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A vida e obra de Marc Bloch, está contida e atrelada a um período obscuro da história

da humanidade, assim como, também, seu pensamento combativo está transportado para
o campo da pesquisa e de seus escritos, alguns elaborados de forma adversa e,
concomitantemente, necessária, sobretudo para as gerações posteriores.

Marc Bloch é oriundo da França, país que estivera envolvido nas grandes guerras, e,
por conseguinte sofrera suas investidas, assim como muitos da Europa e do mundo. Mas
o fato é que dado o grau de pensamento de esquerda ao qual Bloch estava associado, sua
posição fora de combater e repelir a ascensão do nazismo, por isso fora perseguido,
preso e torturado pela gestapo, e a consequência disso foi seu fuzilamento em 1944.
Porém, antes, este participara diretamente dos confrontos em campo de guerra. E devido
a seu afastamento do campo de batalha, num primeiro momento fora se dedicar ao liceu,
prática que gostava, e, num segundo momento, já na segunda grande guerra, esteve em
posse de um desejo de escrever, mesmo que sem o suporte de livros, apenas com o
auxílio do que estava em sua memória. Prova da grande experiência no campo prático
ao qual esteve submerso ao longo de sua vida. Além disso, outro fato importante, talvez
um dos mais essenciais, é a coautoria da Revista dos Annales, de 1929, um marco
fundador da historiografia. Dada a importância que dera ao sentido de se estudar e
pesquisar, de uma forma a problematizar a história, e não apenas encara-la como algo já
resolvido. Uma vez que mostrou outra forma dessa ciência, que não mais poderia se
limitar aos campos econômicos e políticos, ou seja, teria que ser interdisciplinar, sem
perder a história. Na sociologia teve Emile Durkheim como sua grande referência.

Dentre as várias obras escrita pelo autor, encontra-se Apologia da História ou o Ofício
de Historiador, pensada e desenvolvida pouco antes de sua morte em 1944, e
caracterizado como sendo uma obra inacabada, e só publicado postumamente em 1949
pelo seu companheiro de luta e estudos, Lucien Febvre.

Dessa forma, na capa do referido livro, é nos evidenciado a aproximação que o autor
teve com os estudos e pesquisas medievais, mesmo sabendo que não foi o mesmo que o
confeccionou. E nos prefácios de Jacques Le Goff e apresentação de Lilia Moritz
Schwarcz, o leito adentra num universo onde a perseverança do autor está na ordem do
dia, sobretudo quando sua vida é contextualizada a um período sombrio, mas sem nunca
deixar sua marca esplendida no campo da ciência que serve até hoje como inspiração
para os que se aventura na pesquisa científica, um tratado de metodologia. Por isso
tamanha reverberação de seu pensamento num campo político que se faz necessário
para as gerações que não apenas se contentam em confinar suas pesquisas em apenas
uma linha referencial, e guardar seus estudos e conhecimentos em gavetas, gabinetes e
bibliotecas empoeiradas. Este, sim, expõe na sua vida teórica, as experiências práticas,
de luta.

O livro faz jus àquela famosa frase do autor que diz: “saber falar, no mesmo tom, aos
doutos e aos estudantes”. Entendendo com isto que, fazer uma pesquisa é,
principalmente produzir conhecimento, e este deverá estar ao alcance e compreensão de
todos, não apenas a um grupo restrito de intelectuais. Além da característica
mencionada, que o leitor irá comprovar ao fazer a leitura, a obra é composta por um
prefácio e introdução que já desperta o desejo em prosseguir nas páginas posteriores.
Então, a obra é composta por 159 páginas, subdivididos em cinco capítulos, sendo que o
último apresenta-se de forma inacabada, mas que em nenhum momento perde o grau de
importância na sua plena forma lúcida, pois a proposta dos capítulos anteriores também
converge para este último, os homens na história. Um livro que trata de questões
metodológicas, algumas orientações mais que necessárias para os que se arriscam nesse
campo de extremos desafios.

Na introdução, Bloch discorre sobre o que lhe motivou a escrever o livro, que foi a
pergunta feita pelo seu filho: ‘Papai, então me explica para que serve a história’.
Partindo desse questionamento, o despertar para uma explicação tão lúcida e
impactante, no sentido da magnitude da qual a obra se tornou. E mais adiante, expõe o
fato de que a ciência será incompleta se não tiver algo a fornecer como melhora, a
alterar de tal forma uma dada realidade que as ajude a encontrar um caminho para uma
vida melhor. E a resposta se deu em formato de problematização, ou seja, o autor
aconselha que os que pretendem atuar nesse âmbito, exercendo o ofício de historiador,
tem que ser um escavador, um ogro, um ser incomodado com os termos e versões que
atravessam o tempo. Entendamos nas linha que seguem.
O primeiro capítulo, intitulado A história, os homens e o tempo, Bloch discorre sobre a
relação que essas palavras tem, e expõe o quão antiga é, sem deixar colocar sua
concepção sobre um período em que os sociólogos da escola de Durkheim relegaram
essa palavra, colocaram em um calabouço. Lembrando que no campo da sociologia,
fora um leitor e estudioso da Sociologia de Emile Durkheim. Mais adiante o autor frisa
que, embora a verdadeira necessidade e objetivo do livro seja abordar questões
metodológicas, faz-se vital uma abordagem, mesmo que de forma breve, sobre a origem
da palavra, alguns autores, e até mesmo conceitos presentes no decorrer da obra.

