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Itinerário da fé Católica de sempre

Faz parte de uma antiquíssima tradição na Igreja dividir a


vida espiritual em três idades (também chamadas de graus
ou vias), correspondentes ao estágio em que se encontra
uma alma no desenvolvimento da virtude da caridade
(cf. S. Th., II-II, q. 24, a. 9). Há, assim: (i) a via purgativa,
dos principiantes; (ii) a via iluminativa, dos progredidos;
e (iii) a via unitiva, dos perfeitos.

Para tanto, além de considerar as três idades da vida


interior, cabe recorrer à linguagem do sacerdote
dominicano Réginald Garrigou-Lagrange, que fala
também de três conversões a abrir cada uma das fases do
caminho de perfeição.
Em que consiste a primeira conversão? A primeira
conversão é um despertar da alma para a eternidade, cair
em si de que, de verdade, existe céu, inferno, o pecado é
real, o pecado é a fonte de todo mal, desgraça da vida
humana. Reconhecer-se pecador.

O símbolo da escada é muito usado na espiritualidade


cristã. Pela "escada" subimos até Deus e descemos até aos
irmãos. Deus desce até nós e nós subimos até Ele. Vamos
meditar sobre os três degraus da vida espiritual, conhecido
também como três etapas, três vias da espiritualidade
cristã.

1. A via purgativa. É a etapa da purificação do coração,


do combate ao pecado, da constante conversão. A etapa
purgativa, significa limpeza, penitência, noites escuras,
provações e chama-se também de ascese. Quer dizer, a
subida até Deus, requer o desapego criaturas, e a
descoberta de quem somos nós e de quem é Deus. A via
purgativa se caracteriza pela dor, vergonha,
arrependimento pelos pecados. Há uma compreensão da
gravidade, do perigo, da crueldade do pecado, com o
desejo de crescer, melhorar, santificar-se.

A ascese, a via purgativa equivale ao tomar a cruz de cada


dia, entrar pela porta estreita, renunciar-se a si mesmo,
adquirir sensibilidade espiritual com o desejo de ser livre
do mal. Esta purificação atinge o entendimento, a vontade,
a memória. Trata-se de ordenar os afetos desordenados,
trabalhar o defeito principal, suportar tentações, aceitar
provações, adquirir forças para agir contra o que afasta de
Deus.

Via purgativa é arrumar a casa, trabalhar o ego profundo,


curar feridas. Passa-se por experiências de desânimo,
desolação, aridez. É necessário muita oração, leitura e
direção espiritual, confissão para que seja extirpada a raiz
do mal. Os frutos desta etapa são: o conhecimento de si,
aproximação de Deus, amor ao próximo, humildade,
crescimento nas virtudes.

É a etapa da purificação do coração, do combate ao


pecado, da constante conversão. A etapa purgativa,
significa limpeza, penitência, noites escuras, provações e
chama-se também de ascese. Quer dizer, a subida até
Deus, requer o desapego às criaturas, e a descoberta de
quem somos nós e de quem é Deus. A via purgativa se
caracteriza pela dor, vergonha, arrependimento pelos
pecados. Há uma compreensão da gravidade, do perigo, da
crueldade do pecado, com o desejo de crescer, melhorar,
santificar-se.
O início do caminho da purificação é cheio de entusiasmo
e alegria. A alma descobriu o companheiro de sua alma.
Cristo está constantemente em seus pensamentos e
afazeres. As alegrias se tornam mais efusivas e as coisas
dolorosas menos dolorosas. A princípio a alma acha um
gosto extraordinário em todas as coisas exteriores que
considera santificadas pela presença de Cristo: a
organização humana da Igreja, as funções litúrgicas, a
música, a união da comunidade,... Entra-se, então, por
caminhos de generosidade para com as coisas de Deus e
para com os outros, com um correspondente esquecimento
próprio. É normal que muitos parem neste primeiro
estágio da via da purificação, ou porque não têm
orientação na Confissão ou porque se dão por
"satisfeitos"...

