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CÁLCULO ESTRUTURAL EM SITUAÇÃO

DE INCÊNDIO
Rui de S. Camposinhos*
Novembro de 2014

Mestrado em Engenharia Civil

* rdc.isep@gmail.com

1
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2
Conteúdo
1 Introdução 5

2 Coeficientes parciais de segurança 6


2.1 Coeficientes para as Acções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Coeficientes para os Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3 Curvas de Incêndio 7

4 Resistência de Elementos em Aço 9


4.1 Temperatura crı́tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4.2 Evolução da Temperatura do Aço . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4.2.1 Elementos não protegidos . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.2.2 Elementos protegidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.3 Variação não uniforme da temperatura em elementos protegi-
dos sujeitos à flexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4.4 Verificação da segurança ao esforço transverso . . . . . . . . . 25
4.5 Exemplos de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.5.1 Perfil em tracção simples não protegido . . . . . . . . . 27
4.5.2 Viga IPE contraventada . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.5.3 Viga HEB contraventada . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5 Resistência de Elementos em Betão Armado 30


5.1 Distribuição da temperatura nas secções . . . . . . . . . . . . 30
5.2 Método da Isotérmica a 500 °C . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2.1 Redução da resistência das armaduras . . . . . . . . . 35
5.2.2 Determinação dos Esforços Resistente de Cálculo . . . 42
5.3 Exemplos de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.3.1 Laje para escritórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.3.2 Viga em betão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5.4 Valores Tabelados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.4.1 Lajes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
5.4.2 Vigas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.4.3 Pilares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

6 Resistência ao fogo de estruturas em madeira 54


6.1 Profundidade de carbonização . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.2 Determinação da capacidade resistente . . . . . . . . . . . . . 55
6.3 Exemplo de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3
Resumo
Neste documento apresentam-se os conceitos e técnicas de cálculo
essenciais para o dimensionamento de elementos estruturais em aço,
betão armado e em madeira sob a acção de incêndios.
Palavras-chave: Estabilidade estrutural e resistência ao fogo

Abstract

In this paper fire safety engineering and design of structural ele-


ments in steel, reinforced concrete and timber concepts and examples
is presented following mainly the relevante Eurocode standards.
Some application examples are also suggested and presented. Keywords:
fire structural resistance

4
1 Introdução
Ao longo de poucas páginas de texto pretende-se introduzir o engenheiro civil
nos conceitos fundamentais da análise de elementos estruturais sob a acção
do fogo. De uma forma geral o critério da verificação da segurança consiste
em satisfazer a seguinte condição:

Ed,f i − Rd,f i ≤ 1, 0 (1)

onde: Ed,f i – valor de cálculo do efeito das acções em caso de incêndio; Rd,f i –
valor de cálculo da resistência ou da capacidade de carga em caso de incêndio;
O comportamento ao fogo dos elementos estrutrais em aço, em betão
armado e em madeira é radicalmente distinto.
A verificação da segurança é apresentada assim de forma simples e espera-
se clara para que o engenheiro civil possa abordar esta complexa temática
sempre tendo presente que as abordagens da verificação da resistência à tem-
peratura ambiente são perfeitamente dominadas.

5
2 Coeficientes parciais de segurança
Tratando-se de uma situação acidental tanto para as acções como para os
valores das propriedades dos materiais as probabilidades de colapso são mai-
ores do que aquelas que se esperam em situação não acidentais. Refira-se que
em geral a probabilidade de rotura para situações de cálculo à temperatura
ambiente é de aproximadamente igual a 10−7 e no caso de edifı́cios correntes
em incêndios aquele valor pode aumentar para 10−4 [1].

2.1 Coeficientes para as Acções


Para a determinação do valor dos coeficientes parciais referentes ao efeito
das acções, i.e., das cargas nas estruturas definidos no EN 1990, podem
considerar-se dois modos de determinar o valor das cargas em situação de
incêndio:
1 Recorrendo à combinação de acções e coeficientes parciais preconizados
para situações de acidente;

2 O efeito das acções na estrutura em situação de incêndio é o que resulta


da multiplicação de um coeficiente ηf i pelo valor do efeito das acções
em estado limite último à temperatura ambiente;
No primeiro caso a combinação de acções é realizada a partir do valor ca-
racterı́stico das acções permanentes não majoradas nem reduzidas γf = 1, 0
adicionando o efeito do valor quase permanente das acções variáveis que é ob-
tido afectando o valor caracterı́stico do coeficiente de redução ψf i de acordo
com a Tabela 1 para as sobrecargas em edifı́cios do EC1 [2].

Tabela 1: Coeficientes de redução para combinações frequentes de acções ψf i

Sobrecargas em edifı́cios (ver EN 1991-1-1) ψ1 ψ2


Categoria A: zonas de habitação 0,5 0,3
Categoria B: zonas de escritórios 0,5 0,3
Categoria C: recintos públicos 0,7 0,6
Categoria D: zonas comerciais 0,7 0,6
Categoria E: Armazéns 0,9 0,8

No segundo caso o valor do efeito das acções em caso de incêndio pode


ser considerado igual a ηf i · Ed onde Ed é o valor de cálculo do efeito das
acções à temperatura ambiente e ηf i é dado pela expressão 2.

6
Gk + ψf i · Qk,1
ηf i = (2)
γG · Gk + γQ,1 · Qk,1
Ao valor de ηf i para uma dada situação de carga costuma designar-se por
grau de utilização. Na parte 1-2 do EC1 [10] existe a recomendação de usar
o valor de ψ1 pese embora nalguns paı́ses se recomende utilizar o valor de
ψ2 . Em geral a literatura aponta para ηf i um valor igual a 0,7, certamente
conservativo no caso de escritórios e habitações.

2.2 Coeficientes para os Materiais


O valor a considerar para os coeficientes parciais de segurança relativos aos
materiais em situação de incêndio é γM,f i = 1, 0.

3 Curvas de Incêndio
A prática corrente tem vindo a ser a de considerar que a maioria dos incêndios
é ”alimentado” por material combustı́vel maioritariamente de origem ce-
lulósica tendo sido adaptada, para estas situações, a expressão 3 que re-
laciona o tempo em minutos coma temperatura do ar durante a combustão
preconizada na norma ISO 834 [3].
θg = 20 + 345 × log(8t + 1) (3)
No entanto por esta curva de evolução de temperaturas não ter uma colagem à
realidade no que toca a estruturas que se encontram localizadas exteriormente
no EC2 [10] é proposta uma expressão menos penalizadora (expressão 4).
θg = 20 + 660 × 1 − 0, 687e−0,32t − 0, 313e−3,8t

(4)
Com o aumento do uso de derivados do petróleo e da indústria de plásticos
reconheceu-se que a curva da evolução das temperaturas da norma ISO 834 [3]
não correspondia à uma evolução adequada. Assim e nas circunstâncias
de exposição ao fogo em que as estruturas possam estar sob cargas cujos
constituentes sejam predominantemente de origem petroquı́mica a expressão
5 deve ser adoptada. À evolução das temperaturas dos gases a designação
”curva de hidrocarbonetos” é geralmente usada.

θg = 20 + 1100 × 1 − 0, 325e−0,1667t − 0, 204e−1,417t − 0, 471e−15,833t



(5)
As três curvas de evolução das temperaturas em C°em função do tempo em
minutos estão traçadas na figura 1

7
Figura 1: Evolução da temperatura do ar em função do tempo e do tipo de
incêndio

8
4 Resistência de Elementos em Aço
Na determinação da resistência dos elementos em aço a altas temperaturas
deve ter-se em conta a classificação das secções em função dos respectivos
critérios, i.e., esbelteza das paredes das secções transversais, resistência de
cálculo, capacidade de rotação e risco de encurvadura localizada, tal como se
preconiza no EC3 [5]. Os critérios de classificação aı́ expostos são válidos para
valores de temperatura ambiente. Para temperaturas elevadas, no entanto, a
classificação conforme a Tabela 5.2 do EC3 [5] deve ser obtida considerando
um valor reduzido para o coeficiente  dado por:
s
235
f i = 0, 85 (6)
fy

Tanto a resistência como o módulo de elasticidade do aço diminuem muito


e rapidamente com o aumento da temperatura. Estas reduções variam pouco
em função tipo do aço e do tipo de esforço.
A cerca de 700°C a resistência é de apenas 20% da resistência à tempera-
tura ambiente e o valor do módulo de elasticidade diminui praticamente 90%.
Na figura 2 adaptada do EC3 [6] apresentam-se os gráficos que correlacionam
os valores dos factores de redução dessas caracterı́sticas com o aumento de
temperatura do aço.
Os valores de ky,θ correspondentes à redução da tensão de cedência, fy
do aço, conforme figura 2 podem ser aproximados por uma expressão que é
sugerida pela versão belga do EC3 [6] que se indica:
 (θ − 482)/39, 19
−1/3,833
ky,θ = 0, 9674 × (e a + 1) ≤1 (7)

