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DE INCÊNDIO
Rui de S. Camposinhos*
Novembro de 2014
* rdc.isep@gmail.com
1
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2
Conteúdo
1 Introdução 5
3 Curvas de Incêndio 7
3
Resumo
Neste documento apresentam-se os conceitos e técnicas de cálculo
essenciais para o dimensionamento de elementos estruturais em aço,
betão armado e em madeira sob a acção de incêndios.
Palavras-chave: Estabilidade estrutural e resistência ao fogo
Abstract
4
1 Introdução
Ao longo de poucas páginas de texto pretende-se introduzir o engenheiro civil
nos conceitos fundamentais da análise de elementos estruturais sob a acção
do fogo. De uma forma geral o critério da verificação da segurança consiste
em satisfazer a seguinte condição:
onde: Ed,f i – valor de cálculo do efeito das acções em caso de incêndio; Rd,f i –
valor de cálculo da resistência ou da capacidade de carga em caso de incêndio;
O comportamento ao fogo dos elementos estrutrais em aço, em betão
armado e em madeira é radicalmente distinto.
A verificação da segurança é apresentada assim de forma simples e espera-
se clara para que o engenheiro civil possa abordar esta complexa temática
sempre tendo presente que as abordagens da verificação da resistência à tem-
peratura ambiente são perfeitamente dominadas.
5
2 Coeficientes parciais de segurança
Tratando-se de uma situação acidental tanto para as acções como para os
valores das propriedades dos materiais as probabilidades de colapso são mai-
ores do que aquelas que se esperam em situação não acidentais. Refira-se que
em geral a probabilidade de rotura para situações de cálculo à temperatura
ambiente é de aproximadamente igual a 10−7 e no caso de edifı́cios correntes
em incêndios aquele valor pode aumentar para 10−4 [1].
6
Gk + ψf i · Qk,1
ηf i = (2)
γG · Gk + γQ,1 · Qk,1
Ao valor de ηf i para uma dada situação de carga costuma designar-se por
grau de utilização. Na parte 1-2 do EC1 [10] existe a recomendação de usar
o valor de ψ1 pese embora nalguns paı́ses se recomende utilizar o valor de
ψ2 . Em geral a literatura aponta para ηf i um valor igual a 0,7, certamente
conservativo no caso de escritórios e habitações.
3 Curvas de Incêndio
A prática corrente tem vindo a ser a de considerar que a maioria dos incêndios
é ”alimentado” por material combustı́vel maioritariamente de origem ce-
lulósica tendo sido adaptada, para estas situações, a expressão 3 que re-
laciona o tempo em minutos coma temperatura do ar durante a combustão
preconizada na norma ISO 834 [3].
θg = 20 + 345 × log(8t + 1) (3)
No entanto por esta curva de evolução de temperaturas não ter uma colagem à
realidade no que toca a estruturas que se encontram localizadas exteriormente
no EC2 [10] é proposta uma expressão menos penalizadora (expressão 4).
θg = 20 + 660 × 1 − 0, 687e−0,32t − 0, 313e−3,8t
(4)
Com o aumento do uso de derivados do petróleo e da indústria de plásticos
reconheceu-se que a curva da evolução das temperaturas da norma ISO 834 [3]
não correspondia à uma evolução adequada. Assim e nas circunstâncias
de exposição ao fogo em que as estruturas possam estar sob cargas cujos
constituentes sejam predominantemente de origem petroquı́mica a expressão
5 deve ser adoptada. À evolução das temperaturas dos gases a designação
”curva de hidrocarbonetos” é geralmente usada.