O que progride entra por caminhos de contrição pelas


ofensas a Deus (próprias e alheias), a vontade de lutar
contra os próprios defeitos e ganhar virtudes, e a
preocupação por cumprir a vontade de Deus a cada
instante do dia, numa busca por agradá-Lo mais e mais.
Quando se avança na via da purificação a alma ganha
delicadeza e sensibilidade, e aí costuma vir a desilusão
com realidades desconcertantes: uma desunião na
comunidade, a descoberta de defeitos humanos em um
Sacerdote, um escândalo qualquer, uma arbitrariedade por
parte de um Bispo num assunto de governo da Diocese ...
Esta alma descobre que há uma vertente humana associada
às coisas divinas. Se trata-se de uma alma superficial,
perderá a amizade que já tinha por Cristo ou procurará
outra religião; mas há aquela que aprende a lição de que a
divindade não está nas coisas terrenas, a verdadeira alegria
não está em coisas exteriores. Esta continua no caminho,
crescendo em delicadeza de alma e em vida
interior.Seguem-se as desilusões interiores: a constatação
da falta de força de vontade na luta contra os próprios
defeitos, do medo ao sacrifício, do apego às coisas
materiais, da falta de sensações e "recompensas" na oração
e na Comunhão...
Se trata-se de uma alma orgulhosa, teremos então um
desiludido, um amargo pessimista das coisas espirituais;
há, entretanto, outra que, humilhando-se, aprende a lição
de que deve desiludir-se de si mesma, entendendo que
nada pode sozinha e que é um zero à esquerda. Enfrenta o
fato de que deve ser Cristo quem deve ser tudo. Começa
então a conhecer sua ignorância e sua fragilidade, a
descobrir o seu espantoso egocentrismo e a sua auto-
complacência. Aprende a não esperar nada em
reciprocidade e a esvaziar-se de si mesma. Vê que não há
nela bem algum fora de Cristo, Ele deve ser tudo e ela
nada. Ainda aqui, há o risco de desistir de prosseguir por
causa de uma falsa humildade que a leva ao
convencimento de que não merece avançar.
A ascese, a via purgativa equivale a tomar a cruz de cada
dia, entrar pela porta estreita, renunciar-se a si mesmo,
adquirir sensibilidade espiritual com o desejo de ser livre
do mal. Esta purificação atinge o entendimento, a
vontade, a memória. Trata-se de ordenar os afetos
desordenados, trabalhar o defeito principal, suportar
tentações, aceitar provações, adquirir forças para agir
contra o que afasta de Deus.

Via purgativa é arrumar a casa, trabalhar o ego profundo,


curar feridas. Passa-se por experiências de desânimo,
desolação, aridez. É necessário muita oração, leitura e
direção espiritual, Confissão, para que seja extirpada a raiz
do mal. Os frutos desta etapa são: o conhecimento de si,
aproximação de Deus, amor ao próximo, humildade,
crescimento nas virtudes.

A alma verdadeiramente humilde confirma-se na via da


purificação e se lança à uma nova via, a da Iluminação.

