Vous êtes sur la page 1sur 29

GESTÃO INTEGRADA E

COMUNITÁRIA
CFHP PMPE 2019

Organizador: Major PM JOSÉ CICERO DE OLIVEIRA JUNIOR


SUMÁRIO

CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ......................................... 2


REFLEXÕES SOBRE A NECESSIDADE DE SE ESTABELECER UM NOVO MODELO PARA A
SEGURANÇAPÚBLICA .......................................................................................................................... 6
CONCEITUANDO GESTÃO .................................................................................................................... 9
INTEGRALIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA ........................................................................................... 11
POLÍCIA COMUNITÁRIA .........................................................................................................................15
Conceituando Polícia Comunitária .............................................................................. 16
Conceituando Policiamento Comunitário .................................................................... 17
Diferença dos Termos ................................................................................................ 18
Os Princípios da Polícia Comunitária ........................................................................... 19
O que não é Policiamento Comunitário ........................................................................ 21
Diferenças entre os Modelos Tradicional e Comunitário de Polícia ................................ 25
Integração Social – Envolvimento dos Seis Grandes ......................................... 27
Condições Básicas para a Implantação do Modelo de Polícia Comunitária ..................... 29
CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Refletir acerca da sociedade contemporânea conduz-nos a pensar sobre a


globalização. Para muitos, este fenômeno alcança à sua eficácia quando em um
determinado instante se atinge o equilíbrio social e econômico. Entretanto, no Brasil,
não tem sido apresentado desta forma. Antes, o que se observa é uma instabilidade
social que traz consigo prejuízos à ordem pública, com altos índices criminais e uma
visível sensação de insegurança.

Contudo, segundo o Professor Miguel Libório da UNISUL – Universidade do Sul


de Santa Catarina, a nova ordem moderna da globalização se caracteriza pelo
dinamismo e os inúmeros segmentos interligados e envolvidos, tendo como principais
os seguintes:

 à industrialização;
 à economia;
 ao social (padronização de costumes e valores,
principalmente do bloco ocidental, não excluindo os
valores religiosos do bloco oriental), e
 à Tecnologia da Informação (através das grandes redes
mundiais de comunicação, Internet, sistemas integrados de
transmissão de dados via satélite, integrados a televisão –
principal aparelho deste processo).

Um ponto a observar diz respeito às exigências dos países ricos, que demandam
das nações em desenvolvimento e até os mais pobres, a fomentarem suas economias a
todo custo dentro de uma competitividade desigual no mundo, por conseguinte, o lucro
é o maior alvo a ser alcançado por tais nações, o que culmina no aparecimento das
diferenças e crises sociais de toda ordem, agravando cada vez mais a polarização
mundial entre ricos e pobre

Desta feita, há de se ressaltar outra vertente danosa da globalização, advinda das


desigualdades, os chamados crimes transnacionais, os quais já ocorriam principalmente
com mais ênfase na América Latina, e que certamente foram potencializados. Libório
(2008) ajuda na discussão elencando-os a seguir:
 Crime Organizado – caracterizado pelas grandes
organizações mafiosas (russa, chinesa, japonesa, grupos de
narcotraficantes da latino-américa e outras). O crime
organizado não tem fronteiras. Existe em todas as nações e
das mais diversas formas: tráfico de drogas, prostituição,
armas, roubos de cargas, sequestro etc. E todos possuindo
ramificações internacionais, sociais, políticas e
principalmente econômicas. As estruturas governamentais
se mostram impotentes para uma das formas econômicas
mais rentáveis da atualidade.

 Banalização da Violência – caracterizado por


movimentos políticos e ideológicos e pela desvalorização
da vida como patrimônio maior do homem. A banalização
da violência e o aumento da delinquência é algo de
extrema preocupação, visto que até em países
desenvolvidos, sem problemas sociais discrepantes, os
índices de violência têm aumentado, por estarem
vinculados à intensa competividade social e influência dos
veículos de comunicação de massa.

 Aumento da delinquência – Tendo por base legislações


fracas causando o princípio da anomia1 e impunidade. A
anomia social no contexto brasileiro, pode ser entendida
não apenas como a ausência de processos normativos, mas
também a descrença daquilo que regulamenta a vida em
comum da sociedade organizada. Com isso, torna-se claro
ao indivíduo que o que “é certo” passa a ser
“questionado ou duvidoso”; e o que era “incorreto”,
pode ser considerado “vantajoso e seguro”.
Conforme menciona o filósofo e Sociólogo Alemão Ralf Gustav Dahrendorf, nas
sociedades contemporâneas assiste-se ao declínio das sanções. A impunidade torna-se
cotidiana. Esse processo é particularmente visível em algumas áreas da existência
social. Trata-se de áreas onde é mais provável ocorrer a isenção de penalidade por
crimes cometidos. São chamados de “áreas de exclusão”, a saber:
1
(...) anomia é uma condição social em que as normas reguladoras do comportamento das pessoas
perdem a validade. Onde prevalece a impunidade, a eficácia das normas está em perigo. As normas
parecem não mais existir ou, quando invocadas, resultam sem efeito. Tal processo aponta no sentido de
transformação da autoridade legítima (o Estado) em poder arbitrário e cruel. (Adorno, 1998)

a. nas mais diferentes sociedades, uma enorme quantidade de furtos não é


sequer registrada. Quando registrada, é baixa a probabilidade de que o caso
venha a ser investigado. O mesmo é válido para os casos de evasão fiscal, crime
que parece ter instituído uma verdadeira economia paralela e para o qual há
sinais indicativos de desistência sistemática de punição. A consequência desse
processo é que as pessoas acabam tomando as leis em suas próprias mãos.

