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XII STPC ST-38

SEMINÁRIO TÉCNICO DE 16 a 19 de novembro de 2014


PROTEÇÃO E CONTROLE Rio de Janeiro - RJ

SISTEMÁTICA DE RETROFIT DE SUBESTAÇÃO DA CTEEP PERTENCENTE À REDE BÁSICA DO SIN –


ASPECTOS DO PROJETO, TESTES, MIGRAÇÃO E TREINAMENTO

Allan Cascaes Pereira(*) J. E. T. Villas, Dr. Frederico Pereira Schumann David Cáceres
UERJ/DNV GL UERJ CTEEP DNV GL

Júlio Oliveira Gilberto Stelzer Carlos Henrique Ferreira


ABB CTEEP DNV GL

RESUMO

É objetivo do presente trabalho apresentar os aspectos mais relevantes que envolveram as fases de análise do
projeto, acompanhamento do desenvolvimento das plataformas de testes em fábrica e em campo, testes finais e
preparação para a Migração de um novo Sistema de Automação de Subestações (SAS). Trata-se da modernização
da subestação Edgard de Souza pertencente à CTEEP, localizada na cidade de São Paulo, com 14 vãos de 230 kV
e 17 vãos de 88 kV, além de 4 transformadores de 230/88 kV. Embora seja uma aplicação do padrão IEC61850, o
estudo de aspectos específicos desta norma não é objeto do trabalho.

PALAVRAS-CHAVE

Retrofit, subestação da rede básica, projeto de SAS, plataforma de testes, norma IEC61850

1.0 - INTRODUÇÃO

A CTEEP tem realizado um programa de grandes investimentos e de atendimento a novos padrões de qualidade,
com o objetivo de alcançar uma infraestrutura elétrica estável, confiável e flexível. Em razão da necessidade de
substituição dos sistemas de controle e proteção existentes por novos sistemas que utilizem o estado da arte na
proteção e automação, a demanda por recursos de engenharia e a carga de trabalho das equipes técnicas
crescerá muito nos próximos anos. Por esta razão, é importante que os sistemas a serem implantados agora
facilitem sua atualização ou substituição no futuro, sem que seja necessário desenvolver novamente todo o projeto
de engenharia. Tal demanda não pode ser atendida em custo, tempo e esforço de trabalho com uma abordagem
tradicional de engenharia e soluções para os SAS. O caminho escolhido para atender às necessidades de
crescimento e modernização, considerando os recursos financeiros restritos e a forte competição entre as
empresas consiste na inovação das estratégias técnicas e de execução de projetos através da implantação de uma
nova tecnologia de proteção e automação baseada na Norma IEC 61850 e a utilização de ferramentas de
engenharia que facilitem grandemente as atividades de configuração e teste dos sistemas.

O presente trabalho pretende focar os aspectos mais relevantes do processo de aquisição, acompanhamento da
engenharia, fabricação e testes do SAS que foram utilizados para a subestação mencionada acima.

2.0 - FERRAMENTAS USADAS NO DESENVOLVIMENTO DA APLICAÇÂO IEC 61850

Em sistemas modernos e para atender aos requisitos da norma IEC 61850, torna-se necessário o uso de
ferramentas de software específicas que permitam planejar, construir e testar com maior facilidade cada aplicação.
Este recurso é fundamental tanto para agilizar a realização correta das tarefas de configuração e teste do SAS e
seus elementos, como também para garantir registros e backup dos programas, para serem utilizados nas futuras
expansões e documentação.

No projeto da CTEEP, dois aplicativos tiveram um importante destaque no que concerne à aplicação da norma IEC
61850 no SAS em questão: os softwares IET600 e ITT600, que são ferramentas desenvolvidas pelo fornecedor do
SAS, correspondentes respectivamente a um configurador de sistemas e a um facilitador de ensaios e
diagnósticos.

