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Adão
O homem contém tudo o que está em cima, nos céus, e em baixo sobre a
terra, tanto as criaturas terrestres, como as celestes; por esta razão, o
Ancião entre os Anciões escolheu o Homem como Sua Divina manifestação.
Nenhum Mundo poderia existir antes de Adão ter recebido vida, pois a
figura humana contém todas as coisas e tudo o que é existe em virtude
dele.
(Zohar, Espanha, século XIII).
O Shem-ha-Meforash, o Nome especial de Deus que foi dito a Moisés, pode ser observado numa
disposição vertical, como a imagem aproximada de Adam Kadmon, o Primeiro Homem.
As letras hebraicas Yod, He, Vav, He são consideradas a representação não só da divina Vontade, do
Intelecto, da Emoção e da Ação, mas também dos quatro níveis da Emanação, da Criação, da Formação
e do Fazer, situados nos três Pilares da Vontade, da Misericórdia e da Severidade.
A esta figura do Kavod ou Glória Divina, composta de fogo branco e preto, se alude em Ezequiel COMO a
"aparência de um homem".
(O Nome Divino, representado como Adam Kadmon).
Foi chamado a Glória de Deus e em certo momento da história da cabala,
foi projetado na imagem de uma grande figura humana radiante chamada o
Kabod.
Este Homem Divino aparece na visão do profeta Ezequiel, que viu os Quatro
Mundos como a imagem de um homem (Azilut) sentado num trono celestial
(Beriah) colocado sobre um carro (Yezirah) o qual, por sua vez, avançava
sobre a terra (Asiyyah).
No período do Segundo Templo da história judaica (século VI a.C.- século I d.C.) o que hoje se conhece
como a cabala se chamava então o Trabalho do Carro. O nome provém da visão profética de Ezequiel,
cujos escritos foram a base de numerosas experiências místicas e pensamentos judaicos.
O capítulo primeiro de Ezequiel expressa, na linguagem metafísica da época, a hierarquia dos Mundos: o
Mundo da Ação, ou a terra; o Mundo do Carro, ou a Formação; o Mundo do Trono, ou a Criação; e o
Mundo Divino da Emanação, representado por Adão, a imagem da Glória de Deus. Estas visões dos
Mundos superiores deviam ser procuradas através do Trabalho do Carro, apesar dos perigos que
implicava para os impuros, os desequilibrados e os não preparados.
(Visão de Ezequiel, segundo a Bíblia Bear, Inglaterra, século XVII).
O primeiro Homem Azilútico, inspirado (como cada um de nós) na
configuração das dez Sefirot, foi, pois, um Adão antes de que o Adão do
Gênesis fosse criado e formado; seu nome é Adam Kadmon.
É o primeiro dos quatro reflexos de Deus que se toma manifesto ao
estender a existência a partir da Divindade até a Materialidade, antes de
voltar a unir-se de novo no fim dos Tempos.
Adam Kadmon contém tudo aquilo que é necessário para completar a tarefa
da semelhança Divina.
É ao mesmo tempo espelho e observador, e dentro de seu ser possui
vontade, intelecto, emoção e capacidade de ação.
Mas, acima de tudo, Adam Kadmon está consciente do Divino, embora no
momento de sua inspiração, apenas tenha conhecimento inocente disto,
assim com um peixe está inconsciente do mar onde vive.
Apenas depois de uma descida através de todos os Mundos chegará a
conhecer por experiência todos os aspectos da Divindade, percebendo em si
mesmo e no universo a Face de Deus; seu reflexo, contudo, como o de
qualquer espelho, é apenas uma imagem, nunca a realidade.
O contato direto apenas se dá por meio da Graça, ou através da Conclusão
do ciclo completo, em ambos os casos, através da Manifestação e voltando
à sua origem através de Teshuvah, ou redenção.
A composição de Adão Kadmon se baseia nas Sefirot.
Enquanto a Árvore da Vida cresce para baixo a partir da Coroa, Adam
Kadmon permanece de pé (Ver figura da página seguinte).
Por cima de sua cabeça está Keter, a Coroa, enquanto as duas Sefirot
laterais da Sabedoria e do Entendimento, Hokhmah e Binah, estão
relacionadas com seus dois hemisférios e sua garganta, pois é aí onde ele
vê, ouve, cheira e fala.
As Sefirot do coração, Gevurah e Hesed, a justiça e a misericórdia, estão
colocadas à esquerda e à direita de seu peito; enquanto a Sefirah central,
Tiferet ou o eu, se situa sobre seu plexo solar.
As duas Sefirot interiores, exteriores e funcionais, Hod e Nezah, estão
associadas às pernas e o Yesod, o Fundamento generativo, aos órgãos
genitais; Malkhut, o Reino, encontra-se a seus pés.
Geralmente, embora nem sempre, é representado de costas, tal como
Moisés viu a imagem Divina (Êxodo, 33:20:
"Pois nenhum homem que tenha visto (Meu Rosto) viverá"), de modo que
os lados ativo e passivo encontram sua posição natural à direita e à
esquerda do Pilar central da espinha dorsal.
Encontram-se referências a esta enorme figura Divina em numerosos
trabalhos cabalísticos antigos, e algumas pessoas que a levam ao pé da
letra ficam receosas do detalhe do rosto, barbas e membros sugerindo a
gigantesca estatura de Deus.
Na realidade, o símbolo de Adão Kadmon, como muitos outros, não é mais
do que uma analogia, forma metafórica, das leis expressas pela disposição
dos Divinos Atributos.
Muitas outras tradições consideraram o Homem, enquanto imagem de
Deus, como modelo perfeito para o estudo do Divino.
Os cabalistas não são exceção e continuam a máxima exotérica: "O que
está em cima está em baixo" em seu estudo do macrocosmo e do
microcosmo.
A figura de um homem primordial, Azihático, a imagem de Deus, é a encarnação das Sefirot. Esta, a
imagem mais perfeita da Divindade, é vista não como Deus, mas como Seu reflexo e, portanto, uma
representação de EL que não contradiz o Segundo Mandamento.
Azilut, o Mundo Divino da Emanação, não é Deus, mas Sua túnica de Luz.
(Adam Kadmon, Homem Primordial, mostrando as Sefirot).
Continua