O CASTELO INTERIOR graus de santidade, Santa Teresa


(A) Ausência total de vida cristã
São as almas dos pecadores endurecidos, que vivem
habitualmente em estado de pecado, sem preocupar-se em
sair dele. A maior parte deles peca por ignorância ou
fragilidade, mas não faltam os que se entregam ao pecado
por uma fria indiferença ou até por obstinada e satânica
malícia. Em alguns casos, verifica-se ausência total de
remorso e voluntária supressão de toda oração ou recurso
a Deus.
(B) Verniz cristão
Pecado mortal: Considerado como de pouca de
importância ou facilmente perdoável. Essas almas se
colocam imprudentemente em todo tipo de ocasião de
pecado e sucumbem com a maior facilidade a qualquer
tentação.
Práticas de piedade: Missa dominical, freqüentemente
omitida por pretextos fúteis; confissão anual – omitida às
vezes – feita rotineiramente, sem espírito interior, sem
ânimo de sair definitivamente do pecado. Às vezes,
algumas orações vocais sem atenção e sem verdadeira
piedade, pedindo sempre bens temporais, saúde, riquezas,
bem-estar.
Via purgativa: caridade incipiente
Quando a alma começa a desejar com toda sinceridade
viver de forma cristã, entra na via purgativa, também
chamada de primeiro grau da caridade. Suas disposições
fundamentais são descritas por Santo Tomás do seguinte
modo: “No primeiro grau, a preocupação fundamental do
homem é a de apartar-se do pecado e de resistir às
inclinações da concupiscência, que se movem em sentido
contrário à caridade. E isto é próprio dos principiantes,
que a caridade deve ser alimentada e fomentada para que
não se corrompa”. Vejamos agora os graus em que se
podem subdividir essa via purgativa, primeiro grau da
caridade:
1. As almas crentes (primeiras moradas de Santa Teresa)
Pecado mortal: Pouco combatido, mas sincero
arrependimento e verdadeiras confissões. Com freqüência
se colocam em ocasiões de pecado voluntariamente.
Pecado venial: Nenhum esforço para evitá-lo. Se lhe dá
pouquíssima importância.
Práticas de piedade: As preceituadas pela Igreja, com
algumas omissões. Às vezes, algumas práticas supra-
rogatórias.
Oração: Puramente vocal, poucas vezes e com muitas
distrações. Pedidos humanos, voltados aos interesses
temporais, raramente de ordem espiritual.
2. As almas boas (segundas moradas)
Pecado mortal: Sinceramente combatido. Às vezes se
colocam em ocasiões de pecado, ao que se segue alguma
queda. Sincero arrependimento e pronta confissão.
Pecado venial: Às vezes, plenamente deliberado. Luta
débil, arrependimento superficial, recaídas constantes na
murmuração, etc.
Práticas de piedade: Freqüência aos sacramentos
(primeiras sextas, festas principais, etc.). Às vezes, missa
diária, mas com pouca preparação. Rosário em família,
omitido com facilidade.
Oração: Em geral, orações vocais. Às vezes, algum
momento de meditação, mas com pouca fidelidade e
muitas distrações voluntárias.
3. As almas piedosas (terceiras moradas)
Pecado mortal: Raríssima vez. Vivo arrependimento,
confissão imediata, são tomadas precauções para evitar as
recaídas
Pecado venial: Sinceramente combatido. Exame particular,
mas com pouca constância e escasso fruto.
Práticas de piedade: Missa e comunhão diárias, mas com
certo espírito de rotina. Confissão semanal, com escassa
emenda dos defeitos. Rosário em família. Visita ao
santíssimo. Via crucis semanal, etc.
Oração: Meditação diária, mas sem grande empenho em
fazê-la bem. Muitas distrações. Omissão fácil, sobretudo
quando surgem aridez ou ocupações, que se poderiam
evitar sem faltar aos deveres do próprio estado. Com
freqüência, oração afetiva, que tende a simplificar-se cada
vez mais. Começa a noite dos sentidos, como caminho
para a via iluminativa.
Via iluminativa: caridade proficiente
Quando a alma se decide a empreender uma vida
solidamente piedosa e a adiantar-se no caminho da virtude,
significa que entrou na via iluminativa. Sua principal
preocupação, segundo Santo Tomás, é crescer e adiantar-
se na vida cristã, aumentando e inflamando a caridade.
Subdivide-se em três graus:
4. As almas incandescentes (quartas moradas)
Pecado mortal: Nunca. No máximo, algumas surpresas
violentas e imprevistas. Nestes casos, pecado mortal
duvidoso, seguido de um vivíssimo arrependimento,