(*)Email do Autor Responsável: allancascaes@gmail.com


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No caso do SAS em estudo, o software IET600 desempenhou as funções de declarar os componentes da


arquitetura, tais como os IEDs, os clientes SAGE (sistema supervisório), o fluxo de comunicação vertical com o
protocolo MMS e a relação editor/assinante (publisher/subscriber) provida pelos serviços GSE para a comunicação
horizontal, por meio de mensagens GOOSE. Neste último caso, a ferramenta IET600 não foi apenas um
instanciador das mensagens, mas também atribuiu a elas os níveis de prioridade, classificação de VLANs,
configuração dos parâmetros Tmin e Tmax previstos por norma e o controle dos endereços MAC usados para cada
frame GSE. Esta ação foi tomada para todos os IEDs usados no projeto

O resultado final do uso da ferramenta IET600 foi a geração do arquivo SCD consistido e documentado, incluindo
os nomes dos pontos de acesso das redes e endereços IP de cada nó. Este arquivo é indispensável para as
manutenções e futuras ampliações da subestação, garantindo também a interoperabilidade com outros IEDs.

Outro aspecto positivo foi a qualidade da documentação gerada por esta ferramenta, contendo informações
relevantes sobre a aplicação. O IET600 permite a identificação dos pontos de acesso e a construção dos
DATASETs que contém os dados que são distribuídos via protocolo MMS. É importante enfatizar que com o
arquivo SCD consistido e com o apoio de uma ferramenta deste porte, as modificações do projeto do SAS IEC
61850 (seja para inclusão ou exclusão de dados) fica grandemente facilitada, sendo também possível o controle da
versão usada.

Uma vez completada a fase de configuração, o SAS foi testado com o suporte da ferramenta ITT600, juntamente
com um aplicativo designado para o processo de sniffering da rede, verificação do arquivo SCD , simulação de
IEDs e SOE. Os seguintes módulos fazem parte da ferramenta ITT600: Explore Models, Explore IED, Data Flow,
Explore Ethernet e Explore GOOSE.

A ferramenta ITT600 pode monitorar as mensagens GSE e diagnosticar a correta publicação dos dados na rede,
confrontando o resultado com o que foi configurado pelo IET600. O módulo GOOSE Explore foi de grande valia nos
ensaios das aplicações da norma IEC61850 na SE Edgard de Souza, para confirmar o funcionamento da
comunicação horizontal entre os IEDs, incluindo a comunicação com o oscilógrado usado no projeto, o qual
também contempla a adoção das técnicas GSE ao invés da solução tradicional com fios. Para monitorar a
comunicação vertical, o módulo Explore Ethernet realizou a função de sniffering da rede, exibindo os frames e
datagramas GSE/MMS, assim como os endereços IP de origem e destino no caso das mensagens MMS. A
vantagem deste recurso é o rápido diagnóstico de falhas durante as trocas de dados entre os nós verticais, como
no caso entre o GPS e os IEDs ou entre os IEDs e o sistema supervisório.

Com a ferramenta IET600, por ocasião da configuração da rede e do fluxo de dados da aplicação IEC 61850, foi
estabelecida a condição das entidades clientes e servidores MMS, assim como dos editores e assinantes do GSE.
Esta relação é claramente visível, de forma gráfica, com a ferramenta ITT600, por meio da leitura do que foi
definido no arquivo SCD.

A ferramenta ITT600 possui ainda uma lista de eventos sequenciais que permite a conferência das informações
provenientes da rede, de forma semelhante ao que é feito por um sistema supervisório. Dependendo do período do
desenvolvimento da aplicação, caso o sistema SCADA ainda não esteja operacional, a rede pode ser testada
juntamente com os IEDs, sendo os dados verificados por meio da lista de eventos. É possível ainda, por meio dos
arquivos CID ou SCD, simular o modelo de dados de um IED que eventualmente não esteja presente na
arquitetura, para que possa ser testada a sua base de dados no sistema supervisório.