b. uma segunda área afetada é a juventude. Constata-se que em todas as cidades


modernas os jovens são responsáveis pela grande maioria dos crimes, inclusive
os crimes mais violentos. No entanto, o que se observa é a tendência geral para o
enfraquecimento, redução ou isenção de sanções aplicáveis aos jovens. Suspeita-
se que essa tendência seja em grande parte responsável pela delinquência
juvenil;

c. uma terceira é o reconhecimento, por parte do cidadão comum, de espaços


na cidade que devem ser deliberadamente evitados, isto é, o reconhecimento
de áreas que se tornam isentas do processo normal de manutenção da lei e da
ordem. A contrapartida desse fato tem resultado no rápido envolvimento de
sistemas privados de segurança, o que se traduz na quebra do monopólio da
violência em mãos dos órgãos e indivíduos autorizados. Se levado ao extremo
esse processo conduz necessariamente à anomia parcial;

d. uma quarta área de exclusão diz respeito a própria falta de direção ou


orientação das sanções. Para o sociólogo alemão, quando a extensão das
violações às normas se tornarem bastante vastas, sua consequente aplicação se
torna difícil, por vezes, impossível. Motins de ruas, tumultos, rebeliões, revoltas,
insurreições, demonstrações violentas, invasões de edifícios, piquetes agressivos

de greve e outras formas de distúrbios civis desafiam o processo de imposição


de sanções. Não há como distinguir atos individuais de processo maciço de
autênticas revoluções ou manifestações coletivas de uma exigência de mudança.
O Professor Miguel Libório (2008) conclui que, analisar por esse espectro é
chegar ao pensamento de que à incompetência (ou ausência) das instituições públicas
em não saber agir, ou em agir tardiamente, causam duas consequências imediatas em
relação ao indivíduo:

 Perda da noção do tempo – ou seja, vive-se só o presente e não se projeta


para o futuro; e
 Desconfiança generalizada – o indivíduo não acredita nas instituições,
procurando se defender com os recursos que possui ou que adquire de
qualquer maneira, a qualquer preço.

REFLEXÃO SOBRE A NECESSIDADE DE SE ESTABELECER UM NOVO


MODELO PARA A SEGURANÇA PÚBLICA

Diante de um quadro real e com diversos fatores complicadores à segurança


pública, o Estado deve alcançar o dinamismo social com ações e adoção de políticas que
rompam com os paradigmas antigos da segurança pública em nosso país,
principalmente, como vimos na discussão anterior, os crimes transnacionais são cada
vez mais emergentes no mundo, e, considerando as suas dimensões continentais, o
Brasil tem sido alvo do aumento constante da violência e do crime. Assim, é precípuo
que as organizações sejam mais eficientes, com o desempenho definido e transparente,
buscando incessantemente a integração das ações de combate a violência, por meio de
um novo modelo de segurança pública que abarque a presença de vários atores sociais,
o que caracteriza a chamada Gestão Integrada. A violência também é um fenômeno que
atinge a América latina, que por sua vez, se encontra, na maioria dos países, dotadas de
organizações que atendem mais à segurança do Estado que à segurança dos cidadãos.

Hugo Acero Velásquez2, a despeito do fato de que a Gerra Fria3 tenha acabado
há muitos anos, discorre que a segurança ainda é enfrentada em termos de inimigos
internos e externos, que atentam contra a estabilidade do Estado. Nesta percepção, a
população é vista dentro de expectativas de diminuição ou aumento da estatística
criminal. Assim afirma:
O mais grave a respeito do que se disse anteriormente é o fato
de que as autoridades ainda pretendem responder aos problemas
atuais que afetam a convivência e a segurança cidadã, partindo
dos princípios e pressupostos dessa doutrina (inimigos do
Estado), mediante uma centralização excessiva nas mãos do
executivo nacional, desconhecendo que as manifestações de
insegurança possuem características locais. Dessa forma,
conservando-se nas instituições(como a polícia) estruturas
isoladas da comunidade, sendo que esses problemas são
enfrentados com óticas eminentemente policiais, sem
reconhecer a característica multicausal dos mesmos e a
necessidade de dar respostas integrais, nas quais se deve contar
com a participação ativa das autoridades locais, com quem,
indiscutivelmente, as autoridades nacionais deveriam
compartilhar responsabilidades.

2
Ex-Chefe de Polícia colombiana e Consultor Internacional do PNUD para temas de convivência e
segurança cidadã e Assessor Coordenador do Programa “Departamentos e Municípios Seguros”,
liderado pela Polícia Nacional da Colômbia.
3
A partir de 1945 é construída uma noção de segurança completamente alheia à vida dos seres
humanos e das necessidades dos cidadãos comuns. A característica estreita do conceito acaba por
“deixar de lado as preocupações legítimas das pessoas comuns que procuravam ter segurança em sua
vida cotidiana” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS,1994), dando prioridade às preocupações e
intenções que cada Estado-Nação tinha segundo o bloco a que pertencia)
Destarte, se faz mister novos delineamentos para uma política mais efetiva de
segurança pública bem focada nas cidades. Torna-se imperiosa mudança da ótica da
segurança pública como uma área que só diz respeito às Organizações Policiais, como
detentoras do Poder discricionário do Estado4, como o próprio legislador idealizou
quando estabeleceu a co-responsabilidade e a integração entre os atores sociais na
preservação da ordem pública, tal como se atesta no artigo 144 da Constituição Federal
de 1988, em vigência no país.

As cidades tornaram-se os grandes centros de convergência de todos os anseios e


desejos sociais de uma sociedade estruturada.

Anthony Giddens, em seu livro: Sociologia. Uma breve porém critica., menciona
que a população mundial aumentou maciçamente e permanece em constante
crescimento, surgindo as grandes cidades devido até o desenvolvimento da indústria e
da cultura da sociedade hodierna, que passa a ser cosmopolita, escolhendo cidades como
os centros do planeta. Como afirma em seus estudos, existem atualmente no mundo5
1.700 cidades com mais de 100 mil habitantes, 250 cidades com mais de 500 mil
habitantes e quase duas dezenas de cidades com mais de 10 milhões de habitantes.