confissão imediata e penitências reparatórias.
Pecado venial: Séria vigilância para evitá-lo. Raramente
deliberado. Exame particular orientado seriamente para
combatê-lo.
Imperfeições: A alma evita examinar-se detalhadamente
acerca das imperfeições, para não se ver obrigada a
combatê-las. Ama a abnegação e a renúncia de si mesmo,
mas até certo ponto e sem empreender grandes esforços
Práticas de piedade: Missa e comunhão diárias com
fervorosa preparação e ação de graças. Confissão semanal
diligentemente praticada. Direção espiritual encaminhada
ao adiantamento no caminho da virtude. Terna devoção à
Virgem Maria.
Oração: Fidelidade na oração, apesar da aridez e da secura
da noite do sentido. Oração de simples olhar, como
transição para as orações contemplativas. Em momentos
de particular intensidade, oração de recolhimento infuso e
quietude.
5. As almas relativamente perfeitas (quintas moradas)
Pecado venial: Deliberadamente nunca. Alguma vez por
surpresa ou com pouca advertência. Vivamente chorado e
seriamente reparado.
Imperfeições: Reprovadas seriamente, combatidas de
coração para agradar a Deus. Alguma vez deliberadas, mas
rapidamente deploradas. Atos freqüentes de abnegação e
de renúncia. Exame particular encaminhado ao
aperfeiçoamento de uma determinada virtude.
Práticas de piedade: Cada vez mais simples e menos
numerosas, mas praticadas com ardente amor. A caridade
vai tendo uma influência cada vez mais intensa e atual em
tudo o que faz. Amor à solidão, espírito de desapego, ânsia
de amor a Deus, desejo do Céu, amor à cruz, zelo
desinteressado, fome e sede da comunhão.
Oração: Vida habitual de oração, que vem a constituir
como que a respiração da alma. Oração contemplativa de
união. Com freqüência, purificações passivas e
epifenômenos místicos.
Via unitiva: caridade perfeita
Quando a vida de oração constitui como que o fundo e a
respiração habitual de uma alma, inclusive no meio de
suas ocupações e deveres do próprio estado, que cumpre
fielmente; quando a íntima união com Deus e o
encaminhamento ao cume da perfeição cristã constitui o
objetivo supremo da sua vida, a alma entra na vida unitiva.
Sua preocupação fundamental, segundo Santo Tomás de
Aquino, é unir-se a Deus e gozar d’Ele. Esta via se
subdivide nos seguintes graus principais:
6. As almas heróicas (sextas moradas)
Imperfeições: Deliberadas nunca. Às vezes, impulsos
semi-advertidos, mas rapidamente rechaçados;
Práticas de piedade: Cumprem com fidelidade cuidadosa
todas as existentes em seu estado e condição de vida, mas
se preocupam somente em unir-se cada vez mais
intimamente com Deus. Desprezo de si mesmo até o
esquecimento; sede de sofrimentos e tribulações (“ou
padecer ou morrer”); penitências duríssimas e ânsia de
total imolação pela conversão dos pecadores.
Oferecimento como vítimas.
Oração: Dons sobrenaturais de contemplação quase
habitual. Oração de união muito perfeita, com freqüência
extática. Purificações passivas, noite do espírito.
Desposório espiritual. Fenômenos concomitantes e graças
gratis dadas.
7. Os grandes santos (sétimas moradas)
Imperfeições: Apenas aparentes
Práticas de piedade: Em realidade se reduzem ao exercício
do amor. “Que já só o amar é o meu exercício” (São João
da Cruz)
Seu amor é de uma intensidade incrível, mas tranqüilo e
sossegado; não bruxeleia a chama, porque já se converteu
em brasa. Paz e serenidade inalteráveis, humildade
profundíssima, unidade de olhares e simplicidade de
intenção. “Só mora neste monte a honra e a glória de
Deus” (São João da Cruz).
Oração: Visão intelectual. – “Por certa maneira de
representação da verdade” (Santa Teresa) – da Santíssima
Trindade na alma. União transformante. Matrimônio
espiritual. Às vezes, confirmação em graça.
Tal é, em suas linhas fundamentais, o caminho que soem
recorrer as almas em sua ascensão à santidade. Dentro dele
cabem uma infinidade de matizes – não existem duas
almas que se assemelhem inteiramente -, mas o diretor
experimentado que se fixe cuidadosamente nas
características gerais que acabamos que descrever poderá
averiguar com muita aproximação o grau de vida espiritual
alcançado por uma determinada alma.
Fonte: P. Antonio Royo Marin O.P.