A Figura 1 mostra a forma de conexão da ferramenta ITT600 a uma rede IEC 61850 do tipo utilizado no SAS da
subestação Edgard de Souza.

FIGURA 1 - Ferramenta ITT600 Explorer


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2.1 Ferramenta Test Universe


A ferramenta Test Universe é o aplicativo que controla o dispositivo de testes Omicron. Por meio dele são
ajustados os valores de corrente e tensão que devem ser injetados nos circuitos de entradas analógicas dos IEDs,
bem como é determinada a execução das macros que serão usadas durante os ensaios automáticos de proteção.

Os formatos e componentes destas macros foram definidos previamente pela equipe de proteção da CTEEP. Tais
scripts serão usados durante o PIT (Plano de Inspeções e Testes) das Plataformas Reduzida e Completa. A Figura
2 exibe a forma de conexão da mala de testes Omicron aos IEDs.

FIGURA 2 - Conexões da Mala de Testes Omicron aos IEDs

3.0 - MÉTODO DE CONEXÃO À REDE

A ferramenta ITT600 (ITT Explorer) foi instalada em um computador auxiliar e este foi conectado à rede por um dos
station switches – SW1 ou SW13 que fazem parte da arquitetura do SAS. Cada um destes switches, por sua vez, é
um ponto central das LANs A ou B no esquema de redundância PRP. Durante os ensaios, o ITT Explorer foi usado
para comprovar que todas as mensagens GOOSE estavam sendo publicadas, que as mensagens do protocolo
SNTP estavam chegando corretamente e que o arquivo SCD do projeto era o mesmo que foi construído no IET600.
Foi verificado também que não há misturas entre mensagens das LANs A ou B. Esta mesma ferramenta foi
utilizada para exibir o fluxo de dados na rede.

3.1 Analisador de protocolos ASE 2000


Entre os recursos do analisador ASE 2000 constam o diagnóstico e decodificação de protocolos seriais da família
IEC 60870-5, DNP e MODBUS e suas variantes sobre a suíte TCP/IP. Nesta aplicação o ASE 2000 será usado
para as seguintes tarefas de simular o centro de controle no nível 3: verificar o fluxo de dados entre o sistema hot-
standby do SAGE local com o centro de controle, verificar o envio dos pontos digitais e analógicos ao centro, além
de permitir a execução de comandos a partir do centro.

O uso do ASE 2000 ocorreu já no início dos ensaios da plataforma reduzida, por ocasião dos testes de proteção.
Durante o ensaio do sistema, este analisador foi usado para as verificações dos alarmes intrínsecos da arquitetura. No
caso da aplicação em questão, o protocolo utilizado para distribuição dos dados ao centro de controle é o IEC 60870-
5-104.

Foi também usado um computador independente para a execução do ASE 2000, conectado a um dos station
switches da arquitetura. O módulo Line Monitor, que é uma ferramenta de visualização e decodificação do fluxo de
dados, foi adotado para registrar o trâmite de mensagens entre os níveis 2 e 3. A ferramenta Point Value permite
observar os valores de cada grandeza gerada no nível 2. Dessa maneira, confirmam-se os valores dos pontos
digitais e analógicos enviados ao centro de controle. A Figura 3 demonstra a forma de conexão à rede, do módulo
ITT Synthesizer.

FIGURA 3 - Conexão à Rede do Módulo ITT Synthesizer.


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4.0 - PRINCÍPIO DE REDUNDÂNCIA PRP APLICADO À ARQUITETURA DE COMUNICAÇÃO

Os sistemas de missão crítica requerem um mecanismo de comunicação robusto, onde a troca de dados não seja
comprometida em caso de falhas do tipo N-1, em especial em redes Ethernet em que a colaboração entre os
equipamentos de nível 1 (IEDs) se faz cada vez mais presente. Na subestação em estudo, o protocolo PRP (IEC
62439-3 Ed.2) foi escolhido para propiciar redundância das comunicações críticas com tempo zero de comutação,
sem perda de frames ou pacotes. Este protocolo apresenta ainda vantagens adicionais como: ser extremamente
robusto para falhas do tipo N-1, ser resiliente em caso de cyber attacks em uma das redes, ser compatível com o
IEEE 802.3 sem alterar o formato dos frames Ethernet, permitir a conexão de dispositivos single attached node,
bem como poder utilizar relógios distintos com protocolo SNTP para cada rede. Adicionalmente, oferece alto grau
de escalabilidade.

