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1. INTRODUÇÃO
Aqueles que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas,
isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes;
além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de
tarefas em áreas do seu interesse. (BRASIL, 2008, p.9)
Nesse contexto, entende-se que pessoas com altas habilidades/ superdotação são aquelas que
apresentam potencial elevado quando comparados com outro de sua faixa etária.
O presente artigo propõe um estudo a cerca da organização e caracterização do Grupo de Pais e
Profissionais de Estudantes com Altas Habilidades/ Superdotação e a respeito das pessoas com
altas habilidades atendidas nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) existentes em um
município da região metropolitana de Curitiba.
A pesquisa foi desenvolvida nos encontros do grupo supracitado ofertadas no primeiro semestre
de 2013 por meio de observações, questionários e análise documental dos estudantes com altas
habilidades/ superdotação dessa região. Esse trabalho buscou evidenciar dados para reflexões a
cerca do atendimento a esse público bem como para aperfeiçoar e otimizar ações que
1
Pedagoga, pós-graduada em Educação Especial com Ênfase em Inclusão e Especialista em Psicopedagogia
Clínica e Institucional. Professora dos Anos Iniciais da Prefeitura Municipal de Curitiba/PR e Araucária/PR.
Contato: scheillaorlosqui@yahoo.com.br.
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2. MÉTODO
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com indicativos de altas habilidades/ superdotação. Para a seleção dos sujeitos, foi verificada a
participação no GPPEAH/SD e o envolvimento com o público alvo da pesquisa.
A coleta de dados inicialmente se deu na observação dos sujeitos da pesquisa durante dois
encontros do GPPEAH/SD realizados no primeiro semestre de 2013. Em seguida, optou-se pela
entrega de questionários às dez famílias participantes do grupo e aos profissionais presentes no
grupo. Durante o processo de pesquisa foi possível o acesso a documentos de escolarização dos
vinte e um estudantes com AH/SD atendidos no município.
O questionário foi organizado a fim de caracterizar-se como um instrumento de investigação
sobre dados pessoais de familiares, bem como de dados dos estudantes com AH/SD por meio
de perguntas abertas e fechadas a respeito de opiniões, dúvidas e anseios dos mesmos em
relação ao tema do estudo. Dessa forma, a análise presente nesse artigo refere-se à
caracterização dos participantes do GPPEAH/SD e do público alvo atendido nesse município.
Em um segundo momento, utilizar-se-á os questionários para análise sobre o que esses
profissionais e familiares pensam a respeito da área que se constitui como foco nessa pesquisa.
3. RESULTADOS
A análise dos dados ocorreu da seguinte forma: foram evidenciadas características dos
participantes do GPPEAH/SD totalizando trinta e duas pessoas, e dados relativos aos
atendimentos a vinte e um estudantes com Altas Habilidades/ Superdotação.
Em relação aos participantes do grupo, observa-se:
Tios
Famílias 10%
27%
Profissionais da Escola Pedagogos
6%
SMED Professores 6% 10%
3%
Figuras 1A e 1B – Participantes dos encontros do GPPEAH/SD.
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Nesse contexto, essa participação tem que ser constante em todos os momentos seja em
formações, grupos de pais, reuniões, conselhos, dentre tantas outras ações que possibilitam
discussões e análises coletivas da realidade escolar.
Em relação aos profissionais atuantes nos Departamentos da Secretaria Municipal de Educação,
a equipe da Educação Especial organizou essa formação e considera importante a participação
de todos os agentes envolvidos no cotidiano de PAH/SD nesses encontros.
O interesse na participação do grupo pela Equipe da Avaliação Psicoeducacional, partiu dos
mesmos ao evidenciar a necessidade de aprofundamento ao tema e pela parceria entre os
profissionais comprometidos com o processo de escolarização desses estudantes.
A figura 2 ilustra, de forma detalhada, a participação não somente de pais e mães de estudantes
com AH/SD, mas de tios e irmãos que se interessam pelo processo de ensino e aprendizagem
desses sujeitos.
Em relação aos profissionais das escolas 10% são professores e 6% pedagogos que
acompanharam de forma significativa a escolarização desses estudantes fora do contexto
escolar. De acordo com as Recomendações para a Construção de Escolas Inclusivas – Saberes e
Práticas da Inclusão (BRASIL, 2006):
A educação de crianças, com necessidades educacionais especiais, é uma tarefa a ser
dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a
integração escolar e social. Pais necessitam de um apoio para que possam assumir
seus papéis de pais de uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e
dos pais deverá ser aprimorado por meio da provisão de informação necessária, em
linguagem clara e simples, satisfazer suas necessidades de informação e de
capacitação no atendimento aos filhos, é uma tarefa de singular importância, em
contextos culturais, com escassa tradição de escolarização.
