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Colonização do Brasil
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Colonização do Brasil, processo também conhecido como
Brasil Colônia
Brasil Colônia ou Brasil colonial, ocorreu no período colonial
entre os séculos XVI e XIX, em que o território brasileiro era uma colônia
colônia do império ultramarino português. (Portugal)
História
O descobrimento da América (1492) e o Tratado de Tordesilhas (1494) consolidaram o domínio espanhol no Atlântico
Norte e restava a Portugal explorar o Atlântico Sul (além da costa africana) e encontrar o caminho para as Índias pelo
sul do Bojador. A viagem de Cabral às Índias de 1500 — depois do retorno de Vasco da Gama — tinha a missão de
consolidar o domínio português naquela região e os contatos comerciais iniciados por Vasco da Gama em Calecute.
Como escreve C. R. Boxer:
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Em 1531, devido à ameaça francesa, o rei Dom João III designou o fidalgo Martim Afonso de Sousa para comandar
uma expedição ao Brasil. No ano seguinte, é fundada a vila de São Vicente. Também em 1532, Bertrand d'Ornesan, o
barão de Saint Blanchard, tentou estabelecer um posto de comércio em Pernambuco. Com o navio A Peregrina,
pertencente ao nobre francês, o capitão Jean Duperet tomou a Feitoria de Igarassu e a fortificou com vários canhões,
deixando-a sob o comando de um certo senhor de La Motte. Meses depois, na costa da Andaluzia na Espanha, os
portugueses capturaram a embarcação francesa, que estava atulhada com 15 mil toras de pau-brasil, três mil peles de
onça, 600 papagaios e 1,8 tonelada de algodão, além de óleos medicinais, pimenta, sementes de algodão e amostras
minerais. E no exato instante em que A Peregrina era apreendida no mar Mediterrâneo, o capitão português Pero
Lopes de Sousa combatia os franceses em Pernambuco. Retomada a feitoria, os soldados franceses foram presos e La
Motte foi enforcado. Após ser informado da missão que A Peregrina realizara em Pernambuco, Dom João III decidiu
começar a colonização do Brasil, dividindo o seu território em capitanias hereditárias.[9]
Descobrimento e exploração
O litoral norte brasileiro foi visitado por Vicente Yáñez Pinzón e Diego de Lepe em janeiro e fevereiro do ano de 1500,
respectivamente. Pinzón, primeiro europeu a chegar ao território agora chamado de Brasil cuja viagem foi
documentada, atingiu o Cabo de Santo Agostinho no litoral de Pernambuco em 26 de janeiro de 1500.[10] Apesar das
controvérsias acerca dos locais exatos de desembarque dos navegadores espanhóis, os seus contatos com os índios
potiguares foram violentos. Contudo, a terra que hoje corresponde ao Brasil foi reivindicada pelo Império Português
em 22 de abril de 1500, com a chegada da frota portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro.[11]
A primeira expedição com objetivo exclusivo de explorar o território descoberto oficialmente por Cabral foi a frota de
três caravelas comandadas por Gonçalo Coelho, que zarpou de Lisboa em 10 de maio de 1501, levando a bordo
Américo Vespúcio (possivelmente por indicação do banqueiro florentino Bartolomeu Marchionni), autor do único
relato conhecido dessa viagem e que até poucas semanas antes servia os Reis Católicos da Espanha.[12]
Legado do período
Indiretamente, a concorrência entre franceses e portugueses deixou marcas na costa brasileira. Foram construídas
fortificações por ambas as facções nos trechos mais ricos e proveitosos para servir de proteção em caso de ataque e
para armazenamento do pau-brasil à espera do embarque. As fortificações não duravam muito, apenas alguns meses,
o necessário para que se juntasse a madeira e embarcasse. Obrigados a trabalhar como escravos até a morte, os
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nômades eram feitos reféns de suas próprias armas. A exploração do pau-brasil era uma atividade que tinha
necessariamente de ser nômade, pois a floresta era explorada intensivamente e rapidamente se esgotava, não dando
origem a nenhum núcleo de povoamento regular e estável.