O princípio de funcionamento do protocolo PRP remete à criação de um cabeçalho denominado Link Redundancy
Entity (LRE), responsável por carregar as informações pertinentes à rede (LAN A ou LAN B), como o número
sequencial e o tamanho do trailer do protocolo. O algoritmo, com a análise destes dados, decide pelo descarte de
uma das mensagens que são recebidas pelas interfaces A e B. Tal ação é executada em tempo real, uma vez que
as portas de comunicação em uma estrutura PRP operam em paralelo. As mensagens dos protocolos de aplicação
como o SNTP, FTP e o MMS (IEC 61850-8-1), bem como os serviços de camada 2, como o GSE, são duplicadas
pelos nós emissores (IEDs ou sistemas supervisórios) e o descarte é efetuado nos receptores.

A topologia para este método de redundância é livre. Isso significa que as redes LAN A e LAN B podem ser,
respectivamente, do tipo estrela-estrela, estrela-anel, anel-anel, mesh-estrela ou mesh-anel. Cada uma delas pode
ter tempos de latência diferentes para a propagação das informações, ficando a cargo do LRE o descarte dos
dados que chegam por último nas interfaces de destino. No caso da subestação em estudo, a topologia escolhida
para ambas as redes foi o anel. Tal escolha teve o intuito de prover uma rota física alternativa para as LANs A e B
em caso de falha de uma das mídias de comunicação. Houve uma combinação do serviços de loop avoidance,
englobando o protocolo Ethernet, o RSTP, além de um mecanismo poderoso de redundância como o PRP. A
Figura 4 apresenta uma arquitetura típica ilustrando o mecanismo do protocolo PRP.

FIGURA 4 - Princípio do Protocolo PRP

O sistema de redundância está também conectado a IEDs de fabricantes diferentes, que não possuem previsão
para métodos de redundância contidos na norma IEC 62439-3. Por esta razão, foram incorporados ao sistema de
redundância dispositivos chamados de REDBOX para permitir a conexão destes IEDs às duas redes – LAN A e
LAN B. O mesmo foi feito em relação ao sistema supervisório SAGE, que também não contempla este recurso. Os
REDBOXES são equipamentos previstos por norma para possibilitar a conexão de dispositivos single attached
node a topologias dual attached node, seja para as redes com PRP ou com o HSR.

5.0 - INTEROPERABILIDADE DA APLICAÇÃO IEC 61850

A projeto da subestação em estudo utiliza diversos recursos do station bus da norma IEC 61850, sendo a
interoperabilidade assegurada pelos mecanismos definidos nesta mesma norma. A arquitetura foi planejada
considerando aspectos envolvidos no projeto, como os protocolos FTP (oscilografia), MMS (comunicação vertical),
GSE - GOOSE (para a comunicação horizontal), SNTP (sincronismo), RSTP (loop avoidance) e PRP
(redundância). A topologia corresponde a duas redes paralelas, ambas em anel, conectadas a equipamentos single
attached node (nós com uma única porta de comunicação), como o oscilógrafo RPV da Reason, IEDs já existentes
de outros fornecimentos e o SAGE, bem como a equipamentos dual attached node, que são os novos IEDs e as
REDBOXES

O principal aspecto referente à interoperabilidade foi a troca de mensagens GSE entre os IEDs novos e os IEDs
existentes. Para assegurar o correto funcionamento desta parte da aplicação, os IEDs foram submetidos a ensaios
realizados no System Verification LAB, da ABB. Na ocasião dos testes, os arquivos CID foram tratados para
compor o SCD da subestação por meio do uso da ferramenta IET600. Nela os dados das mensagens GOOSE
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foram configurados para permitir a troca de informações entres os equipamentos. Foram observados também os
trabalhos necessários em cada configurador dos IEDs para finalizar as parametrizações.