Gullo (1998)6, ao analisar Giddens, aborda o urbanismo das cidades como modo
de vida, considerando os seguintes aspectos:

a) A filtragem e discriminação que seleciona da população os indivíduos mais


preparados gera expectativas e revoltas;

b) A proximidade sem relacionamento e conhecimento, devido ao tamanho,


heterogeneidade e densidade da população afasta as pessoas, mesmo aquelas vizinhas de
parede;
c) Cria um estilo de vida peculiar e particular dos moradores da cidade
caracterizado por contatos fragmentados e transitórios, não criando laços perenes como
em comunidade menores;

d) Cria relações frágeis, despojadas do sentido de participação, de expressão


espontânea e de disposição espiritual;

e) Populações grandes e densas geram diversificação e especialização de áreas;

f) Diferenciação de funções causadas pela dissolução de uma “sociedade


integrada” criam rotinas ordenadas, controladas por regras de comportamentos
interpessoais e definidos claramente.
CONCEITUANDO GESTÃO

Muitos são os conceitos acerca do que se entende como gestão, levando-se em


conta as várias vertentes e áreas temáticas no campo social e científico. Todavia, para
fins de direcionamento do estudo em pauta, serão extraídos fragmentos de textos da
web, que visam um melhor entendimento quanto à questão.

É o conjunto de tarefas que procuram garantir a afetação


eficaz de todos os recursos disponibilizados pela organização a
fim de serem atingidos os objetivos pré-determinados.
Por outras palavras, cabe à gestão a optimização do
funcionamento das organizações através da tomada de decisões
racionais e fundamentadas na recolha e tratamento de dados
e informação relevante e, por essa via, contribuir para o seu
desenvolvimento e para a satisfação dos interesses de todos os
seus colaboradores e proprietários e para a satisfação de
necessidades e interesse dos seus stakeholders7 ou da sociedade
em geral.
De acordo com o conceito clássico inicialmente desenvolvido
por Henry Fayol, compete à gestão atuar através de atividades
de planeamento, organização, liderança e controlo de forma a
atingir os objetivos organizacionais pré-determinados Do latim
gestĭo, o conceito de gestão refere-se à ação e ao efeito de gerir
ou de administrar. Gerir consiste em realizar diligências que
conduzem à realização de um negócio ou de um desejo
qualquer. Administrar, por outro lado, consiste em governar,
dirigir, ordenar ou organizar.A gestão, como tal, envolve todo
um conjunto de trâmites que são levados a cabo para resolver
um assunto ou concretizar um projeto. Por gestão entende-se
também a direção ou administração de uma empresa ou de um
negócio.

(texto extraído através do endereço eletrônico: http://www.significados.com.br/gestao)


No campo da segurança pública, o termo “gestão” tem sido mencionado com mais
intensidade, em face dos novos modelos correlacionados aos Planos Estaduais de
Segurança Pública, a exemplo do Pacto pela Vida, idealizado pelo Estado de
Pernambuco nos idos de 2007, e que perdura até os dias atuais. Com sucessivas
reduções anuais dos chamados Crimes Violentos Letais Intencionais – CVLI, o Pacto
pela Vida angariou diversos prêmios nacionais e internacionais, replicando inclusive,
esse novo modelo de Gestão por Resultados para municípios pernambucanos e outros
Estados da federação, tal como a Bahia.
Responsável pela redução dos índices de criminalidade no Estado de
Pernambuco, o Programa Pacto Pela Vida, criado em 2007, recebeu
mais uma premiação internacional. Nesta quarta-feira (15), o
governador do Estado e presidente Nacional do PSB, Eduardo
Campos, esteve na sede do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), em Washington, nos Estados Unidos, onde
recebeu o Prêmio Governante: A Arte do Bom Governo. O Pacto Pela
Vida foi premiado na categoria Governo Seguro: Boas Práticas em
Prevenção do Crime e da Violência. (Texto extraído em:
http://www.psb40.org.br)

INTEGRALIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA

Em 2009, o Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria Nacional da


Segurança Pública - SENASP lançou uma coletânea (2003-2009) tratando dos trabalhos
alusivos aos Gabinetes de Gestão Integrada no Brasil. O texto apresenta, dentre muitos
assuntos, uma breve análise sobre alguns aspectos atinentes a integralidade na segurança
pública, os quais serão discorridos doravante.

Integralidade, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, em sua


terceira edição revista e atualizada, quer dizer: (Do lar. Méd. integralitate) s.f.
Qualidade de, condição, ou atributo do que é integral: totalidade, total, inteiro.
Integrar: completar, tornar inteiro (inteirar-se, completar-se) e totalidade (De total +
(i)dade) s.f. 1. O conjunto das partes que constituem um todo; soma. 2. filos. Unidade
de partes; sistema.

A integralidade abrange leituras distintas e sentidos diversos. Exatamente por isso,


pode, num determinado momento, aglutinar em torno dela atores políticos que
comungam de indignações semelhantes, mesmo que tenham projetos específicos
distintos. Quer dizer, possui vários sentidos, correlatos, sem dúvida, posto que forjados
num mesmo contexto de luta e articulados entre si Possui, no entanto, sentidos distintos,
que possibilitam que vários atores, cada qual com suas indignações e críticas ao que
existe, comunguem estas críticas e, por um momento, pareçam comungar os mesmos
ideais. Ela traz consigo um grande número de possibilidades de realidades futuras a
serem criadas por meio das lutas, que têm em comum a superação daqueles aspectos
criticados na realidade atual e que almejamos transformar.
Para que seja possível a realização de uma prática que atenda à integralidade,
precisamos exercitar efetivamente o grupo, desde o processo de formação do
profissional de determinada área.
O que é corresponder ao ideal de integralidade na Segurança Pública? A
integralidade não é somente uma atitude e, sim, uma marca de um modo de organizar o
processo de trabalho, feita de forma a otimizar o seu impacto social.

