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STOTT, John. Homens com uma mensagem.

Uma introdução ao Novo


Testamento e sua mensagem. Campinas/SP: Cristã Unida, 1994.

A MENSAGEM DE MATEUS

1. Jesus é o cumprimento do Velho Testamento.


Esta característica da apresentação de Jesus por Mateus está na base de todas
as outras. Por todo o seu Evangelho, o que Deus está fazendo em e através de
Jesus é explanado e interpretado com referência às Escrituras. Mateus
pressupõe que seus leitores estão familiarizados com o Velho Testamento e
capacitados a tirar conclusões das citações com as quais ele tempera a história.
Por exemplo, Mateus segue Marcos ao relatar as curas realizadas por Jesus ao
entardecer (Marcos 1.32-34), porém então introduz uma citação: "Chegada a
tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra
expeliu os espíritos, e curou todos os que estavam doentes; para que se
cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: 'Ele mesmo tomou as
nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças" (Mateus 8.16,17).
Espera-se que os leitores de Mateus conheçam onde em Isaías está contida.

2. Jesus é o Rei!
"Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: ' Arrependei-vos, porque está
próximo o reino dos céus'" (4.17).
a. Deus é descrito reinando sobre o mundo inteiro (p.ex. Salmos 47; 98-4-6;
99.1);
b. Israel é imaginado como o domínio especial de Deus, o lugar onde seu reinado
se expressa mais claramente (p.ex. 1 Samuel 8.7; 12.12; Salmo 48.1,2);
c. espera-se o dia em que todas as nações se submeterão ao governo de Deus,
isto é, quando seu domínio se estenderá para cobrir toda a terra, do mesmo
modo que agora Ele reina especialmente sobre Israel. Este Reino vindouro
também marcará a libertação final do próprio Israel (p.ex. Salmo 47.7-9; Isaías
52.7-10; Zacarias 9.9-12).
Mateus, de igual modo, precisava revelar a natureza desse Reino claramente
aos seus leitores. Ele diz quatro coisas sobre ele:

a. Ele focaliza a renovação espiritual de Israel. Mateus mostra Jesus ministrando


quase exclusivamente para Israel. "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas
da casa de Israel", diz Ele

b. Ele focaliza o círculo do próprio Jesus. Porque Jesus é o Rei, o Reino—isto é,


o governo que Ele exerce—chega com Ele. Mateus associa o Reino intimamente
com o ministério de cura de Jesus: "E percorria Jesus todas as cidades e
povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando
toda sorte de doenças e enfermidades" (9.35). Seus milagres apontam para o
poder do Reino, presente nele: "Se, porém, eu expulso os demônios, pelo
Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós" (12.28).
(15.24; compare com 10.5,6).
c. Os seguidores de Jesus entram já no Reino. Quando as pessoas andam sob
o comando deste Rei, elas entram no Reino. João Batista inaugurou o processo
"Desde os dias de João Batista até agora o reino dos céus é tomado por esforço,
e os que se esforçam se apoderam dele" (11.12). Por "esforço" aqui Jesus
provavelmente expressa a entusiástica acolhida de muitos ao seu ministério.
Seguindo-o, as pessoas estão "se agarrando" ao Reino dos céus—literalmente
"tomando-o de assalto", como os fregueses que descobrem a maior liquidação
do ano. Uma vez dentro, mesmo o menor do Reino dos céus é maior do que
João Batista (11.11). O jovem rico já não está tão certo. Ele deseja a "vida eterna"
(esta é uma expressão equivalente a "Reino de Deus"), mas não pode satisfazer
à condição: "Vai, vende os teus bens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu;
depois vem, e segue-me" (19.21). Seguir a Jesus é conseguir o que ele perdeu:
entrar "no reino dos céus" (19.23). Um novo estilo de vida é exigido desses
seguidores de Jesus—a saber, aquele que aponta para a realidade do Reino
dentro deles. É por isso que os Doze, quando enviados a proclamar o Reino,
ouvem: "De graça recebestes, de graça dai. Não vos provereis de ouro, nem de
prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de
duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão: porque digno é o trabalhador
do seu alimento" (10.8-10).