E foram justamente a instabilidade e a insegurança do domínio português sobre o atual Brasil que estiveram na
origem direta da expedição de Martim Afonso de Sousa, nobre militar lusitano, e a posterior cessão dos direitos régios
a doze donatários, sob o sistema das capitanias hereditárias.
As capitanias
A colonização foi efetivamente iniciada em 1534, quando D. João III
dividiu o território em quatorze capitanias hereditárias, doadas a doze
donatários, que podiam explorar os recursos da terra, mas ficavam
encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar
— os direitos e deveres dos capitães-donatários eram regulamentados pelas
cartas de foral, servindo o Foral da Capitania de Pernambuco (ou Nova
Lusitânia) de modelo aos forais das demais capitanias.[13][14] No entanto
Um engenho de açúcar em esse arranjo se mostrou problemático, uma vez que apenas as capitanias de
Pernambuco colonial, por Frans Pernambuco e São Vicente prosperaram. Então, em 1549 o rei atribuiu um
Post. governador-geral para administrar toda a América Portuguesa.[15][16] Os
portugueses assimilaram algumas das tribos nativas,[17] enquanto outras
foram escravizadas ou exterminadas por doenças europeias para as quais não tinham imunidade,[18][19] ou em longas
guerras travadas nos dois primeiros séculos de colonização, entre os grupos indígenas rivais e seus aliados
europeus.[20][21][22]
O açúcar era um produto de grande aceitação na Europa, onde alcançava grande valor de venda. Após as experiências
positivas de cultivo na atual região Nordeste, com a cana adaptando-se bem ao clima e ao solo, teve início o plantio em
larga escala. Seria uma forma de Portugal lucrar com o comércio, além de começar o povoamento de sua colônia
americana. Em meados do século XVI, quando o açúcar de cana tornou-se o mais importante produto de exportação
da colônia,[23] os portugueses deram início à importação de escravos africanos, comprados nos mercados escravistas
da África ocidental e trazidos, inicialmente, para lidar com a crescente demanda internacional do produto, durante o
chamado Ciclo do Açúcar.[24][25][26][27] No início do século XVII, Pernambuco, então a mais próspera das capitanias,
era a maior e mais rica área de produção de açúcar do mundo.[28]
Corsários e piratas
A costa brasileira, sem marca de presença portuguesa além de uma ou outra feitoria abandonada, era terra aberta para
os navios do corso (os corsários) de nações não contempladas na divisão do mundo no Tratado de Tordesilhas. Há
notícias de corsários holandeses e ingleses, mas foram os franceses os mais ativos na costa brasileira. Para tentar
evitar estes ataques, Portugal organizou e enviou ao atual Brasil as chamadas expedições guarda-costas, em 1516 e
1526, com poucos resultados.
De qualquer forma, os franceses se incomodaram com as expedições de Cristóvão Jacques, encarregado das
expedições guarda-costas, achando-se prejudicados; e sem que suas reclamações fossem atendidas, Francisco I (1515-
1547), então Rei da França, deu a Jean Ango, um corsário, uma carta de marca que o autorizava a atacar navios
portugueses para se indenizar dos prejuízos sofridos. Isso fez com que D. João III, rei de Portugal, enviasse a Paris
António de Ataíde, o conselheiro de estado, para obter a revogação da carta, o que foi feito, segundo muitos autores, à
custa de presentes e subornos.
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Logo recomeçaram as expedições francesas. O rei francês, em guerra contra o imperador Carlos V, do Sacro Império
Romano-Germânico podia moderar os súditos, pois sua burguesia tinha interesses no comércio clandestino e porque o
governo dele se beneficiava indiretamente, já que os bens apreendidos pelos corsários eram vendidos por conta da
Coroa. As boas relações continuariam entre França e Portugal, e da missão de Rui Fernandes em 1535 resultou a
criação de um tribunal de presas franco-português na cidade de Baiona, embora de curta duração, suspenso pelas
divergências nele verificadas.
Henrique II, rei da França, filho de Francisco I, iria proibir em 1543 expedições a domínios de Portugal. Até que se
deixassem outra vez tentar e tenham pensado numa França Antártica, uma efêmera colônia estabelecida no Rio de
Janeiro, ou numa França Equinocial, quando fundaram no Maranhão o povoado que deu origem à cidade de São Luís.