Importante é a reflexão crítica e a abertura da roda do diálogo. Outro ponto é o atributo


da organização dos serviços, sendo que mais um atributo aplica-se às respostas
governamentais aos problemas sociais. No caso da Segurança Pública, é possível
reconhecer alguns traços de semelhança, algumas analogias, alguns fios que articulam
todos esses sentidos.
Quer tomemos a integralidade como princípio orientador das práticas, quer como
princípio orientador da organização do trabalho ou da organização das políticas,
integralidade implica uma recusa ao reducionismo, bem como uma recusa à
fragmentação das esferas sociais e humanas (familiar, social, econômica, cultural,
religiosa), uma recusa à objetivação dos sujeitos e talvez uma afirmação da abertura
para o diálogo.
A teoria funcionalista, tendo como principal mentor David Mitrany8, diz que o
crescimento da complexidade do sistema governamental aumentou consideravelmente a
essenciabilidade técnica (assuntos não políticos frente ao governo).
O ponto principal dessa teoria (por David Mitrany, Amitai Etzion e Ernest Haas) é
a integração política acerca de um centro decisório, no qual os atores políticos dirigem
suas legislações e atividades políticas. Diz Leon N Lindeberg: “Os atores devem ter a
noção da perda de status no sistema internacional e as decisões devem ser tomadas
por consenso”. Isto é, a visão de um centro no comando da unidade integrada
Conforme Haas9, a teoria Neofuncionalista foi utilizada para explicar o processo de
integração, principalmente o europeu. “Para os neofuncionalistas, “integração” significa
o processo de transferência das expectativas excludentes de benefícios do Estado-nação
para alguma entidade maior” O autor identifica quatro motivações básicas para
uma integração regional:

Desejo de promover a segurança em uma dada região, realizando a defesa conjunta contra uma
ameaça comum;
Promover a cooperação para obter desenvolvimento econômico e maximizar o bem-estar;
A vontade comum de constituir a unificação de comunidades nacionais em uma entidade mais
ampla. Haas também afirma que segundo a microteoria da ramificação ou spill over, o
desenvolvimento da colaboração em um campo técnico gera um comportamento comparável
em outros campos técnicos, quer dizer, colaboração funcional em um setor gera a necessidade
de colaboração em um outro, contribuindo para a manutenção da paz, pois os atores ficam
inibidos de tomarem ações unilaterais que prejudiquem os seus parceiros.
Algumas características do sistema de segurança pública podem ser observadas, analisadas e
pesquisadas:
• A integralidade e missão da segurança pública em novas lógicas, diretrizes e
princípios;
• Necessidades formativas para construção de novos perfis profissionais no
campo da segurança pública;

O desafio da integralidade se torna um operador teórico e prático fundamental,


pois vem sendo esse o horizonte buscado na construção de novos modelos de segurança.
A noção de integração na Segurança Pública, proposta na própria definição do Sistema
Único de Segurança Pública e inserida na Constituição Federal, é um projeto político e
ético ainda em construção.
As experiências de cooperação e integração podem ser abordadas partindo - se do
pressuposto que a participação entre Estados tende a minimizar o risco de conflito. O
processo de integração regional é, em princípio, um modo de cooperação entre Estados.
É um processo estratégico de lidar com problemas, que, isoladamente, não
conseguiriam.
A cooperação possibilita o estabelecimento de objetivos comuns entre os
parceiros. As teorias sobre integração, conforme Bobbio, em geral, aceitam o
pressuposto de Kant sobre a possibilidade de estabelecer, em um sistema fundamentado
no estado de natureza, algum arranjo institucional promotor da paz. Assumem a figura
de uma associação, na qual os componentes permanecem num nível de colaboração
entre iguais10. Em síntese, podemos dizer que os sistemas de integração são complexos
e exigem cooperação em associação e alianças. A integração é alimentada pela
colaboração, num processo decisório consensual, com intercâmbio de informações e um
padrão de desempenho.
Ao falarmos em integralidade evocamos o conceito de
segurança cidadã citado no Relatório de Atividades de
Implantação do Sistema Único de Segurança Pública e suas
nuances na “situação política e social, de segurança integral e
cultura da paz, em que as pessoas têm legal e efetivamente
garantindo o gozo pleno de seus direitos humanos, por meio de
mecanismos institucionais eficientes e eficazes, capazes de
prever, prevenir, planejar, solucionar pacificamente e controlar
as ameaças, as violências e coerções ilegítimas” (publicação
SENASP, 2007).

O mote da integralidade, desde o previsto na Constituição Federal, otimiza a


Política Pública de Segurança, na estética do Ministério da Justiça, e segue os bons
exemplos de outras políticas públicas transversais e constituintes de uma prática
desejada na Segurança Pública do Brasil.
A gestão institucional da segurança pública tem ficado, ao longo da história, sob a
égide das instituições armadas, com características policiais e militares. Situação
herdada de outras épocas e modos, que persistem até hoje, e a complexidade é manter
ações integrais, em um processo de democracia, pois traduz que as práticas até então
executadas não resolvem e são insuficientes no campo da segurança pública.

POLÍCIA COMUNITÁRIA
Um mecanismo que favorece a implantação da Gestão integrada e Comunitária.

As atuais reformas na área policial estão fundadas na premissa de que a eficácia


de uma política de prevenção do crime e produção de segurança está relacionada à
existência de uma relação sólida e positiva entre a polícia e a sociedade. Fórmulas
tradicionais como sofisticação tecnológica, agressividade nas ruas e rapidez no
atendimento de chamadas do 190 se revelam limitadas na inibição do crime, quando não
contribuíram para acirrar os níveis de tensão e descrença entre policiais e cidadãos.
Mais além, a enorme desproporção entre os recursos humanos e materiais disponíveis e
o volume de problemas, forçou a polícia a buscar fórmulas alternativas capazes de
maximizar o seu potencial de intervenção. Isto significa o reconhecimento de que a
gestão da segurança não é responsabilidade exclusiva da polícia, mas da sociedade
como um todo. (A EMERGÊNCIA DE NOVOS MODELOS. Do livro Policiamento
Comunitário e o Controle Sobre a Polícia do autor Theodomiro Dias Neto)

A partir de tal reflexão, estudar-se-á a necessidade da mudança conceitual de


gestão por parte do Estado, por meio de seus órgãos competentes, na construção de um
paradigma moderno que propicie de fato a convivência e a segurança cidadã,
capitaneada pela chamada “Gestão Integrada”, a qual, dentre algumas iniciativas,
contempla a filosofia de polícia comunitária, que procura aglutinar autoridades e setores
importantes bem presentes no convívio social, tais como: Autoridades Cívicas Eleitas,
Os Órgãos Policiais, A Comunidade, A Mídia, A Comunidade de Negócios e Outras
Instituições Públicas, Privadas ou Não-governamentais (Justiça, Serviços Públicos,
Serviços de Saúde, Clubes de Serviço, Instituições Religiosas, ONGs etc).

