Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
PRATICANTES DE FUTEBOL
RESUMO
Este estudo procurou caracterizar a capacidade motora flexibilidade, levantando a sua
importância e utilização, assim como o seu treinamento para o futebol. Muitas
divergências foram encontradas sobre a importância dessa capacidade. Com relação ao
treinamento foi observado um consenso geral sobre os cuidados que devem ser tomados
ao ministrar um treinamento específico de flexibilidade para crianças e jovens, e as
características de desenvolvimento e maturação de cada faixa etária devem ser levadas
em consideração na elaboração de um programa de treinamento.
INTRODUÇÃO
Este estudo, porém, tenta solucionar algumas questões mais específicas com o
treinamento e a importância da flexibilidade no futebol. Será que essa capacidade
motora é realmente importante para um jogador de futebol? Qual o nível de
alongamento deve ter um atleta de futebol? Como deve ser treinada a flexibilidade?
Pensando nestas questões, tentou-se levantar por meio de revisão da literatura, quais os
aspectos que norteiam a capacidade motora de flexibilidade relacionada à prática do
futebol.
REFERENCIAL TEÓRICO
Flexibilidade
De acordo com Nahas (1989), Achour Júnior (1994) e Guedes e Guedes (1995), a
flexibilidade é considerada como um importante componente da aptidão física
relacionada à saúde, e do desempenho atlético.
Sendo assim, percebe-se que a relação entre flexibilidade e estilo de vida ativo, parece
não ser uma relação de causa - efeito (indivíduo ativo - indivíduo flexível), e sim
dependente da amplitude dos movimentos realizados nas atividades (DANTAS, 1984).
Para que as atividades físicas tenham influência positiva sobre os níveis de
flexibilidade, as articulações devem ser solicitadas acima da amplitude de movimento
habitual (POLLOCK e WILMORE, 1993). Os exercícios contra resistência
(musculação) realizados com amplitudes articulares reduzidas, combinados a ausência
de alongamentos, podem promover reduções na flexibilidade articular quanto a esse
assunto, como podemos citar os estudos de Monteiro e Farinatti (1996), que ao
analisarem os efeitos agudos de um programa de musculação verificaram efeitos
negativos sobre os índices de flexibilidade, sendo os indivíduos do sexo masculino os
mais afetados.
Weineck (1991) afirma que a flexibilidade é a única capacidade motora que atinge o seu
valor máximo na infância e depois tem um decréscimo. Existe uma estabilização e até
uma ligeira regressão da flexibilidade nos meninos por volta dos 17 anos
(GALLAHUE; OZMUN, 2001).
Estudos segundo Farinatti (2000), concluíram que não existe uma associação
significativa entre a flexibilidade e a prática do futebol. Constatou-se ainda que na
comparação entre atletas de futebol e um grupo controle, existiria um declínio
progressivo da flexibilidade com a prática continuada da modalidade.
Um estudo descrito por Ekstrand et al. (2003), constatou uma diminuição de 75% das
lesões em equipes de futebol, com a implementação de um programa preventivo de
treinamento, que incluía dez minutos de exercícios de flexibilidade em cada sessão de
treinamento regular.
De acordo com Achour Jr. (1995), jogadores de futebol com excessiva flexibilidade na
região do tornozelo lesionavam-se com frequência, mais pelo excedente alongamento
dos ligamentos que pelos traumas da atividade, e constataram que os atletas que
apresentavam um nível regular de flexibilidade estavam menos propensos às lesões do
que os atletas com excesso de flexibilidade. Isso pode ser explicado, pois os atletas de
futebol necessitam de tendões, cartilagens e ligamentos estáveis capazes de suportar as
altas sobrecargas sobre as articulações, que são exigidas durante a prática esportiva
competitiva (WEINECK, 2000). Kohan (2003); Frankl (2003) e Wilson (2003),
afirmam que o excessivo desenvolvimento da flexibilidade (hipermobilidade) pode
apresentar consequências negativas, como a desestabilização das articulações,
proporcionando assim um alto risco de lesões.