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Após a visita de Lancaster, a Capitania de Pernambuco organizou duas companhias armadas para a defesa da região,
cada uma delas com 220 mosqueteiros e arcabuzeiros, uma sediada em Olinda e outra no Recife. Anos depois, até
meados de 1626, o então governador Matias de Albuquerque procurou estabelecer posições fortificadas no porto do
Recife a fim de que se pudesse dissuadir a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais da ideia empreendida na
Bahia em 1624. Os investimentos, no entanto, não foram suficientes: a nova e poderosa esquadra da Holanda investiu
sobre a Capitania de Pernambuco em 1630, e a conquistou, estabelecendo nela a colônia Nova Holanda, que durou
vinte e quatro anos.[29][30]
Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo de ataques e fixação de neerlandeses. Interessados no
comércio de açúcar, os neerlandeses implantaram um governo no território. Sob o comando de Maurício de Nassau,
permaneceram lá até serem expulsos em 1654. Nassau desenvolveu diversas obras em Pernambuco, modernizando o
território. Durante o seu governo, Recife foi a mais cosmopolita cidade de toda a América.[34]
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O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, que recebeu a missão de combater os indígenas rebeldes, aumentar a
produção agrícola na colônia, defender o território e procurar jazidas de ouro e prata.
Também começavam a existir câmaras municipais, órgãos políticos compostos pelos "homens bons". Estes eram os
ricos proprietários que definiam os rumos políticos das vilas e cidades. O povo não podia participar da vida pública
nesta fase.
As instituições municipais eram compostas por um alcaide que tinha funções administrativas e judiciais, juízes
ordinários, vereadores, almotacés e os "homens bons". As juntas do povo decidiam sobre diversos assuntos da
Capitania.
Salvador, fundada em 1549, foi a primeira sede do Estado do Brasil. Situa-se na entrada da Baía de Todos-os-Santos,
uma região bastante acidentada do litoral. A escolha do local teve como objetivo criar uma administração centralizada
para o estado colonial português, em um ponto mais ou menos equidistante das extremidades do território e com
favoráveis condições de assentamento e defesa; e teve também relação com a economia açucareira, uma vez que a
Capitania de Pernambuco era o principal centro produtivo da colônia.[28][35] Salvador permaneceu capital colonial por
mais de dois séculos, porém, durante a primeira das Invasões holandesas no Brasil, o então Governador de
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Pernambuco Matias de Albuquerque foi nomeado Governador-Geral do Estado do Brasil, administrando a colônia a
partir de Olinda entre 1624 e 1625.[36] Em 1763, a sede do governo colonial foi transferida de Salvador para o Rio de
Janeiro. Ressalte-se que, com a ascensão de outras regiões econômicas, outros estados coloniais foram criados, como o
Estado do Maranhão e Piauí e o Estado do Grão-Pará e Rio Negro, com capitais respectivamente em São Luís e Belém.