Assim como, relaciona a história ao homem, o tempo, como visualizam seus ídolos, e o
que entende por passado e presente. Ao escrutar essas formas relacionadas á sua
pesquisa, afirma que “…o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja
carne humana, sabe que ali está a sua caça.” Ou seja, a história, para Bloch, é por sua
vez, a história dos homens no tempo, e não apenas de fatos estanques e impermeáveis.
Haja vista sua grande preocupação com a interdisciplinaridade ao qual os pesquisadores
deveriam estar entrelaçados. Ou seja, a compreensão da sociedade passava por temas e
conteúdos de várias outras ciências, o que deixa a entender que seu pensamento ainda
converge para a proposta da fase da Escola do Annales, onde a crítica estava
exatamente, entre outras, para a história da economia e política, que elencavam assuntos
dos grandes homens e militares. E, sim, como o próprio Bloch irá citar ao longo da
obra, uma história dos homens no tempo.

E como lhe é característicos também, a certa altura da obra no referido capítulo,


questiona: O que é, com efeito, o presente? Aqui podemos relacionar a problematização
proposta pelo autor, uma vez que o mesmo pode estar querendo trazer para o campo dos
estudos alguns pontos pertinentes ao momento da pesquisa, e a quebra do paradigma
daquilo que o passado não pode embasa-la, sem primeiramente interpretarmos o
presente, e colocando este último como sendo importante também, pois não podemos,
segundo o que é reforçado, nos atermos apenas ao passado sem nos envolver e
compreender o presente, se assim fizermos, ainda frisa, estaremos num campo vazia e
perigoso.

O segundo capítulo aborda A observação histórica, e que está subdividido em três


questões que explicam tal ideia levantada pelo autor no que concerne aos métodos de
pesquisa. Como as características gerais da observação histórica, que aqui discorre
acerca de registros, apresentados em vieses distintos, tal qual uma ossada, um papel ou
outro de aspecto diferente. Mas que devem ser estudados e transportados para o campo
do estudo de forma a elucidar seus caracteres sem perder seus traços fundantes. Pois é
através dos fatos sociais encontrados nesses vestígios que se pode questionar, e, por
conseguinte absorver mais profundamente os costumes, traços culturais, e até mesmo as
ferramentas usadas por povos de diferentes lugares.

E sobre Os testemunhos, Bloch parte de um trecho sobre os tempos ainda de Heródoto,


mas, também, de forma didática perpassa por períodos e espaços temporais distintos a
fim de comprovar a verdadeira necessidade de questionar os fatos. E cita que:

Pois os textos ou os documentos arqueológicos, mesmo os aparentemente mais claros e


mais complacentes, não falam senão quando sabemos interroga-los (…) Em outros
termos, toda investigação histórica supõe, desde seus primeiros passos , que a busca
tenha uma direção (…) (BLOCH, Marc. p. 79).

Com isto, para o autor não basta ter os documentos para a realização da pesquisa, é
fundamental que o pesquisador saiba fazê-los falar, interrogando-os de forma a extrair
pontos que não se encontram tão evidentes num determinado fato. Dessa forma o leitor
irá perceber que a problematização proposta pela Escola dos Annales, é a todo momento
transportada para os escritos de Marc Bloch, de forma a fundamentar o presente
trabalho.

O capítulo seguinte denominado de A crítica, abordam pontos que o autor acredita


serem necessários para que o estudioso não acredite em tudo que lhe for oferecido como
fonte, pois a mesma pode não ser verdadeira, levando-o a cair em descredito, caso o
mesmo a use em seus trabalhos. Por este motivo é que Marc Bloch envolve o leitor num
viés onde acaba por despertar, ou pelo menos chama atenção para a criticidade. Crítica
que exemplifica com algumas passagens no decorrer do referido capítulo,
principalmente quando põe em xeque, sobretudo os documentos do período medieval
(Cabe ressaltar que fora um especialista no período medieval), assim como levanta a
possibilidade da pesquisa, ou o tempo envolvido para tal, se transforme em uma peça
sem qualquer utilidade, como o mesmo descreve, “…Não existe pior desperdício do que
o da erudição quando gira no vazio…”. (p.93, par. 2°).

