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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
Al Refeai 1986, Maher e Gray 1990, Santoni et respectivamente. A deformação axial na ruptura
al. 2001, Zornberg 2002, Heineck et al. 2005 e é maior que 80%.
Consoli et al. 1998, 2002, 2003, 2005, 2007a,
2007b, 2009a, 2009b). 2.2 Metodologia de Ensaio
Dessa forma, a análise do comportamento
tensão-deformação de um solo micro-reforçado As amostras analisadas, com 100mm de
com fibras de distintos índices aspecto é diâmetro e 200mm de altura, compactadas
objetivada. Todo o trabalho usará fonte Times estaticamente em três camadas, apresentam
New Roman. densidade relativa de 50%, teor de umidade de
10% e, quando reforçadas, adição de 0,5% de
fibras em relação à massa de solo seco.
2 PROGRAM EXPERIMENTAL Ensaios triaxiais sob trajetórias de tensões
convencionais são estudados. Os procedimentos
2.1 Materiais gerais adotados na preparação e execução dos
ensaios seguem os princípios descritos por
O solo utilizado é oriundo de uma jazida Bishop e Henkel (1962) e Head (1980-a, b e c).
localizada em Osório-RS, no sul do Brasil. O Os ensaios, consolidados isotropicamente e
material é caracterizado como uma areia fina, drenados, são realizados com tensões
limpa, com granulometria uniforme. O peso confinantes efetivas entre 20 e 550kPa.
específico real dos grãos de 26,2 kN/m³. O
diâmetro efetivo dos grãos é igual a 0,16 mm.
Os coeficientes de uniformidade e de curvatura 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
calculados são respectivamente 1,9 e 1,2. Os
índices de vazios máximo e mínimo são, 3.1 Comportamento Tensão-Deformação
respectivamente, 0,85 e 0,57. A curva
granulométrica do solo é apresentada na Figura A partir dos resultados dos ensaios realizados
1. na matriz arenosa com e sem reforço, são
definidas as curvas de resistência, q,
100
90
0
10
(σ axial ′ )
′ − σ radial
, em função da deformação
80 20
εs , 2
(ε axial − ε radial ) ,
Porcentagem menor (%)
distorcional, e de
Porcentagem maior (%)
3
70 30
60 40 ε
deformação volumétrica, v , em função da
50 50
2
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1200
de aproximadamente 2%, quanto maior o índice
aspecto da fibra, maior é sua influência no
comportamento da matriz reforçada. As
amostras reforçadas exibem comportamento de
amolecimento ou endurecimento em função do 800
q (kPa)
reforçada com fibras de polipropileno com
índices aspecto superiores a 300 apresentam
comportamento de endurecimento. 400
1200
800 0 4 8 12 16 20
εs (%)
q (kPa)
-6
400
-4
εv (%)
0
-2
0 4 8 12 16 20
εs (%)
-6
0 4 8 12 16 20
εs (%)
-4
areia-fibra 50mm 100dtex 100kPa
areia-fibra 36mm 100dtex 100kPa
εv (%)
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tomada como ruptura e os respectivos valores aspecto. Entretanto, se o diametro das fibras é
de tensões são utilizados para definição dos reduzido para 0,023 mm, com o comprimento
parâmetros de resistência dos materiais, ângulo de 24 mm, equivalentes a um ídice aspecto de
de atrito interno, φ ' , e intercepto coesivo, c' . 1043, o intercepto coesivo continua nulo e o
Para as matrizes reforçadas, uma envoltória de ângulo de atrito interno reduz para 47,8°, em
ruptura linear foi encontrada até o valor de função da dificuldade de mistura dessas fibras
tensão efetiva principal p’ de aproximadamente (tangling).