Desta forma, administrativamente, o território colonial português no atual Brasil dispôs de cinco sedes até 1775:
Salvador, Olinda e Rio de Janeiro no Estado do Brasil; São Luís no Estado do Maranhão e Piauí; e Belém no Estado do
Grão-Pará e Rio Negro.[37]
Economia
Ciclo do Açúcar
A base da economia colonial era o engenho de açúcar. O senhor de engenho
era um fazendeiro proprietário da unidade de produção de açúcar.[38]
Utilizava a mão de obra africana escrava e tinha como objetivo principal a
venda do açúcar para o mercado europeu. Além do açúcar, destacou-se,
também, a produção de tabaco e de algodão. As plantações ocorriam no
sistema de plantation, ou seja, eram grandes fazendas produtoras de um
único produto, utilizando mão-de-obra escrava e visando o comércio
exterior.[39]
Olinda foi o local mais rico do Brasil
Colonial da sua criação até a
O Brasil se tornou o maior produtor mundial de açúcar nos séculos XVI e
Invasão Holandesa, quando foi
XVII. As principais regiões açucareiras eram Pernambuco, Bahia e São
depredada.[35]
Vicente (São Paulo).[40] O Pacto Colonial imposto pelo Reino de Portugal
estabelecia que os estados coloniais localizados no atual Brasil só podiam
fazer comércio com a metrópole, não devendo concorrer com produtos produzidos lá. Logo, o Brasil não podia
produzir nada que a metrópole produzisse.[41]
O monopólio comercial foi, de certa forma, imposto pelo governo da Inglaterra a Portugal, com o objetivo de garantir
mercado aos comerciantes ingleses. A Inglaterra havia feito uma aliança com Portugal, oferecendo apoio militar em
meio a uma guerra pela sucessão da Coroa Espanhola e ajuda diplomática a Portugal e em troca os portugueses
abriram seus portos a manufaturas britânicas, já que Portugal não tinha grandes indústrias. Nessa época, Portugal e
suas colônias, inclusive o Brasil, foram abastecidas com tais produtos. Portugal se beneficiava do monopólio, mas o
país era dependente comercialmente da Inglaterra.[42] O Tratado de Methuen foi uma das alianças luso-britânicas. A
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colônia vendia metais, produtos tropicais e subtropicais a preços baixos, estabelecidos pela metrópole, e comprava
dela produtos manufaturados e escravos a preços bem mais altos, garantindo assim o lucro de Portugal em qualquer
das transações.
Ciclo do Ouro
Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do atual território
brasileiro além do tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes penetravam
além da linha fronteiriça imposta pelo tratado, procurando índios para
aprisionar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que
encontraram as primeiras minas de ouro nas regiões dos atuais estados de
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.[43]
Ao final do século XVII, as exportações de açúcar brasileiro começaram a Ouro Preto, uma das principais vilas
formadas durante o Ciclo do Ouro.
declinar, mas a descoberta de ouro pelos bandeirantes na década de 1690,
A cidade preserva sua arquitetura
abriu um novo ciclo para a economia extrativista da colônia, promovendo colonial e é Patrimônio Histórico e
uma febre do ouro no Brasil, que atraiu milhares de novos colonos, vindos Cultural da Humanidade.
não só de Portugal, mas também de outras colônias portuguesas ao redor
do mundo, o que por sua vez acabou gerando conflitos (como a Guerra dos
Emboabas), entre os antigos colonos e os recém-chegados.[44]
Para garantir a manutenção da ordem colonial interna, além da defesa do monopólio de exploração econômica do
Brasil, o foco da administração colonial portuguesa se concentrou em manter sob controle e erradicar as principais
formas de rebelião e resistência dos escravos (a exemplo do Quilombo dos Palmares);[45] e em reprimir todo
movimento por autonomia ou independência política (como a Inconfidência Mineira).[46][47]
No final de 1807, forças espanholas e francesas ameaçaram a segurança de Portugal Continental, fazendo com que o
Príncipe Regente D. João, em nome da rainha Maria I, transferisse a corte real de Lisboa para o Brasil.[48] O
estabelecimento da corte portuguesa trouxe o surgimento de algumas das primeiras instituições brasileiras, como
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Cultura
Os naturais do Brasil eram
Prisão de Tiradentes, o único
portugueses; diferenciavam-se condenado à morte pelo
dos ameríndios e dos escravos envolvimento com a Inconfidência
que não tinham direitos de Mineira.