Treinamento da flexibilidade
Para Kohan (2003), uma grande preocupação que os professores e preparadores físicos
devem ter relaciona-se à idade do praticante, pois não se pode fornecer a crianças e
jovens a mesma carga e intensidade do treinamento que é fornecida aos adultos. Com o
início da primeira fase puberal, ocorre um crescimento acentuado das crianças, devido a
alterações hormonais (causado pela influência do hormônio de crescimento e do
hormônio sexual); ocorre uma diminuição da capacidade de resistência mecânica do
aparelho locomotor passivo (WEINECK, 1991). Esse crescimento acentuado da
estatura, aliado à diminuição da resistência do aparelho locomotor, acarreta uma piora
da flexibilidade, baseada no fato de que a capacidade de estiramento dos músculos e
ligamentos não acompanha o crescimento acelerado (FREY, 1992). O treinamento da
flexibilidade nesse período é necessário, mas a escolha dos exercícios deve ser criteriosa
em sua intensidade e abrangência, devido à baixa resistência mecânica do aparelho
locomotor (WEINECK, 1991).
Avaliação da flexibilidade
O teste de sentar e alcançar vêm sendo um dos mais indicados tanto para avaliação de
crianças e adolescentes quanto na avaliação de adultos (GUEDES, 1994; ACHOUR
JÚNIOR, 1996; VIANA et al., 1985; PEREIRA, et al., 1988; CHIVANSK e MATTOS,
1989; HOEGER e HOEGER, 1994). Além disso, Phillips e Haskell (1995), em um
estudo de revisão observaram que o teste de sentar e alcançar era o único que
apresentava a sua padronização descrita nas principais baterias de teste da performance
motora. Frequentemente os resultados obtidos neste teste vem sendo empregados como
sendo representativos da flexibilidade geral (HOEGER e HOEGER, 1994). Sua grande
aceitação se deve: i) utilização de um movimento que se assemelha com algumas ações
do cotidiano (SILVA et al., 1985); ii) grande facilidade na sua aplicação, principalmente
quando envolve um grande número de sujeitos a serem avaliados (ACHOUR JÚNIOR,
1994); iii) a alta reprodutibilidade (SILVA et al., 1985) e; iv) por avaliar a flexibilidade
ao nível da coluna e dos músculos isquiotibiais, que está associada a grande parte das
queixas dolorosas na região lombar e aos problemas de ordem postural (GUEDES e
GUEDES, 1995; ASHMEN et al., 1996). Entretanto, a utilização deste procedimento
avaliativo é bastante limitado para indivíduos que já apresentem suspeitas ou problemas
de coluna (GETTMAN, 1994).
A frequência, intensidade e duração são fatores que devem ser estabelecidos quanto aos
exercícios de alongamento, do mesmo modo como são observados nos demais
componentes de um programa de exercícios físicos (DANTAS, 1984). Na verdade, qual
seria a intensidade, duração e frequência adequada para a prescrição dos exercícios de
alongamento? O Quadro 01 ilustra as sugestões de alguns autores quanto a esse aspecto.
Frequência
Intensidade Duração (2
Autores (1 semana)
semanas)
Com relação aos efeitos produzidos pelos programas de flexibilidade, sabe-se que os
mesmos atuam sobre os componentes elásticos dos tecidos conectivos, evitando seu
encurtamento, consequentemente, melhorando a sua capacidade de extensibilidade e
contribuindo para uma minimização dos efeitos inerentes ao processo de
envelhecimento (MOFFATT, 1995; DANTAS, 1995).
Outra questão bastante polêmica, diz respeito ao momento certo para realização desses
exercícios. Alguns autores tem defendido que os mesmos possam ser executados
durante as fases de aquecimento e de volta à calma (POLLOCK e WILMORE, 1993;
ACSM, 1987; DAN WATHEN, 1989; AMORIN et al, 1990). Existem algumas
evidências de que a sua realização após exercícios de alta intensidade ou exercícios com
pesos de caráter excêntrico têm apresentado algumas restrições, tendo em vista a maior
probabilidade de lesões no tecido muscular (DONNELLY et al., 1992). Por outro lado,
a execução do alongamento após a prática de exercícios de intensidade moderada vem
sendo defendida por vários autores que consideram a elevação da temperatura corporal
uma vantagem em relação à capacidade de extensibilidade dos tecidos conectivos, o que
resultará em maiores ganhos em termos de flexibilidade (POLLOCK e WILMORE,
1993; HOEGER e HOEGER, 1994; MOFFATT, 1994).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ACSM. Guia para teste de esforço e prescrição de exercício. 3 ed. Rio de Janeiro:
Medsi, 1987. 87 p.
BOMPA, T. O. Treinamento Total para Jovens Campeões. 2. ed. São Paulo: Manole,
2002. 248 p.
CHIVANSKI, M.; MATTOS, M. G. Estudo comparativo do grau de flexibilidade da
coluna vertebral entre escolares da raça branca e negra de ambos os sexos. São
Paulo: Sprint, 1989. p. 36-42.