Teologia ascendente e descendente


"A pessoa do Cristo histórico não nos interessa; apenas a
mensagem que Deus faz chegar até nós por meio dele diz
respeito ao nosso destino." Essa concepção de Bultmann,
trata-se, portanto, antes de "teologia" do que de
cristologia.
Já para K. Barth, toda teologia se baseia sobra a Palavra de
Deus e esta não se baseia sobre a fé, mas que esta (a fé) é
resposta a Palavra. Embora reconheça em Jesus o Filho de
Deus, isto é, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, uma só
pessoa em duas naturezas, entretanto, insiste de tal
maneira no sujeito divino da encarnação que a
humanidade de Jesus parece ficar desvalorizada. Qualifica
a esta de tempo de habitação, de veste ou de órgão, e lhe
recusa uma verdadeira função reveladora. Rejeita
formalmente o monofisismo (o ponto de
vista cristológico que defende que, depois da união do
divino e do humano na encarnação histórica, Jesus Cristo,
como encarnação do Filho ou Verbo (Logos) de Deus, teria
apenas uma única "natureza", a divina, e não uma síntese
de ambas. O monofisismo é contraposto
pelo diofisismo (ou "diafisismo"), que defende que Jesus
preservou em si as duas naturezas.), mas considera por
exemplo a essência do homem Jesus como sendo
constituída pela realidade divina, na qual a realidade
humana está compreendida. Nesse teólogo há uma
tendência "divinizante". "a aparente absorção da
realidade humana de Cristo na sua realidade divina, a
aparente exterioridade da primeira, considerada como
simples órgão, figura ou habitação da segunda, são, a
nosso ver, em contextos diferentes, o resultado de uma
mesma orientação geral, a saber, aquela que tenta reduzir
a parte humana na pessoa, como também na ação, do
Verbo encarnado. Tomemos este texto bem característico:
'É o verbo que fala, que age, que conquista a vitória,
revela, concilia. Portanto, o verbo encarnado, é verdade...
o Verbo na carne e pela carne, - mas o Verbo, e não a
carne".
O tema centra da Bíblia é a divindade de Deus.
Cristologia de baixo
A cristologia "de baixo" se desenvolveu principalmente
em oposição à tese radical de Bultmann, que desligava do
Jesus histórico o querigma e a existência na fé. Ela afirma
que é possível alcançar, através do testemunho
neotestamentário, a figura histórica de Cristo e que,
teologicamente, esta figura deve ser posta como
fundamento da fé no Filho de Deus. "A respeito de Jesus
nada se pode anunciar, na perspectiva cristológica, que
não esteja fundado sobre o próprio Jesus histórico". (G.
Ebeling). "O cristianismo existe e cai pela ligação que
tem ou não com sua origem histórica de outrora. Isto
significa, antes de mais nada, que o cristianismo é uma
grandeza histórica."
W. Pannemberg considerado o principal teólogo desta
corrente expôs a questao da seguinte forma: "O objeto da
cristologia é, em primeiro lugar, o Jesus de outrora ou o
Jesus presente hoje? Claro, os dois não se excluem
necessariamente. O Jesus pregado hoje não é um outro,
diferente daquele que viveu um dia na Palestina e foi
cruxificado sob Pilatos, e o inverso também é verdade. Há
entretanto uma grande diferença entre estes dois métodos
possíveis: procurar compreender a pregação atual que
nos diz, a partir do que aconteceu outrora, quem é Jesus e
o que ele representa para nós, ou, ao contrário, não falar
desse passado senão em segundo lugar e somente à luz
daquilo que sobre isso fala hoje a pregação. Em outras
palavras, isso significa perguntar se a cristologia deve
começar por Jesus mesmo ou pelo querigma da
comunidade."
Para W. Pannemberg, o Jesus histórico é o ponto de
partida. "A tarefa da cristologia é fundamentar na história
de Jesus o verdadeiro conhecimento de sua significação, a
qual se pode resumir nestas palavras: Deus se revelou
neste Homem".
Todas as afirmações do cristianismo primitivo nasceram
desta história, como também as teses cristológicas
formuladas mais tarde na Igreja; essas teses devem ser
verificadas à luz da história de Jesus.
A cristologia de cima parte da divindade de Jesus e tem
por centro a idéia da encarnação. A cristologia de baixo
sobe do homem histórico, Jesus, até o reconhecimento de
sua divindade, e só em último lugar chega à idéia da
encarnação.
A teologia Católica é no sentido de que o método em
cristologia não poderá pressupor uma prioridade da
pesquisa em relação a fé. Não se poderá proceder como se
a fé devesse resultar da investigação levada segundo as
leis da história, nem como se a imagem dogmática de
Cristo fosse fornecida em primeiro lugar por sua visão
histórica. O que vem em primeiro lugar é um dado de fé.
Não há dúvida de que a investigação histórica é
necessária, mas não parece que se possa falar, em sentido
próprio, nem de verificação nem de demonstração das
afirmações de fé pela história. Uma verificação suporia
que tudo aquilo que é afirmado pela fé seria acessível, sob
todos os aspectos, à pesquisa histórica e deveria encontrar
nesta o fundamento de sua verdade. Uma demonstração
implicaria numa prova elaborada segundo o método
histórico. Isso exigiria que a investigação histórica teria