d. Ele ainda está por "vir". Lucas, na realidade, enfatiza mais do que Mateus a
presença do Reino. A ênfase distintiva de Mateus incide sobre o Reino que ainda
virá. Jesus, como "o Filho do homem", virá novamente com grande poder e em
juízo, e isto acontecerá logo. "Em verdade vos digo que alguns aqui se
encontram que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o
Filho do homem no seu reino" (16.28). Esta "vinda do Filho do homem" compõe
o assunto dos capítulos 24 e 25. A interpretação destes capítulos é muito
discutida, especialmente a do capítulo 24, mas quase todos concordam que dois
tipos de "vinda" estão associados e tratados juntos nestes capítulos:
• Por um lado, há uma vinda em juízo, que significará o cumprimento da predição
de Jesus de que o templo será destruído: "Não ficará aqui pedra sobre pedra,
que não seja derrubada" (24.2). Esta é provavelmente a "vinda do Filho do
homem" que deve ter lugar dentro de uma geração (24.34).
• Por outro lado, há posteriormente uma vinda em glória (25.31), que anunciará
o juízo final do mundo e a salvação do povo de Deus. "O Rei" (25.34)—isto é,
Jesus—julgará as nações reunidas diante dele, introduzindo "os justos" na vida
eterna, e os "malditos" no castigo.

3. Jesus é o Filho de Deus!


Um dos principais escritores contemporâneos sobre Mateus, Professor Jack
Kingsbury, argumenta que "o Filho de Deus" é, na mente de Mateus, o título mais
importante dado a Jesus. Se ele é mais importante do que outros títulos é uma
questão aberta à discussão, mas seu valor não pode ser suspeitado. Ele é
empregado efetivamente em catorze ocasiões em Mateus. E é quase sempre
usado por outros a respeito de Jesus:
• Pelo Diabo ou demônios: 4.3,6; 8.29
• Pelos inimigos de Jesus, em acusação ou zombaria: 26.63; 27.40,43
• Por Mateus, os discípulos ou outros em confissão de fé: 2.15; 14.33; 16.16;
27.54
• Pelo próprio Deus: 3.17; 17.5; 21.37
Em apenas duas ocasiões Jesus refere-se a si mesmo como "Filho": 24.36;
28.19.

Como título ele tem três correlações:


a. Ele se correlaciona com Israel. No Velho. T e s t amento, todo o país é tido
como "filho de Deus " (p.ex. Êxodoterno (25.46).
Mateus cita tal passagem aplicando a Jesus. Oséias 11.1, citado em 2.15,
referia-se originalmente ao êxodo: "Do Egito chamei o meu filho." Alguns
estudiosos acusam Mateus neste caso de uso indevido de texto, como se o
evangelista tivesse pouca preocupação pelo significado original. Mas nada pode
estar acima da verdade. Em todos estes capítulos de abertura do Evangelho,
Mateus tenta mostrar como Jesus caminha nos calçados de Israel e repete as
experiências de Israel. Ele deixa o Egito, é salvo das mãos de um rei hostil que
tenta exterminá-lo, passa pela água, é testado e tentado no deserto, e finalmente
chega à montanha onde a palavra de Deus é ouvida (5.1). Há diferenças
certamente. Enquanto Israel falhou no teste do deserto (compare com
Deuteronômio 8.5), este Filho de Deus passa pela prova vitoriosamente. E
enquanto Israel ouve a palavra de Deus no Monte Sinai, este Filho de Deus fala
a palavra. Mas os paralelos são claros. Jesus assume o papel de Israel com o
propósito de reformar o povo de Deus em torno dele. U m dia seus apóstolos se
assentarão sobre tronos ao seu lado, julgando as tribos de Israel (Mateus 19.28).

b. Ele se correlaciona com a realeza. O título "Filho de Deus" era também


utilizado pelo rei no Velho Testamento (compare com 2 Samuel 7.14; Salmo 2.7).
Sobre este pano de fundo da história, a aplicação deste título para Jesus deve
associá-lo a outros temas "reais" em Mateus—especialmente "Reino" e
"Filho de Davi".