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Figura 2A – Análise da faixa etária de 10 famílias presentes, resultando 20 participantes (somente pais e
mães).
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Nessa perspectiva, a atenção aos estudantes e às suas capacidades é essencial e, na escola, essa
tarefa pode ser desempenhada com mais destreza desde que haja profissionais capacitados e
envolvidos no processo de identificação e desenvolvimento de ações às PAH/SD.
Em relação à análise de gênero dos estudantes com AH/SD, evidencia-se um número
significativamente maior de estudantes do sexo masculino em detrimento às estudantes do sexo
feminino.
Esse cenário também foi evidenciado em outras pesquisas, conforme destaca Paludo e Dallo
(2012) que ao refletir à cerca das questões de gênero em sua pesquisa, obtém uma diferença
pouco significativa, porém que evidencia o atendimento majoritário às pessoas do sexo
masculino. Paludo e Dallo (2012) afirmam que “entretanto, esses números são diferentes dos
encontrados em outras pesquisas (CHAGAS, 2003; MAIA-PINTO & FLEITH 2002;
SAKAGUTI, 2010) que mencionam um número significativamente maior de meninos sendo
atendidos em programas educacionais”.
Segundo Sakaguti (2010, p.53),
A diferença de número entre gêneros dos alunos identificados com AH/SD, explica-se
pela influência da cultura familiar e escolar, visto que, tanto as expectativas, quanto as
indicações de pais e professores, são maiores em relação aos meninos. Em geral, os
pais indicam dois meninos para cada menina, pelo fato de que os primeiros
correspondem melhor à imagem estereotipada de criança mais dotada.
Desta forma é importante ressaltar que para estabelecer conclusões à cerca do quantitativo de
pessoas com AH/SD em relação ao gênero, é preciso a análise de uma diversidade de fatores
que envolvem os contextos onde estão inseridos e, ainda, a necessidade de pesquisas
investigativas desses dados.
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Não repetentes
80%
Em relação à repetência escolar, a figura 4 demonstra que a maioria dos estudantes com AH/SD
desse município, durante a trajetória escolar até o momento da pesquisa, não repetiram o ano
escolar. Entretanto, isso não pode ser considerada uma constante relacionada aos indicativos de
altas habilidades em uma pessoa. Nessa análise, observamos que existe um percentual de 20%
de estudantes que repetiram o ano escolar e com base nos dados estudantis, apresentaram
dificuldades de aprendizagem na trajetória escolar.
Virgolim (2003) elucida que a concepção que o aluno superdotado tem de sempre tirar boas
notas é errônea. A autora estabelece uma problemática entre crianças que demonstram
dificuldades de aprendizagem, mas que revelam desempenho superior – muitas vezes fora da
escola- em alguma atividade particularmente motivadora e, afirma que:
Há pessoas que demonstram fortes habilidades e talentos em áreas especificas,
enquanto em outras demonstram fraquezas e deficiências, o que não as impossibilitou,
em absoluto, de alcançarem um alto grau de excelência em sua área de atuação.
(VIRGOLIM, p.23, 2003).
Essa afirmação nos permite cogitar que os sujeitos dessa pesquisa que apresentaram repetência
escolar em seus históricos, podem evidenciar excelência em áreas fora do contexto escolar.
Na abordagem referente às áreas de interesses dos estudantes com AH/SD, obtivemos dados
referentes a 10 estudantes com AH/SD visto a participação de seus familiares no grupo.
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Nessa análise, conforme o indicativo dos pais e de alguns estudantes com AH/SD presentes no
encontro, pode-se constatar que existe uma diversidade de interesses dessas pessoas e que
muitos ainda não têm ao certo ou desconhecem a área de interesse desse sujeito. Em alguns
momentos os pais afirmavam “o (a) filho (a) gosta de tudo”, portanto relatavam o interesse dos
seus em conhecimentos gerais.
Assim, Sabatella (2005) apud Fleith (2007), enfatiza que indivíduos com a mesma capacidade
intelectual demonstram variações quanto aos interesses, habilidades e temperamento e
constituem um universo heterogêneo e complexo.
Dessa forma as áreas de interesses de PAH/SD variam e podem modificar-se de acordo com o
tempo, interesses, estímulos e curiosidade presente em cada um.
Não Não
respondidos 80% realizadas
100%
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forma significativa para a reflexão à cerca do trabalho com estudantes com AH/SD que, por sua
vez, trouxe uma contextualização a cerca da dificuldade de professores e pedagogos em
trabalharem com PAH/SD e enfatizando a importância da criação do GPPEAH/SD como uma
forma de ‘poder ajudar a todos’. Nesse contexto, é possível estabelecer uma nova problemática
a cerca de quais os motivos que levaram aos demais profissionais das escolas a não opinarem
e/ou acrescentarem dúvidas e informações a respeito de fatores que envolvem o processo de
escolarização e desenvolvimento do estudante com AH/SD.