Com o arquivo SCD terminado e os downloads devidamente efetivados, os testes de comunicação GSE e MMS
foram realizados em bancada com uma configuração similar à do projeto final. A supervisão dos frames e
datagramas teve o auxilio da ferramenta ITT600.

Uma vez finalizados os ensaios de comunicação, a interoperabilidade perante a arquitetura redundante foi testada.
Como apenas parte dos IEDs do projeto possuíam dual attached node implementado, a solução adotada para os
demais IEDs consistiu no uso de REBOXes conjugadas em um anel RSTP. Dessa maneira, as interfaces PRP das
REDBOXES foram conectadas às LANs A e B e o lado single attached node integrou a composição do anel
Ethernet tal como foi feito com os switches. A Figura 5 exibe os detalhes deste arranjo.

FIGURA 5 - Interfaces PRP Utilizando REDBOXES

Embora o foco do teste de interoperabilidade tenha sido o comportamento do serviço GSE, a comunicação vertical
via MMS com o sistema SAGE também foi verificada após o término da configuração do arquivo SCD.

5.1 Testes de avalanche e performance


O objetivo deste ensaio foi observar o comportamento da arquitetura do sistema e seus componentes (GPS,
REDBOX, switches e IEDs) quando submetidos a uma condição anômala de avalanche de dados. O desempenho
do sistema foi avaliado quanto à presença ou não de travamentos, operação lenta ou perda de informações.

5.2 Segurança
A segurança do sistema aborda dois aspectos de acesso hierárquico às funções do sistema supervisório e o
bloqueio de protocolos e serviços indesejados por meio do recurso IPTables. Os serviços que estão disponíveis no
sistema supervisório possuem 4 níveis de acesso, variando desde o nível 0 até o nível 3, em ordem crescente de
facilidades para controle.

5.3 IPTables
Este é um recurso usado para filtrar o uso de serviços na rede. Para esta aplicação, as regras estão contidas nos
servidores do SAGE, implementadas no sistema operacional Linux. O objetivo é impedir que uma conexão remota
tenha acesso a dados não autorizados, e que o centro de controle utilize apenas as informações relevantes para o
nível 3, como as portas do protocolo IEC 60870-5-104 (2404), do protocolo de gerenciamento de rede SNMP (161)
e do acesso remoto seguro SSH (22). A Figura 6 exibe como a tentativa de conexão FTP poderia ser executada.

FIGURA 6 - Tentativa de Conexão Remota para Acesso a Dados Não Autorizados


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6.0 - COLABORAÇÃO ENTRE CTEEP, FORNECEDOR E ENGENHARIA DO PROPRIETÁRIO.

Para agilizar o desenvolvimento de suas equipes técnicas em relação aos recursos que a nova tecnologia oferece,
a CTEEP optou pela contratação de uma empresa especializada com ampla experiência em projetos similares,
com conceito internacional, e que participou do próprio desenvolvimento na norma IEC 61850, bem como nos
testes dos SAS e seus componentes. Esta empresa ofereceu apoio à equipe técnica da CTEEP desde a fase de
preparação dos documentos de critérios básicos, especificação técnica, avaliação de propostas de fornecimento,
assistência no Work Statement e tem participado também das atividades definidas como engenharia do
proprietário. Esta última atividade incluiu, análise e aprovação da documentação do projeto e do sistema,
acompanhamento e avaliação do treinamento e transferência de tecnologia, fiscalização nos testes de aceitação na
fabrica, além de atividades de gestão geral da instalação e comissionamento do sistema.