Faz críticas severas aos copiadores, pois estes se encontram em vias do fracasso, uma
similitude bem próxima ao vazio intelectual daqueles que não falam a verdade. Dessa
forma, todos aqueles que mentem estarão caminhando para o insucesso na profissão a
qual escolheu.
Seu penúltimo capítulo intitulado Análise histórica, começa problematizando os
seguintes termos: Julgar ou compreender? Dessa forma elabora, já no início, de forma
explicativa, dois exemplos que se inter-relacionam até certo ponto, e se divergem a
partir de outro panorama. Isso no sentido de entender e julgar os fatos. E ao se referir ao
julgamento do juiz, questiona: “…pronuncia essa sentença segundo a lei?”.

E continua, quando afirma que os historiadores, por uma experiência semelhante, ou


seja, foi o “encarregado de distribuir o elogio ou o vitupério aos heróis mortos.” (p.125).
E quer trazer à tona com essa passagem, como funciona a parcialidade e a
imparcialidade, que não se limita apenas ao exemplo exposto, mas também se estende
para toda e qualquer forma de análise científica.

Seguindo nesse capítulo, o autor discorre sobre outra temática que é Da diversidade dos
fatos humanos à unidade da consciência. Onde procura evidenciar com fatos históricos
e pesquisas, a multiplicidades que o historiador irá encontrar pela frente. Além de fazer
criticas as formas fragmentadas de conhecimento. Usa em suas explanações, autores
como Fustel de Coulanges, François Simiand, dentre outros. E quando trata das
Nomenclaturas, tem o cuidado de elencar as varias possibilidades que possam alterar os
nomes, como, por exemplo, cita o capitalismo, capital, em momentos diversos da
historiografia, e, por conseguinte, para os grupos diferentes. Seguindo no raciocínio,
profere que “O homem fala unicamente com palavras” (p.138), diferentemente de outras
áreas do conhecimento que podem fazer uso de símbolos, e tantas outras maneiras de
comunicabilidade.

Seu último capítulo, curto, porém, tão essencial quanto os anteriores, seguirá com a
mesma magnitude, quando levará o leitor a seguir compreendendo o tratado
metodológico, que percorreu todo o livro. Então inicia fazendo uma crítica ao
positivismo:

“ Em vão o positivismo pretendeu eliminar da ciência a ideia de causa. Querendo ou


não, todo físico, todo biólogo pensa através de ‘por quê?’ e de ‘ porque’. Os
historiadores não podem escapar a essa lei comum do espírito” (p.155.par.1°).

Com isso, subentende-se que a ciência não pode tirar dos fatos ocorridos, seja ele qual
for, sua causas, assim como também não podem excluir, como já fora mencionado pelo
autor no começo do livro, os homens na história. Bloch, reforça no final deste capítulo
que as causas são buscadas, uma mensagem para que o historiador não se acomode
diante dos fatos que lhe são visíveis, este deverá ir além, e a pesquisa é o caminho.

Algumas Considerações

As observações que se pretende aqui para finalizar a presente análise, pode muito bem
partir de uma citação feita pela historiadora Lilia Moritz Schwarcz, na apresentação da
referida obra, que diz o seguinte: “Dizem que os bons pensadores sobrevivem às suas
obras; nesse caso o provérbio é literalmente verdadeiro”. (p.12). Tal afirmação se
encaixa perfeitamente para a vida e obra de Marc Bloch, assim como, também, a mesma
reforça o grau de importância dos escritos desse combatente autor, e o que deixara como
legado para as gerações que se arriscam na aventura no campo da pesquisa. Além disso,
seu o pensamento é transportado para suas obras, e está intrinsecamente associado á sua
trajetória. Portanto, um homem que problematizava seu tempo.

Apologia da história foi escrita em um momento de extremo desafio e adversidade por


Bloch, e, por conseguinte, se coloca para a vida dos pesquisadores como algo vital. Uma
leitura mais que obrigatória, sobretudo devido a seu caráter contestatório, crítico e
despertador.

Dessa forma, faz se urgente nos dias atuais, a leitura e compreensão desse livro, que
embora esteja quase sempre associado às questões metodológicas, também podem ser
visto como uma denúncia aos desmandos do nazismo, e que se tornou fruto e resultado
de um período turbulento, mas que se dirigiu para os que pretende seguir no campo da
pesquisa historiográfica (ofício de historiador), e desafiar, agora, as lacunas
insistentemente alimentada pela vulnerabilidade de uma sistema que busca fragmentar o
saber na sua completude. Ler Apologia da História, é, também, problematizar o passado
levando em consideração o que acontece no presente.

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