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Capitulo! Participagao politica LUCIA AVELAR ideal democritico supde 0 envolvi- ‘mento dos cidadéos em diferentes ativi des da vida politica. Tais atividades, reuni- das sob a expressio “participacao politica”, vo desde as mais simples, como as conver- a5 com amigos e familiares sobre os acon- tecimentos politicos locais, nacionais e in- ternacionais, até as mais complexas, como fazer parte de governos, mobilizar pessoas para protestar contra autoridades politicas, associar-se em grapos ¢ movimentos para reivindicar direitos, envolver-se nas ativida- des da politica eleitoral, votar, candidatar- se, pressionar autoridades para mudancas nas regras constitucionais, para favorecet grupos de interesses dos mais diversos, ¢ mais uma pléiade de atividades que circun- dam o universo da vide politica. Ligada — idéia de soberania popular, a participacio politica ¢ instrumento de legitimacio e for- talecimento das instituigdes democrdticas _de ampliacio dos direitos de ‘As formas ¢ os canais de particip: politica variam conforme 0 contexto histé- rico, as tradigdes da cultura politica de um pais ou regio, ¢ também conforme a situa- lo social dos que participam. Assim, a 16- ica de organizacio e participacio dos dife- Tentes atores, nem sempre é a mesma. AS formas de insercio politica de membros das elites diferem daqueles provenientes da ndo- elite. E mais facil para os primeiros se inicia- rem nas atividades dos partidos politicos, nas entidades corporativas, ¢ se algarem a __cargos politicos. Assim, também, variam os canais de participagio dos membros das entidades religiosas, militares, sindicais, além daqueles que participam nos movimen- tos sociais organizados rurais ou urbanos. Desde que o fenémeno da participacio po- Iftica passou a ser um problema enquanto fendmeno politico, os estudiosos procuram compreender as diferentes formas de parti- cipaco, sejam antigas ou novas que, em cada época e em cada contexto hist6tico, adquirem maior ou menor relevancia. Mas continua sendo um grande desafio para os ‘Seradiosos compreender, tratando-se dos cidadaos, os motivos que os Jevam a p cipar ow as raz6es da apatia da grande maio- tia diante dos assuntos politicos. Sabendo que so variadas as formas de participacdo, assim como a diversidade dos enfoques para seu estudo, e diante do fato idadania, __de que nfo ha uma teoria consensual que a explique, discutiremos 2 problemética do ponto de vista de sua emergéncia histérica, 108 canais de participacio, introduzindo 0 debate sobre 0 que leva as pessoas a se en- volverem com a politica, ressaltando aspec- tos da emergéncia da sociedade organiza da no Brasil e os obsticulos para a sua ampliagdo. Enfase especial seré dada, nos textos seguintes, a0 modo como as elites se envolvem na politica, as caracterfsticas ¢ orientagées do eleitorado, a dinamica da Tepresentagio de interesses dos trabalhado- tes por meio dos sindicatos, o modo como a Tegreja Catélica no Brasil se envolve na politi- 3, assim como os militares. Pudesse reivindicar os sens direitos, de modg 4 superar sua desigualdade diante de outros que usuftuam de privilégios sociais e pott, ticos. A extensio do sufrégio as camadas Populares e a introducio do voto secreto foram instrumentos para que cada eleitor 1. Aemergéncia da Participagio politica A participacio politica emergiu junto com 0 Estado de soberania popular, a épo- ca dos movimentos revolucionérios euro- eus dos séculos XVIII e XIX, no contexto das revolucées ind jonieno que Tompeu com a regra secular da cortespondéncia entre posigao social e politica dos individuos. Essa ruptura foi lenta, iniciada com a queda paulatina da aris- tocracia e a ascensio da burguesia e, mais tar- de, incorporou cidadaos da classe trabalha- dora. Em alguns casos — davase a.entrada de individuos de classes inferiores na politica, por iniciativa dos pro- Prios governos conservadores, com 0 obje- tivo de ampliar a sua base de apoio e de legitimidade. Foram numerosas as aliangas feitas entre a burguesia nascente, a alta elite” Privilegiada, rica e letrada e os soberanos, ¢ depois entre a burguesia ¢ os trabalhado- es, especialmente nos paises da Europa, fundamentadas na idéia de extensio dos direitos de cidadania as classes populares (PIZZORNO, 1966). 