7.0 - SISTEMÁTICA DOS ENSAIOS

7.1 Plataforma reduzida – ensaios em fábrica

A solução IEC 61850 completa para a subestação Edgard de Souza é composta por aproximadamente 80 painéis.
Diante do volume e complexidade da aplicação, uma solução que foi considerada desde a fase de critérios básicos
e especificação foi o desenvolvimento de uma plataforma computacional, denominada Plataforma Reduzida para
complementar os testes de fábrica. A estratégia consistiu em separar apenas um painel de cada bay típico para os
testes integrados na fábrica e realizar os ensaios complementares do sistema completo diretamente no campo, na
sala de controle da subestação, antes do comissionamento.

Esta plataforma foi constituída por um conjunto de IEDs interligados por uma rede de comunicação local, com
características e arquitetura semelhantes ao sistema definitivo. Sua finalidade foi, principalmente, permitir a
comprovação de que o SAS proposto pelo Fornecedor seria capaz de funcionar corretamente com um subconjunto
limitado dos IEDs de proteção e automação, envolvendo diferentes tipos de IEDs. A plataforma em questão
continha também equipamentos de comunicação local, SCADA local, sistema de sincronismo de tempo, sistema de
redundância utilizando PRP e RED BOXES, além dos demais subsistemas necessários a um SAS. Este SAS
parcial foi submetido a uma sequencia específica de testes, de modo que grande parte das correções e ajustes
eventualmente necessários foi realizada ainda na fábrica do Fornecedor, onde se dispunha de maiores recursos de
pessoal e equipamentos.

Para viabilizar estas ações, foi definido um plano de inspeção em fábrica abrangendo os ensaios funcionais, a
verificação das lógicas de controle e os testes de proteção, assim como a verificação da arquitetura do sistema e
os testes de avalanche e performance. Nos ensaios funcionais, todos os painéis foram testados para garantir que a
fiação e circuitos internos estavam de acordo com o projeto aprovado pela CTEEP, além de comprovar a locação
correta de todos os equipamentos. Na verificação das lógicas foi também verificado se a configuração dos IEDs
atendia ao que foi projetado. Foram também verificados os intertravamentos elétricos e via GOOSE, as liberações
de comandos de disjuntores e seccionadoras simulados por jigas de teste, a ativação de funções de religamento, o
rearme dos bloqueios (relés 86) e demais controles acionados por lógica ou não. No que concerne às proteções,
todas as funções foram levadas à condição de atuação para certificar que os circuitos de trip estavam com a fiação
correta. Os ajustes e os levantamentos das curvas dos relés foram programados para serem realizados na fase dos
testes em campo.

Os ensaios de arquitetura demandaram um planejamento mais detalhado. Como nem todos os IEDs estavam
presentes na plataforma inicial, o arquivo SCD precisou ser simulado pela ferramenta ITT600 Synthesizer, que
funcionou considerando o SAS reduzido conectado ao sistema supervisório. Este item foi importante para validar,
mesmo que parcialmente, a base de dados do SAGE, como indica a Figura 7

.
FIGURA 7 – SImulação dos IEDs Não Presentes pela ferramenta ITT600 Synthesizer
7

Com a base de dados validada, as correções e réplicas foram executadas em sequência. Um outro aspecto
relevante quanto à arquitetura é o teste das sinalizações de comunicação ou falha dos IEDs, switches,
computadores do supervisório e os eventos da rede redundante. Este item é fundamental para simular o
comportamento da tela de arquitetura nas mais variadas situações de falha, indicando ao operador as ações
necessárias para diagnosticar e informar as ocorrências.

Para observar o desempenho da plataforma reduzida e preparar o cenário para o teste do sistema completo em
campo, foi realizado um teste de performance em fábrica. Este procedimento contemplou o acionamento das
entradas digitais simultaneamente, variando ao mesmo tempo um conjunto de canais analógicos dos IEDs
conectados à rede PRP.