4.1 Temperatura crı́tica


Estando em presença de elementos estruturais da classe 1, 2 ou 3, não ha-
vendo que temer fenómenos de instabilidade admite-se que a rotura se atinge
em situação de incêndio quando e ou os esforços resistentes atingem o va-
lor dos esforços induzidos para a combinação de acções correspondente em
situação de incêndio. Ora esta condição ocorre quando o valor de ky,θ na
expressão (7) atinge o valor de ηf i na expressão (2). Assim, substituindo ηf i
por ky,θ na expressão (7) pode-se explicitar o valor da temperatura invertendo
esta expressão como segue:
 
1
θa,cr = 39, 19 × ln − 1 + 482 (8)
0, 9674 × ηf i 3,833

9
Figura 2: Valores do coeficiente de redução kθ das caracterı́sticas mecânicas
do aço em função da temperatura

10
Figura 3: Valores da Temperatura crı́tica em função do grau de utilização
ηf i

Ao valor da temperatura dado pela expressão 8 dá-se a designação de tem-


peratura crı́tica.
A expressão 8 é aplicável a elementos das classes 1, 2 e 3. Para elementos
da classe 4 deve tomar-se um valor constante e igual a 350°, conforme se
ilustra no gráfico da figura 3.

4.2 Evolução da Temperatura do Aço


Dado o elevado valor da condutividade térmica do aço admite-se, como se
prevê na parte 1.2 do EC3, que a distribuição de temperatura num perfil é
uniforme. Nas seguintes secções dão-se indicações que permitem determinar
a evolução da temperatura do aço recorrendo a ábacos ou tabelas.

11
4.2.1 Elementos não protegidos
Nestes termos o EC3 [6] indica de forma explicita o aumento de temperatura,
uniforme, num perfil não protegido ∆θa,t , nos seguintes termos:

Am /V
∆θa,t = ksh · ḣnet,d · ∆t (9)
ca · ρa
onde:

ksh − factor de correcção para o efeito de sombra que depende da forma da secção
Am − área do perfil exposta ao fogo por unidade de comprimento, m2 /m
V − Volume do perfil por unidade de comprimento m3 /m
Am /V − factor de massividade da secção do perfil (≥ 10m−1 )
ca − calor especı́fico do aço, J/kg · K
ρa − peso especı́fico do aço, 7850/kg · m3
ḣnet,d − densidade de fluxo de calor por unidade de área W/m2
∆t − intervalo de tempo, (≤ 5s))

A tabela 4.2 da parte 1-2 do EC3 [6] apresenta vários valores para o factor de
massividade Am /V de diversos perfis. Para perfis com secções com secção em
I, ou outras formas de secção côncava, sujeitos a evolução de temperaturas
nominais, o factor de correcção para o efeito de sombra, ksh é dado por:
   
Am Am
ksh = 0, 9 × ÷ (10)
V b V

onde AVm b é um coeficiente de forma que corresponde à massividade do


 

perfil se o mesmo contivesse um perı́metro envolvente de secção rectangular


(Figura) 4. Nos restantes casos o valor de ksh é dado por:
   
Am Am
ksh = ÷ (11)
V b V

A expressão 9 não deve ser utilizada para perfis com factor de emissividade
Am/V de valor inferior a 10 m−1 pelo facto de que, sendo os perfis muito

maciços não seria possı́vel assumir uma distribuição uniforme da temperatura


no seu volume.
O valor da densidade de fluxo de calor por unidade de área é dado pela
soma de duas componentes, uma devida à convecção ḣnet,c e outra devida à
radiação ḣnet,r , sendo:
ḣnet,c = αc (θg − θm ) (12)

12
 Am 
Figura 4: Definição do factor de forma V b

ḣnet,r = Φ · εf · εm × 5, 67 × 10−8 × (θr + 273)4 − (θm + 273)4


 
(13)
onde:

αc − coeficiente de transmissão de calor por convecção, W/m2


θg − temperatura dos gases no compartimento de incêndio
θm − temperatura do perfil metálico
Φ − factor de configuração – igual à unidade de acordo com o EC1
εm − emissividade da superfı́cie do perfil metálico
εf − emissividade das chamas

O coeficiente de transmissão de calor por convecção, αc , deve tomar um valor


igual a 25 W/m2 quer quando se considerar a curva incêndio padrão ou a
curva para incêndios exteriores. Para a curva de incêndio de hidrocarbonetos
o seu valor deve ser tomado igual a 50 W/m2 . Nos modelos de incêndios
naturais o valor deste coeficiente deve ser tomado igual a 35 W/m2 .
O valor da emissividade dos perfis metálicos, εm deve ser tomado igual a
0,7 para o aço carbono e igual a 0,4 para o aço inox. O valor da emissividade
das chamas, εf , deve tomar o valor unitário.
O calor especı́fico do aço ca pode ser tomado com um valor aproximado de
600 J/kg.K. Para cálculos mais rigorosos o EC3 indica os seguintes valores

13
do calor especı́fico do aço em função da temperatura, θa , nos seguintes termos:

20°C ≤ θa < 600°C


−1
ca = 425 + 7, 73 × 10 θa − 1, 69 × 10−3 θa2 + 2, 22 × 10−6 θa3 [J/kg K]

600°C ≤ θa < 735°C


ca = 666 + 13002/(738 − θa ) [J/kg K]

735°C ≤ θa < 900°C


ca = 545 + 17820/(θa − 731) [J/kg K]

900°C ≤ θa < 1200°C


ca = 650C [J/kg K]

A partir da equação 9 é possı́vel determinar por processos iterativos a


evolução da temperatura dos perfis de aço em função do tempo de incêndio,
ou em alternativa determinar a factor de massividade em função da duração
do incêndio.
Na tabela 2 apresentam-se os valores calculados por P. Vila Real et al. [4]
para a temperatura do aço não protegido quando sujeito à curva de incêndio
ISO 834.

Tabela 2: Temperatura do aço não protegido exposto à curva ISO 834 de


incêndio para diferentes valores o factor ksh Am /V [m−1 ]

Duração ksh Am /V [m−1 ]


min. 10 15 20 25 30 40 60 100 200 300 400
0 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
1 21 22 23 24 24 26 29 34 48 61 73
2 25 27 29 31 33 38 46 62 100 133 162
3 29 33 37 41 45 53 68 97 161 214 259
4 33 40 46 52 59 71 94 136 226 296 351
5 39 48 57 65 74 90 122 178 291 373 430
6 45 57 68 79 90 111 151 221 354 441 494
7 51 66 80 94 108 133 181 265 413 498 545
8 58 76 93 110 126 156 213 308 466 545 584
9 65 86 106 126 144 180 245 351 512 583 615
10 73 97 120 142 164 204 277 392 552 614 640
11 80 108 134 159 183 229 309 432 587 640 660
Continua na próxima página
14
Tabela 2 – Continuação da página anterior
Duração ksh Am /V [m−1 ]
min. 10 15 20 25 30 40 60 100 200 300 400
12 88 119 149 177 204 253 340 469 616 662 678
13 97 131 164 195 224 278 372 503 641 680 693
14 105 143 179 213 244 303 402 535 663 695 705
15 114 155 194 231 265 328 432 565 682 708 716
16 122 167 210 249 286 353 460 591 697 718 725
17 131 180 225 268 307 377 487 615 710 727 732
18 140 193 241 286 328 401 513 638 721 733 736
19 150 206 257 305 348 425 538 658 729 737 743
20 159 218 273 323 369 448 561 676 734 743 754
21 168 232 289 342 389 470 583 692 738 754 767
22 178 245 305 360 409 491 604 706 744 767 780
23 188 258 321 378 429 512 623 717 754 780 790
24 197 271 337 396 448 532 641 726 767 791 799
25 207 284 353 414 467 552 658 732 780 801 807
26 217 298 369 432 485 570 674 735 792 809 813
27 227 311 385 449 503 588 688 739 803 816 820
28 237 324 401 466 521 604 701 746 813 823 826
29 247 338 416 482 538 621 712 756 821 829 831
30 257 351 431 498 554 636 721 767 828 835 837
31 267 364 446 514 570 651 728 780 835 840 842
32 277 377 461 530 585 665 733 793 841 845 847
33 288 391 476 545 600 678 736 805 846 850 852
34 298 404 490 559 614 690 740 816 851 855 856
35 308 416 504 574 628 701 745 827 856 860 861
36 318 429 518 587 641 711 753 836 861 864 865
37 329 442 532 601 654 719 763 844 866 868 870
38 339 454 545 614 666 726 774 852 870 873 874
39 349 467 558 626 677 731 786 859 874 877 878
40 359 479 570 638 688 734 798 865 878 881 882
41 369 491 582 650 698 737 810 871 882 884 885
42 379 503 594 661 707 740 822 876 886 888 889
43 389 514 606 672 716 746 832 881 890 892 893
44 399 526 617 683 722 752 842 885 893 895 896
45 409 537 628 692 728 761 852 889 897 899 900
46 419 548 639 701 732 771 860 894 900 902 903
47 429 559 650 709 735 781 868 897 904 906 906
48 439 570 660 717 737 792 875 901 907 909 910
Continua na próxima página