7 A consolidacio da idéia de um Fstado__. Wi, __—-de-soberania popular oferecia a possbil. dade para que cada cidadio, indiferente- mente de sua posigio na sociedade civil, trial ¢ burguesa, wm___ manifestasse sua opcio politica, longe da coersio dos mais poderosos. Foi, porém, com a organizagao politica que se conquis. ton, historicamente, um “novo terreno de confrontacéo”, pois tornou posstvel para as coletividades organizadas lutar contra os valores que justficavam as estruturas sociais de enormes desigualdades. Se 0 sufrigio universal anunciava uma igualdade poten- cial, a organizacéo politica seria o instru. ‘mento para a construgio da igualdade real, Os partidos politicos, os movimentos sociais e as subculruras politicas foram exem- los da ampliacéo da participacao e do for- talecimento da sociedade oxganizada, Os Pattidos politicos, especialmente os parti- dos de notaveis, nos séculos XVIII e XIX, mantinham contato com a sociedade civil apenas em ocasiio eleitoral. No final do século XIX, porém, com a emergéncia dos partidos de massa, outros segmentos da so- iedade viram a oportunidade de participar na politica formal. Nos paises de regimes absolutistas, as organizacées competitivas e inclusivas surgiriam tardiamente; em outros, 8 patticipacio foi o instrumento de demo. cratizagio-da-politica, no seio do conflito capital versus trabalho. Hoje, diferentemen- te, diante de um complexo sistema de estratificacdo e classes, a sociedade apresenta "suas reivindicagSes por meio de organizacdes profundamente diferenciadas, com funda- “mentos, crengas e valores que transcendem © conflito capital versus trabalho, estenden- do-as para questées socioeconémicas, mo~ “tise éticas, © processo foi-diferente nos Estados E Unidos da América, quando em 1776, ins- © taurou-se a Reptiblica. Nesse caso, a sobe- 7 ania dos estados federados se encontrava no centro dos ideais republicanos. Os esta- ¢-a Unio definiram suas-esferasdecom— peténcia, unidos pela idéia de cidadania “universal. A méquina burocritica governa- mental (civil service) foi criada a partir de 1883, em um contexto em que ela era vista como progressista, avancada ¢ reformista, como assim eram as atividades do bossismo ou empresariado politico, do clientelismo e do favoritismo, considerados instrumentos democraticos, inclusivos € populares, a0 permitir a entrada de imigrantes nas insti tuig6es eleitorais e nas méquinas governa- mentais. A mobilizagio ¢ a participacio da sociedade eram desejéveis até certo ponto, para nao ameacar_a soberania dos estados federados e a estabilidade do sistema. No Brasil, a emergéncia da participagao deu-se muito mais tarde, em meados do sé- F— culo XX, quando os niveis de urbanizacéo tornaram-se altos, quando as organizagdes trializagao brasileira alcancaram densidade politica, quando ganhou forga a organiza- fo politica da sociedade em conseqiiéncia da mobilizagéo das comunidades eclesiais de base da Igreja Catélica progressista, inconformada com os nfveis de analfabetis- ‘mo, miséria, pobreza rural ¢ urbana; quan- —-do.osmovimentos demulheres,entre outros, tornaram-se visiveis e agregaram forca corporativa para a politica da ndo-elite. As- sim vem sendo construfdo 0 espago politico da esquerda, iniciado nas décadas anterio- res € consolidado nas décadas de 1970 1980. Se comparada ao ocorrido na maioria dos pafses da social-democracia européia, a -conguista-do instrumento.associativo como meio de democratizacio viria, entre nés, mais de um século depois. 2. O que é participacao politica? Participagdo & wma palavea latina cuja ‘oFigent Femonta 20 -século-XV.-Vem de articipatio, participacionis, participatum. Significa “tomar parte em”, compartilhar, associar-se pelo sentimento on pensamento. Entendida de forma sucinta, € a agio de in- dividuos e grapos com o objetivo de influen- ciar 0 processo politico. De modo amplo, “a ppatticipacio é a aco que se desenvolve em solidariedade com outros no ambito do Es- tado ou de uma classe, com o objetivo de ‘modificar ou conservar a estrutura (e por- tanto os valores) de um sistema de interesses -dominantes”-(PIZZORNO,-1966). Considerando as dificuldades de siste- matizar todo seu repert6rio nas democracias, contemporaneas, tanto em suas formas con- vencionais como nao-convencionais, no ¢s- aco institucionalizado da politica ou no es- paco ndo-institucionalizado, resumimos em t1és grandes vias os canais de participacio: = tindicais dos trabalhadores-da-nove-indus——o-caral-eleitoraly que-abrange todo tipo de participacdo eleitoral e partidaria, confor- me as regras constitucionais ¢ do sistema cleitoral adotado em cada pats; os canais corporativos que sao instancias intermedi rias de organizacio de categorias e associ es de classe para defender seus interesses no Ambito fechado dos governos do siste- ‘ma estatal; 0 canal organizacional, que con- siste em formas nJo-institucionalizadas de organizagio coletiva como 0s movimentos sociais, as subculturas politicas etc.

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