Durante a execução do ensaio, a lista de eventos do sistema foi usada para comprovar alguns aspectos de
desempenho, como por exemplo: o sincronismo da estampa de tempo com precisão de 1 milissegundo, o registro
de todos os eventos gerados sem perda de informação, a navegação nas telas, assim como o consumo de
processamento e memória dos computadores, a disponibilidade de comandos, o retorno das sinalizações, a
gravação e leitura das oscilografias dos IEDs e o monitoramento da banda da rede Ethernet.

O acionamento das entradas digitais para a geração da avalanche foi realizado utilizando um conjunto de relés
auxiliares, alternando os estados entre 0 e 1 a cada 5 segundos.

A comunicação com o centro de supervisão via o protocolo IEC 60870-5-104 também teve sua interface testada em
fábrica. Tal ação consistiu no monitoramento dos eventos pelo aplicativo ASE 2000, com o intuito de atestar o
endereçamento pretendido pela CTEEP, evitando a necessidade de correção deste atributo na base de dados em
campo.

7.2 Plataforma completa

Esta Plataforma foi instalada no campo, com os painéis já montados em suas posições finais e interligados entre si
através da cablagem definitiva. Sua finalidade foi permitir que todo o SAS fosse testado como um sistema
completo, juntamente com o novo sistema de comunicação local, incluindo as ligações via fibra ótica entre as casas
de controle superior e inferior.

8.0 - CONCLUSÕES

Os procedimentos de teste e premissas mencionados acima adotados para o desenvolvimento do retrofit em uma
subestação da rede básica ofereceram ganhos significativos em relação a empreendimentos anteriores. Entre
esses ganhos, podemos citar o total controle do processo, o emprego de plataformas de teste na fábrica e no
campo permitindo avaliar o comportamento e desempenho do sistema sob diversas condições, a execução de
ensaios sistêmicos e de redundância da rede, além dos ensaios integrados por bay, possibilitando chegar na etapa
de migração com o sistema tendo sido submetido a diferentes cenários de teste. Estas melhorias, além de outras,
permitirão avanços importantes para os próximos projetos.

A parceria envolvendo uma empresa especializada internacional para realização da engenharia do proprietário,
aliada a um treinamento e planejamento eficientes, teve como diferencial a exigência de documentação completa e
direcionada à empresa concessionária, de forma a facilitar futuras manutenções, atendimentos de emergência e
expansões, conforme sugerem os benefícios promovidos pela norma IEC 61850, com arquivos SCL consistentes e
com a interoperabilidade garantida.

Finalmente, a melhoria na qualidade, confiabilidade e desempenho do sistema, juntamente com o treinamento on-
the-job das equipes técnicas da concessionária, além da preservação da memoria técnica da CTEEP foram ganhos
adicionais obtidos neste projeto.

9.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) CASCAES PEREIRA, A., SIQUEIRA, I. P., SCHIMMEL, R., ORDACGI FILHO, J. M. et ali. Functional and
interoperability tests using the IEC61850 standard applied to substations – research & development in Brazil.
CIGRE 2008, August 2008, Paris, France.

(2) SIQUEIRA, I. P. et ali. Substation tests according to the IEC61850 standard. MODERN ELECTRICITY
MAGAZINE. October 2008, Sao Paulo, Brazil
l
(3) FGH FORSCHUNGSGEMEINSCHAFT FÜR ELEKTRISCHE ANLAGEN UND STROMWIRTSCHAFT E V.
TEST REPORT. Functional specification for testing. RESEARCH PROJECT INTEROP. Investigating interoperability
of IEC61850 devices of different suppliers, March 2009 and May 2010

(4) CASCAES PEREIRA, A., CÁCERES, D. et ali. Modernização de subestações existentes – aspectos da
migração para o padrão IEC61850. X STPC, Recife, PE - 17 a 20 de outubro de 2010
8

(5) AUTOMATION MAGAZINE. Modernization of substations through the IEC 61850 standard. March 2011, Brazil

(6) CASCAES PEREIRA, A., PAULINO, M. E. C. et ali. A training platform for SAS based on IEC61850 applications.
CIGRE STUDY COMMITTEE B5 COLLOQUIUM, September 2011, Lausanne, Switzerland

(7) SCHUMANN, F., STELZER G. et ali. Substation automation guidelines for large transmission substations in
Brazil applying the IEC61850 standard. DISTRIBUTECH BRASIL. Rio De Janeiro-RJ, September 25-27, 2012.