7
Figura 1: Evolução da temperatura do ar em função do tempo e do tipo de
incêndio
8
4 Resistência de Elementos em Aço
Na determinação da resistência dos elementos em aço a altas temperaturas
deve ter-se em conta a classificação das secções em função dos respectivos
critérios, i.e., esbelteza das paredes das secções transversais, resistência de
cálculo, capacidade de rotação e risco de encurvadura localizada, tal como se
preconiza no EC3 [5]. Os critérios de classificação aı́ expostos são válidos para
valores de temperatura ambiente. Para temperaturas elevadas, no entanto, a
classificação conforme a Tabela 5.2 do EC3 [5] deve ser obtida considerando
um valor reduzido para o coeficiente dado por:
s
235
f i = 0, 85 (6)
fy
9
Figura 2: Valores do coeficiente de redução kθ das caracterı́sticas mecânicas
do aço em função da temperatura
10
Figura 3: Valores da Temperatura crı́tica em função do grau de utilização
ηf i
11
4.2.1 Elementos não protegidos
Nestes termos o EC3 [6] indica de forma explicita o aumento de temperatura,
uniforme, num perfil não protegido ∆θa,t , nos seguintes termos:
Am /V
∆θa,t = ksh · ḣnet,d · ∆t (9)
ca · ρa
onde:
ksh − factor de correcção para o efeito de sombra que depende da forma da secção
Am − área do perfil exposta ao fogo por unidade de comprimento, m2 /m
V − Volume do perfil por unidade de comprimento m3 /m
Am /V − factor de massividade da secção do perfil (≥ 10m−1 )
ca − calor especı́fico do aço, J/kg · K
ρa − peso especı́fico do aço, 7850/kg · m3
ḣnet,d − densidade de fluxo de calor por unidade de área W/m2
∆t − intervalo de tempo, (≤ 5s))
A tabela 4.2 da parte 1-2 do EC3 [6] apresenta vários valores para o factor de
massividade Am /V de diversos perfis. Para perfis com secções com secção em
I, ou outras formas de secção côncava, sujeitos a evolução de temperaturas
nominais, o factor de correcção para o efeito de sombra, ksh é dado por:
Am Am
ksh = 0, 9 × ÷ (10)
V b V
A expressão 9 não deve ser utilizada para perfis com factor de emissividade
Am/V de valor inferior a 10 m−1 pelo facto de que, sendo os perfis muito
12
Am
Figura 4: Definição do factor de forma V b
13
do calor especı́fico do aço em função da temperatura, θa , nos seguintes termos:
15
Tabela 2 – Continuação da página anterior
Duração ksh Am /V [m−1 ]
min. 10 15 20 25 30 40 60 100 200 300 400
49 449 580 670 723 740 803 882 905 910 912 913
50 458 590 679 728 744 814 888 908 914 915 916
51 468 600 688 732 750 825 894 911 917 918 919
52 477 610 697 734 757 835 899 915 920 921 922
53 487 620 704 736 765 845 904 918 923 924 925
54 496 629 711 739 774 854 908 921 926 927 928
55 505 638 718 743 784 863 913 924 928 930 930
56 514 648 723 747 794 872 917 927 931 932 933
57 523 656 728 753 804 880 920 930 934 935 936
58 532 665 731 760 814 887 924 933 937 938 938
59 541 673 734 768 825 894 927 935 939 940 941
60 549 681 736 777 834 901 931 938 942 943 944
61 558 689 738 786 844 907 934 941 944 946 946
62 566 696 741 796 853 912 937 943 947 948 949
63 574 703 744 805 862 917 940 946 949 950 951
64 583 709 749 815 871 922 942 948 952 953 953
65 591 715 755 824 879 927 945 951 954 955 956
66 598 720 761 834 887 931 948 953 957 958 958
67 606 725 769 843 894 935 950 956 959 960 960
68 614 728 776 852 901 939 953 958 961 962 963
69 622 731 785 861 907 943 955 960 963 964 965
70 629 734 793 869 914 946 958 963 966 967 967
71 636 735 802 877 919 949 960 965 968 969 969
72 644 737 811 885 925 953 963 967 970 971 971
73 651 739 820 893 930 956 965 969 972 973 973
74 658 742 829 900 935 958 967 971 974 975 975
75 665 745 837 906 939 961 969 973 976 977 977
76 671 750 846 913 944 964 972 975 978 979 979
77 678 755 855 919 948 966 974 978 980 981 981
78 684 760 863 925 952 969 976 980 982 983 983