Outrossim, doravante, tornar-se-á necessária uma breve exposição conceitual


acerca da policia comunitária e do policiamento comunitário, identificando a diferença
entre estes termos. Também, com o objetivo de tecer observações ao nível operacional,
discorrer-se-á sobre os princípios da polícia comunitária, o que não é policiamento
comunitário, as diferenças existentes entre o modelo tradicional de polícia e o modelo
comunitário de polícia, o envolvimento dos seis grandes da polícia comunitária e os
aspectos que constituem as condições básicas para a implantação do modelo de polícia
comunitária.

Conceituando a Polícia Comunitária

Diante de vários conceitos que se pode observar no que concerne a polícia


comunitária, os que doravante se seguem, apresentam uma contextualização que
endossa a temática tratada nesta apostila.

É uma filosofia e estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria


entre a população e a polícia. Baseia-se na premissa de que tanto a polícia quanto a
comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas
contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e
em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral da vida
na área. (Trojanowicz ,1994)

A expressão “policia comunitária” remete a um significado mais abrangente, ou


seja, contém todas as atividades relacionadas à resolução dos problemas que
comprometem a qualidade de vida de uma comunidade. Essa resolução não cabe apenas
aos órgãos policiais, mas, também, a outros órgãos da sociedade. Ela exige boa
capacitação dos policiais que pretendem trabalhar com esta filosofia.
Segundo Trojanowicz e Bucqueroux (1999), a Polícia Comunitária é uma filosofia
que associada a um novo modelo de agir da polícia com a comunidade visa estabelecer
uma relação de parceria. Uma de suas finalidades é aproximar todos os órgãos de
segurança e seus profissionais, para que a Polícia não seja lembrada por um número ou
Quartel.

É um conceito mais amplo, compreendendo todos os meios possíveis para a


solução de problemas, que de alguma maneira afetam a segurança de uma comunidade,
sendo que esses meios podem ser de origem governamental ou não.
(MARCINEIRO,2008)

A polícia comunitária é uma filosofia que ressalta a necessidade da parceria entre


a comunidade e a polícia nas políticas de segurança pública, para que sejam
direcionadas as ações e ocorra um controle social destas (COSTA,2004)

Conceituando a Policiamento Comunitário

É uma forma de policiar. Entende-se por policiamento todo o emprego do policial,


seja através dos mais variados meios de locomoção ou a pé, que tenham como
finalidade a prevenção e inibição de práticas delituosas pela ostensividade de sua
presença. (MARCINEIRO,2008)

Em relação ao Policiamento Comunitário é possível dizer que conforme


Trojanowicz (1994), o Policiamento Comunitário exige um comprometimento de cada
um dos policiais e funcionários civis do departamento policial com sua filosofia.(...)
com o objetivo de explorar novas iniciativas preventivas, visando a resolução de
problemas antes de que eles ocorram ou se tornem graves.

Baseia-se também no estabelecimento dos policiais como mini-chefes de polícia


descentralizados em patrulhas constantes, onde eles gozam da autonomia e da liberdade
de trabalhar como solucionadores locais dos problemas da comunidade. (Trojanowicz e
Bucqueroux, 1999)

Pode ser chamado também de policiamento de proximidade e constitui-se de um


primeiro estágio para se evoluir para a filosofia de polícia comunitária.
Diferença dos Termos

Na prática Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do


Policiamento Comunitário (ação de policiar junto à comunidade). Aquela deve ser
interpretada como filosofia organizacional indistinta a todos os órgãos de Policia, esta
pertinente às ações efetivas com a comunidade.

Policia

Figura 1 - Diagrama da Polícia Comunitária e do Policiamento Comunitário.

Conforme a figura 1 percebe-se que o policiamento comunitário está contido na filosofia e estratégia
chamada Polícia Comunitária

Os Princípios da Polícia Comunitária

Para uma implantação do sistema de Policiamento Comunitário é necessário que


todos na instituição conheçam os seus princípios, praticando-os permanentemente e com
total honestidade de propósitos. São eles:

a) Filosofia e Estratégia Organizacional - A base desta filosofia é a


comunidade. Para direcionar seus esforços, a Polícia, ao invés de buscar ideias pré-
b) concebidas, deve buscar, junto às comunidades, os anseios e as
preocupações das mesmas, a fim de traduzi-los em procedimentos de segurança;

c) Comprometimento da Organização com a concessão de poder à


Comunidade - Dentro da comunidade, os cidadãos devem participar, como plenos
parceiros da polícia, dos direitos e das responsabilidades envolvidas na identificação,
priorização e solução dos problemas;

d) Policiamento Descentralizado e Personalizado - É necessário um policial


plenamente envolvido com a comunidade, conhecido pela mesma e conhecedor de suas
realidades;

e) Resolução Preventiva de Problemas a curto e a longo prazo - A idéia é


que o policial não seja acionado pelo rádio, mas que se antecipe à ocorrência. Com isso,
o número de chamadas do COPOM deve diminuir;

f) Ética, Legalidade, Responsabilidade e Confiança - O Policiamento


Comunitário pressupõe um novo contrato entre a polícia e os cidadãos aos quais ela
atende, com base no rigor do respeito à ética policial, da legalidade dos procedimentos,
da responsabilidade e da confiança mútua que devem existir;

Isto está correto para a comunidade?