15
Tabela 2 – Continuação da página anterior
Duração ksh Am /V [m−1 ]
min. 10 15 20 25 30 40 60 100 200 300 400
49 449 580 670 723 740 803 882 905 910 912 913
50 458 590 679 728 744 814 888 908 914 915 916
51 468 600 688 732 750 825 894 911 917 918 919
52 477 610 697 734 757 835 899 915 920 921 922
53 487 620 704 736 765 845 904 918 923 924 925
54 496 629 711 739 774 854 908 921 926 927 928
55 505 638 718 743 784 863 913 924 928 930 930
56 514 648 723 747 794 872 917 927 931 932 933
57 523 656 728 753 804 880 920 930 934 935 936
58 532 665 731 760 814 887 924 933 937 938 938
59 541 673 734 768 825 894 927 935 939 940 941
60 549 681 736 777 834 901 931 938 942 943 944
61 558 689 738 786 844 907 934 941 944 946 946
62 566 696 741 796 853 912 937 943 947 948 949
63 574 703 744 805 862 917 940 946 949 950 951
64 583 709 749 815 871 922 942 948 952 953 953
65 591 715 755 824 879 927 945 951 954 955 956
66 598 720 761 834 887 931 948 953 957 958 958
67 606 725 769 843 894 935 950 956 959 960 960
68 614 728 776 852 901 939 953 958 961 962 963
69 622 731 785 861 907 943 955 960 963 964 965
70 629 734 793 869 914 946 958 963 966 967 967
71 636 735 802 877 919 949 960 965 968 969 969
72 644 737 811 885 925 953 963 967 970 971 971
73 651 739 820 893 930 956 965 969 972 973 973
74 658 742 829 900 935 958 967 971 974 975 975
75 665 745 837 906 939 961 969 973 976 977 977
76 671 750 846 913 944 964 972 975 978 979 979
77 678 755 855 919 948 966 974 978 980 981 981
78 684 760 863 925 952 969 976 980 982 983 983
79 690 767 871 930 955 971 978 982 984 985 985
80 696 773 879 935 959 974 980 984 986 987 987
81 702 780 886 940 962 976 982 985 988 989 989
82 707 788 893 945 966 978 984 987 990 991 991
83 712 795 900 949 969 980 986 989 992 992 993
84 716 803 907 954 972 983 988 991 993 994 995
85 720 811 914 958 974 985 990 993 995 996 996
Continua na próxima página

16
Figura 5: Temperatura em função do factor de massividade modificado
ksh Am /V [m−1 ] e durações em minutos para elementos não protegidos consi-
derando a curva ISO 834 de incêndio [4]

Tabela 2 – Continuação da página anterior


Duração ksh Am /V [m−1 ]
min. 10 15 20 25 30 40 60 100 200 300 400
86 724 819 920 961 977 987 992 995 997 998 998
87 727 827 926 965 980 989 993 997 999 1000 1000
88 730 835 931 969 982 991 995 998 1001 1001 1002
89 732 843 937 972 985 993 997 1000 1002 1003 1003
90 734 851 942 975 987 995 999 1002 1004 1005 1005

Nas figuras 5 e 6 apresentam-se nomogramas adaptados dos valores pro-


postos por P. Vila Real et al. [4].

4.2.2 Elementos protegidos


A utilização de material com caracterı́sticas de elevado isolamento térmico
como protector de elementos estruturais em aço em que se requeira resistência
mı́nima de 30 minutos tem sido e é uma prática corrente. O material de
protecção pode ser utilizado sob a forma de revestimento aderente ou em

17
Figura 6: Temperatura em função da duração para diferentes factores de mas-
sividade ksh Am /V [m−1 ] em elementos não protegidos considerando a curva
ISO 834 de incêndio [4]

18
forma de caixão. Existem no mercado 3 categorias ou tipos de material
consoante a forma como se apresentam:

ˆ em espuma ”spray”

ˆ em chapas ou placas

ˆ em tinta intumescente

A norma EN 1993-1-2 apresenta um método de cálculo simplificado para a


avaliar a evolução da temperatura de elementos em aço quando protegidos
com materiais isolantes.
O aumento de temperatura segundo o EC3 [6] num perfil protegido ∆θa,t ,
é dado pela expressão 14:

λp Ap /V (θg,t − θa,t )
· ∆t − eφ/10 − 1 · ∆θg,t

∆θa,t = (14)
dp ca ρa (1 + φ/3)

Na expressão 14 a condição ∆θg,t > 0 ⇒ ∆θa,t ≥ 0 tem de ser observada,


uma vez que qualquer valor que corresponda a um decréscimo de temperatura
no aço deve ser substituı́do por um valor nulo. O valor de φ corresponde
à quantidade de calor armazenada na camada de protecção e é dado pela
expressão.
dp ca ρp Ap
φ= · (15)
ca ρ a V
sendo os seguintes significados para os termos das expressões:

Ap /V − factor de massividade da do perfil protegido (≥ 10m−1 )


V − Volume do perfil por unidade de comprimento m3 /m
Ap − área da superfı́cie interior da protecção (m2 /m)
λp − Condutividade térmica da protecção (W/m2 · K)
dp − espessura do material de protecção, m
ρa − peso especı́fico do material de protecção, kg · m3
cp − calor especı́fico da protecção, J/kg · K
ca − calor especı́fico do aço, J/kg · K
ρa − peso especı́fico do aço, 7850/kg · m3
∆t − intervalo de tempo, (≤ 30s))

Para protecções leves pode considerar-se o valor de φ dado pela equação 15


é nulo. Uma protecção é considerada leve quando:

19
º
ura[
Temperat C]

Fact
ordes
ecçãomodi
fi
cado-

Figura 7: Temperatura em função do factor [Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ] para


diferentes durações em elementos protegidos para a curva ISO 834 [4]

ca ρ a V
dp Ap cp ρp < (16)
2
podendo considerar-se ca = 600 J/(kg · K).
Sendo em geral desprezável o valor do calor especı́fico do material de
protecção cp pode considerar-se o valor de φ = 0 e nesta base apresentam-se
nomogramas desenvolvidos por P. Vila Real et al. [4] para a curva nominal
de incêndio ISO 834 considerando intervalos de tempo de 10 segundos.
Na tabela 3 apresentam-se os valores calculados por P. Vila Real et al. [4]
para a temperatura do aço protegido quando sujeito à curva de incêndio ISO
834. Os valores estão referenciados ao factor já referido [Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ].

20
Tabela 3: Temperatura do aço protegido exposto à curva ISO 834 de
incêndio para diferentes valores do factor [Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ]

Duração [Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ]


min. 100 200 300 400 600 800 1000 1500 2000
0 20 20 20 20 20 20 20 20 20
5 24 27 31 35 41 48 55 71 86
10 29 38 46 54 70 85 100 133 164
15 35 49 62 75 100 123 145 194 237
20 41 61 79 97 130 160 189 251 305
25 47 72 96 118 159 197 231 305 366
30 54 84 113 140 188 232 271 354 421
35 60 97 130 161 216 266 309 400 470
40 67 109 147 181 244 298 346 442 514
45 74 121 163 202 270 329 380 481 554
50 80 133 179 222 296 359 413 516 589
55 87 145 196 241 321 387 443 549 621
60 94 156 211 261 345 414 472 578 650
65 100 168 227 279 368 440 499 606 676
70 107 180 242 298 391 465 525 631 699
75 114 191 258 316 412 488 549 655 717
80 120 202 273 333 433 510 571 676 729
85 127 214 287 350 453 531 592 695 735
90 134 225 302 367 472 552 612 712 742
95 140 236 316 383 491 571 631 724 755
100 147 247 330 399 509 589 649 732 773
105 153 258 343 415 526 606 666 736 793
110 160 268 357 430 542 623 682 742 815
115 166 279 370 445 558 638 696 753 838
120 173 289 383 459 573 654 709 767 859
125 179 299 395 473 588 668 719 783 880
130 186 310 408 486 602 681 727 801 899
135 192 320 420 500 616 694 733 820 918
140 198 330 432 512 629 705 736 839 935
145 205 339 444 525 642 715 740 858 950
150 211 349 455 537 654 723 746 876 964
155 217 359 466 549 665 729 755 893 978
160 223 368 477 560 677 733 766 910 990
165 230 377 488 572 687 736 778 925 1002
170 236 387 498 582 697 739 792 940 1013
Continua na próxima página