79 690 767 871 930 955 971 978 982 984 985 985
80 696 773 879 935 959 974 980 984 986 987 987
81 702 780 886 940 962 976 982 985 988 989 989
82 707 788 893 945 966 978 984 987 990 991 991
83 712 795 900 949 969 980 986 989 992 992 993
84 716 803 907 954 972 983 988 991 993 994 995
85 720 811 914 958 974 985 990 993 995 996 996
Continua na próxima página
16
Figura 5: Temperatura em função do factor de massividade modificado
ksh Am /V [m−1 ] e durações em minutos para elementos não protegidos consi-
derando a curva ISO 834 de incêndio [4]
17
Figura 6: Temperatura em função da duração para diferentes factores de mas-
sividade ksh Am /V [m−1 ] em elementos não protegidos considerando a curva
ISO 834 de incêndio [4]
18
forma de caixão. Existem no mercado 3 categorias ou tipos de material
consoante a forma como se apresentam:
em espuma ”spray”
em chapas ou placas
em tinta intumescente
λp Ap /V (θg,t − θa,t )
· ∆t − eφ/10 − 1 · ∆θg,t
∆θa,t = (14)
dp ca ρa (1 + φ/3)
19
º
ura[
Temperat C]
Fact
ordes
ecçãomodi
fi
cado-
ca ρ a V
dp Ap cp ρp < (16)
2
podendo considerar-se ca = 600 J/(kg · K).
Sendo em geral desprezável o valor do calor especı́fico do material de
protecção cp pode considerar-se o valor de φ = 0 e nesta base apresentam-se
nomogramas desenvolvidos por P. Vila Real et al. [4] para a curva nominal
de incêndio ISO 834 considerando intervalos de tempo de 10 segundos.
Na tabela 3 apresentam-se os valores calculados por P. Vila Real et al. [4]
para a temperatura do aço protegido quando sujeito à curva de incêndio ISO
834. Os valores estão referenciados ao factor já referido [Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ].
20
Tabela 3: Temperatura do aço protegido exposto à curva ISO 834 de
incêndio para diferentes valores do factor [Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ]
21
Tabela 3 – Continuação da página anterior
Duração [Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ]
min. 100 200 300 400 600 800 1000 1500 2000
175 242 396 509 593 706 744 807 954 1023
180 248 404 519 603 714 751 821 967 1032
185 254 413 528 613 721 759 836 979 1041
190 260 422 538 623 727 769 851 991 1049
195 266 431 548 633 731 780 866 1001 1057
200 272 439 557 642 734 792 880 1012 1064
205 277 447 566 651 736 804 894 1021 1071
210 283 455 575 660 738 817 907 1031 1078
215 289 464 583 668 742 830 920 1039 1084
220 295 472 592 677 747 843 933 1048 1090
225 301 479 600 685 753 856 945 1056 1096
230 306 487 608 692 760 869 956 1063 1101
235 312 495 616 699 768 881 967 1070 1107
240 318 502 624 706 777 893 978 1077 1111
22
Tabela 4: Propriedades térmicas de materiais de protecção
23
Figura 8: Temperatura em função da duração para diferentes factores
[Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ] em elementos protegidos para a curva ISO 834 [4]
24
Figura 9: Valores de k1 a aplicar na expressão 18
25
Figura 10: Geometria tipo de uma secção de um perfil metálico
26
4.5 Exemplos de aplicação
4.5.1 Perfil em tracção simples não protegido
Considere um perfil HEA200 em aço S275 projectado para resistir a um
esforço de tracção simples cujo valor de cálculo é de NSd =1200 kN. Tratando-
se de um elemento não protegido situado no interior de um edifı́cio, verifique
se para uma curva nominal de incêndio ISO 834 o perfil pode ser considerado
da classe R30. Considere um grau de utilização ηf i = 0, 65.
27
Figura 12: caracterı́sticas geométricas e propriedades da secção – IPE 300
28
Figura 13: caracterı́sticas geométricas e propriedades da secção – HEB 400
29
5 Resistência de Elementos em Betão Armado
O cálculo de estruturas de betão armado sob a acção do fogo segundo o
EC2 [10] pode ser realizado por três métodos ou processos distintos.