cidadania. Nesta época o
vocábulo "brasileiro" designava apenas o nome dos comerciantes de pau
brasil. Só depois da independência do Brasil se pode diferenciar brasileiros
e portugueses, visto que é um anacronismo chamar brasileiro a quem
Interior da Igreja de São Francisco
morreu português antes da independência. Distinguia-se o cidadão
em Salvador, Bahia, uma das mais
português natural do Brasil dos outros portugueses da metrópole e
ricas expressões do barroco
brasileiro. províncias ultramarinas (português de Angola, português de Macau,
português de Goa, etc) designando-o de Português do Brasil, Luso
Americano ou pelo nome da cidade de nascimento.[51] A partir do
século XVII o termo "reinóis" era usado popularmente no Brasil para designar os portugueses nascidos em Portugal e
os distinguir daqueles nascidos no Brasil. Dentro do Brasil podiam-se diferenciar os cidadãos em nível regional, por
exemplo os pernambucanos dos baianos, no entanto a nível nacional e a nível internacional eram todos conhecidos
como portugueses. Os escravos davam o nome de "mazombo" aos filhos de portugueses nascidos no Brasil, e mais
tarde a qualquer europeu.[52]
A sociedade no período açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes
políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia uma camada média formada por pessoas
livres (feitores, capatazes, padres, militares, comerciantes e artesãos) e funcionários públicos. E na base da sociedade
estavam os escravos, de origem africana, tratados como simples mercadorias e responsáveis por quase todo trabalho
desenvolvido na colônia.[53]
Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder social. As mulheres tinham poucos
poderes e nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos filhos.[54]
A casa-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O
conforto da casa grande contrastava com a miséria e péssimas condições de higiene das senzalas (habitações dos
escravos).[55]
Alimentação
Os portugueses que vieram para o Brasil tiveram que alterar seus hábitos alimentares. O trigo, por exemplo, foi
substituído pela farinha de mandioca, o mais importante alimento da colônia. A mandioca, de origem indígena, foi
adotada no Brasil por africanos e portugueses, sendo usada para fazer bolos, sopas, beijus ou simplesmente para se
comer misturada ao açúcar. Além da farinha, no engenho também se consumiam: carne-seca, milho, rapadura, arroz,
feijão e condimentos como pimenta e azeite de dendê.[56] As verduras, as frutas, a manteiga e os queijos eram raros e
só entravam na alimentação dos ricos. Mas não faltavam doces, que eram consumidos em grande quantidade, tanto no
campo como nas cidades.
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Demografia
Ocupação pré-cabralina
A tese mais aceita é que os povos indígenas do continente americano são
descendentes de caçadores asiáticos que cruzaram o estreito de Bering
passando da Sibéria para a América do Norte. Os mais antigos povoadores
do atual território brasileiro chegaram há aproximadamente 12 mil anos.
Contudo, foi encontrado em Lagoa Santa (Minas Gerais) o crânio de uma
mulher de traços negroides, batizada de Luzia, que viveu há 11 500 anos.
Deste modo, alguns pesquisadores consideram provável que populações
negroides também tenham vivido na América, e que estas foram
exterminadas ou assimiladas pelos povos mongoloides muitos séculos
antes da chegada dos europeus.[59]
A colonização no tempo
Século XVI
O território brasileiro não foi imediatamente ocupado pelos portugueses a partir do Descobrimento do Brasil em 1500.
A colonização começou somente a partir de 1532. Antes disso, havia apenas feitorias nas quais o pau-brasil era
armazenado esperando os navios que vinham da Metrópole. Apenas alguns degredados, desertores e náufragos
haviam se estabelecido em definitivo no Brasil, vivendo e se miscigenando com as tribos indígenas.
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Ao contrário do que muitos pensam, os primeiros colonos não foram só ladrões, assassinos ou prostitutas mandados
para o Brasil. A maioria era composta por camponeses pobres, agregados de um pequeno nobre que vinha estabelecer
engenhos e plantações de cana-de-açúcar no Brasil. Apenas alguns poucos eram "criminosos", em geral pessoas
perseguidas pela Igreja por sua "falta de moral" ou por cometerem pequenos delitos: judeus, cristãos-novos, bígamos,
sodomitas, padres sedutores, feiticeiras, visionários, blasfemadores, impostores de todas as espécies.[62][63]
A maior parte dos colonos que vieram para o Brasil não foram os degredados. Quem de fato
promoveu a colonização inicial foram as famílias ricas de Portugal, todavia não havia uma
hegemonia sócio-econômica entre os colonos. Ao mesmo tempo que houve um predomínio de 90%
de famílias de classe alta nas zonas mais ricas, como Pernambuco e Bahia, nas regiões periféricas,
como o Maranhão, a esmagadora maioria dos portugueses eram pobres.[65] Para efetuar a
colonização, o rei de Portugal dividiu a colônia em capitanias hereditárias que foram entregues a
nobres portugueses, denominados donatários. As tentativas de exploração dos ameríndios como
escravos nas plantações e engenhos de cana-de-açúcar levaram a vários conflitos[66] de modo que
apenas duas Capitanias Hereditárias prosperaram: Pernambuco e São Vicente. Apesar disto, a
presença portuguesa se consolidou no século XVI com a criação do Governo Geral do Brasil.