21
Tabela 3 – Continuação da página anterior
Duração [Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ]
min. 100 200 300 400 600 800 1000 1500 2000
175 242 396 509 593 706 744 807 954 1023
180 248 404 519 603 714 751 821 967 1032
185 254 413 528 613 721 759 836 979 1041
190 260 422 538 623 727 769 851 991 1049
195 266 431 548 633 731 780 866 1001 1057
200 272 439 557 642 734 792 880 1012 1064
205 277 447 566 651 736 804 894 1021 1071
210 283 455 575 660 738 817 907 1031 1078
215 289 464 583 668 742 830 920 1039 1084
220 295 472 592 677 747 843 933 1048 1090
225 301 479 600 685 753 856 945 1056 1096
230 306 487 608 692 760 869 956 1063 1101
235 312 495 616 699 768 881 967 1070 1107
240 318 502 624 706 777 893 978 1077 1111

Os valores das propriedades térmicas para diferentes materiais de pro-


tecção são apresentados na tabela4.
Para os materiais em que o calor armazenado não é desprezı́vel os nomo-
gramas da figura 7 e figura 8 podem ser utilizados desde que se entre com
um factor massa corrigido dado por:
Ap λp 1
· (17)
V dp 1 + φ/2

4.3 Variação não uniforme da temperatura em elemen-


tos protegidos sujeitos à flexão
O valor de cálculo do momento flector resistente de um elemento estrutural
em situação de incêndio, num dado instante, t pode ser calculado tendo em
conta que a variação da temperatura não é uniforme. Esta situação pode
ocorrer em vigas que recebem lajes em betão, ou em vigas contı́nuas não
protegidas junto dos apoios. O valor deste momento resistente, Mf i,t,Rd em
secções da classe 1 ou classe 2, é calculado a partir do valor do momento
resistente de um elemento cuja secção se encontre sujeita a uma distribuição

22
Tabela 4: Propriedades térmicas de materiais de protecção

Material Densidade T. Humi- Condut. Calor


(kg/m3 ) dade (%) térmica Espec.
(W/mK) (J/kg.K)
fibra mineral 300 1 0,12 1200
cimento de vermiculite 350 15 0,12 1200
perlite 350 15 0,12 1200
vermiculite e cimento (alta 550 15 0,12 1100
densidade)
vermiculite e gesso (alta 650 15 0,12 1100
densidade)
vermiculite ou perlite em 800 15 0,20 1200
placas
silicato fibroso em placas 600 3 0,15 1200
placas de fibroimento 800 5 0,15 1200
placas de gesso 800 20 0,20 1700
placas silicato fibroso, lã mi- 150 2 0,20 1200
neral
Betão 2300 4 1,60 1000
Betão leve 1600 5 0,80 840
Blocos de betão 2200 8 1,00 1200
Tijolo cerâmico vazado 1000 – 0,40 1200
Tijolo cerâmico maciço 2000 – 1,20 1200

23
Figura 8: Temperatura em função da duração para diferentes factores
[Ap /V ][λp /dp ][W/Km3 ] em elementos protegidos para a curva ISO 834 [4]

24
Figura 9: Valores de k1 a aplicar na expressão 18

uniforme de temperatura, θa num dado instante t numa secção que se encon-


tre a uma gradiente de temperatura não uniforme:
Mf i,θ,Rd
Mf i,t,Rd = (18)
k1 · k2
em que:
– Mf i,θ,Rd é o valor do momento flector resistente associado a uma secção
com distribuição uniforme de temperatura;
– k1 = 1 para vigas expostas em todas as faces;
– k1 = 0, 85 para vigas expostas em 3 faces recebendo laje de betão (ver
Fig 9);
– k1 = 0, 70 para vigas protegidas em 3 faces recebendo laje de betão
(ver Fig 9);
– k2 = 1 para vigas simplesmente apoiadas;
– k2 = 0, 85 para vigas com continuidade sobre os apoios;

4.4 Verificação da segurança ao esforço transverso


O valor de cálculo da resistência ao esforço transverso em situação de incêndio,
Vf i,Sd de uma da secção deve verificar a condição:
Vf i,Sd
≤1 (19)
Vf i,Rd

25
Figura 10: Geometria tipo de uma secção de um perfil metálico

sendo o valor de Vf i,Rd dado por:


γM 0
Vf i,Rd = ky,θ · VRd (20)
γM,f i

VRd – Esforço resistente de cálculo do esforço transverso à temperatura


ambiente;

ky,θ – Factor de redução da tensão de cedência do aço à temperatura θ.

O valor de VRd é dado por:


Aν · fy
VRd = √ (21)
γM 0 3
com a área de corte dado por:

Aν = A − 2b · tf + (tw + 2r) · tf para perfis I ou H;

Aν = A − 2b · tf + (tw + r) · tf para perfis U

com as designações dadas na Figura 10.

26
4.5 Exemplos de aplicação
4.5.1 Perfil em tracção simples não protegido
Considere um perfil HEA200 em aço S275 projectado para resistir a um
esforço de tracção simples cujo valor de cálculo é de NSd =1200 kN. Tratando-
se de um elemento não protegido situado no interior de um edifı́cio, verifique
se para uma curva nominal de incêndio ISO 834 o perfil pode ser considerado
da classe R30. Considere um grau de utilização ηf i = 0, 65.

Figura 11: caracterı́sticas geométricas e propriedades da secção – HEA 200

4.5.2 Viga IPE contraventada


Considere uma viga IPE 300 em aço S235 simplesmente apoiada com 4 metros
de vão que recebe uma laje em betão protegendo-a pelo banzo superior em
caso incêndio. Assumindo que em situação de incêndio a carga de cálculo
uniformemente distribuı́da é qf i,Ed = 33, 8 kN/m, verifique se é necessário e
qual a espessura a dar às chapas de protecção em fibrocimento para conferir
à viga uma classe de resistência ao fogo R90.

27
Figura 12: caracterı́sticas geométricas e propriedades da secção – IPE 300

4.5.3 Viga HEB contraventada


Considere um piso realizado com vigas HEB 400 em aço S275 simplesmente
apoiadas com 8 metros de vão. As vigas estão afastadas de 7,5 m rece-
bendo a carga da laje em betão. O piso é destinado a escritórios. O valor
caracterı́stico das acções é o seguinte:Gk = 3 kN/m2 ; Qk = 4 kN/m2 .

ˆ Verifique se as vigas estando desprovidas de qualquer protecção são da


classe R30.

ˆ Impondo-se uma reclassificação das vigas para a classe R90 dimensione


a espessura a dar às placas de revestimento em perlite ou em vermiculite
que vão constituir a protecção eventualmente necessária.

28
Figura 13: caracterı́sticas geométricas e propriedades da secção – HEB 400

29
5 Resistência de Elementos em Betão Armado
O cálculo de estruturas de betão armado sob a acção do fogo segundo o
EC2 [10] pode ser realizado por três métodos ou processos distintos.
O método mais simplificado consiste em recorrer a valores tabelados.
Há, contudo, métodos mais rigorosos que recorrem a cálculos que, embora
aproximados, e.g., o método da Isotérmica dos 500° e o método das Fatias ou
das Zonas tendo por base hipóteses simplificativas permitem que a avaliação
da segurança seja prudentemente adequada.
Uma terceira abordagem com recurso a métodos avançados simulando o com-
portamento da estrutura ou partes dela recorrendo a modelos de elementos
finitos que se encontra em franco desenvolvimento permite simular vários
cenários de incêndio é utilizada em ambientes de investigação e permite en-
contrar soluções mais exactas.
Nas secções seguintes apresentam-se os métodos que embora admitindo
hipóteses simplificativas são adequados à generalidade das situações.

5.1 Distribuição da temperatura nas secções


A alteração das propriedades do betão em função da temperatura está conve-
nientemente tratada em várias publicações, designadamente no EC 1992-1-2.
Nesta norma são dadas as expressões que permitem avaliar, a massa es-
pecı́fica, o calor especı́fico, a condutividade e a correspondente difusividade
térmica, ac dos betões que é dada por:

ac = λc /(ρcc ) (22)

sendo, λc a condutividade térmica, ρ a massa especı́fica e cc o calor especı́fico.