que decidir, em última instância, a respeito do objeto da fé,
e que o grau de certeza da fé seria aquele que as
conclusões da história podem fornecer.
Ora, a fé comporta uma certeza mais forte que a da ciência
histórica. A fé possui uma certeza superior porque ela
adere à Palavra de Deus, a uma revelação que, mesmo se
realizando na história, ultrapassa a história pela verdade
que ela propõe. Na afirmação de que o Filho de Deus se
encarnou há uma realidade que vai além de todas as
constatações históricas, ainda que ela se manifeste na vida
histórica de Jesus. Em si mesma, tal afirmação jamais
poderá ser objeto de uma verificação ou de uma
demonstração, se estas se limitarem estritamente às leis da
história. Esvaziando a fé de quase todo seu conteúdo
histórico, tira-se-lhe a substância, ela é destruída.
Diferentemente de outras religiões, que se baseiam em
mitos, o cristianismo repousa sobre um acontecimento de
salvação que se realizou na história.
A entrada do Filho de Deus na história humana é que
opera a verdadeira desmitização. O mito não designa toda
representação da divindade e de suas relações com os
homens, mas especifica uma representação que é devida
ao pensamento e à imaginação humanos. O mito pode
fazer aparecer traços autênticos de Deus e de sua obra de
salvação, mas ele (o mito) se situa fora da história, e não
pode exprimir a manifestação autêntica de Deus neste
mundo, sua intervenção em nossa história para nos salvar.
Assim, é o Cristo que livra a humanidade de seu
aprisionamento mitológico.
O engajamento pessoal do Filho de Deus na realidade da
história destrói toda pseudo-história. Ele mostra, por
contraste, a ficção das representações míticas. É por essa
razão que o cristianismo não absorveu as religiões pagãs,
mas as eliminou. A história não se pode nutrir de mitos;
ela os exclui.
Se a teologia quer continuar a obra de desmitização feita
por Cristo, então ela deve fazer um esforço incessante para
exprimir melhor o que foi o Jesus da história, o que ele
disse e fez. Aquele que cre em Cristo aspira a descobrir a
figura real, objetiva, de Jesus.
A fé implica numa abertura total a verdade. A fé em Cristo
implica numa fé em Deus que é adesão à verdade absoluta.
Essa adesão consiste num apego a tudo que reflete aquela
verdade no mundo, a tudo que é participação finita do
verdadeiro infinito. A fé implica numa preocupação
primordial de alcançar a verdade em toda parte onde ela
puder se encontrar.
O que é que pode, então, a fé esperar da pesquisa histórica,
se não pode receber dela nem verificação nem
demonstração? A fé pede à pesquisa esclarecer com mais
precisão o Cristo em quem ela crê. Além disso, essa
investigação faz compreender melhor ao crente por que ele
crê: a investigação esclarece não somente o objeto da fé,
mas também seus motivos. Ela seria incapaz, já o
dissemos, de esclarecer o fundamento decisivo da fé, mas
pode mostrar que na ordem do conhecimento histórico há
sólidas razões para admitir a existência e a obra de jesus
assim como a Igreja as professa em sua fé.
A revelação não nos é endereçada diretamente por uma
iluminação interior que nos faça aderir ao Filho de Deus.
Ela se produz no homem Jesus, e tudo que podemos saber
do Filho de Deus, nos é dado pelas palavras, pelos gestos e
acontecimentos da existência humana de Jesus de Nazaré.
Por conseguinte, sempre continua sendo ele a figura
humana que nós devemos perscrutar para descobrir a
identidade do Salvador.
Foi à luz da ressureição e de Pentecostes que a
Comunidade primitiva compreendeu e interpretou a vida
terrestre de Jesus. É no interior da fé em Cristo
ressuscitado que se opera o conhecimento de toda sua
existência humana.
Foi a fé judaica em Deus que precedeu historicamente a fé
cristã em Jesus. No judaísmo, a revelação essencial foi de
um único Deus. A manifestação de Deus em sua aliança
com o povo judeu preparou a vinda de Cristo. Segundo
esse quadro, o caminhar do Antigo Testamento para o
Novo desce de Deus para o homem Jesus. Para a obra da
salvação, o estrito monoteísmo judeu não fornece senão
um único ponto de partida, que é Deus mesmo.
Devemos, aliás, acrescentar que mesmo o movimento que
vai do homem a Deus aparece como suscitado por Deus
mesmo, pois é Deus que dá um nome divino ao messias e
lhe atribui a qualidade de filho.
Quando a gente se aproxima do Novo Testamento, se vê
que essa direção descendente se impõe na reflexão sobre a
origem de Jesus. Pelo fato de Jesus se ter revelado como
filho de Deus, devemo-nos necessariamente interrogar
sobre o trajeto, da existência divina à existência humana,
que a vinda do filho do homem supõe.
O mistério mais profundo que a cristologia não pode
deixar de explorar reside no próprio ato da encarnação.
Sob o ponto de vista da pesquisa bíblica, a direção
descendente é primordial em razão da revelação que Deus
fez de si mesmo ao povo judeu: o homem Jesus não surge
em meio humano qualquer, mas no seio do povo que fez
aliança com o verdadeiro Deus; ele se apresenta como o
fruto e o cumprimento das promessas divinas de salvação.

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