O método mais simplificado consiste em recorrer a valores tabelados.
Há, contudo, métodos mais rigorosos que recorrem a cálculos que, embora
aproximados, e.g., o método da Isotérmica dos 500° e o método das Fatias ou
das Zonas tendo por base hipóteses simplificativas permitem que a avaliação
da segurança seja prudentemente adequada.
Uma terceira abordagem com recurso a métodos avançados simulando o com-
portamento da estrutura ou partes dela recorrendo a modelos de elementos
finitos que se encontra em franco desenvolvimento permite simular vários
cenários de incêndio é utilizada em ambientes de investigação e permite en-
contrar soluções mais exactas.
Nas secções seguintes apresentam-se os métodos que embora admitindo
hipóteses simplificativas são adequados à generalidade das situações.
ac = λc /(ρcc ) (22)
30
Figura 14: Variação da Difusividade do betão com a temperatura [ [?]
∆θ = nx nw ∆θf (23)
nw = 1 − 0.0616 × t−0,88
nx = 0, 18 × ln ux − 0, 81 (25)
ny = 0, 18 × ln uy − 0, 81
31
onde:
at
ux =
ac x 2
at
uy =
ac y 2
Nestas expressões a simbologia aplicada é a seguinte:
– t tempo em horas;
32
Figura 15: Perfis de temperatura em lajes
33
Figura 17: Perfis de temperatura em vigas 300x160 para 30 e 60 minutos
34
tente igual à da temperatura ambiente. A posição da linha da temperatura a
500 °C, x500 pode ser determinada como proposto por Anderberg [7] através
da expressão 27:
0,5
a t
x500 = 0,417×10−6 × eζ (27)
com
∆θx
ζ = (0,18×n w ·∆θf )
+ 4, 5
35
Tabela 7: Valores da profundidade da Isotérmica a 500 °C [mm]
t [a × 10−6 m/s2 ]
min 0,417 0,520 0,670 EC2
10 2,4 2,7 3,0 2
20 7,5 8,4 9,5 7
30 12,0 13,4 15,2 10
40 15,9 17,7 20,1 13
50 19,4 21,7 24,6 16
60 22,7 25,3 28,8 21
70 25,8 28,8 32,7 24
80 28,7 32,0 36,3 27
90 31,4 35,1 39,8 30
100 34,0 38,0 43,2 33
110 36,6 40,8 46,4 35
120 39,0 43,6 49,4 37
130 41,4 46,2 52,4 39
140 43,6 48,7 55,3 41
150 45,9 51,2 58,1 43
160 48,0 53,6 60,9 44
170 50,1 56,0 63,5 46
180 52,2 58,2 66,1 48
190 54,2 60,5 68,6 50
200 56,1 62,7 71,1 52
210 58,0 64,8 73,6 54
220 59,9 66,9 75,9 56
230 61,8 69,0 78,3 58
240 63,6 71,0 80,6 60
36
Figura 18: Isotérmicas a 500°C– Valores comparativos
37
Figura 20: Isotérmicas a 500°C em pilares 300x300 mm para 30 e 60 e 90 e
120 minutos
38
Figura 22: Secção reduzida de uma viga ou pilar com exposição ao fogo em
3 faces
Figura 23: Secção reduzida de uma viga ou pilar com exposição ao fogo em
4 faces
39
é s,f i < 2%, tem-se o conjunto de expressões 28:
40
Figura 24: Valor do coeficiente ks (θ) de redução da tensão caracterı́stica do
aço (Classe N) em tracção ou em compressão
41
Figura 26: Bloco de tensões e forças resultantes numa secção rectangular em
situação de incêndio
42
O valor da participação no momento resistente proporcionado pela armadura
de compressão eventualmente presente é: O valor de Mu1 é naturalmente
obtido:
Mu1 = As2 · fscd,f i (θm ) · z 0 (35)
Os valores de fscd,f i (θm e fsd,f i (θm correspondem às tensões nas armaduras
de compressão e tracção respectivamente, reduzidas pela temperatura do aço
considerando um valor médio θm da temperatura para um dado nı́vel de
posição da armadura.