Para qualquer destas propriedades é decisivo saber se se trata de um
betão com inertes siliciosos ou com inertes calcários e ou se se trata de um
betão leve ou de densidade normal.
Segundo os estudos de Schneider [8] os intervalos de variação dos valo-
res da difusividade térmica do betão, ac situam-se de acordo com as zonas
definidas na figura 14 que se reproduz.
Se considerarmos os valores recomendados pelo EC 1992-1-2 [10], λc =
1, 60 W/m°C, cc = 1000J/kg°C e ρ = 2400kg/m3 o valor da difusividade vem
igual a ac = 0, 67 × 10− 6m2 /s.
Este valor é relativamente elevado quando comparado com os valores
sugeridos por outros autores, e.g.,0, 4177 × 10− 6m2 /s segundo Wickström e
0, 52 × 10− 6m2 /s sugerido por Hertz.

30
Figura 14: Variação da Difusividade do betão com a temperatura [ [?]

As temperaturas numa dada secção são determinadas de acordo com o


fluxo de calor em ambas as direcções x e y, ou apenas numa conforme se
trate de lajes ou de vigas ou pilares.
Segundo Wickström [9] o valor do aumento da temperatura, ∆θ num ele-
mento betão de densidade média submetido a uma curva de incêndio nominal
pode ser encontrado a partir das seguintes expressões consoante se trate de
fluxos uniaxiais ou biaxiais.
Para fluxos de calor uniaxiais:

∆θ = nx nw ∆θf (23)

Para fluxos biaxiais:

∆θxy = (nw (nx + ny − 2nx ny ) + nx ny )∆θf (24)

sendo, nw , nx e ny dados por:

nw = 1 − 0.0616 × t−0,88
nx = 0, 18 × ln ux − 0, 81 (25)
ny = 0, 18 × ln uy − 0, 81

31
onde:
at
ux =
ac x 2
at
uy =
ac y 2
Nestas expressões a simbologia aplicada é a seguinte:
– t tempo em horas;

– x e y profundidade em metros a que se pretende calcular a temperatura;

– a difusividade do betão em consideração em [m2 /s];

– ac valor de referência para a difusividade do betão 0, 417 × 10−6 [m2 /s]


Se se considerar que ac = a ter-se-á:
t
nx = 0, 18 × ln − 0, 81
x2
t
ny = 0, 18 × ln 2 − 0, 81
y
De notar que o aumento da temperatura na superfı́cie exposta do betão é
dado por
∆θ = nw ∆θf (26)
O EC 1992-1-2 [10] disponibiliza diagramas, obtidos a partir das ex-
pressões anteriores que permitem uma rápida avaliação do aumento da tem-
peratura no interior de uma dada secção de betão.
Assim apresentam-se os perfis de temperaturas em lajes com espessura
total igual a 200 mm, representados na Figura 15 para perı́odos entre 60 e
240 minutos.
Para as secções de vigas e pilares apresentam-se as isotérmicas tendo em
conta a simetria das secções rectangulares com os valores de h e b em mm.
Na figura 16 as temperaturas dizem respeito a um perı́odo de 30 minutos em
função da distância à face exposta.
Na figura 17 as temperaturas dizem respeito a perı́odos de 30 e 60 minutos
em função da distância à face exposta.
Estes diagramas foram retirados do EC2 [10]. Nesta parte do Eurocódigo
encontram-se para as mesmas dimensões (300x160) as isotérmicas para 90
minutos. Também se encontram as isotérmicas para secções com h × b =
600 × 300 mm para 60, 90 e 120 minutos. Para secções com com h × b =
800×500 são disponibilizadas as isotérmicas para 90, 120, 180 e 240 minutos.

32
Figura 15: Perfis de temperatura em lajes

Figura 16: Perfis de temperatura em vigas 150x80 para 30 minutos

33
Figura 17: Perfis de temperatura em vigas 300x160 para 30 e 60 minutos

5.2 Método da Isotérmica a 500 °C


Trata-se de um método proposto por Anderberg [7] na sequência do resultado
de inúmeros ensaios de elementos em flexão simples. É um método válido
desde que se cumpram valores mı́nimos para a largura da secção para uma
exposição ao fogo standard (Tabela 5) ou no caso de curva paramétricas nas
situações em que o factor de abertura O seja superior a O ≥ 0, 14 m1/2
(Tabela 6).

Tabela 5: Larg. m. da secção – Isotérmica 500 – Curva ISO

Resistência ao fogo R60 R90 R120 R180 R240


Largura mı́nima da secção [mm] 90 120 160 200 250

Tabela 6: Larg. m. da secção – Isotérmica 500 – Curva paramétrica

Carga de Incêndio [MJ/m2 )] 200 300 400 600 800


Largura mı́nima da secção [mm] 100 140 160 200 240

Os cálculos são realizados partindo da hipótese de que quando betão se


encontre a temperaturas inferiores a 500°C mantém a sua capacidade resis-

34
tente igual à da temperatura ambiente. A posição da linha da temperatura a
500 °C, x500 pode ser determinada como proposto por Anderberg [7] através
da expressão 27:
 0,5
a t
x500 = 0,417×10−6 × eζ (27)
com
∆θx
ζ = (0,18×n w ·∆θf )
+ 4, 5

O valor de nw é obtido de acordo com a expressão 25 e o valor da difu-


sividade do betão, a = 0, 417 × 10−6 , o que mais se aproxima dos valores do
EC 1992-1-2. A expressão é aplicável para a temperatura ambiente igual a
20°C, a curva de incêndio nominal ISO 834 referida ao intervalo de tempo t
em horas.
Na tabela 7 comparam-se os valores da profundidade da linha isotérmica a
500°Cobtidos por Wickström para diferentes valores da difusividade do betão
com os que são indicados pelo EN1992-1-2, para um aumento de temperatura
∆θx = 480°C. A representação destes valores é também apresentada em
gráfico na Figura18
De forma a se poder determinar no mesmo diagrama as secções efecti-
vas em betão, assumindo o critério dos 500°C o EC 1992-1-2 disponibiliza
diagramas de limite deste valor de temperatura para diferentes intervalos de
tempo. Na Figura 19 apresentam-se estes diagramas a 500 °C para vigas com
h × b = 300 × 160.
De igual modo também se disponibilizam para secções quadrangulares na
figura 20 e para pilares circulares na Figura 21, as isotérmicas para 500 °C
para 30, 60, 90 e 120 minutos.
A linha de temperatura dos 500 °C está representada esquematicamente
na figura 22 para secções expostas em 3 faces. Para secções de vigas ou
pilares expostas ou fogo em 4 faces a linha dos 500 °C está representada na
figura 23.
Como se pode reparar nas figuras 22 e 23 as linhas de contorno arredondas
podem ser por uma questão de simplicidade tratadas como sendo quebradas
a 90 °.

5.2.1 Redução da resistência das armaduras


Os factores de redução para a resistência das armaduras são obtidos a partir
de expressões ou directamente de tabelas. Para os casos mais correntes de
elementos de betão armado com armaduras ordinárias, os factores de redução
dependem do valor da extensão do aço, s,f i . Quando a extensão na armadura

35
Tabela 7: Valores da profundidade da Isotérmica a 500 °C [mm]

t [a × 10−6 m/s2 ]
min 0,417 0,520 0,670 EC2
10 2,4 2,7 3,0 2
20 7,5 8,4 9,5 7
30 12,0 13,4 15,2 10
40 15,9 17,7 20,1 13
50 19,4 21,7 24,6 16
60 22,7 25,3 28,8 21
70 25,8 28,8 32,7 24
80 28,7 32,0 36,3 27
90 31,4 35,1 39,8 30
100 34,0 38,0 43,2 33
110 36,6 40,8 46,4 35
120 39,0 43,6 49,4 37
130 41,4 46,2 52,4 39
140 43,6 48,7 55,3 41
150 45,9 51,2 58,1 43
160 48,0 53,6 60,9 44
170 50,1 56,0 63,5 46
180 52,2 58,2 66,1 48
190 54,2 60,5 68,6 50
200 56,1 62,7 71,1 52
210 58,0 64,8 73,6 54
220 59,9 66,9 75,9 56
230 61,8 69,0 78,3 58
240 63,6 71,0 80,6 60

36
Figura 18: Isotérmicas a 500°C– Valores comparativos

Figura 19: Isotérmicas a 500°C em vigas 300x160 para 30 e 60 e 90 minutos

37
Figura 20: Isotérmicas a 500°C em pilares 300x300 mm para 30 e 60 e 90 e
120 minutos

Figura 21: Isotérmicas a 500°C em pilares circulares D=300 mm para 30 e


60 e 90 e 120 minutos

38
Figura 22: Secção reduzida de uma viga ou pilar com exposição ao fogo em
3 faces

Figura 23: Secção reduzida de uma viga ou pilar com exposição ao fogo em
4 faces

39
é s,f i < 2%, tem-se o conjunto de expressões 28:

20° ≤ θ < 100


ks (θ) = 1
100° ≤ θ < 400
θ − 400
ks (θ) = 0, 7 − 0, 3 ×
300
400° ≤ θ < 500
θ − 500
ks (θ) = 0, 57 − 0, 13 ×
100
500° ≤ θ < 700 (28)
θ − 700
ks (θ) = 0, 10 − 0, 47 ×
200
700° ≤ θ ≤ 1200
1200 − θ
ks (θ) = 0, 10 ×
500
Sendo a extensão na armadura é s,f i ≥ 2%, tem-se as expressões 29:

20° ≤ θ < 400


ks (θ) = 1
400° ≤ θ < 500
θ − 500
ks (θ) = 0, 78 − 0, 22 ×
200
500° ≤ θ < 600
θ − 600
ks (θ) = 0, 47 − 0, 31 ×
100
600° ≤ θ < 700
θ − 700
ks (θ) = 0, 23 − 0, 24 × (29)
100
700° ≤ θ ≤ 800
θ − 800
ks (θ) = 0, 11 ×
100
800° ≤ θ ≤ 1200
1200 − θ
ks (θ) = 0, 11 ×
400

O resultado gráfico deste conjunto de expressões está representado nas


figura 24.
Para armaduras de pré-esforço reproduz-se os gráficos do EC2 [10] na
Figura 25.

40
Figura 24: Valor do coeficiente ks (θ) de redução da tensão caracterı́stica do
aço (Classe N) em tracção ou em compressão

Figura 25: Valor do coeficiente ks (θ) de redução da tensão caracterı́stica do


aço (Classe X) de pré-esforço

41
Figura 26: Bloco de tensões e forças resultantes numa secção rectangular em
situação de incêndio

5.2.2 Determinação dos Esforços Resistente de Cálculo


Fazendo referencia à Figura 26, tem-se que, de acordo com a parte 1-1 do
EC2 [11], a profundidade do bloco de tensões é dada por λx, sendo x a
profundidade da linha neutra e λ é dado por:
fck − 50
λ = 0, 8 − ≤ 0, 8 (30)
200
e a resistência do betão é igual a ηfcd com o valor de η dado por:
fck − 50
η = 1, 0 − ≤ 1, 0 (31)
200
as situações, sendo a capacidade resistente de uma secção dado por :

Mu1 + Mu2 (32)

onde Mu1 é devido à contribuição das armaduras traccionadas e Mu2 à das


armaduras em compressão.
O valor de Mu1 é naturalmente obtido:

Mu1 = As1 · fsd,f i (θm ) · z (33)

sendo a percentagem mecânica da armadura, wk dada por:

As1 · fsd,f i (θm )


wk = (34)
bf i df i fcd(20)

42
O valor da participação no momento resistente proporcionado pela armadura
de compressão eventualmente presente é: O valor de Mu1 é naturalmente
obtido:
Mu1 = As2 · fscd,f i (θm ) · z 0 (35)
Os valores de fscd,f i (θm e fsd,f i (θm correspondem às tensões nas armaduras
de compressão e tracção respectivamente, reduzidas pela temperatura do aço
considerando um valor médio θm da temperatura para um dado nı́vel de
posição da armadura.
Se a armadura está disposta em mais do que um nı́vel, vide Figura27, o
valor médio do coeficiente de redução da resistência, k(ϕ)fsd,f i , e o valor da
distância efectiva do centro de gravidade das armaduras, am , à face exposta
são dados respectivamente por:
P
[ks (θi ) · fsd,i · Ai ]
k(ϕ)fsd,f i = P (36)
Ai
P
[ai · ks (θi ) · fsd,i · Ai ]
am = (37)
ks (θi ) · fsd,i · Ai

Tratando-se de armaduras com os mesmos valores de tensão caracterı́stica as


expressões acima simplificam-se:
P
[ks (θi ) · Ai ]
k(ϕ) = P (38)
Ai
P
[ai · ks (θi ) · Ai ]
am = (39)
ks (θi ) · Ai

43
Figura 27: Distancias, ai , para calcular a distância am na expressão 39

5.3 Exemplos de aplicação


5.3.1 Laje para escritórios
Considere uma laje do corredor de um escritório, conforme Figura 28, sim-
plesmente apoiada com 2,7 m de vão dimensionada para as seguintes acções
gravı́ticas:
– peso próprio: 25 kN/m3 ;
– revestimentos: 1 kN/m2 ;
– sobrecarga: 2 kN/m2 (ψ1 = 0, 3).

Figura 28: Elementos e dados de cálculo– laje para escritório

Verifique se a laje pode ser classificada como R120 quando submetida à curva
de incêndio nominal ISO-834.

44
5.3.2 Viga em betão
Considere uma viga de betão armado simplesmente apoiada que vence um
vão de 11 metros. Além do peso próprio (25 kN/m3 ) a viga foi dimensionada
para receber duas cargas pontuais de 260 kN cada dispostas simetricamente
(ψ1 = 0, 3) como se indica na figura 29. A viga é realizada com betão da
classe C30/37 e aço S500.

Figura 29: Perfil longitudinal – Viga Exemplo

A secção transversal a meio vão da viga está representada na Figura 30.

Figura 30: Elementos e dados de cálculo– Viga

Verifique em que classe de resistência ao fogo pode ser classificada a viga


quando submetida à curva de incêndio nominal ISO-834 exposta ao fogo nas
duas faces laterais e na face inferior.

45
Na Tabela 8 apresentam-se os valores parcelares para o cálculo do valor
do Momento Resistente da secção.

Tabela 8: Exemplo – Momento Resistente, MRd,f i


t a bf i Fs,tot Fsc Fcc x MR1 MR2 MRd,f i
k(ϕ) k(ϕ0 )
[mm] [mm] [mm] (MN) (MN) (MN) [mm] (kNm) (kNm) (kNm)
30 1,00 100 1,00 426 3,217 1,256 1,960 191,7 1319,9 835,7 2156
60 1,00 100 0,96 404 3,217 1,207 2,009 207,2 1340,5 803,1 2144
90 0,97 101 0,88 388 3,121 1,108 2,012 216,1 1333,2 735,9 2069
120 0,94 102 0,82 372 3,024 1,029 1,995 223,4 1313,8 682,4 1996
180 0,76 106 0,72 346 2,445 0,909 1,535 184,9 1028,6 599,6 1628
240 0,60 109 0,55 322 1,930 0,687 1,243 160,8 841,0 450,9 1292
k(ϕ0 ) corresponde à armadura de compressão com a0 = 85 mm constante.

5.4 Valores Tabelados


Os valores tabelados que se encontram no EC2 [10] têm por base evidências
empı́ricas confirmadas por testes experimentais e validações teóricas. Os
valores apresentados foram deduzidos com base em pressupostos simples e
conservadores.
Os valores tabelados podem ser aplicados a betões com inertes siliciosos
com peso especı́fico entre 2000 Kg/m3 e 2600 Kg/m3 .
No caso dos betões com inertes calcários ou de agregados leves as di-
mensões mı́nimas exigidas podem ser reduzidas até 10%.
Os valores tabelados consideram um valor do coeficiente de redução, ηf i =
0, 70 para as cargas em estado limite último.
Por forma a assegurar uma distância adequada das armaduras traccio-
nadas à face exposta, as tabelas do EC2 [10] consideram para temperatura
crı́tica nas armaduras um valor de θcr = 500°C.
Esta hipótese corresponde a aproximadamente a ter Ed,f i = 0, 7 × Ed ,
γs = 1, 15 e um nı́vel de tensão instalado nas armaduras ordinárias [σs,f i /fyk ]
de cerca de 60%.
No caso de armaduras pré-esforçadas a temperatura crı́tica para varões
é tomada com um valor igual a θcr = 400°C e no caso de cordões e fios
θcr = 350°C.
Esta hipótese corresponde a aproximadamente a ter Ed,f i = 0, 7 × Ed ,
fp0,1k /fpk = 0, 9, γs = 1, 15 com um nı́vel de tensão instalado nas armaduras
ordinárias σs,f i /fyk = 55%.
Para elementos pré-esforçados os valores tabelados, da distância mı́nima
exigida entre a face exterior e o eixo das armaduras, devem ser aumentados
do seguinte modo:

46
hs=h1+h2 hs=h1+h2

1 - bet
ão;2 - reves
t.nãocombus
tível
,3 - reves
t.(
acús
tico)combus
tível

Figura 31: Lajes com diferentes espessuras de acabamentos

ˆ 10 mm no caso de varões pré-esforçados, correspondendo a θcr = 400°C;

ˆ 20 mm no caso de cordões e fios, correspondendo a θcr = 350°C.