c. Ele se correlaciona com a deidade. Como no Evangelho de João, o título "Filho


de Deus" indica um relacionamento da mais profunda intimidade com Deus. Em
nove ocasiões Jesus se refere a "meu Pai celestial" ou "meu Pai que está no
céu", e numa famosa passagem (somente em Mateus) está especificado o que
este relacionamento significa:
• "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas
aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque
assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o
Filho o quiser revelar" (11.25-27).
Jesus desfruta uma relação peculiar de conhecimento, devotamente e atividade
mútua com Deus seu Pai. Mas, ao mesmo tempo que é peculiar, é também
compartilhado. Em não menos do que onze ocasiões Jesus se refere a "vosso
Pai celestial" ou "vosso Pai que está no céu", ao dirigir-se aos seus discípulos.
Mateus exulta com a nova intimidade com Deus que, ao seguir Jesus, lhe foi
concedida. Deus era não mais o juiz a ser temido, mas um Pai em quem se
confiava.

4. Jesus é o mestre, o Cristo!


Mateus associa estes dois títulos em 23.10. Jesus como um mestre é
singularmente importante para ele, como já vimos. E, ajuntando os assuntos
tratados nos cinco grandes sermões de Jesus, Mateus procurou claramente
prover uma apresentação aprimorada da fé e do discipulado cristãos. Por
exemplo, somente ele apresenta o ensino sobre o espinhoso tema da disciplina
na igreja (18.15-35). Na verdade, somente Mateus registra o uso feito por Jesus
do termo "igreja" (16.18; 18.17). Com base em Mateus e Marcos podemos ter a
impressão de que Jesus jamais tencionou fundar a igreja, porém Mateus não
permite isto. Indubitavelmente, ele tinha em mente a necessidade da igreja em
seu próprio tempo ao selecionar e ordenar seu material.

5. Jesus é o Salvador, o Filho do Homem!


Como os demais evangelistas, Mateus coloca grande ênfase no sofrimento e
morte de Jesus. Ele não chega apenas a reinterpretar o Velho Testamento e
apresentar um novo ensino de Deus—muito longe disto. Mateus inclui o dito tão
importante para Marcos: "Quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo;
tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida em resgate por muitos" (20.27,28). Ele também interpreta a morte de
Jesus antecipadamente ao registrar suas palavras na última ceia: "Isto é o meu
sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos, para
remissão de pecados" (26.28). Por meio de sua morte, Jesus forja toda uma nova
aliança entre Deus e seu povo, tirando os pecados deste exatamente como o
anjo prometera a José: "E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu
povo dos pecados deles" (1.21). Esta ênfase associa-se ao tema peculiar que
mencionamos acima, o da misericórdia para com o fraco.
O Evangelho de Mateus é muito terno:
• Somente ele registra as grandes palavras de Jesus: "Vinde a mim todos os que
estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu
jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é
leve" (11.28-30).
• Normalmente ele encurta as histórias extraídas de Marcos. Mas, no caso da
história do homem com a mão ressequida, ele a expande com outro dito famoso:
"Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado esta cair
numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um
homem que uma ovelha?" (12.11,12).
• E como remate ele traz o último bloco de ensinos a um grande clímax com a
parábola das ovelhas e dos bodes (de novo, somente registrado por Mateus).
O Filho do homem, o Rei diante de quem as nações do mundo são divididas e
por quem seu destino é decidido, tornou-se faminto e sedento, forasteiro e nu,
enfermo e rejeitado, e divide todas estas experiências com seus "irmãos". Ele
não desconhece o sofrimento de nenhum discípulo, porque Ele mesmo também
o conhece e suporta.
O Evangelho de Mateus é certamente o do Rei que governa, como indicamos no
início deste capítulo. Mas este Rei é diferente dos outros. Ele não governa com
autoridade distante nem vive em esplendor pessoal. Ele se assenta num trono e
julga as nações (25.3lss), mas somente porque "tomou as nossas enfermidades
e carregou com as nossas doenças" (8.17, citando Isaías 53.4). Ele governa
como um servo, não com poder mas com compaixão, não com autoproteção mas
com total abnegação.
Este é o coração pulsante da mensagem do Evangelho de Mateus—mensagem
que o arrastou da vida de ganância e egoísmo para a vida e serviço deste Rei.

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