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TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
I. RELATÓRIO
Manuel Domingos e Manuel Antônio Júnior, melhor identificados nos autos,
vieram ao Tribunal Constitucional interpor recurso extraordinário de
inconstitucionalidade do Acórdão proferido no âmbito do processo de
querela, n.Q 14532, da 2.â Secção da Câmara Criminal do Tribunal Supremo,
datado de 8 de Setembro de 2016, que os condenou na pena de 8 anos de
prisão maior pela prática do crime de peculato.
Invocam a violação, por parte daquela decisão, dos princípios do processo
equitativo e do julgamento justo, consagrados no n.Q 4 do artigo 29.Q e do
artigo 72.Q; da presunção da inocência consagrado no n.Q 2 do artigo 76.Q; do/
in dúbio pro reo, previsto no n.Q 2do artigo 67.Q edo princípio do direiteLdé^
defesa, previsto no n.Q 1 do artigo 67.Q, todos da Constituição da República de
Angola (CRA). é.
Pugnam pelo provimento do recurso e revogação do Acórdão recorrido
porque inconstitucional, solicitando que se mantenha a decisão da primeira
instância que os absolveu dos crimes de que vinham acusados.
II. COMPETÊNCIA
III. LEGITIMIDADE
IV. OBJECTO
O presente recurso tem como objecto o Acórdão proferido pela 2.ã Secção da
Câmara Criminal do Tribunal Supremo e, nesse âmbito, importa saber se
foram ou não violados princípios constitucionais, mormente se o Tribunal
recorrido condenou os Réus por factos que não constam da acusação e do
despacho de pronúncia. ^^^
V. APRECIANDO
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Vejamos:
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factos que eonstam da acusaçãoodfp"únci JZ vinculTaçâo
do n, 2d0 artigo 174,da CRAe446, do Codigo ZTZZ^^T
Como referem Gomes Canotilho eVital Moreira -n „w„ - •
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Julgador, sendo aacusação cnnl,r P "" ™*** «*«"* *
y«&w <w factos constantes da acusação e nl Z ° t"bunal
Com efeito, tendo a acusação limitado a prática dos factos a Junho de 2009,
não pode, depois, a Câmara Criminal do Tribunal Supremo vir dizer que os
factos ocorreram entre Dezembro de 2008 e Maio de 2009, porque até se deu
como provado que, naquele mês de Junho, não houve qualquer actividade de
queima de notas.
0 aresto refere, ainda, que essas datas já constavam da fase instrutória, o que,
ainda vem acentuar mais o nosso entendimento, porque, se o Ministério
Público resolveu limitar os factos a umperíodo fixo, "mês de Junho de 2009",
(vide articulado 14.° da acusação a fls.1388), foi porque concluiu que só
quanto a esse período haveria indícios.
Por outro lado, sabendo o Ministério Público que os factos constantes da fase
de instrução se referiam ao período que vai de Dezembro de 2008 a Junho de
2009, competia-lhe explicitar as razões que o terão levado a confinar a
acusação ao mês de Junho de 2009.
Vejamos.
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factos determinados pelo Tribunal a quo contrariavam as regras de
experiência comum, viola regras fundamentais do nosso ordenamento
jurídico, constitucionalmente consagradas.
Na verdade, estaremos em presença de erro notório na apreciação da prova
sempre que, do texto da decisão recorrida, resulta, com evidência, um engano
que não passe despercebido ao comum dos leitores e que se traduza numa
conclusão contrária àquela que os factos relevantes impõem. Ou seja, é
necessário que, perante os factos provados e a motivação explanada, se torne
evidente, para todos, que a conclusão da decisão recorrida é ilógica,
arbitrária, contraditória ou notoriamente violadora das regras da experiência
comum.
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princípios do direito processual penal e até normas do Código do Processo
Penal, como sejam, a confissão desacompanhada de prova, ainversão do ônus
da prova), poderiam conduzir a um recurso de cassação porque levou a uma
decisão injusta.
CONCLUSÃO
Nestes termos,
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Sem custas, nos termos do artigo 15.9da Lei n.9 3/08, de 17 de Junho.
Notifique.
OS JUÍZES CONSELHEIROS
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