800 kPa para todos os diâmetros e
comprimentos de fibras analisados. Tal tensão 3.3 Medida das Fibras
indentifica o ponto a aprtir do qual a envoltória
pasar a ser curvilínea. Para análise das características de alongamento
e ruptura dos micro-reforços, após serem
2400 submetidas ao ensaio de compressão triaxial no
interior da massa de solo, fibras foram
2000 exumadas, ao término de cada ensaio, das
regiões do topo, intermediária e da base das
1600
amostras. Seus comprimentos foram então
medidos para avaliação dos comprimentos
finais dos reforços. Os resultados indicam que
q (kPa)
1200
nenhuma fibra analisada sofreu ruptura por
φ' = 48.3°
tração. Como, sob condições de compressão
800 triaxial convencional, o alongamento dos
reforços é limitado, para tensões confinantes
φ' = 37.0°
400 baixas, pode ser sugerido que a interação entre
a matriz de solo e as fibras se dá através do
0
alongamento e do deslizamento das fibras. Por
0 400 800 1200 1600 2000 2400
outro lado, para os ensaios realizados em
p' (kPa)
tensões superiores, há uma sensível maior
areia-fibra 50mm 100dtex quantidade de fibras alongadas. Os micro-
areia
reforços não rompem porque são muito
Figura 4. Envoltórias de ruptura da areia não reforçada e extensíveis. A deformação axial de ruptura das
da areia reforçada com fibras de 50mm de comprimento e fibras é maior que 80% e, certamente, não é
0,100 mm de diâmetro (100 dtex). alcançada sob condições de compressão triaxial
nos ensaios realizados.
O acréscimo de resistência oriundo da
inclusão das fibras é também constatado através
das envoltórias de ruptura e dos respectivos 4 CONCLUSÕES
parâmetros de resistência ao cisalhamento. A
matriz arenosa sem reforço apresenta ângulo de Um extensivo programa de ensaios de
atrito interno de 37,0° e intercepto coesivo nulo. laboratório foi realizado para investigar a
Já a matriz reforçada com fibras de 24 mm de influência da inclusão de fibras de polipropileno
comprimento e 0,100 mm de diâmetro, no comportamento mecânico de uma areia
equivalentes a um índice aspecto de 240, uniforme. Com base nos resultados dos ensaios
apresenta ângulo de atrito interno de 43,9° e de compressão triaxial na medida do
intercepto coesivo nulo. A matriz reforçada comprimento das fibras, as conclusões podem
com fibras do mesmo diâmetro, 0,100 mm, mas ser sumarizadas:
com comprimento maior, de 50 mm, • A areia de Osório reforçada com fibras
equivalentes a um índice aspecto de 500, de polipropileno com índice aspecto
apresenta ângulo de atrito interno de 48,3° e superior a 300 apresenta comportamento
incerpto coesivo nulo, indicando o aumento do de endurecimento.
ângulo de atrito com o aumento do índice
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• Quanto maior o índice aspecto da fibra, distinct stress paths”. Journal of Geotechnical and
mais benéfico o efeito de sua inclusão. Geoenvironmental Engineering, 133(11): 1466-1469.
Consoli, N.C., Casagrande, M.D.T. e Coop, M.R. (2005).
Fibras muito finas ou muito longas “The effect of fiber-reinforcement on the isotropic
apresentam problemas relacionados à compression behavior of a sand”. Journal of
uniformização da mistura (tangling). Geotechnical and Geoenvironmental Engineering,
• O ângulo de atrito interno das misturas é 131(11): 1434-1436.
Consoli, N.C., Casagrande, M.D.T., Prietto, P.D.M. e
sensivelmente melhorado com a
Thomé, A. (2003). “Plate load test on fiber-reinforced
inclusão dos reforços. Quanto maior o soil”. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental
índice aspecto, maior a influência. Engineering, 129(10): 951-955.