Isto está correto para a segurança da minha região?
Isto é ético e legal?
Isto é algo que estou disposto a me responsabilizar?
Isto é condizente com os valores da Corporação?

Se a resposta for Sim a todas essas perguntas, não peça permissão. Faça-o
g) Ajuda às pessoas com Necessidades Específicas - Valorizar as vidas de pessoas mais
vulneráveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, sem teto, etc. Isso deve ser
um compromisso inalienável do Policial Comunitário;
h) Criatividade e apoio básico - Ter confiança nas pessoas que estão na linha de frente da
atuação policial, confiar no seu discernimento, sabedoria, experiência e, sobretudo, na
formação que recebeu. Isso propiciará abordagens mais criativas para os problemas
contemporâneos da comunidade;
i) Mudança interna - O Policiamento Comunitário exige uma abordagem plenamente
integrada, envolvendo toda a organização. É fundamental a reciclagem de seus cursos
e respectivos currículos, bem como de todos os seus quadros de pessoal. É uma
mudança que se projeta para 10 ou 15 anos;
j) Construção do Futuro - Deve-se oferecer à comunidade um serviço policial
descentralizado e personalizado, com endereço certo. A ordem não deve ser imposta
de fora para dentro, mas as pessoas devem ser encorajadas a pensar na polícia como
um recurso a ser utilizado para ajudá-las a resolver problemas atuais de sua
comunidade.

O que não é policiamento comunitário

Quando não se conhece ou não se prática Polícia Comunitária é comum se afirmar


que esta nova forma ou filosofia de atuação é de uma “polícia light”, ou uma “polícia
frouxa” ou mesmo uma “polícia que não pode mais agir”.

Na verdade Polícia Comunitária é uma forma técnica e profissional de atuação


perante a sociedade numa época em que a tecnologia, qualidade no serviço e o
adequado preparo são exigidos em qualquer profissão. Mas no nosso caso existe ainda
muita confusão.

Robert Trojanowicz no livro “Policiamento Comunitário: Como Começar”


procura mostrar as interpretações errôneas sobre o que não é Policiamento Comunitário:

1. Policiamento Comunitário não é uma tática, nem um programa e


nem uma técnica – não é um esforço limitado para ser tentado e depois abandonado, e
sim um novo modo de oferecer o serviço policial à comunidade;

2. Policiamento Comunitário não é apenas relações públicas – a


melhoria das relações com a comunidade é necessária porém não é o objetivo principal,
pois apenas o “QSA” não é suficiente para demonstrar a comunidade seriedade, técnica
e profissionalismo. Com o tempo os interesseiros ou os “QSA 5” são desmascarados e
passam a ser criticados fortemente pela sociedade. É preciso, portanto, ser honesto,
transparente e sincero nos seus atos.

3. Policiamento Comunitário não é anti-tecnologia – o policiamento


comunitário pode se beneficiar de novas tecnologias que podem auxiliar a melhora do
serviço e a segurança dos policiais. Computadores, celulares, sistemas de
monitoramento, veículos com computadores, além de armamento moderno (inclusive
não letal) e coletes protetores fazem parte da relação de equipamentos disponíveis e
utilizáveis pelo policial comunitário. Aquela idéia do policial comunitário “desarmado”
é pura mentira, pois até no Japão e Canadá os policiais andam armados com
equipamentos de ponta. No caso brasileiro a nossa tecnologia muitas vezes é adaptada,
ou seja, trabalhos muito mais com criatividade do que com tecnologia. Isto com certeza
favorece o reconhecimento da comunidade local.
4. Policiamento Comunitário não é condescendente com o Crime – os
policiais comunitários respondem às chamadas e fazem prisões como quaisquer outros
policiais: são enérgicos e agem dentro da lei com os marginais e os agressores da
sociedade. Contudo atuam próximos a sociedade orientando o cidadão de bem, os
jovens e buscam estabelecer ações preventivas que busquem melhorar a qualidade de
vida no local onde trabalham. Parece utópico, mas inúmeros policiais já vem adotando o
comportamento preventivo com resultados excepcionais. Outro ponto importante é que
como está próximo da comunidade, o policial comunitário também é uma fonte de
informações para a polícia de investigação (Polícia Civil) e para as forças táticas,
quando forem necessárias ações repressivas ou de estabelecimento da ordem pública.

5. Policiamento Comunitário não é espalhafatoso e nem camisa “10” –


as ações dramáticas narradas na mídia não podem fazer parte do dia a dia do policial
comunitário. Ele deve ser humilde e sincero nos seus propósitos. Nada pode ser feito
para aparecer ou se sobressair sobre seus colegas de profissão. Ao contrário, ele deve
contribuir com o trabalho de seus companheiros, seja ele do motorizado, a pé, trânsito,
bombeiro, civil, etc. O Policiamento Comunitário deve ser uma referência a todos,
polícia ou comunidade. Afinal, ninguém gosta de ser tratado por um médico
desconhecido, ou levar seu carro em um mecânico estranho.

6. Policiamento Comunitário não é paternalista – não privilegia os mais


ricos ou os “mais amigos da polícia”, mas procura dar um senso de justiça e
transparência à ação policial. Nas situações impróprias deverá estar sempre ao lado da
justiça, da lei e dos interesses da comunidade. Deve sempre priorizar o coletivo em
detrimento dos interesses pessoais de alguns membros da comunidade local.

7. Policiamento Comunitário não é uma modalidade ou uma ação


especializada isolada dentro da Instituição – os policiais comunitários não devem ser
exceção dentro da organização policial, mas integrados e participantes de todos os
processos desenvolvidos na unidade. São parte sim de uma grande estratégia
organizacional, sendo uma importante referência para todas as ações desenvolvidas pela
Polícia Militar. O perfil desse profissional é também o de aproximação e paciência, com
capacidade de ouvir, orientar e participar das decisões comunitárias, sem perder a
qualidade de policial militar forjado para servir e proteger a sociedade.
8. Policiamento Comunitário não é uma Perfumaria – o policial
comunitário lida com os principais problemas locais: drogas, roubos e crimes graves
que afetam diretamente a sensação de segurança. Portanto seu principal papel, além de
melhorar a imagem da polícia, é o de ser um interlocutor da solução de problemas,
inclusive participando do encaminhamento de problemas que podem interferir
diretamente na melhoria do serviço policial (uma rua mal iluminada, horário de saída de
estudantes diferenciado, etc).