48%
Participantes Não participantes
52%
Dessa forma, é fundamental que haja o incentivo aos pais, profissionais e estudiosos na
participação e disseminação de conhecimentos sobre a área, conforme elucida Sakaguti (2012).
Ainda nesse contexto, Sakaguti e Bolsanello (2012, p.232) assegura que:
Comprova-se o valor das famílias como mentoras do desenvolvimento dos filhos
superdotados, constituindo-se num dos importantes pilares no reconhecimento,
atendimento e valorização dos potenciais das crianças e adolescentes com altas
habilidades/superdotação. Conhecer o modo de pensar, os sentimentos e as
expectativas dos pais em relação à superdotação do filho, pode contribuir para a
compreensão das diferentes, diversificadas e singulares características desta criança
especial.
Desta forma, é importante evidenciar que são necessárias ações incentivadoras por parte da
Secretaria Municipal de Educação e das Unidades Educacionais para o resgate e o
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envolvimento das famílias que não participam do GPPEAH/SD, de forma a elevar o percentual
de participações nos encontros.
Na investigação referente à escolaridade dos pais dos estudantes com AH/SD que participaram
do GPPEAH/SD, verifica-se que 50% possuem Ensino Médio e a outra metade, estão
distribuídos nos demais níveis de ensino. 10% dos pais optaram por não responder a este
questionamento.
No município de desenvolvimento da pesquisa, existem 37 escolas municipais de educação
básica e duas escolas municipais de educação especial. É importante ressaltar que os estudantes
com AH/SD atendidos nas SRM estão presentes em 14 escolas municipais, sendo que em uma
única escola há sete estudantes com indicativos de AH/SD, em duas delas há três estudantes
com indicativos de AH/SD em cada uma e os demais estão matriculados no restante das
escolas, sendo um estudante por escola. É interessante notar que em algumas escolas existem
números significativos de PAH/SD em relação às demais e nessa análise é interessante repensar
os fatores associados a esses números.
Com os elementos evidenciados na figura 9, é possível constatar uma problemática em relação
à participação de profissionais envolvidos no processo de escolarização desses estudantes e que
participam ou não, do GPPEAH/SD. Assim, podemos considerar o número de escolas que esses
estudantes estão matriculados e ressaltar que existe uma disparidade entre esse número e o
número de participantes nos encontros do GPPEAH/SD, pois, apenas os profissionais de uma
escola municipal participaram dos encontros. Das profissionais do Atendimento Educacional
Especializado que atuam com os estudantes com AH/SD nas duas Salas de Recursos
Multifuncionais, ambas as professoras participaram dos encontros.
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25
20 Profissionais na Escolas
Regulares
15
10
Participantes do GPPEAH/SD
5
0
Professores das SRM Professores do Pedagogos do
Ensino Regular Ensino Regular
4. DISCUSSÃO
Por meio dessa pesquisa foi possível conhecer, analisar e refletir a cerca dos atendimentos que
esse município da região metropolitana de Curitiba, vem desenvolvendo junto aos estudantes
com AH/SD. Todavia, esse estudo caracterizou-se também, como um instrumento para
avaliação e reorganização do trabalho no contexto educativo junto aos familiares, profissionais
da educação e PAH/SD de forma que, as ações desenvolvidas posteriormente junto ao público
alvo supracitado, tornem-se mais eficazes e possam contribuir para o melhor desenvolvimento
dessas pessoas.
Quanto à organização do GPPEAH/SD, foram observadas respostas de profissionais e
familiares que consideram importante a realização desses momentos que, por sua vez,
caracterizam-se como forma de interação e busca de superação de dificuldades perante o
desenvolvimento de PAH/SD.
Cabe ressaltar que perante as dificuldades evidenciadas tais como a defasagem na participação
do GPPEAH/SD por parte dos profissionais da educação e pelos familiares dos demais
estudantes com AH/SD, faz-se necessário o desenvolvimento de ações conjuntas entre
Secretaria Municipal de Educação, Unidades Educacionais e Comunidade Escolar de forma a
salientar a necessidade de envolvimento e aperfeiçoamento a respeito das especificidades do
individuo superdotado.
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5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUENTHER, Z.C. Quem são os alunos dotados? Reconhecer dotação e talento na escola. In
MOREIRA, L.C.; STOLTZ, T. et al. Altas Habilidades/ Superdotação, Talento, Dotação e
Educação. Curitiba: Juruá, 2012.
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