Se a armadura está disposta em mais do que um nı́vel, vide Figura27, o
valor médio do coeficiente de redução da resistência, k(ϕ)fsd,f i , e o valor da
distância efectiva do centro de gravidade das armaduras, am , à face exposta
são dados respectivamente por:
P
[ks (θi ) · fsd,i · Ai ]
k(ϕ)fsd,f i = P (36)
Ai
P
[ai · ks (θi ) · fsd,i · Ai ]
am = (37)
ks (θi ) · fsd,i · Ai
43
Figura 27: Distancias, ai , para calcular a distância am na expressão 39
Verifique se a laje pode ser classificada como R120 quando submetida à curva
de incêndio nominal ISO-834.
44
5.3.2 Viga em betão
Considere uma viga de betão armado simplesmente apoiada que vence um
vão de 11 metros. Além do peso próprio (25 kN/m3 ) a viga foi dimensionada
para receber duas cargas pontuais de 260 kN cada dispostas simetricamente
(ψ1 = 0, 3) como se indica na figura 29. A viga é realizada com betão da
classe C30/37 e aço S500.
45
Na Tabela 8 apresentam-se os valores parcelares para o cálculo do valor
do Momento Resistente da secção.
46
hs=h1+h2 hs=h1+h2
1 - bet
ão;2 - reves
t.nãocombus
tível
,3 - reves
t.(
acús
tico)combus
tível
5.4.1 Lajes
A resistência ao fogo de lajes em betão armado ou pré-esforçado pode ser
considerada adequada desde que sejam satisfeitos os valores indicados na
Tabela 5.8 do EC2 [10] que se reproduzem na Tabela 9 respeitantes a lajes
simplesmente apoiadas armadas numa ou em duas direcções.
Os valores mı́nimos aı́ referidos para a espessura das lajes, hs = h1 +
h2 , incluem a espessura da camada de acabamento, cf. Figura 31. Estes
valores mı́nimos permitem assegurar o desempenho das lajes no que respeita
à estanqueidade e isolamento às chamas. Na verificação da Resistência só
é relevante a espessura h1 que resulta do dimensionamento estrutural.
Os valores da tabela 9 também se aplicam à espessura dos banzos das
lajes nervuradas de secção em forma de T ou duplo TT. No caso de lajes
armadas em duas direcções o valor de a diz respeito à distância à armadura
mais próximo da superfı́cie exposta.
Como se indica no EC 1992 os valores inferiores ou iguais a 15 mm para
a distância, a, do eixo das armaduras à face exposta, são inferiores aos que
resultam do critério de verificação do recobrimento mı́nimo das armaduras
para os estados limites de utilização.
No caso de lajes com vãos de continuidade se o coeficiente de distribuição
de momentos à temperatura ambiente for superior a 15% deve considerar-
se como sendo simplesmente apoiadas. Tratando-se de lajes fungiformes
maciças os valores mı́nimos a observar estão reproduzidos na Tabela 10.
47
Tabela 9: Lajes - Espessuras e distâncias mı́nimas das armaduras à face
exposta
Dimensões mı́nimas
[mm]
Classe Distância ao eixo, a
Espessura da laje
Armadas
hs [mm] Armadas
em duas direcções
numa direcção
ly /lx ≤ 1, 5 1, 5 ≤ ly/lx ≤ 2
REI 30 60 10 10 10
REI 60 80 20 10 15
REI 90 100 30 15 20
REI 120 120 40 20 25
REI 180 150 55 30 40
REI 240 175 65 40 50
Figura 32: Definição das dimensões das secções para diferentes tipos de viga
5.4.2 Vigas
Os valores das tabelas 5.5, 5.6 do EC2 [10] que aqui se reproduzem na Tabela
11 e Tabela 12 referem-se a vigas simplesmente apoiadas e vigas contı́nuas
expostas ao fogo em 3 faces. Os sı́mbolos usados nas tabelas encontram-se
definidos na Figura 32.