9. Policiamento comunitário não pode ser um enfoque de cima para


baixo – as iniciativas do policiamento comunitário começam com o policial de serviço.
Assim admite-se compartilhar poder e autoridade com o subordinado, pois no seu
ambiente de trabalho ele deve ser respeitado pela sua competência e conhecimento.
Contudo o policial comunitário também adquire mais responsabilidade já que seus atos
serão prestigiados ou cobrados pela comunidade e seus superiores.

10. Policiamento Comunitário não é uma fórmula mágica ou panacéia –


o policiamento comunitário não pode ser visto como a solução para os problemas de
insegurança pública, mas uma forma de facilitar a aproximação da comunidade
favorecendo a participação e demonstrando a sociedade que grande parte da solução dos
problemas de insegurança dependem da própria sociedade. Sabemos que a filosofia de
Polícia Comunitária não pode ser imediatista, pois depende da reeducação da polícia e
dos próprios cidadãos que devem ver a polícia como uma instituição que participa do
dia a dia coletivo e não simples guardas patrimoniais ou “cães de guarda”.

11. O Policiamento Comunitário não deve favorecer ricos e poderosos –


a participação social da polícia deve ser em qualquer nível social: os mais carentes, os
mais humildes, que residem em periferia ou em áreas menos nobres. Talvez nestas
localidades é que está o grande desafio da Polícia Comunitária. Com certeza os mais
ricos e poderosos tem mais facilidade em ter segurança particular.
12. Policiamento Comunitário não é uma simples edificação – construir
ou reformar prédios da Polícia não significa implantação de Polícia Comunitária. A
Polícia Comunitária depende diretamente do profissional que acredita e pratica esta
filosofia muitas vezes com recursos mínimos e em comunidades carentes.

13. Policiamento Comunitário não pode ser interpretado como um


instrumento político-partidário mas uma estratégia da Corporação - muitos acham
que acabou o Governo “acabou a moda”, pois vem outro governante e cria outra coisa.
Talvez isto seja próprio de organizações não tradicionais ou temporárias. A Polícia
Comunitária além de filosofia é também um tipo de ideologia policial aplicada em todo
o mundo, inclusive em países pobres com características semelhantes às do Brasil.
Portanto, talvez seja uma roupagem para práticas positivas antigas. Afinal, o que foi que
esquecemos?
Diferenças entre o Modelo Tradicional e o Modelo Comunitário de Polícia

TRADICIONAL COMUNITÁRIA
 A polícia é uma agência  A polícia é o público e o público é a
governamental responsável, polícia: os policiais são aqueles
principalmente, pelo cumprimento da membros da população que são
lei; pagos para dar atenção em tempo
integral às obrigações dos cidadãos;

 Na relação entre a polícia e as demais  Na relação com as demais


instituições de serviço público, as instituições de serviço público, a
prioridades são muitas vezes polícia é apenas uma das instituições
conflitantes; governamentais responsáveis pela
qualidade de vida da comunidade;

 O papel da polícia é preocupar-se com  O papel da polícia é dar um enfoque


a resolução do crime; mais amplo visando a resolução de
problemas, principalmente por meio
da prevenção;
 A eficácia da polícia é medida pela
ausência de crime e de desordem;

 As prioridades são, por exemplo,  As prioridades são quaisquer


roubo a banco, homicídios e todos problemas que estejam afligindo a
aqueles envolvendo violência; comunidade;

 A polícia se ocupa mais com os  A polícia se ocupa mais com os


incidentes; problemas e as preocupações dos
cidadãos;

 O que determina a eficiência da  O que determina a eficácia da polícia


polícia é o tempo de resposta; é o apoio e a cooperação do público;

 O profissionalismo policial se  O profissionalismo policial se


caracteriza pelas respostas rápidas aos caracteriza pelo estreito
crimes sérios; relacionamento com a comunidade;

 A função do comando é prover os  A função do comando é incutir


regulamentos e as determinações que valores institucionais;
devam ser cumpridas pelos policiais;

 As informações mais importantes são  As informações mais importantes são


aquelas relacionadas a certos crimes aquelas relacionadas com as
em particular; atividades delituosas de indivíduos
ou grupos;
GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA – CFHP 2019

 O policial trabalha voltado  O policial trabalha voltado para os


unicamente para a marginalidade de 98% da população de sua área, que
sua área, que representa no máximo 2 são pessoas de bem e trabalhadoras;
% da população residente ali onde
“todos são inimigos, marginais ou
paisano folgado, até prova em
contrário”;
 O policial é o do serviço;

 O policial é o do serviço;  O policial é da área.

 Emprego da força como técnica de  O policial emprega a energia e


resolução de problemas; eficiência, dentro da lei, na solução
dos problemas com a marginalidade,
que no máximo chega a 2% dos
moradores de sua localidade de
trabalho;

 Presta contas somente ao seu superior;  O policial presta contas de seu


trabalho ao superior e à comunidade;
 Os 98% da comunidade devem ser
tratados como cidadãos e clientes da
organização policial;

 As patrulhas são distribuídas  As patrulhas são distribuídas


conforme o pico de ocorrências. conforme a necessidade de segurança
da comunidade, ou seja, 24 horas por
dia;

24
GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA – CFHP 2019

Integração Social
Envolvimento dos Seis Grandes

Para conseguir êxito no processo de implantação e na consolidação


do Policiamento Comunitário, não há como prescindir da colaboração e do
envolvimento dos seis grandes, a saber:

1) Organização policial:

Deve envolver do comandante ao soldado. A instituição deve


construir laços de confiança com a comunidade, num processo de
parceria.