5.4.1 Lajes
A resistência ao fogo de lajes em betão armado ou pré-esforçado pode ser
considerada adequada desde que sejam satisfeitos os valores indicados na
Tabela 5.8 do EC2 [10] que se reproduzem na Tabela 9 respeitantes a lajes
simplesmente apoiadas armadas numa ou em duas direcções.
Os valores mı́nimos aı́ referidos para a espessura das lajes, hs = h1 +
h2 , incluem a espessura da camada de acabamento, cf. Figura 31. Estes
valores mı́nimos permitem assegurar o desempenho das lajes no que respeita
à estanqueidade e isolamento às chamas. Na verificação da Resistência só
é relevante a espessura h1 que resulta do dimensionamento estrutural.
Os valores da tabela 9 também se aplicam à espessura dos banzos das
lajes nervuradas de secção em forma de T ou duplo TT. No caso de lajes
armadas em duas direcções o valor de a diz respeito à distância à armadura
mais próximo da superfı́cie exposta.
Como se indica no EC 1992 os valores inferiores ou iguais a 15 mm para
a distância, a, do eixo das armaduras à face exposta, são inferiores aos que
resultam do critério de verificação do recobrimento mı́nimo das armaduras
para os estados limites de utilização.
No caso de lajes com vãos de continuidade se o coeficiente de distribuição
de momentos à temperatura ambiente for superior a 15% deve considerar-
se como sendo simplesmente apoiadas. Tratando-se de lajes fungiformes
maciças os valores mı́nimos a observar estão reproduzidos na Tabela 10.

47
Tabela 9: Lajes - Espessuras e distâncias mı́nimas das armaduras à face
exposta

Dimensões mı́nimas
[mm]
Classe Distância ao eixo, a
Espessura da laje
Armadas
hs [mm] Armadas
em duas direcções
numa direcção
ly /lx ≤ 1, 5 1, 5 ≤ ly/lx ≤ 2
REI 30 60 10 10 10
REI 60 80 20 10 15
REI 90 100 30 15 20
REI 120 120 40 20 25
REI 180 150 55 30 40
REI 240 175 65 40 50

Figura 32: Definição das dimensões das secções para diferentes tipos de viga

5.4.2 Vigas
Os valores das tabelas 5.5, 5.6 do EC2 [10] que aqui se reproduzem na Tabela
11 e Tabela 12 referem-se a vigas simplesmente apoiadas e vigas contı́nuas
expostas ao fogo em 3 faces. Os sı́mbolos usados nas tabelas encontram-se
definidos na Figura 32.
Para valores de bmin superiores aos indicados nas colunas 4 e 5 (a som-
breado) da Tabela 11 não há necessidade de considerar o aumento de 10 mm
do valor de a.
No caso de armaduras com as mesmas resistências caracterı́sticas mecânicas
fyk ou fpk dispostas em mais do que uma camada (Figura 33) a distância
média am não deverá ser inferior ao valor a indicado nas tabelas. O valor da

48
Tabela 10: Lajes fungiformes - Espessuras e distâncias mı́nimas das arma-
duras à face exposta

Dimensões mı́nimas
Classe [mm]
Espessura Distância
da Laje, hs ao eixo, a
REI 30 150 10
REI 60 180 15
REI 90 200 25
REI 120 200 35
REI 180 200 45
REI 240 200 50

Figura 33: Definição das dimensões das secções para diferentes tipos de viga

distância média ao eixo das armaduras deve ser determinado de acordo com
a expressão:
P
As1 a1 + As2 a2 + . . . Asn an Asi ai
am = = P (40)
As1 + As2 + . . . Asn Asi
Na expressão 40 se a armadura da secção for constituı́da por aços com dife-
rentes resistências no lugar de Asi deve usar-se Asi fyki e ou Asi fpki . Nestas
situações é recomendável recorrer a métodos de cálculo.
Para valores de bmin superiores aos indicados nas colunas 3, 4 e 5 da
Tabela 12 não há necessidade de considerar o aumento de 10 mm do valor
de a.
Os valores apresentados nas tabelas são aplicáveis a vigas cujas secções
se apresentam na Figura 34 e dispensam a verificação da resistência ao corte
e à torção.

49
Tabela 11: Dimensões mı́nimas e distância ao eixo – vigas simplesmente
apoiadas (Tabela 5.5 do EC2) [10]

Dimensões mı́nimas
[mm]
Classe
Combinações de a e bmin Espessura da alma
1 2 3 4 5 AW WB WC
bmin = 80 bmin =120 bmin =160 bmin =200
R30 80 80 80
a = 25 a=20 a=15 a=15
bmin =120 bmin =160 bmin =200 bmin =300
R60 100 80 100
a=40 a=35 a=30 a=25
bmin =150 bmin =200 bmin =300 bmin =400
R90 110 100 100
a=55 a=45 a=40 a=35
bmin =200 bmin =240 bmin =300 bmin =500
R120 130 120 120
a=65 a=60 a=55 a=50
bmin =240 bmin =300 bmin =400 bmin =600
R180 150 150 140
a=80 a=70 a=65 a=60
bmin =280 bmin =350 bmin =500 bmin =700
R240 170 170 160
a=90 a=80 a=75 a=70
asd = a +10 mm - distância ao eixo à face lateral de varões de canto

(
1) (
2) (
3)

Figura 34: Definição das dimensões das secções para diferentes tipos de viga

No que se refere à figura 34 e para vigas de alma com largura variável valor
mı́nimo de b deve ser medido ao nı́vel do centro de gravidade das armaduras.
No caso de vigas com secção em I com almas de dimensões diferentes o
valor da altura efectiva deve ser def f = d1 + d2 ≥ bmin sendo bmin o valor
da largura da viga de acordo com a Tabela 5.7 do EC2 que não se reproduz
neste texto.
Tanto a tabela 5.5 como a tabela 5.6 apresentam os valores mı́nimos da
distância do eixo das armaduras para o topo inferior e faces expostas em
conjunto com valores mı́nimos da largura da viga quando sujeito a curva
normalizado de incêndio e considerando classes de resistência R30 a R 240.

50
Tabela 12: Dimensões mı́nimas e distância ao eixo – vigas contı́nuas (Tabela
5.6 do EC2) [10]

Dimensões mı́nimas
[mm]
Classe
Combinações de a e bmin Espessura da alma
1 2 3 4 5 AW WB WC
bmin = 80 bmin =160
R30 80 80 80
a = 15 a=12
bmin =120 bmin =200
R60 100 80 100
a=25 a=12
bmin =150 bmin =250
R90 110 100 100
a=35 a=55
bmin =200 bmin =300 bmin =450 bmin =500
R120 130 120 120
a=45 a=35 a=35 a=30
bmin =240 bmin =400 bmin =550 bmin =600
R180 150 150 140
a=60 a=50 a=50 a=40
bmin =280 bmin =500 bmin =650 bmin =700
R240 170 170 160
a=75 a=60 a=60 a=50
asd = a +10 mm - distância ao eixo à face lateral de varões de canto

Vigas contı́nuas A tabela 5.6 só é aplicável se a) forem observadas dis-


posições construtivas especı́ficas (ver expressão 5.11 do EC2 [10] e b) a redis-
tribuição de momentos à temperatura ambiente não for superior a 15%. De
outro modo as vigas contı́nuas devem ser tratadas como se fossem simples-
mente apoiadas.
A armadura superior referente aos momentos negativos na zona dos apoios
intermédios para classes R90 e superiores, deve para uma distância igual a
0, 3lef f (ver secção 5 do EC2 [11]) medida a partir do eixo dos apoios deve
satisfazer a seguinte condição (ver figura 35:
x 
As ≥ As,req (0) · 1 − 2, 5 (41)
lef f
onde:

x − distância da secção ao centro do apoiox ≤ 0, 3lef f


As,req (0) − área da armadura sobre o apoio
As,req (x) − área da armadura à distância (x) do apoio
lef f − maior valor da distância entre apoios ou dos vãos adjacentes

51
Figura 35: Envolvente dos momentos flectores resistentes na zona dos apoios
em situação de incêndio

Vigas expostas nas 4 faces No caso de vigas expostas em todas as faces


a Tabela 11 e a Tabela 12 (5.5 e 5.6 do EC2 [10]) podem ser aplicadas desde
que:

- A altura da vigas não seja inferior à largura mı́nima exigida para a classe
ou perı́odo de resistência em causa;

- A área da secção transversal deve ser Ac ≥ 2 × b2min com o calor de bmin


das tabelas correspondentes.