Embora em número bastante reduzido, os colonos portugueses conseguiram ocupar o litoral e os
ameríndios, perseguidos ou assolados por epidemias, foram migrando para o sertão e para a
Amazônia. Aqueles que restaram foram escravizados, aculturados e se misturaram aos
portugueses, formando uma população híbrida, mestiça, de mamelucos.[67] O índio brasileiro não
suportava a escravidão. Acostumado a viver durante milênios a um meio de vida livre, nômade, a
mortalidade indígena no meio escravocrata era muito alta. O índio brasileiro se negava a trabalhar
para o colonizador: muitos fugiam ou se suicidavam. A situação caótica obrigou os colonos a
importar mão-de-obra do continente africano. É a partir da década de 1550 que começou a aportar
na colônia os primeiros navios com escravos da África. Além de resolver o problema da mão-de-
obra (faltavam índios e portugueses), o tráfico negreiro era muito rentável.[68] No século XVI,
desembarcaram no Brasil em torno de 50 mil portugueses e 50 mil africanos.[69]
Século XVII
O desenvolvimento da cultura de cana-de-açúcar faz crescer o número de escravos africanos desembarcados nas
colônias portuguesas da América, vindos sobretudo da África Ocidental Portuguesa (atual Angola) e da chamada Costa
da Mina para o litoral do atual nordeste brasileiro. A imigração portuguesa continuou reduzida, tendo em vista que o
Reino de Portugal não tinha população suficiente para mandar grande número de colonos para ocupar suas possessões
na América. A população se concentrou nas regiões litorâneas que formam as atuais regiões nordeste e sudeste do
Brasil. O restante das possessões portuguesas na América segue sem ocupação europeia, abrigando povos indígenas
estabelecidos e também aqueles refugiados das regiões litorâneas.
Século XVIII
O desenvolvimento da mineração trouxe para o Brasil centenas de milhares de africanos, que foram escravizados na
extração de ouro. Um fato novo foi, pela primeira vez na História da colônia, a vinda de um enorme contingente de
colonos portugueses. Tal surto migratório deve-se a alguns fatores: Portugal e, em particular, a região do Minho, teve
uma alta taxa de crescimento populacional e, em consequência, superpopulação. As notícias de que na colônia sul-
americana estava ocorrendo a exploração da mineração serviu como esperança para milhares de portugueses que
resolveram cruzar o Oceano Atlântico e se aventurar nas Minas Gerais.[70] A imigração de casais açorianos para o
litoral do Sul do Brasil foi de fundamental importância para a demografia da região.[71]
No século XVIII desembarcaram um milhão e 600 mil africanos e 600 mil portugueses no Brasil. O Brasil passou a
possuir a maior população africana fora da África e a maior população lusitana fora de Portugal.
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Colonização portuguesa
Entre 1500 e 1700, 100 mil portugueses se deslocaram para o Brasil, a maioria dos quais fazia parte da iniciativa
privada que colonizou o País: grandes fazendeiros ou empresários falidos em Portugal que, através da distribuição de
sesmarias, tentavam se enriquecer facilmente e retornar para Portugal. Dedicaram-se principalmente à agricultura,
baseada no trabalho escravo, inicialmente efetuado por indígenas, mas sobretudo por escravos africanos.
No século XVIII, aportaram no Brasil 600 mil portugueses, atraídos pela exploração de ouro que estava ocorrendo em
Minas Gerais. Já não eram exclusivamente fazendeiros e agricultores, ganharam caráter urbano e se dedicaram
principalmente à exploração do ouro e ao comércio.
No século XIX, o Brasil tornou-se independente, dando fim à colonização portuguesa no País, embora a imigração de
portugueses continuasse a crescer gradativamente.