2) A Comunidade:

A comunidade é a grande beneficiada no processo de polícia


comunitária, que perde são os marginais. Pode contribuir ajudando aos
policiais; não fazer critica destrutivas; auxiliar na qualidade do serviço.

3) Autoridades constituídas e organismos governamentais:

As autoridades constituídas e os organismos governamentais devem


participar das reuniões de polícia comunitária por intermédio de convite
dos líderes comunitários.

4) A comunidade de negócios:

o Os homens (e mulheres) de negócio geralmente orientam seus


funcionários a participarem;

o Podem apoiar materialmente a polícia comunitária;


o privilegiar interesses comerciais ou particulares: pode causar
desconfiança e descrédito;

25
GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA – CFHP 2019

o Os estabelecimentos comerciais e financeiros são alvos de vários


delitos, diminuindo a sua incidência, a comunidade de negócios
acreditará no trabalho da polícia.

5) Os conselhos comunitários:

É fundamental a sua participação para a educação da população e


adequação dos serviços de outros órgãos.

Quando as pessoas passam a se relacionar com outros cidadãos,


seus problemas comuns são equacionados e compreendidos de modo
mais racional.

O sucesso do trabalho policial depende da credibilidade e da boa


imagem que a instituição tem em relação a população.

6) Imprensa:

Pode ajudar a polícia comunitária a educar a população,


divulgar o trabalho realizado, participar de campanhas, divulgar as
reuniões etc.

Medidas para aproximação com a Imprensa:

o Criar um programa permanente de comunicação social;


o Realizar contato com a mídia regional e local;
o Desenvolver campanhas educativas;
o Elaborar propagandas de utilidade pública;

o Fazer planejamento de markenting;

o Confeccionar artigos para orientar e divulgar as ações locais da polícia;


o Promover reuniões locais com a comunidade e a imprensa;
o Repudiar os programas que fazem apologia a violência;

26
GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA – CFHP 2019

Criar programas educativos direcionados aos jovens e crianças,


visando mudar a imagem de repressão da polícia.

Condições básicas para a implantação do Modelo de Polícia Comunitária

I - Quanto à organização policial

1) A Polícia deve reconhecer que é parte integrante do


conjunto do sistema penal e aceitar as consequências de tal princípio.
Isso supõe:
a) a existência de uma filosofia geral mínima, aceita e
aplicada pelo conjunto do sistema penal; e
b) a cooperação efetiva entre os policiais e os demais
membros de tal sistema penal em relação ao problema do tratamento
judicial da delinquência.

2) A Polícia deve estar a serviço da comunidade, sendo a


sua razão de existir garantir ao cidadão o exercício livre e pacífico dos
direitos que a lei lhe reconhece. Isso implica em:
a) uma adaptação dos serviços policiais às necessidades reais
da comunidade;
b) a ausência de qualquer tipo de ingerência política indevida nas
atuações
policiais; e
c) a colaboração do público no cumprimento de certas funções
policiais.

3) A Polícia deve ser, nas suas estruturas


básicas e em seu funcionamento, um serviço
democrático. Isso pressupõe:
a) a civilidade no atendimento ao serviço;
b) um respeito total aos direitos fundamentais dos cidadãos;

27
GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA – CFHP 2019

c) a participação de todos os integrantes do serviço e do


conjunto da população na elaboração das políticas policiais; e
d) a aceitação da obrigação de prestar contas., periodicamente, das
suas
atividades.

4) A polícia deve ser um serviço profissional. São


critérios necessários para um verdadeiro profissionalismo policial:
a) a limitação da ação da Polícia a funções específicas;
b) a formação especializada de seu pessoal;
c) a aceitação de profissionais civis;

d) a criação e implantação de um plano de carreira;


e) a prioridade dada à competência na atribuição de
promoções, critério que deve prevalecer sobre o da antiguidade na escala;
e
f) a existência de um código de ética profissional.

5) A Polícia deve reconhecer a necessidade do


planejamento, da coordenação e da avaliação de suas atividades, assim
como da pesquisa, e pô-los em prática. Como consequência:
a) o planejamento administrativo e operacional da Polícia, a
coordenação e avaliação das suas atividades, assim como a pesquisa,
devem ser funções permanentes do serviço;
b) as principais etapas do processo de planejamento policial
devem ser: identificação de necessidades, análise e pesquisa, determinação
de objetivos a curto, médio e longo prazos, elaboração de uma estratégia
para a sua implantação, consulta regular dentro e fora do serviço e
avaliação periódica de tais objetivos e estratégias;
c) os objetivos da polícia devem corresponder às necessidades
da comunidade, ser flexíveis, realizáveis e mensuráveis; e
d) a Polícia deve participar de planejamento conjunto com os
demais serviços policiais do país e com as instituições governamentais
implicadas ou interessadas nos problemas relacionados com as atividades
das forças da ordem.

28
GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA – CFHP 2019

II- Quanto a Comunidade

1) A polícia comunitária transfere o poder à comunidade para


auxiliar o planejamento objetivando melhorar a qualidade de vida e as
ações policiais;
2) A polícia comunitária requer que a comunidade forneça
insumos para as gestões que afetam a sua finalidade de vida;
3) A comunidade, com poder, compartilha a responsabilidade de
melhorar.
4) O senso de parceria com a polícia é criado e fortalecido.
5) Uma comunidade com mais poder, trabalhando em
conjunto com uma polícia com mais poder, resulta numa situação em que
o todo é maior do que a soma das partes.

III - Quanto aos Policiais

1) Permitir ao policial "resolver" os problemas ao invés de


simplesmente se "desvencilhar" deles;
2) Dar o poder de analisar os problemas e arquitetar soluções,
delegando responsabilidade e autoridades reais;
3) Os recursos da Instituição devem ter como foco de atenção auxiliar
este
policial;

Os executivos de polícia devem entender que seu papel e dar


assistência os policiais na resolução de problemas.

29

Vous aimerez peut-être aussi