5.4.3 Pilares
O EC2 disponibiliza também tabelas para a verificação da segurança de pi-
lares. Dos dois procedimentos aı́ referidos descreve-se nestes apontamentos
o denominado método A.
A tabela 13 que se reproduz do EC1992-1-2 é aplicável a estruturas con-
traventadas – nós fixos – desde que sejam satisfeitas as seguintes regras:

- o comprimento de encurvadura do pilar segundo o EC2 [2] deve ser l0,f i ≤


3 m;

52
- o valor da excentricidade de 1ª ordem, e1 , em situação de incêndio deve
ser e1 = M0Ed,f i/N0Ed,f i ≤ emax ;

- A percentagem geométrica da armadura deve satisfazer a condição As <


0, 04 × Ac .

Tabela 13: Dimensões mı́nimas da secção de pilares bmin e distâncias, a ao


eixo das armaduras (Tabela 5.2a do EC2) [10]

Dimensões mı́nimas [mm]


(bmin /a)
Classe
Exposição
Exposição em várias faces
face única
µf i =0,2 µf i =0,5 µf i =0,7 µf i =0,7
200/32
R 30 200/25 200/25 155/25
300/27
R 60 200/25 200/36 250/46 155/25
300/31 350/40
R 90 200/31 155/25
300/45 350/53
300/25 400/38
R 120 450/40 155/25
250/40 350/45
350/57
R 180 350/35 450/40 175/35
450/51
350/45 350/63 230/55
R 240 450/70
350/61 450/75 295/70
 Mı́nimo de 8 varões. Para armaduras pré-esforçadas o valor de a
deve ser aumentado cf. 4.2.2 (4) do EC 1992-1-2

No caso de estruturas contraventadas o comprimento de encurvadura l0,f i


pode ser tomado igual a 0, 5l para pisos intermédios e 0, 5l ≤ l0,f i ≤ 0, 7 para
o piso superior onde l é a altura do pilar medida entre eixos de pavimentos.
N
Os valores de µf i = NEd.fRd
i
na Tabela 13 em que NEd.f i é o valor de
cálculo do esforço axial em situação de incêndio e NRd é o valor de cálculo
da resistência à temperatura ambiente podem ser tomados como sendo os
valores de ηf i dado pela expressão 2.
Poderão ser adoptados valores diferentes dos apresentados na Tabela 13)

53
a partir das seguintes expressões:
 1,8
Rη,f i + Ra + Rl + Rb + Rn
R = 120 ×
120
 
1+ω
Rη,f i = 83 × 1, 00 − µf i 0, 85
( /α + ω)
Ra = 1, 6 × (a − 30)
Rl = 9, 6 × (5 − l0,f i )
Rb = 0, 09b0
Rn = 0 → a armadura ser constituı́da por um varão por canto: n = 4
Rn = 12 → o número de varões da armadura é superior: n ≥ 4
a → distância do centro das armaduras25mm ≤ a ≤ 80mm
l0,f i → comprimento efectivo de encurvadura 2m ≤ l0,f i ≤ 6m
2Ac
b0 = → no caso de secções circulares toma o valor do diâmetro
b+h
As fsyd
ω = → percentagem mecânica da armadura à temperatura ambiente
Ac fcd
αcc → coeficiente de redução da resistência do betão[0, 85 ↔ 1]

6 Resistência ao fogo de estruturas em ma-


deira
Ao contrário das estruturas em betão, de aço ou estruturas mistas aço-betão
os procedimentos de cálculo para o caso da madeira é mais simples.
O cálculo desenvolve-se em duas etapas. A primeira corresponde a calcular
a espessura da carbonização e a segunda etapa a determinar a resistência
da secção residual. De facto não há necessidade de calcular a distribuição
da temperatura num elemento uma vez que a sua resistência é determinada
com base na capacidade da secção que se mantém resistente i.e. sem a parte
carbonizada.
A parte da secção não carbonizada mantém a resistência da madeira com o
aumento da temperatura por este ser relativamente reduzido e não afectar as
caracterı́sticas mecânicas da madeira e portanto a sua capacidade resistente.
Na Tabela 14 apresentam-se os valores das taxas de carbonização.

54
6.1 Profundidade de carbonização
Para a curva de incêndio normalizada a profundidade de carbonização é cal-
culada pelo EC 1995-1-2 [12] em função de dois valores, βo para exposição
numa só face e βn para várias faces expostas.
Os valores de βo e βn estão definidos na Tabela 14. A profundidade
de carbonização (ver Figura 36) é assim calculada em função do tempo de
incêndio ou carbonização, t em minutos:
Para exposição numa face a profundidade dcharo é dada por:

dchar,o = β0 × t (42)

Para os casos de exposição ao fogo em várias faces a expressão é equivalente:

dchar,n = βn × t (43)

Tabela 14: Taxas de Carbonização - EC 1995-1-2 [12]

Taxa de carbonização
Tipo de Madeira
βo βn
Conı́feras e Faia 
Lamelada colada ρ ≥ 290 kg/m3 0,65 0,70
Madeira maciça ρ ≥ 290 kg/m3 0,65 0,80
Folhosas
Maciça ou lamelada colada ρ ≥ 290 kg/m3 0,65 0,70
Maciça ou lamelada colada ρ ≥ 450 kg/m3 0,50 0,55
 A faia assume os mesmos valores que as conı́feras. Interpolar para
densidades com valores entre 290 kg/m3 e 450 kg/m3

6.2 Determinação da capacidade resistente


Tanto a rigidez dos elementos como a resistência das secções para o estado
limite em situação de incêndio têm por base, não os usuais valores carac-
terı́sticos correspondentes ao quantilho de 5% no caso de se estar com tem-
peraturas ambiente, mas a quantilho de maior valor.
Com o valor caracterı́sitico assim definido (quantilho inferior igual a 20%)
o valor de cálculo é obtido multiplicando o valor caracterı́stico por um coe-
ficiente kf i que toma os seguintes valores:
(
1, 25 para madeira maciça
kf i =
1, 15 para madeira lamelada colada

55
Figura 36: Profundidade de carbonização de referência

6.3 Exemplo de aplicação


Um pavimento com vigas em madeira conı́fera ”sofwood” de secção rectan-
gular 75 × 250 mm2 vencem, simplesmente apoiadas, um vão de 4,5 m. As
vigas estão afastadas entre si 0,60 m recebendo uma carga uniformemente
distribuida permanente de 0,2 kPa e uma carga variável de 2,5 kPa (φ = 0, 3).
Considere que a madeira apresenta uma valor caracterı́stico à flexão (quan-
tilho inferior de 20%) igual a 27,5 MPa.
Verifique se as vigas satisfazem a classe de resistência ao fogo R30.

Referências
[1] Design Guide Structural Fire Safety CIBW14 Report, Fire Safety J.,
6(1) (1983).

[2] Eurocode 1: Actions on structures. Part 1-1: General actions. Densities,


self-weight, imposed loads for buildings, CEN –European Committee for
Standardization, Brussels, 2009.

[3] ISO 834-1:1999, Fire-resistance tests - Elements of building construction


- Part 1: General requirements, ICS 13.220.50, Sep 1999.

[4] Fire Design of Steel Structures, Jean-Marc Franssen, Paulo Vila Real,
Ernst & Sohn, ISBN:978.3.433.60160.0, 2012.

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[5] Eurocode 3: Design of steel structures - Part 1-1: General rules and rules
for buildings. CEN –European Committee for Standardization, Brussels,
Dec 2003.

[6] Eurocode 3 - Design of steel structures - Part 1-2: General rules - Struc-
tural fire design. CEN –European Committee for Standardization, Brus-
sels, Dec 2003.

[7] Anderberg, Y. (1978b) Analytical fire engineering design of reinfor-


ced concrete structures based on real fire characteristics, in Procee-
dings of the Eighth Congress of the Fédération Internationale de la
Précontrainte, London, 1978, Concrete Society, London, pp. 112-23.

[8] Schneider, U. Properties of materials at High Temperatures: Concrete,


2nd Ed. RILEM Report. kassel: Gesamthochschule.

[9] , Wickström, U. (1986) A very simple method for estimating temperatu-


res in fire exposed structures, in New Technology to Reduce Fire Losses
and Costs (eds S.J. Grayson and D.A. Smith), Elsevier Applied Science,
London, pp. 186-94.

[10] EN 1992-1-2 ”Eurocode 2: Design of concrete structures - Part 1-2:


General rules - Structural fire design”. CEN –European Committee for
Standardization, Brussels, Dec 2003.

[11] EN 1992-1-2 ”Eurocode 2: Design of concrete structures - Part 1-1:


General rules and rules for buildings”. CEN –European Committee for
Standardization, Brussels, Dec 2003.

[12] EN 1995-1-2:2004 Eurocode 5: Design of timber structures - Part 1-2:


General - Structural fire design, CEN –European Committee for Stan-
dardization, Brussels, 2004.

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