Para valores de bmin superiores aos indicados nas colunas 4 e 5 (a som-
breado) da Tabela 11 não há necessidade de considerar o aumento de 10 mm
do valor de a.
No caso de armaduras com as mesmas resistências caracterı́sticas mecânicas
fyk ou fpk dispostas em mais do que uma camada (Figura 33) a distância
média am não deverá ser inferior ao valor a indicado nas tabelas. O valor da
48
Tabela 10: Lajes fungiformes - Espessuras e distâncias mı́nimas das arma-
duras à face exposta
Dimensões mı́nimas
Classe [mm]
Espessura Distância
da Laje, hs ao eixo, a
REI 30 150 10
REI 60 180 15
REI 90 200 25
REI 120 200 35
REI 180 200 45
REI 240 200 50
Figura 33: Definição das dimensões das secções para diferentes tipos de viga
distância média ao eixo das armaduras deve ser determinado de acordo com
a expressão:
P
As1 a1 + As2 a2 + . . . Asn an Asi ai
am = = P (40)
As1 + As2 + . . . Asn Asi
Na expressão 40 se a armadura da secção for constituı́da por aços com dife-
rentes resistências no lugar de Asi deve usar-se Asi fyki e ou Asi fpki . Nestas
situações é recomendável recorrer a métodos de cálculo.
Para valores de bmin superiores aos indicados nas colunas 3, 4 e 5 da
Tabela 12 não há necessidade de considerar o aumento de 10 mm do valor
de a.
Os valores apresentados nas tabelas são aplicáveis a vigas cujas secções
se apresentam na Figura 34 e dispensam a verificação da resistência ao corte
e à torção.
49
Tabela 11: Dimensões mı́nimas e distância ao eixo – vigas simplesmente
apoiadas (Tabela 5.5 do EC2) [10]
Dimensões mı́nimas
[mm]
Classe
Combinações de a e bmin Espessura da alma
1 2 3 4 5 AW WB WC
bmin = 80 bmin =120 bmin =160 bmin =200
R30 80 80 80
a = 25 a=20 a=15 a=15
bmin =120 bmin =160 bmin =200 bmin =300
R60 100 80 100
a=40 a=35 a=30 a=25
bmin =150 bmin =200 bmin =300 bmin =400
R90 110 100 100
a=55 a=45 a=40 a=35
bmin =200 bmin =240 bmin =300 bmin =500
R120 130 120 120
a=65 a=60 a=55 a=50
bmin =240 bmin =300 bmin =400 bmin =600
R180 150 150 140
a=80 a=70 a=65 a=60
bmin =280 bmin =350 bmin =500 bmin =700
R240 170 170 160
a=90 a=80 a=75 a=70
asd = a +10 mm - distância ao eixo à face lateral de varões de canto
(
1) (
2) (
3)
Figura 34: Definição das dimensões das secções para diferentes tipos de viga
No que se refere à figura 34 e para vigas de alma com largura variável valor
mı́nimo de b deve ser medido ao nı́vel do centro de gravidade das armaduras.
No caso de vigas com secção em I com almas de dimensões diferentes o
valor da altura efectiva deve ser def f = d1 + d2 ≥ bmin sendo bmin o valor
da largura da viga de acordo com a Tabela 5.7 do EC2 que não se reproduz
neste texto.
Tanto a tabela 5.5 como a tabela 5.6 apresentam os valores mı́nimos da
distância do eixo das armaduras para o topo inferior e faces expostas em
conjunto com valores mı́nimos da largura da viga quando sujeito a curva
normalizado de incêndio e considerando classes de resistência R30 a R 240.
