tem outros fundamentos. O número de membros em determinada
denominação não pode ser usado para significar, por si só, a total aprovação de Deus. Em
verdade, muitas vezes a grande quantidade de pessoas significa ao mesmo tempo a baixa
qualidade da fé das pessoas, talvez porque a membresia se apegue mais aos costumes do que
à doutrina e a um caráter cristão, e, portanto, acaba não criando raízes para se sustentar no
primeiro vendaval.

Não sendo este o caso, por outro lado, a quantidade de membros continua crescendo
porque, não obstante as falhas dos homens, Deus continua sendo fiel e faz sua obra prosperar,
não para levantar bandeira de determinada denominação, mas porque Ele honra seu Nome. E
por isso Deus é louvado, por ser benigno. Os líderes, ainda assim, devem se esforçar,
fortalecendo a fé os irmãos.

Argumento refutado.
Argumento 14: Quem quer bateria na igreja tem espírito de belzebu

Argumento: Você, que defende o uso da bateria, é usado pelo diabo para
desestabilizar a igreja.

Réplica: Esse juízo deixamos para cada um. Porém, devemos advertir o seguinte: se o
que estamos argumentando aqui, procurando ser bíblicos e cordiais, está correto, e se você
sabe que os pontos estão corretos, e mesmo assim prefere ofender e classificar a este
articulista como atribulado, em vez de tentar debater também cordialmente usando a Bíblia,
pode ser que você esteja incorrendo em pecado de não conhecer as Escrituras, e por apagar a
chama do Espírito., bem como não ser manso, mas belicoso. Neste caso, é a consciência de
cada um com Deus. A nossa está tranquila.

Argumento refutado.

Conclusão

Nossa opinião é que a decisão de proibir o uso da bateria não deveria ser uma norma
de caráter geral e absoluto, antes, deveria ser algo delegado aos pastores das igrejas locais,
para eles decidirem se permitem ou proíbem baterias. Argumentamos neste artigo que a
bateria enquanto instrumento musical não possui característica alguma que a desabone; ao
contrário, usada por alguém que possua um coração dedicado a Deus, pode ser fonte de
muitas bênçãos. Assim, a proibição é um excesso. Se tal decisão for delegada aos pastores das
igrejas locais, possíveis problemas poderão ser melhores e mais rapidamente administrados,
sem penalizar aqueles que verdadeiramente adoram a Deus em espírito e verdade.

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