• A partir da medida das fibras, pode ser Consoli, N.C., Montardo, J.P., Prietto, P.D.M. e Pasa,
sugerido que, para rupturas em níveis de G.S. (2002). “Engineering behavior of a sand
reinforced with plastic waste”. Journal of
tensão abaixo do ponto em que a Geotechnical and Geoenvironmental Engineering,
envoltória passa a ser curvilínea, 128(6): 462-472.
ocorrem simultaneamente deslizamento Consoli, N. C., Prietto, P. D. M. e Ulbrich, L. A. (1998).
e alongação dos reforços, com algumas “Influence of fiber and cement addition on behavior
fibras apresentando extensão limitada e of sandy soil”. Journal of Geotechnical and
Geoenvironmental Engineering, 124(12): 1211–1214.
outras deslizando em função do baixo
Gray, D.H. e Al-Refeai, T. (1986). “Behavior of fabric
nível de tensão confinante. Para rupturas versus fiber-reinforced sand”. Journal of
em maiores níveis de tensão, no trecho Geotechnical Engineering, ASCE, 112(8): 804-820.
curvilíneo da envoltória de ruptura, Gray, D.H. e Ohashi, H. (1983). “Mechanics of fiber
ocorrem extensões mais pronunciadas, reinforcement in sand”. Journal of Geotechnical
Engineering, ASCE, 109(3): 335-353.
mas as fibras ainda não rompem porque
Head, K. H. (1980-a) Manual of Soil Laboratory Testing,
são extensíveis e a deformação axial de Vol 1, Soil Classification and Compaction Tests.
ruptura das fibras não é alcançada sob as London: Prentech Press, 339 p..
condições de compressão triaxial nos Head, K. H. (1980-b) Manual of Soil Laboratory Testing,
ensaios realizados. Vol 2, Permeability, Shear Strength and
Compressibility Tests. London: Prentech Press, 402
p..
Head, K. H. (1980-c) Manual of Soil Laboratory Testing,
AGRADECIMENTOS Vol 3, Effective Stress Tests. London: Prentech Press,
495 p..
Os autores agradecem ao ao CNPq pelo apoio Heineck, K. S., Coop, M. R., Consoli, N. C. (2005) The
financeiro para a realização desta pesquisa. Effect of Micro-Reinforcement of Soils from Very
Small to Large Shear Strains. Journal of Geotechnical
and Geoenvironmental Engineering. Reston, v.131, n
8, p. 1024-1033.
REFERÊNCIAS Maher, M.H. e Gray, D.H. (1990). “Static response of
sands reinforced with randomly distributed fibers”.
Bishop, A. W. e Henckel, D. J. (1962) The Journal of Geotechnical Engineering, ASCE,
Measurements of Soil Properties in Triaxial Test. 116(11): 1661-1677.
London: Edward Arnold, 2ed., 277p. Santoni, R.L., Tingle, J.S. e Webster, S.L. (2001).
Consoli, N.C., Casagrande, M.D.T., Thomé, A., Dalla Engineering properties of sand-fiber mixtures for road
Rosa, F. and Fahey, M. (2009a). “Effect of relative construction”. Journal of Geotechnical and
density on plate tests on fibre-reinforced sand”. Geoenvironmental Engineering, 127(3): 258-268.
Géotechnique, 59(5): 471-476. Van Impe, W. F. (1989) Soil Improvement Techniques
Consoli, N.C., Festugato, L. e Heineck, K.S. (2009b). And Their Evolution. A. A. Balkema, Rotterdam,
“Strain-hardening behaviour of fibre-reinforced sand Netherlands.
in view of filament geometry”. Geosynthetrics Zornberg, J.G. (2002). “Discrete framework for limit
International, 16(2): 109-115. equilibrium analysis of fibre-reinforced soil”.
Consoli, N.C., Casagrande, M.D.T. e Coop, M.R. Géotechnique, 52 (8): 593-604.
(2007a). “Performance of fibre-reinforced sand at
large shear strains”. Géotechnique, 57(9): 751-756.
Consoli, N.C., Heineck, K.S, Casagrande, M.D.T. e
Coop, M.R. (2007b). “Shear strength behavior of
fiber-reinforced sand considering triaxial tests under