50
Tabela 12: Dimensões mı́nimas e distância ao eixo – vigas contı́nuas (Tabela
5.6 do EC2) [10]
Dimensões mı́nimas
[mm]
Classe
Combinações de a e bmin Espessura da alma
1 2 3 4 5 AW WB WC
bmin = 80 bmin =160
R30 80 80 80
a = 15 a=12
bmin =120 bmin =200
R60 100 80 100
a=25 a=12
bmin =150 bmin =250
R90 110 100 100
a=35 a=55
bmin =200 bmin =300 bmin =450 bmin =500
R120 130 120 120
a=45 a=35 a=35 a=30
bmin =240 bmin =400 bmin =550 bmin =600
R180 150 150 140
a=60 a=50 a=50 a=40
bmin =280 bmin =500 bmin =650 bmin =700
R240 170 170 160
a=75 a=60 a=60 a=50
asd = a +10 mm - distância ao eixo à face lateral de varões de canto
51
Figura 35: Envolvente dos momentos flectores resistentes na zona dos apoios
em situação de incêndio
- A altura da vigas não seja inferior à largura mı́nima exigida para a classe
ou perı́odo de resistência em causa;
5.4.3 Pilares
O EC2 disponibiliza também tabelas para a verificação da segurança de pi-
lares. Dos dois procedimentos aı́ referidos descreve-se nestes apontamentos
o denominado método A.
A tabela 13 que se reproduz do EC1992-1-2 é aplicável a estruturas con-
traventadas – nós fixos – desde que sejam satisfeitas as seguintes regras:
52
- o valor da excentricidade de 1ª ordem, e1 , em situação de incêndio deve
ser e1 = M0Ed,f i/N0Ed,f i ≤ emax ;
53
a partir das seguintes expressões:
1,8
Rη,f i + Ra + Rl + Rb + Rn
R = 120 ×
120
1+ω
Rη,f i = 83 × 1, 00 − µf i 0, 85
( /α + ω)
Ra = 1, 6 × (a − 30)
Rl = 9, 6 × (5 − l0,f i )
Rb = 0, 09b0
Rn = 0 → a armadura ser constituı́da por um varão por canto: n = 4
Rn = 12 → o número de varões da armadura é superior: n ≥ 4
a → distância do centro das armaduras25mm ≤ a ≤ 80mm
l0,f i → comprimento efectivo de encurvadura 2m ≤ l0,f i ≤ 6m
2Ac
b0 = → no caso de secções circulares toma o valor do diâmetro
b+h
As fsyd
ω = → percentagem mecânica da armadura à temperatura ambiente
Ac fcd
αcc → coeficiente de redução da resistência do betão[0, 85 ↔ 1]
54
6.1 Profundidade de carbonização
Para a curva de incêndio normalizada a profundidade de carbonização é cal-
culada pelo EC 1995-1-2 [12] em função de dois valores, βo para exposição
numa só face e βn para várias faces expostas.
Os valores de βo e βn estão definidos na Tabela 14. A profundidade
de carbonização (ver Figura 36) é assim calculada em função do tempo de
incêndio ou carbonização, t em minutos:
Para exposição numa face a profundidade dcharo é dada por:
dchar,o = β0 × t (42)
dchar,n = βn × t (43)
Taxa de carbonização
Tipo de Madeira
βo βn
Conı́feras e Faia
Lamelada colada ρ ≥ 290 kg/m3 0,65 0,70
Madeira maciça ρ ≥ 290 kg/m3 0,65 0,80
Folhosas
Maciça ou lamelada colada ρ ≥ 290 kg/m3 0,65 0,70
Maciça ou lamelada colada ρ ≥ 450 kg/m3 0,50 0,55
A faia assume os mesmos valores que as conı́feras. Interpolar para
densidades com valores entre 290 kg/m3 e 450 kg/m3
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Figura 36: Profundidade de carbonização de referência
Referências
[1] Design Guide Structural Fire Safety CIBW14 Report, Fire Safety J.,
6(1) (1983).
[4] Fire Design of Steel Structures, Jean-Marc Franssen, Paulo Vila Real,
Ernst & Sohn, ISBN:978.3.433.60160.0, 2012.
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[5] Eurocode 3: Design of steel structures - Part 1-1: General rules and rules
for buildings. CEN –European Committee for Standardization, Brussels,
Dec 2003.
[6] Eurocode 3 - Design of steel structures - Part 1-2: General rules - Struc-
tural fire design. CEN –European Committee for Standardization, Brus-
sels, Dec 2003.
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