Colonização africana
O tráfico internacional de escravos da
Entrada de escravos africanos no Brasil[72]
África subsaariana para o Brasil foi
um movimento migratório, embora Período 1500-1700 1701-1760 1761-1829 1830-1855
forçado. Seu início ocorreu na Quantidade 510 000 958 000 1 720 000 618 000
segunda metade do século XVI, e
desenvolveu-se no século XVIII, atingiu seu ápice por volta de 1845 até ser extinto em 1850.
O tráfico negreiro foi uma atividade altamente lucrativa e contou, até 1850,
com amparo legal. Iniciou oficialmente em 1559, quando a metrópole
portuguesa decidiu permitir o ingresso de escravos vindos da África no
Brasil. Antes disso, porém, transações envolvendo escravos africanos já
ocorriam no Brasil, sendo a escassez de mão-de-obra um dos principais
argumentos dos colonos.
A maior parte dos escravos africanos provinham de lugares como Angola, Guiné, Benim, Nigéria e Moçambique. Eram
mais valorizados, para os trabalhos na agricultura, os negros Bantos ou Benguela ou Bangela ou do Congo,
provenientes do sul da África, especialmente de Angola e Moçambique, e tinham valor os vindo do centro oeste da
África, os negros Mina ou da Guiné, que receberam este nome por serem embarcados no porto de São Jorge de Mina,
na atual cidade de Elmina, e eram, por outro lado, mais aptos para a mineração, trabalho o qual já se dedicavam na
África Ocidental. Por ser a Bahia mais próxima da Costa da Guiné (África Ocidental) do que de Angola, a maioria dos
negros baianos são Minas.
Os traficantes trocavam os escravos por produtos como fumo, armas e aguardentes. Os escravos comprados eram
transportados nos chamados navios negreiros principalmente para as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e
São Luís. As péssimas condições sanitárias existentes nas embarcações, que vinham superlotadas, faziam com que
muitos escravos morressem, entretanto, a maior parte das mortes ocorria no transporte desde o local de captura até o
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porto africano de embarque. Quando desembarcavam em solo brasileiro, os escravos africanos ficavam de quarentena
enquanto recuperavam a saúde e engordavam para serem vendidos em praça pública. A maior parte ainda viajava a pé
para as regiões mais distantes do interior onde havia minas ou plantações.
Os escravos homens, jovens, mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados. Havia um grande desequilíbrio
demográfico entre homens e mulheres na população de escravos. No período 1837-1840, os homens constituíam
73,7% e as mulheres apenas 26,3% da população escrava. Além disto, os donos de escravos não se preocupavam com a
reprodução natural da escravaria, porque era mais barato comprar escravos recém trazidos pelo tráfico internacional
do que gastar com a alimentação de crianças.[73]
Outro povo que se estabeleceu no Brasil colonial foi oriundo dos Países Baixos. Os neerlandeses invadiram diferentes
partes do Brasil, a mais duradoura invasão ocorreu em Pernambuco, onde permaneceram por 24 anos (de 1630 a
1654). Existem mitos, especulações e até um certo "romantismo" em relação à presença holandesa no Brasil. Até hoje
esse tema levanta discussões, quase sempre suscitando o imaginário de como seria o Brasil atualmente se tivesse sido
colonizado pelos holandeses.[78] Em relação a uma possível contribuição holandesa para a formação da população
brasileira, não existem dados sobre quantos holandeses permaneceram no Nordeste após a retomada do domínio
português na região, tampouco se eram em número suficiente para ter deixado algum legado minimamente
importante após apenas 24 anos de presença. Um estudo genético, porém, abre a possibilidade de ter havido alguma
contribuição holandesa para a formação da população do Nordeste, com base numa análise do cromossomo Y.[79]
Durante o período de dominação holandesa, não foram poucos os casamentos entre holandeses oficiais da WIC e
brasileiras pertencentes a aristocracia açucareira da época,[80] e ainda muito mais numerosas as uniões informais
entre os praças da WIC com negras, índias, mestiças e brancas pobres.