(8) CIGRÉ STANDARD IEC61850, 2ND EDITION, 2010. Communication networks and systems in substations.

(9) VANDIVER, B., APOSTOLOV, A. Functional testing of IEC 61850 based substation automation systems. CIGRÉ
SC B5 COLLOQUIUM. Calgary, CA, 2005.

10.0 - DADOS BIOGRÁFICOS

ALLAN CASCAES PEREIRA – Nascido em Florianópolis, SC. Mestrado em Engenharia Elétrica de Potência na
UFRJ (2005) e graduado na PUC-RJ (1967), onde foi professor auxiliar. Professor efetivo da UERJ desde 1975 e
consultor na área de proteção e automação de subestações, com mais de 35 anos de experiência na área. Teve 2
artigos publicados em revistas técnicas no Brasil e 1 artigo (em coautoria) publicado em revista técnica em Moscou,
Rússia.

DAVID CACERES – Nascido em Lima, Peru. Graduação em Engenharia Elétrica na Universidade Nacional de
Engenharia de Lima (1974), onde foi professor associado. Trabalhou 18 anos na Empresa: KEMA Inc., no escritório
de Filadélfia, EUA e desde Julho de 2013 exerce o cargo de Brazil Country Manager/LatAm General Manager,
Energy Advisory da DNV GL (que adquiriu a KEMA). Possui 40 anos de experiência em engenharia de centros de
controle de energia (SCADA/EMS/DMS), Smart Grids, automação de subestações e usinas, além de
telecomunicações.

FREDERICO PEREIRA SCHUMANN - Nascido em Bela Vista do Paraiso, PR. Graduado em Engenharia Elétrica
na Universidade Federal de Itajubá (1985). Pós-graduação em sistemas elétricos de potência na UNIFEI (1988) e
especialização em sistemas digitais na USP (1996). Desde 2007 é coordenador da área de desenvolvimento de
sistemas de proteção, automação, supervisão e medição, envolvendo gestão da manutenção e retrofit nas
subestações da ISA CTEEP. Desde 1986 trabalha em empresa de energia elétrica com experiência em
distribuição, geração e transmissão nas áreas de operação, manutenção, projetos e desenvolvimento.

JULIO CEZAR DE OLIVEIRA - Natural de Guarulhos, SP. Nasceu em março de 1978. É graduado em Análise de
Sistemas pela Universidade de Guarulhos, pós-graduado em Redes de Computadores pela UNICSUL, Mestre em
Engenharia da Computação no IPT - São Paulo. Atua na área de Automação de Subestações da ABB desde 1994,
tendo participado da elaboração e teste de sistemas para diversas concessionárias de energia elétrica no Brasil.
Em 2005 colaborou para o desenvolvimento de software e integração de IEDs realizado na ABB Suécia.
Atualmente tem como objeto de estudo a norma IEC 61850.

CARLOS HENRIQUE FERREIRA – Graduação em Engenharia Elétrica na Universidade Santa Cecilia dos
Bandeirantes, 1997. Pós Graduação em sistemas de Potência e Automação, Universidade Federal de Uberlândia,
2002. Trabalhou 23 anos em diversas empresas, incluindo a Empresa: KEMA Inc., SCHNEIDER ELECTRIC,
AREVA TD, CTEEP, EPTE (Empresa Paulista de Transmissão) e Eletropaulo. Possui larga experiência em
sistemas de proteção, automação e controle de Subestações de pequeno, médio e grande porte.

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