Autores do período afirmam não terem sido poucos os colonos holandeses livres que se dedicavam à
agricultura.[81][82]
Os franceses também invadiram as regiões onde atualmente ficam parte do Maranhão e do Rio de Janeiro. Ficaram
muito pouco tempo no Brasil, foram rapidamente expulsos, mas alguns deles deixaram filhos tidos com mulheres
indígenas. Porém, assim como no caso dos holandeses, não existe nenhuma comprovação factível que os franceses
tenham tido qualquer influência considerável na formação do povo brasileiro.[carece de fontes?]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Colonização_do_Brasil 14/20
15/07/2019 Colonização do Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre
Portugal sempre foi muito preocupado em impedir a entrada de europeus de outras nacionalidades no Brasil. Foi só
em 1808, com a abertura dos portos, que foi permitida a entrada de cidadãos de outras nacionalidades no país. Até
então, somente portugueses e escravos africanos podiam entrar de forma livre na colônia. Com a exceção da região de
disputa de fronteira do Sul, onde a presença espanhola foi marcante,[75] no resto do Brasil a presença de outros povos,
além de portugueses e de africanos, foi bastante exígua. Tal fato só se alterou no século XIX, quando permitiu-se a
migração de outros grupos para o país. O Brasil se mostrava muito diferente dos Estados Unidos. A Inglaterra não se
preocupava em limitar a entrada de não ingleses nas suas colônias da América do Norte. Desde os primórdios da
colonização do atual Estados Unidos, além dos ingleses, diferentes nacionalidades europeias para lá se deslocaram,
como suecos, espanhóis, alemães, irlandeses, escoceses, holandeses, franceses, além de diversas etnias de escravos
africanos.[83]
No Brasil, as origens da população colonial eram bem menos diversificadas, compostas basicamente de portugueses e
de diferentes etnias africanas, além de índios. Todavia, os diferentes "cruzamentos" entre esses povos davam ao Brasil,
desde o período colonial, um caráter de sociedade multi-étnica.[84] A partir do século XIX, a população do Brasil se
diversificou mais, quando para o país passou a se dirigir correntes migratórias de origens relativamente diversificadas.
Todavia, mais de 80% do fluxo migratório para o Brasil veio de apenas três países: Portugal, Itália e Espanha.[85] Nos
Estados Unidos, por outro lado, os imigrantes vinham de quase todos os cantos da Europa.[86]
Entretanto, a mão-de-obra livre de imigrantes estrangeiros ainda era considerada dispensável pelos grandes
fazendeiros. Na primeira metade do século XIX ainda desembarcaram no Brasil cerca de um milhão e 300 mil
africanos subsaarianos, certamente o maior grupo de imigrantes recebido neste período.
O primeiro movimento organizado, contratado pelo governo brasileiro, de imigrantes europeus foi a imigração suíça
para a região serrana do Rio de Janeiro.[89]
Em 16 de maio de 1818, o príncipe regente baixou um decreto autorizando o agente do Cantão de Friburgo, Sebastião
Nicolau Gachet, a estabelecer uma colônia de cem famílias de imigrantes suíços. Entre 1819 e 1820, chegaram ao
Brasil 261 famílias de colonos suíços, 161 a mais do que havia sido combinado nos contratos, totalizando 1.686
imigrantes. A sua maioria era composta de suíços de cultura e língua francesa. Os imigrantes estabeleceram-se na
fazenda do Morro Queimado, situada na então vila de Cantagalo. A região era conhecida pelo seu clima ameno e relevo
acidentado, o mais semelhante que poderia haver no Rio de Janeiro com a Suíça. Muitos dos imigrantes suíços logo
abandonaram seus lotes e se dispersaram por toda a região serrana e centro-norte do estado do Rio de Janeiro, em
busca de terras férteis e mais acessíveis.
Ver também
Império Português
https://pt.wikipedia.org/wiki/Colonização_do_Brasil 15/20
15/07/2019 Colonização do Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre
Notas
1. Os anos exatos variam de acordo com a periodização, levando em conta fatores como descobrimento, início do
povoamento, fim da colônia e independência. Considerando todos os pontos de vista, o período de colonização
inicia-se entre 1500 e 1532 e termina entre 1808 e 1815.
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